PARANINFO DIGITAL MONOGRÁFICOS DE INVESTIGACIÓN EN SALUD ISSN: 1988-3439 - AÑO IX – N. 22 – 2015 Disponible en: http://www.index-f.com/para/n22/227.php PARANINFO DIGITAL es una publicación periódica que difunde materiales que han sido presentados con anterioridad en reuniones y congresos con el objeto de contribuir a su rápida difusión entre la comunidad científica, mientras adoptan una forma de publicación permanente. Este trabajo es reproducido tal y como lo aportaron los autores al tiempo de presentarlo como COMUNICACIÓN DIGITAL en FORO I+E “Impacto social del conocimiento” - II Reunión Internacional de Investigación y Educación Superior en Enfermería – II Encuentro de Investigación de Estudiantes de Enfermería y Ciencias de la Salud, reunión celebrada del 12 al 13 de noviembre de 2015 en Granada, España. En su versión definitiva, es posible que este trabajo pueda aparecer publicado en ésta u otra revista científica. Doação de leite humano no contexto brasileiro e mundial: uma revisão integrativa Autores Raylane da Silva Machado, Ednelda Brito Machado, Lariza Martins Falcão, Grazielle Roberta Freitas da Silva Título Centro/institución Ciudad/país Dirección e-mail Universidade Federal do Piauí Teresina, Brasil [email protected] TEXTO DE LA COMUNICACIÓN Introdução Está provado que o leite materno é o alimento ideal para o recém-nascido (RN), pois apresenta uma composição nutricional balanceada e inclui os nutrientes essenciais que contribuem para seu crescimento e desenvolvimento. É considerado como uma fonte de nutrição completa até os seis meses de idade do RN quando realizado o aleitamento de forma exclusiva. Desta forma, o aleitamento materno ocupa o primeiro lugar como medida preventiva de mortes infantis, além de ser de baixo custo para mãe e família.1 Entre os polos de incentivo e promoção do aleitamento materno encontram-se os Bancos de Leite Humano (BLH) os quais coletam leite humano ordenhado para recémnascidos que são prematuros ou que por alguma razão não podem ser amamentados pela própria mãe. A participação da doadora é fundamental para que os BLH possam cumprir seu objetivo de coletar e distribuir o leite humano para atender seus receptores, visto que se trata de um estabelecimento sem fins lucrativos onde é vedada a comercialização de seus produtos.2,3 A quantidade de doadoras ainda é pequena, se for considerado o quantitativo de bebês que nascem prematuramente e/ou com outras condições que necessitem de leite doado. Conseguintemente a quantidade de doações, frequentemente, é insuficiente para as necessidades da instituição vinculada ao BLH, interferindo na demanda de leite humano e resultando em, mesmo que indiretamente, prejuízos ao crescimento e desenvolvimento das crianças.4 Tendo em vista a importância da doação de leite humano para diminuição da morbimortalidade em recém-nascidos, o presente artigo tem por objetivo analisar a literatura nacional e internacional sobre doação de leite humano. Metodologia Este é um estudo de revisão do tipo integrativa, para operacionaliza-lo foram seguidas as seguintes etapas: definição do tema e formulação do objetivo e da questão norteadora; estabelecimento dos critérios para inclusão de estudos e busca na literatura; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; avaliação dos estudos incluídos; interpretação dos resultados; apresentação da revisão/síntese do conhecimento.5,6 Essa revisão teve como pergunta norteadora: O que se publicou nacionalmente e internacionalmente sobre doação de leite humano entre os anos de 2003 a 2013? Os critérios de inclusão estabelecidos foram: artigos que tratassem da temática de doação de leite humano, publicados entre os anos 2003 a 2013, nos idiomas inglês, português e espanhol e que tivessem texto completo disponível em livre acesso nas bases de dados e/ou com disponibilidade através do Portal CAPES. Os artigos que apareceram em mais de uma base de dados foram contabilizados apenas uma vez. A coleta dos dados foi realizada no período de janeiro a abril de 2014. Para seleção das publicações, foram utilizadas a Biblioteca Scielo (Scientific Electronic Library Online- Biblioteca Eletrônica Científica Online) e as bases de dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde), Cuiden (Base de Dados Bibliográfica da Fundação Index) e Scopus (Base de dados da Fundação Elsevier). A estratégia de busca considerou conjuntos de termos indexados no DECS (Descritores em Ciências da Saúde) e MESH (Medical Subject Headings), um composto por “banco de leite e doações; banco de leche y donaciones; mil banks and gift giving” que foi cruzado com outro formado por “leite humano e aleitamento materno; leche humana y lactancia materna; milk,human and breastfeeding” utilizando o conector booleano AND. Os descritores foram cruzados nos três idiomas da pesquisa. A seleção dos estudos (Figura 1) foi realizada, inicialmente, pela leitura dos títulos, com base nos critérios de inclusão, que resultou em 496 publicações. Estas foram reduzidas para 57 após leitura dos resumos e, em seguida, excluídos 25 artigos que se encontravam repetidos nas bases de dados. Assim, selecionou-se 32 estudos para leitura na íntegra, sendo excluídos 12 artigos após essa leitura. Por conseguinte foram selecionados para esta revisão integrativa 20 artigos. Para a extração dos dados foi utilizado um formulário de coleta de dados elaborado para o presente estudo, o qual foi desenvolvido baseado no modelo de Sousa, Silva e Carvalho.5 O instrumento adotado comtemplou: identificação do estudo, introdução e objetivos (dados do estudo e avaliação crítica), características metodológicas (análise do delineamento de pesquisa, amostra, técnica para coleta de dados e análise dos dados), resultados (descrição e análise crítica dos resultados, fatores relacionados encontrados, incluindo-se aspectos específicos do tema estudado) e conclusões. A extração dos dados de cada estudo foi realizada por dois revisores separadamente. Por fim, os dados extraídos dos estudos incluídos nesta revisão integrativa foram analisados e apresentados de forma descritiva. Figura 1: Fluxograma de seleção dos artigos encontrados. Teresina, PI, Brasil, 2014 Resultados Dos vinte artigos analisados, nove foram citados em apenas uma base de dados. Desde o ano de 2005 as publicações foram regulares, ou seja, apareceram ano a ano, com maior produção no ano de 2013. O periódico que mais apresentou as publicações foi o Journal of Human Lactantion (05), seguido de Acta Scientiarium Health Science (03). Enfermeiros, psicólogos e médicos aparecem como os principais autores desses trabalhos. Em relação à metodologia aplicada mais da metade (12) das publicações foram de natureza quantitativa, as demais se dividiram igualitariamente entre quantiqualitativas e qualitativas. A tabela 1 mostra o perfil destas produções. Tabela 1: Caracterização das produções sobre doação de leite humano segundo ano, base de dados, título e metodologia, no período de 2003 a 2013. Teresina- PI, 2014. Ano Base de dados Título do artigo Metodologia 2013 Medline/ Characteristics of the first human milk bank in Estudo quantitativo. Scopus Taiwan. 2013 Scopus Mothers' knowledge of and attitudes toward Estudo qualitativo. human milk banking in South Australia: A qualitative study. 2013 Scopus Peer-to-Peer Milk Donors' and Recipients' Estudo quantiexperiences and perceptions of donor milk qualitativo. banks. 2013 Scopus Características de las mujeres donantes de un Estudo quantitativo. banco de leche materna y relación con el tiempo de donación. 2013 Cuiden Perfil das mães doadoras de um banco de leite Estudo quantitativo. humano. 2012 Scopus The experience of expressing and donating breast milk following a perinatal loss. 2012 Scopus Human milk donation is an alternative to human milk bank. 2012 Lilacs Perfil das doadoras do banco de leite humano do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Tubarão/ SC. 2011 Cuiden/ Lilacs/ Doação de leite humano: dificuldades e fatores Scopus limitantes. 2011 Scopus Banco de leite humano: Uma análise das diferenças entre doadoras adultas e adolescentes. 2010 Scielo/ Doação de leite humano e apoio social: relatos Cuiden/ de mulheres doadoras. Scopus/ Medline/ Lilacs 2009 Scielo/ Doação de leite humano: experiência de Medline/ mulheres doadoras. Scopus 2009 Lilacs/ Scopus Perfil das doadoras de leite do banco de leite humano de um hospital universitário. 2008 Cuiden/Lilacs/ Como e por que ser doadora de leite humano? Scopus 2008 Medline/ The human milk donation experience: motives, Scopus influencing factors, and regular donation. 2007 Medline/ Characterization of human milk donors. Scopus 2006 Scielo/ Lilacs/ Mulheres doadoras de leite humano. Scopus 2006 Lilacs/ Scopus Perfil das doadoras do banco de leite humano do Hospital Universitário de Maringá, Estado do Paraná, Brasil. 2005 Cuiden A orientação e incentivo da doação de leite materno para os bancos de leite humano durante o pré-natal. 2003 Medline/ Breast milk donors in France: a portrait of the Scopus typical donor and the utility of milk banking in the French breastfeeding context. Estudo qualitativo. Estudo quantitativo. Estudo quantitativo. Estudo quantiqualitativo. Estudo quantitativo. Estudo qualitativo. quanti- Estudo qualitativo. quanti- Estudo quantitativo. Estudo qualitativo. Estudo quantitativo. Estudo quantitativo. Estudo qualitativo. Estudo quantitativo. Estudo quantitativo. Estudo quantitativo. Discussão Os artigos foram classificados em quatro categorias temáticas, a saber: perfil das doadoras; razões para doar: fatores facilitadores e limitantes; relações entre as doadoras e o BLH e doação direta de leite humano. Perfil das doadoras Nesta categoria foram enquadrados os artigos que trazem o perfil sociodemográfico (idade, escolaridade, renda) e o número de gestações das mulheres doadoras de leite materno. Nesta perspectiva, foram analisadas um total de 13 publicações. Os estudos encontraram principalmente doadoras adultas. Ao observar-se a média de idade nas pesquisas internacionais7-10 esta foi sempre superior a 30 anos, enquanto no Brasil a faixa etária média variou dos 20 aos 35 anos.11-17 Os dados do estudo de Galvão, Vasconcelos e Paiva18 contrariam essa tendência, pois a maioria de suas doadoras era adolescente (16 a 20 anos), entretanto, trata-se de um estudo qualitativo com apenas 11 participantes e que, portanto, não apresenta tanta representatividade. Entre as publicações enquadradas nessa categoria verificou-se que, na maioria (08), as doadoras apresentavam elevado nível de escolaridade7-14 seguidas de nível variando entre fundamental completo e médio em 04 estudos15-18. Tanto nos estudos brasileiros como nos internacionais a maioria das mulheres eram primíparas e em união estável. Com referência a renda familiar, foram incluídas mulheres de diferentes condições econômicas. Nos estudos do Distrito Federal e do Ceará quase metade das doadoras referiram renda igual ou superior a 10 salários mínimos.11,12 E nos trabalhos desenvolvidos em Tubarão-SC14, Montes Claros-MG15, Maringá-PR17 e Fortaleza-CE18 a renda oscilou entre 02 a 04 salários mínimos. Quatro artigos não investigaram a renda7,8,10,13 e dois deles utilizaram os termos financeiramente seguras9 e remuneradas.16 Destoando das demais publicações temos os achados da pesquisa realizada com 737 doadoras de leite humano em três BLHs de Alagoas- SE. As doadoras neste estudo apresentaram baixa escolaridade (54,5%), eram solteiras (51,3%), com 01 a 03 gestações (85,9%) e encontravam-se desempregadas (59,3%).19 Razões para doar: fatores facilitadores e limitantes Nesta categoria buscou-se reconhecer as razões que levam as mulheres a realizarem a doação de seu leite materno, identificando os fatores facilitadores e limitantes para este ato. Nesta perspectiva, foram analisadas 14 publicações. Grande parte dos estudos apontam o excesso de produção láctea (associado ou não ao ingurgitamento mamário) e o fato de querer doar seu leite como o principal fator que motivou o inicio da doação de leite.7-10,12,13,18 Esse fato corrobora a definição de doadora de leite proposta pelo Ministério da Saúde, visto que produzir leite além das necessidades do próprio filho é condição essencial para doá-lo.2 Quando há leite produzido em excesso muitas vezes se instala o processo de ingurgitamento mamário, que causa dor e desconforto à mulher. Assim, elas procuravam o serviço de saúde para anar seu problema, onde eram orientadas a realizar a ordenha de alívio. Por conseguinte, essas mulheres eram também aconselhadas pelos profissionais de saúde a doarem esse excedente. O que leva às mulheres a afirmarem, nestes estudos, que é preferível doar a desperdiçar/jogar fora seu leite.9,13,18 Em segundo lugar, como motivo mais citado, aparecem os fatores fortemente altruístas e benevolentes. As doadoras apontam a doação como expressão de ajuda a outras mães que estão impossibilitadas de amamentar, ato voluntário, não remunerado e porque conhecem as necessidades dos bebês que recebem o leite do BLH e querem ajudar.11,14,20 Um estudo em particular, realizado nos Estados Unidos, que investigou as experiências de doação de leite de mulheres que perderam seus bebês, demonstrou que sua motivação para doar foi o fato de preencher alguns dos seus instintos como mães e dessa maneira contribuiu para sua recuperação da perda. 21 Os fatores facilitadores do processo de doação de leite são compreendidos dentro do universo do apoio recebido por parte da família e dos amigos (apoio social), bem como da gama de informações a respeito do leite e de seu processo de doação (que inclui a importância do leite materno, quem são os receptores) que as doadoras recebem.11,12,20,22,23 O apoio social é indispensável para a doação de leite, sendo o companheiro a pessoa de maior peso nesse tipo de apoio. Este é desenvolvido mediante incentivos verbais ao ato de doar ou mediante ações concretas em aspectos práticos relacionados à doação, como buscar vidros, ajudar na ordenha e cuidar da criança enquanto a doadora realiza a ordenha.23,24 As mulheres descrevem o reconhecimento da qualidade e das vantagens nutricionais do leite materno para as crianças de um modo geral, e em especial para o RNs que receberão o leite doado, como um forte fator impulsionador da doação de leite, o que demonstra que os esforços educativos empreendidos nos últimos anos em prol do aleitamento materno atingem parte de seus objetivos.11,12,18,22,23 Pode-se constatar nos estudos que o ato de doar leite materno foi avaliado como uma experiência positiva por um número expressivo de doadoras, as quais referiram vontade de doar leite em uma nova oportunidade. Esse dado demonstra ser de grande utilidade, uma vez que doadoras ao descreverem suas experiências positivas servem de motivação e, assim, podem desenvolver papel primordial no recrutamento de novas doadoras.14,19,24. Apesar da importância da captação de leite humano em BLH para a sobrevivência de inúmeros RNs, a divulgação sobre o tema é ainda restrita, o que constitui o principal fator limitante/dificultador para a doação de leite identificado nos estudos brasileiros. As informações ocorreram apenas no processo de maternidade da mulher, quando elas estão preocupadas principalmente com seu filho, e não conseguem atentar para a importância do leite para doação.18,20,22,24. Nos estudos internacionais a principal barreira para doar refere-se à dificuldade de transportar o leite ordenhado até o BLH, pois, diferentemente do Brasil, em outros países não existe a coleta em domicilio, dessa maneira a entrega do leite ordenhado ao BLH é responsabilidade da doadora, tornando assim oneroso o ato de doar.7,9 Relações entre as doadoras e o BLH Nessa categoria buscou-se enquadrar os artigos que traziam dados referentes ao conhecimento das doadoras em relação ao BLH, bem como o apoio desempenhado por ele no processo de doação. Nesta perspectiva, identificou-se 9 publicações que abordaram sobre este assunto. Nos estudos realizados em Fortaleza- CE12, Montes Claros- MG15, Londrina- PR16 e Maringá- PR17 identificou-se que a maioria das doadoras só tomou conhecimento sobre o BLH após o parto, quando vieram apresentar algum tipo de problema com a mama. Em outro estudo de Fortaleza- CE, para a obtenção de informações referente ao BLH, a grande maioria das doadoras citou o folder como principal meio utilizado. Após isso muitas realizaram contato direto com o BLH por via telefônica. Depois desse primeiro contato, as nutrizes recebiam informações sobre a importância e os benefícios proporcionados pelo seu leite e, assim, mostravam-se dispostas iniciar à doação em prol da saúde de outros recém-nascidos.18 O processo de tomada de decisão para a doação pode ser influenciado pelo tipo de atendimento recebido, se é humanizado ou não, e pela valorização da autonomia, cabendo ressaltar que a comunicação adequada tem efeito fundamental nesse processo. É importante que os BLHs recebam insumos financeiros, como também recursos humanos, para poder disponibilizar tempo para atender às demandas das doadoras. 9,13,14,16,24 Para melhorar o apoio dos BLHs às mulheres doadoras, as participantes fizeram uma série de sugestões: maior atenção e apoio da instituição (BLH) às doadoras, campanhas de divulgação na mídia sobre doação de leite, dar orientações sobre procedimentos adequados de coleta e armazenamento do leite (no domicílio) e conhecer as crianças que irão receber o leite.24 Doação direta de leite humano Essa categoria contempla dois artigos que tratam de doação direta de leite a qual não é intermediada por um BLH e onde o leite humano não é pasteurizado. Um desses estudos foi realizado com 97 doadoras e 41 receptoras diretas de leite da Oceania, Europa, Ásia e América do Norte recrutadas via internet25 e o outro em um hospital da Malásia.26 O primeiro considerou as experiências e percepções de doadoras e receptoras de leite humano que tiveram o processo de contato para doação facilitado pelo uso de redes sociais. Este estudo apontou que nem todas as mulheres envolvidas em doação direta de leite poderiam ser consideradas potenciais doadoras para um BLH, pois metade das entrevistadas respondeu que excluiu essa opção devido a inexistência de BLH onde moravam ou por não atenderem os critérios para doação, por exemplo, por não produzirem leite na quantidade requerida pelo BLH.25 Cabe salientar que o modelo de BLH existente nas regiões do estudo difere do brasileiro e características particulares desse modelo foram apontadas como fatores dificultadores para doação, tais como, transporte do leite doado para o BLH e os custos impostos aos pais das crianças que recebem o leite humano doado. 25 Nesses BLHs apesar das doadoras não serem pagas pelo leite doado ao BLH os custos com seu processamento e armazenamento são repassados aos pais dos bebes receptores. Foi relatado cobrança de $4/oz (quatro dólares por 1 oz de leite que equivale aproximadamente a 30mL). 25 O outro estudo dessa categoria introduziu a doação direta de leite como alternativa ao BLH baseado nos princípios do Islã em um hospital na Malásia. Neste estudo os autores apontaram a doação direta de leite como uma alternativa em países onde não existem BLH ou na comunidade mulçumana.26 Neste modelo de doação é promovido um encontro entre doadora e família do receptor e após consentimento de ambas as partes eles assinam um documento de que concordaram com a doação. Esse encontro é essencial, pois como comentado anteriormente os mulçumanos acreditam que o compartilhamento de leite cria vínculos familiares.26 Conclusão Identificou-se que as doadoras de leite humano eram majoritariamente adultas, primíparas e em união estável. Elas geralmente tinham ensino superior, médio ou pelo menos oito anos de estudo. É preciso confirmar se esse perfil é uma tendência, o que implicaria na necessidade de traçar estratégias que atraíssem as demais lactantes a tornarem-se doadoras e assim reduzir a escassez de leite humano doado nos BLHs. Entre as razões para doar destacou-se o excesso de produção láctea e desejo de doar como principais motivadores para doação, seguido de fatores altruístas e benevolentes. Para mães enlutadas expressar e doar seu leite preencheu alguns de seus instintos maternos e auxiliou no processo de recuperação de sua perda. Esse fato, de certo modo, desafia a ideia amplamente difundida de que mães enlutadas não desejam obter quaisquer informações sobre amamentação e cria questionamentos sobre como os profissionais de saúde devem/podem abordar a questão do aleitamento materno/doação de leite no contexto do cuidado dessas mães enlutadas. As doadoras necessitam de apoio e seus companheiros representam aqueles com maior peso nesse tipo de apoio. Esse achado sugere que seria de fundamental importância trabalhar com os pais na perspectiva de informar e esclarecer sobre a importância de doar leite. Traçar estratégias usando TV, rádio e internet para transmitir esses esclarecimentos provavelmente garantiria um maior alcance da mensagem. Os estudos apontam o fator desinformação como um dos principais problemas vinculados a falta de doadoras de leite. Por isso, é importante manter a orientação contínua, entre àquelas que são doadoras, sobre aleitamento materno fazendo com que as mesmas tornem-se agentes multiplicadores. Além disso, ampliar a divulgação para a população de uma forma em geral. As questões levantadas a partir dos achados desses estudos abrem lacunas que podem ser preenchidas na medida em que novas pesquisas sejam realizadas, estas buscando uma melhor compreensão na escolha de doar leite. Os achados também chamam a atenção para uma maior participação dos profissionais de saúde na divulgação sobre doação de leite materno durante as consultas de pré-natal. Bibliografia 1. Pontes AM, Lucena KDT, Silva ATMC, Almeida LR, Deininger LSC. As repercussões do aleitamento materno exclusivo em crianças com baixo peso ao nascer. Saúde debate. 2013; 37(97): 354-61. 2. Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Banco de leite humano: funcionamento, prevenção e controle de riscos. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária; 2008. 3. Machado RS, Campos-Calderón CP, Montoya-Juárez R, Rio-Valle JS. Experiencias de donación de leche humana en Andalucía-España: un estudio cualitativo. Enfermería Global. 2015; 37(1):114-24. 4. Rodríguez MJG, Darias AG. Banco de leche humana: donación y recepción de leche humana. Reduca (Enfermería, Fisioterapia y Podología) Serie Matronas. 2010; 2(4):206. 5. Souza MT, Silva MD, Carvalho R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. 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