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FISIOLOGIA
DO
EXERCÍCIO
Brazilian Journal of Exercise Physiology
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
Índice
volume 6 número 1 - janeiro/dezembro 2007
Editorial
Exercício físico e interdisciplinaridade, Pedro Paulo da Silva Soares ........................................................................... 3
Artigos Originais
Comparação entre o uso da bicicleta ergométrica e caminhada no teste
de seis minutos, Marcus Vinicius Grecco, Charles Ricardo Morgan, Eduardo Yoshio Nakano...................................... 4
A influência do alongamento no rendimento do treinamento de força,
Fábio Luís Botelho de Arruda, Leandro Bittar de Faria, Vagner da Silva,
Gilmar Weber Senna, Roberto Simão, Alex Souto Maior............................................................................................... 8
Análise da creatina quinase versus escalas de percepção subjetiva de dor
para monitoramento do tempo de recuperação em idosos fisicamente ativos,
Cláudio Lauria Christovam, Márcia Baptista Veiga, Francisco Navarro ........................................................................ 13
Relação entre obesidade e hábitos de vida em escolares da rede pública
e privada da cidade de Santa Rosa – RS, Warley Gomes de Carvalho,
Telmo Tomasi, Ricardo Silva Dable, Francisco Luciano Pontes Junior,
Marcos Doederlein Polito ............................................................................................................................................ 22
Efeito da vibração mecânica nos resultados de testes de 1RM no exercício
supino horizontal em adultos treinados, Rafael T. Teixeira, Natasha A. Lama,
João Pedro S. W. Castro, Walace D. Monteiro ............................................................................................................. 27
Comparação de valores de testes de força externa máxima do quadríceps femoral,
Ricardo Barreto Teixeira, Révisson Esteves da Silva, Mônica de Oliveira Melo,
Marcelo La Torre, Éverton Vogt, Cláudia Tarragô Candotti ......................................................................................... 33
Adolescentes atletas competitivas femininas de handebol: um estudo
de caracterização, Alessandra Graton, Ana Beatriz Santos Guiesser,
Mariana de Moraes Escardin, Nathalie Puppin Tardivo, Renata Furlan Viebig............................................................. 38
Impacto do treinamento físico periodizado sobre a aptidão física
em jogadores de futsal masculino na categoria sub-20, Narciso Luiz Andrade,
Luís Paulo Gomes Mascarenhas, Ricelli Endrigo Ruppel da Rocha .............................................................................. 43
Prática mental combinada ao treinamento de força como perspectiva
de aumento da força máxima em homens treinados,
Sergio Eduardo de Carvalho Machado, José Eduardo Lattari Rayol Prati,
Mauro Cesar Gurgel de Alencar Carvalho ................................................................................................................... 49
Efeito do treinamento com pesos de uma série versus séries múltiplas
sobre a força muscular em mulheres acima de 40 anos, Humberto Daiuto Petry,
Carla Cristiane da Silva, Fábio Lera Orsatti, Nailza Maestá, Roberto Carlos Burini ..................................................... 53
Normas de publicação ...................................................................................................................................... 58
Eventos .................................................................................................................................................................... 60
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
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FISIOLOGIA
DO
EXERCÍCIO
Brazilian Journal of Exercise Physiology
Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
Editor Chefe
Paulo de Tarso Veras Farinatti
Editor Associado
Pedro Paulo da Silva Soares
Conselho Editorial
Antonio Carlos Gomes (PR)
Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega (RJ)
Dartagnan Pinto Guedes (PR)
Emerson Silami Garcia (MG)
Fernando Pompeu (RJ)
Francisco Martins (PB)
Jacques Vanfraechem (BEL)
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Martim Bottaro (DF)
Patrícia Chakour Brum (SP)
Paulo Sérgio Gomes (RJ)
Rolando Baccis Ceddia (CAN)
Robert Robergs (USA)
Rosane Rosendo (RJ)
Sebastião Gobbi (SP)
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Yagesh N. Bhambhani (CAN)
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Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício
Corpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares,
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
3
Editorial
Exercício físico e interdisciplinaridade
Pedro Paulo da Silva Soares
Editor Associado, Diretor Executivo da RBFEx
A Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício (RBFEx)
apresenta mais um número de sua tiragem, mostrando que
retomamos a periodicidade da revista que era aguardada
com ansiedade por todos. Isso se deve principalmente
ao interesse dos colegas em submeter seus trabalhos para
RBFEx, garantindo material de qualidade e relevância na
área. Nossa revista se apresenta como uma interessante
opção para a divulgação da produção científica de pesquisadores nas diversas áreas que compõem a fisiologia do
exercício. Neste número os leitores encontrarão trabalhos
apresentando as diversas possibilidades que nossa área abriga. São estudos básicos e aplicados, de grupos de pesquisa
das mais diversas partes do país.
Durante os últimos anos observamos uma crescente
interdisciplinaridade nos trabalhos publicados, o que reflete
uma tendência robusta de integração das diversas áreas do
conhecimento tendo como eixo principal à fisiologia do
exercício. O estudo da fisiologia do exercício tem recebido
contribuições importantes tanto das áreas básicas, como a
bioquímica, quanto das áreas exatas, através do desenvolvimento e emprego de métodos estatísticos, mas também
da engenharia e física no desenvolvimento de sistemas
de registro e análise de sinais biológicos antes, durante e
após o exercício. Diversos pesquisadores encontram no
exercício físico uma poderosa ferramenta de investigação
de mecanismos fisiológicos de controle.
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Portanto, esperamos mais e mais contribuições agregando trabalhos da célula ao ser humano. Que representem
artigos em linhas de pesquisa como genética e a biologia
celular, experimentação animal, que envolvam processos fisiopatológicos e contribuam para o conhecimento de como
a fisiologia do exercício pode ter seu papel na hipertensão,
obesidade, diabetes, na reabilitação cardíaca, desempenho
esportivo, promoção da saúde e muito mais. Queremos
estimular também a presença mais constante de trabalhos
nas áreas gerais da fisiologia básica como neurofisiologia,
fisiologia renal, endócrina, digestiva, cardiovascular e respiratória aplicadas ao exercício. Em breve, pretendemos ter
sessões de debate de idéias e opiniões, números temáticos
com chamadas específicas tanto para artigos originais
quanto para os de revisão.
Contamos com a contribuição dos colegas enviando
seus trabalhos para a RBFEx e também enviando suas
críticas e sugestões. Uma vez garantida a periodicidade
da revista, trataremos agora de aperfeiçoar o processo de
submissão e revisão por pares visando agilizar estas etapas
preservando a qualidade da revista. Trabalhamos também
no sentido de aumentar o número de artigos e, futuramente, esperamos ter números especiais com temas atuais e
relevantes. É com muito otimismo que os convido a leitura
de mais um número da RBFEx e ao engajamento nesse
projeto que é de todos nós. Saudações e boa leitura!
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Artigo original
Comparação entre o uso da bicicleta ergométrica
e caminhada no teste de seis minutos
Comparison between the ergonomic bike and the 6 minutes walking test
Marcus Vinicius Grecco*, Charles Ricardo Morgan**, Eduardo Yoshio Nakano***
*Educador físico e fisioterapeuta, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, **Fisioterapeuta, Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo, ***Faculdade de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo e Professor da Universidade
de Brasília do Departamento de Matemática e Estatística
Resumo
Abstract
Dez alunos da academia do Clube Atlético Monte Líbano,
jovens, saudáveis, do sexo feminino, com idade média de 22 anos
(± 1,13), peso 54 kg (± 6,15) e altura 160 cm (± 5,42) foram
submetidos ao tradicional teste de caminhada de seis minutos e a
bicicleta ergométrica sem carga, também por seis minutos, com a
finalidade de comparar os dois testes. Observamos que os dois testes
promoveram alterações na freqüência cardíaca (FC), respiratória
(FR), pressão arterial média (PAM), e na saturação de oxigênio (Sat
O2), mostrando-se estatisticamente semelhantes, porém para que o
indivíduo consiga atingir tais alterações na bicicleta ergométrica, ele
deve ser muito mais incentivado que na caminhada e os indivíduos
na bicicleta referiram fadiga na musculatura da coxa, especialmente
em quadríceps. A caminhada mostrou ser um método mais simples,
embora necessite de maior espaço físico para sua aplicação.
Ten female young normal subjects, from Atlético Monte Líbano
Fitness Club, with mean age 22 years old (± 1,13), weight 54 kg
(± 6,15) and height 160 cm (± 5,42), performed the traditional six
minutes walking test and the ergonomic bike test without weight
for 6 minutes, aiming at comparing the two tests. It was observed
that both tests induced alterations in heart rate (HR), respiratory
rate (RR), mean arterial blood pressure (MAP) and in oxygen saturation (SaO2), showing that they are statistically similar, although it
is necessary more stimulus for the subject to reach this alterations
in the cycle ergonomic test. They referred fatigue in tight muscles,
especially quadriceps. The walking test showed to be a more common
test, although it is necessary ample room to be performed.
Key-words: exercice testing, fatigue, physiological alterations.
Palavras-chave: teste de exercício, fadiga, alterações fisiológicas.
Recebido em 17 de outubro de 2007; aceito em 15 de dezembro de 2007.
Endereço para correspondência: Marcus Vinicius Grecco, Rua Ribeiro de Barros, 81/31, 05027-020 São Paulo SP, E-mail: mvgrecco@
ig.com.br
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Introdução
O homem sempre se preocupou em arranjar formas
de avaliar a aptidão física dos indivíduos. Desde a década
de 1960 já se testava outras maneiras de avaliar a aptidão
dos indivíduos, uma vez que os testes existentes requeriam
grandes aparatos e exclusividade no indivíduo testado.
Cooper mostrou que era possível realizar um teste de
qualidade economizando tempo, abrangendo um grande
número de indivíduos, de forma simples e econômica, com
um tipo de atividade já conhecida, a corrida [1,2].
McGavin [3] adaptou o teste original de 12 minutos
descrito por Cooper para a caminhada. Seus pacientes eram
instruídos a percorrer a máxima distância possível em 12
minutos em uma área livre [1,3-5]. A partir deste teste,
alguns autores compararam a eficácia do teste em tempos
menores, dois e seis minutos verificando também a eficácia
[2,6,7].
Levando-se em conta que o teste da caminhada exige
espaço apropriado, por menor que seja para sua realização,
pensou-se na adaptação do teste da caminhada de seis minutos
para uma bicicleta ergométrica, já que esta exigiria um local
menor para a aplicação do teste. Padronizaremos o não uso
de carga, a fim de que qualquer bicicleta possa ser utilizada
na aplicação do teste, desde uma mais moderna como a que
nós utilizamos até uma mais simples.
Este trabalho tem como objetivo, portanto, a comparação
do teste da caminhada de seis minutos com o teste modificado
na bicicleta ergométrica.
Material e métodos
Dez alunos da academia do Clube Atlético Monte Líbano
(CAML), do sexo feminino, estudantes, com idade média
de 22 anos (± 1,13), peso 54 kg (± 6,15 ) e altura 160 cm
(± 5,42 ) realizaram os testes na sala de musculação, com 40
metros de comprimento, localizada no 2ª andar do prédio da
academia do CAML.
Utilizamos oxímetro de pulso CMS-50D, estetoscópio,
esfigmomanômetro de coluna de mercúrio Walgreens, bicicleta ergométrica Lifecycle 8500, cronômetro, fita adesiva, e
faixa de crepe.
Inicialmente, a cada teste mediram-se os parâmetros
fisiológicos do indivíduo que estavam sentados e relaxados.
No dedo indicador da mão direita era colocado o dedal do
oxímetro de pulso; a frequência cardíaca (FC) e a saturação
de O2 eram, então, indicada no visor do aparelho. A pressão
arterial (PA) era medida sempre no braço esquerdo com o
antebraço sobre o apoio do esfigmomanômetro. A mensuração
da freqüência respiratória (FR) era feita através da contagem
das inspirações durante 30 segundos. Para estas medidas
estiveram presentes um educador físico e um fisioterapeuta
para a análise dos dados
Fisiologia_v6.indb 5
5
Caminhada: delimitou-se uma distância de 40 metros
com fita crepe, explicou-se aos indivíduos que deveriam
andar o mais rapidamente possível, sem correr, por seis
minutos, durante os quais o indivíduo era incentivado a ir
mais rapidamente. Marcou-se quanto o indivíduo percorreu,
e calculou-se a velocidade média atingida. Após o término,
o indivíduo sentava-se e suas FR, FC, PA e saturação de
oxigênio eram medidas como no repouso, novamente após
dois e quatro minutos repetiram-se as medidas, e a PAM era
então calculada.
Bicicleta: foi zerada a quilometragem e a carga da bicicleta,
os pés dos indivíduos eram colocados nas tiras de segurança
contidas nos pedais a fim de proporcionar mais segurança.
Explicou-se que deveriam pedalar o mais rápido possível, por
seis minutos, durante os quais eram incentivados a atingir a
máxima velocidade. Verificou-se a distância percorrida pelo
indivíduo, e calculou-se a velocidade média atingida. Após
o término com o indivíduo, ainda na bicicleta, suas FR, FC,
PA e saturação de oxigênio eram medidas como no repouso,
e novamente após dois e quatro minutos as medidas eram
repetidas e a PAM era então calculada.
Os resultados obtidos para cada indivíduo foram colocados em tabela e suas médias transformadas em gráficos,
sendo analisadas estatisticamente através do teste t-Student,
utilizando um nível de significância de 5%.
Resultados
Observamos, no Gráfico I, que a FR na caminhada iniciou-se com 16 respirações por minuto (rpm), tendo após os
seis minutos um incremento de 36%. Após dois minutos de
recuperação, a FR decresceu 24%. E ainda, após mais dois
minutos - quatro após o término do teste- houve um decréscimo de 10,5%. Já na bicicleta, iniciou-se com 17 rpm, e,
após seis minutos pedalando, houve um incremento de 37%;
após dois minutos de recuperação, houve um decréscimo de
22%; e após mais dois minutos - quatro após o término do
teste-, decresceu mais 19%.
Gráfico I - Alterações ocorridas na freqüência respiratória.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Quanto a FC, Gráfico II, iniciou-se na caminhada com
85 batimentos por minuto (bpm), havendo após o teste
um aumento de 39%. Após a recuperação de dois minutos,
houve um decréscimo de 18,6%. E após mais dois minutos,
diminuiu 7,02%. Na bicicleta, observou-se que FC iniciouse com 82 bpm, havendo após o teste um aumento de 46%
na bicicleta. Após a recuperação de dois minutos, houve um
decréscimo de 19,7%. E após mais dois minutos, decresceu
em 15%.
Gráfico IV - Alterações ocorridas na saturação arterial de oxigênio.
Gráfico II - Alterações ocorridas na freqüência cardíaca entre os
grupos.
A distância percorrida na caminhada foi em média 470
metros, enquanto que na bicicleta foi de 4400 metros.
Portanto, observamos que os dois testes não apresentaram
diferenças estatisticamente significantes (p > 0,05), ambos
conseguiram alterar os parâmetros observados.
Discussão
A pressão arterial média, Gráfico III, teve início na caminhada com 90, acrescendo 6,25% após os seis minutos de
teste. Após dois minutos, estes valores caíram em 3,12% e
5,30% nos dois minutos seguintes. Na bicicleta a PAM também iniciou com 90, acrescendo 3,22% após os seis minutos
de teste. Após dois minutos, estes valores caíram em 4,30%;
e 1,11% após mais dois minutos.
Gráfico III - Alterações ocorridas na pressão arterial média.
PAM = Pressão Diastólica + 1/3 (Pressão Sistólica - Pressão diastólica)
Quanto à saturação de oxigênio, Gráfico IV, iniciou-se em
98 na caminhada, havendo uma queda de 2,04% após o teste.
Depois do repouso de 2 minutos, os valores subiram 2,04%
e permaneceu assim nos dois minutos subseqüentes. Com
relação ao teste na bicicleta, a saturação de oxigênio iniciou-se
também em 98, havendo uma queda de 1,02% após o teste.
Depois do repouso de 2 minutos, os valores permaneceram
iguais, e nos dois outros minutos subseqüentes.
Fisiologia_v6.indb 6
Observamos que não existem diferenças estatísticas entre
os dois testes, quando testados em indivíduos jovens, normais
e bem motivados. Ambos conseguem alterar de forma semelhante às freqüências respiratória e cardíaca, a pressão arterial
média e a saturação de oxigênio. Além disso, a praticidade
da bicicleta ergométrica permite que o indivíduo tenha seus
parâmetros medidos ainda sobre a bicicleta, já que permanece
com a porção superior do corpo praticamente imóvel [8].
O ato de pedalar imprime carga direta sobre o músculo
quadríceps, podendo até levá-lo a fadiga, após e mesmo
durante o teste, quando todos os sujeitos referiram dor em
região de quadríceps, o que em alguns casos limitou um
melhor desempenho, e o incentivo também parece ser um
fator de muita relevância. O desempenho depende muito
da motivação do sujeito e esta está intimamente relacionada
com o incentivo dado pelo educador físico, se o número de
rotações cair o consumo de oxigênio também diminuirá,
alterando o resultado [7-10].
A caminhada proposta como teste de rotina para ver a
capacidade física, em indivíduos saudáveis, que, segundo
Butland et al. [2], é indicada até mesmo para pacientes com
incapacidades severas e o teste realizado em ambiente hospitalar, teve sua validade confirmada. Conforme McGavin et al.
[3], o teste realmente não requer aparato e pode ser aplicado
em uma grande quantidade de pessoas saudáveis, até mesmo
com doenças com certo grau de severidade; o processo da
caminhada é familiar a todos, e permite que o indivíduo
ajuste o passo durante o teste, parando se necessário. Notamos
também que alguns fatores como a motivação, a resistência
cardiovascular, a função respiratória e neuromuscular e a
endurance, interferem no teste [2,3-5,11].
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Na caminhada notamos certo grau de fadiga muscular em
tibial anterior, mas em geral os indivíduos testados referiam
mais cansaço físico que muscular, o inverso do que ocorrera
na bicicleta.
A caminhada parece ser um método mais seguro e conhecido apesar da necessidade de maior espaço físico para sua
aplicação, espaço este não totalmente inviável, pois o teste
pode ser aplicado até em ambiente hospitalar [2,6,7,11].
Quanto às alterações fisiológicas ocorridas durante o
teste, a literatura refere-se principalmente ao VO2, a CVF,
ao volume expiratório e ao VEF1, correlacionando-os com a
distância percorrida [10,12].
Neste trabalho, com sujeitos normais, pudemos observar
aumentos semelhantes tanto na bicicleta quanto na caminhada, da FR, FC, e PAM logo após o teste e uma diminuição
nos minutos subseqüentes, ajustes estes previstos na literatura
já que no exercício há maior gasto metabólico necessitando
mais oxigênio, exigindo respostas dos sistemas cardiovascular
e respiratório. Com relação à saturação, observamos que as
alterações foram pequenas, o que também era previsto, já
que o organismo se reajusta rapidamente a fim de não comprometer a oxigenação tecidual. Alterações como aumentos
na acidez, temperatura, concentração de dióxido de carbono
alteram a estrutura molecular da hemoglobina, reduzindo sua
eficácia em fixar o oxigênio. Como no exercício estes fatores
são acentuados, a liberação de oxigênio para os tecidos é
facilitada [12].
As distâncias percorridas na bicicleta e na caminhada não
são cabíveis de comparação, já que a bicicleta permite que o
indivíduo percorra um percurso maior com menor esforço,
também não podemos compará-las com a literatura, uma
vez que os indivíduos são bem heterogênios. O objetivo do
cálculo da distância está em comparar, posteriormente a um
treinamento, o rendimento do indivíduo com sua performance anterior, já que a literatura não refere um padrão de
referência para tais testes.
Fisiologia_v6.indb 7
7
Conclusão
Acreditamos que a caminhada seja o método mais indicado
para a avaliação de indivíduos normais ou até mesmo com
alguma doença de base. A caminhada não precisa de nenhum
material oneroso para ser feito, é um movimento natural para
o ser humano, não provoca tanta fadiga no quadríceps e pode
ser feito em um ambiente que ofereça o mínimo espaço para
uma caminhada.
Referências
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Artigo original
A influência do alongamento no rendimento
do treinamento de força
The influence of the stretching exercise in the strength
training performance
Fábio Luís Botelho de Arruda*, Leandro Bittar de Faria*, Vagner da Silva*, Gilmar Weber Senna*, Roberto Simão**,
Alex Souto Maior***
*Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Musculação e Treinamento de Força da Universidade Gama Filho (CEPAC), **Escola
de Educação Física e Desportos - Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEFD/UFRJ), ***Programa de Pós-Graduação Lato Sensu
em Musculação e Treinamento de Força da Universidade Gama Filho, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Bioengenharia
- Universidade do Vale do Paraíba
Resumo
Abstract
O objetivo do estudo foi verificar o teste de 10 repetições
máximas (10RM) no exercício supino reto na máquina utilizando diferentes tipos de aquecimento. Foram selecionados 22
indivíduos do sexo masculino e divididos em dois grupos, grupo
com aquecimento prévio de alongamento (GA) (n = 11), e grupo
aquecimento específico (GE) (n = 11). Os indivíduos da amostra
foram submetidos ao teste de 10RM em dois dias. No primeiro
dia, realizou-se o teste de 10RM igualmente para ambos os grupos,
seguindo o modelo tradicional do teste. No segundo dia, o GE
realizou o teste de 10RM com aquecimento de duas séries com 15
repetições a 55% da carga de 10RM. O GA antecedeu o teste de
10RM com o aquecimento através de exercícios de alongamentos
pelo método estático, com duas séries de 20 segundos de duração
para cada posição, após atingir o limiar de dor. Foi mantido um
intervalo de 20 segundos de uma série para outra. Concluímos que
não existem diferenças estatisticamente significativas através do teste
t-Student (p > 0,05), no desempenho do teste de 10RM no exercício
supino reto através do aquecimento específico, o mesmo não sendo
observado quando o teste de 10RM foi precedido por exercícios de
alongamento (p < 0,002).
The aim of the study was to verify the test of 10 maximum repetitions (10RM) in the straight chest press exercise in the machine
being used different types of warm up. Twenty two individuals of
male gender were selected and divided into two groups: group with
previous warm up exercises of stretching exercises (GF) (n = 11),
and group of specific warm ups (GS) (n = 11). The individuals of
the sample were submitted to the 10RM test, in two days. On the
first day, the 10RM test was performed equally for both groups,
following the traditional model of the test. On the second day, the
GS group carried out the 10RM test with stretching two different
stretches with 15 repetitions of 55% of the 10RM load. The GF
preceded the test of 10RM with the stretching through exercises
of stretching for the static method, with two series of 20 seconds
of duration for each position, after reaching the pain threshold. It
was kept an interval of 20 seconds between series. We conclude
that there was no significant difference through the test t-Student
(p > 0.05), during the performance of the 10RM test in the straight
chest press exercise through the specific warm up, the same was
not observed when the 10RM test was preceded by exercises of
stretching (p < 0.002).
Palavras-chave: aquecimento específico, flexibilidade, teste de
10RM.
Key-words: specific warm up, flexibility, 10RM test.
Artigo recebido em 30 de agosto de 2006; aceito em 15 de dezembro de 2007.
Endereço para correspondência: E-mail: [email protected]
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Introdução
Materiais e métodos
Nas ações musculares percebemos o envolvimento de
diferentes valências físicas, tais como a flexibilidade e a
força muscular, que são de importância imprescindível para
o aumento da eficiência do movimento [1,2]. O aumento
da flexibilidade está intimamente relacionado com a maior
facilidade para a execução de ações cotidianas representadas
na qualidade de vida e saúde [3]. Assim, a redução da flexibilidade pode prejudicar o desempenho atlético aumentando
também a possibilidade de lesões, pois, com o encurtamento
músculo-tendíneo as fibras musculares poderiam se romper
em um maior esforço com movimentos amplos [4]. Entre
os métodos utilizados para o treinamento da flexibilidade
(TF), o movimento estático parece ser o mais comumente
utilizado pela facilidade e segurança na sua aplicação [5].
Porém os componentes metodológicos, entre eles o volume
e a intensidade do TF, são questionáveis quando pensamos
na influência deste treinamento na força muscular. Segundo
Simão et al. [6], a força e a potência muscular são valências
relevantes na qualidade de vida e a prescrição de exercícios
que facilitem seu aprimoramento em indivíduos sadios,
mesmo para aqueles que apresentam necessidades específicas, parece ser de grande validade para a saúde e qualidade
de vida.
Atualmente, o número crescente de pesquisas na área
da força deslumbra diferentes populações com objetivos
variados, levando a busca pela melhor periodização para a
otimização de seus resultados [7]. Segundo Gomes e Franciscon [8], a insuficiência de amplitude articular pode limitar
o desenvolvimento de contrações voluntárias máximas aumentando, assim, o gasto energético e tornando mais difícil
o trabalho a ser realizado. Os exercícios de alongamento
podem manter ou aumentar a flexibilidade, sendo assim
aplicados para prevenir encurtamentos teciduais e otimizando o desempenho muscular, o qual contribui também
para o treinamento da força e potência muscular [5]. O
TF realizado antes dos exercícios resistidos (ER) pode estar
associado ao aquecimento pré-treinamento, à prevenção
de lesões, à melhora do fluxo sangüíneo e melhor resposta
das propriedades elásticas do tecido muscular e conjuntivo,
porém tais colocações não se encontram completamente
elucidadas [9].
Vários estudos na literatura abordam a influência negativa
do TF quando relacionado com os ER, porém, o volume e a
intensidade dos alongamentos parecem não ser homogêneos
e seus resultados também podem variar, conseqüentemente,
prejudicando a confiabilidade no ato da prescrição.
Desta forma, com base nessa discussão, o presente estudo
tem por objetivo verificar a influência aguda de exercícios de
alongamento estático previamente aos ER.
A amostra foi composta por 22 indivíduos do sexo masculino, divididos em dois grupos: grupo de aquecimento
específico (GE) (n = 11) e o grupo de aquecimento com
alongamento (GA) (n = 11). Os indivíduos apresentavam
idades entre 20 e 30 anos, peso médio de 75 ± 15 kg e estatura
de 180 ± 12 cm. A amostra era familiarizada há mais de seis
meses com o treinamento de força exercitando-se pelo menos
três vezes por semana. Eles apresentavam prévio conhecimento
sobre as técnicas de execução do exercício selecionado.
Para melhor objetivar os resultados da amostra, foram
utilizados os seguintes critérios de exclusão para os indivíduos
participantes do estudo: a) portadores de cardiopatia; b) portadores de lesões articulares nos últimos seis meses; c) portadores
de contratura muscular nos últimos seis meses; d) submissão
a cirurgias articulares nos últimos 12 meses; e) portadores de
instabilidade acentuada nos joelhos e tornozelos; f ) portadores
de hérnia discal; g) portadores de formas severas de doenças
articulares degenerativas. Antes da coleta de dados todos responderam negativamente aos itens do questionário Par-Q e
validaram sua participação voluntária assinando o termo de
consentimento conforme a resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde para experimentos com humanos, após a
aprovação do comitê de ética da instituição.
A coleta de dados foi composta por duas visitas não consecutivas: 1º dia - todos os indivíduos realizaram o teste de 10
repetições máximas (10RM) seguindo o protocolo tradicional,
sem aquecimento prévio, utilizando o incremento de cargas
no teste como o próprio aquecimento; 2º dia - ocorreu 48
horas após a primeira visita, em que foi realizado o re-teste
de 10RM no GE com o aquecimento específico (duas séries
de 15 repetições com 55% de 10RM) no exercício de supino
reto na máquina. No GA (alongamento + força), o re-teste
10RM foi precedido de quatro exercícios de alongamento, que
foram aplicados nos músculos peitorais, deltóides e tríceps.
Utilizou-se o método estático para o TF, com duas séries de
20 segundos de duração para cada posição, após atingir o
limiar de dor. Foi mantido um intervalo de 20 segundos de
uma série para outra.
O teste de 10RM foi utilizado para a avaliação da força
muscular como medida não invasiva e critério padrão de referência, a fim de objetivar a carga máxima para a realização do
protocolo de treinamento no exercício supino reto na máquina
Technogym@. A utilização deste aparelho no teste de supino
reto facilitou o controle da angulação de 90º do cotovelo
na execução, em função da trava que limitava o movimento
garantindo a amplitude padrão para todos os indivíduos.
Os valores das cargas máximas no teste de 10RM foram
obtidos ao longo de duas até cinco tentativas, quando o avaliado não conseguia mais realizar o movimento completo de
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forma correta. Desse modo, validou-se como carga máxima
a que foi obtida na última execução. A cada nova tentativa
realizava-se adição de incrementos progressivos de acordo
com as cargas disponíveis do equipamento, sendo dado um
intervalo de três a cinco minutos entre cada tentativa.
Objetivando reduzir a margem de erro, durante a realização do teste, foram adotadas as seguintes estratégias: 1)
instruções padronizadas foram oferecidas antes do teste, de
modo que o avaliado estivesse ciente de toda a rotina que
envolve a coleta de dados; 2) o avaliado foi instruído sobre a
técnica de execução do exercício; 3) o avaliador estava atento
quanto à posição adotada pelo praticante no momento da
medida. Pequenas variações no posicionamento das articulações envolvidas na ação poderiam recrutar outros músculos,
distanciando do foco específico da pesquisa, possibilitando
interpretações errôneas dos escores obtidos; 4) para maior
veracidade do teste, os indivíduos não tiveram conhecimento
da carga de resistência durante a avaliação. Foi solicitado aos
indivíduos a manterem as mesmas atividades físicas diárias,
contanto que não exercitassem os grupos musculares envolvidos no teste.
Para a análise estatística foi utilizado o teste t-Student,
a fim de comparar as cargas máximas obtidas no teste de
10RM após os dois tipos de protocolos no aquecimento (p
< 0,05).
Resultados
O GA apresentou valores significativamente reduzidos
(p < 0,002) em relação ao pré-teste (10RM), demonstrando
que parece acontecer uma diminuição no número de repetições máximas quando utilizado anteriormente o TF com o
volume e a intensidade supracitada. Na figura 1 é relatado o
comportamento do número de repetições máximas realizadas
pelos indivíduos do GA, e na figura 2 observa-se o resultado
do GE.
Figura 1 - Média e desvio-padrão do grupo GA. Pré–teste de
10RM sem flexibilidade; Pós-teste 10RM com flexibilidade. # =
p < 0,002.
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Figura 2 - Média e desvio-padrão do grupo GE. Pré e pós-teste
10RM.
Discussão
O objetivo deste estudo foi observar as respostas agudas
de dois protocolos de aquecimento previamente ao teste de
10RM, sendo que um grupo utilizou o aquecimento específico, e o outro o aquecimento através de exercícios de alongamento. E como observado nos resultados, o efeito do TF
se mostrou negativo em relação ao teste de força, pois, houve
um decréscimo no número de repetições máximas.
Nossos resultados se assemelham ao estudo de Tricoli e
Paulo [1], em que foi observada uma diminuição no resultado
do teste de uma repetição máxima (1RM) para o exercício de
extensão e flexão de joelho após realização de exercícios de
alongamento estático. O tempo total de alongamento foi de
aproximadamente 20 minutos com a execução de seis movimentos para membros inferiores. Os resultados mostraram
um decréscimo médio de 13,8% na determinação da carga
obtida no grupo com alongamento em relação ao grupo
sem alongamento. Seguindo esta linha, Fowles et al. [10]
identificaram redução na capacidade de desenvolver força
voluntária máxima dos flexores plantares, após 33 minutos
de alongamentos, e ainda concluiu que este efeito perdura
por aproximadamente 1 hora.
Behm et al. [11] verificaram que regimes prolongados de
alongamentos passivos estáticos podem inibir a contração
voluntária máxima na ativação do músculo extensor do joelho.
O tempo total de alongamento neste estudo era de aproximadamente 20 minutos de duração. No estudo de Kokkonen et
al. [12] que utilizaram também TF com duração total de 20
minutos. Foi verificada nos resultados a diminuição da capacidade máxima de força no teste de 1RM em até 7,3% para os
músculos flexores do joelho. Este declínio foi mais acentuado
quando se verificou a resposta do músculo extensor do joelho
(-8,1%). Em relação à velocidade de execução e tempo de TF,
Nelson et al. [13] utilizaram exercícios de extensão dos joelhos
em cinco velocidades diferentes no aparelho isocinético e o
tempo total do TF foi aproximadamente 15 minutos prévio
ao teste. Concluíram que existe uma redução de 7,2% na
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capacidade de desenvolver força em velocidades reduzidas.
Em relação aos estudos supracitados, todos se diferenciaram
do nosso estudo em relação ao tempo total de TF, que foi
de aproximadamente 5 minutos, demonstrando, assim, que
mesmo com pequenos volumes de TF podem interferir negativamente na capacidade de se desenvolver força máxima.
Entretanto, contrapondo os estudos supracitados, Simão
et al. [14] verificaram que pequenos regimes de alongamentos
visando o aquecimento podem não acarretar diminuições
significativas na capacidade de produzir força máxima. Os
exercícios utilizados no experimento foram de extensão e
flexão dos joelhos na máquina e protocolo do TF foi cerca
de 10 segundos para cada movimento em seis exercícios
diferentes (adaptados do flexiteste). Contudo, este estudo
ressalta que o alongamento comparado com o aquecimento
específico não apresenta significativa capacidade de redução
no deslocamento de carga.
Outro estudo que não verificou o comprometimento de
forma significativa na capacidade máxima gerar força através
do método Facilitação Neuro-Proprioceptiva (FNP) para o
teste de 1RM foi o de Simão et al. [15] que comparou dois
tipos de protocolos para aquecimento, o específico e o FNP.
Nesse estudo concluiu-se que não existem diferenças estatisticamente significativas no desempenho do teste de 1RM no
exercício supino reto, com diferentes tipos de aquecimento
aplicados. A partir disto, analisou-se que tanto no aquecimento específico como no alongamento através do método FNP,
a carga máxima manteve-se a mesma em ambos os testes. Se
não ocorre redução de desempenho no teste de 1RM, sugerese que o teste seja realizado conforme o objetivo, métodos
e adaptação do sujeito. Os nossos achados contrapõem o
estudo supracitado, talvez devido a utilizarmos o teste de
10RM e também pelo volume total do aquecimento através
do alongamento ser maior.
Achour [4] comenta que não se poderia demonstrar o
potencial de força se o músculo não conseguir uma amplitude de movimento adequado, mas cita, também, que
o alongamento estático antes dos exercícios de velocidade
poderia interferir de maneira negativa, pois, as mensagens
motoras poderiam ser transmitidas lentamente, por causa de
deformações dos componentes plásticos musculares. Muito
tempo de alongamento possibilita o relaxamento das fibras
musculares e ocasiona redução no tônus muscular e ativação
do sistema parassimpático [16].
Outros estudos também especulam os mecanismos fisiológicos que possivelmente causam este efeito, um destes
apresenta que o decréscimo na ativação das unidades motoras
pode ser o responsável pela queda na capacidade da força
máxima após exercícios de alongamento [10]. Outros estudos mostraram que o método estático de TF com tempo de
duração entre 15 a 30 segundos por grupamento muscular
está relacionado com a redução da ação do recrutamento das
unidades motoras [17-19]. Essa perspectiva também é indicada por Behm et al. [11] que verificou a redução na ativação
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11
do músculo em até 2,8% com verificação por eletromiografia.
Entretanto, parece não existir um consenso na literatura sobre
o tempo ideal de alongamento para que não ocorra a redução
da força muscular [20].
No estudo de Wilson et al. [21] é relatado que um sistema
músculo-tendão mais maleável passaria por um rápido período
de diminuição de comprimento, com ausência de sobrecarga,
até que os componentes elásticos do sistema fossem ajustados
o suficiente para a transmissão da força, colocando o componente contrátil numa posição menos favorável em termos de
produção de força nas curvas de força-comprimento e forçavelocidade. Entretanto, Kokkonen et al. [12] observaram que
o Órgão Tendinoso de Golgi gera uma inibição autogênica
ou reflexa nos músculos alongados e seus sinergistas. Assim, é
acionado, o receptor de dor nos músculos e tendão articular.
Um outro fator que gera a diminuição do tempo de contração
é a inibição do potencial de ação.
A análise do estudo feito, através da resposta aguda, correlacionou diminuição no número de repetições, que mostrou
ser significativa. Se observarmos, através do efeito crônico, o
problema poderia ser mais relevante, ou seja, concordando
que um programa de treinamento pode estar dividido em
até quatro exercícios, com três a quatro séries. Para um determinado grupo muscular, poder-se-ia prever um déficit de
repetições, e, se analisarmos que esse grupo muscular será
trabalhado, pelo menos, duas vezes por semana, somando-se
oito vezes por mês, observaremos, assim, um déficit maior
ainda de repetições, o que poderia fazer uma grande diferença e significância no objetivo a ser alcançado no final do
programa de treinamento.
É claro que somente estamos hipotetizando os resultados,
o que não seria totalmente correto, pois, o nosso estudo foi
feito com apenas um grupo muscular, e que, talvez, essa
diferença encontrada no estudo, não viria a prejudicar todo
o programa de treinamento. Abriria-se, assim, a necessidade
de um estudo com os demais grupos musculares na intenção
de novas respostas para a busca de uma melhor prescrição de
um programa de treinamento e otimização dos resultados a
serem alcançados.
Conclusão
De acordo com os resultados obtidos no estudo, podemos
concluir que exercícios de alongamento estáticos, executados
antes do teste de 10RM, na máquina de supino reto, provocam queda no número de repetições máximas. Por ocasionar
essa diminuição, sugere-se que os exercícios de alongamento
estático sejam dispensados, quando posteriormente a atividade
envolvida venha requerer grande produção de força, como por
exemplo, em um teste de força máximo. Deve-se, também,
observar qual o objetivo que se está buscando ao realizar o
alongamento. Contudo, é observada a perda de força ou
aumento da possibilidade de lesões durante o levantamento
de peso máximo, quando precedido de exercícios de alonga-
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mento para desenvolver a flexibilidade [16]. Sugere-se que
mais estudos devem ser encaminhados para satisfazer as varias
possibilidades metodológicas tanto para o treinamento de força como para o treino da flexibilidade e, ainda, em diferentes
áreas musculares, tentando, assim, responder as lacunas que
ainda permanecem na literatura científica.
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Artigo original
Análise da creatina quinase versus escalas de
percepção subjetiva de dor para monitoramento do
tempo de recuperação em idosos fisicamente ativos
Creatine kinase analysis versus rating of perceived exertion scale to
determine time of recuperation in physically active elderly
Cláudio Lauria Christovam*, Márcia Baptista Veiga*, Francisco Navarro**
*Curso de pós-graduação de musculação e condicionamento físico, Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas
– FMU, **Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU
Resumo
Abstract
O objetivo deste estudo foi analisar os níveis de creatina quinase versus escala de percepção de dor, para determinar o tempo
de recuperação de um programa proposto para idosos. A amostra
foi composta por 7 mulheres, faixa etária de 58,57 ± 11,72 (anos).
Os exercícios foram constituídos por 4 séries de 12-6 reps. 60 a
90% (1RM) para os exercícios: press reto, press ombro, leg press
45º, cadeira extensora. As amostras sangüíneas foram coletadas,
antes, após 24, 48, 72, e 96 h. Os resultados demonstram que o
pico de dor relatado na escala não é coerente como o pico de dor
apresentado pela creatina quinase. Comparando o período de 24
versus 48 horas, houve uma resposta similar entre a concentração
de creatine quinase (724,4 ± 281,8 / 703,0 ± 113,6, queda de 3%)
e a percepção da dor (4,57 / 4,14, queda de 9%). Entretanto, no
pós-exercício versus 24 horas, observamos um aumento da concentração de creatine quinase (218,3 ± 39,0 / 724,4 ± 281,8, alta de
232%) e uma diminuição da percepção da dor (6,14 / 4,57 queda
de 26%). Nas 48 versus 72 horas, o grupo continuou exibindo
queda da creatine quinase (703,0 ± 113,6 / 550,9 ± 229,8 queda
de 22%) e da percepção da dor (4,14 / 1,5 queda de 64%). Contudo, no pós-exercício versus 48 horas a recuperação é semelhante
entre os 2 parâmetros. Sendo assim, após 72 horas, observa-se um
aumento, porém não significativo, da creatine quinase em relação
à percepção da dor. A recuperação foi total em 96 horas, tanto na
análise da creatina quinase como na escala de dor. Assim, podemos
assumir que a escala de dor pode ser efetiva para monitorar o tempo
de recuperação em idosos ativos.
The aim of this study was to analyze the rates of creatine kinase
versus perceived exertion scale to determine the time of recuperation
of a program proposed to elderly people. Sample was composed by 7
women, age group 58.57 ± 11.72 (years). The exercises were divided
in 4 sets of 12-6 reps. 60 to 90% 1RM for the exercises: bench press,
shoulder press, leg press 45°, and knee extension. Blood samples
were collected, before, after, 24, 48, 72, and 96 hours. The results
showed that the peak pain reported in the scales is not coherent as
the peak of pain showed by the creatine kinase. When the period of
24 versus 48 hours were compared, it was noticed a similar response
between the concentration of creatine kinase (724.4 ± 281.8 to
703.0 ± 113.6, a decrease of 3%) and pain perception (4,57 to 4,14,
a decrease of 9%). However, in the post-exercise period versus 24
hours period, was observed an increasing of creatine kinase (218.3
± 39.0 / 724.4 ± 281.8, an increase of 232%) and a decreasing of
pain perception (6.14 / 4.57 a decrease of 26%). In the 48 versus 72
hours, the group still showed a decrease of dreatine kinase (703.0 ±
113.6/ 550,9 ± 229,8, decrease of 22%) and pain perception (4.14
/ 1.5, a decrease of 64%). However, in the post-exercise period
versus 48 hours, the graphics exhibited a similar recuperation with
the period previously mentioned. 72 hours after we can see an increase, but not so significant, of creatine kinase compared to pain
perception. The recuperation was complete in 96 hours, both in
the creatine kinase analysis and pain scale. According to it, we can
assume that the pain scale can be effective to follow up the recovery
time in elderly people.
Palavras-chave: envelhecimento, creatina quinase, exercícios com
pesos.
Key-words: elderly, creatine kinase, weight exercises.
Recebido 18 de outubro de 2007; aceito em 20 de dezembro de 2007.
Endereço para correspondência: Cláudio Lauria Christovam, Rua Rui de Moraes Apocalipse, 326/124 Bl 11, 02842-260 São Paulo
SP, Tel: (11) 3921-7956, E-mail: [email protected]
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Introdução
É consenso na literatura que a prática da atividade física
em idosos parece contribuir para prevenir ou minimizar as
alterações provocadas pelo envelhecimento possibilitando ao
idoso manter uma melhor qualidade de vida. Segundo dados
do Censo 2000 [1], o crescimento absoluto e relativo da população idosa é um fenômeno mundial. Dados do instituto
indicam que, em 1950, o número de idosos no mundo era
de 204 milhões, quase cinco décadas depois, em 1998, este
número alcançava 579 milhões de pessoas. Estima-se que em
2050 este número possa chegar a 1.900 milhões de pessoas.
Seguindo as projeções, o número de idosos com 100 anos ou
mais aumentará 15 vezes, de aproximadamente 145 000 pessoas em 1999 para 2,2 milhões em 2050. No Brasil, a população idosa de 60 anos ou mais era de 14.536.029 de pessoas,
contra 10.722.705 em 1991 [1]. Neste período, o número de
idosos aumentou para quase 4 milhões de pessoas.
Gráfico 1 - População residente de 60 anos ou mais de idade, por
grupos de idade - Brasil - 1991/2000.
Fontes: Censo demográfico 1991: resultado do universo: micro dados.
Rio de Janeiro: IBGE, 2002.21
CD-ROM; IBGE, Censo Demográfico 2000.
Entretanto, com relação ao sexo, este aumento é bastante
diferenciado entre homens e mulheres idosas, sendo bem
maior o número de mulheres. De acordo com o censo, as
mulheres idosas, em 1991, correspondiam a 54% da população, passando para 55,1% em 2000. Tal diferença é explicada
pelos diferenciais de expectativa de vida entre os sexos, haja
vista que, em média, as mulheres vivem oito anos mais que
os homens.
Contudo, este aumento na expectativa de vida pode ter
pouca significância, a menos que esteja associado a uma expectativa de vida ativa e funcional [2,3]. Porém, observa-se
também que o processo de envelhecimento é acompanhado
de uma série de alterações fisiológicas e funcionais como:
• Alterações antropométricas - diminuição da estatura [4,5],
com o transcorrer dos anos, alterações na composição corporal [6]. Segundo Okuma [7], estas alterações provocam
um incremento do peso corporal, que está associado a um
aumento de doenças crônico-degenerativas como: hipertensão, obesidade, doenças coronarianas, dislipidemias,
diabetes mellitus tipo 2.
• Alterações cardiovasculares - redução na relação entre
capilares e fibras musculares, diminuição na elasticidade e
distensibilidade das artérias e principais vasos sangüíneos,
conseqüentemente há um aumento da pressão sangüínea
durante o esforço e no repouso, diminuição da potência
aeróbica (VO2max) que, em média, declina 1% ao ano (10%
por década) [5,8-10].
• Alterações articulares - diminuição do tecido colágeno,
componente primário que forma os ligamentos e tendões,
tornando-o rígido e reduzindo a capacidade de elasticidade
[7,11-13].
• Alterações ósseas - diminuição da densidade mineral óssea
em ambos os sexos, menor pico de massa óssea em mulheres, ocasionando assim o surgimento da osteoporose
[14-16].
• Alterações musculares - com perda progressiva de unidades
motoras tipo II, redução na velocidade de condução nervosa [17] e diminuição da massa corporal magra (sarcopenia)
[6], devido à redução no número e tamanho das fibras
musculares [18-20], diminuição da produção de força e
velocidade contrátil [21,22], e capacidade de geração de potência com a idade [23] e, o mais importante, diminuição
na quantidade de exercícios físicos [3, 12,13,16, 24-29].
Porém, tenta-se cada vez mais procurar soluções para tentar
minimizar e até evitar estas alterações ocasionadas pelo processo
de envelhecimento. Desta forma, alguns autores [2,3,6,12,
13,19] ressaltam que a atividade física regular mantém os níveis
de aptidão física desta população, diminuindo a taxa de mortalidade e morbidade. De acordo com Nóbrega [9], a capacidade
de adaptação ao exercício no idoso, ou seja, a treinabilidade não
difere da capacidade de um indivíduo jovem-adulto. Contudo,
verifica-se, nos últimos anos, um crescente aumento de evidências científicas mostrando que a atividade física sistematizada,
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
mais precisamente exercícios contra-resistidos, pode produzir
inúmeros benefícios mesmo em idosos.
O profissional da área de Educação Física deve ter conhecimento das características da população que irá trabalhar,
para prescrever de forma adequada o programa de exercício
físico para esta população, respeitando um dos princípios
do treinamento, que é a individualidade biológica dos seus
alunos. Para Weineck e Monteiro [30,31], a prescrição e
o controle do programa de exercício baseiam-se na relação
entre a intensidade do esforço aplicado, duração e período
de recuperação.
Dentre os indicadores fisiológicos mais utilizados por
profissionais de Educação Física, para o monitoramento e
controle da intensidade do esforço, estão a freqüência cardíaca
e a percepção subjetiva de esforço, sendo o último o mais
aplicado em exercícios contra-resistidos [35-39], respeitando,
assim, o período de recuperação adequado para que ocorra
a adaptação biopositiva (super-compensação) e aumento da
capacidade física geral.
Alguns estudos recentes [32,33] têm utilizado marcadores
bioquímicos para detectar danos na estrutura muscular como,
por exemplo, aumento no número circulante de leucócitos
e citosinas, níveis elevados de fator-α de necrose tumoral
(TNF-α), interleucina–6 (IL-6), IL-6 mRNA, contagem
plasmática de granulócitos, aumento na concentração sangüínea de creatina quinase (CK), proteína C reativa (PCR),
ou aumento na concentração de prostaglandina (PGE2).
Dentre as citadas, a creatina kinase (CK) é considerada um
dos melhores indicadores de lesão da célula muscular, uma
vez que esta substância é encontrada no tecido muscular
esquelético e cardíaco [10].
Devemos considerando as necessidades e dificuldades decorrentes destes métodos, que nem sempre podemos realizar,
para monitoramento e controle do programa de exercício,
devido ao seu alto custo, dificuldade na coleta de dados,
sendo inacessível para a grande maioria destes profissionais.
Observa-se, nos últimos anos, o surgimento de alguns trabalhos na literatura [34-39], sugerindo o uso da Escala de
Percepção Subjetiva de Dor e Esforço para monitoramento
da intensidade do esforço na musculação, criada por Borg &
Dahlstron no final da década de 50. Considerando a Percepção
Subjetiva de Dor e Esforço um indicador para a obtenção
do grau de esforço físico, ela se torna um método confiável,
eficiente e importante para predizer o grau de esforço que o
indivíduo está realizando em determinada atividade física,
sendo um indicador útil, na prescrição e monitoramento da
atividade física com baixo custo, fácil aplicabilidade, pouco
conhecimento específico e facilidade na rapidez da coleta de
dados. No entanto, o presente estudo assumirá a hipótese
de analisar o comportamento de um método bioquímico
direto [creatina quinase (CK)], versus um método indireto
[escala de percepção subjetiva de dor e esforço] como forma
de predizer o tempo de recuperação adequado em idosos
fisicamente ativos.
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15
Objetivo
Este estudo tem como objetivo verificar a validade de um
método bioquímico direto utilizado para detectar danos na
estrutura muscular (CK), versus um método indireto (Escala
de Percepção Subjetiva de Dor e Esforço), para a determinação do tempo de recuperação do programa de treinamento
proposto para idosos fisicamente ativos.
Justificativa
Este trabalho foi motivado pela observação de que a
prática da atividade física no idoso parece contribuir para a
prevenção e aumento da expectativa de vida, e que grande
porcentagem de pessoas idosas possui alguma dificuldade
em realizar atividades do cotidiano, decorrente das alterações fisiológicas ocorridas com o passar dos anos, levando
à incapacidade em realizar as atividades mais específicas da
vida diária. Nesta população, o treinamento contra-resistido,
mais especificamente o treinamento de força, tem um papel
fundamental para a melhora da capacidade física geral, sendo
uma das principais variáveis da aptidão física relacionada
com a saúde, segundo o Colégio Americano de Medicina
do Esporte (ACSM). Espera-se com o presente estudo
contribuir com a área de Educação Física, por considerar
de fundamental importância que o professor tenha parâmetros válidos, confiáveis, eficientes e de fácil aplicabilidade
na prescrição e controle da intensidade do esforço, para o
monitoramento e predição do grau de esforço físico que
este idoso está realizando em determinada atividade física,
respeitando, assim, o período adequado de recuperação e
evitando a adaptação bionegativa. Este período destinado à
recuperação é muito prolongado, não havendo melhora da
aptidão física ou o período de recuperação é insuficiente,
ocorrendo o supertreinamento. É tema, portanto, de importante aplicação para futuros profissionais interessados
em realizar trabalhos voltados para esta população.
Material e método
Os critérios utilizados para selecionar a amostra foram: ser
saudável, ou seja, não apresentar nenhum tipo de limitação
neuromotora ou doença crônico-degenerativa como, por
exemplo, doença cardíaca, diabetes mellitus insulino-dependente, hipertensão arterial, osteoporose entre outras condições crônicas. Todas as voluntárias assinaram um termo de
Consentimento Livre e Esclarecido para utilização dos dados
levantados durante o estudo. As normas a serem seguidas pela
pesquisa foram aprovadas pelo Comitê de Ética institucional.
Todas foram informadas dos objetivos deste estudo assim
como os benefícios e possíveis riscos da pesquisa à saúde e que
poderiam desistir a qualquer momento do experimento.
A amostra foi constituída por 07 mulheres idosas saudáveis e fisicamente ativas, com faixa etária de 47 a 73 anos,
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matriculadas no Instituto Márcia Veiga, residentes no bairro
de Santana, estado de São Paulo.
Os equipamentos utilizados para a obtenção de dados
foram: balança marca Welmy, modelo 110 nº 62085, ano
de fabricação 2003, peso mínimo 2 kg, peso máximo 150
kg (com precisão de 100 gr). Fita métrica modelo Sanny,
campo de uso 2 m, resolução em milímetros, tolerância ±
0,10 mm em 1 m. Estadiômetro modelo Sanny, campo de
uso de 0,80 até 2,20 m, resolução em milímetros, tolerância:
± 2 mm em 2,20 m afixado à parede. Adipômetro científico
marca Cescorf precisão de 0,1 mm, dimensões 286 mm x
165 mm, peso 290 gr, para a determinação da espessura do
tecido subcutâneo das seguintes dobras: peitoral, bíceps,
tríceps, axilar média, supra- ilíaca, abdômen, subescapular,
coxa, panturrilha.
As características do grupo eram: idade 58,57 ± 11,72
anos; altura 154,91 ± 3,68 cm; peso 59,64 ± 5,85 kg; índice
de massa corporal 25,03 ± 3,10 (IMC kg/m2); (%) de gordura
31,05% ± 0,032.
As medidas de 1RM foram conduzidas usando o equipamento de máquinas de alavancas convergentes da Gervasports
fitness equipment. Máquina de alavanca press reto 1RM 32 ±
3,83 kg; máquina de alavanca press ombro 1RM 24 ± 3,44
kg; cadeira extensora disco convergentes 1RM 40 ± 6,45
kg; leg press 45º disco convergentes 1RM 121 ± 28,93 kg.
Sendo as mesmas máquinas usadas para a intervenção do
treinamento.
A amostra foi composta de indivíduos ativos, sendo
adotado como critério de treinamento os indivíduos que
estivessem praticando treinamento resistido por pelo menos
duas (2) vezes por semana por um período de seis (6) meses
sem interrupção.
O grupo foi instruído a não participar de nenhum outro
tipo de exercício físico intenso prévio à coleta por 24 horas,
e nas próximas 96 horas após o teste. Segundo Picarelli et
al. [40], cada integrante recebeu uma lista com as seguintes
recomendações: não ingerir cafeína, nicotina, álcool, anfotericina B, ampicilina, anticoagulantes, aspirina, colchicina,
captopril, ácido aminocapróico, clofibrato, codeína, dexametasona, digoxina, furosemida, glutetimida, guanetidina,
halotano, heroína, imipramina, carbonato de lítio, lovastatina,
lidocaína, meperidina, morfina, propranolol, fenobarbital e
succinilcolina por no mínimo 24 horas antes do teste, e injeções intramusculares até uma hora antes da coleta podendo
elevar os níveis de CPK.
Não alterarem seus hábitos cotidianos, durante a realização do estudo. Todos os integrantes do grupo realizaram o
protocolo de treinamento no mesmo período do dia, ou seja,
das 8:00 às 9:00 horas da manhã e as amostras sangüíneas
foram coletadas em cinco (5) dias, ou seja, uma antes e uma
após o esforço, e 24 horas, 48 horas 72 horas e 96 horas
depois, o horário da coleta foi definido entre 9:00 e 10:00
horas da manhã.
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Protocolo de treinamento
O protocolo de exercícios foi constituído de um programa agudo de exercícios com pesos livres, com duração de 60
minutos, no qual o grupo realizou exercícios de contrações
isotônicas (excêntricas/concêntricas) constituídos da técnica
de regressão de repetições, ou seja, quatro (4) séries de 12, 10,
8 e 6 repetições com uma sobrecarga equivalente a 60, 70,
80 e 90% 1RM para os exercícios: press reto, press ombro,
leg press 45º, cadeira extensora com repouso passivo de 120
segundos interséries.
Antes da sessão o grupo realizou, como forma de aquecimento, exercícios de alongamento para os grupos musculares
específicos e, imediatamente após, 1 série de 10 repetições
com intensidade de 40% 1RM. Foi recomendado ao grupo
que realizasse a inspiração antes de realizar o movimento; a
expiração durante a fase positiva do movimento e novamente
a inspiração ao retornar o peso à posição inicial, evitando com
isto a manobra de Valsalva.
O teste de 1RM foi empregado como medida não invasiva
de força muscular, sendo constituído de exercícios de alongamento específicos para os grupos musculares envolvidos. Após
alongamento, foi realizada uma série de 10 repetições a 40%
de 1RM para os respectivos grupos musculares como forma
de aquecimento. Em seguida ao teste iniciado, foi aumentada
gradativamente a sobrecarga, nunca superior a 10%, até que
os indivíduos conseguissem alcançar uma repetição com o
máximo de peso possível. Também foi respeitado um período
mínimo de recuperação de 3 a 5 minutos entre as tentativas,
mas o número de tentativas para alcançar 1RM não poderia
ultrapassar 3 a 5 tentativas.
Resultados
O Gráfico 1-A lista, separadamente, os resultados do
desvio padrão, obtidos através da concentração plasmática
de creatina quinase e os Gráficos 1-B e 1-E listam os dados
das escalas de percepção subjetiva de dor e esforço, do grupo
experimental, através do percentual de diminuição entre os
períodos. As correlações (r) neste período variaram entre
0,56 a 0,96.
Em especial, ao analisarmos o gráfico da concentração
plasmática de creatina quinase com os gráficos das escalas
de percepção subjetiva de dor e esforço percebemos que
o maior pico de dor relatado pelo grupo experimental no
Gráfico 1-A foi 24 horas após o exercício. Diferente do pico
de dor, relatado pelo grupo apresentado nos Gráficos 1-B e
1-E que foi logo após o exercício. Contudo, isto é explicado
pelas alterações decorrentes do processo de envelhecimento
[8,25,41]; fadiga muscular localizada [42] e o mecanismo de
retro-alimentação positiva feedback-feedforward [43].
No entanto, ao analisarmos somente o período de 24 versus 48 horas notamos que os Gráficos 1-A e 1-B apresentaram
resultados significativamente similares de recuperação: Gráfico
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
1-A (724,4 ± 281,8 / 703,0 ± 113,6, queda de 3%), Gráfico
1-B (média da PSD 4,57 / 4,14, queda de 9%). Notamos que
o Gráfico 1-E foi o único a relatar um percentual diferente
de recuperação (média da PSE 5,14 / 5,86, alta de 14%) em
relação aos demais gráficos no mesmo período de tempo.
Por outro lado, analisando o período de 48 versus 72
horas, o grupo experimental apresentou uma recuperação
mais acentuada. Sendo esta, exposta pelo Gráfico 1-A (703,0
± 113,6 / 550,9 ± 229,8, queda de 22%); Gráfico 1-B (média
da PSD 4,14 / 1,5, queda de 64%); e Gráfico 1-E, (média da
PSE 5,86 / 2,00, queda de 66%). Já ao analisarmos o período
de 72 horas, observamos um ligeiro aumento, porém não
significativo da concentração plasmática de creatina quinase
de (550,9 ± 229,8 / 580,2 ± 275,1, alta de 5%). Para Toft
[44] este aumento pode estar relacionado com mecanismos
de reparo prejudicados para o dano muscular induzido pelo
exercício, já que o processo de envelhecimento apresenta
também níveis aumentados de marcadores bioquímicos de
lesão muscular em repouso.
Gráfico 1-A - Concentração plasmática de creatina quinase (CK)
apresentada pelo grupo vs. diminuição entre períodos. Barra azul
atividade plasmática da creatina quinase. Barra vermelha percentual
de diminuição entre os períodos.
Gráfico 1-B - Média da PSD relatada pelo grupo vs. diminuição
entre período. Conforme a escala de percepção de dor (categoryratio-CR10) de Borg [34]. Barra vermelha atividade da escala
de percepção de dor. Barra azul percentual de diminuição entre
os períodos.
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17
Gráfico 1-E - Média da PSE apresentada pelo grupo vs. diminuição
entre período. Conforme a escala de percepção de esforço (OMNI
- Resistance Exercise Scale) Robertson et al. [36]. Barra amarela
atividade da escala de percepção de esforço. Barra azul percentual
de diminuição entre os períodos.
Desta forma, ao observarmos as correlações (r) neste período, elas variaram entre 0,75 a 0,96. Como já era esperado
que neste período o valor de (r) tivesse uma correlação maior,
comparado com o período anterior.
Contudo, ao examinarmos o percentual de diminuição
tempo dependente no gráfico 2-A versus os gráficos 2-B
e 2-E, verificamos que o gráfico 2-A relata um aumento
no pós-exercício versus 24 horas de (218,3 ± 39,0/724,4
± 281,8, alta de 232%), sendo divergente dos dados apresentados nos demais gráficos que mostram uma tendência
à recuperação do grupo experimental. Gráfico 2-B (média
da PSD 6,14/4,57, queda de 26%), gráfico 2-E, (média da
PSE 7,00/5,14, queda de 27%). Nota-se um dado relevante
entre os gráficos 2-B e 2-E que apresentam um percentual
de queda similar.
No entanto, ao examinarmos os valores do pós-exercício versus 48 horas, os gráficos apresentaram diferentes percentuais de queda, onde o grupo experimental
apresentou no gráfico 2-A (218,3 ± 39,0/703,0 ± 113,6,
queda de 222%), gráfico 2-B (média da PSD 6,14/4,14,
queda de 33%), gráfico 2-E (média da PSE 7,00/5,86,
queda de 16%).
Entretanto, após as 48 horas, alguns gráficos relatam
um comportamento semelhante de recuperação, onde o
gráfico 2-A apresenta (218,3 ± 39,0/550,9 ± 229,8, queda
de 152%), gráfico 2-B (média da PSD 6,14/1,5, queda de
76%), gráfico 2-E, (média da PSE 7,00/2,00, queda de
71%). Mostrando com isto uma total recuperação do grupo
experimental através das escalas testadas, de 100% após 96
horas. Das análises feitas direta e indiretamente, observamos
que houve uma tendência à recuperação do grupo em todas
as escalas testadas.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Gráfico 2-A - Concentração plasmática de creatina quinase (CK)
apresentada pelo grupo vs. diminuição tempo dependente. Barra
azul atividade plasmática da creatina quinase. Barra vermelha
percentual de diminuição tempo dependente.
Gráfico 2-B - Média da PSD relatada pelo grupo vs. diminuição
tempo dependente, conforme a escala de percepção de dor (categoryratio-CR10) de Borg [34]. Barra vermelha atividade da escala
de percepção de dor. Barra azul percentual de diminuição tempo
dependente.
Gráfico 2-E - Média da PSE apresentada pelo grupo vs. diminuição
tempo dependente, conforme a escala de percepção de esforço (OMNI
- Resistance Exercise Scale) Robertson et al. [36]. Barra amarela
atividade da escala de percepção de esforço. Barra azul percentual
de diminuição tempo dependente.
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Discussão
Os resultados deste estudo demonstram que o maior pico
de dor relatado pelo grupo experimental, através da análise
da escala de percepção de dor, não é coerente como o pico de
dor relatado pela escala da creatina quinase (CK). Entretanto,
é importante notar que houve uma recuperação do grupo
experimental tanto na escala de dor e esforço testada como
na análise da creatina quinase (CK).
Baseado nas informações citadas acima, observa-se que o
processo de envelhecimento é acompanhado por uma série de
declínios ao longo dos anos, e que estes declínios ocorrem em
todos os indivíduos, porém nem todas as variáveis declinam
em um mesmo ritmo.
Conforme relatado por Heath, Nóbrega e McArdle
[8,9,41], à medida que envelhecemos há um menor fluxo
sangüíneo aos músculos ativos e uma redução na relação
entre capilares e fibras musculares, o qual limita o transporte de oxigênio e nutrientes aos músculos em atividade,
causando um aumento da resistência vascular periférica.
Sherphar [25] acrescenta que a diminuição no transporte
de oxigênio pode não preencher a demanda muscular
durante um trabalho muscular: “Se a oferta de oxigênio é
insuficiente para preencher a demanda metabólica, o trabalho deverá ser realizado anaerobicamente e o indivíduo
entrará em fadiga”.
Podemos verificar em estudo realizado por Frontera et al.
[20] uma diferença entre as fibras, onde as fibras do tipo II
sofrem alterações na área de secção transversa e as fibras do
tipo I sofrem uma redução na capilarização, comprometendo,
assim, a resistência do músculo. Sabe-se que as fibras do tipo
I têm uma elevada relação capilar/fibra muscular quando
comparadas com as fibras do tipo II.
Com isto, podemos supor que mesmo o grupo experimental sendo recreacionalmente treinado, associado às alterações decorrente do processo de envelhecimento, possa ter
confundido o pico de dor relatado, logo após o treinamento,
com a fadiga muscular localizada ou dor muscular aguda
do treinamento, que pode ter sido causada por: depleção
das reservas de ATP-CP, depleção das reservas de glicogênio
muscular pelo acúmulo de ácido lático, influência dos íons de
cálcio ou hipóxia tecidual (falta de oxigenação da musculatura)
e não a dor muscular crônica do treinamento, ou seja, a dor
muscular tardia.
A hipótese da fadiga muscular localizada é confirmada
por Pincivero et al. [42] que ressalta que a influência da
fadiga muscular pode fornecer um escore maior do esforço
percebido em dado nível de força com contrações musculares
mais prolongadas. Natal et al. [45] confirmam este dado, pois,
segundo os autores, a fadiga pode alterar o bom funcionamento muscular.
Uma outra hipótese a ser considerada seria o mecanismo
de retro-alimentação positiva feedback-feedforward proposto
por Cafarelli [43]. Segundo o autor, uma cópia do comando
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
gerado no córtex motor é transmitido simultaneamente
do córtex somatosensório fornecendo uma origem central
do esforço percebido. Entretanto, a influência da fadiga
muscular pode ter fornecido uma falha no nervo motor na
junção neuromuscular, onde este pode apresentar um escore
significativamente maior de esforço percebido.
Com relação a este dado, sabemos também que o processo
de envelhecimento é acompanhado por alterações no processo
neurogênico. Segundo Lexel et al. [17], após os 60 anos, os
músculos passam por um processo contínuo de desnervação
e reinervação devido a uma redução no funcionamento das
unidades motoras e perda de neurônios motores alfa da medula espinhal.
No entanto, a literatura apresenta poucos estudos com
relação aos mecanismos de reparo muscular e envelhecimento.
Dos estudos analisados na literatura consultada, nota-se que
não foram encontradas diferenças significativas em resposta
ao aumento no número de leucócitos e citosinas circulantes
em idosos e jovens, isto é, constatado através de um estudo
realizado por Toft [44], em 10 indivíduos jovens e 10 indivíduos idosos, fisicamente ativos, com idade média de 24 e 69
anos respectivamente, que foram submetidos a um protocolo
de treinamento excêntrico de 60 min em ciclo ergômetro.
Foram obtidas amostras sangüíneas de IL-6, TNF-α, sTNFR1, IL-1ra, TGF-b1 e creatina quinase (CK), imediatamente
após o exercício e a cada hora seguindo 4 horas e 1, 2 e 5 dias
após o exercício. Das amostras realizadas pelo estudo, somente
analisamos a creatina quinase (CK). O estudo mostrou um
aumento da creatina quinase (CK) para ambos os grupos,
chegando a um pico 5 dias após o exercício, entretanto o
aumento mais pronunciado foi nos jovens.
Por outro lado, Stupka et al. [32] estudaram os efeitos do
exercício excêntrico em 8 homens e 8 mulheres utilizando
exercícios de leg press e extensão de joelho unilateral. As
amostras sangüíneas foram coletadas pré-exercício 24, 48
horas e 6 dias após o treinamento e uma biópsia muscular no
músculo vasto lateral da perna exercício versus controle após
48 horas para avaliar o dano muscular. Os marcadores bioquímicos utilizados neste estudo foram contagem plasmática
de granulócitos pré e 48 horas após o exercício e atividade da
creatina quinase (CK). Os autores constataram que a contagem plasmática de granulócitos aumentou para os homens,
e não mudou para as mulheres em 48 após o exercício. A
atividade da creatina quinase (CK) aumentou para ambos os
grupos em 48 horas e 6 dias, porém as mulheres apresentaram
valores mais baixos comparados com os homens. Não houve
diferenças significativas na área de desordem nos danos miofibrilares focal e extensivo entre os grupos através da biópsia
muscular. Com base nestes dados, os autores destacaram
que esta resposta apresentada pelas mulheres poderia estar
relacionada com as propriedades antioxidantes do hormônio
17b-estradiol.
Baseado nas informações citadas acima, nota-se que o pico
de creatina quinase (CK) apresentado nos estudos de Toft [44]
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19
foi 5 dias após o exercício, e no trabalho de Stupka et al. [32]
foi 6 dias após o exercício. Divergente do pico alcançado no
presente estudo que ocorreu 24 horas após o exercício. Além
disso, Toft [44] cita, em seu estudo, que a idade pode estar
associada com mecanismos de reparo prejudicados para o
dano muscular induzido pelo exercício; que o processo de
envelhecimento apresenta níveis aumentados de marcadores
bioquímicos de lesão muscular aumentados em repouso
como, por exemplo, IL-6, TNF e sTNF-R1, concentração
de neutrófilos mais alta e que as células mononucleares nos
idosos têm uma capacidade prejudicada em produzir citosinas
pró-inflamatórias.
Em contrapartida, observa-se que o exercício intenso
comparado ao exercício moderado induz a um aumento nos
níveis de citocina e interleucina, e não apenas estes marcadores bioquímicos. Segundo Pedersen [46], as concentrações
de TNF-α, Il-6, IL-1 e IL-1ra aumentam em resposta ao
exercício vigoroso. Desta forma, o autor menciona que o
treinamento regular promove uma resistência às infecções do
aparelho respiratório superior. De acordo com a teoria imune
é esperado que o exercício moderado aumente a resistência
às infecções, ao passo que o exercício vigoroso está ligado ao
aumento de infecções de vias aéreas superiores, enfraquecimento do sistema imune e inflamação aumentada.
Conclusão
Concluímos que houve uma tendência à recuperação
do grupo tanto na análise da creatina quinase (CK) como
nas respectivas escalas testadas. Assim, podemos assumir que
as escalas testadas podem ser usadas como uma ferramenta
válida para prescrever o tempo de recuperação em idosos
fisicamente ativos.
Consideramos de vital importância, a participação de idosos em programas regulares de atividade física, principalmente
em exercícios com peso, reduzindo, assim, a progressão de
doenças crônico-degenerativas evitando o sedentarismo.
Entretanto, de acordo com a teoria imune, é esperado que
os exercícios realizados, de forma moderada, aumentem não
só a resistência às infecções do aparelho respiratório superior,
mas tentem minimizar e até evitar estas alterações ocasionadas
pelo processo de envelhecimento.
Referências
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Resultados do universo do Censo Demográfico 2000. Rio de
Janeiro: IBGE; 2000.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Artigo original
Relação entre obesidade e hábitos de vida
em escolares da rede pública e privada da cidade
de Santa Rosa - RS
Relationship between students life habits and obesity in public and
private schools of Santa Rosa - RS
Warley Gomes de Carvalho*, Telmo Tomasi*, Ricardo Silva Dable*, Francisco Luciano Pontes Junior**,
Marcos Doederlein Polito***
*Pós-Graduação em Educação Física - Universidade Gama Filho, ** Pós-Graduação em Educação Física - Universidade Gama
Filho, UNIFMU, ***Pós-Graduação em Educação Física - Universidade Gama Filho, Universidade Estadual de Londrina – Departamento de Educação Física
Resumo
Abstract
O objetivo do presente estudo foi relacionar os hábitos de vida
de escolares com a obesidade. Participaram 314 adolescentes e préadolescentes, com idades entre 10 e 17 anos, sendo 156 do sexo
feminino e 158 do sexo masculino, matriculados no ensino fundamental em escolares de quatro escolas de Santa Rosa (RS) sendo duas
da rede pública e duas da rede privada. A pesquisa utilizou como
instrumentos a medida do índice de massa corporal (IMC) e um
questionário estruturado sobre hábitos de vida. Para a realização dos
cálculos estatísticos, foi utilizado o teste qui-quadrado, para testar
a distribuição de freqüências. Do total de alunos, 231 (73,6%)
foram classificados como tendo IMC normal e 83 (26,4%) como
tendo IMC apresentando sobrepeso. Não foi encontrada diferença
estatisticamente significante entre as escolas em relação a ver TV (p
= 0,37), lazer fora de casa (p = 0,46) e IMC (p = 0,14). Por outro
lado, encontrou-se diferença estatisticamente significante entre as
escolas no tempo destinado ao videogame (p = 0,02) e à prática de
atividades físicas sistematizadas (p = 0,01), sendo maior nas escoladas
da rede privada. Considerada isoladamente, a prática de atividades
físicas pelos alunos das escolas particulares não é um fator suficiente
de controle do sobrepeso ou da obesidade.
The purpose of the present study was to relate students life habits
to obesity. The sample was composed by 314 adolescents and preadolescents, 10 to 17 years old, with 156 females and 158 males,
enrolled on elementary education in four schools in Santa Rosa, RS
– two public and two private schools. Research methods included
the use of Body Mass Index (BMI) and a structured questionnaire
about life habits. Chi-square test was used to check frequencies
distribution. Over the whole sample, 231 students (73.6%) showed
normal values of BMI and 83 (26.4%) showed a BMI classification
of overweight. There were no statistical differences between schools
in regard to TV viewing (p = 0.37), outside home leisure (p = 0.46)
and BMI (p = 0.14). On the other hand, there were significant
differences between schools when comparing time dedicated to
videogame (p = 0.02) and to systematic physical activities (p = 0.01),
with private school showing higher scores. Considered separately,
physical activity practice carried out by private school students is
not a sufficient controle parameter of overweight or obesity.
Key-words: overweight, physical activity, sedentary.
Palavras-chave: sobrepeso, atividade física, sedentarismo.
Recebido em 20 de setembro de 2007; aceito em 30 de outubro de 2007.
Endereço para correspondência: Warley Gomes de Carvalho, Rua das Petúnias, 227, Ouro Verde 98900-000 Santa Rosa RS, E-mail:
[email protected]
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Introdução
Atualmente, o número de crianças e adolescentes obesos
aumentou consideravelmente. Nos Estados Unidos, por
exemplo, ocorreu um aumento significativo do peso corporal das crianças principalmente após os anos 80 [1,2]. Esse
dado é preocupante, pois é sabido que a maioria dos jovens
obesos tende a permanecer assim na fase adulta [3,4]. Estudos
da Haward Growth evidenciaram que 52% dos indivíduos
que apresentavam excesso de peso, quando adolescentes,
permaneceram neste estado 55 anos após o estudo [5,6].
Além disso, evidências apontam que 60% das crianças com
sobrepeso têm ao menos um fator de risco adicional para
doenças cardiovasculares e mais de 20% têm dois ou mais
fatores de risco [7].
No Brasil, comparando os dados do Estudo Nacional
da Defesa Familiar, realizado em 1974-75, com os dados
de Pesquisas sobre Padrões de Vida, realizadas em 199697, somente nas regiões sudeste e nordeste verificou-se um
aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade de 4,1%
para 13,9% em crianças e adolescentes com idades entre 6 e
18 anos [8]. Outros dados referentes às crianças brasileiras,
levantados, em 1989, pelo Instituto Nacional de Alimentação
e Nutrição e pelo Programa Nacional de Saúde e Nutrição,
apontam que cerca de um milhão e meio de crianças são obesas, com mais prevalência nas meninas e nas áreas de maior
desenvolvimento [9].
A obesidade em crianças e adultos não decorre somente
em função da ingestão excessiva de nutrientes, mas também
pelo decréscimo na atividade física [7,9]. Um estudo verificou
um aumento no índice de massa corporal (IMC) em meninas
e meninos que destinavam muito tempo à televisão e ao videogame, além de não possuírem o hábito regular de praticar
atividades físicas [10]. Dessa forma, o lazer sedentário pode
ser relevante para aumentar as chances de obesidade infantil.
No entanto, ainda é preciso mais investimento da pesquisa
nos fatores que podem ser intervenientes na obesidade de
crianças e jovens, principalmente quanto se verifica a relação
com o esforço físico.
Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo verificar os escolares da rede pública e privada da cidade de Santa
Rosa, relacionando os hábitos de vida com a obesidade.
Materiais e métodos
A amostra do estudo constou de 314 adolescentes e préadolescentes com idades entre 10 e 17 anos, de ambos os
sexos, matriculados no ensino fundamental de quatro escolas
da cidade de Santa Rosa (RS), sendo duas da rede pública e
duas da rede privada (Tabela I).
Fisiologia_v6.indb 23
23
Tabela I - Distribuição da amostra.
Masculino
Feminino
Total
Escola
pública
73 (42,7%)
98 (57,3%)
171 (54,5%)
Escola
privada
85 (59,4%)
58 (40,6%)
143 (45,5%)
Total
158 (49,7%)
156 (50,3%)
A escolha das escolas deu-se de forma aleatória. Foram
selecionados, nas escolas, alunos que freqüentavam o ensino
fundamental e tinham idades entre 10 e 17 anos. O pesquisador visitou todas as turmas selecionadas, para explicar os
objetivos e procedimentos da pesquisa. Em seguida, entregou
aos alunos termo de autorização para assinatura do responsável, permitindo sua participação na pesquisa.
Inicialmente, foi entregue um questionário sobre hábitos
de vida, validado pelo Projeto Desporto da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. O questionário foi composto
por questões de múltipla escolha, divididas em 5 categorias:
indicadores sócio-econômicos, indicadores de hábitos de vida,
indicadores da cultura esportiva, indicadores de atividades
culturais e indicadores de prática esportiva sistematizada. Na
presente pesquisa, foram utilizados apenas os dados referentes
aos indicadores de hábitos de vida, de cultura esportiva e
prática esportiva sistematizada.
No dia seguinte, após a entrega dos questionários, foram
realizadas as medidas de peso e altura, através de uma balança
com estadiômetro (Welmy®, Brasil) com precisão de 1 g e 1
cm, respectivamente. Todas as medidas foram feitas com os
adolescentes descalços e com o mínimo de roupa possível. A
aferição da altura deu-se com os mesmos em posição anatômica, com calcanhares unidos, e cabeça erguida. A pesagem
e medição dos adolescentes foram realizadas pelo próprio
pesquisador. Para classificação do IMC, foram criadas três
categorias: peso normal, sobrepeso e obesidade, utilizando
para classificação o IMC por idade [11].
Para análise dos questionários foram criadas as seguintes categorias: lazer doméstico, lazer fora de casa e prática
sistematizada de exercícios (PSE). Dentro da categoria lazer
doméstico, foi criada uma subcategoria, dividindo-a em
assistir TV e jogar videogame. Para quantificar os valores foi
criada uma escala de 1 a 3 na categoria lazer doméstico, onde
1 correspondia a resposta Nunca, 2 a resposta Muito Pouco
e 3 a resposta Muitas Vezes; a categoria lazer fora de casa, foi
divida em Ativo e Pouco Ativo e a categoria PSE foi dividida
em Praticante e Não Praticante.
Para a realização dos cálculos estatísticos, foi utilizado o
teste qui-quadrado, para testar a distribuição de freqüências
em relação ao tipo de escola e presença de obesidade em
relação ao sexo, idade, peso, altura, IMC, prática de atividades físicas de lazer, atividades físicas sistematizadas e tempo
destinado à TV e ao videogame. O valor do IMC entre as
escolas e o sexo foi analisado pela ANOVA de duas entradas.
Os dados foram considerados estatisticamente significantes
para p < 0,05.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Resultados
Tabela IV - Comparação entre os sexos e as variáveis estudadas em
relação às escolas.
Na Tabela II, observam-se os valores e a classificação do
IMC dos alunos das escolas públicas e particulares. Não foram identificadas diferenças entre os valores do IMC quando
comparadas as escolas e os sexos.
Tabela II - Classificação do IMC da amostra das escolas públicas
e particulares.
Escolas
Sexo
Públicas
Feminino
Masculino
Particulares Feminino
Masculino
Total
Sujeitos
98
73
58
85
314
IMC
normal
74
46
50
61
231
IMC sobrepeso
24
27
8
24
83
Variáveis
comparadas
Sexo x ver
TV
Sexo x jogar
vídeo-game
Sexo x lazer
fora de casa
Sexo x PSE
Sexo x IMC
Escolas Públicas
DF Valor*
p
Escolas Particulares
DF Valor*
p
2
0,8371
0,6580 2
1,7100
0,4253
2
17,5888 0,0002 2
31,5023 0,0001
1
6,4990
0,0108 1
0,2089
0,6476
1
1
1,7009
3,1216
0,1922 1
0,0773 1
6,0537
4,1398
0,0139
0,0419
*Valor Teste Qui-quadrado
PSE: prática sistematizada de exercícios; IMC: índice de massa corporal;
DF: desvio de freqüência.
IMC: índice de massa corporal
A Tabela III mostra as respostas dos adolescentes das escolas
públicas e particulares em relação às variáveis. Para isso, foram
comparadas as respostas dos adolescentes de ambas as escolas com
as variáveis: lazer doméstico (ver TV, jogar videogame), lazer fora
de casa, PSE e IMC. Não foi encontrada diferença estatisticamente significante entre as escolas em relação a ver TV, lazer fora de
casa e IMC. Encontrou-se diferença estatisticamente significante
entre as escolas, no que diz respeito à quantidade de vezes em
que os alunos jogam videogame e a PSE, sendo que, em ambas,
há predomínio dos alunos das escolas particulares.
Tabela III - Respostas dos adolescentes das escolas públicas e particulares versus as variáveis estudadas.
Variáveis comparadas
Escolas X ver TV
Escolas x jogar videogame
Escolas x lazer fora de casa
Escolas x PSE
Escolas x IMC
DF
2
2
2
1
1
Valor*
1,9819
7,7158
210,2625
6,6032
2,2209
p
0,3712
0,0211
0,4554
0,0102
0,1362
*Valor teste Qui-quadrado
PSE: prática sistematizada de exercícios; IMC: índice de massa corporal;
DF: desvio de freqüência.
A Tabela IV apresenta as diferenças entre os sexos em relação às variáveis, sendo as respostas analisadas separadamente
por rede de ensino. Analisou-se dentro das escolas, a relação
do sexo com as variáveis já citadas. Nas escolas públicas não
se verificou diferença estatisticamente significante entre as
respostas de ambos os sexos nas variáveis ver TV, PSE e IMC.
As variáveis jogar videogame e lazer fora de casa são muito
mais praticadas pelo sexo masculino. Nas escolas particulares
houve diferença estatisticamente significativa, nas variáveis jogar videogame, PSE com maior freqüência no sexo masculino,
e IMC com valores mais altos também nesse sexo. Não foi
encontrada diferença estatisticamente significante em relação
às demais variáveis nas escolas particulares.
Fisiologia_v6.indb 24
Na Tabela V é possível visualizar as respostas dos indivíduos
de cada sexo separadamente, comparando a rede de ensino a
qual pertencem em relação às variáveis estudadas. Para verificar
diferenças nas respostas de cada sexo entre as escolas, comparouse as respostas do sexo masculino e feminino separadamente, em
relação às variáveis, dentro de cada escola. No sexo feminino,
não se encontrou diferença estatisticamente significante nas
respostas entre as escolas. Já no sexo masculino, houve diferença
significativa estatisticamente em relação às variáveis uso de
videogame e PSE, com predomínio dos meninos das escolas
particulares, e lazer fora de casa, com predomínio dos meninos
das escolas públicas. Não se encontrou diferença significante
nas respostas relacionadas às demais variáveis.
Tabela V - Comparação entre os sexos das escolas públicas e particulares em relação às variáveis estudadas.
Variáveis
comparadas
Escolas X
ver TV
Escolas x
jogar vídeo-game
Escolas x
lazer fora
de casa
Escolas x
PSE
Escolas x
IMC
Sexo feminino
DF Valor*
Sexo masculino
DF Valor*
p
p
2
1,9807
0,3714 1
0,4000
0,5271
2
0,2684
0,8744 2
6,1654
0,0458
2
101,7678 0,4507 2
117,3306 0,0281
1
0,7726
0,3794 1
5,0172
0,0251
1
2,5569
0,1098 1
1,3758
0,2408
*Valor Teste Qui-quadrado
PSE: prática sistematizada de exercícios; IMC: índice de massa corporal;
DF: desvio de freqüência.
Já a Tabela IV mostra o resultado do cruzamento do
IMC com as variáveis ver TV, uso de videogame, lazer fora
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
de casa e PSE. Não foi visualizada diferença estatisticamente
significante em nenhum destes cruzamentos.
Tabela VI - Comparação do IMC em relação às variáveis estudadas.
Variáveis comparadas
IMC X ver TV
IMC x jogar vídeo-game
IMC x lazer fora de casa
IMC x PSE
DF
2
2
1
1
Valor*
2,2634
1,5398
3,4092
1,0085
p
0,3225
0,4631
3,4092
0,3153
*Valor Teste Qui-quadrado
PSE: prática sistematizada de exercícios; IMC: índice de massa corporal;
DF: desvio de freqüência.
Discussão
Os resultados encontrados no presente estudo corroboram
os resultados de outras pesquisas feitas em outras regiões do
país. Os valores referentes ao número de crianças com sobrepeso foram semelhantes ao estudo de Balaban e Silva [12],
em que a prevalência de sobrepeso observada entre alunos da
mesma faixa etária em Recife foi de 26,2%, o que concorda
com o valor encontrado nesse estudo (26,4%).
Quando foram comparadas as respostas dos adolescentes
de ambas as escolas foram encontradas diferenças significativas
no tempo destinado a jogar videogame e a PSE, ambos com
predomínio dos alunos das escolas particulares. Tal fato pode
se dar devido ao maior poder aquisitivo desses alunos, que
possibilita um maior acesso a jogos eletrônicos e a um maior
número de atividades físicas, que podem ser oferecidas pelas
próprias escolas particulares. O fato de muitos estudantes
destinarem grande parte de seu tempo a jogar videogame é
preocupante, pois estudos realizados por Berkey et al. [10]
mostram que o tempo gasto em assistir TV e jogar videogame
contribui para uma diminuição dos gastos calóricos diários.
No entanto, é possível que o fato de estes mesmos estudantes
realizarem uma PSE maior que os seus pares das escolas públicas equilibre o gasto calórico dos mesmos, tanto que não
houve diferença estatisticamente significante entre o IMC.
No presente estudo, observou-se que nas escolas públicas
não foi encontrada diferença significativa entre os sexos no
tempo destinado a ver TV. Porém, ao analisar os dados, observa-se que nas escolas públicas 65,5% dos estudantes assistiam
televisão por um razoável período de tempo. Estudo realizado
por Faith et al. [13] mostrou que o tempo gasto assistindo
televisão está relacionado com a prevalência de obesidade.
Tal estudo mostrou que as crianças que assistem menos de 1
h diária de televisão possuem 10% de chance de se tornarem
obesas, enquanto que o hábito de assistir TV por 3, 4 ou mais
de 5 h diárias está associado a uma prevalência de obesidade
de 25%, 27% e 35% respectivamente. Dietz e Gortmaker
[14] também demonstraram uma relação casual entre TV
e obesidade em adolescentes de 12-17 anos. Segundo esses
autores, a prevalência de obesidade aumenta cerca de 2% a
Fisiologia_v6.indb 25
25
cada hora adicional destinada à TV. Gortmaker et al. [15]
demonstraram correlação entre o tempo gasto assistindo TV
e obesidade, sugerindo que o risco de sobrepeso aumenta 4,6
vezes em adolescentes de 10-15 anos que assistem mais de
5 h/dia, comparados aos que assistem por até 2 h/dia. Ross
[16] também encontrou correlação entre o tempo destinado
a ver televisão e obesidade. Esse autor comenta que crianças
entre 8-16 anos que assistem 4 h ou mais de televisão por dia
tiveram um índice mais elevado de IMC em relação às que
assistiam menos de 2 h/dia.
No presente estudo, nas escolas públicas, foi encontrada
diferença significativa quanto ao tempo destinado a jogar
videogame em relação aos sexos, sendo que os estudantes do
sexo masculino passam maior tempo realizando essa atividade.
Foi verificado que 15,2% jogavam muito videogame, sendo
65,4% do sexo masculino. Esse fato pode se dar devido ao
maior interesse pelos alunos do sexo masculino por jogos eletrônicos. Quanto ao lazer fora de casa, também foi encontrada
diferença significativa, sendo mais prevalente nos meninos.
Berkey et al. [10], em estudo longitudinal, realizado nos Estados Unidos, com aproximadamente dez mil adolescentes,
também verificaram que as meninas possuíam hábitos menos
ativos que os meninos.
Nas escolas particulares, houve diferença significante nas
variáveis jogar videogame, PSE e IMC, com maior ocorrência
no sexo masculino. Esses dados vão ao encontro dos achados
de Giugliano e Carneiro [9]. Tais autores constataram que
63,8% dos meninos mostraram praticar mais exercícios,
contra 43,5% das meninas. No presente estudo, a maior
prevalência de sobrepeso, no sexo masculino, concorda com a
pesquisa realizada por Silva e Malina [17]. Nesse experimento,
meninos também apresentaram maior índice de sobrepeso
que as meninas. Segundo os autores, a maior prevalência
de sobrepeso entre estudantes do sexo masculino do ensino
particular, pode estar relacionado com um maior acesso à
alimentação, reflexo de poder aquisitivo mais alto desses estudantes. Contudo, a menor prevalência de sobrepeso entre as
estudantes do sexo feminino das escolas particulares poderia
ser explicada pela utilização de dietas de emagrecimento,
relativamente comum nesta faixa etária, embora não tenha
sido motivo de análise no presente estudo.
Em nossos resultados, o predomínio de sobrepeso entre
os estudantes do sexo masculino das escolas particulares pode
estar ligado ao tempo destinado a jogar videogame. Porém,
a dúvida em relação a tal afirmação ainda persiste, pois os
estudantes também possuíram PSE maior que seus pares do
sexo feminino.
Quando comparamos as respostas separadamente entre as
escolas de cada sexo, não foram encontradas diferenças significantes entre as respostas do sexo feminino, nem nos valores de
IMC. Esse último dado vai contra os resultados encontrados
no estudo de Farias Junior e Lopes [18], em que o índice de
sobrepeso foi maior nas estudantes que pertenciam a escolas
públicas. No entanto, embora não tenha sido encontrada
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diferença significante no presente estudo, observou-se que
13,9% das estudantes das escolas particulares apresentam
sobrepeso, contra 24,5% das escolas públicas.
Entre as escolas, o uso de vídeo game e a PSE podem estar
relacionados ao maior poder aquisitivo dos alunos das escolas
particulares, e ao fato de as escolas particulares oferecerem um
maior número de atividades voltadas à prática de exercícios,
respectivamente. Já na variável lazer fora de casa, também
houve uma diferença estatisticamente significante, sendo os
meninos das escolas públicas os que possuem uma forma mais
ativa nessa categoria. Provavelmente, o fato de os alunos das
escolas públicas possuírem uma forma mais ativa de lazer fora
de casa origina-se na falta de oportunidade em freqüentar
clubes e o baixo número de atividades proporcionadas pelas
escolas públicas.
Quando houve o cruzamento do IMC com as demais
variáveis, não foram encontrados valores significativos. Este
resultado mostra o quão difícil é estabelecer uma metodologia
que torne possível relacionar a obesidade com os hábitos de
vida, embora haja um consenso comum entre pesquisadores
desta área no que diz respeito à existência dessa relação. Embora não tenha sido comprovada relação nesta pesquisa, isso
não exclui alguns casos, no qual os hábitos de vida aparentam
ser os responsáveis pela ocorrência de sobrepeso e obesidade.
Este resultado sugere que a obesidade e o sobrepeso são uma
soma de fatores que se correlacionam e, por esse motivo, são
necessários estudos mais aprofundados que abordem todos
esses fatores. No entanto, algumas limitações merecem destaques, como a ausência de controle sobre o hábito alimentar.
Conclusão
Os resultados obtidos indicaram que a prática de atividades físicas pelos alunos das escolas particulares não afetou seus
níveis de sobrepeso ou obesidade. Essas condições parecem
decorrer de um somatório de fatores que se correlacionam.
Por isso, são necessários estudos mais aprofundados que
os abordem em conjunto. No entanto, algumas variáveis
potencialmente intervenientes merecem destaque, como a
influência dos hábitos alimentares, que devem ser objeto de
controle para delimitação dos efeitos da prática de atividades
físicas no perfil antropométrico dos escolares.
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Artigo original
Efeito da vibração mecânica nos resultados
de testes de 1RM no exercício supino horizontal
em adultos treinados
Effect of mechanical vibration on the results of 1RM tests performed
on bench press by trained adults
Rafael T. Teixeira*, Natasha A. Lama*, João Pedro S. W. Castro**, Walace D. Monteiro***
*Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LABSAU-UERJ), **Laboratório
de Atividade Física e Promoção da Saúde, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LABSAU-UERJ), Escola de Educação Física
e Desportos – Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEFD-UFRJ), ***Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde,
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LABSAU-UERJ), Programa de Pós-graduação em Ciências da Atividade Física, Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO)
Resumo
A possibilidade do uso da vibração como intervenção em exercícios é uma idéia relativamente recente. O objetivo do presente
estudo foi avaliar o efeito do emprego da estimulação mecânica
vibratória (EMV) no resultado do teste de 1RM no exercício supino horizontal em indivíduos treinados. Participaram do estudo
14 homens com idades entre 20 e 30 anos (25,5 ± 2,6 anos), experientes no treinamento de força a pelo menos um ano. Antes do
início do protocolo experimental os voluntários foram submetidos
a um período de familiarização ao teste de 1RM. A coleta de dados
foi realizada em quatro dias não consecutivos, nos quais dois dias
destinaram-se a condução dos testes com vibração e dois aos testes
sem vibração. A ordem de entrada dos sujeitos nos procedimentos
foi alternada. A EMV foi realizada em uma plataforma vibratória
durante um período de 20 segundos. Os parâmetros de vibração
utilizados foram: 40 Hz de freqüência e 4-6 mm de amplitude. Em
cada dia de teste realizaram-se três tentativas para verificar a carga
máxima obtida para 1RM. O maior valor apontado para cada pro-
cedimento foi usado para efeito de comparação das cargas obtidas
com e sem vibração. A análise dos resultados foi feita através do
teste t, adotando-se um nível de significância de p < 0,05. Os resultados indicaram diferenças significativas para os valores das cargas
obtidas nos testes de 1RM precedidos da EMV (127,6 ± 15,3 kg e
130,5 ± 15,4 kg com EMV). No entanto, o significado real dessa
diferença deve ser analisado com cautela, uma vez que o delta a ela
associado não ultrapassou o erro técnico da medida. Em conclusão,
ao menos no tempo, freqüência e amplitude observados, o emprego
da vibração pode afetar positivamente nos resultados dos testes de
1RM no exercício supino horizontal em indivíduos experientes no
treinamento de força. Em virtude das limitações impostas pela pouca
variação da carga de 1RM, que no presente estudo permaneceu
nos limites do erro da medida, novos estudos são necessários para
ratificação desses resultados.
Palavras-chaves: vibração mecânica, teste de 1RM, avaliação da
força.
Recebido em 5 de dezembro de 2006; aceito em 12 de dezembro de 2007.
Endereço para correspondência: Walace Monteiro, Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde, Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (LABSAU/UERJ), Rua São Francisco Xavier, 524, 8º andar, Sala 8133, Bloco F, Maracanã, 20599-900 Rio de Janeiro RJ,
E-mail: [email protected]
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Abstract
The possibility of using vibration as an exercise intervention is
a relatively recent idea. The purpose of the study was to evaluate
the effect of the use of vibration based on results of 1RM tests
performed on bench press by trained men. Fourteen subjects (25.5
± 2,6 years-old) engaged in strength training for at least one year
participated the study. Data was assessed in four different days and
two procedures were used: 1) tests preceded by vibration; 2) tests
not preceded by vibration. The order of entrance of the individuals
was alternated. The duration of the mechanical vibration stimulus
was 20 seconds. The other parameters of vibration were 40 Hz of
frequency and 4-6 mm of amplitude. The mechanical vibratory stimulation (MVS) was associated with the arm’s flexion movement.
Previous to the tests, the subjects executed 3 series of warm-up
on the bench press. Three attempts were allowed to obtain the
maximal workload. A 3 minutes interval was fixed between the
attempts. The highest value in both procedures was adapted to
compare the 1RM with and without vibration, by means of the
t-test (p < 0, 05). The results showed significant differences for
the tests without and with vibration, respectively (127,6 ± 15,3
e 130,5 ± 15,42). In conclusion, the use of vibration may affect
positively the results of 1RM tests performed on the bench press
by trained subjects. Future studies should investigate the influence of vibration on results of 1RM tests in different samples and
muscular groups.
Key-words: mechanical vibration, 1RM test, assessment of strength.
Introdução
A possibilidade do uso da estimulação mecânica vibratória (EMV) como intervenção em exercícios é uma idéia
relativamente recente. Essa forma de intervenção vem sendo
aplicada a atletas e não atletas, como proposta de se obter
ganhos de força [1,2], potência [3,4], flexibilidade [5,6],
equilíbrio [7,8]. Além disso, a literatura tem demonstrado
resultados promissores quanto à aplicação da EMV em idosos
para aumentar a força, melhorar as habilidades funcionais e
até mesmo aumentar a densidade mineral óssea [9].
Estudos conduzidos por Armstrong et al. [10] já demonstravam aumentos na força de preensão manual quando a
vibração era aplicada em homens saudáveis. Posteriormente,
Bongiovanni e Hagbarth [11] aplicaram a vibração sobre
os músculos e os tendões que fazem a dorsoflexão do tornozelo, encontrando aumentos na força de contração em
esforços moderados. Mais recentemente, Roelants et al. [12]
aplicaram, em uma amostra homogênea de 48 estudantes
femininas destreinadas, exercícios de vibração que duraram
até 20 minutos por sessão, obtendo ganhos significativos
na força isométrica de pernas. Dados interessantes também
foram reportados pelo mesmo grupo de pesquisadores que
verificaram aumento significativo na ativação dos músculos
da coxa durante o treinamento sob vibração mecânica, através
de eletromiografia de superfície [12].
Em adição aos aumentos na força, outros benefícios também têm sido constatados mediante o emprego da vibração.
Por exemplo, ganhos na densidade mineral óssea foram
observados por Verschueren et al. [9]. Esses pesquisadores
compararam os efeitos do treinamento de vibração com o
treinamento contra-resistência convencional, verificando
ganhos significativos na densidade óssea do quadril em mulheres pós-menopáusicas a favor do treinamento aplicado
com auxílio da vibração. Resultados positivos também foram
observados nos ganhos de equilíbrio e flexibilidade mediante
aplicação do treinamento com vibração [7,13].
Apesar dos efeitos da vibração terem sido estudados em
diversos contextos, até o presente momento, não foram
investigados seus efeitos nos resultados dos testes específicos
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de força. É possível que as cargas obtidas em testes de uma
ou mais repetições máximas sejam afetadas pela aplicação da
vibração. Em caso positivo, a vibração mecânica poderia ser
usada para potencializar o desempenho agudo na força em
atividades que requeiram dado número de repetições máximas. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar o
efeito do emprego da EMV no resultado do teste de 1RM no
exercício supino horizontal em homens treinados.
Materiais e métodos
Amostra
Participaram do estudo 14 homens com idade entre
20 e 30 anos (idade = 25,5 ± 2,6 anos, massa corporal =
73,6 ± 9,5 kg, estatura = 173,5 ± 8,1 cm). Todos tinham
experiência em treinamento de força por pelo menos um
ano. Praticavam atividade física no mínimo três vezes por
semana. Antes da coleta de dados, os voluntários responderam o questionário PAR-Q, anamnese direcionada à
identificação das atividades físicas realizadas e assinaram
um termo de consentimento pós-informado, conforme
resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Foram
excluídos do estudo os indivíduos que apresentassem problemas ósteomioarticulares que pudessem influenciar na
realização dos exercícios propostos.
Protocolo experimental
O teste de 1RM foi realizado no exercício supino horizontal no aparelho Smith (Cybex® Strength System). Antes de
cada teste, foram realizadas três séries de aquecimento no
supino horizontal: 15 repetições a 20% da RM estimada no
período de aplicação do estudo piloto, 8 repetições a 50% e
3 repetições a 70%, sem intervalos entre as séries. (Adaptado
de Weir, Wagner, Housh [14]). No estudo piloto os indivíduos foram submetidos a um período de familiarização
ao teste de 1RM 1-2 semanas antes do início do protocolo
experimental. Após o aquecimento, foi dado intervalo de
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um minuto e meio antes do início do teste. Três tentativas
foram estabelecidas como o número máximo para obtenção
da carga [15]. Todos os pesos utilizados no estudo foram
previamente aferidos em balança de precisão (Filizola ® Personal). Os intervalos entre as tentativas do teste de 1RM
foram fixados em 3 minutos.
Visando reduzir a margem de erro no teste de 1RM, foram
adotadas as estratégias descritas por Monteiro et al. [16]. Instruções padronizadas foram fornecidas antes do teste, de modo
que o avaliado estivesse ciente de toda a rotina que envolvia
a coleta de dados. Os avaliadores motivaram os participantes
através de estímulos verbais ao longo de todo o teste.
Foram definidas as seguintes etapas de execução do exercício: posição inicial e desenvolvimento, esta última compreendendo as fases excêntrica e concêntrica da contração. Essas
etapas são descritas a seguir: a) posição inicial: em decúbito
dorsal, com os braços elevados e paralelos em extensão completa dos cotovelos e sustentando a barra com afastamento da
pegada lateralmente a linha dos ombros, tronco em 90 graus
com o braço, joelhos e quadris semiflexionados, com os pés
sobre o apoio no próprio aparelho; b) desenvolvimento, fase
excêntrica: descer com a barra até uma angulação de 90° entre
braço e antebraço; fase concêntrica: realizou-se a extensão
completa dos cotovelos e flexão horizontal dos ombros.
Cada teste de 1RM foi realizado com 48 horas de intervalo, totalizando 4 dias de coleta. Nesses dias foram adotados
dois procedimentos: 1) testes com vibração; 2) testes sem
vibração. A ordem de entrada dos sujeitos no primeiro procedimento de teste foi alternada. O maior valor apontado em
cada procedimento foi usado para efeito de comparação das
cargas obtidas com e sem vibração. Em caso de diferenças
maiores que 5% entre os testes, os sujeitos deveriam realizar
um novo teste [16]. Para evitar interferências nos resultados
obtidos, não foi permitida a realização de exercícios de força
para musculatura motora primária envolvida no supino horizontal nos intervalos entre os testes de RM.
Figura 1 - Posição inicial da execução do exercício na plataforma.
Estimulação mecânica vibratória
Para determinar o erro técnico da medida de 1RM na
amostra, adotou-se a equação proposta por Hopkins [17].
Para verificar as diferenças nas cargas dos testes de 1RM nos
procedimentos investigados, foi aplicado o teste t pareado,
tendo sido adotado um nível de significância de 5%. Todos
os cálculos foram realizados através do programa Graphpad
Prizma® (New York, EUA).
O estímulo de vibração mecânica foi realizado na plataforma vibratória Power Plate – Next Generation (Power Plate
®) durante 20 segundos. Os parâmetros de vibração utilizados
foram: 40 Hz de freqüência e amplitude de 4-6 mm. A EMV
foi associada ao movimento de flexão de braços.
A posição inicial para execução do exercício na plataforma
foi em decúbito ventral, com as mãos apoiadas na plataforma
paralelamente, tendo um afastamento lateral a partir da linha
dos ombros, cotovelos estendidos, quadris flexionados (90º
entre tronco e coxa), joelhos flexionados (90º entre coxa e
perna) apoiados em um step; (Figura 1). Os indivíduos foram
estimulados a realizar flexões dos cotovelos até 90º (Figura 2)
e retornar à posição inicial nos 20 segundos de EMV. O teste
de RM foi realizado 1 minuto após o EMV.
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Figura 2 - Desenvolvimento da execução do exercício na plataforma.
Tratamento estatístico
Resultados
O erro técnico da medida, determinado nas situações com
e sem vibração mecânica, foi de 2 kg. A Figura 3 ilustra os
dados referentes aos valores das cargas obtidas nos testes de
1RM. Como se constata, os valores exibidos após a exposição à
vibração foram significativamente diferentes daqueles obtidos
sem vibração, mas a variação entre eles situou-se dentro dos
limites do erro da medida.
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Figura 3 - Valores referentes à média e erro padrão da medida de
1RM obtidos com e sem o emprego da EMV.
* diferença significativa (p < 0,05)
Discussão
Antes de iniciar a discussão dos dados obtidos no presente
estudo, cabe destacar uma limitação que pode ter influenciado
nos resultados. O teste de 1RM não foi realizado várias vezes
para identificar a maior carga obtida no exercício estudado.
Desta forma, não se pode ter certeza que os valores obtidos
não seriam maiores, ou mesmo mais reprodutíveis, caso novas
tentativas fossem aplicadas. Apesar disso, nas duas tentativas
conduzidas para obter a carga para 1RM com e sem EMV,
não foram verificadas diferenças superiores a 5%. Na maior
parte dos indivíduos estudados, inclusive, a carga foi a mesma,
ou não variou em mais de 2% nos diferentes tentativas para
obter 1RM nos testes. Apesar de alguns autores preconizarem
que os testes de força devam ser aplicados por ao menos três
vezes para serem identificadas a reprodutibilidade das cargas
[15], tal aspecto pode variar bastante. Por exemplo, aspectos
como a familiaridade do movimento, o grau de complexidade
do exercício executado, o grupo muscular envolvido e o nível
de treinamento do praticante podem afetar a reprodutibilidade dos testes de força. No presente estudo, os indivíduos
tinham experiência no treinamento de força de pelo menos
um ano, assim como familiaridade prévia no exercício escolhido. Talvez, por isso, os resultados do teste e reteste tenham
sido próximos.
Para organizar a discussão dos resultados optou-se por
dividir o texto a seguir em duas vertentes. A primeira justifica
as variáveis de vibração empregadas no estudo, enquanto a
segunda discute os resultados propriamente obtidos. Quanto
ao tempo de aplicação do estímulo vibratório, a literatura
destaca que uma longa exposição à vibração pode reduzir
a capacidade de geração de força do músculo [18]. Nesse
estudo, os autores verificaram que aproximadamente cinco
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minutos de exposição à vibração seriam suficientes para
induzir a fadiga. No que diz respeito à aplicação de testes de
1RM, esse tempo seria inviável, tornando o procedimento
pouco prático e demorado, além das possibilidades de
fadiga serem aumentadas, interferindo negativamente nos
resultados dos testes.
Por outro lado, uma curta exposição à vibração seria capaz
de aumentar o subseqüente esforço de contração voluntária.
Por exemplo, Torvinen et al. [7] avaliaram o desempenho
muscular de 16 indivíduos destreinados, após submetê-los
a quatro minutos de estímulo de vibração. Os autores verificaram um aumento significativo (p = 0,02) na força de
extensão isométrica de membros inferiores. O mesmo não
ocorreu quando os indivíduos receberam um falso estímulo vibratório. Considerando que não existem estudos que
apontaram o tempo ótimo de exposição à vibração sem que
seja instalada a fadiga, optou-se por utilizar um tempo de
aplicação do estímulo vibratório de 20 segundos. Contudo,
não se sabe até que ponto outros tempos de estímulo poderiam repercutir positiva ou negativamente nos resultados dos
testes de 1RM. Uma estratégia para estudos futuros do efeito
da vibração em testes ou no treinamento de força reside na
investigação de diferentes tempos de aplicação do estímulo nos
resultados. Nesse sentido, parece-nos interessante investigar
a influência de tempos de aplicação do estímulo a partir de
20 segundos.
Outro aspecto a ser discutido diz respeito ao tempo de intervalo entre a aplicação do estímulo e o início do teste. Alguns
investigadores destacam que os benefícios obtidos mediante
aplicação da vibração podem desaparecer após um período
longo de intervalo [7]. No presente estudo, para eliminar o
possível efeito da redução das respostas neurofisiológicas da
vibração, optou-se por realizar o teste de 1RM imediatamente
após a aplicação do estímulo vibratório.
Os parâmetros vibracionais de freqüência e amplitude
também podem influenciar nos resultados obtidos com o
TVM. Segundo a literatura, essa faixa pode variar de 15 a 44
Hz para freqüência e de 3 a 10 mm para a amplitude [19].
Nesse estudo optou-se por usar uma freqüência de 40 Hz e
uma amplitude de 4 a 6 mm, dentro da faixa citada.
Os resultados do presente estudo indicaram um aumento agudo significativo na carga avaliada pelo teste de 1RM,
quando precedido da EMV. No entanto, o significado real
dessa diferença deve ser analisado com cautela, uma vez que o
delta a ela associado não ultrapassou o erro técnico da medida.
Em outras palavras, o fato de haver diferença estatística não
significa que a EMV aumentou realmente a carga máxima
dos sujeitos, se a hipótese de erro de medida é levada em
conta. De qualquer forma, nota-se que, dos 14 indivíduos
investigados, apenas um obteve diminuição do resultado no
teste de 1RM, quando precedido de EMV. Dois indivíduos
não apresentaram diferenças nos resultados, enquanto os
demais obtiveram aumentos nas cargas do teste, variando
numa faixa de 2 a 8 kg.
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Esses dados sugerem que a aplicação do estímulo vibratório pode vir a ser uma estratégia útil para maximizar
os resultados obtidos em testes de força. É possível, ainda,
que as informações obtidas no presente estudo possam ser
extrapoladas para situações de treinamento: já que houve
influência do emprego da EMV nos resultados dos testes
de 1RM, em situações envolvendo várias repetições, como
em uma sessão habitual de treinamento, o mesmo pode
ocorrer. Estudos adicionais são necessários para confirmar
essa possibilidade.
Embora não existam informações consistentes sobre os
mecanismos fisiológicos responsáveis pelo aumento agudo da
força muscular depois da EMV, acredita-se que possam estar
relacionados a um aumento no sincronismo de unidades motoras, ou ainda, com um aumento da sensibilidade do reflexo
de estiramento. Além disso, a vibração parece inibir a ativação
dos músculos antagonistas através de neurônios inibitórios Ia
[19]. Estudos mais recentes têm demonstrado que a vibração
produz uma maior coativação agonista-antagonista tanto
durante [20,21] quanto depois de aplicada [22].
É também importante considerar a influência da estimulação vibratória no comando motor central, particularmente nas
unidades motoras mais rápidas [23], para o que concorreria
uma intensificação do estado excitatório da área somatosensória. Essa excitação, somada a um aumento do reflexo de
estiramento, obtidos com o TVM, poderiam gerar maiores
níveis de força [19]. Apesar de existirem hipóteses sobre os
possíveis mecanismos que atuariam no aumento da força mediante a aplicação da EMV, estudos futuros ainda devem ser
conduzidos para aprofundar o conhecimento atual. Contudo,
os dados do presente estudo apontam para uma promissora
aplicação da vibração mecânica no treinamento de força.
Em função dos dados obtidos e dentro das limitações
que nortearam o estudo, foi possível concluir que ao menos
no tempo, freqüência e amplitude observados, o emprego
da vibração pode afetar positivamente nos resultados dos
testes de 1RM no exercício supino horizontal em indivíduos experientes no treinamento de força. Em virtude das
limitações impostas pela pouca variação da carga de 1RM,
que no presente estudo permaneceu nos limites do erro da
medida, novos estudos são necessários para ratificação desses
resultados. Além disso, seriam desejáveis investigações para
verificar a influência da vibração mecânica nos resultados de
testes de força muscular envolvendo metodologias de aplicação e exercícios diversos, assim como diferentes formas de
manifestações da força em populações variadas.
Conclusão
Apesar dos dados do presente estudo serem iniciais,
nossos resultados apontam para um possível efeito positivo
do emprego da EMV sobre o desempenho dos testes de
força. Caso isso realmente seja confirmado, é possível que a
EMV possa ser aplicada em sessões habituais de treinamento
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contra-resistência como forma de potencializar os resultados
dos intervalos entre séries. Como essas sessões geralmente
envolvem a realização de repetições máximas, a utilização
da EMV durante a recuperação entre as séries de exercícios
poderia se constituir em uma estratégia útil para maximizar as
cargas suportadas nas séries seguintes. Esta é uma lacuna que
merece ser investigada pelo seu potencial prático de aplicação
no treinamento.
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Artigo original
Comparação de valores de testes de força externa
máxima do quadríceps femoral
Correlation of values from tests of maximal external
forces of quadriceps femoral
Ricardo Barreto Teixeira*, Révisson Esteves da Silva**, Mônica de Oliveira Melo***, Marcelo La Torre***, Éverton Vogt****,
Cláudia Tarragô Candotti*****
*Graduado Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, **Graduado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS, ***Mestrando na Universidade Federal do Rio Grande do Sul - URFGS, ****Graduando na Universidade do Vale do
Rio dos Sinos - UNISINOS, *****Professora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS
Resumo
Abstract
O objetivo deste estudo foi comparar os valores de força máxima
obtidos com os testes de Contração Voluntária Máxima Isométrica
(CVMI) e de Uma Repetição Máxima (1RM) com os valores de
força máxima preditos pelo teste de Carga por Repetições Máximas
(CRM) durante o movimento de extensão de joelho. Dez indivíduos
do sexo masculino realizaram os testes CVMI, 1RM e CRM uma
única vez. Os valores de força foram submetidos a uma análise de
variância Oneway para verificar as diferenças entre os testes. Os
resultados demonstraram que não existe diferença significativa (p
= 0,273) entre os valores de força, sugerindo que o teste de CRM
é adequado para estimar a força máxima externa do quadríceps
femoral, podendo substituir os testes de 1RM e de CVMI, em
situações em que estes não são apropriados, como por exemplo,
nos protocolos de fadiga muscular localizada em indivíduos com
dor muscular.
The purpose of this study was to compare the maximal force
values obtained during the Maximal Voluntary Isometric Contraction (MVIC) and single Maximal Repetition (1MR) tests and the
maximal forces predicted by the Maximal Repetition Loads (MRL)
test for the knee extension movement. Ten males performed the
aforementioned tests. One-way ANOVA was used to compare the
maximal force values obtained with the three tests. The findings
show that there was no significant difference (p = 0.273) between the
force values, suggesting that the MRL test is suitable for estimating
the maximal external force obtained during the contraction of the
femoris quadriceps, and, as such it can be used in situations where
the 1MR and MVIC tests are inappropriate.
Key-words: force, prediction, femoris quadriceps, maximal tests.
Palavras-chave: força, predição, quadríceps femoral, testes
máximos.
Recebido em 31 de agosto de 2007; aceito em 18 de dezembro de 2007.
Endereço para correspondência: Cláudia Tarragô Candotti, Rua Fernando Osório, 1887, 91720-330 Porto Alegre RS, Tel: (51) 30193493, E-mail: [email protected]
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Introdução
Diagnósticos de dor lombar estão sendo realizados a partir de protocolos de fadiga muscular localizada, monitorando
o comportamento neuromuscular dos músculos extensores
lombares [1]. Nestes protocolos de fadiga, os indivíduos
são submetidos a contrações isométricas sustentadas em
diferentes níveis de intensidades, determinados a partir dos
valores obtidos durante uma contração voluntária máxima
isométrica (CVMI). Entretanto, alguns estudos já têm referenciado que utilizar a CVMI como ponto de referência na
execução destes protocolos de fadiga pode não ser uma boa
opção, uma vez que a performance neste tipo de teste está
relacionada à prática anterior do mesmo, bem como com
a motivação para alcançar seu esforço máximo [2]. Outro
obstáculo ao se utilizar a CVM como ponto de referência
para execução de protocolo de fadiga está na questão da
avaliação de indivíduos com dor muscular. Nestes casos,
mais raramente do que em pessoas sem dor, a CVM real é
alcançada. A possível explicação para isto reside no fato de
que indivíduos com dor tendem a não realizar o seu máximo
de esforço como uma maneira de proteção da dor [3,4].
Estudos têm mostrado que indivíduos sem dor chegam a
realizar em média 30% mais força do que indivíduos com
dor lombar [3].
Nesse sentido, pensa-se que se ao invés de submeter
os indivíduos com dor a um teste máximo, (CVMI) para
obter o percentual de força para a contração isométrica no
protocolo de fadiga, um teste com carga submáxima fosse
utilizado, os valores de força obtidos de sua predição ficariam mais próximos da real capacidade destes indivíduos.
No âmbito do treinamento físico, mais especificamente na
musculação, o teste de repetição máxima (1RM) corresponde
à carga máxima mobilizada pelo indivíduo. Em situações
em que os indivíduos não devem ser submetidos a este teste máximo, por exemplo, indivíduos idosos ou iniciantes
no treinamento, um teste de carga por repetição máxima
(CRM) tem sido proposto [5,6]. Desse modo, a carga máxima que um indivíduo poderia executar, durante o teste de
1RM, passa a ser obtida utilizando tabelas de predição que
demonstram a evolução da relação entre volume (repetição)
e intensidade (carga). O resultado desta predição levará a
intensidade referente a 1RM.
Considerando que se o resultado de força máxima, predito por este teste CRM, não seja diferente significativamente
do valor de força obtido em uma CVMI, especula-se que os
testes CRM poderiam ser utilizados para mensurar os valores
de força que serviriam de referência nos protocolos de fadiga
muscular localizada. Se esta especulação for verdadeira, a avaliação neuromuscular de indivíduos, principalmente aqueles
que apresentam dores no segmento mobilizado, poderá ser
beneficiada e seu diagnóstico apresentará maior precisão.
Com a intenção de subsidiar conhecimentos básicos sobre
a utilização do teste de carga por repetição máxima para
Fisiologia_v6.indb 34
predizer valores máximos de força, este estudo foi conduzido com o objetivo de comparar os valores de força máxima
obtidos durante os testes de Contração Voluntária Máxima
Isométrica (CVMI) e de Uma Repetição Máxima (1RM)
com os valores de força máxima preditos pelo teste de Carga
por Repetições Máximas (CRM) durante o movimento de
extensão de joelho.
Material e métodos
Amostra
A amostra foi intencional, composta por 10 indivíduos,
do sexo masculino, ativos fisicamente. As médias e desvios
padrão da idade, massa corporal e estatura foram 23,6 ±
2,3 anos; 76,3 ± 10,5 kg; 177,8 ± 6,9 cm, respectivamente.
Todos os indivíduos assinaram um termo de consentimento
para a participação no estudo e receberam informações dos
procedimentos de avaliação, bem como de que poderiam
deixar de participar da pesquisa em qualquer momento, se
assim desejassem.
Procedimentos de aquisição dos dados
Todos os indivíduos foram submetidos a três protocolos de
avaliação: 1) CRM; 2) 1RM e 3) CVMI. Todos os testes foram
conduzidos por um único avaliador, em um único dia.
Teste CRM: Consistiu na realização de um número máximo de repetições com uma carga submáxima, determinada
subjetivamente, a partir da experiência do avaliador, para
musculatura do quadríceps femoral direito. O indivíduo não
poderia ultrapassar quinze repetições. Caso isto ocorresse, após
um intervalo de cinco minutos, outra carga submáxima era
determinada e o teste repetido. Para a realização deste teste,
o indivíduo foi posicionado sentado na cadeira extensora
(Sculptor), tendo suas coxas, quadril e tronco (abaixo da
região axilar) presos à cadeira com faixas de velcro, visando
estabilizar sua postura, mantendo 110° de flexão do tronco
com a articulação coxo-femoral. O indivíduo permanecia com
os braços cruzados à frente do peito (Figura 1).
Para controlar a velocidade de execução do movimento,
um ritmo sonoro foi fornecido ao indivíduo, mediante fone
de ouvido, sendo a velocidade correspondente a 720/s, ou
seja, o tempo total de uma repetição era de aproximadamente
2,5 segundos.
Teste de 1RM: Consistiu na realização de uma única repetição com uma carga máxima determinada subjetivamente,
também pela experiência do avaliador, para a musculatura
do quadríceps femoral direito. Caso o indivíduo conseguisse realizar mais que uma repetição, o teste era suspenso e
após um intervalo de cinco minutos, outra carga máxima
era determinada e o teste repetido. Para a realização deste
teste, a fixação do indivíduo foi a mesma do teste CRM
(Figura 1).
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Figura 1 - Posicionamento do indivíduo durante a realização dos
testes de CRM e 1 RM na cadeira extensora.
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Procedimentos de análise
Considerando que a coluna de pesos da cadeira extensora
fornece a carga externa de trabalho e que o objetivo deste
estudo era comparar valores de força externa realizada pelos
extensores do joelho, utilizou-se a técnica do modelo de
segmentos articulados para a obtenção dos valores de força
máxima obtida durante o teste de 1RM. A Figura 3 apresenta
um diagrama de corpo livre da cadeira extensora, a partir do
qual, utilizando o modelo de segmento articulado, calculouse a força externa máxima durante a extensão do joelho no
teste de 1RM.
Figura 3 - Diagrama de corpo livre da cadeira extensora
Teste de CVMI: Consistiu na realização de apenas uma
contração voluntária isométrica máxima do quadríceps femoral direito, com duração de sete segundos. Para a realização
deste teste o indivíduo foi posicionado sentado em um banco
com as costas apoiadas, joelhos fletidos a 900, tendo suas coxas presas ao banco com faixas de velcro, visando estabilizar
sua postura (Figura 2). Seu tornozelo direito foi preso a uma
cinta de couro, na qual estava acoplada uma célula de carga,
que por sua vez, estava presa a um suporte fixo, limitando o
movimento de extensão do joelho. Era então solicitado que
os indivíduos realizassem a tentativa de extensão do joelho,
realizando a maior força isométrica possível.
Figura 2 - a) Posicionamento do indivíduo durante a realização do
teste de CVMI e b) posicionamento da célula de carga.
Para a aquisição dos sinais de força durante a CVMI, foi
utilizada uma célula de carga de 1000N (EMG System do
Brasil Ltda, São José dos Campos), conectada a um computador Pentium 200 MHz com 64 Mb RAM, dotado de um
conversor A/D (EMG System do Brasil Ltda, São José dos
Campos). A aquisição dos sinais de força foi realizada com
o software AqDados (Lynx Tecnologia Eletrônica Ltda, São
Paulo). A taxa de amostragem foi de 500 Hz. Foi registrado o
maior valor de força obtido na CVMI de cada indivíduo.
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A d1⊥ corresponde à distância entre o eixo da roldana assimétrica até a linha de ação da força de resistência oferecida
pelo aparelho (Fa) que passa pela roldana simétrica. A d2⊥
corresponde à distancia entre o eixo da roldana assimétrica
até a linha de ação da força realizada pelo indivíduo (FM),
localizada no ponto de contato do tornozelo com o aparelho.
A d1⊥ era fixa e corresponde a 26 cm e a d2⊥ variava conforme
o comprimento da perna do indivíduo, determinada pela
regulagem do aparelho.
De posse da d1⊥ e da carga fornecida pelo aparelho,
calculou-se o torque do aparelho (Ta). A partir da equação
de equilíbrio dos torques, onde o somatório do torque do
aparelho (da cadeira extensora) e do torque extensor (dos
músculos extensores do joelho) é igual a zero (equação 1) e
conhecendo-se a d2⊥ calculou-se a força máxima (FM) exercida
pelo indivíduo durante o teste de 1RM (equação 2).
Ta = Te
(equação 1)
T
F
M = a⊥
onde: d 2
(equação 2)
Ta = torque do aparelho (kgfcm)
Te = torque extensor (kgfcm)
F
M = força realizada pelo indivíduo (kgf )
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d 2⊥ = distância perpendicular entre o eixo da roldana
assimétrica até a linha de ação da FM (cm)
Os valores de força máxima externa predita, obtidos no
teste de CRM, também corrigidos pelas equações 1 e 2,
foram obtidos por uma equação de predição (equação 3),
amplamente referenciada na literatura [7].
Fmp =
onde:
100% ⋅ F
M
I%
(equação 3)
Fmp = força máxima externa predita (kgf )
F
M = força realizada pelo indivíduo (kgf )
I % = porcentagem de intensidade, classificada
conforme o número de repetições executadas pelo
indivíduo
O processamento dos sinais de força obtidos no teste de
CVMI foi realizado utilizando-se o software AqAnalysis (Lynx
Tecnologia Eletrônica Ltda, São Paulo). Foram analisados os
três segundos centrais dos sete segundos registrados no teste
de CVMI, sendo realizada a média da força neste período de
três segundos.
Tratamento estatístico
Para a análise estatística foi utilizado o software SPSS 10.0.
Inicialmente foi verificada e confirmada a equivalência das
variâncias (teste de Levene) e normalidade dos dados (ShapiroWilk). Os valores de força externa máxima, obtidos nos testes
de 1RM e CVMI e os valores de força externa máxima predita,
obtida no teste de CRM, foram submetidos a uma análise
de variância de um fator e ao teste post hoc de Bonferroni,
que possibilitou identificar as diferenças entre eles. O nível
de significância adotado foi 0,01.
Resultados e discussão
A Tabela I apresenta os valores médios da força externa
máxima mensurada, nos testes de 1RM e CVMI e predita no
teste de CRM. Os resultados demonstraram que não houve
diferença significativa (p = 0,273) entre os valores de força
externa máxima obtidos nos três testes.
Tabela I - Valores médios, máximos, mínimos e desvio padrão (dp)
da força externa máxima (kgf ) obtida nos testes 1RM, CVMI e
CRM.
Testes
1RM
CVMI
CRM
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Média
51,1
48,4
51,0
dp
4,9
8,8
5,4
Máximos
60,4
63,8
59,0
Mínimos
43,9
40,0
42,2
Os resultados demonstraram que qualquer um dos três
testes pode ser utilizado para determinação da força máxima,
mesmo que o teste de CVMI tenha apresentado valores de força 5,5% menores que os testes de 1RM e CRM. Inicialmente,
esta diferença poderia indicar uma interferência negativa na
performance em testes de fadiga, uma vez que o parâmetro
mais comumente utilizado para estabelecer o percentual da
contração durante o protocolo de fadiga muscular localizada é
oriundo de testes de CVMI [7]. No entanto, como indivíduos
com dor muscular tendem a fazer 30% menos força em testes
de CVMI [3,4], entende-se que o teste de CRM, com uma
diferença de 5,5%, ainda corresponda a uma alternativa viável
para substituir o teste de CVMI.
Contudo, entende-se que a substituição do procedimento
de CVMI pelo CRM em indivíduos com dor deve ser vista
com cautela, uma vez que o presente estudo foi conduzido
com indivíduos sem relato de dor muscular. Assim, alguma
ressalva deve ser feita a proposta de que através do teste de
CRM pode-se chegar a um valor de força máxima razoável,
em se tratando de indivíduos com dor.
Os menores valores de força máxima externa, obtidos
no teste de CVMI em relação aos testes de 1RM (diferença
média de 2,7 kgf ), são contraditórios à literatura, uma vez
que contrações isométricas máximas tendem a gerar forças
sempre maiores que as contrações dinâmicas máximas, pois
uma força máxima somente pode ser desenvolvida se a carga
e a capacidade de contração do músculo estiverem em equilíbrio [8]. Especula-se que estes resultados estejam relacionados
com a variação do grau de inclinação do tronco nas posturas
testadas. Nos testes dinâmicos os indivíduos mantinham 110°
de flexão do tronco com a articulação coxo-femoral, enquanto
que nos testes da CVMI, o tronco estava restrito a 90° de
flexão. Esta diferença, nas posturas pode ter acarretado uma
desvantagem fisiológica no momento da execução do teste da
CVMI já que em 90° de flexão de tronco, o reto femoral se
encontra menos estirado do que em 110°, com menor possibilidade de desenvolver sua máxima força, provavelmente
devido a menor contribuição da energia armazenada nos
componentes elásticos [9].
Outro fator bastante importante, que pode ter interferido
na diferença entre CVMI e o teste de 1RM, é a familiarização
com o próprio procedimento do teste, visto que os indivíduos
que participaram do estudo já possuíam algum tipo de experiência com protocolos dinâmicos e praticamente nenhum
contato com a realização da CVMI e seus aparatos. Um
estudo com pré-púberes salienta a familiarização do teste de
1RM como fator que influenciaria diretamente no resultado
do protocolo [10]. Assim, provavelmente o mesmo possa ser
afirmado para protocolos isométricos.
Quanto ao teste de CRM, considera-se que a equação de
predição utilizada no presente estudo mostrou-se adequada,
pois os valores fornecidos por esta equação não diferiram
significativamente dos valores da 1RM. Nesse sentido, sugere-se a utilização da predição para grupos de pessoas que
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não apresentam as condições ideais para a realização de uma
CVM, seja isométrica ou dinâmica, mesmo que a predição
não apresente um resultado tão exato quanto a estimação de
cargas menores pela 1RM [6].
Em suma, os resultados sugerem que indivíduos saudáveis,
sem dor muscular no quadríceps femoral ou na articulação
do joelho, independentemente do protocolo a que sejam
submetidos (1RM, CVMI, CRM) tendem a apresentar resultados de força máxima externa semelhante. No entanto,
conhecendo-se as diversas variáveis que influenciam nos testes
dinâmicos como velocidade do movimento, ângulo articular
e condições ambientais [10], entende-se que mais estudos
devem ser realizados para possibilitar maior compreensão dos
valores máximos de força em situações dinâmicas.
Não obstante, os presentes resultados estimulam o uso
do teste CRM como referencial de força em protocolos de
fadiga muscular localizada, substituindo os testes de CVMI,
principalmente em condições não dolorosas.
Conclusão
Os resultados deste estudo, nas condições experimentais
utilizadas, demonstraram que não existe diferença significativa para os valores de força externa máxima, realizada pelo
quadríceps femoral, entre os testes de CVMI, 1RM e CRM.
Além disto, os resultados permitem inferir que seria possível
utilizar o teste de CRM como um parâmetro de referência no
lugar CVMI, em estudos de fadiga muscular localizada. No
entanto, entende-se necessário a realização de novos estudos
que, além de preocuparem-se com a questão da familiarização
dos testes, envolvam uma maior quantidade de indivíduos e
outros grupamentos musculares.
Fisiologia_v6.indb 37
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Artigo original
Adolescentes atletas competitivas femininas
de handebol: um estudo de caracterização
Competitive adolescents’ female athletes of handball:
a characterization study
Alessandra Graton*, Ana Beatriz Santos Guiesser*, Mariana de Moraes Escardin*, Nathalie Puppin Tardivo*,
Renata Furlan Viebig**
*Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo, **Nutricionista, Doutoranda em Medicina Preventiva pela Faculdade de
Medicina da USP, Docente do Curso de Graduação em Nutrição do Centro Universitário São Camilo
Resumo
Abstract
Introdução: Jovens atletas, praticantes de handebol, que possuam
hábitos alimentares inadequados podem ter prejuízos no desempenho atlético e aumentar os riscos de lesões. Objetivo: Analisar
padrões alimentares e características pessoais de adolescentes do
gênero feminino, atletas competitivas de handebol de um clube
de campo de São Bernardo do Campo, São Paulo. Material e métodos: Trata-se de um estudo transversal, no qual participaram 109
atletas competitivas de handebol feminino, com idade entre 10 e
19 anos, que realizam treinamento no clube MESC. A avaliação
nutricional foi realizada através da aplicação de anamnese alimentar
e questionário de freqüência alimentar. Os dados foram transcritos
para uma base de dados do programa MS Excel® e foram analisados
segundo distribuições percentuais e medidas de variância. Resultados:
As atletas estudadas apresentavam idade média de 14,5 anos (DP
= 2,3). A avaliação dietética mostrou que a maioria das jogadoras
realizava somente 3 refeições diárias. O questionário de freqüência
alimentar mostrou que os alimentos mais consumidos diariamente
foram o arroz (67,9%) e o feijão (29,4%) e os menos consumidos,
foram as massas (1,8%) e cereal matinal (1,8%) Conclusão: A prática
alimentar das atletas adolescentes, necessita de modificações a fim de
um melhor desempenho no esporte e na manutenção da saúde.
Introduction: Young women, handball players, with inadequate
feeding habits may have decreasing athletic performance and increasing risks of injuries and infections. Objective: To analyze standard
feeding habits and personal characteristics of female adolescents,
competitive handball players, of a club in São Bernardo do Campo,
São Paulo. Material and methods: 109 competitive handball players,
between 10 and 19 years, trained at Club MESC, participated
of this transversal study. Nutritional assessment was carried out
through the application of a dietary anamnese and a food frequency
questionnaire. Data were transferred to MS Excel® database and
were analyzed according to percentage distributions and measures
of variance. Results: The athletes average age was 14.5 years (DP
= 2.3). The dietary evaluation showed that most athletes usually
ate only 3 meals daily. The food frequency questionnaire showed
that athletes daily food consumption was rice (67,9%) and beans
(29,4%) and past consumption dropped to 1.8% and morning
cereals to 1.8%. Conclusion: Dietary intake by adolescent athletes
needs to change in order to obtain better results in handball and
promote health maintenance.
Key-words: female athletes, adolescents, feeding behavior.
Palavras-chave: atletas femininas, adolescentes, comportamento
alimentar.
Recebido em 10 de dezembro de 2007; aceito em 20 de dezembro de 2007.
Endereço para correspondência: Nathalie Puppin Tardivo, Rua Siqueira Campos, 347, 09810-460 São Bernardo do Campo SP, Tel:
(11) 41097209, Email: [email protected]
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Introdução
O Handebol é uma modalidade esportiva cuja origem
remonta da Alemanha, onde era praticado por estudantes nas
escolas, já na década de 1890 [1]. Após a I Guerra Mundial,
imigrantes alemães vieram para o Brasil trazendo sua cultura,
tradição folclórica e as atividades recreativas e esportivas por
eles praticadas, dentre as quais o então Handebol de Campo.
O Handebol de Salão somente foi oficializado no Brasil em
1954, quando a Federação Paulista de Handebol instituiu o
I Torneio Aberto de Handebol [2].
Essa modalidade esteve presente pela primeira vez nas
Olimpíadas de Munique, em 1972. A competição envolvia
dezesseis times masculinos, sendo que os times femininos iniciaram sua história olímpica em Montreal, Canadá, no ano de
1976, quando seis times participaram da competição [2].
O Handebol é um esporte que envolve uma combinação de
movimentos constantes durante o jogo como: paradas bruscas,
viradas, saltos, arremessos. Dessa forma, pode ser considerado
um esporte intermitente, pois o jogador usa na maior parte do
tempo os sistemas de obtenção de energia ATP-CP e glicólise
anaeróbia para manter o funcionamento muscular, e somente
20% da energia provém do sistema glicólise aeróbio [1].
A prática de exercícios físicos, como o Handebol, é
aconselhável para crianças e adolescentes. Por outro lado, os
períodos da infância e adolescência são muito importantes
do ponto de vista nutricional, pois nessas fases há grande
desenvolvimento e crescimento dos indivíduos. Há maior
demanda de substâncias nutritivas, interferindo na ingestão alimentar e aumentando as necessidades de nutrientes
específicos. A inadequação da alimentação frente à prática
esportiva pode retardar o crescimento e o processo de maturação sexual [3,4].
Assim, quando crianças e adolescentes praticam atividade
física regularmente em nível competitivo, há a necessidade de
um maior cuidado com a alimentação a fim de suprir todas as
necessidades energéticas e nutricionais que estão aumentadas
devido ao esporte [3].
No entanto, alguns aspectos devem ser considerados,
especialmente no caso da população fisicamente ativa do gênero feminino. Atletas femininas podem desenvolver padrões
alimentares anormais, que normalmente são associados com
disfunção menstrual e a subseqüente diminuição da densidade
mineral óssea [5].
Desordens alimentares podem resultar em conseqüências
adversas à saúde, com o risco da morbimortalidade e a mortalidade aumentar conforme a severidade do comportamento
aumenta [5].
A má nutrição destas atletas a longo prazo pode colaborar na manifestação de sérias desordens, como: osteopenia,
anemias e síndromes de deficiência de vitaminas, minerais,
aminoácidos essenciais, e elementos traço [6].
No caso de jovens atletas mulheres, hábitos alimentares
inadequados e comportamentos característicos das desordens
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39
alimentares podem danificar o desempenho atlético e aumentar os riscos de lesões e infecções [5,7,8].
O presente estudo teve por objetivo analisar os padrões
alimentares de adolescentes do gênero feminino, atletas
competitivas de Handebol, de um clube do município de
São Bernardo do Campo, São Paulo.
Material e métodos
Trata-se de um estudo transversal, no qual participaram
109 atletas competitivas de Handebol feminino, com idade
entre 10 e 19 anos, que realizam treinamento no Clube de
Campo Movimento de Expansão Católica (MESC), localizado no Município de São Bernardo do Campo – São Paulo.
Estas atletas eram subdivididas conforme a faixa etária em
5 categorias, sendo: Mirim (n = 20); Infantil (n = 25); Cadete
(n = 42); Juvenil (n = 13); Júnior (n = 9).
Todas as jovens foram convidadas a participar do presente
estudo, sendo que os termos de Consentimento Livre e Esclarecido foram encaminhados aos seus pais ou responsáveis
para que as autorizassem a participar do estudo. Após a devolução do Termo de Consentimento foi procedida a avaliação
nutricional das atletas, que constituiu da aplicação de uma
anamnese nutricional.
A anamnese aplicada consistia de 8 partes:
1) características pessoais: foram coletadas variáveis como:
nome, idade, data de nascimento, local de moradia, telefone para contato;
2) dados sócio-econômicos e culturais: escolaridade, se a escola
era particular ou pública, com quem morava, qual a ocupação dos responsáveis, se fazia algum outro curso;
3) práticas da atividade física: tempo de prática, categoria,
motivo da prática, existência de algum fato que impedisse
a prática do exercício;
4) imagem corporal: satisfação corporal e se não o que gostaria
de alterar;
5) menstruação: a idade da primeira menstruação, se o ciclo
era regular, a duração e freqüência do mesmo;
6) consumo de suplementos: se utilizava e qual o tipo, quantidade, freqüência, finalidade e satisfação;
7) hábitos alimentares: o número de refeições diárias, quais
eram essas refeições, quais delas eram realizadas em casa,
e o que era consumido no período em que estavam em
treinamento no clube.
8) questionário de freqüência alimentar: composto por 21 itens
e 6 opções de resposta para quantificar a freqüência dos
alimentos descritos, as quais variavam de uma vez por dia
até nunca.
Os dados foram transcritos para uma base de dados com
o auxílio do Programa MS Excel e foram analisados segundo
percentuais e medidas de variância.
O presente estudo faz parte de um projeto de pesquisa
maior, intitulado “Avaliação Nutricional de Desportistas e
Atletas de Clubes e Academias da Região Metropolitana de São
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Paulo”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – COEP
do Centro Universitário São Camilo, sob o número 047/05.
Resultados
Caracterização da amostra
As atletas estudadas apresentavam idade média de 14,5
anos (DP = 2,3), que praticavam handebol entre 2 a 5 anos
(44,0%) e treinavam em média três horas por dia, com freqüência de três vezes por semana.
Das 109 atletas, 50 cursavam o Ensino Fundamental
(45,9%), 48 cursavam o Ensino Médio (44,0%), 3 possuíam
o Ensino Médio completo (2,8%), 1 possuía Curso Técnico
completo (0,9%) e 7 cursavam o Ensino Superior (6,4%).
A maioria das atletas estudava em instituições particulares
(60,6%).
As atletas, em sua maioria, praticavam o esporte visando
a competição (53,2%) (Gráfico 1).
Gráfico 1 - Motivos para a prática do Handebol citados pelas atletas.
São Bernardo de Campo, 2007.
Da totalidade das atletas estudadas, 20 (18,4%) não menstruavam, sendo que dentre as que menstruavam (66,1%),
a idade média da menarca ocorreu entre os 11 e 12 anos,
representando 66,05% da amostra total. Apresentavam irregularidades menstruais 44% das atletas.
Relacionando-se a idade das atletas com a satisfação com
sua imagem corporal, observou-se que as adolescentes com
idade entre 12 e 13 anos (58,3%) apresentaram-se mais satisfeitas em relação às outras atletas (Tabela I).
Tabela I - Análise da satisfação corporal segundo estágio de vida das
atletas adolescentes de Handebol. São Bernardo do Campo, 2007.
Estágio de vida
10 e 11 anos (n = 19)
12 e 13 anos (n = 24)
14 e 15 anos (n = 43)
16 e 17 anos (n = 12)
18 e 19 anos (n = 11)
Total (n = 109)
Satisfação com a imagem
corporal
SIM
NÃO
n
%
n
%
9
47,7 10
52,6
14
58,3 10
41,7
21
48,8 22
51,2
5
41,7 7
58,3
3
27,3 8
72,7
52
47,7 57
52,3
Nenhuma atleta referiu fazer uso de algum tipo de suplemento alimentar ou medicamento durante o período do
estudo.
Avaliação dietética
O Gráfico 2 apresenta os motivos de impedimento da
prática do exercício, relatados pelas atletas estudadas. Observa-se que 5,5% já sofreram episódios de desmaios durante
o período do treino e 7,3% manifestaram fraqueza. Porém,
78% nunca precisaram interromper a prática do exercício por
nenhum dos motivos citados.
A avaliação dietética foi realizada através da anamnese
alimentar e questionário de freqüência alimentar.
Em relação ao número de refeições diárias realizadas pelas atletas, observa-se que a maioria das meninas realizava 3
refeições por dia (43,1%) (Gráfico 2).
Observou-se que a refeição mais realizada pelas atletas
de handebol foi o almoço (88,2%) e que a combinação de
refeições mais referida foi desjejum, almoço e jantar (32%),
sendo estas realizadas em casa pela maioria das atletas.
Gráfico 3 - Número de refeições diárias realizadas pelas atletas.
São Bernardo do Campo, 2007.
Gráfico 2 - Resultados dos motivos relacionados ao impedimento
da prática do exercício. São Bernardo do Campo, 2007.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Quando questionadas sobre os alimentos consumidos no
clube, antes ou após os treinos, as atletas relataram preferência
pelo consumo de salgados de lanchonete (pão de queijo, pão
de batata, coxinha) (22,0%) e suco natural (12,8%).
A partir do questionário de freqüência alimentar, estimou-se o consumo de alguns itens alimentares da população
estudada. Dentre os alimentos mais consumidos diariamente
referidos pelas atletas, destacaram-se o arroz (67,9%) e o feijão
(29,4%) (Gráfico 3).
Os alimentos menos consumidos diariamente foram:
batata (0,9%), massas (1,8%), cereal matinal (1,8%), ovo
(3,7%) e frituras (3,67%) (Gráfico 3). Nenhuma atleta relatou
consumir fast-food diariamente.
Observou-se também que, dentre os líquidos avaliados,
o consumo de água (95,4%) teve maior destaque em relação
ao de refrigerantes (12,8%).
Discussão
Em geral, as atletas do presente estudo eram estudantes,
com idade média de 14,5 anos e praticavam o esporte entre
2 e 5 anos, por motivo de competição.
Dentre as atletas que menstruavam, a idade média de
menarca foi 11,5 anos (DP = 1,1), representando 66,1% da
amostra total. Resultados semelhantes foram encontrados
no estudo de Oliveira et al. [9], no qual a idade da menarca
de atletas de diferentes modalidades, entre elas o Handebol,
foi de 12,2 (DP = 1,1). Nos Estados Unidos, a média de
idade em que ocorre a menarca é de 12,8 anos e no Brasil é
de 12,2 anos [4].
Disfunções menstruais são mais comuns em meninas
atletas do que em meninas sedentárias. Atletas que começam
a treinar antes da menarca ocorrer podem ter a experiência
menstrual atrasada e aumentar a incidência de disfunções
41
menstruais, quando comparadas a atletas que começam a
treinar após a menarca ter ocorrido [5].
O modelo de beleza imposto pela sociedade atual corresponde a um corpo magro sem, contudo, considerar aspectos
relacionados com a saúde e as diferentes constituições físicas
da população [9].
No presente estudo, observou-se que 52,3% das atletas
não estavam satisfeitas com a imagem corporal. Este resultado
também foi verificado no estudo de Vilela et al. [10], que
avaliou a satisfação da imagem corporal em alunos de Minas
Gerais, onde verificou que 59% estavam insatisfeitos, sendo
que 51% queriam ser mais magros, com predominância do
sexo feminino.
Segundo Viebig et al. [11], em um estudo realizado com
ginastas rítmicas adolescentes, 53,8% relataram que estavam
satisfeitas com seu corpo, 7,7% estavam bastante satisfeitas,
15,4% não estavam muito satisfeitas e 23,1% não estavam
satisfeitas, resultados opostos ao do presente estudo.
Em relação à alimentação das atletas adolescentes de
Handebol, constatou-se que a maioria delas realizava 3
refeições diárias, o equivalente a 43,1%. Cardoso et al.
[12], através de um estudo com jovens atletas masculinos
de basquetebol, relataram que 70% da população estudada
realizavam de 2 a 4 refeições diárias e apenas 30% realizavam de 4 a 6 refeições diárias; resultados semelhantes ao do
presente estudo.
Outros resultados equivalentes foram encontrados no
estudo de Ribeiro e Soares [13], feito com nadadores, no qual
mais de 50% das atletas estudadas realizavam diariamente
quatro refeições: desjejum, almoço, lanche e jantar. A ceia foi
a refeição menos referenciada pela população estudada.
No presente estudo, a ceia também foi a refeição menos
mencionada, sendo a combinação de desjejum, almoço e
jantar as refeições mais realizadas pelas atletas.
Gráfico 4 - Freqüência de consumo diário de alguns itens alimentares pelas atletas de Handebol. São Bernardo do Campo, 2007.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
No estudo de Camiña e Kazapi [14], apenas 6,5% dos
atletas de voleibol estudados relataram realizar 6 refeições
diárias. Valores inferiores foram encontrados no presente
estudo (3,7%).
Segundo Kazapi e Tramonte [15], as necessidades energéticas devem ficar distribuídas em 6 refeições diárias para
que sejam evitados jejuns prolongados ou o estômago “muito
cheio”, situações que dificultam o treinamento.
A respeito da distribuição das refeições em relação aos
treinamentos, Camiña e Kazapi [14] mostram que 90,4%
dos entrevistados alimentavam-se antes dos exercícios; 85,1%
não se alimentavam durante o exercício e que 95,7% se alimentavam após os treinamentos.
No presente estudo, quando questionadas sobre quais
alimentos eram consumidos no clube antes e/ou após os
treinos, dentre as 19 opções de combinações de alimentos, os
salgados de lanchonete foram a predominante, com 22,0%
da preferência das atletas.
Analisando-se a freqüência alimentar diária do nosso estudo, notou-se, no geral, um baixo consumo de batata (0,9%),
massas e cereal matinal (1,8%) e um alto consumo de arroz
branco (67,9%), feijão (29,4%) e frutas (25,7%).
No estudo de Silva et al. [16], realizado com adolescentes
jogadores de basquete, resultados semelhantes foram encontrados, como baixo consumo de fast-food (19,4%) e o alto
consumo de frutas (51,6%).
Com relação ao consumo de líquidos, a água apresentouse com 95,41% da preferência das atletas como hidratante
no exercício.
Conclusão
Pode-se concluir, por meio do presente estudo, que as
atletas femininas de Handebol permaneciam por períodos
longos sem se alimentar, devido à maioria delas realizarem
apenas 3 refeições diárias.
As práticas alimentares das atletas adolescentes necessitam
de modificações qualitativas e quantitativas, a fim de promover um melhor desempenho no esporte e a manutenção
da saúde.
É importante que um estudo posterior seja realizado com
esta população para a análise quantitativa da dieta e determinação do estado nutricional das atletas.
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Referências
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[citado 2007 Fev 1]. Disponível em: URL: http://www.vancouverhandball.ca.
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2007 Fev 1]. Disponível em: URL: http://www.brasilhandebol.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
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Artigo original
Impacto do treinamento físico periodizado sobre
a aptidão física em jogadores de futsal masculino
na categoria sub-20
Impact of periodized physical training on physical fitness in under-20
male futsal players
Narciso Luiz Andrade*, Luís Paulo Gomes Mascarenhas**, Ricelli Endrigo Ruppel da Rocha***
*Educação Física, UNC de Caçador SC, técnico da seleção de futsal sub 20, Prefeitura Municipal de Caçador SC, **Fisiologia
da Performance pela UFPR, Universidade do Contestado de União da Vitória SC, ***Especialista em Fisiologia do Exercício pela
UFPR, Universidade do Contestado de Caçador SC
Resumo
Abstract
O objetivo da pesquisa foi avaliar o impacto do treinamento
físico periodizado sobre a aptidão física em atletas de futsal na categoria sub-20 da cidade de Caçador - SC. Nove atletas (17,11 ± 0,78
anos) foram escolhidos para o estudo e submetidos a um programa
de treinamento físico periodizado. As médias antropométricas e
dos indicadores da composição corporal foram obtidas somente
no período pós-teste, demonstrando os resultados no percentual
de gordura (13,18%), massa magra (53,46 kg), massa gorda (8,53
kg). O teste “t” pareado revelou diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) nas variáveis VO2máx (31,94%), potência (2,67%),
resistência muscular localizada do abdominal (23,14%) e flexão de
braço (32,14%). A flexibilidade não sofreu mudança significativa do
período pré para o pós-experimento (p > 0,05). Os achados sugerem
que o treinamento periodizado tem efeito significativo na aptidão
física de atletas de futsal, mas em contrapartida, a flexibilidade não se
alterou, principalmente, devido ao trabalho não-específico realizado
para melhorar os níveis de flexibilidade dos atletas.
The aim of the research was to evaluate the impact of a periodized
physical training schedule on Under-20 (U-20) futsal athletes physical fitness, from Caçador city, Santa Catarina State. Nine athletes
(17.11 ± 0.78 years) chosen to participate in the study underwent
a periodized program of physical training. Anthropometric averages and body composition indexes were obtained only in post-test
opportunity, showing the following results: body fat - 13.18%, lean
mass - 53,46 kg, fat mass - 8,53 kg. Results revealed significant statistically difference (p < 0.05) in VO2máx. (31.94%), power (2.67%),
abdominal localized muscular resistance (23.14%) and push-ups
(32.14%), from pre- to post-tests. Flexibility showed similar results
from pre- to post tests (p > 0.05). These findings suggest that periodized training has significant effect upon physical fitness of futsal
athletes. On the other hand, flexibility was not improved, mainly
due to the lack of specificity of the work carried out, in regard to
this variable, with the athletes.
Key-words: physical fitness, periodized training, futsal.
Palavras-chave: aptidão física, treinamento periodizado, futsal.
Recebido em 12 de dezembro de 2007; aceito em 20 de dezembro de 2007.
Endereço para correspondência: Ricelli Endrigo Ruppel da Rocha, Av. Santa Catarina, 581, 89500-000 Caçador SC, E-mail: regis_
[email protected]
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Introdução
O futsal é uma das modalidades esportivas mais rápidas e
que exige força, potência, velocidade, resistência e flexibilidade de seus praticantes. A cada ano esta modalidade torna-se
cada vez mais competitiva e é de fundamental importância
desenvolver as valências físicas para aumentar o rendimento
individual e coletivo dos atletas.
Como o futebol, o futsal é uma modalidade desportiva
caracterizada por esforços intermitentes, de extensão variada
e de periodicidade aleatória [1]. Devido à especificidade do
esporte, o programa de treinamento exige esforços de grande
intensidade e curta duração, reações e ações rápidas aos mais
diferentes estímulos e métodos de treinamento específicos
para alcançar os resultados desejados.
Na literatura há uma importante diferenciação na aptidão
física. De acordo com Caspersen et al. [2], a aptidão física
possui elementos relacionados à saúde e ao desempenho. A
interação entre os componentes de aptidão física relacionado
à saúde e atividade física está voltada para as capacidades de
resistência cardiorespiratória, força, resistência muscular,
flexibilidade e composição corporal. A aptidão relacionada
ao desempenho, sendo que cada esporte tem exigências
específicas, compreende a velocidade, potência, agilidade,
equilíbrio, coordenação e tempo de reação, sendo estes componentes importantes para a performance motora dos atletas
de futsal [3-5].
A avaliação da aptidão física é um estudo minucioso do
esporte específico e extremamente importante para elaborar
programas de treinamento que desenvolvam toda a capacidade
dos atletas, diagnosticando variáveis determinantes para a
modalidade, bem como para cada atleta de acordo com sua
função [6,7]. A determinação de padrões referenciais de atletas
em geral e, posteriormente, padrões específicos, representará
um aspecto importante no processo de desenvolvimento da
aptidão física [8].
O crescente desenvolvimento da “ciência” do esporte proporciona a cada dia novos métodos e maneiras de treinamento
físico, técnico, tático e psicológico [9]. Cada capacidade
ou aptidão física deve ser aprimorada ao máximo para que
ocorra o desenvolvimento do rendimento dos atletas, sempre
buscando de forma positiva melhorar a habilidade e proteger
contra possíveis lesões.
Para organizar, estruturar e desenvolver a condição física de
qualquer atleta exige-se, no mínimo, um bom conhecimento
dos fundamentos metodológicos referentes à teoria do treinamento esportivo, e é desta forma que o treinamento esportivo
recebe destaque. O planejamento e organização das cargas
(intensidade, freqüência e duração) bem como os períodos
de recuperação são alguns dos elementos do treinamento que
devem contribuir para o aperfeiçoamento das capacidades
físicas [10]. No caso do futsal, devido a sua complexidade e
particularidades, o processo de estruturação do treinamento
se faz necessário.
Fisiologia_v6.indb 44
Desta forma, o presente estudo analisou o impacto do
treinamento físico periodizado sobre a aptidão física de jogadores de futsal masculino na categoria sub-20 do município
de Caçador no estado de Santa Catarina.
Materiais e métodos
População e amostra
Participaram do presente estudo 9 jogadores de futsal, do
sexo masculino, com idade entre 16 a 18 anos da categoria
sub-20 do município de Caçador. Após tomar ciência dos
objetivos do estudo e de seus possíveis benefícios e riscos, os
sujeitos concordaram e assinaram um termo de consentimento
livre e esclarecido para a realização da pesquisa. Nenhum dos
participantes fez a utilização de medicamentos ou substâncias
farmacológicas nos meses de intervenção, nem apresentou
problemas de saúde ou contusão que poderia excluí-lo do
estudo.
Antropometria e composição corporal
A massa corporal foi obtida por meio de uma balança Filizola, com precisão de 100 g e todos os atletas foram avaliados
descalços, vestindo apenas um calção e camiseta. A estatura
foi medida através de um estadiômetro com a cabeça ereta
observando-se o plano de Frankfurt e com tornozelos unidos
na posição anatômica. A composição corporal foi avaliada
pela técnica de espessura do tecido celular subcutâneo, foram
tomadas em cada ponto 4 medidas, em seqüência rotacional,
do lado direito do corpo, sendo registrado o valor mediano.
As seguintes dobras cutâneas foram aferidas: subescapular,
abdômen, tríceps e axilar média. Para a equação de predição do
percentual de gordura (%GC), foi utilizada a equação [11].
Todas as medidas foram avaliadas por apenas um avaliador, com um adipômetro cientifico Cescorf, com pressão
constante de 10 g/mm2 na superfície de contato e precisão
de 0,1 mm. O coeficiente teste-reteste excedeu 0,95 para
cada um dos pontos anatômicos com erro de medida de, no
máximo ± 1,0 mm.
Avaliação da aptidão física
Adotou-se os testes propostos por Pitanga [12] para
determinar a aptidão física dos atletas, e foram realizados na
seqüência abaixo descritas:
1. Teste de Corrida de 2400 m (cooper) para avaliar o VO2máx
– o teste foi realizado na Pista Olímpica de atletismo do
município de Caçador e antes do teste os atletas foram
familiarizados com a pista andando sobre a mesma. Após
a familiarização os atletas fizeram o aquecimento e alongamento, iniciando o teste, que consistiu em percorrer a
maior distância possível no tempo de 12 minutos e ao final
do teste registrou-se a distância percorrida em metros. Para
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calcular o VO2máx utilizou-se à equação de Cooper [13].
2. Teste de Força Explosiva de Membros Inferiores (salto
horizontal) – realizou-se o teste na quadra esportiva da
Universidade do Contestado (UNC) utilizando uma
trena e uma linha traçada no solo. Os atletas colocaramse imediatamente atrás da linha, com os pés paralelos,
ligeiramente afastados, joelhos semiflexionados, tronco
ligeiramente projetado à frente e logo após o sinal os atletas saltaram a maior distância possível. Foram realizadas
duas tentativas, registrando-se em centímetros, com uma
decimal, a partir da linha traçada no solo até o calcanhar
mais próximo desta, o melhor resultado.
3. Teste de Flexibilidade (sentar e alcançar) – o teste foi
realizado com o Banco de Wells e antes do teste os atletas
realizaram um aquecimento e alongamento individual.
Foram avaliados descalços, de frente para a base do banco,
com as pernas estendidas e unidas, sem flexionar os joelhos
e sem utilizar movimentos de balanço. Cada atleta realizou
duas tentativas e o resultado foi medido a partir da posição
mais longínqua que o aluno pode alcançar na escala com
as pontas dos dedos, registrando o melhor resultado entre
as duas execuções com anotação em uma casa decimal.
4. Teste de Força-Resistência (abdominal) – os atletas posicionaram-se em decúbito dorsal como os joelhos flexionados a 90 graus e com os braços cruzados sobre o tórax,
ao sinal os atletas iniciaram os movimentos de flexão do
tronco até tocar com os cotovelos nas coxas, retornando a
posição inicial. O resultado foi expresso pelo número de
movimentos completos em 1 minuto.
45
5. Teste de Força-Resistência (flexão de braços) – os atletas
realizaram o teste no piso do centro esportivo da UNC,
na posição em decúbito ventral, com as mãos e pontas
dos dedos apoiados no solo, flexionando e estendendo os
braços, mantendo o alinhamento do tronco e das pernas.
O resultado foi obtido pelo número máximo de repetições
completas dos atletas.
Programa de treinamento
O programa de treinamento teve a duração de 16 semanas
e foi dividido em 16 microciclos e 4 mesociclos. Os mesociclos
estão descritos da seguinte forma:
1º Mesociclo - 1 a 4 semanas – Período de preparação
geral. Princípio de adaptação e método de duração de volume
e intensidade crescente;
2º Mesociclo - 5 a 8 semanas - Período de preparação
específica, com o princípio de multilateralidade e método
de duração com volume e intensidade crescente provocando
uma adaptação fisiológica e melhorando as capacidades físicas
dos atletas;
3º Mesociclo - 9 a 12 semanas - Período de preparação
específica. Princípio da sobrecarga, método de duração intervalado e repetição, com o objetivo de aumentar a capacidade
física e psíquica do atleta;
4º Mesociclo - 13 a 16 semanas - Período de auto-rendimento. Princípio da continuidade com o método de duração
com o aumento do volume e intensidade.
Unidade de treino 1º Mesociclo
1
2
3
4
Seg
Avaliação Física
Aeróbio
Aeróbio
Velocidade
Ter
Avaliação Física
Técnico
Força
Aeróbio
Qua
Aeróbio
Força
Técnico
Técnico
Qui
Força
Técnico
Aeróbio
Força
Sex
Técnico
Aeróbio
Força
Aeróbio
Sab
Repouso
Repouso
Repouso
Repouso
Dom
Repouso
Repouso
Repouso
Repouso
Qua
Técnico
Técnico
Técnico
Força
Qui
Velocidade
Aeróbio
Aeróbio
Técnico
Sex
Aeróbio
Velocidade
Força
Força
Sab
Repouso
Repouso
Repouso
Repouso
Dom
Repouso
Repouso
Repouso
Repouso
Qui
Sex
Sab
Dom
Técnico e Tático Aeróbio
Repouso
Repouso
Técnico e Tático Aeróbio
Repouso
Repouso
Técnico e Tático Aeróbio
Repouso
Repouso
Técnico e Tático Repouso
Repouso
Unidade de treino 2º Mesociclo
5
6
7
8
Seg
Força
Força
Aeróbio
Velocidade
Ter
Aeróbio
Velocidade
Força
Aeróbio
Unidade de treino 3º Mesociclo
Seg
9
Aeróbio
10
Aeróbio
11
Aeróbio
12
Avaliação 2
Fisiologia_v6.indb 45
Ter
Qua
Manutenção
Técnico-Tático
Força
Manutenção
Técnico e Tático
Força
Manutenção
Técnico e Tático
Força
Avaliação 2
Técnico e tático
Manutenção
força
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46
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Unidade de treino 4º Mesociclo
13
14
15
16
Seg
Avaliação Física
Técnico
Técnico
Técnico
Ter
Avaliação Física
Técnico
Técnico
Técnico
Qua
Força
Força
Força
Força
Qui
Técnico
Técnico
Técnico
Técnico
Sex
Técnico e tático
Técnico e tático
Amistoso
Técnico
Sab
Repouso
Repouso
Repouso
Repouso
Dom
Repouso
Repouso
Repouso
Repouso
Análise estatística
Discussão
Para a caracterização da amostra, a análise descritiva
(média, desvio padrão) foi utilizada, aplicou-se o teste de
normalidade em todas as variáveis e para as mudanças que
ocorreram nos períodos pré e pós-experimento, o teste “t”
de Student para amostras pareadas foi empregado. O nível
de significância adotado para todas as comparações foi de
p < 0,05, todos os dados foram conduzidos pelo programa
SPSS 10.0.
Os resultados obtidos neste estudo demonstraram que o
treinamento físico periodizado melhorou a aptidão física dos
jogadores de futsal, resultados estes que são muito parecidos
com outros estudos encontrados na literatura [9,14,15], todavia, a flexibilidade não se alterou, possivelmente pela falta
de treinamento específico dos atletas.
Cyrino et al. [15] avaliaram o efeito de 24 semanas de
treinamento de futsal sobre a composição corporal e desempenho motor em atletas juvenis (16,87 ± 0,83 anos). Os
resultados revelaram somente mudança nos indicadores da
potência muscular/força (impulsão horizontal) e agilidade
(shuttle run) e na massa magra dos atletas, resultado parecido
encontrado nesta pesquisa na variável potência, todavia, os
resultados diferiram para resistência muscular localizada do
abdominal.
Outro estudo realizado por Helgerud et al. [14] avaliou
as respostas fisiológicas de 8 semanas de treinamento aeróbio
(método intervalado) em 19 jogadores de futebol júnior (18
± 0,8 anos), sobre o VO2máx., limiar anaeróbio (LA), sprint
e economia da corrida. O estudo apresentou diferenças
estatísticas entre pré e pós-teste para as variáveis de VO2máx.,
LA, economia de corrida e no sprint. Da mesma forma que
o presente estudo encontrou diferenças significativas após a
intervenção para o VO2máx.
Pontes et al. pesquisaram a resposta de 16 semanas
de treinamento em futebolistas (29 a 48 anos), 3 sessões
semanais em dias alternados, com 60 minutos de duração.
O programa de treinamento foi composto de exercícios
aeróbios (corridas e trotes), exercícios anaeróbios (saltos,
chute com bolas, corridas rápidas de 50 a 100 mt) e exercícios de flexibilidade (alongamentos ativos e passivos, 10
a 30 segundos). Encontrando resultado significativo entre
o período pré para o pós-experimento apenas no teste de
flexibilidade (30,1 cm para 33 cm). Este achado difere do
Resultados
A análise descritiva do perfil antropométrico dos indicadores da composição corporal são apresentados na Tabela I
somente no período pós-treinamento como caracterização
da amostra.
Tabela I - Perfil antropométrico dos indicadores da composição
corporal no período pós-teste dos jogadores de futsal.
Idade (anos)
Altura (mt)
Peso (kg)
Massa magra (kg)
Massa gorda (kg)
Gordura (%)
Média
17,11
1,70
62,83
53,46
8,53
13,18
Desvio Padrão
± 0,78
± 3,68
± 7,39
± 4,06
± 5,41
± 7,39
A Tabela II apresenta as modificações ocorridas entre os
períodos pré e pós-treinamento expressas em valores percentuais (Δ%). Os resultados obtidos demonstraram diferença
significativa do período pré para o pós-treinamento, ocorrendo um aumento no VO2máx., potência, resistência muscular
localizada abdominal e flexão de braço, entretanto na variável
flexibilidade não houve diferença significativa entre os dois
momentos da avaliação.
Tabela II - Comportamento da aptidão física dos jogadores de futsal masculino do período pré para o pós-treinamento.
Pré-teste
Pós-teste
∆%
T
P
VO2máx** (ml/kg:min.)
37,89 ± 4,60
49,44 ± 4,83
31,94 ± 19,64
-5,941
0,000
Potência** (mt)
2,11 ± 0,17
2,16 ± 0,17
2,67 ± 1,87
-4,336
0,002
Abdominal** (rml)
40,00 ± 7,31
49,33 ± 11,47
23,14 ± 17,91
-4,063
0,004
Flexão de braço** (rml)
22,44 ± 8,58
29,66 ± 12,30
32,14 ± 30
-3,517
0,008
Flexibilidade (cm)
29,55 ± 5,83
30,12 ± 6,60
1,55 ± 3,77
-1,563
0,157
**Efeito significativo do período pré para o pós-treinamento (p < 0,05).
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
obtido nesta pesquisa, uma vez que a flexibilidade não
apresentou resultado significativo, porém, esta diferença
pode ser em decorrência da amostra do estudo de Pontes et
al. [9] não ser de atletas.
Se compararmos o resultado da fl exibilidade e abdominal desta pesquisa com o estudo de Guedes et al.
[16] que avaliou o crescimento e desempenho motor de
crianças e adolescentes de 7 a 17 anos e de ambos os sexos
da cidade de Londrina (PR), podemos considerar que há
diferenças somente nos resultados do teste de abdominal.
Na flexibilidade, a média dos adolescentes não atletas foi
de 29,20 cm e na variável abdominal 37,48 repetições, em
contrapartida a média da flexibilidade deste experimento
com adolescentes atletas foi de 29,55 cm no início do
teste e após teste de 30,12 cm e na variável abdominal de
40,00 para 49,33 repetições, portanto, podemos enfatizar
que os níveis de flexibilidade não foram diferentes entre
os adolescentes atletas e não atletas.
O percentual de gordura (13,18%) encontrado nesta
pesquisa, no período pós-experimento, foi relativamente
diferente com relação ao estudo de Tenroller [17], que
pesquisou a influência do treinamento físico, durante
3 meses, em 18 atletas juvenis masculino de futsal (17
a 19 anos) da ULBRA, obtendo os resultados de 12%
na gordura corporal no pós-teste. Não existem dados
na literatura que possam padronizar os níveis ótimos de
percentual de gordura para atletas de futsal masculino
ou feminino, sendo assim, estes valores encontrados em
ambas as pesquisas podem variar de acordo com o fenótipo
de cada atleta.
Com o intuito de avançar os conhecimentos sobre o
futsal e treinamento físico periodizado específico para cada
modalidade esportiva, e para que estudos subseqüentes
utilizem as informações expressas aqui, as limitações precisam ser apontadas. No presente estudo, uma limitação
apresentada foi o fato de não se ter utilizado um método
específico para desenvolver a flexibilidade, já que na literatura esta variável tem importância fundamental na melhora
do rendimento, e também a utilização de mais de um teste
para a avaliação, pois não se dispõem de um teste que proporcione valores representativos dos níveis de flexibilidade
geral sugerindo assim futuras pesquisas que englobem a
avaliação e o treinamento específico da flexibilidade. Outra limitação importante foi a não obtenção dos valores da
composição corporal no período pré-experimento, pois o
treinamento físico tem uma influência sobre esta variável,
desta forma estudos devem ser feitos para determinar padrões
de referência aos atletas tanto masculino quanto feminino
da modalidade de futsal. A determinação de referências e
testes específicos para a modalidade de futsal nos conduzirá
a elaborar métodos e metodologias de treinamento para o
aperfeiçoamento e desempenho máximo, tanto individual
quanto coletivo dos atletas.
Fisiologia_v6.indb 47
47
Conclusão
A utilização das variáveis fisiológicas tem obtido merecido
destaque no que diz respeito ao aprimoramento e desenvolvimento da performance dos atletas dentre os mais diferentes
tipos de esporte, apesar de considerarmos que os determinantes do desempenho esportivo são complexos e envolvem uma
série de fatores bioquímicos, fisiológicos, genéticos, anátomomorfológicos e psicológicos. Os resultados obtidos demonstraram no período pré para o pós-treinamento, ocorrendo um
aumento no VO2máx (31,94%), potência (2,67%), resistência
muscular localizada do abdominal (23,14%), resistência
muscular localizada na flexão de braço (32,14%). Na flexibilidade não houve diferença significativa entre os períodos de
treinamento, fato este ocorrido principalmente devido a não
utilização durante as sessões de treinamento periodizado um
método específico para desenvolver a flexibilidade.
Estes resultados permitem propor que modelos sistematizados podem ser aplicados em larga escala na preparação física
de atletas com idade até 20 anos, voltados para a melhoria
da aptidão física destes, resultando, possivelmente, em maior
eficiência nos jogos. Portanto, concluímos que o treinamento
físico e periodizado melhora a aptidão física de atletas de futsal
na categoria sub-20.
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com.br/artigo/artigos.php.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
49
Artigo original
Prática mental combinada ao treinamento
de força como perspectiva de aumento da força
máxima em homens treinados
Mental practice combined to the strength training as a perspective
for increasing maximum strength in trained males
Sergio Eduardo de Carvalho Machado*, José Eduardo Lattari Rayol Prati**, Mauro Cesar Gurgel de Alencar Carvalho***
*Laboratório de Mapeamento Cerebral e Integração Sensório-Motora – IPUB/UFRJ, Laboratório de Biociências da Motricidade
Humana – LABIMH – UCB, **Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH – UCB,***Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia – LAMCE- COPPE- UFRJ, Laboratório de Biociências da Motricidade Humana – LABIMH
– UCB, Colégio Pedro II – UESC I – ADCPII
Resumo
Abstract
O objetivo do estudo foi verificar se através do uso da prática
mental combinada ao treinamento de força seria possível alcançar
um aumento na performance de força muscular máxima em indivíduos treinados em um período de 4 semanas. Foram selecionados
28 sujeitos saudáveis, do sexo masculino, divididos em 2 grupos
de 14, na faixa etária de 18 a 30 anos, mínimo de 6 meses de treinamento com pelo menos 3 sessões semanais, e sem histórico de
lesão osteomioarticular. Ambos os grupos foram submetidos a um
teste de 1RM, 3 vezes na semana, com um intervalo de 48 h entre
os testes, sendo realizada uma média dos testes. O grupo 1 realizou
treinamento de força e o grupo 2 realizou prática mental combinada ao treinamento de força, ambos 3 vezes por semana, durante 4
semanas. Os resultados revelaram uma diferença significativa entre
os grupos, sendo p < 0,05, favorecendo o grupo que realizou prática
mental combinada ao treinamento de força. Conclui-se que a prática
mental parece ser uma ótima técnica adicional ao treinamento de
força, que poderia ser utilizada por atletas visando o aumento de
performance.
The aim of this study was to verify if 4 weeks of mental practice
allied to strength training would be effective in promoting an increase in maximum strength. Twenty-eight healthful male subjects,
18 to 30 years old, were selected and separated into 2 groups of 14.
They should have a minimum of 6 months of training, performing at
least 3 sessions per week and without osteomioarticular injury. Both
groups underwent a test of 1RM, 3 times a week, with 48 h interval
between tests, with an average of tests being carried out. Group 1
accomplished a strength training protocol and Group 2 strength
training plus mental practice. Both groups trained 3 times per week,
during 4 weeks. Results indicated a significant difference between
groups (p < 0.05), with Group 2 showing better performance than
Group 1. This observation suggests that mental practice seems to be
an excellent additional technique to be used with strength training
in order to provide extra gains in strength performance.
Key-words: mental practice, strength, 1RM.
Palavras-chave: prática mental, força, 1RM.
Recebido em 12 de setembro de 2007; aceito em 20 de dezembro de 2007.
Endereço para correspondência: Sergio Eduardo de Carvalho Machado, Rua Professor Sabóia Ribeiro, 69/104, 22430-130 Rio de
Janeiro RJ, Tel: (21) 9638 2492, E-mail: [email protected]
Fisiologia_v6.indb 49
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50
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Introdução
Estudos sugerem que o uso da prática mental possibilitaria
melhorar a força muscular sem a realização de uma contração
muscular significativa [1,2]. A prática mental é definida como
a repetição de um movimento imaginado, realizada diversas
vezes com a intenção de promover aprendizagem ou aperfeiçoamento de uma habilidade motora, visto que a imaginação de
um movimento corresponde a um estado dinâmico durante a
representação de uma ação específica reativada internamente a
memória de trabalho na ausência de qualquer movimento [3].
Numerosos estudos mostraram [3-6] que a prática mental é
uma técnica eficaz de treinamento para realçar o desempenho
de habilidades motoras, quando usados em combinação com a
prática física e mesmo quando usados isoladamente. Diversas
pesquisas vêm examinando a eficácia da prática mental para a
aquisição de habilidades motoras. Entretanto, o mesmo não
ocorre em relação ao efeito da prática mental no desempenho
de força muscular.
Ganhos em força isométrica têm sido observados após
a utilização da prática mental. Por exemplo, Cornwall et
al. [7] relataram que a realização da prática mental, através
da imaginação de contrações dos músculos do quadríceps,
levou a um aumento significativo na força isométrica igualmente ao encontrado em voluntários do grupo controle.
Similarmente, Yue and Cole [1] relataram ganhos em força
isométrica após a realização de prática mental. Eles encontraram que, após 4 semanas de treinamento, os grupos que
realizaram prática física, mental, e o controle aumentaram
a força do músculo abdutor do quinto dedo em 30%, 22%,
e 3.7%, respectivamente. Sendo sugerido que os ganhos
observados, após a prática mental, poderiam ser atribuídos
a mudanças neurais devido a níveis de planejamento e programação motora.
Portanto, o presente estudo tem como objetivo verificar
se através da combinação da prática mental ao treinamento
de força, seria possível alcançar um aumento na performance de força muscular máxima em indivíduos treinados
em um período de 4 semanas. O estudo releva-se devido
à carência de pesquisas investigando os efeitos da combinação do método prática mental com o treinamento de
força, contribuindo dessa maneira com novas informações
sobre o assunto.
Materiais e métodos
Amostra
Foram selecionados 28 sujeitos saudáveis, sexo masculino, na faixa etária de 18 a 30 anos. Todos os sujeitos
analisados eram praticantes de treinamento de força, com
um lastro mínimo de 6 meses de treinamento, com prática
regular de pelo menos 3 vezes por semana e sem nenhum
histórico de lesão osteomioarticular. Foi realizada uma se-
Fisiologia_v6.indb 50
leção aleatória, na qual os sujeitos foram divididos em dois
grupos experimentais de 14 indivíduos. O grupo 1 (G1),
que realizou somente o treinamento de força e o grupo 2
(G2), que realizou o treinamento mental combinado ao
treino de força.
Foi apresentado aos referidos sujeitos, um termo de consentimento sobre a pesquisa a ser realizada, tendo sido este
documento devidamente assinado por todos os envolvidos
neste estudo.
O presente estudo atendeu as Normas para a Realização de
Pesquisa em Seres Humanos, Resolução 196/96, do Conselho
Nacional de Saúde de 10/10/1996.
Procedimentos quanto ao teste
Foi realizado um teste de 1RM no supino, sendo este
precedido por uma série de aquecimento (10 repetições). Os
testes de 1RM foram realizados num total de 3 vezes na semana, com um intervalo de 48 h entre os testes. Foram então
utilizados os valores obtidos nos pré e pós-testes. Tendo sido
avaliados pelo mesmo avaliador.
Procedimentos quanto ao treinamento
Os treinamentos de força e de prática mental foram realizados três vezes por semana, durante quatro semanas.
Treinamento de força
Para o treinamento de força, foi utilizado um protocolo
de 3 séries de 4 a 5RM, com 3 minutos de intervalo entre as
séries com carga predita a 90% de 1RM, objetivando o desenvolvimento da força máxima de cada sujeito [8]. A partir
do 7º treinamento eram acrescidos 5% do total da carga.
Treinamento de prática mental
Para o treinamento de prática mental combinada ao
treinamento de força, os indivíduos deveriam realizar uma
simulação mental do movimento do exercício supino reto
(90˚). Tal simulação mental consistiu na visualização do
movimento sendo realizado por si mesmo [9]. O protocolo
de prática mental deveria ser realizado antes de cada série do
protocolo de treinamento de força.
Análise estatística
A análise de dados foi realizada através de estatística descritiva, na qual se incluiu a relação de media e desvio padrão
das diferenças de ganhos obtidos pelos grupos. Além disto,
foi realizado um teste t pareado sobre os valores médios dos
grupos, e um Teste t de Student para amostras independentes
sobre os ganhos percentuais individuais, tendo como nível de
significância (p ≤ 0,05).
25/4/2008 15:39:15
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Resultados
Através da análise de dados comparando-se os valores
médios, verificou-se que o G2 foi superior ao G1.
Em relação aos grupos, tanto o treinamento de força
aplicado no G1, quanto o treinamento de força associado
51
ao treinamento mental aplicado no G2 geraram melhoras
significativas. Tais resultados puderam ser observados quando
foi aplicado o teste t pareado, comparando os resultados dos
pré-testes com os resultados dos pós-testes em cada um dos
grupos, conforme mostra a Tabela I.
Tabela I - Teste t pareado para o G1 e G2.
Testes
Média (kg)
Variância
t estatístico
p
Pré-teste 1RM G1
86,4 ± 17,20
296,11
-10,669
0,00000008
Pós-Teste 1RM G1
91,1 ± 17,84
318,53
Coube verificar se o treinamento de força associado à
prática mental apresentou ganhos percentuais superiores ao
treinamento de força por si só. Os percentuais de ganho usado
para cada um dos indivíduos foram calculados aplicando a
seguinte fórmula: % de ganho = ((teste x 100) / pré-teste) –
100. Portanto, optou-se pelo teste t de Student para amostras
independentes presumindo variâncias equivalentes. Através
do teste t de Student verificou-se que a diferença encontrada nas médias dos ganhos percentuais foi significativa (p =
0,0001), inferindo que o treinamento de força associado ao
treinamento mental promove aumentos significativamente
maiores na força muscular do que o treinamento de força
sozinho, conforme mostra a Tabela II.
Tabela II - Teste t para amostras independentes presumindo variâncias equivalentes.
Média
Variância
t estatístico
p
Ganhos % G1
5,4
3,50
-4,50
0,0001
Ganhos % G2
9,6
8,89
Discussão
O objetivo do presente estudo teve como objetivo verificar
se através do uso da prática mental associado ao treinamento
de força, seria possível alcançar um aumento na performance
de força muscular máxima em indivíduos treinados em um
período de 4 semanas.
Nossos resultados mostraram uma superioridade do grupo
que realizou a prática mental combinada ao treinamento de
força em relação ao que somente realizou o treinamento de
força, apresentando um nível maior de produção de força.
Interessante são os resultados de Inge et al. [9], indicando
que o efeito do treinamento de prática mental no aumento da
produção de força não se dá devido a aspectos motivacionais
não específicos do treinamento. Os resultados encontrados
por Tod e Iredale [10] indicam que a prática mental poderia
melhorar o desempenho durante a realização de exercícios
de força em sujeitos treinados. Semelhantes são os achados
Fisiologia_v6.indb 51
Pré-teste 1RM G2
87,1 ± 21,56
464,90
-15,06
0,000000001
Pós-Teste 1RM G2
95,2 ± 22,27
496,18
de Brody et al. [11], os quais indicam que a prática mental
poderia conduzir a mudanças no recrutamento de unidades
motoras, na sincronização e/ou na freqüência de disparo.
Portanto, a prática mental provocaria mudanças na atividade
do Sistema Nervoso Central através de um forte comando central. Tal comando recrutaria unidades motoras que de alguma
maneira estariam inativas e/ou levaria as unidades motoras já
ativas a uma intensidade mais elevada (freqüência de disparo),
conduzindo a uma maior ativação muscular. Com o mesmo
raciocínio, Ranganathan et al. [12] sugeriram que a prática
mental permite ao cérebro gerar fortes sinais transmitidos ao
músculo, aumentando o nível de ativação, conseqüentemente
levando a um aumento de força.
Estudos prévios [13-15] mostraram uma relação proporcional entre a magnitude do sinal cerebral para o músculo e
a força muscular voluntária em jovens saudáveis, indicando
que um ótimo nível de força é uma conseqüência de uma
forte atividade cerebral. Tais achados corroboram com os resultados de Dettmers et al. [16] os quais reportaram uma alta
correlação entre o fluxo sanguíneo cerebral regional verificado
por tomografia por emissão de positrons (TEP) e níveis de
força voluntária em várias áreas motoras corticais. Da mesma
maneira, Dai et al. [17] utilizando ressonância magnética
funcional reportaram que em áreas motoras corticais houve
uma correlação positiva entre o sinal da ressonância e os níveis
de força. O aumento no fluxo sanguíneo cerebral regional
e do sinal da ressonância magnética funcional reflete um
aumento na atividade sináptica. Portanto, um elevado sinal
da ressonância magnética funcional e um aumento do fluxo
sanguíneo cerebral regional em altos níveis de produção de
força, indicariam uma ótima atividade neural, sugerindo um
recrutamento maior de neurônios e/ou um disparo em taxas
mais elevadas de neurônios já ativos [18].
Conclusão
Certamente, o que parece ter ocorrido, no presente estudo,
foram aumentos no padrão de ativação muscular provenientes
de uma forte ativação em regiões motoras corticais no grupo
que realizou prática mental combinada ao treinamento de for-
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52
Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
ça. Tais resultados indicam que essa ativação de áreas motoras
do córtex seja uma possível base para o aumento da produção
de força. Portanto, a prática mental parece ser uma ótima
técnica adicional ao treinamento de força, que poderia ser
utilizada por atletas, visando o aumento de performance.
Sugere-se que sejam realizadas novas investigações para
verificar tais mecanismos. Portanto, equipamentos como a
Eletromiografia (EMG) e a Eletroencefalografia quantitativo
(EEGq) seriam ótimas ferramentas para tais investigações,
além da utilização de protocolos com maior tempo de aplicação da prática mental.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
53
Artigo original
Efeito do treinamento com pesos de uma série
versus séries múltiplas sobre a força muscular
em mulheres acima de 40 anos
Effects of one vs. multiple sets weight training upon
muscular strength gain in women aged over 40
Humberto Daiuto Petry*, Carla Cristiane da Silva*, Fábio Lera Orsatti**, Nailza Maestá***, Roberto Carlos Burini****
*Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição (CeMENutri), Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina Botucatu UNESP, ** Professor de Educação Física, Pós-graduando no Setor de Climatério e Menopausa, Departamento de Ginecologia e
Obstetrícia da Faculdade de Medicina UNESP Botucatu (SP), **Nutricionista, Pós-graduando no Setor de Climatério e Menopausa, Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina UNESP Botucatu (SP), ****Professor Titular, Centro de
Metabolismo em Exercício e Nutrição, CeMENutri, Depto. de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu
Resumo
Abstract
A literatura apresenta dados conflitantes sobre o número de
séries necessárias para um programa de treinamento que objetiva o
aumento da força e massa muscular para indivíduos idosos. Com o
objetivo de investigar a diferença entre os efeitos de treinamentos
de série única e séries múltiplas, foram estudados dois grupos. GS1
e GS2 foram compostos por 7 indivíduos do sexo feminino em
cada grupo com idade de 57 ± 11 e 50 ± 9 anos, índice de massa
corporal de 26 ± 2 e 23 ± 3,8 kg/m2 e massa magra de 45,1 ± 6,5
e 42,3 ± 3,5 kg, respectivamente. O GS1 realizou 1 série entre
60-80% de 1RM e o GS2 realizou 3 séries entre 60-80% de 1RM
para os grupamentos musculares e seus respectivos exercícios,
peito (supino), coxa (mesa extensora) e bíceps (rosca direta), por
oito semanas. Os resultados não deferiram entre os grupos (p >
0,05), porém mostraram aumento significativo (p < 0,05) na força
muscular, quando comparado pré e pós treinamento (Δ = 5,9 ± 2
e 7,7 ± 2,3; 2 ± 1,6 e 3,2 ± 1,1; 6,3 ± 2 e 7,2 ± 3; para GS1 e GS2
e grupo musculares coxa, bíceps e peito, respectivamente). A força
muscular foi corrigida pela massa magra, respondendo de forma
semelhante ao da força muscular (Δ = 0,13 ± 0,05 e 0,17 ± 0,01;
0,04 ± 0,03 e 0,07 ± 0,03; 0,14 ± 0,06 e 0,16 ± 0,06; para GS1
e GS2 e grupo musculares coxa, bíceps e peito, respectivamente).
Assim, o propósito do programa série única é manter e desenvolver
uma quantidade de força muscular para contribuir com a saúde e
não otimizar ao máximo a força muscular.
Literature is not consensual about the appropriate number of
sets of strength exercises designed for elderly people aiming strength
gains and muscle hypertrophy. With the purpose to investigate
the difference among training effects of single and multiple sets,
two groups of 7 women, GS1 and GS2, aging 57 ± 11 and 50 ± 9
years, body mass index 26 ± 2 kg/m2 and 23 ± 4 kg/m2 and fat free
mass 45.1 ± 6.5 kg and 42.3 ± 3.5 kg, respectively, were studied.
During 8 weeks they trained chest muscles (bench press), anterior
thigh (leg extension) and biceps (arm curl). Exercise intensity was
established at 60-80% of one-RM, and GS1 performed one set while
GS2 performed three sets of exercises, during each training session.
Results showed no difference between groups, but both of them
had a significant increase in muscular strength comparing pre- vs.
post-tests (Δ = 5.9 ± 2.0 and 7.7 ± 2.3; 2.0 ± 1.6 and 3.2 ± 1.1; 6.3
± 2.0 and 7.2 ± 3.0, for anterior thigh, biceps and chest - GS1 and
GS2, respectively). The same behavior was observed when analyzing
the ratio muscle strength/fat free mass (Δ = 0.13 ± 0.05 and 0.17 ±
0.01; 0.04 ± 0.03 and 0.07 ± 0.03; 0.14 ± 0.06 and 0.16 ± 0.06;
for anterior thigh, biceps and chest - GS1 and GS2, respectively).
It was concluded that a single set of resistance exercises is sufficient
to maintain muscle strength and to develop muscle hypertrophy in
healthy elderly women.
Key-words: elderly women, weigth training, multiple set, single set.
Palavras-chave: treinamento com pesos, séries múltiplas, série
única, mulheres.
Recebido em 10 de dezembro de 2007; aceito em 20 de dezembro de 2007.
Endereço para correspondência: Roberto Carlos Burini, Rua Distrito de Rubião Júnior, s/n-UNESP-FM Botucatu, 18618-970 Botucatu
SP, Tel: (14) 3811-6128, E-mail: [email protected]
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Introdução
Materiais e métodos
A expectativa de vida vem aumentando nos últimos anos,
proporcionando crescimento acentuado da população mais
velha, tanto nos países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento. O Brasil começou a mostrar o envelhecimento
populacional no final do século passado. Os sensos demográficos realizados entre os anos de 1950 e 1991 indicaram
crescimento de 180% na população geral, enquanto que o
número de indivíduos com idades iguais ou superiores há 65
anos aumentou cerca de 460% [1].
Com a sobrevida cada vez maior, existe preocupação em
proporcionar qualidade de vida, na perspectiva primária da
conservação da saúde. Em função das atribulações e dos compromissos do dia-a-dia o estilo de vida sedentário tem-se potencializado entre a população idosa. Uma das conseqüências
deste estilo de vida assumida, associado ao envelhecimento,
gera, particularmente, redução na força e massa muscular,
caracterizando um quadro de sarcopenia [2,3].
A sarcopenia pode avançar até o momento em que o indivíduo fica impossibilitado de realizar as atividades comuns da vida
diária, como as tarefas domésticas, levantar-se de uma cadeira,
da cama ou até mesmo ir ao banheiro a tempo [3-5].
A força muscular é fator importante da capacidade física
funcional de indivíduos idosos. Por conseqüência da instabilidade muscular e articular ocorre um aumento no risco de
quedas e fraturas, particularmente as de quadril [6]. Sendo esta
uma das causas mais importantes de lesões em pessoas idosas,
o que constitui grande fator de morbidade e mortalidade [7],
representando um grave problema de saúde pública.
O treinamento com pesos é considerado uma intervenção
promissora para reverter a perda da força e massa muscular.
Durante a última década, ficaram comprovados os benefícios
do treinamento com pesos para idosos. Em 1990, Fiatarone
et al. [8] demonstraram que mesmo o indivíduo com mais de
80 anos pode alcançar um ganho de força em período de 2
meses, sendo confirmado por outros autores [2,5,9,10].
No entanto, a literatura apresenta dados conflitantes sobre
o número de séries necessárias para um programa de treinamento que objetiva o aumento da força e massa muscular em
pessoas mais velhas.
Apesar das recomendações preconizarem 1 série [11,12],
os trabalhos publicados utilizaram 3 séries [5,8-10,13] para
o desenvolvimento da massa e força muscular.
Isso acontece em função da escassez de pesquisas específicas e confusão na literatura sobre a prescrição mais
adequada. Exemplos bem claros são as variações e limitações
nas metodologias, como o número de repetições, tempo do
estudo, grupos musculares utilizados, tipos de exercícios, ações
musculares, idade e sexo dos indivíduos.
Portanto, o objetivo deste estudo foi determinar o efeito
do volume de treinamento (1 série x 3 séries), dentro de um
protocolo de exercícios com pesos sobre a força muscular de
mulheres acima de 40 anos.
Indivíduos
Fisiologia_v6.indb 54
Fizeram parte deste estudo 14 indivíduos do sexo feminino, com idade de 53 ± 8 anos, residentes no município de
Botucatu. Os quais fazem parte de um projeto de extensão
universitária da Faculdade de Medicina de Botucatu-SP
UNESP, mexa-se pró-saúde. Todos os participantes da amostra
estavam afastados de programas de exercício de força supervisionados por um período de 12 meses.
Critérios de inclusão
Todos os indivíduos foram voluntários (assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido) informando-os sobre
os procedimentos do programa, eram ligados a A. A. Pro-Fit
(Associação dos Adeptos do Exercício Físico e da Nutrição
para Promoção do Desempenho Atlético e da Saúde) e participantes do programa multiprofissional (médico, nutricional,
laboratorial e de educação física) de extensão universitária
de exercícios físicos supervisionados, conduzido pelo Centro
de Metabolismo em Exercício e Nutrição (CeMENutri) da
Faculdade de Medicina da UNESP de Botucatu.
Critérios de exclusão
Os indivíduos foram excluídos do estudo quando no
momento da avaliação médica e sangüínea apresentavam
quadro de insuficiência cardíaca grave, coronariana, respiratória, renal, hepática, doenças neurológicas ou ortopédicas
incapacitantes, diabetes, hipertensão grave. Indivíduos que
não freqüentaram o programa de exercício, por no mínimo
3 vezes na semana, também foram excluídos do estudo.
Antes de iniciar o protocolo de exercícios, todos os indivíduos deste estudo foram submetidos à avaliação antropométrica e da força muscular.
Avaliação antropométrica
O peso foi calculado por balança antropométrica com precisão de 0,1 kg e a estatura foi mensurada por estadiômentro
preso à parede com precisão de 0,1 m. A massa corporal magra
foi avaliada utilizando aparelho de Impedância Bioelétrica
(BIA) seguindo algumas recomendações.
O exame foi realizado em jejum, após noite de sono, e
os indivíduos foram orientados a ingerirem líquidos no dia
anterior ao teste de (BIA); não realizarem exercício físico ou
sauna nas 8 horas que antecederam a avaliação de (BIA); não
ingerirem bebida alcoólica, café e/ou diuréticos nas 12 horas
antes do exame.
Os valores da resistência e da reatância foram utilizados
em equações específicas de acordo com o sexo e faixa etária.
Desta forma, optamos pelas equações de Segal et al. [14],
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que levam em consideração o índice de massa corporal, peso,
idade e sexo.
Protocolo de avaliação da força máxima (1RM)
Os indivíduos participaram de 3 sessões que antecederam
55
o treinamento em dias alternados com intuito de familiarização com o equipamento e as técnicas de exercícios.
O protocolo de avaliação da força máxima contemplou 3
grupamentos musculares, sendo um grupo muscular pequeno
(bíceps) e dois grandes, um de membro inferior (quadríceps)
e um superior (peitoral). O protocolo do teste começou com
um aquecimento entre 5-10 repetições entre 40-60% de 1RM estimada aleatoriamente pelo professor de educação física. Após
o aquecimento foi efetuado um período de repouso de 1 minuto e relaxamento da musculatura envolvida. Em seguida foram
realizadas 3-5 repetições entre 60-80% de 1RM estimada aleatoriamente pelo professor de Educação Física. A partir de então,
o peso foi aumentado consideravelmente e o indivíduo foi estimulado a vencer a resistência executando o movimento. Quando
o peso era superestimado e o indivíduo incapaz de realizar o movimento, este repousava de 3-5 minutos antes da próxima tentativa com nova carga. O procedimento foi realizado até encontrar a carga equivalente a 1RM, variando entre 3-5 tentativas. A
carga adotada como peso máximo, foi o último movimento
completo realizado pelo indivíduo [15].
Protocolo de treinamento
O programa de treinamento teve duração de 8 semanas e
foi realizado três vezes por semana em dias alternados, com
duração aproximada de 40 a 60 minutos para GS1 (grupo
com série única) e GS2 (grupo com séries múltiplas), respectivamente.
O GS1 foi submetido ao TCP (treinamento com peso),
que envolveu exercícios dinâmicos, executando 1 série de 812 repetições entre 70-80% de 1RM até a fadiga tanto para
membros superiores como inferiores. O GS2 foi submetido
ao TCP, com exercícios dinâmicos, executando 3 séries com
12-10-8 repetições até a fadiga com carga progressiva entre
70-75-80% de 1RM, respectivamente.
Para os grupos musculares maiores (peito, costas e coxa)
foram realizados 2 exercícios e para os menores (bíceps e tríceps) 1 exercício. Os indivíduos executaram primeiramente
os exercícios para grandes grupos musculares e depois para
os demais. Os exercícios foram realizados na seguinte ordem:
leg press, extensão dos joelhos, flexão dos joelhos, supino,
peck deck, remada, puxada alta, tríceps pulley e rosca direta.
Quando os indivíduos conseguiam realizar, com facilidade,
algumas repetições a mais que as estipuladas anteriormente,
era adicionada nova carga, suficiente para o número de repetições voltar ao nível inicial, a qual variava entre 2-5%.
A respiração era controlada, de forma que os indivíduos
expiravam durante a ação concêntrica e inspiravam na ação
excêntrica do exercício, com intuito de evitar apnéia. Foi
estipulado intervalo de 1 minuto e 30 segundos a 2 minutos
de descanso entre séries e exercícios. Durante as sessões de
treinamento, os indivíduos foram orientados a realizarem a
ação excêntrica em 2 e a ação concêntrica em 1.
Análise estatística
Os resultados obtidos no início e fim do estudo foram
agrupados em valores de média e desvio-padrão. O teste t de
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Student para amostras dependentes foi utilizado para comparar a força e massa magra no pré e pós-treinamento e para
comparação entre os grupos utilizou-se análise de variância
para medidas repetidas (ANOVA), sendo adotado como nível
de significância p < 0,05.
Resultados
Os resultados da Tabela I mostram o efeito de 2 meses de
TCP na massa corporal magra em GS1 e GS2. No GS1 não
houve diferença na massa magra antes e depois do treinamento. Já em GS2 houve uma diferença significativa (p < 0,05)
na massa corporal magra após 2 meses de TCP.
Tabela I - Características da amostra.
Nº. indivíduos
Idade (anos)
Peso (kg)
IMC (kg/m2)
MM (kg)
M0
M2
M2/M0
GS1
7
57 ± 11
64,8 ± 9,6
26 ± ,2
GS2
7
50 ± 9
57,3 ± 7,9
23 ± 3,8
45,1 ± 6,5
45,2 ± 6,1
0,1 ± 0,8
42,3 ± 3,5
43 ± 3,7*
0,7 ± 4
* =p < 0,05 - comparação entre M0 (início do TCP) e M2 (dois meses
de TCP)
** =p < 0,05 - comparação entre GS1 (grupo série única) e GS2
(grupo 3 séries)
IMC = Índice de massa corporal
MM = Massa magra
A Tabela II mostra o efeito de dois meses de treinamento
contra resistência na força muscular em três tipos de exercícios,
mesa extensora (ME), supino (S) e rosca direta (RD). Em
ambos os exercícios, tanto em GS1 (grupo 1 série) quanto
em GS2 (grupo 3 séries), tiveram aumento significativo
(p < 0,05) na força muscular, após 2 meses de TCP. Esses
resultados quando comparados entre G1 e G2 não tiveram
diferenças significativas no pré e pós-treino em ambos os
exercícios (Tabela II).
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Tabela II - Efeito de dois meses do treinamento com pesos (TCP)
sobre a força muscular em diferentes músculos.
Força
Mesa Extensora (kg)
M0
M2
M2/M0
Rosca direta (kg)
M0
M2
M2/M0
Supino (kg)
M0
M2
M2/M0
GS1
GS2
23,6 ± 7,5
29,4 ± 8*
5,9 ± 2
22,9 ± 2,7
30,6 ± 1*
7,7 ± 2,3
15,3 ± 3,3
17,3 ± 4,2*
2 ± 1,6
17,9 ± 2,9
21,1 ± 2,3*
3,2 ± 1,1
28,6 ± 11,1
34,9 ± 9,8*
6,3 ± 2
32,9 ± 8,6
40,1 ± 8,6*
7,2 ± 3
Discussão
*= p < 0,05 - comparação entre M0 (início do TCP) e M2 (dois meses
de TCP)
**= p < 0,05 - comparação entre GS1 (grupo série única) e GS2
(grupo 3 séries)
M0 = Momento inicial, M2 = momento final GS1 = grupo série única,
GS2 = grupo séries múltiplas.
A força muscular (kg) foi corrigida pela massa corporal
magra (MM), (kg/MM) e em ambos os exercícios tiveram
aumento significativo (p < 0,05) após 2 meses de treinamento
(Tabela III).
Tabela III - Efeito de dois meses do treinamento com pesos (tcp)
sobre a força muscular corrigida pela massa magra em diferentes
músculos.
Força/MM
ME/MM
M0
M2
M2/M0
RD/MM
M0
M2
M2/M0
S/MM
M0
M2
M2/M0
GS1
GS2
0,52 ±0,12
0,64 ± 0,11*
0,13 ± 0,05
0,54 ± 0,06
0,72 ± 0,07*
0,17 ± 0,1
0,34 ± 0,04
0,38 ± 0,05*
0,04 ± 0,03
0,42 ± 0,05
0,49 ± 0,04*
0,07 ± 0,03
0,63 ± 0,2
0,77 ± 0,18*
0,14 ± 0,06
0,78 ± 0,21
0,94 ± 0,21*
0,16 ± 0,06
* = p < 0,05 - comparação entre M0 (início do TCP) e M2 (dois meses
de TCP)
** = p <0,05 - comparação entre GS1 (grupo série única) e GS2
(grupo 3 séries)
M0 = Momento inicial, M2 = momento final GS1= grupo série única,
GS2 = grupo séries múltiplas, ME = Mesa Extensora, RD= Rosca
Direta, S= Supino.
MM = Massa magra.
A força muscular corrigida, quando comparada entre os
grupos GS1 e GS2 não apresentam diferença significativa (p
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< 0,05) nos exercícios ME e S tanto no pré-treino quanto
no pós-treino.
Durante 8 semanas de treinamento com pesos investigou-se o efeito de 2 diferentes volumes de treinamento em
mulheres acima de 40 anos, sobre a força e massa musculares.
Os grupos seguiram os treinamentos progressivos similares
em cargas e repetições, porém diferentes em volumes (1 série
x 3 séries).
Todos os grupos aumentaram a força significativamente
em ambos os membros inferiores e superiores e nos grupos
musculares pequenos e grandes (tabela II) Vários estudos
mostram que indivíduos de ambos os sexos e de idades diferentes aumentam a força muscular com o treinamento com
pesos [5,8,13,16,17]. No entanto, muitos destes utilizam
poucos exercícios e músculos. Adicionalmente, os estudos
não realizam um rígido controle, comparando série única
com séries múltiplas, treinamento até a fadiga comparado
com treinamento sem atingir a fadiga, diferentes repetições
e intensidades. Em 1962, Berger relatou que o treinamento
com pesos, de três séries ou mais, produziriam um efeito maior
na força muscular comparado com série única em indivíduos
jovens [18]. Mais recentemente, Carpinelli e Otto [18] e
Carpinelli [19], em revisões de estudos que comparavam
série única com series múltiplas, indicaram que poucos destes
mostraram superioridade no aumento da força realizados com
séries múltiplas.
Nossos resultados mostraram que série única foi efetiva
tanto quanto séries múltiplas, realizadas três vezes por semana
até a fadiga, sobre a força muscular localizada. Isso foi semelhante tanto para membros superiores como para membros
inferiores em grupos musculares pequenos e grandes (tabela
II)
A força muscular aumentou para GS1 e GS2, 25% e
33,6%, 13% e 17,9% e 22% e 22% em mesa extensora, rosca
direta e supino, respectivamente.
A força muscular está diretamente relacionada à massa
muscular, com isso corrigimos esta com a primeira. Os
resultados não diferenciaram entre o GS1 comparado com
GS2 na força muscular localizada. Esses resultados são semelhantes aos de Starkey et al. [20] quando compararam a força
muscular entre séries únicas x séries múltiplas corrigida pela
força muscular.
A perda da massa muscular está associada a um decréscimo na força voluntária, com um declínio de 10-15% por
década, a partir dos 50 anos de idade [21]. Em 1994, Young
& Skelton [22] sugeriram uma perda na força muscular de
≅1,5% por ano e uma perda de ≅3,5% por ano na potência
muscular, entre 65-84 anos. A diminuição da massa e força
muscular estão significativamente e independentemente
associadas com a diminuição funcional e inabilidade física
principalmente em mulheres idosas [23]. O protocolo GS1
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aumentou a força muscular 25% na mesa extensora, 13%
para rosca direta e 22% para o supino, os quais são iguais ou
relativamente maiores que a redução estimada (10-15%) em
uma década. Portanto, os benefícios à saúde associados com
o desenvolvimento ou manutenção da aptidão muscular pelo
TCP (GS1) são positivos quando observados do perspectivo
envelhecer.
Figura 1 - Comparação entre a redução da força muscular por
década e o efeito de dois meses de treinamento com pesos (TCP).
Conclusão
Esses dados suportam a conclusão que TCP realizado com
1 série é similar ao realizado com 3 séries. Isso tem importante implicação prática, pois realizar uma única série, em
vez de três, torna o exercício mais efetivo em menor tempo.
Essa informação é importante do ponto de vista clínico, pois
overtraining pode ser danoso para os pacientes ou idosos
saudáveis que desejam melhorar a força muscular e não têm
tempo para se exercitar.
O propósito desse tipo de programa é manter e desenvolver
uma significante quantidade de força muscular para contribuir
com a saúde e não otimizar ao máximo a força muscular.
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H, Alen M. Selective muscle hypertrophy, changes in EMG and
force, and serum hormones during strength training in older
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11. American College of Sports Medicine. ACSM’s guidelines for
exercise testing and prescription. 6th ed. Baltimore: Lippincott
Williams & Wilkins; 2000.
12. Pollock ML, Franklin BA, Balady GJ, Chaitman BL, Fleg JL,
Fletcher B, et al. AHA Science Advisory. Resistance exercise in
individuals with and without cardiovascular disease: benefits,
rationale, safety, and prescription: An advisory from the Committee on Exercise, Rehabilitation, and Prevention, Council
on Clinical Cardiology, American Heart Association; Position
paper endorsed by the American College of Sports Medicine.
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13. Barbosa AR, Santarem JM, Jacob-Filho W, Marucci MFN.
Composição corporal e consumo alimentar de idosas submetidas a
treinamento contra resistência. Rev Nutri 2001;14(3):177-83.
14. Segal KR, Van Loan M, Fitzgerald PI, Hodgdon JA, Van Itallie
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analysis: a four-site cross-validation study. Am J Clin Nutr
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15. Maud PJ, Foster C. Physiological assessment of human fitness.
Champaing: Human Kinetics; 2001. p.115-18
16. Lemmer JT, Hurlbut DE, Martel GF. Age and gender responses
to strength training and detraining. Med Sci Sports Exerc 2000;
32:1505-1512.
17. Marx JO, Ratamess NA, Nindl BC, Gotshalk LA, Volek JS,
Dohi K, et al . Low-volume circuit versus high-volume periodized resistance training in women. Med Sci Sports Exerc 2001;
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multiple sets. Sports Med 1998;26(2):73-84.
19. Carpinelli RN. Berger in retrospect: effect of varied weight
training programmes on strength. Br J Sports Med 2002; 36(5):
319-24.
20. Starkey DB, Pollock MI, Ishida Y, Welsch MA, Brechue WF,
Graves JE, Feigenbaum MS. Effect of resistance training volume on strength and muscle thickness. Med Sci Sports Exerc
1996;28(10):1311-20.
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envelhecimento nas variáveis antropométricas, neuromotoras
e metabólicas da aptidão física. Rev Bras Ciênc e Mov 2000;
8(1):15-21.
22. Young A, Skelton DA. Applied physiology of strength and
power in old age. Int J Sports Med 1994;15(3):149-51.
23. Fleck SJ, Kraemer WJ. Fundamentos do treinamento de força
muscular. 2a ed. Porto Alegre: Artes Médicas; 1999. p.200.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Normas de publicação Fisiologia do Exercício
A Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício é uma publicação
com periodicidade bimestral e está aberta para a publicação e
divulgação de artigos científicos das áreas relacionadas à atividade
física.
Os artigos publicados na Revista Brasileira de Fisiologia do
Exercício poderão também ser publicados na versão eletrônica
da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos
(CD-ROM) ou outros que surjam no futuro, sendo que pela
publicação na revista os autores já aceitem estas condições.
A Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício assume o “estilo
Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted
to biomedical journals) preconizado pelo Comitê Internacional
de Diretores de Revistas Médicas, com as especificações que
são detalhadas a seguir. Ver o texto completo em inglês desses
Requisitos Uniformes no site do International Committee of
Medical Journal Editors (ICMJE), www.icmje.org, na versão
atualizada de outubro de 2007 (o texto completo dos requisitos
está disponivel, em inglês, no site de Atlântica Editora em
pdf ).
Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da
revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/email) para nossa redação, sendo que fica entendido que isto não
implica na aceitação do mesmo, que será notificado ao autor.
O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou retorno
de acordo com a circunstância, realizar modificações nos textos
recebidos; neste último caso não se alterará o conteúdo científico,
limitando-se unicamente ao estilo literário.
1. Editorial
Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científico, ou por
um de seus membros.
Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 em
corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times Roman)
com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico,
sobrescrito, etc; a bibliografia não deve conter mais que dez
referências.
2. Artigos originais
São trabalhos resultantes de pesquisa científica apresentando
dados originais de descobertas com relação a aspectos
experimentais ou observacionais, e inclui análise descritiva e/ou
inferências de dados próprios. Sua estrutura é a convencional
que traz os seguintes itens: Introdução, Material e métodos,
Resultados, Discussão e Conclusão.
Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas,
formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12,
com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico,
sobre-escrito, etc.
Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato Excel/
Word.
Figuras: Considerar no máximo 8 figuras, digitalizadas (formato
.tif ou .gif ) ou que possam ser editados em Power-Point, Excel,
etc.
Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências
bibliográficas.
Fisiologia_v6.indb 58
Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão o de
rigor metodológico científico, novidade, originalidade, concisão
da exposição, assim como a qualidade literária do texto.
3. Revisão
Serão os trabalhos que versem sobre alguma das áreas relacionadas
à atividade física, que têm por objeto resumir, analisar, avaliar
ou sintetizar trabalhos de investigação já publicados em revistas
científicas. Quanto aos limites do trabalho, aconselha-se o mesmo
dos artigos originais.
4. Atualização ou divulgação
São trabalhos que relatam informações geralmente atuais sobre
tema de interesse dos profissionais de Educação Física (novas
técnicas, legislação, etc) e que têm características distintas de
um artigo de revisão.
5. Relato ou estudo de caso
São artigo de dados descritivos de um ou mais casos explorando
um método ou problema através de exemplo. Apresenta as
características do indivíduo estudado, com indicação de sexo,
idade e pode ser realizado em humano ou animal.
6. Comunicação breve
Esta seção permitirá a publicação de artigos curtos, com maior
rapidez. Isto facilita que os autores apresentem observações,
resultados iniciais de estudos em curso, e inclusive realizar
comentários a trabalhos já editados na revista, com condições de
argumentação mais extensa que na seção de cartas do leitor.
Texto: Recomendamos que não seja superior a três páginas,
formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12,
com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico,
sobre-escrito, etc.
Tabelas e figuras: No máximo quatro tabelas em Excel e figuras
digitalizadas (formato .tif ou .gif ) ou que possam ser editados
em Power Point, Excel, etc
Bibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências
bibliográficas.
7. Resumos
Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos
inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do Comitê
Científico, inclusive traduções de trabalhos de outros idiomas.
8. Correspondência
Esta seção publicará correspondência recebida, sem que
necessariamente haja relação com artigos publicados, porém
relacionados à linha editorial da revista.
Caso estejam relacionados a artigos anteriormente publicados,
será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes de se publicar
a carta.
Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as especificações
anteriores, bibliografia incluída, sem tabelas ou figuras.
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
PREPARAÇÃO DO ORIGINAL
1. Normas gerais
1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de
texto (Word), em página de formato A4, formatado da seguinte
maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12,
com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico,
sobrescrito, etc.
1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada
tabela junto à mesma.
1.3 Numere as figuras em arábico, e envie de acordo com as
especificações anteriores.
As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e
com resolução de qualidade gráfica (300 dpi). Fotos e desenhos
devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif.
1.4 As seções dos artigos originais são estas: resumo, introdução,
material e métodos, resultados, discussão, conclusão e
bibliografia. O autor deve ser o responsável pela tradução do
resumo para o inglês e também das palavras-chave (key-words).
O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete,
CD-ROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em
mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e
identificar com etiqueta no disquete ou CD-ROM o nome do
artigo, data e autor.
2. Página de apresentação
A primeira página do artigo apresentará as seguintes
informações:
- Título em português, inglês e espanhol.
- Nome completo dos autores, com a qualificação curricular e
títulos acadêmicos.
- Local de trabalho dos autores.
- Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o
respectivo endereço, telefone e E-mail.
- Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para
paginação.
- As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe,
aparelhos, etc.
3. Autoria
Todas as pessoas consignadas como autores devem ter participado
do trabalho o suficiente para assumir a responsabilidade pública
do seu conteúdo.
O crédito como autor se baseará unicamente nas contribuições
essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise
e interpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão
crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual; c)
a aprovação definitiva da versão que será publicada. Deverão
ser cumpridas simultaneamente as condições a), b) e c). A
participação exclusivamente na obtenção de recursos ou na coleta
de dados não justifica a participação como autor. A supervisão
geral do grupo de pesquisa também não é suficiente.
Os Editores podem solicitar justificativa para a inclusão de autores
durante o processo de revisão do manuscrito, especialmente se o
total de autores exceder seis.
4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words)
Na segunda página deverá conter um resumo (com no máximo
150 palavras para resumos não estruturados e 200 palavras para
Fisiologia_v6.indb 59
59
os estruturados), seguido da versão em inglês e espanhol.
O conteúdo do resumo deve conter as seguintes informações:
- Objetivos do estudo.
- Procedimentos básicos empregados (amostragem, metodologia,
análise).
- Descobertas principais do estudo (dados concretos e
estatísticos).
- Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior
novidade.
Em seguida os autores deverão indicar quatro palavras-chave
para facilitar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar
os termos utilizados na lista dos DeCS (Descritores em Ciências
da Saúde) da Biblioteca Virtual da Saúde, que se encontra no
endereço Internet seguinte: http://decs.bvs.br. Na medida do
possível, é melhor usar os descritores existentes.
5. Agradecimentos
Os agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio financeiro
e material, incluindo auxílio governamental e/ou de laboratórios
farmacêuticos devem ser inseridos no final do artigo, antes as
referências, em uma secção especial.
6. Referências
As referências bibliográficas devem seguir o estilo Vancouver
definido nos Requisitos Uniformes. As referências bibliográficas
devem ser numeradas por numerais arábicos entre parênteses e
relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as
seguintes normas:
Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de
seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se
diferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico),
ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano
da impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto.
Exemplo:
1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor.
Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed.
New-York: Raven press; 1995. p.465-78.
Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es),
letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto.
Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação
seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois
pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas
ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados de acordo com
o Index Medicus, na publicação List of Journals Indexed in Index
Medicus ou com a lista das revistas nacionais, disponível no site
da Biblioteca Virtual de Saúde (www.bireme.br). Devem ser
citados todos os autores até 6 autores. Quando mais de 6, colocar
a abreviação latina et al.
Exemplo:
Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S. Expression and
localization of urokinase-type plasminogen activator receptor
in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20.
Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para:
Guillermina Arias - Atlantica Editora
Rua da Lapa, 180/1103 - Lapa - 20241-080 Rio de Janeiro RJ
Tel: (21) 2221 4164 - E-mail: [email protected]
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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 6 Número 1 - janeiro/dezembro 2007
Calendário de eventos
Maio
1 a 3 de maio
II Congresso Internacional de Biodinâmica da UNESP
Rio Claro, SP
Informações: http://www.rc.unesp.br/
1 a 3 de maio
22 a 25 de junho
VII Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul
Pesquisa na Educação e Inserção Social
Itajaí, SC
Informações: http://www.univali.br/anpedsul
24 a 26 de junho
V Congresso ACAD
Marina da Glória, Rio de Janeiro
Informações: Tel: (21) 2493-0101, [email protected]
II Congresso Brasileiro de Hidroterapia
São Paulo, SP
Informações: http://www.congressodehidroterapia.com/
1 a 4 de maio
Julho
18ª Convenção Internacional Fitness Brasil
Santos, SP
Informações: http://www.fitnessbrasil.com.br
1 a 4 de julho
IV Congresso Brasileiro de Comportamento Motor
São Paulo, SP
Informações: http://www.eefe.usp.br/cbcm/
1 a 4 de maio
44º ENAF
Poço de Caldas, MG
Informações: www.enaf.com.br
7 a 11 de julho
8 de maio
Jornada “História do Esporte: da Antiguidade aos dias de
hoje”
Rio de Janeiro, RJ
Informações: http://www.lazer.eefd.ufrj.br/sport/jornada/
13 a 16 de maio
I Colóquio Nacional sobre Esporte
Londrina, PR
Informações: http://www2.uel.br/eventos/cne/
VIII Jornada do HISTEDBR
Sociedade, Estado e Educação
São Carlos, SP
Informações: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/
10 a 22 de julho
5º Encontro Internacional de Esporte e Atividade Física
São Paulo, SP
Informações: http://www.phorte.com.br/encontro
Setembro
22 a 24 de maio
12º Congresso Paulista de Educação Física
Jundiaí, SP
Informações: http://www.editorafontoura.com.br/congresso
22 a 24 de maio
II Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e
Exercício
Londrina, PR
Informações: http://www.gepemene.com.br/conbramene
22 a 24 de maio
XIII Encontro Paranaense, VIII Congresso Brasileiro e II
Convenção Brasil/Latino-América de Psicoterapias Corporais
Curitiba, PR
Informações: http://www.centroreichiano.com.br/
22 a 25 de maio
4 a 6 de setembro
9th IHRSA - Fitness Brasil - Latin American Conference &
Trade Show
São Paulo, SP
Informações: http://www.fitnessbrasil.com.br
17 a 20 de setembro
XII Congresso de Ciências do Desporto e Educação Física
dos Países de Lingua Portuguesa
Ciências do Desporto e Educação Física: Paz, Direitos
Humanos e Inclusão Social
Porto Alegre, RS
Informações: http://www.esef.ufrgs.br/xiipalops
Outubro
9 a 11 de outubro
JOPEF 2008
Curitiba, PR
Informações: http://www.korppus.com.br/
XXXI Simpósio Internacional de Ciência do Esporte
“Da teoria à prática: do fitness ao alto rendimento”
São Paulo, SP
Informações: http://www.celafiscs.org.br
22 a 25 de maio
Bahia Fitness Porto Seguro
[email protected]
www.rezendesports.com.br
10 a 12 de outubro
8ª Convenção Norte-Nordeste Fitness Brasil
Salvador, BA
Informações: http://www.fitnessbrasil.com.br
Junho
Novembro
6 a 8 de junho
4º Meeting Treinamento de Força
São Paulo, SP
Informações: http://www.fitnessbrasil.com.br
18 a 19 de junho
9 a 12 de novembro
V Congresso Brasileiro de História da Educação
Aracajú, SE
Informações: http://www.sbhe.org.br
Fórum de História do Esporte
Rio de Janeiro, RJ
Informações: http://www.lazer.eefd.ufrj.br/sport/forum/home.html
Fisiologia_v6.indb 60
25/4/2008 15:39:17
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Fisiologia do Exercicio_2007