Organização Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Gerência da Unidade de Naviraí Coordenação do Curso de Química Coordenação do Curso de Tecnologia em Alimentos Coordenação Prof. Dr. Alberto Adriano Cavalheiro Prof. Dr. Ademir dos Anjos Anais Comitê Científico Prof. Dr. Euclésio Simionatto Prof. Dr. Rogério César de Lara da Silva Prof. Dr. Sandro Minguzzi Prof. Ms. Jusinei Meireles Stropa Profa. Ms. Simone Cândido Ensinas 2 9 de outubro a 1 de novembro de 2014 Naviraí/MS - Brasil 0 25 Avaliação da Persistência do Corante Azul de Bromotimol por Fotólise em Meio Aquoso Natali A. Cruz1, Eduardo F. De Carli, Jusinei M. Stropa, Alberto A. Cavalheiro2. CPTREN - UEMS/Naviraí 1 [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO A preservação da qualidade da água em mananciais hídricos, onde está presente uma infinidade de seres vivos está diretamente ligada à manutenção da vida no planeta. O monitoramento dos processos de contaminação e seus possíveis efeitos sobre este ecossistema ajudam a propor soluções para remediação dos efeitos danosos da contaminação aquática e outros processos naturais (KUNZ, 2001; TAMINI, 2008). A crescente urbanização, principalmente em paises em desenvolvimento, seguido do aumento das áreas cultiváveis para dar conta do aumento da população mundial, vem exigindo que se implante maior controle das contaminações dos mananciais hídricos por poluentes persistentes, como pesticidas, hormônios, defensivos agrícolas, corantes e fármacos, denominados micro-poluentes orgânicos (NOGUEIRA, 1998; SILVA, 2008). Os micro-poluentes orgânicos são espécies tóxicas, carcinogênicas e mutagênicas, mesmo em concentrações reduzidas no meio aquático, pois a reação de oxidação necessária para sua degradação é de segunda ordem, o que faz com que a velocidade de reação decaia rapidamente com a redução da concentração dos poluentes no meio reacional. Assim, abaixo de certa concentração, o tratamento convencional nas estações de tratamento de água não é capaz de remover este tipo de substância, necessitando de Processos Oxidativos Avançados, como ozonólise, foto-fenton ou fotocatálise (NOGUEIRA, 1998; CAVALHEIRO, 2008). E métodos avançados se fundamentam na geração de intermediários altamente oxidantes que degradam qualquer molécula orgânica, mesmo as mais refratárias, levando a completa mineralização, com formação de gás carbônico, água e sais minerais. A validação deste tipo de metodologia depende do estudo de degradação de substâncias de referência, que sejam reconhecidamente persistentes e refratárias à degradação natural (SILVA, 2008). Neste trabalho, objetivou-se avaliar o grau de persistência do corante azul de bromotimol em água, em dois intervalos distintos de pH, submetida a fotólise solar e a fotólise sob luz negra (385 nm - 40 W), simulando as condições mais comuns dos meios aquáticos naturais. Também, objetiva-se estabelecer a utilidade deste composto como referência para validar a eficiência de processos de oxidação avançados a serem investigados. Anais da 4ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - 2014. Natali A. Cruz, Eduardo F. De Carli, Jusinei M. Stropa, Alberto A. Cavalheiro. Anais 4JCN (2014) pp. 25-28. MATERIAIS E MÉTODOS A solução do corante azul de bromotimol foi preparada por dissolução prévia em etanol absoluto, divido a baixa solubilidade em água deste sólido branco e inodoro. Como a maior parte dos indicadores, o azul de bromotimol é um ácido orgânico fraco muito pouco solúvel em água (WEAST, 1981). A molécula de azul de bromotimol tem composição química C27H28Br2O5S e estrutura formada por dois monoterpenos fenólicos, sendo um deles contendo um átomo de bromo, e um grupo benzênico ligado a um éster sulfônico. Uma alíquota da solução inicial é então transferida para um balão volumétrico e diluída com água destilada até obter uma concentração molar de 1,67.10-4 mol.L-1. Os testes de fotólise foram executados transferindo parte da solução 1,67.10-4 mol.L-1 para recipiente apropriado e ajustando o pH HCl 0,1 molar até se situar próximo a 6,0. Para os testes de fotólise solar, a solução foi inserida em um recipiente de vidro largo e baixo, posicionado sobre um agitador magnético e posicionado sob a luz solar no período das 12:00h até as 14:00h. Para os testes de fotólise sob luz negra, a solução foi inserida em um béquer grande posicionado sobre um agitador magnético e sob duas lâmpadas de luz negra com 20W de potência cada uma, totalizando 40W de potencia irradiada. Alíquotas destas soluções foram retiradas em intervalos de tempo e analisadas por espectroscopia na região do UV-Vis. Figura 1: Procedimento de Fotólise sob luz negra da solução de azul de bromotimol com pH ajustado para 6 com HCl. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 2, observa-se o conjunto de espectros das soluções de azul de bromotimol, com pH ajustado para 6,0 com HCl 0,1M. É possível constatar que todas as soluções apresentam praticamente o mesmo perfil de absorção no intervalo de comprimento de onda analisado, demonstrando que a radiação solar intensa do período mais luminoso do dia, entre 12:00h e 14:00h, não é capaz de produzir nenhum tipo de alteração estrutural na molécula que leve a alteração da absorção na região do UV-Vis, uma condição necessária para seja comprovada a degradação deste tipo de corante em ambientes naturais aquáticos. Avaliação da Persistência do Corante Azul de Bromotimol por Fotólise em Meio Aquoso 26 Natali A. Cruz, Eduardo F. De Carli, Jusinei M. Stropa, Alberto A. Cavalheiro. Anais 4JCN (2014) pp. 25-28. Na Figura 3, observa-se o conjunto de tubos de ensaio com soluções de azul de bromotimol, com pH da soluçai inicial ajustado para 6,0 com HCl 0,1M, sob ação de radiação de luz negra, com comprimento de onda de 385 nm originada a partir de lâmpadas de ultravioleta. É possível constatar que todas as soluções apresentam praticamente a mesma tonalidade de cor, demonstrando que a radiação de luz negra usada também não é capaz de produzir descoloração da solução deste corante no pH investigado. Análises por espectroscopia na região do UV-Vis destas soluções mostraram o mesmo comportamento visualizado para os espectros obtidos para as soluções submetidas a fotólise solar. Figura 2: Espectros das soluções de azul de bromotimol com pH ajustado para 6 com HCl ao longo do tempo de irradiação sob luz solar (de 12:00h às 14:00h). Figura 3: Sequência de tubos de ensaio com as alíquotas das soluções de azul de bromotimol retiradas ao longo do tempo de irradiação com luz negra (40 W de potência). Avaliação da Persistência do Corante Azul de Bromotimol por Fotólise em Meio Aquoso 27 Natali A. Cruz, Eduardo F. De Carli, Jusinei M. Stropa, Alberto A. Cavalheiro. Anais 4JCN (2014) pp. 25-28. CONCLUSÕES A persistência do corante azul de bromotimol em água ficou evidente quando exposta sob radiação solar e mesmo sob irradiação de luz UV-A com intensa radiação de 40W por até 2 horas. Após análises por espectroscopia na região do UV-Vis e também observação visual de coloração da solução inicial, foi possível concluir que o corante azul de bromotimol é absolutamente persistente no meio aquoso em pHs típicos de ambientes naturais aquáticos. A grande persistência do corante azul de bromotimol sob intensa radiação de luz negra, com comprimento de onda de 385 nm, simula o efeito da componente ultravioleta da radiação, o que permitiria acelerar o processo de degradação, caso este tipo de reação possuísse cinética muito lenta. Entretanto, não foi possível perceber nenhum efeito de degradação ao longo do tempo de irradiação, levando a conclusão de que compostos com similaridade estrutural a esta molécula podem ser um grande fator de risco ambiental. Baseado nestes resultados pode-se concluir que esta substância tem demonstrado ser uma referência adequada para avaliar processos de degradação de poluentes persistentes em meio aquáticos no que tange a estudo de outras metodologias de despoluição, pois metodologias eficientes de despoluição de micro-poluentes orgânicos devem ser hábeis também para degradar o azul de bromotimol, pois esta substância tem demonstrado ser uma excelente referencia para validação de processos em meio aquáticos. AGRADECIMENTOS Nos autores agradecem a FINEP, pelos recursos para a construção do CPTREN, ao Fundect-MS e CNPq, pelo fomento a pesquisa, através de editais universais e de ação transversal em Nanotecnologia e bolsas de Iniciação Científica e Mestrado, a CAPES pelas bolsas de Iniciação Científica e bolsa de Mestrado e Doutorado, A UNESP - Araraquara e UFMS - Campo Grande, pelas parcerias e colaboração que viabilizaram o desenvolvimento deste trabalho nas etapas de caracterização dos materiais e, PROPP/UEMS e a Gerencia da Unidade de Naviraí, pelo apoio institucional e infraestrutura para pesquisa. REFERÊNCIAS CAVALHEIRO, A. A.; BRUNO, J. C.; SAEKI, M. J.; VALENTE, J. P. S.; FLORENTINO, A. O. Photocatalytic Decomposition of Diclofenac Potassium using Silver-Modified TiO2 thin Films. Thin Solids Films, 516, 18 (2007) 6240-6244. KUNZ, A.; PERALTA-ZAMORA, P.; MORAES, S. G.; DURÁN, N. Novas Tendências no Tratamento de Efluentes Têxteis. Química Nova, 25, 1 (2001) 78-82. NOGUEIRA, R. F. P.; JARDIM, W. F. A Fotocatálise Heterogênea e sua Aplicação Ambiental. Química Nova, 21, 1 (1998) 69-72. SILVA, CLAUDIA S. C. G. Synthesis, Spectroscopy and Characterization of Titanium Dioxide Based Photocatalysts for the Degradative Oxidation of Organic Pollutants. Tese em Engenharia Biológica, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, Portugal (2008). TAMINI, M.; QOURZAL, S.; BARKA, N.; ASSABBANE, A.; AIT-ICHOU, Y. Methomyl Degradation in Aqueous Solutions by Fenton’s Reagent and the Photo-Fenton System. Separation and Purification Technology, 61 (2008) 103-108. WEAST, R. C. Handbook of chemistry and physics. 62nd ed. Boca Raton: CRC Press (1981). 28