UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DOMÉTICA PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL ANAIS VII Simpopet do Programa de Educação Tutorial em Economia Doméstica “ECONOMIA SOLIDÁRIA: UMA ALTERNATIVA PARA A VALORIZAÇÃO DO SER HUMANO” 1 COMISSÃO ORGANIZADORA Aline de Oliveira Rodrigues Aparecida de Paula Machado Danielle Batista Moreira da Silva Paiva Érika Cristine Silva Glauciane Aparecida Pereira Jardel Fellipe de Lima e Silva Joseane Dias da Silva Marli Irias Pollyana Teixeira da Silva Raquel Aparecida de Oliveira Silva Simone Caldas Tavares Mafra Simone Martins Gomes Taís Ribeiro Fortes Comissão Técnico-científico Aline de Oliveira Rodrigues Joseane Dias da Silva Comissão Avaliadora Cristiane Natalício de Souza Elza Vidigal Guimarães Emília Pio Silva 2 ÍNDICE Editorial...........................................................................................................................04 ARTIGOS E RESUMOS EXPENDIDOS* ANÁLISE E ESTUDO SOBRE O TRABALHO DOMÉSTICO E SEU MODO DE REPRODUÇÃO..............................................................................................................05 BRINQUEDOTECA HOSPITALAR: PROPORCIONANDO VIVÊNCIAS LÚDICAS DURANTE A HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA.....................................................14 CONSUMO E LAZER NA PERSPECTIVA DOS JOVENS.........................................18 LAZER, CONSUMO E INDÚSTRIA CULTURAL......................................................25 O PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS IDOSOS NO BRASIL: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS DADOS DA POF (2008-2009)...............................................................31 O TRABALHO VOLUNTÁRIO E ASSOCIATIVO: VIVÊNCIAS E IMPLICAÇÕES...............................................................................................................35 UM OLHAR PARA OS NOVOS ARRANJOS FAMILIARES DOS IDOSOS NO BRASIL...........................................................................................................................49 UMA ATENÇÃO VOLTADA ÀS FAMÍLIAS QUE VIVENCIAM A HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL...................................................................................54 Patrocinadores.................................................................................................................60 ___________________________________ * O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade dos autores. 3 EDITORIAL O Programa de Educação Tutorial, Pet/Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa, promoveu nos dias 12 e 13 de Dezembro de 2012 o VII Simpósio do Programa de Educação Tutorial em Economia Doméstica, que teve como temática “Economia Solidária: Uma Alternativa para a Valorização do ser Humano”. Este evento buscou proporcionar aos participantes uma compreensão sobre a temática, bem como, estabelecer um diálogo entre os envolvidos no evento, buscando melhoria da pesquisa sobre o tema no âmbito acadêmico. Lembramos que o conteúdo dos artigos presentes nestes anais é de inteira responsabilidade dos autores. COMISSÃO COORDENADORA 4 ANÁLISE E ESTUDO SOBRE O TRABALHO DOMÉSTICO E SEU MODO DE REPRODUÇÃO Nome dos autores: Cynthia Aparecida Gonçalves e Luciana Alfenas Pacheco. Instituição de origem: Universidade Federal de Viçosa - UFV E-mail: [email protected] e [email protected] RESUMO O termo trabalho é caracterizado como a capacidade de realizar uma obra que te expresse que dê reconhecimento social e que se conserva além da vida; assim como o esforço rotineiro e repetitivo, sem liberdade, de resultado consumível e incomodo inevitável (BRUCHINI e LOMBARDI, 2000). O trabalho realizado pelas empregadas domésticas é diferente do realizado por outros trabalhadores, na medida em que não configura uma relação capital-trabalho típica: não gera lucro para a família na qual ela trabalha e por sua vez, não é uma microempresa. No emprego doméstico apresenta-se o caráter não econômico da atividade exercida no âmbito residencial do(a) empregador (a). Acredita-se que o papel da mulher foi socialmente construído, uma vez que ela é vista como dona-de-casa, seu trabalho é realizado para atender as pessoas de uma forma natural, desvinculado ao mercado. Portanto, neste estudo verificou-se uma desvalorização do trabalho doméstico em relação aos outros meios de sobrevivência. PALAVRAS CHAVES: trabalho doméstico, dona de casa e desvalorização. 1. INTRODUÇÃO Segundo Albornoz (1986) na linguagem do dia-a-dia a palavra trabalho possui vários significados, pois seu conteúdo oscila. Certas vezes carregada de emoção, dor, tortura, suor do rosto e fadiga. Além de se referir à ação humana de transformar a matéria prima em objeto de cultura. A autora menciona que em português, mesmo havendo duas palavras labor e trabalho, são possíveis as mesmas significações, como a de realizar uma obra que te expresse que dê reconhecimento social e que permaneça além da vida; bem como a de 5 esforço rotineiro e repetitivo, ausente de liberdade, de resultado consumível e incomodo inevitável. De acordo com Albornoz (1986) no dicionário da Filosofia o homem trabalha quando coloca em atividade suas forças espirituais e corporais, visando um fim sério que deve ser realizado. No que diz respeito à Física, por exemplo, o nome do produto entre a força e o deslocamento que um corpo em movimento executa no tempo é denominado trabalho. Já a fisiologia, mesmo que não se possa atribuir nenhum objetivo consciente, um músculo realiza trabalho. Quando se refere ao trabalho em Sociologia, na maioria das vezes se esta no contexto da divisão do trabalho social, deixando-se o esforço executado no isolamento, gratuito, ou isento de produto imediatamente aparente, como no caso da mulher doméstica, dentro do seu âmbito familiar. Emprego doméstico é o caráter não-econômico da atividade exercida no âmbito residencial do(a) empregador(a). Nesses termos, integram a categoria os(as) seguintes trabalhadores(as): cozinheiro(a), governanta, babá, lavadeira, faxineiro(a), vigia, motorista particular, jardineiro(a), acompanhante de idosos(as), entre outras. O(a) caseiro(a) também é considerado(a) empregado(a) doméstico(a), quando o sítio ou local onde exerce a sua atividade não possui finalidade lucrativa (Trabalho doméstico: direitos e deveres: orientações, 2005). A autora Albornoz cita que a pessoa que não possui uma vaga de emprego assalariado, mesmo realizando um trabalho autônomo, como por exemplo, de biscateiro, dona-de-casa, camelô, artesão, técnico, dentre outros, mesmo que não exerça de forma clandestina ou informal, ainda assim poderá ser considerado desempregado ou subempregado. O trabalho que é realizado em casa, mesmo sendo encomendado pela fábrica é uma espécie de trabalho doméstico, porém sua contribuição para a produção não é questionada. Bruchini e Lombardi (2000) argumentam que o trabalho realizado pelas empregadas domésticas difere daquele realizado por outros trabalhadores, na medida em que não configura uma relação capital-trabalho típica: não gera lucro para a família na qual ela trabalha e por sua vez, não é uma microempresa. Quanto à jornada, os afazeres domésticos – tanto para o empregado quanto para a dona-de-casa – não estão sujeitos, como em uma fábrica ou escritório, a ritmos ou tempos delimitados. Além disso, dificilmente haverá supervisão ou controle no espaço familiar, onde o trabalho é realizado. A questão é mais complexa quando se trata de empregadas residentes sujeitas 6 a constante solicitação por parte dos moradores do domicílio e, portanto, a jornadas mais longas. De acordo com Bruchini (1982) ao invés de identificar o trabalho apenas com as atividades de mercado (ou atividades produtivas) e o trabalho doméstico não remunerado como forma de inatividade, a inclusão dos trabalhadores domésticos não remunerados entre os que participam da produção social permite que uma série de aspectos importantes na verdade conhecidos até intuitivamente, tornem-se manifestos. O primeiro deles é que uma grande parte da população considerada “inativa” encontrase efetivamente ocupada, ou seja, trabalhando na produção doméstica não remunerada. O segundo aspecto é que, ao incluí-las entre os que trabalham, fica evidente que no conjunto da população as mulheres trabalham mais do que os homens, sobretudo porque grande parte das trabalhadoras cumpre diariamente uma dupla jornada de trabalho. O foco central do presente artigo consiste em analisar brevemente sobre o trabalho doméstico e seu modo de reprodução. E como objetivos específicos: - Definir o trabalho e trabalho doméstico, - Identificar quando passou a existir o termo “trabalho doméstico”, - Caracterizar o modo de reprodução do trabalho e a desvalorização do trabalho feminino. 2. METODOLOGIA Segundo Silva e Silveira (2003), metodologia é definida como o conjunto das atividades a serem desenvolvidas para a obtenção dos dados bibliográficos e/ou de campo com os quais se desenvolverá a questão proposta pela pesquisa. Para Malheiros (2012) s/p. “a pesquisa bibliográfica levanta o conhecimento disponível na área, identificando as teorias produzidas, analisando-as e avaliando sua contribuição para compreender ou explicar o problema objeto da investigação”. Este estudo caracteriza-se como pesquisa bibliográfica. De acordo com a definição de Vergara (2007): 7 Pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. Fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mesma (VERGARA, 2007, p. 48). Assim, esta pesquisa foi desenvolvida baseada principalmente em livros e artigos da internet. 3. REVISÃO DE LITERATURA De acordo com Duran (1989), existem dois grandes sistemas econômicos, um exterior as famílias, o agrícola que esta se tornando industrial, e o outro familiar, que continua com suas características tradicionais no que tange à tecnologia e ao modo de produção. Os economistas se restringem a estudar a economia do sistema econômico extra familiar, deixando assim a economia a qual a primeira serve e se apoia, denominada economia familiar, uma vez improdutiva, consequentemente não possuindo valor. O autor também afirma que a tecnologia não construiu mudanças importantes em seu trabalho e o dinheiro permite comprar bens na economia exterior, e que não paga o que se produz internamente. A industrialização ocorre fora do âmbito familiar, influenciado indiretamente sobre a dona-de-casa. Para Duran (1989), a menina vem ao mundo com seu destino prefixado, desde pequena recebe de seus pais bonecas, aventais, vestidinhos dentre outros, que fogem do masculino, são proibidos para os meninos que serão castigados se desobedecerem, caso comportarem-se como meninas. A filha que é atribuída o papel de dona-de-casa, e se não deseja assumir, possui poucas soluções alternativas, ao contrário dos seus irmãos homens. De acordo com Duran (1983, p.15): A ocupação de donas-de-casa não é natural, mas histórica. No atual estágio de técnica só a maternidade é função naturalmente feminina, mas entre a gestação e o parto e as duzentas mil horas de trabalho doméstico que executa uma dona-de-casa ao longo de sua vida, não há nenhuma correspondência necessária, mas apenas circunstancial (DURAN, 1983, p.15). A condição econômica das tarefas domésticas é ignorada, sendo negada como caráter de trabalho. 8 Duran (1983, p.15) afirma que: O trabalho da dona-de-casa não é intercambiado: o único lugar possível de trabalho é seu próprio lar. Não é contratual, salvo raras exceções, e se define pelo costume. Flutua mais que nenhum outro em suas exigências por se tratar de uma força de trabalho e não existir uma força de trabalho externa disponível; quando a demanda de trabalho dentro da família aumenta, este aumento recai totalmente sobre a dona-de-casa. Se o trabalho não lhe agrada, só pode tratar de amenizá-lo, esquecendo-o enquanto o executa (DURAN, 1983, p.18). O mesmo enfatiza que as donas-de-casa estão permeadas pela ideia do dever e da obrigação, não trabalham apenas com o corpo e mente, estão entrelaçadas a família e ao trabalho, dia e noite. Para elas não existe lugar para as atividades voltadas para o próprio lazer, trabalham visando atender seus familiares em primeiro lugar, e elas mesmas em segundo plano. Para Duran as donas-de-casa depositam nos objetos seu trabalho e aumentam seu valor. É um trabalho de transformação material de bens, muito necessário, pois caso ocorresse uma greve geral das donas-de-casa um desabamento imediato de toda economia iria ocorrer. É um trabalho que não faz sentido enquadrá-lo como produtivo ou improdutivo, pois se trata de um trabalho coletivamente necessário. A dona-de-casa tem seu trabalho feito sobre as coisas e as pessoas, sempre enfocando os indivíduos que constituem sua família. O trabalho doméstico começa de manha e termina a noite, sem descanso, feriados, férias ou pausas, a cada manha há um recomeço. No geral, pode-se dizer que o número de horas de trabalho, de tensão e de esforço sejam maiores em famílias extensas e menores nas famílias reduzidas. O trabalho doméstico apresenta o aspecto afetivo ou emocional do trabalho, que tem sido ignorado, porque não possui tanta importância na economia exterior e de troca, como na economia doméstica. O referido autor também afirma que, o casamento marca o início de um ciclo econômico para a maioria das mulheres, a plenitude de sua contribuição coincide com a chegada dos filhos. Este período da vida familiar é o que requer maior esforço para as mulheres, pois no lar, convivem juntos os pais e filhos de idade pré-escolar e escolar. O autor também aborda que o trabalho da dona-de-casa possui duas dimensões: a primeira é o trabalho individualizado, exercido por uma mulher em seu lar para os membros da sua família, enquanto a segunda, é a dimensão do seu trabalho coletivo, necessário para que toda a sociedade possa trabalhar e viver. 9 O trabalho doméstico é uma condição imprescindível para que o mercado exista. Conforme Melo (1998) o trabalho doméstico tem uma ocupação que abrange os serviços de ama, ama-de-leite, arrumadeira, babá, camareiro, caseiro, copeiro, cozinheiro, criado, dama-de-companhia, doméstica, governanta, mordomo, pajem e servente. Em 1995, essas atividades foram abertas em varias ocupações, num total de seis, o que possibilitou separar cozinheiras de babá, diarista, lavadeira, doméstica polivalente e governanta. A definição de emprego apresenta algumas características principais como: recompensa financeira, esforço físico e mental, jornada e ritmo de trabalho, dentre outros. Duran menciona que o trabalho doméstico aparentemente possui pouca especialização, pois todas as mulheres cuidam de crianças, cozinham ou limpam suas casas, sendo assim não requer capacitação profissional. Entretanto a realidade é muito mais complexa, apresenta algumas atividades de preparação sumária, em contrapartida outras, podem chegar a extraordinários refinamentos que requerem grandes domínios. Com a industrialização e a urbanização, a classe média se expandiu, o trabalho doméstico no Brasil tornou-se frequente para a população que praticava o chamado êxodo rural1, essas pessoas chegavam às cidades em busca de trabalho, casa, comida, e melhores condições de vida, assegura Melo em seu estudo. Muitas vezes esse público sem instrução e capacitação devido as condições de sua ascendência que os tornava, o trabalho doméstico surgia como solução naquele momento. Segundo Melo (1998): A análise dos trabalhadores domésticos, segundo os anos de estudo, revelou a alta percentagem dos trabalhadores da categoria sem instrução, foi apresentada a mais alta taxa de analfabetismo entre os trabalhadores urbanos, embora tenha havido queda, nesta taxa na década (passo de 19,69%, em 1985 para 16,49% em 1995), enquanto para o setor serviços a taxa de analfabetos é de 7,41% em 1998 (MELO, 1998). 1 O êxodo rural ocorreu com a saída das pessoas das áreas rurais em direção às cidades. Os fatores responsáveis por esse processo foi à tendência à urbanização, com o crescimento econômico a partir da influencia direta ou indireta da industrialização, outro fator, os desequilíbrios setoriais de crescimento no conjunto da economia, como também os problemas socioeconômicos do setor primário, sobretudo da agropecuária. (PIFFER, 24 julho, 2009) 10 Por um lado o trabalho doméstico é composto de uma contagem maior de mulheres, e a posição de trabalho desse público está em condições desfavoráveis no que diz respeito à remuneração, a situação desfavorável em relação a outros trabalhos. A ocupação de mulheres em trabalhos domésticos é explicada por Bruchini e Lombardi (2000) onde esses cargos ocupados por elas tem se dado tradicionalmente, como o trabalho doméstico, as atividades sem remuneração e as atividades de produção para consumo próprio e do grupo familiar. Motivo pelo qual há uma desvalorização do trabalho, já que o papel social da mulher foi socialmente construído, e dificilmente deve ser desfeito e acabado, uma vez que essa condição está impregnada e enraizada nos valores dessa sociedade. A desvalorização do trabalho doméstico é abordada por Melo (1998), descrevendo a relação de identidade seguindo a lógica de servir aos outros como algo natural, uma relação de patroas e empregadas domésticas. E porque não uma forma de explorar o trabalho do outro, assim como foi falado acima sobre o processo de civilização do homem, numa visão decadente. O papel social da mulher é definido como a dona de casa, mãe ou esposa. A mulher dirigindo ao bem estar da família, esta sempre a servir aos outros, maridos e filhos. O trabalho realizado para sua própria família é visto pela sociedade como uma situação natural, pois não tem remuneração e é condicionado por relações afetivas entre a mulher e os demais membros familiares, gratuito e fora do mercado. Ainda sobre a depreciação do trabalho doméstico, o assunto também envolve um problema de status na sociedade. O que explica esse cerceamento do trabalho doméstico é a forma como a sociedade encara o trabalho realizado pela mulher para sua própria família de uma forma natural, não havendo remuneração, esse trabalho está ligado por relações afetivas da mulher com seus familiares, sendo gratuito e fora do mercado, assim afirma Melo (1998). Para Bruchini e Lombardi (2000): Nessa sociedade, os afazeres domésticos são apresentados como responsabilidade da mulher, qualquer que seja a situação social, sua posição na família e trabalho ela ou não fora do lar. Quando essas tarefas são realizadas pela dona-de-casa, no âmbito da família, eles não são considerados como trabalho e são computados pelas estatísticas como inatividade econômica. Entretanto, quando as mesmas atividades são realizadas por uma pessoa contratada para esse fim, mediante remuneração de bens ou espécie, elas passam a ser 11 computadas como trabalho, sob o rótulo de serviço ou emprego doméstico (BRUCHINI e LOMBARDI, 2000). Já por outro lado Melo (1998) mostra que pessoas sem conhecimento e experiência profissional no mercado de trabalho, com baixa escolaridade, o trabalho doméstico veio para melhorar a condição de pessoas oferecendo maiores oportunidades para introduzirem no mercado de trabalho e para as migrantes rurais-urbanas a socialização na cidade. 4. CONCLUSÕES Nesta pesquisa buscou-se fazer um estudo em torno da categoria analítica trabalho doméstico e seu modo de reprodução. Dessa forma para Melo (1998) as atividades domésticas não são remuneradas, uma vez que são desempenhadas nas casas particulares, considerando que as patroas e patrões não são empresários. Esses bens e serviços não circulam no mercado e não movimentam capital para concretização dos afazeres, mas rendas pessoais. Ainda é apresentado por Mendonça e Machado (1997 apud MELO, 1998) que as mulheres permaneceram concentradas no setor mais restrito de atividades: domésticas, trabalhadoras rurais, camponesas, comerciária, dados de 1970. Esse grupo profissional, formado praticamente por mulheres, está longe de enfraquecer no Brasil, mesmo que haja um aumento da escolaridade feminina e do surgimento de novas e melhores chances de trabalho para as mulheres mais qualificadas. Pôde-se notar a presença marcada das mulheres nas profissões que incluem ocupações que envolvem servir aos outros, aos cuidados com pessoas, e ligados com o bem estar de indivíduos. Essa representação do papel social da mulher está atrelada aos valores construídos em nossa sociedade. Assim neste estudo procurou compreender o que é trabalho e como se deu a reprodução do trabalho doméstico. Verificou-se uma desvalorização do trabalho doméstico em relação aos outros meios de sobrevivência. 12 5. RECOMENDAÇÕES E REFERENCIAIS ALBORNOZ, S. O que é trabalho. 1 edição, São Paulo, 1986. BRUCHINI, C.; LOMBARDI, M. R. A Bipolaridade do Trabalho Feminimo no Brasil Comntemporâneo., Porto Alegre, p. 68,70,75,80, julho 2000. BRUCHINI, M. C. A. Trabalho doméstico: inatividade econômica ou trabalho nãoremunerado? São Paulo, 2006. BRUCHINI, M. C. A.; F, R. Trabalhadores do Brasil. Fundação Carlos Chagas,1982. DURAN, A. M. A dona-de-casa: crítica política, economia doméstica. Rio de Janeiro, 1989. MALHEIROS, M. R. T. L. Pesquisa na Graduação. Disponível em:www.profwillian.com/_diversos/download/prof/marciarita/Pesquisa_na_Graduacao. pdf. Acessado em: dezembro 2012. MELO, H. P. D. O Serviço Doméstico Remunerado no Brasil: De Criadas a Trabalhadoras. Rio de Janeiro: [s.n.], 1998. PIFFER, O. O Êxodo Rural. Disponível em: http://pt.shvoong.com/socialsciences/sociology/1916224-%C3%AAxodo-rural/#ixzz1QIQKE5AH. Acessado em: junho 2012. SILVA, E. B. Teorias sobre trabalho e tecnologia domésticas. Implicações para o Brasil. SILVA, J. M.; SILVEIRA, E. S. Apresentação de trabalhos acadêmicos: normas e técnicas. Juiz de Fora: 2003. TRABALHO doméstico: direitos e deveres, orientações. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/dados/cartilhas/a_pdf/109_cartilha_trabalho_domestico_mt.pd, Brasília, 2005. Acesso em: junho 2012. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 8 ed.São Paulo: Atlas, 2007. 13 BRINQUEDOTECA HOSPITALAR: PROPORCIONANDO VIVÊNCIAS LÚDICAS DURANTE A HOSPITALIZAÇÃO DA CRIANÇA. LEITE, Maria Aparecida Valentim de Souza (graduando em Educação Infantil/UFV e Bolsista do PIBEX/UFV)1; NEVES, Naíse Valeria Guimarães (Orientadora, Professora DED/UFV)2; LUCAS, Cristiana Terezinha de Jesus (graduando em Economia Doméstica/UFV e colaboradora)3; CASTRO, Rita Maria Sant’Ana (Colaboradora/HSS)4SILVA, Roseli (graduando em Educação Infantil)5. ¹ Graduanda do curso de Educação Infantil da Universidade Federal de Viçosa, UFV/MG; Bolsista PIBEX 2011 E- mail: [email protected]. ² Economista Doméstico. M. S. Em Economia Doméstica; Orientadora e Coordenadora do Projeto – Professora DED/UFV. E-mail: [email protected] 3 Graduanda do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa, UFV/MG; membro da equipe do projeto PIBEX . E-mail: [email protected]. 4 Economista Doméstico, coordenadora da Brinquedoteca do Hospital São Sebastião em Viçosa, UFV/MG. E-mail: [email protected] 5 Graduanda do curso de Educação Infantil da Universidade Federal de Viçosa, UFV/MG; Membro da equipe do projeto. E-mail: [email protected] 1. INTRODUÇÃO O brincar é importante para as crianças, principalmente no momento de enfermidade, pois, ao brincar elas representam fatos de sua realidade do seu dia-dia, e muitas vezes o que ela esta vivenciando no período em que se encontra hospitalizada. A Brinquedoteca no ambiente hospitalar possibilita a criança explorar sua criatividade, imaginação, e expressar seus sentimentos de forma livre. Almejando proporcionar à criança hospitalizada a possibilidade de continuar criando, experimentando, representando, isto é, construindo sua própria história, iniciamos em 2006 um Projeto de Extensão intitulado: Brinquedoteca Hospitalar: Uma Estratégia de Humanização às Famílias e Crianças Atendidas pelo Hospital São Sebastião em Viçosa, MG. Esse projeto está sendo desenvolvido na Casa de Caridade de Viçosa - Hospital São Sebastião, completando 6 anos de ação extensionista junto ao referido Hospital. Embora o projeto tenha iniciado em 2006, ressaltamos que a Brinquedoteca deste hospital existe 14 e funciona desde 1993 e foi planejada e instituída com a parceria dos professores da UFV. 2. OBJETIVOS Nesse projeto temos enquanto objetivo geral: dar continuidade às ações desenvolvidas pelo projeto de extensão nº 090/06 iniciado desde julho 2005 para que a brinquedoteca do Hospital São Sebastião de Viçosa - MG, possa se manter em pleno funcionamento e dessa forma, continuar desenvolvendo atividades lúdicas/recreativas com as crianças internadas promovendo a humanização hospitalar. Especificamente pretendemos: Implementar o trabalho de humanização proposto pelo Hospital São Sebastião no que se refere ao atendimento às crianças internadas. Planejar, organizar e desenvolver atividades com as crianças internadas no espaço da Brinquedoteca, na pediatria e leitos particulares, fazendo dessas crianças elementos ativos dentro do processo de recuperação de suas enfermidades. Produzir materiais lúdicos (histórias infantis, brinquedos, etc.) para serem utilizados com as crianças em regime de internação por meio da criação e desenvolvimento de um projeto de produção de materiais lúdicos. Formar, com a equipe do projeto, um grupo de estudos sobre a temática, buscando construir material teórico que possa nortear o trabalho desenvolvido. 3. METODOLOGIA Com base nos objetivos propostos, o presente trabalho é realizado por meio de ações interventivas que possibilitam a realização de observações, registros e análises do comportamento da criança e de seus familiares durante o período de internação. Para a realização do presente estudo estamos utilizando os seguintes instrumentos: questionário aplicado com os responsáveis pela criança internada e com a equipe do HSS (enfermeiras, médicos, psicólogos, etc.), formulário de registro das crianças internadas, formulário para subsidiar o planejamento das atividades a serem desenvolvidas com as crianças, ficha individual de acompanhamento do período de 15 internação em relação à participação das atividades, e álbum de fotografias das crianças em atividades na Brinquedoteca. Ao tratarmos da intenção de divulgar a Brinquedoteca do HSS, bem como do trabalho desenvolvido com as crianças e famílias, pretendemos continuar organizando eventos, participações em órgãos da mídia (rádio, jornais locais e Internet) por meio de instrumentos como: boletins informativos, folders, cartilhas, produção de vídeos, etc. 4. RESULTADOS No hospital, o brincar tende a transformar a brinquedoteca num local prazeroso e permite uma adaptação melhor às novas condições que as crianças encontram e tem que enfrentar. Atendimento diário às crianças internadas, com o desenvolvimento de atividades lúdicas no espaço da Brinquedoteca, pediatria e demais leitos. Os resultados podem ser descritos da seguinte forma: A partir da ficha de identificação da criança foi possível fazer a tabulação de dados do atendimento às famílias e crianças em situação de internação. No período compreendido aos meses de fevereiro a 15 de novembro deste ano de 2012, foram atendidas 302 crianças e seus respectivos acompanhantes (mãe, pai, avó, tia, etc). Desta podemos inferir que 17,2% foram reincidentes no hospital. Sendo que em sua maior parte estas residem no município de Viçosa-MG, tanto na zona urbana quanto na zona rural. Além de termos também um atendimento às famílias oriundas de outras cidades, principalmente da micro - região viçosense. Os dados revelam que crianças menores de 12 meses têm um maior índice de internação sobre as demais idades. E as doenças e ou causas de internação que mais acometem as mesmas são; pneumonia (18,8%), bronquite (11,2%), apendicite (6,9%), infecção (9,9%), e o restante se distribuem pelas mais diversas enfermidades (gripe, desidratação, alergia, quedas/acidentes domésticos, anemia, etc.). No que refere ao período de internação das crianças no hospital temos a equivalência do maior tempo de permanência, ou seja, acima de 4 dias para aquelas que ficam dependentes de medicação como o antibiótico ministrado para a pneumonia, por exemplo. Notadamente as doenças respiratórias são as que mais determinam esse número maior de dias no hospital. Porém os dados referentes ao período de internação não serve como parâmetro para avaliar se são as intervenções do projeto que colaboram 16 na diminuição do tempo de internação da criança, pois há outras variáveis próprias da doença/enfermidade e ou instituição que influenciam este fator. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS PRELIMINARES Por meio dessas atividades permitimos à criança realizar a sua atividade mais típica: brincar, e contribuímos na sua recuperação, permitindo a interiorização e a expressão de sua vivência durante o período de internação. Na brinquedoteca, a criança tem a oportunidade de entender e construir conhecimentos sobre diversas coisas por meio da brincadeira, assim como perceber as diversidades de formas e maneiras de brincar. No entanto, em hospitais, esse espaço lúdico tem como um de seus objetivos amenizar o sofrimento das crianças internadas acreditamos que estas atividades colaboram na redução do tempo de internação hospitalar, pois permite à criança ter uma melhor aceitação ao tratamento realizado. Essas experiências que presenciamos são de extrema importância, pois a partir dessas representações podemos perceber o quanto o brincar é importante para as crianças que demonstram e expressam muita felicidade ao ter a oportunidade de ver o ambiente hospitalar numa perspectiva diferente, isto é, lugar onde não só ocorre sofrimento, dor, etc. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUNHA, Nylse Helena da Silva. Brinquedoteca: definição, histórico no Brasil e no mundo. In: FRIEDMANN, Adriana (ET all). O direito de brincar: a brinquedoteca. São Paulo: Scritta Editorial: ABRINQ, 1992. MAIA, C. I. B. ET al. Brinquedoteca hospitalar Shishiro Otake. In: SANTOS, S. M. (Org.). Brinquedoteca: A criança, o adulto e o lúdico. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. P. 114-128. NEVES, Naise Valéria G. (et all). Brinquedoteca Hospitalar: Uma Estratégia de Humanização às Famílias e Crianças Atendidas no Hospital São Sebastião em ViçosaMg. Projeto de Extensão. Viçosa, MG, 2007. 17 CONSUMO E LAZER NA PERSPECTIVA DOS JOVENS OLIVEIRA, Márcia Botelho; SILVA, Neuza Maria Universidade Federal de Viçosa [email protected] 1. INTRODUÇÃO O ponto de partida para as análises que se seguem são os conceitos de lazer e consumo. Para esse trabalho usou-se a definição clássica de lazer apresentada a seguir: “o lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se, ou ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais” (DUMAZEDIER, 1962, p.29). Essa definição de lazer foi considerada a que melhor se enquadra no contexto desta pesquisa devido à presença de uma dimensão subjetiva descrita por Tachner (2000), que diz que o indivíduo é quem decide o que ele vive e o que ele não vive como lazer. O conceito de consumo baseia-se na Lei Nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, consistindo na aquisição, posse e/ou uso de bens e serviços, referindo-se ao varejo e ao consumo final. Complementando o que diz a Lei, ainda foi levada em consideração parte da definição de Taschner (2000) que afirma que o consumo não se trata apenas da utilização de um bem material ou imaterial, trata-se também do uso de símbolos, tendo portanto, uma dimensão cultural e social. Já o consumidor, por sua vez, é definido como aquele indivíduo que adquire ou utiliza um produto ou um serviço como destinatário final. O lazer disponível na cidade de Viçosa-MG já foi alvo de algumas pesquisas. Lima et al. (2010) fizeram um estudo comparativo entre algumas cidades universitárias, incluindo Viçosa, analisando o impacto da falta de políticas públicas de lazer para os jovens. Pinto (2008) abordou as relações entre trabalho, lazer e família no cotidiano dos professores da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Um ponto comum entre essas pesquisas é que ambas focaram seus estudos apenas nas formas de lazer usufruídas 18 pelos entrevistados, não relacionando o lazer ao consumo de bens e serviços. Observase ainda que essas pesquisas não consideraram o lazer usufruído pelos estudantes universitários, tão pouco buscaram compreender se tais atividades de lazer estão ligadas ao ato de consumir. Com o intuito de preencher tais lacunas, essas questões foram investigadas no presente trabalho. 2. OBJETIVO O objetivo da presente pesquisa foi identificar e analisar as atividades de lazer de dois grupos distintos de estudantes universitários – alunos dos cursos de graduação e alunos dos programas de pós-graduação (Stricto Sensu) – buscando verificar se tais atividades estão ligadas ao ato de consumir. 3. METODOLOGIA O presente estudo, de caráter quantitativo, descritivo e com corte transversal, foi realizado no município de Viçosa-MG. A população alvo do presente estudo foi composta por estudantes de graduação e de pós-graduação (Stricto Sensu) UFV do Campus de Viçosa-MG. No total, a UFV possuía em 2011 13435 estudantes, sendo 82% matriculados em cursos de graduação e 18% matriculados em programas de pósgraduação, o que levou à seleção proporcional e intencional de 300 estudantes, sendo 246 matriculados em cursos de graduação e 54 em programas na pós-graduação. As informações foram obtidas por meio de questionários, que os próprios estudantes respondiam sem auxílio do pesquisador. Os dados foram analisados quantitativamente utilizando o pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences), versão 17.0, por meio do qual foram realizadas análises exploratórias dos dados, análises de variância, cálculos de Alfa do Cronbach, análises de frequência e tabulações cruzadas. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Inicialmente, solicitou-se ao estudante que apontasse qual era a sua principal atividade de lazer. Para essa questão não foram dadas alternativas, para que assim o participante ficasse livre para escrever. Dentre os alunos de graduação as mais citadas foram: frequentar festas open bar (22,8%), frequentar academia (15,4%) e frequentar 19 bares (14,2%). A alta frequência dos graduandos às festas open bar também foi encontrada por Souza (2005), que declarou em seu estudo que as festas organizadas pelos estudantes de graduação eram uma das principais formas de lazer desse público. As opções mais citadas como principais atividades de lazer pelos alunos de pósgraduação foram: assistir televisão (22,2%), viajar (18,5%), e frequentar academia e frequentar bares com a mesma frequência (14,8%). Sendo a opção “assistir televisão” a mais citada como principal forma de lazer pelos pós-graduandos, é importante considerar a preocupação de De Grazia (1966) que caracteriza “assistir televisão” como uma forma passiva de vivência do lazer, construída a partir de uma passividade somada à falta de posicionamento crítico e questionador frente aos meios de comunicação. As opções de lazer menos dispendiosas ou gratuitas, como “ler”, “ficar com a família”, “ouvir música”, “fazer trabalhos artesanais” e “fazer caminhada” foram pouco citadas. Percebe-se, então, uma possível associação entre lazer e consumo, sendo necessário um gasto financeiro para usufruir de atividades de lazer. Em seguida foi solicitado que os mesmos apontassem quais os principais motivos que os impediam de vivenciar o lazer com maior frequência. Foram dadas as seguintes opções para que eles numerassem o 1º e o 2º motivo: “estudo”, “trabalho”, “cansaço”, “filhos”, “poucas opções de lazer”, “condições financeiras”. O 1º principal motivo citado tanto pelos alunos de graduação (77,6%) quanto pelos de pós-graduação (74,1%) foi o estudo. O 2º principal motivo citado pelos estudantes de graduação estava relacionado à falta de condição financeira (34,6%) e com relação aos alunos de pós-graduação, 50,0% afirmaram que não tinham mais momentos de lazer devido às poucas opções oferecidas na cidade de Viçosa. Novamente percebe-se a ligação intrínseca entre lazer e consumo na opinião dos graduandos, já que estes apontaram a falta de condições financeiras como 2º principal motivo de não terem mais momentos de lazer, ou seja, demonstraram dar preferência por atividades de lazer geradoras de gastos financeiros. Com relação aos pós-graduandos, a situação também é preocupante, pois esses estudantes deixam de vivenciar mais momentos de lazer por acreditarem que as opções de lazer são poucas. Essa redução do poder de escolha foi uma das críticas feitas por Adorno e Horhheimer (1985) à indústria cultural que, com auxílio dos meios de comunicação e da publicidade, causam alienação e tolhem a capacidade criativa dos indivíduos. 20 Como foi mostrado anteriormente, a “principal atividade de lazer” mais citada pelos estudantes de pós-graduação foi assistir televisão. Sendo assim foi feito um cruzamento de dados para verificar se assistir televisão estaria influenciando no 2º motivo de os mesmos não vivenciarem o lazer com maior frequência (existência de poucas opções de lazer). Entre os pós-graduandos, 22,2% indicaram como principal forma de lazer assistir televisão, sendo que 100% destes afirmaram que o 2º motivo de não vivenciar o lazer com maior frequência era a existência de poucas opções na cidade. Andrade et al. (2010) afirma que a mídia (principalmente a televisão) associa o lazer ao consumo de bens e serviços, e como muitos destes não estão disponíveis no mercado de Viçosa, os jovens podem ficar insatisfeitos. Para verificar o nível de satisfação dos estudantes com as atividades de lazer disponíveis em Viçosa, foi solicitado aos participantes que escolhessem a melhor opção de resposta numa escala de 7 pontos (totalmente insatisfeito; muito insatisfeito; insatisfeito; indiferente; satisfeito; muito satisfeito; totalmente satisfeito). Dentre os estudantes de graduação, 45,9% disseram estar “totalmente satisfeitos”, “muito satisfeitos” e “satisfeitos”, sendo que a maioria destes se declarou apenas “satisfeito”. Os “indiferentes” somaram 19,9%, enquanto 34,1% estavam “totalmente insatisfeitos”, “muito insatisfeitos” e “insatisfeitos”, sendo que a maioria destes se declarou “insatisfeito”. Os alunos de pós-graduação que se declararam “muito satisfeitos” e “satisfeitos” somaram 40,8%, sendo que igual porcentagem afirmou estar “totalmente insatisfeitos”, “muito insatisfeitos” e “insatisfeitos”. Os “indiferentes” somaram 18,5%. Nenhum estudante de pós-graduação se declarou “totalmente satisfeito”, o que ressalta diferenças na percepção do lazer entre os dois grupos. Relacionando a renda dos estudantes com a satisfação quanto ao lazer oferecido, percebe-se que 45,9% dos estudantes que têm uma renda mensal entre 401 a 600 reais estavam satisfeitos com as atividades de lazer oferecidas na cidade. Já 37,5% dos estudantes com a renda na faixa de 1601 e 1800 reais estavam insatisfeitos. Assim, a renda parece influenciar na satisfação dos participantes, pois tendo uma renda maior o jovem pode pagar por uma maior variedade de opções de lazer que podem não estar disponíveis na cidade, deixando-o insatisfeito. 21 5. ANÁLISE DO CONSTRUTO Foi elaborado o construto “lazer relacionado ao consumo de bens e serviços” com o objetivo de verificar se os estudantes fazem a associação proposta por ele. Para verificar a confiabilidade do construto utilizou-se a técnica do Alfa de Cronbach. Para isso foram apresentadas seis afirmações, para as quais o respondente escolhia, numa escala de 7 pontos, quanto concordava com cada uma delas. As opções de resposta eram: “concordo totalmente”; “concordo muito”; “concordo”; “indiferente”; “discordo”; “discordo muito”; “discordo totalmente”. Foram formuladas as seguintes afirmativas: “As melhores opções de lazer em Viçosa são gratuitas”, “Uma das minhas principais formas de lazer é ir ao shopping fazer compras”, “Fazer compras (roupas, sapatos, supermercado, eletrônicos) é uma forma de lazer”, “Desfruto de atividades de lazer gratuitas”, “Não tenho mais momentos de lazer por falta de condições financeiras”, “No meu tempo livre prefiro encontrar com os amigos para ir ao shopping”. O Alfa de Cronbach foi de 0,806, indicando haver consistência interna satisfatória, ou seja, os estudantes estabelecem ligação entre lazer e consumo. O resultado foi satisfatório e é validado por pesquisas de alguns autores como Taschner (2000) que descreveu o prazer que as pessoas têm através do processo de compra e Andrade et al. (2010) que mostraram que com o lazer, sendo ditado pela publicidade e pelo marketing, passa a ter significado apenas quando está ligado ao consumo de bens ou serviços. 6. CONCLUSÕES De acordo com os entrevistados o lazer é relevante em suas vidas e como indica a análise do construto, este está associado ao consumo. Outro ponto que se destaca é que na indústria cultural os meios de comunicação em massa, entre os quais a televisão é o exemplo mais expressivo, aparecem como instrumentos que ajudam a reproduzir o sistema capitalista, transformando produtos e serviços em necessidades e desejos. O ato de assistir televisão desperta nos jovens a necessidade de consumir bens e serviços associados a certas atividades de lazer, mas a falta de condições financeiras ou a carência na oferta das mesmas, faz com que se sintam frustrados e insatisfeitos. 22 Ademais, a influência da televisão pode impedir que eles percebam a existência de opções de lazer gratuitas. É preocupante a forma como a publicidade influencia o consumo, e mais preocupante ainda é o caso dos jovens. Se a publicidade é capaz de influenciar jovens cercados de oportunidades e conhecimento, como será sua capacidade de influenciar a grande maioria desse segmento da população que não tem oportunidade de estudar e muito menos de fazer um curso superior? Confirma-se, assim, a necessidade de uma educação para o consumo consciente, que deve começar na infância, ocasião em que familiares e professores devem auxiliar na formação de valores sólidos na criança, inibindo comportamentos consumistas. Devido a sua grande importância na formação dos indivíduos, a educação do consumidor deveria ser parte integrante das grades curriculares do ensino fundamental, médio e superior, para que sejam formados cidadãos capazes de refletir e ter consciência crítica para tomar decisões sobre o uso de seus recursos, particularmente tempo e dinheiro. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985 ANDRADE, Carolina Paes; ROMERA, Liana Abrão; MARCELLINO, Nelson Carvalho. Contribuições de Sebastian de Grazia para os estudos do lazer. Revista Motriz, Rio Claro, v.16 n.2, p.516-526, abr./jun. 2010. BRASIL. Lei Nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm>. Acesso em: 20 abr. 2012. DE GRAZIA, Sebastian. Tiempo, trabajo y ócio. Madrid: Tecnos, 1966. DUMAZEDIER, Joffre. Vers une civilization du loisir? Paris: Ed. du Seuil, 1962. LIMA, Flávia Évelin Bandeira; MARTINS, Luis Miguel; SPONCHIADO, Marcelo Kuhne de Oliveira; PIMENTEL, Giuliano Gomes de Assis. Lei seca no período do vestibular e sua relação com as políticas pública de lazer. Revista Licere, Belo Horizonte, v.13, n.1, p. 1-20, 2010. 23 PINTO, Samuel Gonçalves. Relações entre família, trabalho e lazer: o caso dos professores da Universidade Federal de Viçosa. 2008. 82f. Dissertação (Mestrado em Economia Doméstica) – Programa de Pós-Graduação em Economia Doméstica, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2008. TASCHNER, Gisela B. Lazer, cultura e consumo. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v.40, n.4, p.38-47, out./dez. 2000. 24 LAZER, CONSUMO E INDÚSTRIA CULTURAL OLIVEIRA, Márcia Botelho; SILVA, Neuza Maria Universidade Federal de Viçosa [email protected] 1. INTRODUÇÃO A ligação entre lazer e consumo é visível na sociedade ocidental, evidenciando a importância de se pensar sobre a articulação desses conceitos. Existem características do lazer em algumas formas de consumo, como ir ao shopping center nos fins de semana, e também particularidades do consumo no lazer, como, por exemplo, as inúmeras atividades de lazer que demandam gastos, tais como jogar boliche, frequentar academia, ir ao cinema ou teatro entre outras. Essa ligação é fortalecida através da mídia que, nas últimas décadas, vem sugerindo à população as formas de lazer que devem ser usufruídas e segundo Taschner (2000), o lazer tornou-se um objeto da indústria ou de um complexo de serviços. 2. OBJETIVO O objetivo deste trabalho foi apresentar uma revisão bibliográfica contextualizando historicamente a ligação entre lazer e consumo e o fortalecimento desta ligação através da influência da publicidade. 3. METODOLOGIA Para atender ao objetivo proposto foi realizada uma busca bibliográfica e posteriormente uma seleção de artigos e livros que tratavam do tema proposto. Assim, pode-se realizar uma avaliação e discussão sobre a influência da publicidade, através da mídia, no lazer usufruído pela sociedade. 25 4. REFERENCIAL TEÓRICO 4.1. Um breve histórico da associação entre lazer e consumo Para analisar a associação entre lazer e consumo, realizou-se um breve histórico desse encontro. Na clássica análise de Veblen (1934) a chamada classe ociosa (em inglês, leisure class) era composta basicamente pela nobreza e pelo clero, e como não eram envolvidos em rotinas de trabalho tinham muito tempo para o consumo, principalmente de artigos luxuosos. Assim Veblen (1934) associou o consumo conspícuo ao advento daquela classe ociosa, que teria atingido seu desenvolvimento máximo no Feudalismo. De acordo com o referido autor, o consumo conspícuo era uma forma de ter, manter e exibir o status social entre os membros da classe ociosa. Desta forma, se no passado a reputação das pessoas esteve ligada à coragem e bravura, à medida que a atividade industrial cresceu, a reputação se vinculou à posse de bens. Veblen (1934) afirmou que como consequência disso se tornou “necessário atingir um padrão de riqueza um tanto indefinido” para ser respeitado pelas outras pessoas. Isso fez com que as pessoas começassem a consumir muito para atingir certa posição, que ao atingida passava a ser pouco e logo era necessário consumir mais para estar em outro padrão de riqueza. Veblen (1934) definiu como um “processo sem fim”, pois o desejo de cada uma das pessoas era superar as outras na acumulação de bens e riquezas. Um importante fato a ser lembrado é que o consumo conspícuo existiu em vários locais e épocas, porém no final do século XVI na Corte britânica, começou a chamar a atenção o culto à novidade, ao novo e não apenas ao luxo. Assim, nascia a moda (LIPOVETSKY, 1989). Entretanto, esse consumo desenfreado da classe ociosa não estava ligado ao lazer, pois segundo Taschner (2000) o consumo do luxo e da moda não significava necessariamente prazer ou algo que era feito como lazer. Para os membros da corte, tratava-se de uma obrigação da nobreza. Porém, é notável que foi estabelecido um novo padrão de consumo. A partir do século XIX, esse novo padrão de consumo difundiu-se para outros segmentos sociais. Assim, a era da produção e do consumo de massa, possível através da Revolução Industrial, ofereceu à classe média e, mais tarde, à classe operária acesso a bens de consumo antes restritos à nobreza. 26 Tal difusão de bens de consumo pode ter sido impulsionada pelas lojas de departamento que, no início do século XX, promoveram uma revolução no varejo e associaram um novo elemento às características do consumo, o “prazer no processo de compra” (TASCHNER, 2000). Com isso, o ato de comprar se transformou em uma atividade muito agradável e mais do que isso, ensinou a população o que comprar e como comprar. As lojas de departamento tornaram muito divertido e agradável fazer compras, olhar vitrines de lojas, independente do que se compraria. Assim, para muitas pessoas sair para fazer compras tornou-se uma atividade prazerosa. Com isso, as lojas de departamento tornaram mais próximas à relação entre lazer e consumo, além de redefinir essa relação. 4.2. O surgimento da indústria cultural O desenvolvimento dos meios de comunicação, juntamente com a publicidade e as técnicas de marketing, auxiliou na formação de uma cultura de massa que também é considerada uma cultura do lazer e do consumo. Assim, emergiu uma nova indústria, a indústria cultural (TASCHNER, 2000). A expressão “indústria cultural” foi criada por Adorno e Horkheimer em 1947, em substituição à expressão “cultura de massas”, para desvinculá-la da definição de “uma cultura que brota espontaneamente das próprias massas”, assim como de uma cultura popular (CASTILHOS, 2007). Os críticos da indústria cultural como Morin (1969) e Adorno e Horkheimer (1985) declaram que ela, através dos meios de comunicação e da publicidade, impõe um tipo de escravidão que reduz o poder de escolha dos consumidores, causando alienação e passividade. Isso fica claro na seguinte passagem: “Através dos meios de comunicação de massa, que têm como principais instrumentos o rádio, a televisão, a imprensa e o cinema, monopoliza-se o espaço destinado à reflexão, à criação da cultura, tolhendo, assim, a capacidade criativa dos indivíduos e fazendo desses uma peça na engrenagem dessa indústria” (ADORNO e HORKHEIMER, 1985, p.119). Sobre essa temática também deve ser ressaltada a reflexão contida na letra da música “Televisão”, de 1985, da banda brasileira Titãs, que mostra como a alienação promovida pela televisão já era parte da vida dos brasileiros na década de 1980. Os autores dessa música fizeram uma forte crítica à influência que a televisão tem sobre as 27 pessoas, deixando-as alienadas e sem discernimento: “A televisão me deixou burro, muito burro demais./ Agora todas as coisas que eu penso me parecem iguais”. Esta forma de alienação elimina a capacidade de julgar e decidir por si mesmo dos indivíduos. Em outro trecho da música ficou evidenciada a indução ao sedentarismo e à preguiça física e mental exercida pela televisão: “A mãe diz pra eu fazer alguma coisa, mas eu não faço nada./ A luz do sol me incomoda então deixa a cortina fechada”. Além da banda Titãs, outros artistas compuseram músicas com críticas às diversas formas de alienação e opressão, dando origem a um movimento de grande importância para a cultura brasileira. Entretanto, no século XXI a mídia capaz de influenciar as pessoas não se resume somente à televisão – claro que esta continua sendo popular, estando presente, segundo o IBGE (2010), em 95,3% dos domicílios brasileiros e sendo a principal fonte de informação de muitas pessoas ao redor do mundo. Entretanto, o avanço tecnológico, o acesso a novas mídias aumentou, existindo computadores e celulares com disponibilidade de conexão à internet em qualquer lugar, ampliando significativamente o acesso à informação. A indústria cultural através do uso da tecnologia e da televisão difundiu e continua a difundir e padronizar estilos de vida, nos quais produtos e serviços são transformados em necessidades e desejos, criando, apontando e controlando o que é bom e deve ser consumido (CASTILHOS, 2007). Essa influência comercial agressiva pode causar distúrbios alimentares e erotização precoce em crianças, dependência de tabaco e álcool em adolescentes e predominância de valores materialistas, estresse familiar, sensação de insatisfação dentre outras consequências entre adultos (SCHOR, 2009). A indústria cultural transformou a cultura e o lazer em mercadorias que são construídos em função do mercado, com o objetivo de vendê-los e obter lucros. Assim, segundo Wolf (1999), surgiu a indústria e a economia do entretenimento. Com o processo de globalização disseminando os produtos dessa nova indústria pelo mundo inteiro, influenciando hábitos de lazer e consumo, a partir do século XX ocorreu uma revolução que associou definitivamente o consumo ao lazer, que Taschner (2000) definiu como "o prazer no processo de compra”: o surgimento dos shopping centers. Os shopping centers são muito mais do que espaços exclusivamente para a compra de objetos, mas também um centro de compras de serviços, alimentação e lazer. Padilha (2008) define-os como "cidades artificiais", ícones de uma sociedade que supervaloriza o consumo de bens materiais e os chamados lazer-mercadorias. Assim, esses ambientes transformam-se em espaços de lazer alienados, influenciando a 28 identidade social dos indivíduos, tanto dos frequentadores como também dos que não frequentam, mas atraídos pela publicidade e pela cultura do consumo, desejam frequentá-lo (PADILHA 2008). Segundo a mesma autora, os shopping centers são templos onde se pode notar a plena expressão da nossa cultura. A sociedade de consumo que surgiu no fim do século XVIII e se desenvolveu culminando nos shoppings de hoje cria uma cultura onde o ato de consumir passa a ter significados simbólicos que antes não tinha. Na sociedade moderna consomem-se valores, símbolos, imagens e marcas. As mercadorias ditam os modos de se comportar e pensar de camadas cada vez maiores das populações de todo o mundo (PADILHA, 2006). 5. CONCLUSÕES O espaço do consumo crescendo dentro do tempo dedicado ao lazer é nítido e, além disso, é notável o crescimento da influência da indústria cultural nos processos e hábitos de consumo da população. O que se pode perceber é que na indústria cultural os meios de comunicação em massa, como o exemplo mais expressivo tem-se a televisão, aparecem como instrumentos que ajudam a reproduzir o sistema produtivo, transformando produtos e serviços em necessidades e desejos. Assim, a publicidade, através da televisão, tem como objetivo despertar nas pessoas uma necessidade de consumir o que é mostrado, mas ao não ter acesso seja por falta de condições financeiras ou por falta de oferta de tais atividades em seus municípios, o indivíduo pode se sentir frustrado e insatisfeito. Ademais, essa influência causa um processo de “cegueira”, fazendo com que a população não perceba que existem formas de lazer que podem ser prazerosas, mas que não estão sendo anunciadas nas mídias, pois são formas de lazer gratuitas e consequentemente não são geradoras de lucro. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. CASTILHOS, Silmara de Fátima. Lazer, consumo e auto-regulação publicitária: contribuição ao estudo da proteção do consumidor infantil. 2007. 207f. Dissertação 29 (Mestrado em Administração de Empresas) – Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas, Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2007. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Dados do Censo 2010 publicados no Diário Oficial da União do dia 04/11/2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1 233&id_pagina=1>. Acesso em: 21 abr. 2012. LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX. Rio de Janeiro: Forense, 1969. PADILHA, Valquíria. Desafios da crítica imanente do lazer e do consumo a partir do shopping center. ArtCultura, Uberlândia, v.10, n.17, p. 103-119, jul./dez. 2008. ________. Shopping center: a catedral das mercadorias. São Paulo: Boitempo, 2006. SCHOR, Juliet B. Nascidos para comprar: uma leitura essencial para orientarmos nossas crianças na era do consumismo. São Paulo: Editora Gente, 2009. TASCHNER, Gisela B. Lazer, cultura e consumo. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v.40, n.4, p.38-47, out./dez. 2000. VEBLEN, Thorstein. The theory of the leisure class. New York: Modern Library, 1934. WOLF, Michael J. Entertainment economy. New York: Times Books, 1999. 30 O PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS IDOSOS NO BRASIL: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS DADOS DA POF (2008-2009) MELO, Natália Calais Vaz de; TEIXEIRA, Karla Maria Damiano; CARMO, Luiz Antônio Mattos do. [email protected] Universidade Federal de Viçosa 1. INTRODUÇÃO As várias mudanças demográficas ocorridas na sociedade brasileira a partir dos anos de 1970, especialmente aquelas relativas à redução das taxas de fecundidade e mortalidade, e aumento da longevidade tiveram, de acordo com Carvalho e Alves (2010), impactos diretos sobre o tamanho e composição das famílias, bem como nas relações de gênero e nos padrões de consumo. Uma das transformações sociais mais importantes que ocorreram, segundo Osório e Pinto (2007), está relacionada ao aumento demográfico dos idosos. É visível o fenômeno crescente do envelhecimento da população em todas as sociedades economicamente desenvolvidas ou em desenvolvimento. O IBGE (2010) vem mostrando que em vários países, as populações estão envelhecendo e que o número de pessoas idosas cresce em ritmo maior do que o número de pessoas que nascem acarretando um conjunto de situações que modificam a estrutura de gastos dos países em uma série de áreas importantes. No Brasil, o ritmo de crescimento da população idosa tem sido sistemático e consistente. Entretanto, de acordo com Mendes et al. (2005), a sociedade não está preparada para essa mudança no perfil populacional e, embora as pessoas estejam vivendo mais, a qualidade de vida não acompanha essa evolução. Assim, o acelerado ritmo de envelhecimento no Brasil cria novos desafios para a sociedade contemporânea, onde esse processo ocorre num cenário de profundas transformações sociais, urbanas, industriais e familiares (PEREIRA et al., 2005). Nesse sentido, pensar os fatores socioeconômicos como elementos constituintes da condição de vida possibilita uma visão mais ampliada da realidade concreta dos indivíduos idosos. 31 Diante do exposto, objetivou-se com este estudo delinear o perfil socioeconômico dos idosos de todas as regiões brasileiras, a partir dos micro dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (2008-2009). 2. METODOLOGIA O presente estudo tem caráter quantitativo, descritivo, com corte transversal, e foi realizado por meio de uma pesquisa de dados secundários. Os dados foram obtidos através dos micro dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF (2008-2009), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A POF (2008-2009) visa principalmente mensurar as estruturas de consumo, dos gastos, dos rendimentos e parte da variação patrimonial das famílias. Possibilitando traçar, portanto, um perfil das condições de vida da população brasileira a partir da análise de seus orçamentos domésticos (IBGE, 2010). Para atingir o objetivo proposto, neste estudo foram utilizados dados de 19.882 idosos residentes em todas as regiões do país. Os dados foram tabulados e dispostos no programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS 15.0). Posteriormente, foi realizada uma análise exploratória dos dados, a partir das variáveis: sexo, nível de escolaridade e renda. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para delinear o perfil socioeconômico dos idosos das regiões Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro Oeste do país foi realizado uma análise exploratória das variáveis idade, sexo, nível de escolaridade e renda. A média de idade dos idosos foi de aproximadamente 70(±8) anos, sendo que a idade mínima considerada foi de 60 anos e, a máxima, de 104 anos. Da amostra de idosos pesquisados, 45,8% eram do sexo masculino e 54,2% do sexo feminino. Pode-se perceber que os idosos da maioria das regiões são do sexo feminino, com exceção da região Norte que possui 50,7% idosos do sexo masculino e 49,3% do sexo feminino. 32 Quanto ao nível de escolaridade dos idosos, constatou-se que em todas as regiões predominou o ensino fundamental, sendo 85,3% dos idosos entrevistados na região Norte, 84,4% no Nordeste, 80,9% no Sudeste, 86,9% no Sul e 81,4% no Centro Oeste. Fazendo uma análise da renda em relação à unidade da federação, percebeu-se que a renda predominante variou de R$1.245,01 a R$2.490,00, sendo a região Sudeste a que apresentou um maior percentual de idosos com renda superior a R$10.375,01. Percebese, assim, a desigualdade de renda entre a população idosa nas regiões do país. Alguns destes dados socioeconômicos reafirmam os trazidos pela PNAD (2009, apud IBGE, 2010b), em que as mulheres ainda são a maioria no país, que a escolaridade dos idosos brasileiros é ainda considerada baixa, e que pouca parcela da população vivem com renda domiciliar per capita de até ½ salário mínimo. 4. CONCLUSÕES Esse estudo buscou delinear o perfil socioeconômico dos idosos residentes nas diversas regiões do Brasil com base em dados da POF (2008-2009), a partir das variáveis: sexo, renda e nível de escolaridade desse segmento. Ficou evidente que houve diferenças entre renda e escolaridade dos idosos. Conclui-se, assim, que há no país a predominância de idosas, que o nível de escolaridade dos idosos brasileiros é baixo, visto que a maioria possui apenas o ensino fundamental, e existe uma grande desigualdade de renda entre o segmento estudado. É importante, assim, a realização de estudos mais aprofundados sobre as questões relativas ao idoso brasileiro, principalmente considerando-se suas relações na família e na sociedade. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, A. A.; ALVES, J. E. D. Padrões de Consumo dos arranjos familiares e das pessoas que moram sozinhas no Brasil e em Minas Gerais: Uma análise de gênero e renda. In: XIV Seminário sobre a Economia Mineira, 2010, Diamantina. Disponível em: <http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/economiamineira/diamantina-2010/3.php>. Acesso dia 19 ago. 2011. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de Orçamentos Familiares (2008-2009): Despesas, rendimentos e condições de vida. Rio de Janeiro, 2010. 33 ________. Síntese de indicadores sociais: Uma análise das condições de vida da população brasileira - 2010. Estudos e Pesquisas. Informação Demográfica e Socioeconômica Rio de Janeiro, 2010. MENDES, M. R. S. S. B.; GUSMÃO, J. L.; FARO, A. N. M.; LEITE, R. C. B. O. A situação social do idoso no Brasil: uma breve consideração. Acta Paul Enferm. São Paulo, n.18, v.4, p.422-426. 2005. PEREIRA, L. S. M.; BRITTO, R. R.; PERTENCE, A. E. M.; CAVALCANTE, E. C.; GUERRA, V. A. Programa melhoria da qualidade de vida dos idosos institucionalizados. 8º Encontro de Extensão da UFMG, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: UFMG. 2005. OSÓRIO, A. R.; PINTO, F. C. As pessoas idosas: Contexto social e intervenção educativa. Lisboa: Horizontes Pedagógicos, 2007. 34 O TRABALHO VOLUNTÁRIO E ASSOCIATIVO: VIVÊNCIAS E IMPLICAÇÕES Adriele Schmidt; Rita de Cássia Zanuncio Araújo, Patrícia Ferraz do Nascimento Universidade Federal de Viçosa [email protected] RESUMO A economia solidária pressupõe a organização de grupos de pessoas em redes de interação e cooperação, visando a solução de necessidades e implementação de desejos comuns a estes indivíduos. Objetivou-se com este estudo descrever as práticas voluntárias e associativas vivenciadas em Venda Nova do Imigrante-Espírito Santo, com vista a identificar as suas implicações no cotidiano dos indivíduos envolvidos nestas atividades. Estas atividades se baseiam em princípios da economia solidária como a solidariedade, a autogestão, as dimensões econômicas e a cooperação e acarretam benefícios para a comunidade como o seu desenvolvimento, a melhoria de renda, qualidade de vida das famílias e a inclusão social de indivíduos. Para potencialização deste tipo de atividade, a conscientização e educação cooperativista de comunidades são necessárias e tornam-se uma importante área de atuação para os profissionais com visão holística. Palavras-chave : Economia Solidária; Vivências; Implicações. 1. INTRODUÇÃO Na sociedade contemporânea, o modelo de economia baseado no capitalismo está acarretando uma série de transformações. Diante destas, algumas parcelas da população são excluídas da sociedade e do mundo do trabalho, enfrentando uma série de dificuldades para realização de seus projetos de vida. Para solução ou minimização destas situações, muitos grupos de pessoas que possuem fins comuns se unem para buscar caminhos de se inserir no mercado de trabalho e na sociedade. Esta forma de trabalho, denominada de economia solidária, pressupõe a organização dos trabalhadores em redes de interação e cooperação, visando 35 o crescimento mútuo, por meio do compartilhamento de recursos materiais, experiências e da ajuda. Este termo resulta da união entre a cultura, a tecnologia e a economia e que visa valorizar a capacidade de criar e reinventar, quebrar alguns paradigmas tradicionais e buscar pela solução dos velhos e dos novos problemas. Esta atividade estimula o trabalho de novos produtores, promovendo o resgate do cidadão e a inserção social de um público possivelmente excluído pelo sistema capitalista. (SANTOS,2002 apud FARIAS, 2011; REIS, 2008 apud FARIAS, 2011). Os trabalhos voluntários e associativos, utilizando como base princípios da Economia Solidária estão muito presentes no município de Venda Nova do ImigranteEspírito Santo, onde grupos de pessoas se unem para trabalhar junto em benefício próprio e comunitário diante de um desejo ou necessidade comum. Nesse sentido, esta pesquisa foi desenvolvida buscando apresentar os trabalhos grupais do município e retratar como os mesmos abrangem diferentes atividades, sejam elas produtivas ou sociais, em busca de qualidade de vida. 2. OBJETIVOS Este artigo teve por objetivo geral identificar as práticas voluntárias e associativas vivenciadas em Venda Nova do Imigrante-Espírito Santo, com vista a identificar as suas implicações no cotidiano dos indivíduos envolvidos nestas atividades. Especificamente pretendeu-se: -Apresentar os trabalhos associativos desenvolvidos no município de Venda Nova do Imigrante - ES; - Inter-relacionar aos trabalhos associativos desenvolvidos no município com conceitos de economia solidária; - Analisar as implicações pessoais, sociais e econômicas decorrentes da participação da comunidade nos trabalhos voluntários e associativos. a) A Economia Solidária e o desenvolvimento comunitário Grande parte das comunidades passa por problemas comuns a todos ou a uma parte de seus integrantes. As práticas solidárias são formas para inserir nestas comunidades os trabalhos solidários com objetivo de melhorar a qualidade de vida dos moradores locais e do meio ambiente. 36 Para o Ministério do Trabalho e Emprego Brasileiro - MTE (2005) citado por Dantas et al (2010) a economia solidária, é um conjunto de atividades econômicas (produção, distribuição, consumo, poupança e crédito), organizado e realizado solidariamente por trabalhadores e trabalhadoras de forma coletiva, autogestionária e pautada sobre os pilares da cooperação, da autogestão, da viabilidade econômica e da solidariedade. Algumas de suas bases são a cooperação e a solidariedade. Sobre a cooperação, Valadares (2011), escreveu que se baseia em tentar conseguir com a ajuda dos outros o que, com maior dificuldade, se conseguiria sozinho, por meio do trabalho conjunto. Ele se refere a cooperação também como uma resposta intelectual e criativa do homem frente a suas necessidades e realidades. Em complemento a estas informações, Rodrigues (2011, apud Farias, 2011, p. 11) afirma que: a economia criativa é um caminho promissor para estimular a geração de trabalho e renda a partir da valorização das especificidades regionais e a diversidade cultural em detrimento da produção em massa, de modo a fortalecer a sociedade civil e os pequenos produtores, e ainda favorecer o processo de transformação de comunidades e promover seu desenvolvimento. Nesse sentido, a economia solidária é uma alternativa para solucionar problemas existentes nas comunidades como também para valorização cultural e promoção do desenvolvimento local. Estas organizações grupais podem ser no formato de associações ou cooperativas. Em seu trabalho sobre associações Valadares (2011, pág 1), define este tipo de organização como sendo “toda iniciativa formal ou informal por meio da qual, um grupo de pessoas ou de instituições buscam realizar determinados interesses comuns, sejam eles econômicos, sociais, políticos ou culturais”. Segundo o mesmo autor, as associações se subdividem em diversas categorias e uma delas são as associações de trabalho, nas quais estão as associações de artesãos, taxistas, médicos, costureiras, bem como associações de empresários de pequenos negócios, comerciantes e produtores rurais, que se organizam para realizar atividades produtivas em conjunto ou para a prestação de serviço ou trabalho de produção e comercialização de mercadorias por meio do associativismo, tornando-se uma nova alternativa de expansão no mercado. Outra forma de organização grupal são as cooperativas, definidas pela Lei cooperativista 5.764 de 1971 como sendo “uma sociedade de pessoas, com forma e 37 natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeita a falência, constituída para prestar serviços aos associados” (LEI 5.764, 1971, p.2). Alguns princípios deste tipo de organização são visar o aprimoramento do ser humano nas dimensões culturais, sociais e econômicas, preocupando-se com a qualidade dos serviços oferecidos, além de buscar por um preço mais justo, preocupando-se com o meio ambiente e a construção de uma sociedade mais democrática, sustentável e equitativa. Não obstante, o cooperativismo centra-se na valorização do ser humano, uma vez que possibilita o empoderamento, o exercício da cidadania e o desenvolvimento social, cultural e econômico dos beneficiários. Neste sistema, os cooperados são trabalhadores e proprietários ao mesmo tempo, participando da definição das ações, prioridades e estratégias, além de terem maior incentivo moral e econômico para dedicar-se ao trabalho na cooperativa (SANTOS, 2002 apud FARIAS, 2011; VEIGA, 2001). Além destas duas modalidades, os trabalhos voluntários para diversos fins também adotam princípios da cooperação e da Economia Solidária e proporcionam resultados significativos nas comunidades onde são desenvolvidos, se apresentando como importante mecanismo de inserção de idosos e outros indivíduos muitas vezes “excluídos” da sociedade. A Lei 9.608 de 1998 define estes trabalhos como sendo aquelas atividades não remuneradas, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade. Ambas estas atividades, sejam elas cooperativas, associativas ou voluntárias apresentam uma série de vantagens, como aponta Veiga (2001) quando aborda o trabalho em cooperação, sendo elas: a) Manter as pessoas integradas em grupos, fortalecendo-se para o enfrentamento das dificuldades econômicas e sociais que possam surgir; b) aumento do nível de conhecimentos, de participação social e de possibilidades de participação em organizações de toda a sociedade; c) criação e fortalecimento dos laços de amizade e solidariedade social; d) aumento da produtividade do trabalho através da divisão do trabalho, da organização da produção e da racionalização do processo de trabalho e do uso dos meios de produção; e) redução da dependência e do risco dos pequenos agricultores quando isolados; f) possibilita vendas a preços melhores; g) eliminação de intermediários nas relações de mercado, sendo a venda direto ao consumidor uma das estratégias mais adotadas no formato de feiras e outras 38 opções, e; h) possibilidade de fazer compras a preços mais baixos, devido ao maior volume de mercadoria. Conhecendo esta série de vantagens do trabalho em cooperação, Farias (2011) aponta para a necessidade de atenção de profissionais que trabalham com o desenvolvimento comunitário estimular o potencial criativo e empreendedor dos grupos de agricultores familiares, explorando para que os produtores possam gerar novas ideias e produtos inovadores. Além disso, o trabalho em grupo deve considerar as características culturais do local, buscando fortalecê-las e também, por meio das organizações grupais, promover o desenvolvimento de atividades pluriativas que podem ser desenvolvidas no meio rural. 3. METODOLOGIA O presente trabalho foi desenvolvido no Município de Venda Nova do Imigrante, tratando-se de uma estudo qualitativo, caracterizado como aquele que tem como princípios essenciais o caráter descritivo, o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental, o enfoque dedutivo e que leva em consideração os significados que as pessoas conferem às suas coisas e a sua vida (NEVES, 1996). O município de Venda Nova do Imigrante foi emancipado em 10 de maio de 1988, sendo formado em sua grande maioria por imigrantes italianos. Possui população aproximada de 20.447, e sua renda advém de produção agrícola, pecuária, além de importantes trabalhos com agroturismo, agroindústrias artesanais, artesanato e trabalhos voluntários (IBGE, 2010). A cidade foi a primeira do Estado a praticar o agroturismo e tem destaque em todo o Brasil como modelo ideal deste tipo de atividade. A prática deste tipo de turismo teve a sua origem com a chegada dos imigrantes italianos em 1892, os quais tinham o costume de produzir alimentos dentro de suas propriedades, uma vez que haviam poucas casas de comércio na região e o dinheiro também era escasso. Os grupos que desenvolvem atividades associativas e voluntárias no município e que foram estudados neste trabalho são as Voluntárias Pró- Hospital Padre Máximo, o Grupo de Fitoterapia da Pastoral da Saúde, o Centro Regional de Desenvolvimento do Agroturismo- AGROTUR/Venda Nova do Imigrante e a Associação da Feira Livre da Agricultura Familiar. 39 Para coleta de dados foram realizadas visitas aos grupos e associações, observações diretas de seus trabalhos, buscando interação com os integrantes dos grupos para conhecer a vivência dos mesmos nas atividades. Os dados coletados foram descritos e analisados dentro de abordagens teóricas sobre a temática. 4. TRABALHOS VOLUNTÁRIOS E ASSOCIATIVOS 4.1. Trabalhos voluntários O trabalho voluntário é uma vocação antiga do município de Venda Nova do Imigrante que desenvolve várias atividades que contam a participação de jovens, adultos e idosos no trabalho conjunto, visando a resolução de alguma situação problema, aproveitamento de potencialidades e inclusão social dos envolvidos nas atividades, em especial os idosos, que não mais se encontram no mercado formal de trabalho. Tratando especificamente da população idosa, Souza et al (2008) diz que o voluntariado na terceira idade serve como mecanismo para manter este público socialmente ativo, afastar o preconceito advindo com a aposentadoria, além de aumentar a qualidade de vida e autoestima dos participantes. O trabalho voluntário é uma forma de participação social, em que os participantes investem o seu tempo livre na promoção da solidariedade e da cidadania, auxiliando no desenvolvimento local. Em Venda Nova do Imigrante, estes trabalhos são desenvolvidos pela Associação de Voluntárias Pró-Hospital Padre Máximo e pelo Grupo de Fitoterapia Pastoral da Saúde. Segue apresentação dos mesmos: - ASSOCIAÇÃO DE VOLUNTÁRIAS PRÓ-HOSPITAL PADRE MÁXIMO A Associação das Voluntárias Pró-Hospital Padre Máximo, com base nas informações contidas em seu folder de divulgação, é uma entidade sem fins lucrativos, composta por 130 voluntárias do município, existente a 30 anos. Seu surgimento se deu quando ocorreu uma mobilização popular a cerca das carências identificadas no Hospital Padre Máximo, Hospital do município de Venda Nova do Imigrante, e por sugestão de um médico que havia conhecido o trabalho voluntário feito em benefício do Hospital das Clínicas de São Paulo. O trabalho foi iniciado com adaptações a realidade 40 local do município, quando um grupo de senhoras iniciou as atividades com muita dedicação e comprometimento produzindo peças artesanais como colchas, almofadas, toalhas, roupas de cama e banho e bordados diversos, bem como artesanatos em geral. A matéria prima utilizada para confecção dos produtos é doada ou comprada pela própria Associação. Os bordados utilizados são tradicionais, aprendidos com as nonnas (avós) que os trouxeram da região de onde migraram e que são preservados entre as gerações. A beleza dos trabalhos é retratada nas peças artesanais produzidas, mas o que os deixam mais encantadores ainda é que com o resultado das vendas, a Associação esteve presente na vida de muitas pessoas que precisam dos serviços hospitaleiros, atuando no acolhimento dos pacientes, de turistas e da população dos municípios circunvizinhos. Assim, cada peça artesanal pode transformar realidades, pois do trabalho destas mãos solidárias, foram realizadas inúmeras doações ao Hospital Padre Máximo, incluindo lençóis, fronhas, cobertores, equipamentos, utensílios e móveis. Os trabalhos das voluntárias são realizados na sede da Associação, localizada no prédio anexo ao hospital, com salas onde são realizadas oficinas de produção artesanal, salas de bordado, escritório administrativo e loja para comercialização dos produtos. - GRUPO DE FITOTERAPIA PASTORAL DA SAÚDE O uso de plantas medicinais advém da antiguidade e é amplamente utilizada até os dias atuais, recebendo incentivo da própria Organização Mundial da Saúde (OMS), que comprovou que 80 % da população mundial já fez uso de algum tipo de planta medicinal e 30% destes o fizeram por indicação médica. De acordo com pesquisas, as plantas medicinais utilizadas para aliviar sintomas dolorosos ou desagradáveis, apresentam resultados em menor tempo, com custos inferiores e são mais acessíveis a população (ANDRADE, 2008). Entre italianos, o cultivo de hortas medicinais e a utilização de remédios caseiros é uma prática comum, e no município de Venda Nova do Imigrante um grupo de mulheres se uniu para formar o Grupo de Fitoterapia da Pastoral da Saúde de Venda Nova do Imigrante/ES, inserido no Território das Montanhas e Águas do ES, desempenhando importante papel no estado por ser uma unidade de referência em cultivo e secagem de plantas medicinais, produção de fitoterápicos e demais terapias naturais e gestão social. 41 A Pastoral da Saúde é um programa de ação comunitária e voluntária da Igreja Católica, que teve início em janeiro de 1989 a convite do Pároco Padre Geraldo Lopes, quando um grupo de mulheres se dispuseram a fazer visitas aos doentes e carentes do município. Quando a Irmã Luiza Caliman visitou a Paróquia, percebeu a oportunidade de iniciar a utilização das plantas medicinais, o que possibilitou a valorização e continuidade do saber popular. Assim, para o trabalho eram doadas plantas medicinais, e as voluntárias passaram por cursos de formação ministrados por profissionais da área de fitoterapia. A Pastoral da Saúde é um dos exemplos de trabalhos voluntários realizados em Venda Nova do Imigrante, tendo a cooperação como seu princípio mais importante. É um trabalho de grande destaque no município, sendo realizado com amor, empolgação, responsabilidade e alegria. Os trabalhos são desenvolvidos por 96 voluntárias que envolvem jovens, adultos e principalmente idosas que de dividem em dois grupos, sendo que um deles atua no atendimento aos usuários e manipulação dos fitoterápicos (remédios feitos com plantas medicinais), trabalhando em forma de revezamento durante a semana no laboratório situado na sede da Pastoral, atualmente área cedida pela prefeitura, mas cujo projeto de sede própria já foi aprovado e encontra-se em construção. O outro grupo atua em visitas domiciliares, e para melhoria dos trabalhos desenvolvidos, o grupo conta com os trabalhos de um farmacêutico bioquímico e um médico homeopata. Alguns trabalhos realizados nos laboratórios da Pastoral são a secagem e o armazenamento das plantas medicinais para serem utilizadas quando necessário. Estas plantas desidratadas são embaladas em pequenos pacotes que são repassados a população que as utilizam para fazer o chá, ou são utilizados pelas próprias voluntárias para fazer tinturas (extratos alcóolicos), cápsulas, pomadas, xaropes, dentre outros produtos, que são distribuídos para os usuários em preço acessível na sede da Pastoral da Saúde, sendo também distribuídos gratuitamente para aqueles que não têm condições de contribuir, e repassados para as escolas municipais, creches, APAE, Prefeitura Municipal e Hospital do município por meio do Programa Municipal de Saúde. Os recursos arrecadados são utilizados para cobrir as despesas de manutenção do grupo. A qualificação constante do grupo garante o sucesso dos trabalhos, que junto com a Prefeitura Municipal, a Igreja e o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural- INCAPER, passam seus conhecimentos adiante e aprendem participando de cursos, seminários, reuniões e oficinas sobre temas ligados à 42 alimentação e saúde e gestão social, destinados tanto para as integrantes do Grupo de Fitoterapia quanto para a comunidade. As plantas advêm da Horta Medicinal Comunitária mantida pela parceria entre a prefeitura municipal e o INCAPER. As plantas são produzidas em sistema orgânico, com cerca de 80 espécies cultivadas, que são observadas até que se definam as práticas agrícolas e locais apropriados para cultivo de cada planta. 4.2. Trabalhos associativos Estes trabalhos são caracterizados como uma forma jurídica de legalizar a união de pessoas em torno de seus interesses e que sua constituição permite a construção de condições maiores e melhores do que as que os indivíduos teriam isoladamente para a realização dos seus objetivos, independente do tipo de associação ou de seu objetivo. Sendo assim, é uma forma básica de se organizar, juridicamente um grupo de pessoas para a realização de propósitos comuns (SEBRAE- MG, s/d). Em Venda Nova do Imigrante, a atividade agroturística e a agricultura familiar são atividades econômicas fortes, e os indivíduos que desenvolvem estas atividades encontraram e ainda encontram uma série de dificuldades no desenvolvimento de seus trabalhos. No intuito de conseguirem melhores resultados e fortalecer estas atividades no município criou-se o Centro Regional de Desenvolvimento do AgroturismoAGROTUR/Venda Nova do Imigrante e a Associação da Feira Livre da Agricultura familiar. As descrições destes trabalhos se encontram a seguir: - CENTRO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DO AGROTURISMO- AGROTUR/VENDA NOVA DO IMIGRANTE A atividade turística é um dos destaques do município de Venda Nova do Imigrante, mais especificamente o agroturismo, caracterizado como um segmento do turismo que é desenvolvido no espaço rural por agricultores familiares, no qual estes compartilham com turistas o seu patrimônio natural e cultural, bem como o seu modo de vida. Estes empreendimentos mantêm as suas atividades econômicas e oferecem produtos e serviços de qualidade, valorizando e respeitando o ambiente e a cultura local e proporcionado bem estar aos envolvidos (TOREZAN et al, 2002). 43 A associação de empreendedores que desenvolvem o agroturismo no município é composta por aproximadamente 24 famílias de agricultores familiares, que desenvolvem atividades que englobam atividades de lazer, hospedagem, alimentação, visitação, agroindústrias caseiras e venda dos produtos fabricados em lojas próprias dos estabelecimentos e outras, produtos artesanais, dentre outras atrações. O grupo surgiu para fortalecer a atividade turística na região por meio da organização grupal, visando melhorar a divulgação do trabalho desenvolvido, buscar comprar insumos coletivamente para diminuição de custos, proporcionar qualificação da produção, organizar o empreendimento e atender aos turistas, dentre outros fins. O grupo possui uma loja no centro da cidade, que funciona juntamente com um ponto de informações turísticas. Nesta loja está a venda desde produtos alimentícios até produtos artesanais produzidos pelos associados. - ASSOCIAÇÃO DA FEIRA LIVRE DA AGRICULTURA FAMILIAR As dificuldades de comercialização de produtos agrícolas é uma realidade crescente no meio rural. Estes estão relacionados aos baixos preços que são pagos aos agricultores, o fato de grande parte do lucro da produção ficar nas mãos dos atravessadores, o desperdício de produtos por falta de locais de comercialização, dentre outros. Diante disso, novas redes de comercialização devem ser potencializadas pelos profissionais atuantes neste meio. Em geral, alguns programas governamentais como o Programa de Aquisição de Alimentos e o Programa Nacional de Alimentação Escolar, têm sido mecanismos de comercialização para escoamento da produção a preços melhores. Além da comercialização de produtos para estes programas, em Venda Nova do Imigrante, principalmente a comercialização dos produtos agroindustriais se dá direto ao consumidor por meio das lojas próprias nos estabelecimentos que estão envolvidos com o agroturismo. Além disso, uma proposta iniciada há 2 anos no município é a Feira da Agricultura Familiar, para a qual foi criada uma associação de agricultores familiares do município que junto aos órgãos de apoio e assistência técnica organizaram as atividades, buscaram recursos, apoiadores e espaço para a realização das atividades. Todos os feirantes seguem uma Tabela de Preços elaborada semanalmente para a feira, feita em parceria por profissionais do INCAPER, Secretaria da Agricultura e Sindicato dos Trabalhadores Rurais em forma de revezamento, cujas informações são 44 compartilhadas entre os órgãos. Os preços são calculados com base nos preços praticados no Ceasa no dia anterior ao da Feira, acrescentando-se 25% ao preço dos produtos. A feira está em ampliação, mas atualmente estão envolvidas 30 famílias com produções diversificadas, abrangendo produtos agrícolas, produtos processados nas agroindústrias familiares (socol, defumados, geleias, doces, pães, bolos, biscoitos, etc.), artesanatos e lanches (pastéis, caldo de cana, Fanta natural-feita com cenoura), cujas vendas movimentam em média 120 mil reais por mês no município. Para fortalecimento da Feira e incentivo a população para frequentar este espaço de comercialização de produtos locais, a Prefeitura Municipal, em vez de pagar o auxílio alimentação aos funcionários, distribui o mesmo valor em Tictes para uso exclusivo da Feira da Agricultura Familiar, fazendo com que todos os funcionários da prefeitura façam as suas compras semanalmente na Feira, fortalecendo a comercialização dos produtos dentro do próprio município. Tem sido uma iniciativa de grande sucesso e os produtos comercializados na feira, têm conquistado a cada dia mais espaço no dia a dia dos moradores da cidade. 4.3. Princípios da Economia Solidária presentes nos trabalhos voluntários e associativos O Ministério do Trabalho e do Emprego (2008) caracteriza a economia solidária como um conjunto de atividades econômicas organizadas sob a forma de autogestão, e que podem ser atividades de produção, distribuição, poupança e crédito ou de consumo. Este aponta como princípios da Economia Solidária a cooperação, a autogestão, a dimensão econômica e a solidariedade. As atividades voluntárias e associativas desenvolvidas em Venda Nova do Imigrante enquadram-se nestes conceitos uma vez que ambas as atividades, a partir de uma situação problema ou uma motivação social (como no caso dos trabalhos voluntários) um grupo de pessoas, cujas finalidades eram comuns, se uniram para realizarem trabalhos coletivamente, utilizando-se da cooperação para tal, onde cada integrante participa das atividades de acordo com suas capacidades, visando um resultado que beneficie a todos. Todas as atividades são auto-gestionadas pelos participantes dos grupos, que contam com o apoio de outras instituições, mas as decisões são tomadas conjuntamente pelos membros do grupo, que traçam os seus próprios objetivos e caminhos a seguir. 45 Ambos os trabalhos analisados possuem dimensões econômicas, sendo que os integrantes envolvidos nos trabalhos voluntários comercializam a produção para benefício social (como melhorias no hospital, doações para instituições), e os trabalhos associativos, trabalham conjuntamente e cada qual comercializa sua produção individualmente em um espaço de socialização (como no caso da Feira da Agricultura Familiar) ou em seu próprio empreendimento, no caso dos empreendedores agroturísticos, cada qual se beneficiando individualmente economicamente e ao mesmo tempo desenvolvendo atividades conjuntas com os demais membros do grupo, que geram resultados positivos para ambos. É importante ressaltar que estes trabalhos tem fins econômicos porém não visam lucro para a associação ou grupo de voluntárias, mas sim para benefício próprio dos agricultores familiares e outros indivíduos envolvidos e também para benefício social (como no caso das voluntárias do Hospital Padre Máximo e do Grupo de Fitoterapia da Pastoral da Saúde). Vale ainda ressaltar que nas atividades, as dimensões culturais, ambientais e sociais não são desconsideradas. E por fim, a solidariedade entre os integrantes do grupo com trocas de experiência, autoajuda, complementação de atividades, na preocupação com o bem estar dos consumidores e dos colegas de trabalho e no compromisso comum para o alcance dos objetivos traçados pelo grupo, cada qual contribuindo com suas potencialidades. 4.4. O TRABALHO VOLUNTÁRIO E ASSOCIATIVO E SUAS IMPLICAÇÕES Com o acompanhamento das atividades realizadas pelos quatro grupos estudados percebeu-se que o grupo mantem-se motivado para o trabalho e sentem orgulho do que fazem, acompanhando e trabalhando para a melhora dos trabalhos. Este orgulho é ainda mais visível nas atividades voluntárias, onde os integrantes ressaltam a importância que o seu trabalho tem para benefício da comunidade, as conquistas do grupo e as mudanças que já conseguiram concretizar. Além do mais, para as associações de agroturismo e de agricultores familiares, a melhoria da renda é considerável, possibilitando desenvolvimento para as famílias e para o local, o que contribui para a qualidade de vida das famílias. É preciso destacar ainda a inclusão social nos trabalhos associativos e voluntários, pois é um mecanismo de inserção de trabalhadores que antes se encontravam ociosos, seja por aposentadoria, desemprego, ou outra razão, dando-lhes ocupação e 46 possibilitando a socialização, em especial aos idosos, que estão a cada dia mais sujeitos ao isolamento social. As implicações do trabalho em cooperação, embora tenham aspectos complicadores e por vezes negativos, em geral trazem uma série de benefícios sociais, econômicos e culturais e estes variam de acordo com a finalidade comum a que o grupo se propõe e com a realidade local vivenciada por estes grupos. 5. CONCLUSÃO Diante das mudanças decorrentes na sociedade contemporânea, a economia solidária se apresenta como uma alternativa de solução e minimização de situações problema e realização de desejos comuns de forma cooperativa, onde todos se beneficiam, promovendo o desenvolvimento local e a valorização cultural do local. As organizações discutidas neste artigo foram as associações e os trabalhos voluntários desenvolvidos no município de Venda Nova do Imigrante, cujas atividades se baseiam em princípios da economia solidária como a solidariedade, a autogestão, as dimensões econômicas e a cooperação. Estas atividades trazem uma série de benefícios para a comunidade como o seu desenvolvimento, a melhoria de renda e qualidade de vida das famílias e a inclusão social de indivíduos. Sendo assim, a Economia Solidária abre caminhos para o desenvolvimento local e melhoria da qualidade de vida da população e que necessita do envolvimento de pessoas para se concretizar. Assim, necessita-se de maiores investimentos na conscientização e educação cooperativista de comunidades urbanas e rurais para o trabalho coletivo, apontando-se como uma possibilidade de trabalho para profissionais de Economia Doméstica, por sua visão holística, preocupação com o bem-estar das famílias, geração de renda e inclusão social. 6. 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Com as transformações demográficas ocorridas nas últimas décadas, segundo Almeida (2011), os núcleos familiares tendem a envelhecer, fato que pode ser constatado pelo aumento do número de famílias com idosos em sua composição, e consequentemente, a convivência entre diferentes gerações. Assim, de acordo com Santos e Dias (2008, apud ALMEIDA, 2011), há distintos modelos de famílias, caracterizando-se, mais do que nunca, pela diversidade dos arranjos que variam de acordo com as características pessoais, familiares e culturais. Diante disso, objetivou-se, com este estudo, discutir, a partir de uma revisão bibliográfica, os novos arranjos familiares aos quais os idosos estão inseridos. 2. METODOLOGIA Com a finalidade de maior embasamento conceitual e teórico procurou-se levantar um referencial bibliográfico, através da revisão de artigos, livros e revistas, considerando as publicações relevantes que demonstrasse os diversos tipos de arranjos familiares aos quais os idosos estão inseridos. 49 3. DISCUSSÃO TEMÁTICA De acordo com os dados do IBGE (2011) houve, entre 2000 e 2010, um crescimento significativo das unidades domésticas unipessoais. A média brasileira passou de 8,6% para 12,1%. O Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, cujos índices de envelhecimento foram mais elevados, têm maior percentual no país, enquanto que no Amazonas e no Maranhão apresentaram menores percentuais de pessoas idosas que vivem sós. Denota-se no Brasil, entre 1997 e 2007, um crescimento do percentual de domicílios unipessoais para pessoas de 60 anos ou mais (11,2% para 13,5%), determinando um novo arranjo domiciliar (IBGE, 2008). De acordo com Ramos, Menezes e Meira (2010), a condição que justifica a tendência da escolha do idoso em morar só pode advir da busca pela individualidade ou em decorrência das perdas humanas, insuficiência econômica, aposentadoria, abandono ou descaso de seus familiares, dentre outros fatores. Capitanini (2000, apud RAMOS, MENEZES e MEIRA, 2010) associa esse panorama à redução do número de indivíduos a cada geração, devido à diminuição das taxas de natalidade e fecundidade; mudanças nos valores concernentes à vida familiar e ao casamento, levando ao crescimento do número de adultos solteiros e descasados; e, aumento da mobilidade geográfica da população jovem e a urbanização, reduzindo a convivência intergeracional e a longevidade prolongada. Camargos e Rodrigues (2008) complementam afirmando que diante da recente tendência do aumento do número de divórcios, mudanças de estilo de vida, melhora nas condições de saúde da população idosa e aumento da longevidade, com destaque à maior sobrevivência feminina, é de se esperar que, ao longo dos anos, cresça cada vez mais o número de domicílios unipessoais, ou seja, o número de idosos vivendo sozinhos. Os estudos têm evidenciado que os idosos que optam por morar sozinho poderia ser indicativo tanto de envelhecimento bem-sucedido, dado que estas pessoas tenderiam a apresentar melhores condições de saúde, como de fragilidade e susceptibilidade a riscos, uma vez que a falta de companhia poderia implicar na presença de hábitos indesejáveis em relação à saúde e na falta de assistência adequada (CAMARGOS; RODRIGUES, 2008). 50 Ramos, Menezes e Meira (2010) afirmam que diante de uma viuvez e quando não podem ou não querem contar com outros membros da família, muitos idosos recomeçam suas vidas sozinhos. Além da viuvez, os autores ainda colocam que a separação conjugal é outro fator que propicia ao idoso residir só. O estudo feito por Geib (2001, apud RAMOS, MENEZES e MEIRA, 2010) com um grupo de idosos que moravam sozinhos há 11 anos em São Paulo, mostrou que 97% deles preferiam esta situação a voltar a viver com a família, pois eles queriam preservar a independência e não incomodar parentes. Além disso, esse estudo mostrou que morar com outras pessoas muitas vezes pode significar perda de privacidade e de independência, e que estar com a família não significa necessariamente estar bem, pois em muitos casos, além dos conflitos, os idosos são esquecidos ou vistos como fontes de renda por sua aposentadoria. Já o estudo realizado por Almeida (2002) mostra que a importância do idoso dentro do contexto familiar depende bastante da sua própria condição física. Muitas vezes, pessoas com idades mais avançadas, acima dos 80 anos, encontram dificuldade em assumir a chefia da família. Nesse caso, os mais jovens realizam essa função e utilizam a renda desse idoso proveniente dos seus benefícios assistenciais para o sustento da casa. Outro aspecto com relação à importância do idoso, neste estudo, se deve ao sexo. Geralmente, a mulher idosa ou aposentada, quando viúva, assume um importante papel dentro da família, exercendo a condição de chefia; do contrário é responsável pelas tarefas domésticas e gasta seu tempo com os cuidados dos filhos e netos. Já no caso dos homens idosos, estes auxiliam a família através da execução de trabalhos externos. Além disso, Camarano et al. (2004 apud ALMEIDA, 2011) mostram que existe uma parcela considerável de filhos, netos e bisnetos vivendo com seus pais e avós estabelecendo assim uma co-residência, que é uma importante forma de transferência de apoio entre as gerações. Esta pode ocorrer por necessidade dos filhos em decorrência do maior tempo de estudo e investimento em sua formação, pela instabilidade do mercado de trabalho e das relações afetivas, ou pode ocorrer por necessidade dos idosos, fato que pode estar associado com o aumento de idade dos idosos e com sua maior dependência, tanto física quanto financeira. Entretanto, Camargos, Rodrigues e Machado (2010) afirmam que a realidade dos idosos brasileiros que vivem sozinhos ainda é pouco conhecida. Apesar de velhice não ser sinônimo de doenças ou incapacidades, sabe-se que nessa fase da vida as pessoas tendem a estarem mais susceptíveis a problemas de saúde e, consequentemente, carentes 51 de apoio. Mesmo que a co-residência não seja um indicador suficiente para medir ajuda, ela pode ser considerada um importante instrumento facilitador para que as trocas ocorram entre os idosos e outros membros. Os autores ainda afirmam que um idoso que mora com o cônjuge ou com os filhos e netos tenderia a apresentar maiores chances de receber cuidado informal. Em contrapartida, os idosos que moram sozinhos, apesar de participarem das relações de troca, estão menos propensos a receber este tipo de cuidado e com maiores chances de receberem cuidado formal. 4. CONCLUSÃO Diante das diversas mudanças às quais as famílias passam, denota-se no Brasil um crescimento do percentual de domicílios unipessoais para idosos. Os estudos têm evidenciado que os idosos que optam por morar sozinho poderia ser um indicativo de envelhecimento bem-sucedido. Por outro lado, pode, também, estar associado à redução no tamanho das famílias e, ou às mudanças nos valores concernentes à vida familiar e ao casamento. Além disso, a literatura mostra que os idosos que residem só muitas vezes querem preservar a independência e não incomodar parentes, e que estar com a família não significa necessariamente estar bem. Porém, alguns estudiosos mostram que existe uma parcela considerável de filhos, netos e bisnetos vivendo com seus pais e avós, estabelecendo assim, a co-residência, e isso pode ser considerado como uma importante forma de transferência de apoio entre as gerações. Contudo, percebe-se que existem variadas estruturas domésticas na qual o idoso está inserido, sendo que a cada dia há uma predominância menor da família nuclear. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, A. N. Determinantes do consumo das famílias com idosos e sem idosos com base na pesquisa de orçamentos familiares de 1995/1996. Piracicaba: 2002. 95f. Dissertação (Mestrado), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo. 2002. ALMEIDA, J. P. Arranjos familiares de idosos residentes na área de atuação de uma estratégia de saúde da família de Porto Alegre - RS. Porto Alegre: 2011. 46f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Graduação em Enfermagem), Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2011. 52 CAMARGOS, M. C. S.; RODRIGUES, R. N. Idosos que vivem sozinhos: como eles enfrentam dificuldades de saúde. XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais. Anais... Caxambu-MG. 2008. CAMARGOS, M. C. S.; RODRIGUES, R. N.; MACHADO, C. J.. Redes de apoio e estratégias de sobrevivência entre os idosos que moram sozinhos. In: XIV Seminário sobre a Economia Mineira, 2010, Diamantina. Disponível em: <http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/ seminario_diamantina/2010/D10A059.pdf>. Acesso dia 20 fev. 2012. FRAGA, M. H. S; BARRETO, M. L. M.; LORETO, M. D. S.; PINTO, N. M. A. Refletindo sobre as redes sociais no cuidado e educação de crianças de 0 a 6 anos de idade em famílias de camadas médias da população. Revista Brasileira de Economia Doméstica, Viçosa, v. 22, n.2, p. 131-149, 201. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Sinopse do Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro, 2011. ________. Síntese de indicadores sociais: Uma análise das condições de vida da população brasileira - 2008. Estudos e Pesquisas. Informação Demográfica e Socioeconômica Rio de Janeiro, 2008. RAMOS, J. L. C.; MENEZES, M. R.; MEIRA, E. C. Idosos que moram sozinhos: desafios e potencialidades do cotidiano. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v. 24, n. 1, 2, 3, p. 43-54, jan./dez. 2010. 53 UMA ATENÇÃO VOLTADA ÀS FAMÍLIAS QUE VIVENCIAM A HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL LUCAS, Cristiana T. J. 1; NEVES, Naíse V. G. 2; BARRETO, Maria de Lurdes Mattos3; LEITE, Maria A. V. Souza4; CASTRO, Rita S. e5. 1 Graduanda do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa – UFV/MG. Bolsista PIBEX 2012. E-mail: [email protected] 2 Profª Assistente III do Departamento de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa – UFV/DED/MG. E-mail: [email protected] 3 Profª Associada do Departamento de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa – UFV/DED/MG. E-mail: [email protected] 4 Graduanda do curso de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa – UFV/MG. Membro da Equipe do Projeto. E-mail: [email protected] 5 Economista Doméstica, Coordenadora da Brinquedoteca do Hospital São Sebastião – Viçosa -MG. E-mail: [email protected] 1. INTRODUÇÃO A família no ambiente hospitalar é fundamental para se compreender que esta é mediadora e porta-voz das preocupações e sentimentos das crianças/adolescentes que vivenciam o momento da hospitalização. É a família quem vai transmitir à equipe de saúde os sinais e mensagens ditas pelas crianças/adolescentes no intuito de auxiliar os profissionais a rever sua conduta e promover mudanças na assistência, adequando o mundo do hospital às necessidades da criança (NEVES, 2011 apud FERNANDES et al 2006). A hospitalização é cercada de mudanças que são vivenciadas tanto pela criança como o adulto. Algumas destas são assimiladas pela pessoa, porém, outras precisam de 54 um anteparo diferenciado seja para evitar a ocorrência ou, quando não há esta possibilidade, fazer com que as sequelas sejam diminuídas. Quando se trata desta intercorrência – a hospitalização – todos os hábitos da criança e da família são alterados, distanciando a família das atividades rotineiras, e, em geral para a criança que se encontra hospitalizada, esta sente dor ao passar por variados procedimentos e baterias de exames em busca da melhoria do quadro biológico (CAMON, 2010). Segundo Camon (2010), também afirma que o paciente sofre uma despersonalização durante o período de internação “deixa de ter o seu próprio nome e passa a ser um número de leito ou então alguém portador de uma determinada patologia. (...) deixa de ter um significado próprio para significar a partir de diagnósticos realizados sobre sua patologia” (CAMON, 2010, p.2). Diante disto o Projeto de Extensão: A FAMÍLIA INSERIDA NO CONTEXTO HOSPITALAR ENQUANTO ACOMPANHANTE DE CRIANÇAS INTERNADAS NA PEDIATRIA DO HOSPITAL SÃO SEBASTIÃO EM VIÇOSA-MG, objetiva ações visando contribuir para o aprimoramento da humanização Hospitalar, através de um PROGRAMA DE APOIO ÀS FAMÍLIAS DAS CRIANÇAS INTERNADAS NA PEDIATRIA - PAFCIP do HSS1, realizando ações de intervenção junto às mesmas durante e após o período de internação da criança. Para concretizarmos esse objetivo utilizaremos metodologias de ações participativas de forma que a equipe desse projeto, sejam elas alunas do Curso de Economia Doméstica e Educação Infantil, possam desenvolver estratégias de ações interventivas realizando diferentes tipos de abordagens juntos às famílias/acompanhantes das crianças de forma a socializar e trocar informações sobre diferentes assuntos de interesse desse público. 2. OBJETIVOS DO ESTUDO Especificadamente pretende, implementar o PAFCIP; buscar estratégias de abordagens às famílias a partir de intervenções sobre cuidados de saúde, higiene e demais informações necessárias à enfermidade da criança; delinear o perfil familiar e sócio-econômico das crianças e investigar sobre os impactos do projeto na recuperação infantil; contribuir para o aprimoramento da Humanização do atendimento Hospitalar; desenvolver as ações do projeto em parceria com o projeto de extensão – Brinquedoteca Hospitalar. 55 3. METODOLOGIA EMPREGADA O presente trabalho é desenvolvido no Hospital São Sebastião, com as famílias de crianças internadas no setor da pediatria e quartos particulares. A Casa de Caridade de Viçosa, Hospital São Sebastião, é uma instituição filantrópica e situa-se na Rua Tenente Kümmel, 36 em Viçosa-MG. As ações do projeto são organizadas e realizadas em alguns momentos na pediatria e noutros no espaço da Brinquedoteca Hospitalar do hospital. De acordo com Neves (2012 apud SZYMANSKI, 2001), em situações que envolvem problemas como procedimentos disciplinares, de higiene, de acompanhamento escolar e de saúde física e mental, às famílias, juntamente com os orientadores, podem ir construindo as alternativas de mudanças. Com este intuito, as ações do projeto são organizadas com as seguintes propostas: - círculos de discussão com os acompanhantes das crianças internadas: estes círculos são formados no próprio setor da Brinquedoteca onde, sob a orientação de acadêmicos do curso de Economia Doméstica, serão discutidos temas como a importância da família no processo de recuperação da criança; higiene pessoal e alimentar; alimentação saudável; doenças; conservação do patrimônio hospitalar, dentre outros que surgirem durante os contatos informais com as famílias. - oficinas junto às famílias/acompanhantes das crianças internadas na pediatria do HSS a fim de minimizar o estresse e sofrimento destas durante a internação da criança, bem como contribuir com a construção do conhecimento sobre assuntos relativos a promoção da saúde física e mental. - vivências lúdicas organizadas para os grupos de acompanhantes e com a integração dos acompanhantes com as crianças internadas. Além de conversas e relatos dos familiares quando vão à Brinquedoteca falando sobre suas angústias, medos e dúvidas que advêm da hospitalização. 4. RESULTADOS A partir da ficha de identificação da criança que é um instrumento utilizado pra coletar informações da criança hospitalizada, foi possível fazer a tabulação de dados do atendimento às famílias e crianças em situação de internação. 56 No período compreendido aos meses de fevereiro a meados de novembro deste ano de 2012, foram atendidas 302 crianças e seus respectivos acompanhantes (mãe, pai, avó, tia, etc.). Destas podemos inferir que 17,2% foram reincidentes no hospital. Sendo que em sua maior parte estas residem no município de Viçosa-MG, tanto na zona urbana quanto na rural. Além de termos também um atendimento às famílias oriundas de outras cidades, principalmente da micro região viçosense. Os dados revelam que crianças menores de 12 meses têm um maior índice de internação sobre as demais idades. E as doenças e ou causas de internação que mais acometem as mesmas são: pneumonia (18,8%), bronquite (11,2%), apendicite (6,9%), infecção (9,9%), e o restante se distribuem pelas mais diversas enfermidades (gripe, desidratação, alergia, quedas/acidentes domésticos, anemia, etc.). No que refere ao período de internação das crianças no hospital temos a equivalência do maior tempo de permanência, ou seja, acima de 4 dias para aquelas que ficam dependentes de medicação como o antibiótico ministrado para a pneumonia, por exemplo. Notadamente as doenças respiratórias são as que mais determinam esse número maior de dias no hospital. Porém os dados referentes ao período de internação não serve como parâmetro para avaliar se são as intervenções do projeto que colaboram na diminuição do tempo de internação da criança, pois há outras variáveis próprias da doença/enfermidade e ou instituição que influenciam este fator. Outros dados inferidos são os da família da criança hospitalizada. Dentre eles a escolaridade em sua maioria é alfabetizada, porém com “pouco estudo”, ou seja, que fizeram o ensino fundamental incompleto. É claro que há índices de escolaridade mais avançadas como o ensino superior. Estes dados também refletem sobre a renda dos mesmos, os quais famílias com maior grau de escolaridade têm renda, na maioria das vezes, superior àquelas que possuem menor grau de instrução. Os resultados destes dados possibilitam delinear o perfil socioeconômico da família da criança; conversar e orientar as famílias a respeito da alimentação saudável, bem como da saúde física e mental; higiene. Outros resultados obtidos com as ações do projeto foram: conversas e relatos das experiências vivenciadas no ambiente hospitalar e familiar (fora do hospital); integração dos pais nas atividades com as crianças fazendo-se compreender a importância das mesmas neste local, orientar para dúvidas quanto às enfermidades; dar apoio nas horas de angústia, medos e aflições. 57 5. CONCLUSÃO O hospital, o processo de hospitalização e o tratamento intrínseco que visa o restabelecimento, salvo alguns casos de doenças crônicas e degenerativas, não fazem parte das perspectivas da existência humana. Nesse sentido toda e qualquer invasão nas funções vitais de todo e qualquer ser humano se torna invasivo, aversivo, que além do caráter abusivo, apresenta componentes de dor e desalento. Ao trabalhar no sentido de cessar os processos de despersonalização no âmbito hospitalar o Economista Doméstico e sua equipe estarão ajudando na humanização do hospital. Um trabalho de reflexão e ações que envolva toda a equipe hospitalar para que o mesmo deixe de ter caráter meramente curativo, mas também se preocupe com o restabelecimento da dignidade humana. As intervenções voltadas para a atenção da saúde requer não só o atendimento às necessidades clínicas, mas também afetivas e sociais o que, ao mesmo tempo em que possibilita um cuidado mais abrangente, demanda mudanças na forma de atender às crianças hospitalizada e seu acompanhante. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMON, V.A.A (org). Psicologia hospitalar: teoria e prática. 2ª ed. São Paulo: Livraria Pioneira, 2010. 106 p. NEVES, Naíse Valéria Guimarães; BARRETO, Maria de Lourdes Mattos; LUCAS, Cristiana Terezinha de Jesus; CASTRO, Rita Sant´ Anna e; LEITE, Maria Aparecida Valentin de Souza; SANTANA, Monalise Mara Rocha. A FAMÍLA INSERIDA NO CONTEXTO HOSPITALAR ENQUANTO ACOMPANHANTE DE CRIANÇAS INTERNADAS NA PEDIATRIA DO HOSPITAL SÃO SEBASTIÃO EM VIÇOSAMG. Projeto de extensão, UFV/DED, Viçosa, 2012. NEVES, Naíse Valéria Guimarães; BARRETO, Maria de Lourdes Mattos; LUCAS, Cristiana Terezinha de Jesus; CASTRO, Rita Sant´ Anna e; LEITE, Maria Aparecida Valentin de Souza; SANTANA, Monalise Mara Rocha. A FAMÍLA INSERIDA NO CONTEXTO HOSPITALAR ENQUANTO ACOMPANHANTE DE CRIANÇAS INTERNADAS NA PEDIATRIA DO HOSPITAL SÃO SEBASTIÃO EM VIÇOSAMG. Projeto de extensão, UFV/DED, Viçosa, 2012. In: SZYMANSKI, Heloisa. A relação família/escola: Desafios e perspectivas. Brasilia-DF. Ed. Plano; 2001; 96p. NEVES, Naíse Valéria Guimarães; BARRETO, Maria de Lourdes Mattos; LUCAS, Cristiana Terezinha de Jesus; CASTRO, Rita Sant´ Anna e; LEITE, Maria Aparecida 58 Valentin de Souza; SANTANA, Monalise Mara Rocha. A FAMÍLA INSERIDA NO CONTEXTO HOSPITALAR ENQUANTO ACOMPANHANTE DE CRIANÇAS INTERNADAS NA PEDIATRIA DO HOSPITAL SÃO SEBASTIÃO EM VIÇOSAMG. Projeto de extensão, UFV/DED, Viçosa, 2012. In: FERNANDES, Carla Natalina da Silva, ANDRAUS, Lourdes Maria da Silva y MUNARI, Denize Bouttelet. O aprendizado do cuidar da família da criança hospitalizada por meio de atividades grupais. Rev. Eletr. Enf. [online]. abr. 2006, vol.8, no.1 p.108-118. 59 PATROCINADORES FLORICULTURA FLORART POLI EMBALEGEM VIÇOSA EMBALAGEM CAFÉ UNIVERSITÁRIO ITAMINAS BEBIDA CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DOMÉSTICA 60