07 M I L L E N N I U M 07 SETEMBRO OUTUBRO 2010 M A G A Z I N E _ €2,50 SETEMBRO/OUTUBRO 2010 RICARDO PEREIRA cara e coroa M I L L E N N I U M M A G A Z I N E PERFIL RICARDO PEREIRA CULTO 1985: O FUTURO COMEÇOU HÁ 25 ANOS FOTORREPORTAGEM TERREIRO DO PAÇO VIAGEM DE COMBOIO PELA ÍNDIA ROTEIRO CASCAIS LINHA DA FRENTE PORDATA MAHARAJAS’ EXPRESS Sete dias num comboio com vista para a Índia LINHA DA FRENTE Maria João Valente Rosa e o ambicioso projecto Pordata Millennium 25 anos O FUTURO COMEÇOU EM 1985 FOTORREPORTAGEM O NOVO TERREIRO DO PAÇO AUTOMÓVEIS SALÃO DE PARIS ROTEIRO CASCAIS 02a03:Layout 1 06-10-2010 10:50 Page 1 02a03:Layout 1 06-10-2010 10:50 Page 4 ÍNDICE. 04-05 2ª via:Layout 1 11-10-2010 9:23 Page 4 Millennium magazine SETEMBRO.OUTUBRO 2010 07 O FUTURO COMEÇOU HÁ 25 ANOS CULTO. 25 de Junho de 1985: o primeiro dia do resto da vida do Banco Comercial Português. Por essa altura, Portugal aderia oficialmente à Comunidade Económica Europeia, o multibanco começava a ser uma realidade em Lisboa e Porto, e Marco Chagas tornava a vencer a «Volta». Mas outros episódios, ícones e momentos sobrevivem desse ano crucial para as nossas vidas. 30. ÍNDIA MAHARAJAS’ EXPRESS VIAGEM. A jornalista Ana Músico embarcou, com o fotógrafo Paulo Barata, no Maharajas’ Express, comboio de luxo que percorre uma das maiores redes ferroviárias do mundo para mostrar um país tradicional, frenético, apaixonante e espiritual. «A Índia nunca dorme. Tudo acontece, em qualquer lado, ao mesmo tempo.» 56. FICHA TÉCNICA IMAGEM DA CAPA: RICARDO PEREIRA FOTOGRAFIA: LUIS DE BARROS propriedade millennium bcp (NIPC 501 525 882) I director miguel magalhães duarte I edição projectos especiais I coordenação editorial (projectos especiais) joão mestre I projecto gráfico josé gonçalves / projectos especiais I design josé gonçalves, pedro dias I colaboradores ana músico, carlos alves, joão alexandre, joão mestre, pedro alfaia I fotografia corbis / vmi, feriaque, luís de barros, nuno palha, paulo barata / volta ao mundo, pedro loureiro I ilustração pedro dias I revisão joão mestre I apoio editorial inês neto vilas-boas I publicidade projectos especiais I pré-impressão pré&press I impressão lisgráfica I Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena periodicidade bimestral I tiragem 100.000 exemplares I ERC Registo nº 125713 I Depósito Legal 298369 / 09 Projectos Especiais, Consultores de Comunicação S.A. I Rua João da Silva nº 20, 1900-271 Lisboa tel.: 21 844 07 09 I [email protected] I www.projectosespeciais.pt O Millennium bcp não subscreve necessariamente as opiniões veiculadas nesta revista. 4.magazine setembro/outubro 2010 Banco Comercial Português, S.A. Sociedade Aberta - Sede: Praça D. João I, nº 28, 4000-295 - Porto - Capital Social 4.694.600.000 Euros - Nº Único de Matrícula e de Pessoa Colectiva 501525882. Mediador de Seguros Ligado nº 207074605 - Data de Registo: 26/06/2007. Autorização para mediação de seguros dos Ramos Vida e Não Vida dos Seguradores Ocidental - Companhia Portuguesa de Seguros de Vida, S.A., Ocidental - Companhia Portuguesa de Seguros, S.A., e Médis Companhia Portuguesa de Seguros de Saúde, S.A. e ainda com a Pensões gere - Sociedade Gestora de Fundos de Pensões, S.A. Informações e outros detalhes do registo disponíveis em www.isp.pt. 04-05 2ª via:Layout 1 11-10-2010 9:23 Page 5 RICARDO PEREIRA O BOM, O MAU E O GALÃ PERFIL FALADO. Recém-chegado do Rio de Janeiro e já de partida para o Festival de Cinema de Toronto, o «mais brasileiro» dos actores portugueses fala de sonhos e ambições, de galãs e maus-da-fita, e de como encontrou uma nova casa na Rede Globo. «Ser actor é uma profissão muito séria. Temos o dever de transmitir uma verdade encenada de forma credível e não podemos defraudar, de forma alguma, o público.» 22. TERREIRO DO PAÇO SALÃO NOBRE FOTORREPORTAGEM. Depois de anos de sucessivas obras e intervenções, o Terreiro do Paço é finalmente «devolvido» a Lisboa, livre de automóveis (ou quase) e com interessantes projectos de animação e valorização turística no horizonte. Enquanto esses trabalhos não arrancam, o fotógrafo Nuno Palha mostra-nos como ficou, de «cara lavada», a sala de visitas da capital. 42. 07. Curtas 74. Automóveis: desfile de novidades 50. Maria João Valente Rosa, os números que somos 80. Operação Internacional — Polónia 64. Passeio marítimo: roteiro de Cascais 82. Yola Semedo: uma voz com alma 70. Boa vida no Pestana Palace 86. A opinião de Pedro da Rosa Ferro 72. Arte: “Cristal”, de Maria Helena Vieira da Silva 90. Conversa de algibeira, com Roberta Medina RECTIFICAÇÃO: No artigo “Cidade da Luz” da última edição, a reconstrução do castelo de Tavira foi, por lapso, datada do século XVIII. Um «V» faz toda a diferença: foi, isso sim, no século XIII. Na mesma edição, na rubrica “Top 5: Livros Essenciais de um Nobel”, a descrição de “A Viagem do Elefante” atribui a D. João II a oferta do elefante Salomão, em 1551, ao arquiduque Maximiliano II. Porém, o monarca português morreu em 1495. Foi o seu sobrinho, D. João III, que enviou Salomão como presente de casamento ao herdeiro austríaco. As nossas desculpas aos leitores. setembro/outubro 2010 magazine.5 06:Layout 1 06-10-2010 10:35 Page 1 07-19:Layout 1 11-10-2010 9:15 Page 7 PESSOAS n CINEMA n DISCOS n LIVROS n EXPOSIÇÕES n ESPECTÁCULOS n ALMANAQUE n MODA n HOTÉIS n BD O CITADINO DO FUTURO CITROËN LACOSTE. Os especialistas garantem que o “concept-car” apresentado pela Citroën no Salão Automóvel de Paris (2 a 17 de Outubro) remete automaticamente para o mítico Mehari da marca francesa. História e comparações à parte, o modelo nunca chegará a ser comercializado, mas permite antecipar as principais linhas dos futuros citadinos da Citroën. Apresenta 3,45 metros de comprimento, 1,80 de largura e 1,52 de altura. Tiradas as medidas, o desportivo Concept Citroën Lacoste consegue ainda destacar-se pela ausência de portas e tejadilho, pelos encostos de cabeça que partem do tecto, pelo painel digital, pelos bancos revestidos com o tecido de algodão utilizado no fabrico dos pólos Lacoste, pelas rodas inspiradas em bolas de golfe ou pelo motor de três cilindros a gasolina. setembro/outubro 2010 magazine.7 07-19:Layout 1 11-10-2010 9:15 Page 8 A L M A N A Q U E MIKHAIL GORBACHEV. O Comité Nobel norueguês não ficou indiferente à queda do Muro de Berlim e ao fim declarado da Guerra Fria e atribuiu o Nobel da Paz a um dos protagonistas políticos da segunda metade do século XX: o presidente da União Soviética. A cerimónia decorreu a 15 de Outubro de 1990. SNOOPY. Há 60 anos, a 2 de Outubro de 1950, Charles Schulz (1922-2000) publicava a primeira tira dos “Peanuts” em sete jornais norte-americanos. Dois dias depois, um dos cães mais famosos do mundo mostrava a sua raça: Snoopy, sempre na companhia de Charlie Brown. A TEIA POR DETRÁS DA REDE CINEMA. Mark Zuckerberg, co-fundador e actual CEO do Facebook, é o mais jovem “self- -made billionaire” de sempre. É um facto. Outro facto: a partir do seu quarto na residência de estudantes da Universidade de Harvard criou a base desta rede social em parceria com Eduardo Saverin — que, mais tarde, saiu do projecto. Terceiro facto: os gémeos Winklevoss moveram uma acção judicial contra o Facebook, alegando que Zuckerberg copiara a sua ideia. Na hora de escrever o argumento de “A Rede Social” — filme realizado por David Fincher, com Jesse Eisenberg, Andrew Garfield e Justin Timberlake nos principais papéis —, Aaron Sorkin preferiu não tomar partido de ninguém: «Como havia narrativas contraditórias, em vez de tomar uma delas por verdadeira, achei que o mais interessante seria incluir todas no enredo — e enfatizar o facto de serem contraditórias», explica nas suas notas de produção. «Pegámos numa série de factos e fizemos uma verdade. Ou melhor: fizemos três verdades.» A história começa com Mark Zuckerberg (Eisenberg), embriagado e frustrado por ter sido deixado pela namorada, a criar o “website” que originou o Facebook, uma rede global que hoje conta com mais de 500 milhões de utilizadores. A partir daqui, o “tagline” explica o resto: «Não se chega a 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos.» “A Rede Social” estreia nas salas portuguesas a 4 de Novembro. www.thesocialnetwork-movie.com OITAVO SÓ NO NOME HOTEL. Se o primeiro dia de Setembro assinalasse oficialmente a “rentrée” de oferta turística em Portugal, 2010 ficaria invariavelmente marcado pela inauguração de um novo hotel de luxo na Quinta da Marinha, em Cascais. Com desenho em forma de «Y» assinado pelo arquitecto José Anahory, «design contemporâneo de linhas direitas e esguias» e interiores «simples e luminosos», o The Oitavos, localizado junto ao campo de golfe Oitavo Dunes, dispõe de 16 suites e 142 quartos, todos com varandas e decorados em tons azuis e brancos. Também o spa, as piscinas exterior e interior com água do mar aquecida, os restaurantes “gourmet” e um amplo centro de congressos conferem outro brilho ao estatuto deste cinco estrelas. Preços a partir de 275 euros por noite. Rua de Oitavos, Quinta da Marinha (Cascais) I Tel.: 214 860 020 E-mail: [email protected] I www.theoitavos.com 8.magazine setembro/outubro 2010 ABEBE BIKILA. Dia inesquecível: 10 de Setembro de 1960. O lendário maratonista etíope (1932-1973) conquistava, descalço, o seu primeiro ouro olímpico em Roma. Repetiria a proeza nos Jogos Olímpicos de Tóquio, quatro anos depois. DAVE GROHL. O actual líder dos Foo Fighters era escolhido, em audição, num modesto estúdio de Seattle, para baterista dos Nirvana, substituindo Chad Channing, que apenas gravara o álbum de estreia “Bleach” (1989). O calendário marcava 25 de Setembro de 1990. Um ano depois era lançado “Nevermind”, um dos discos marcantes dos anos 90. 07-19:Layout 1 11-10-2010 9:15 Page 9 CHRISTINA HENDRICKS ATRACÇÃO FATAL TELEVISÃO. Joan Holloway é cínica, dominadora e perversa. Contudo, é impossível não simpatizar com a ruiva bombástica que controla todas as mulheres (e, com igual facilidade, manipula os homens) da agência de publicidade Sterling & Cooper, na série televisiva “Mad Men”. Christina Hendricks, a actriz que lhe dá corpo (e de que maneira!), é a sua perfeita antítese — chegou até a perder um papel num filme de Woody Allen, o seu realizador de sonho, por ser «demasiado doce» para a personagem. Christina Rene Hendricks nasceu loira, em 1975, na cidade de Knoxville (Tennessee). Tinha 10 anos quando pintou pela primeira vez o cabelo de vermelho. «Andava obcecada com a “Ana dos Cabelos Ruivos”», revelou à “L.A. Times Magazine”. «Ficou cor de cenoura. E eu estava feliz da vida. Senti-me eu mesma.» Esse tom afogueado acabou por se tornar uma das suas imagens de marca, a par da silhueta curvilínea, que a ministra britânica da Igualdade, Lynne Featherstone, considera a forma ideal de uma mulher. «Ela é absolutamente fabulosa. Precisamos de mais exemplos destes.» Não é a única: num inquérito realizado pela revista “Esquire” junto do público feminino, Hendricks foi apontada como “a mulher mais atraente dos EUA”, reunindo mais votos do que Jessica Alba e Megan Fox juntas. Nos próximos tempos, poderemos vê-la na nova temporada de “Mad Men” (arranca a 27 de Outubro, no Fox Next) e também na comédia “É a Vida”, que chega aos cinemas portugueses a 28 de Outubro. Na calha estão ainda “Leonie” (com Emily Mortimer) e “Detachment” (com Adrien Brody e Lucy Liu). © 2009 Frank Ockenfels/AMC/Lionsgate setembro/outubro 2010 magazine.9 07-19:Layout 1 11-10-2010 9:15 Page 10 SEPARADOS POR UM SÉCULO JOÃO FERREIRA* O QUE A REPÚBLICA NOS DEU 1. ELEIÇÃO DO CHEFE DO ESTADO Acabou a sucessão por herança, mas pela Constituição de 1911 o Presidente era eleito apenas pelos deputados e os senadores. Só durante o governo de Sidónio Pais (1917-1918) houve eleição por sufrágio universal. EXPOSIÇÃO. O pretexto é o centenário da República; o objectivo, colocar em confronto obras do início dos séculos XX e XXI. A exposição “Res Publica — 1910 e 2010 face a face”, comissariada por Maria Helena de Freitas e Leonor Nazaré, passa por diferentes territórios (fotografia, pintura, vídeo, etc.,) e artistas, como Adriano de Sousa Lopes, Ângela Ferreira, Armanda Duarte, Bruce Nauman, Eurico Lino do Vale, Nuno Maya, Gabriel Orozco ou Joana Vasconcelos. «No início do século XX, a cenografia, a decoração, as artes gráficas cruzam-se com o território da pintura no espaço não muito alargado da folha ou da tela», defendem as comissárias. Pelo contrário, nos primeiros anos do século XXI, «o design, a comunicação, a ciência são trazidos para dentro do espaço digital, imaterial e tecnológico.» Na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, até 16 de Janeiro de 2011 (de terça a domingo, das 10h às 18h). cam.gulbenkian.pt SUSAN PHILIPSZ LUCIA JOYCE, PARIS, MAIO 1929. CORTESIA THE STUART GILBERT COLLECTION, HARRY RANSOM CENTER, UNIV TEXAS, AUSTIN. PHOTOGRAPHER UNKNOWN 2. O «MILAGRE DE TANCOS» Para entrar na Grande Guerra, Norton de Matos tentou transformar a tropa num exército moderno. O sacrifício nas trincheiras garantiu as colónias, mas contribuiu para a queda da República às mãos dos militares. 3. A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR A Lei da Separação da Igreja e do Estado ajudou à liberalização da sociedade, mas o novo regime partiu para o ataque à liberdade religiosa com a perseguição ao clero, pondo contra si o povo católico. 4. EDUCAÇÃO A fundação das universidades de Lisboa e do Porto e a luta contra o analfabetismo através do Ministério da Instrução Pública ficam para a história como um contributo positivo da República. 5. INSEGURANÇA 42 governos em menos de 16 anos; golpes e revoluções constantes; presos políticos às centenas; massacres nas ruas de Lisboa (como o da «Noite Sangrenta» de 19 de Outubro de 1921). Foi o lado negro do regime. * João Ferreira, jornalista e editor executivo da “NS’”, revista do “Diário de Notícias” e do “Jornal de Notícias”, é autor de “Histórias Rocambolescas da História de Portugal” (Esfera dos Livros, 2010). 10.magazine setembro/outubro 2010 GRINDERMAN. ROBERT PLANT. TRACY BONHAM. Grinderman 2 Algures entre “Abattoir Band of Joy Com os rumores da reunião Masts of Manhatta Tem quatro álbuns, nomea- Blues...” e “Dig!!! Lazarus Dig!!!”, Nick Cave e os seus Bad Seeds sentiram necessidade de criar outra «entidade colectiva» para escoar uma veia mais crua da sua música. E aí nasce Grinderman — a banda e o disco homónimo, de 2007. Três anos depois, regressam com “2”, ainda mais visceral, intenso, irreverente. O que é obra para alguém que leva já 30 anos de carreira. dos Led Zeppelin ainda no ar, o “frontman” da mítica banda inglesa põe de parte as expectativas e, na hora de lançar um álbum novo, retoma o caminho trilhado em “Raising Sand” (uma colaboração com Alison Krauss que lhe valeu seis “Grammies”), juntando à receita de folk contemporâneo um pouco mais de blues — e, algures ao fundo, o fantasma dos “Led Zep”. PREÇO: 16€ PREÇO: 17€ ções para “Grammies” e colaborações com nomes sonantes como Aerosmith. Ainda assim, é praticamente desconhecida neste lado do mundo — e talvez não seja este disco a colocá-la no “mainstream”. Contudo, “Masts of Manhatta” é um trabalho que importa descobrir, guiado por uma voz doce e feminina servida, em doses iguais, de ambientes urbanos e paisagens bucólicas. www.myspace.com/grinderman www.robertplant.com PREÇO: 11,60€ (amazon.co.uk) www.myspace.com/tracybonham 11:Layout 1 06-10-2010 10:52 Page 1 07-19:Layout 1 08-10-2010 10:04 Page 12 LOW COST, É EVIDENTE HOTEL. O lema diz quase tudo: «Faça e desfaça a sua cama desde 18 euros por noite». O hotel Santa Catarina é o mais recente “low cost” do grupo Evidência. As suas duas estrelas, o ambiente informal e o conceito “light” direccionam-se, à partida, para um público jovem e cosmopolita. Há 17 quartos (13 duplos, três triplos e um múltiplo, para 14 pessoas) com 49 camas e casas de banho privativas (excepto no quarto múltiplo). O “lounge” para refeições, encontros descontraídos e Internet “wireless” gratuita, ajuda a completar a oferta de um “low cost” situado bem no centro de Lisboa, com o miradouro que lhe dá nome e o elevador da Bica a dois passos. Evidência Light Santa Catarina Rua Dr. Luís de Almeida e Albuquerque, 6 Bairro Alto (Lisboa) Tel.: 213 461 009 E-mail: [email protected] www.evidenciahoteis.com FELIPE OLIVEIRA BAPTISTA A CRIAR PARA O CROCODILO MODA. É oficial: Felipe Oliveira Baptista assina a primeira colecção integral de pronto-a-vestir feminino da Lacoste para a temporada Primavera/Verão 2012, mas desde Setembro que o designer português de 35 anos exerce funções como director criativo da conceituada marca francesa, substituindo Christophe Lemaire — que abandonou o cargo para suceder a Jean-Paul Gaultier na Hermés. «O seu grande sentido de cor e o seu incontestável talento em projectar os códigos da marca Lacoste no futuro serão a chave para a renovação constante e a definição de uma nova linha de produtos», defende a multinacional presente em 114 países e que tem no crocodilo o seu ícone de gerações. Licenciado pela Kingston University, criador de uma linha em nome próprio e consultor de diversas empresas europeias e asiáticas, Felipe Oliveira Baptista tem visto o seu trabalho amplamente reconhecido, como provam os prémios do Festival de Hyeres e, por duas vezes, do ANDAM, promovido pelo Ministério da Cultura francês e pela Association Nationale pour le Développement des Arts de la Mode. Em 2005, foi convidado a integrar o calendário oficial de alta-costura parisiense, e apresenta as suas propostas na Semana da Moda de Paris desde o ano passado. Colecções, propostas e outros projectos em www.felipeoliveirabaptista.com. 12.magazine setembro/outubro 2010 13:Layout 1 06-10-2010 10:59 Page 1 07-19:Layout 1 08-10-2010 10:04 Page 14 tintin DE VENTO EM POPA BANDA DESENHADA. Portugal detém dois recordes quando o assunto são as aventuras do jovem repórter criado pelo belga Hergé (1907-1983): foi o primeiro país não-francófono a publicá-las (na revista “Papagaio”, em Abril de 1936) e o primeiro do mundo a fazê-lo a cores — mesmo sem a permissão do autor, que no fim acabou por não se opor. Quase 75 anos depois, a ASA quer dar um novo fôlego a Tintin, reeditando os 24 álbuns da colecção com novas traduções (assinadas por Maria José Pereira e Paula Caetano), formato inédito (mais pequeno do que o tradicional da Casterman) e grafia original — Tintin em vez de Tintim. «O Tintin é uma marca», explica Maria José Pereira, responsável pela banda desenhada da ASA. «E também não fomos buscar os nomes das primeiras versões das personagens, tal como existiram em Portugal, nomeadamente as do “Papagaio”». Os seis primeiros livros (“Tintin no País dos Sovietes”, “Tintin no Congo”, “Tintin na América”, “Os Charutos do Faraó”, “O Lótus Azul” e “A Orelha Quebrada”) já estão nas livrarias, e até ao final do ano devem ser lançados outros seis. O objectivo da editora é ter os 24 álbuns prontos em finais de 2011, quando estrear nos cinemas “The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn”, o início de uma trilogia realizada por Steven Spielberg. 14.magazine setembro/outubro 2010 TINTIN NA AMÉRICA 15:Layout 1 06-10-2010 10:57 Page 1 07-19:Layout 1 11-10-2010 9:18 Page 16 A NÃO PERDER LLOYD COLE. O «cantautor» inglês regressa a Portugal com uma mini-digressão de cinco datas e, na bagagem, um disco pronto a estrear, “Broken Record”. Passará pelo Porto (Casa da Música, 14/Out), Guimarães (CAE São Mamede, 15), Estarreja (Cine-Teatro, 16), Sintra (CC Olga Cadaval, 17) e Coimbra (Teatro Gil Vicente, 19). THE WALKMEN. O quinteto nova-iorquino está de volta à cidade que inspirou o título do seu último disco: o recém-lançado “Lisbon” será o mote para um concerto no Coliseu dos Recreios, a 14 de Novembro. Bilhetes a partir de 25€. OTANGO. Em Outubro, o tango invade Portugal. “OTango, the ultimate tango show” passará por Lagoa (19), Faro (20), Braga (22), Lisboa (23), Caldas da Rainha (24), Porto (26), Coimbra (27), Leiria (28), Sintra (29) e Funchal (30). REDES COM MILHARES DE VISITANTES EXPOSIÇÃO. A iniciativa superou as melhores expectativas. Mais de 68.500 pessoas visitaram a exposição “Redes sem Mar: Arte Partilhada Millennium bcp”, que até 19 de Setembro reuniu, no Paço dos Duques de Bragança (Guimarães), 13 tapeçarias da Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, seleccionadas entre o acervo artístico do Banco. Para além destas peças, executadas a partir de pinturas de vários artistas nacionais (entre eles Júlio Pomar e Graça Morais), a mostra incluía ainda 13 fotografias de Duarte Belo e um vídeo de António Caramelo que mostrava como «a tecelagem reconstrói em lã o que a pintura criou em tela». 16.magazine setembro/outubro 2010 HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA EM PORTUGAL. Direcção de José Mattoso I Círculo de Leitores «A História é, de facto, uma disciplina que ajuda a olhar sem crispação e, ao mesmo tempo, sem ilusões, para as regras de comportamento que o homem foi inventando através dos tempos.» A frase do historiador José Mattoso, que dirigiu esta colecção, resume parte do grande empreendimento editorial que são os quatro volumes de “História da Vida Privada em Portugal”, inspirada na obra homónima de Philippe Ariès e Georges Duby, recentemente lançada em exclusivo pelo Círculo de Leitores. Planeada desde Outubro de 2004, esta “História” teve o contributo de 40 autores. O primeiro volume versa sobre «A Idade Média», e conta com a coordenação de Bernardo Vasconcelos e Sousa. Seguem-se, nos próximos meses (a um ritmo bimestral), «A Idade Moderna» (Nuno Gonçalo Monteiro), «A Época Contemporânea» (Irene Vaquinhas) e «Os Nossos Dias» (Ana Nunes Almeida). PREÇO: 26,64€ 1.º Volume I historiadavidaprivadaemportugal.blogspot.com CORSÁRIOS E PIRATAS PORTUGUESES. Alexandra Pelúcia A Esfera dos Livros LIVRO. José Luís Peixoto Quetzal Sebastião Tibau — soldado embarcado para a Índia, em 1605, desertor, líder de uma república pirata — é um dos nomes «descobertos» por Alexandra Pelúcia, historiadora da Universidade Nova de Lisboa. Mas há outros cuja actividade corsária, ao serviço do Rei, era praticamente desconhecida: Vasco da Gama, Álvares Cabral, Afonso de Albuquerque... “Livro” marca o regresso de um dos mais jovens e consistentes escritores portugueses, vencedor do Prémio José Saramago em 2001 (com “Nenhum Olhar”). A personagem que empresta o nome ao romance integra uma fascinante galeria de sinais, momentos e figuras da emigração portuguesa para França. Entre uma vila do interior e Paris, há um passado por revelar. PREÇO: 22€ PREÇO: 17,95€ SUPERFREAKONOMICS. Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner Presença É a continuação de “Freakonomics”, o “best-seller” que abordava a aplicação de métodos de economia à vida quotidiana. Levitt, economista, e Dubner, antigo editor da “New York Times Magazine”, voltam a discutir questões insólitas — seja a prostituição ou o aquecimento global — para mostrar como as pessoas reagem aos incentivos. PREÇO: 17,50€ 17:Layout 1 06-10-2010 10:58 Page 1 07-19:Layout 1 11-10-2010 9:20 Page 18 nicole kidman DE NOVO NA BROADWAY TEATRO. Na sua última e única passagem pela Broadway (“The Blue Room”, 1998), Nicole Kidman deu que falar, não só pela qualidade artística do seu desempenho (que lhe valeu a nomeação para o prémio Laurence Olivier) como pelo nu integral que o papel implicava — menos de quatro segundos, mas o suficiente para dominar as atenções. Passados treze anos, a actriz havaiana volta ao palco, desta vez sob direcção de David Cromer e vestida da cabeça aos pés: a partir do Outono de 2011, será Alexandra del Lago, uma estrela de cinema decadente e com um problema de alcoolismo, em “Sweet Bird of Youth”. A peça foi escrita por Tennessee Williams em 1959 e nesse mesmo ano chegou à Broadway pela mão de Elia Kazan, com Geraldine Page e Paul Newman nos principais papéis — replicados no grande ecrã em “Corações na Penumbra” (1962), realizado por Richard Brooks. Enquanto “Sweet Bird of Youth” não estreia, Nicole Kidman tem encontro marcado com o público no drama “Rabbit Hole” (uma prestação candidata a nomeação para Óscar) e na comédia romântica “Just Go With It”, ambas ainda sem data de estreia para as salas portuguesas. www.nicolekidmanofficial.com O CINEMA REGRESSA AO ESTORIL “O AMERICANO”, DE ANTON CORBIJN “MACHETE”, DE ROBERT RODRIGUEZ 18.magazine setembro/outubro 2010 FESTIVAL. Cinéfilos, jornalistas e profissionais da sétima arte: de 5 a 14 de Novembro, todos convergem para o Estoril Film Festival, que, durante dez dias, coloca Portugal no mapa do cinema internacional. Este ano, o certame presta homenagem a Roman Polanski, Chris Marker, Marisa Paredes e Koji Wakamatsu, passa em retrospectiva a obra do palestiniano Elia Suleiman e da oscarizada Kathryn Bigelow, e dedica o ciclo “Cineastas Raros” ao romeno Andrei Ujica. Para a competição oficial foram seleccionados 12 filmes que, segundo a organização, «ainda não tiveram o merecido destaque nas competições de outros grandes festivais», entre eles “A Espada e a Rosa”, do português João Nicolau. Fora desse lote, e como é habitual, serão exibidos vários títulos em antestreia nacional, entre eles “Machete”, de Robert Rodriguez, “Tournée”, de Mathieu Amalric, e “O Americano”, de Anton Corbijn, com George Clooney na pele de um assassino contratado. Corbijn, uma das figuras internacionais com presença confirmada no evento (assim como Amalric), terá também patente uma exposição de retratos de estrelas do mundo da música — recorde-se que, antes do cinema, tinha já um longo percurso na fotografia. A programação conta ainda com conferências, “masterclasses”, concertos, encontros com o público e um desfile de moda com a assinatura de John Malkovich: o actor vem ao Estoril apresentar a sua marca Uncle Kimono. www.estoril-filmfestival.com 19:Layout 1 06-10-2010 10:56 Page 1 22-29:Layout 1 06-10-2010 11:05 Page 22 PERFIL FALADO 22-29:Layout 1 06-10-2010 11:05 Page 23 TEXTO JOÃO MESTRE FOTOGRAFIA LUIS DE BARROS RICARDO PEREIRA O BOM, O MAU E O GALÃ RECÉM-CHEGADO DO RIO DE JANEIRO E JÁ DE PARTIDA PARA O FESTIVAL DE CINEMA DE TORONTO, O «MAIS BRASILEIRO» DOS ACTORES PORTUGUESES FALA DE SONHOS E AMBIÇÕES, DE GALÃS E MAUS-DA-FITA, E DE COMO ENCONTROU UMA NOVA CASA NA REDE GLOBO. setembro/outubro 2010 magazine.23 22-29:Layout 1 11-10-2010 9:25 Page 24 PERFIL FALADO “ADORO FAZER GALÃS, É UM PRIVILÉGIO ENORME SERMOS VISTOS COMO PESSOAS EXEMPLARES, CAPAZES DE APAIXONAR O ESPECTADOR.” No labirinto de ruas de faz-de-conta criado dentro dos estúdios da NBP, em Bucelas, a azáfama é grande: figurantes, pessoal técnico e actores apressam-se para começar a gravação de mais um episódio da série “Bairro da Fonte”. Entre eles, um jovem estudante de Psicologia com a ambição de fazer carreira na representação, quase a estrear-se no seu primeiro papel televisivo. «Estava completamente perdido, era tudo novo», recorda Ricardo Pereira, nove anos depois desse momento mágico. «Andava de olhos e ouvidos bem abertos, a tentar registar o maior número de percepções por minuto, para poder evoluir, crescer rapidamente.» Ricardo Pereira não era propriamente um novato. Para além de uns quantos filmes publicitários e aparições fugazes em outras séries, trazia no currículo a peça “A Real Caçada ao Sol”, de Peter Shaffer, que o Teatro Nacional D. Maria II levou à cena em 2000. O elenco incluía «pesos-pesados» como Ruy de Carvalho ou Guilherme Filipe. «Foi aí que aprendi o rigor, a disciplina, a responsabilidade de o que é ser actor. Foi a minha “licenciatura”.» Não era a primeira vez que pisava um palco. «Esta profissão foi-me conquistando», acrescenta, com o sorriso que se tornou a sua imagem de marca. Começou a apaixonar-se pela arte da representação no grupo de teatro amador do Liceu Camões, em Lisboa. Seguiram-se as oficinas de expressão dramática, vários cursos e “workshops”, em Portugal e depois no estrangeiro, até que, quando deu conta, os papéis se tinham invertido: «De repente, eu é que estava a tentar conquistá-la, diariamente, trabalhando para me tornar um melhor actor.» Em criança, sonhava ser atleta profissional. Primeiro no judo, onde chegou a cinturão verde; depois, aos 12, no basquetebol; anos mais tarde, no ténis. Por esta altura, eram vários os convites de fotógrafos amigos da sua mãe a desafiá-la para que os deixasse fazer um portefólio do rapaz. A mãe, na verdade, nunca se opôs. Era o próprio Ricardo que não tinha interesse. «Queria dedicar-me ao desporto, queria lá saber de fotografias.» Até ao dia em que se deixou convencer a ser fotografado por Luís Magone. Sem saber, dava o primeiro passo no caminho que acabaria por orientar a sua vida: a «brincadeira» abriu a porta da agência Look Elite, que lhe garantiu os primeiros trabalhos como modelo. Fez desfiles, catálogos e filmes publicitários. Começava assim a sua grande viagem. Literalmente. Passou longas temporadas em Milão, Paris, Barcelona, Madrid e Munique, o que cedo o habituou a viver sozinho. E acabou por ter uma influência decisiva no seu futuro: descobriu em si o espírito de viajante. «Nunca estranho nada, nem o sítio onde fico, nem a comida, muito menos as pessoas – adoro conhecer pessoas diferentes.» Em 2004, estreou-se na televisão brasileira com a telenovela “Como Uma Onda”, no papel do português Daniel Cascaes, um fugitivo que se vê envolvido num complicado triângulo amoroso. E logo conquistou os telespectadores. «Tive a felicidade de, na minha primeira telenovela, ser protagonista», responsabilidade que nunca tinha sido entregue a um actor estrangeiro. «Além disso, apaixonei-me pelo Rio de Janeiro e pelo país, fui muito bem recebido e criei sólidos laços de amizade.» A partir daí, os convites sucederam-se: telenovelas, séries, programas de entretenimento. Tanto lá, como cá. E as milhas foram-se acumulando no seu cartão de passageiro frequente: «A ponte aérea Lisboa/Rio tornou-se muito curta. Faço-a umas 30 vezes por ano.» Nos próximos anos, passará ainda mais tempo 24.magazine setembro/outubro 2010 na «Cidade Maravilhosa»: em Abril, assinou contrato com a Globo até 2014. «Era um convite irrecusável. É a quarta maior televisão a nível mundial, as possibilidades são imensas.» Em breve, terão início as gravações de “Insensato Coração”, a sua quarta telenovela brasileira, sobre a qual pouco revela. «Nem sequer podemos falar sobre as personagens.» Apenas garante que a sua será «diferente» das que tem interpretado. E que, pela primeira vez, não fará o papel de um português, mas sim de um brasileiro – outra façanha inédita para um actor estrangeiro. No dia em que nos encontramos, Ricardo Pereira está de partida para o Festival de Cinema de Toronto, a propósito da apresentação do filme “Mistérios de Lisboa”, realizado pelo chileno Raoul Ruiz a partir do romance de Camilo Castelo Branco. «É um filme de culto, dirigido por alguém com uma forma bastante diferente de olhar o cinema. Já o vi duas vezes e adorei!», afirma, entusiasmado. Em parte, pela personagem que lhe foi entregue, algo diferente das que costuma encarnar no pequeno ecrã: «É um tipo execrável, muito irónico, muito jogador. Soube-me bem fazer este papel. Os “maus” são personagens muito agradáveis de fazer, podemos exorcizar todas as nossas raivas.» Aliás, se lhe dessem a escolher um papel numa grande produção de Hollywood, escolheria um vilão. E o “Joker” – seja o de Jack Nicholson (1989) ou o de Heath Ledger (2008) – está entre as suas personagens favoritas de sempre. Não se pense, contudo, que está farto dos papéis de «bonzinho»: «Adoro fazer galãs, é um privilégio enorme sermos vistos como pessoas exemplares, capazes de apaixonar o telespectador.» Além disso, garante, «o papel de galã é muito difícil de fazer, são personagens extremamente densas e muito diferentes entre si, não têm de ser uma coisa já estipulada». Vilão ou galã, Ricardo Pereira quer continuar a gozar o prazer de ser actor: «fingir que não sou eu, criar outras realidades, viver vidas que não a minha.» 22-29:Layout 1 06-10-2010 11:05 Page 25 RICARDO PEREIRA PERCURSO. 1979. Ricardo da Silva Tavares Pereira nasce a 14 de Setembro, em Lisboa. 1995. Começa a trabalhar como modelo em desfiles, catálogos e publicidade. Descobre o interesse pela representação no grupo de teatro amador do Liceu Camões (Lisboa). 2000. Entra para a companhia de teatro infantil Magia e Fantasia. Mais tarde, integra o elenco de “A Real Caçada ao Sol”, encenada por Carlos Avilez, no Teatro Nacional D. Maria II. 2001. Primeiro papel televisivo, na série “Bairro da Fonte”. Seguem-se as telenovelas “Sonhos Traídos”, “Amanhecer” (2002), “Saber Amar” e “Queridas Feras” (2003). 2004. Aventura-se no Brasil como protagonista da telenovela da Globo “Como Uma Onda”. Filma “O Milagre Segundo Salomé”, de Mário Barroso. 2005. Replica a «fórmula» telenovela brasileira/filme português com “Prova de Amor”, na Rede Record, e “O Crime do Padre Amaro”, de Carlos Coelho da Silva, repetindo no ano seguinte: “Pé na Jaca”, na Globo, e “Viúva Rica Solteira Não Fica”, de José Fonseca e Costa. 2008. Volta a filmar com Coelho da Silva, agora no aclamado “Amália”. Na Globo, faz “Negócio da China”. 2010. Depois de encarnar um vampiro na série juvenil “Lua Vermelha”, assina um contrato de quatro anos com a Globo e começa as filmagens da sua quarta telenovela brasileira, “Insensato Coração”. Estreia o filme “Mistérios de Lisboa”, de Raoul Ruiz. setembro/outubro 2010 magazine.25 22-29:Layout 1 06-10-2010 11:05 Page 26 PERFIL FALADO 22-29:Layout 1 06-10-2010 11:06 Page 27 RICARDO PEREIRA omo conseguiu entrar num mercado tão concorrido como o brasileiro? Antes de mim, tinham lá estado outros actores que fizeram um belíssimo trabalho: a Maria João Bastos, o Paulo Pires, o Nuno Lopes, o Duarte Guimarães, a Anabela Teixeira, entre outros. Tive a felicidade de ser protagonista na minha primeira novela: isso credibilizou-me como actor, criou raízes mais sólidas e fez-me querer investir numa carreira no Brasil. Ainda há muitos preconceitos em relação Portugal? Acho que não. Muitos brasileiros já viajaram, não só para Portugal como para a Europa, e percebem que hoje temos um país supermoderno, cosmopolita. Sou muito patriota, promovo Portugal tanto quanto posso. No entanto, a sua personagem em “Negócio da China” é um padeiro, um velho cliché acerca de nós… Não é nem pode ser uma generalização de Portugal. O Miguel Fallabela, que é um grande autor e conhece muito bem o País, tentou retratar um outro Portugal que ele também conhece. Quando se cria uma obra ficcionada, não se pode pensar «meu Deus, isto pode causar algum problema em alguém». Seria censura criativa. Se virmos um filme de “cowboys”, não ficamos a pensar que nos Estados Unidos as pessoas ainda andam aos tiros. A novela “Negócio da China” [actualmente em exibição na SIC] teve um grande sucesso e o núcleo português foi dos mais aplaudidos. Era um grupo muito cómico, com excelentes actores: a Maria Vieira, que é a minha mãe, toda vestida de preto, o Joaquim Monchique, um padeiro que já lá vive há muito tempo, e a Carla Andrino, a mulher dele. Eles fizeram um trabalho excelente. Tendo em conta a dimensão das produções brasileiras, sente-se limitado quando trabalha em Portugal? Em Portugal fazemos muito bem aquilo que fazemos. Sim, precisaríamos de mais orçamento. Porém, isso vem da publicidade. E no Brasil, um mercado com 200 milhões de pessoas, a publicidade movimenta valores bem diferentes. O que influencia (e muito) a forma de trabalhar. E quando digo isto não estou a condenar: ou é assim, ou não se produz. Então, é melhor produzir assim. No Brasil, fala com sotaque brasileiro. Está a aprender com um «treinador»? Tenho feito um trabalho muito interessante com uma terapeuta da fala, ao nível de sonoridades, sílabas, respirações, formas de colocar a língua. E ajuda-me muito ler livros e jornais brasileiros em voz alta. É uma questão de prática. O problema é quando, à noite, em casa falo com a minha mulher, ou com os meus pais através do Skype, e esse trabalho me é meio «roubado». Se houvesse um “remake” de uma telenovela brasileira, qual gostaria de fazer? O “Roque Santeiro” [1985]. Se pudesse, faria a personagem do José Wilker, o “playboyzão”. Mas o Sinhozinho Malta [Lima Duarte] também era fantástico. “Roque Santeiro” foi a novela que mais me cativou. Ainda tenho o último episódio, gravado numa cassete beta. Quando decidiu que queria ser actor, foi fácil convencer os seus pais? Sempre tive uma relação muito boa com eles: faço o que quiser, mas tenho de assumir as consequências. É a primeira lição de responsabilidade. Acima de tudo, eles incutiram-me valores, noções, direcções, caminhos, para que tomasse as minhas decisões. E estão, estiveram e estarão sempre ao meu lado. São dois grandes amigos, dois grandes companheiros. Na universidade, estudou Psicologia… Estou no último ano do curso desde 2004. Faltam-me quatro cadeiras, o estágio e a monografia. Não tive tempo de terminar porque foi sempre trabalhar, trabalhar, trabalhar. Fiz o terceiro e o quarto ano à noite – durante o dia estava a gravar novelas. E no quinto fui para o Brasil. Estou agora a ponderar concluí-lo lá, tenho uma faculdade de Psicologia perto de casa. Que papel mais gostou de representar? Há, sem dúvida, um carinho especial pelo primeiro. Foi na série “Bairro da Fonte” [SIC, 2001], em que o meu pai era o Virgílio Castelo e a minha mãe a Helena Isabel, que entretanto se casava com o Vítor Norte. E entrava também o António Feio. Estava muito bem rodeado… Ambiciona chegar a Hollywood? Sim. E ambiciono outros locais. Tenho trabalhado com Espanha, Holanda, França. Ainda não me estabeleci como no Brasil ou em Portugal, mas tenho esse sonho. É tudo uma questão de encarar um desafio noutras paragens a seguir às aventuras no Brasil. setembro/outubro 2010 magazine.27 22-29:Layout 1 11-10-2010 9:26 Page 28 PERFIL FALADO EM DISCURSO DIRECTO. NEM ACTOR NEM MODELO: O MEU SONHO SEMPRE FOI, E AINDA É, SER FELIZ. SER ACTOR OCUPA UMA GRANDE PARTE DA MINHA PAIXÃO PELA VIDA. O que aprecio num actor? Gosto de sentir no olhar a representação. Há actores formidáveis, cujo olhar, só o olhar, nos diz tudo antes de abrirem a boca. Ser actor é uma profissão muito séria. Esta profissão é muito instável: quando estou a terminar uma coisa, começo logo a pensar «O que vou fazer a seguir?». No entanto, se estou cheio de trabalho, Temos o dever de transmitir uma verdade encenada de forma credível e não podemos defraudar, de forma alguma, o público. l d f fi A grande questão – bato sempre na mesma tecla – é o orçamento. E quando digo isto, não estou a condenar: ou é assim, ou não se produz. É melhor produzir assim. Só i P com actores, realizadores, encenadores e produtores que apostaram em mim, que me ensinaram, que me endireitaram. ilh d Em Portugal, os artistas enfrentam sempre muitas adversidades para instituir a sua arte. Por vezes quem manda esquece-se de que a arte forma as pessoas, ensina-as, educa-as. Mas mesmo com essas dificuldades, conseguimos fazer coisas muito boas. Tenho tido bons encontros profissionais ao longo do meu percurso, IM Nunca falei nem nunca me vão ouvir falar mal daquilo que se faz no meu país – seja em teatro, em cinema ou em televisão. Há que ser positivo. aquilo que as pessoas nos podem trazer. Essa é a maior das aprendizagens. Por vezes, esquecemo-nos disso. lh i Procuro ser sempre muito profissional por onde passo. Gosto de deixar portas abertas. Estou nesta área há uns 15 anos e não só por ser o meu «amor» – é também o meu ganha-pão. É importante ser realista a este ponto. É importante termos os ouvidos e os olhos bem abertos para captarmos S No início da minha carreira como modelo fiz uma série de anúncios que não tinham nada que ver comigo. Adorava e adoro fazer publicidade. Não houve nenhum trabalho que não tenha gostado de fazer. Houve, isso sim, alguns em que me questionei: «Porque é que eu estou a vender isto?» logo aparecem três ou quatro propostas. É sempre assim. Fico danado quando tenho de recusar projectos que me interessam por falta de disponibilidade. Fili Quando era miúdo, tínhamos uma ludoteca na escola Marquesa de Alorna, onde nos mascarávamos e fazíamos peças de teatro. Essa fantasia de poder ser alguém que não era sempre me fascinou. Não tinha qualquer tipo de vergonha. 28.magazine setembro/outubro 2010 a cara em inúmeras campanhas do Millennium bcp, promovendo produtos como Vantagem Ordenado, Crédito Habitação, PPR e o Depósito Taxa Crescente. Bá b comunicação do Banco e, em Janeiro de 2008, apareceu pela primeira vez numa campanha publicitária da Solução “Cliente Frequente”. Desde então, Ricardo Pereira já deu ã e de forma transversal a simpatia e o reconhecimento do público. No final de 2007, o Millennium bcp convidou-o a integrar o grupo de personalidades envolvidas na P d Com uma carreira de sucesso em Portugal e no Brasil, Ricardo Pereira é um dos mais bem cotados jovens actores portugueses da actualidade, e recolhe sem dificuldade S IA i APOSTA Produção: Bárbara Santos I Assistente de fotografia: Filipe Serralheiro I Maquilhadora: Sónia Pessoa 22-29:Layout 1 06-10-2010 11:06 Page 29 30-37:Layout 1 11-10-2010 9:49 Page 30 CULTO MAIS CONCRETAMENTE A 25 DE JUNHO DE 1985, O PRIMEIRO DIA DO RESTO DA VIDA DO BANCO COMERCIAL PORTUGUÊS. POR ESSA ALTURA, PORTUGAL ADERIA OFICIALMENTE À COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA E O MULTIBANCO COMEÇAVA A SER UMA REALIDADE EM LISBOA E PORTO, MAS OUTROS EPISÓDIOS, ÍCONES E MOMENTOS SOBREVIVEM DESSE ANO CRUCIAL PARA AS NOSSAS VIDAS. 30.magazine setembro/outubro 2010 30-37:Layout 1 11-10-2010 9:49 Page 31 TEXTO JOÃO ALEXANDRE SENNA VENCE GRANDE. PRÉMIO DO ESTORIL. A primeira das 41 vitórias da carreira do mítico tricampeão mundial de Fórmula 1 (1988, 1990 e 1991) acontece no Grande Prémio de Portugal, mais concretamente na pista do autódromo do Estoril, a 21 de Abril de 1985, ao volante de um Lotus, no segundo ano como piloto profissional ao mais alto nível. Tinha então 25 anos e uma década de sonho à sua frente. Sonho que terminaria em pesadelo com o acidente fatal no Grande Prémio de San Marino, em 1994. Em Dezembro de 2009, 217 pilotos de Fórmula 1 elegeram-no como o melhor piloto de todos os tempos. setembro/outubro 2010 magazine.31 30-37:Layout 1 12-10-2010 9:21 Page 32 NASCEM TRÊS. ESTRELAS: TELMA, RONALDO. E FREDERICO. Com poucos meses de diferença, começava a desenhar-se em 1985 uma trilogia desportiva de sucesso. A judoca que há poucas semanas conquistou a medalha de prata (categoria de menos 57 quilos) no Mundial em Tóquio nascia Telma Alexandra Pinto Monteiro, em Almada, dois dias depois do Natal. Bem mais a sul, no Funchal (Madeira), Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro, futebolista do Real Madrid que dispensa qualquer apresentação, vivia o seu primeiro dia de vida a 5 de Fevereiro. Em Lisboa, marcava o calendário 24 de Março, era a vez de os pais de Frederico Gil sonharem com muita coisa, talvez nunca com a possibilidade de o seu filho se tornar o tenista português que mais longe foi, até hoje, no “ranking” ATP (66º lugar em 2009). “WE ARE THE WORLD”. LIDERA O TOP DE. VENDAS DE DISCOS. MANOEL DE OLIVEIRA. DISTINGUIDO EM VENEZA. Os 415 minutos de “Le Soulier de Satin” (“O Sapato de Cetim”), adaptação da obra homónima do francês Paul Claudel levada a cabo por Manoel de Oliveira em 1985, não foram obstáculo para o cineasta português que em Dezembro de 2010 completa 102 anos receber dois prémios do Festival de Cinema de Veneza, um dos mais conceituados do mundo: o Leão de Ouro Especial do Júri, atribuído “ex-aequo” a Federico Fellini e John Huston, e o Prémio da Crítica. Seleccionado também para o Festival de Cannes, “ O Sapato de Cetim” acabaria ainda por ser distinguido pela Cinemateca Real da Bélgica. 32.magazine setembro/outubro 2010 Portugal não escapou à onda de solidariedade e, tal como em Inglaterra e nos Estados Unidos, o álbum gravado por 45 músicos que formavam a “USA for Africa”, liderados por Kenny Rogers, Michael Jackson, Lionel Richie ou Harry Belafonte, era o mais vendido no mês de Junho de 1985, data da escritura de constituição do Banco Comercial Português e da sua primeira Assembleia de Accionistas. O “top 3” dos álbuns mais vendidos fechava com “Reckless”, de Bryan Adams, e “Songs From the Big Chair”, dos Tears for Fears. 30-37:Layout 1 11-10-2010 9:49 Page 33 PORTUGAL. ASSINA TRATADO. DE ADESÃO À CEE. A 12 de Junho de 1985, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, Mário Soares (primeiro-ministro), Rui Machete (vice-primeiro-ministro), Jaime Gama (ministro dos Negócios Estrangeiros) e Ernâni Lopes (ministro das Finanças) assinaram oficialmente o Tratado de Adesão que tornava Portugal o 11º estado-membro da Comunidade Económica Europeia. «Para Portugal, a adesão à CEE representa uma opção fundamental para um futuro de progresso e modernidade», afirmava Mário Soares na cerimónia. «Mas não se pense que seja uma opção de facilidade. Exige muito dos portugueses, embora lhes abra, simultaneamente, largas perspectivas de desenvolvimento.» MARCO CHAGAS. GANHA TERCEIRA. VOLTA A PORTUGAL. Arquivo DN O ciclista português que mais venceu a Volta a Portugal (quatro vezes, tantas como o espanhol David Blanco, ainda em actividade) conseguia em 1985 (e depois em 1986) repetir com a camisola do Sporting CP o triunfo que antes alcançara pelo FC Porto — clube que, por esta altura, se sagrava pela oitava vez campeão nacional de futebol, o que já não acontecia desde 1979, deixando o Sporting CP e o SL Benfica a uma distância de 8 e 12 pontos, respectivamente. uivo Arq SIBS LANÇA. OS PRIMEIROS. 12 TERMINAIS. MULTIBANCO. A rede de caixas Multibanco, gerida pela Sociedade Interbancária de Serviços (SIBS), que actualmente processa mais de 69 milhões de operações por mês — equivalentes a um volume de 3.475 milhões de euros (média mensal de 2008, dados da SIBS), através de 13 mil caixas automáticas —, começou em Setembro de 1985 com apenas 12 terminais em Lisboa e no Porto. Uma «pequena» revolução no dia-a-dia dos portugueses com 25 anos de história, e que hoje oferece 60 funcionalidades — entre carregamento de telemóveis, transferências, compra de bilhetes para espectáculos e transportes, pagamento de serviços, levantamentos e consultas. setembro/outubro 2010 magazine.33 DN 30-37:Layout 1 11-10-2010 9:49 Page 34 A GLÓRIA DE. CARLOS LOPES. Arquivo DN É o fado dos grandes campeões ganhar sempre mais, mesmo depois de conquistarem um feito único, como foi o caso de Carlos Lopes com a medalha de ouro na maratona das Olímpiadas de Los Angeles, em 1984 (o seu tempo, 2h 9m 21s, permaneceu como recorde olímpico até Pequim 2008). Um ano depois, o atleta nascido em Viseu em 1947 continuava a «fazer história»: vencia o seu terceiro Campeonato do Mundo de Corta-Mato, em Lisboa, e cortava a fita da maratona de Roterdão, quebrando o recorde mundial da prova. 34.magazine setembro/outubro 2010 LOBO ANTUNES. PREMIADO. Na sua quarta edição, o prémio atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores (APE) foi para António Lobo Antunes, pelo romance “Auto dos Danados”, sucedendo a José Cardoso Pires (“Balada da Praia dos Cães”), Agustina Bessa-Luís (“Os Meninos de Oiro”) e Mário Cláudio (“Amadeo”). A partir deste ano (1985), o romancista e psiquiatra lisboeta, nascido em 1942, passava a dedicar-se exclusivamente à escrita. Lobo Antunes voltaria a receber o máximo galardão da APE em 1999, por “Exortação aos Crocodilos”. 30-37:Layout 1 11-10-2010 9:49 Page 35 CULTO CARRO EUROPEU DO. ANO: OPEL KADETT. Os jornalistas europeus não tiveram dúvidas: o Opel Kadett era o sucessor do Fiat Uno como Carro Europeu do Ano. Os 326 pontos atribuídos ao modelo alemão deixavam-no a uma distância considerável dos dois outros ocupantes do pódio (261 pontos para o Renault 25 e 191 para o Lancia Thema). Com mais de meio século de história — na primeira edição, em 1964, foi distinguido o Rover 2000 —, este prémio internacional é votado todos os anos por jornalistas especializados de vários países da Europa. A lista completa dos vencedores pode ser consultada no “website” www.caroftheyear.org. XUTOS & PONTAPÉS,. GNR E ADELAIDE FERREIRA. Com seis anos de existência, os Xutos & Pontapés lançavam o seu segundo álbum, “Cerco”, com temas que resistiriam a várias gerações, entre eles “O Homem do Leme” e “Conta-me Histórias”; por seu lado, os portuenses GNR (Grupo Novo Rock), fundados em 1980, avançavam para o terceiro trabalho, “Os Homens Não Se Querem Bonitos”, com o clássico “Dunas” em lugar de destaque. Nesse mesmo ano, Adelaide Ferreira vencia o Festival da Canção, com “Penso Em Ti (Eu Sei)”, mas não passou do 18º lugar na Eurovisão. INAUGURAÇÃO DA. MESQUITA DE LISBOA. Arq uivo DN «A Mesquita Central de Lisboa acolhe não só os muçulmanos; os não-muçulmanos também a podem visitar e partilhar das suas ideias e crenças. Hoje é conhecida como um local de referência.» A frase do imã Sheik David Munir percorre parte da história da principal mesquita da comunidade islâmica em Portugal, cuja primeira pedra foi lançada em Janeiro de 1979. A inauguração, essa tem a data de 29 de Março de 1985. 30-37:Layout 1 11-10-2010 9:49 Page 36 Ar ivo qu DN QUATRO AVENTURAS, “ZARABABIM” E. QUEIJINHOS FRESCOS. A aventura literária de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada continua em pleno durante o ano de 1985, com a publicação de mais quatro volumes (do 11º ao 14º) da série "Uma Aventura": na Mina, no Algarve, no Porto e no Estádio. O público mais jovem tinha, há 25 anos, mais motivos para sorrir. Estreavam na RTP as séries de animação "As Misteriosas Cidades de Ouro", "Fábulas da Floresta Verde" ou "Heathcliff e Marmaduke", assim como a série juvenil “Zarababim”, protagonizada por Carlos Alberto Moniz, José Wallenstein, São José Lapa e António Feio. Na música, os Queijinhos Frescos chegavam ao disco de ouro com o álbum “Batem Corações”. CORNETTO. A 65 ESCUDOS. Em 1985, o catálogo dos gelados da Olá, vendidos desde 1959, apresentava 20 escolhas diferentes, com o Cornetto a liderar a oferta, tanto pelo preço (65$00, cerca de 0,32€) como pela variedade (sabores chocolate, morango, “moka” e... “whisky”). No rol de novidades deste ano apareciam o Calippo (50$00), o Tri-Choc (40$00) e o Split Morango (25$00). O «cardápio» incluía ainda Upa-Upa (50$00), Crok (45$00) Krisspi e Epá (40$00), Pinky e Super Maxi (30$00), Fizz Limão e Perna de Pau (27$50), Tigre, Popsi e Super Nave (25$00), Laranja (17$50) e Ananás (15$00). CAVACO SILVA CHEGA A. PRIMEIRO-MINISTRO. Eleito líder do PSD no Congresso da Figueira Foz, em Maio de 1985 — e depois do fim da coligação governamental entre PSD e PS e a dissolução da Assembleia da República pelo Presidente Ramalho Eanes, com a consequente convocação de eleições legislativas —, Cavaco Silva e o PSD ganham a batalha eleitoral de 6 de Outubro com 29,8 por cento dos votos. O novo primeiro-ministro é empossado um mês depois, a 6 de Novembro, com 46 anos de idade. Era o início da década (1985-1995) de Cavaco Silva em São Bento. ENTRA EM JOGO. O PRIMEIRO DIÁRIO. DESPORTIVO. Quando “A Bola” e o “Record” ainda mantinham a sua periodicidade trissemanal, é fundado no Porto “O Jogo”, o «primeiro jornal diário desportivo português», garante Manuel Tavares, director desde 1994, ano em que o título é comprado pela Jornalinveste (de Joaquim Oliveira) à Empresa do Jornal de Notícias. «Creio que o “O Jogo” trouxe uma abordagem diferente e mais jovem ao panorama da imprensa desportiva, com mais estatística e um enfoque na área económica do desporto.» Arquivo DN 36.magazine setembro/outubro 2010 30-37:Layout 1 11-10-2010 9:49 Page 37 S HERMANIA DUARTE & COMPANHIA A ESTREIA DE “HERMANIAS”, “DUARTE & COMPANHIA” E “CHUVA NA AREIA”. CONTINENTE, UMA. NOVA RAÇA DE LOJA. «Gigantão! Baratão! Uma nova raça de loja!» A frase do folheto promocional da abertura do primeiro hipermercado Continente em Matosinhos, em Dezembro de 1985, funcionava como grande mote publicitário na rádio, televisão e jornais — os anúncios estão disponíveis no “website” 25 anos.continente.pt. O investimento da Sonae revelou-se acertado e hoje a marca Continente é uma referência de confiança no sector do retalho, com uma rede de hipermercados que cobre todo o País. O fulgor humorístico de Herman José continuava em alta. Um ano após Tony Silva, Nelito e a estreia de “O Tal Canal”, em 1984, aparecia Serafim Saudade e Maria Teresa Pissarra de Bragança em “Hermanias”. 1985 assinala outras duas estreias que se tornaram ícones da história da televisão portuguesa: a série de detectives “Duarte & Companhia”, que se prolongou até 1989, protagonizada por Rui Mendes, António Assunção, Paula Mora e um Citroën 2 CV; e a telenovela “Chuva na Areia”, filmada em Tróia por Nuno Teixeira. CENTRO COMERCIAL. DAS AMOREIRAS. ABRE AS PORTAS. A 27 de Setembro de 1985, o Centro Comercial das Amoreiras abria as portas para se mostrar como ícone pós-modernista de um grande espaço de comércio e serviços perto do centro da capital portuguesa. Em 1993, o Prémio Valmor e Municipal de Arquitectura reconheceu a qualidade arquitectónica de todo o complexo das Amoreiras, assinado por Tomás Taveira. Actualmente, o centro comercial de dois pisos conta com 247 lojas em 40 mil metros quadrados e 900 lugares de estacionamento. O REGRESSO DO. COMETA HALLEY. O mais famoso dos cometas — reconhecido como periódico no século XVII por Edmond Halley mas já registado há mais de 2000 anos — trouxe o pânico a Portugal em 1910, envolto em superstições, especulação e bastante exploração comercial e religiosa. Quando voltou a cruzar o céu, passados 75 anos (na verdade, o intervalo de tempo das suas aparições fica entre 75 e 76 anos), a 27 de Novembro de 1985, a sua brilhante passagem foi mais pacífica. O próximo periélio está marcado para 28 de Junho de 2061. 38-39:Layout 1 06-10-2010 11:14 Page 38 25 ANOS A CRIAR O FUTURO. AMERICAN EXPRESS.. Mais de 200 mil portugueses podem fazer pagamentos com um cartão American Express graças à parceria pioneira e exclusiva firmada entre esta marca e o Millennium bcp. Os prestigiados cartões American Express podem ser utilizados em mais de 50 mil estabelecimentos em Portugal, aos quais se soma a vasta rede internacional. SEGMENTAÇÃO. E PROXIMIDADE.. A HISTÓRIA DO MILLENNIUM BCP CONTA-SE CONJUGANDO O VERBO «INOVAR». A NOSSA GÉNESE SEMPRE FOI CONSTRUIR O FUTURO DA BANCA. BANCA TELEFÓNICA.. Um banco a operar exclusivamente por telefone é uma inovação com a assinatura do Millennium bcp. O Banco 7, o primeiro sem sucursais, adicionou à vantagem da comodidade um preçário de comissões bem mais atractivo que o dos bancos tradicionais. Mais tarde passa a fazer gestão de activos e “trading” sob a nova denominação Activo Bank7, centrando a sua actividade no canal Internet. 38.magazine setembro/outubro 2010 Na génese do actual Millennium bcp está o objectivo de criar um banco moderno e inovador, que se diferencia pela qualidade de serviço. A segmentação do mercado, primariamente em particulares e empresas, e a personalização do serviço são marcas distintivas daquele que é, actualmente, o maior banco privado português. 38-39:Layout 1 06-10-2010 11:14 Page 39 SAÚDE PRIVADA.. Escrever sobre inovação no sistema financeiro em Portugal implica referir os seguros de saúde e, mais uma vez, o maior grupo financeiro português contribuiu para a história deste produto. A Médis, marca pioneira no conceito de “managed care” no nosso país, rapidamente se tornou a referência do sector, apostando na inovação e na excelência de serviço. Hoje apresenta uma rede com mais de 6400 médicos e é suportada por uma linha de enfermeiros disponível 24h por dia. HORÁRIOS DIFERENCIADOS.. BANCA MÓVEL.. Os horários diferenciados na Banca passam a ser uma realidade quando, em 2002, o Millennium bcp decide implementá-los. Com o objectivo de corresponder às necessidades dos clientes, com total comodidade e garantindo um acompanhamento sempre personalizado, 129 sucursais de norte a sul passam a estar disponíveis até às 19h00. Em 2009, os clientes passam também a contar com o seu Banco aos sábados, com 28 sucursais abertas um pouco por todo o País. Em 2010 o renovado Activo Bank introduz uma nova forma de fazer banca em Portugal. Direccionado a clientes de espírito jovem, utilizadores intensivos das novas tecnologias de comunicação e das redes sociais, o Activo Bank tem como principal objectivo tornar a vida mais simples. Um exemplo do seu carácter inovador foi o lançamento de uma aplicação pioneira de contacto com o Banco para “smartphones”. UM BANCO. NA INTERNET.. A aposta na excelência passa também por assegurar um serviço de proximidade, com total comodidade para o Cliente. Depois do sucesso com a banca telefónica, o portal de Internet cidadebcp.pt é apresentado ao mercado em 2000 e, em apenas dois anos, torna-se a «mais movimentada sucursal» do Banco, com cerca de 250.000 clientes/utilizadores e dois milhões de transacções por mês. Hoje, o millenniumbcp.pt conta com múltiplas distinções consecutivas, tanto nacionais como internacionais, que consolidam a sua posição de destaque entre os portais financeiros. 40-41:Layout 1 11-10-2010 9:46 Page 40 EXTRA OS PRÓXIMOS 25 ANOS SEM ENTRAR PELOS CAMINHOS DA FUTUROLOGIA BARATA , TRAÇAMOS UM PLANO, EM DEZ PONTOS E COM A AJUDA DE ESPECIALISTAS , DE COMO PORTUGAL E O MUNDO PODERÃO EVOLUIR ATÉ 2035. DA MEDICINA À GENÉTICA, DA INTERNET AOS AUTOMÓVEIS, DA CRISE ENERGÉTICA AO MUNDO VIRTUAL, DOS TRANSPORTES AO NOSSO PAPEL NO ESPAÇO EUROPEU. CIBERESFERA. ESPAÇO. David Gelernter, professor de Ciências da Computação na Universidade de Yale, teoriza que, por volta de 2035, a Internet deve perder o protagonismo actual e ceder Depois da Lua, Marte. Não é novidade que o planeta vermelho é um dos alvos da corrida espacial. Sir Martin Rees, professor no o seu lugar à «Ciberesfera, cheia de feixes de informação». E dá um exemplo actual: a Bolsa de Nova Iorque tem feito a transição para uma localização efectiva no ciberespaço. «Quando nos ligarmos a um destes feixes, estaremos a ligar-nos a uma “mente exteriorizada” — a nossa própria ou a de alguma organização ou instituição. A informação em que cada um de nós se apoiar viverá e mover-se-á connosco.» King’s College e responsável por amplo trabalho de investigação no Instituto de Astronomia de Cambridge, garante que nos próximos anos «vai ser enviado um batalhão de sondas espaciais para Marte no sentido de estudar a sua superfície e trazer eventualmente amostras para Terra. A longo prazo, existem planos para pesquisar noutros lados do sistema solar com sondas espaciais robotizadas — por exemplo, na atmosfera de Titã, a lua gigante de Saturno.» GENÉTICA. MEDICINA. A aplicação generalizada da engenharia genética será uma evidência em 2035, defendia já em 2002 Rodney Brooks, A evolução da Genética mudará a forma como nos relacionamos com os médicos e os hospitais. Samuel Barondes, director director do Laboratório de Inteligência Artificial no Massachusetts Institute of Technology: «Tornar-se-á comum o uso, do Centro de Neurobiologia e de Psiquiatria da Universidade da Califórnia, sustenta que os doentes terão «uma nova fonte de em grande escala, da engenharia genética — para além da agricultura e da medicina, nas quais já é actualmente utilizada. Será informação»: «Uma palavra que fornecerá acesso ao seu ficheiro de ADN individual». Nesse ficheiro estará a sequência dos seus genes «bem como anotações, chamando a usada na indústria do petróleo, na produção de plásticos e de outros materiais, na reciclagem, nas baterias, nas fontes de energia renovável.» 40.magazine setembro/outubro 2010 atenção para as variantes genéticas e para as combinações que influenciam a vulnerabilidade a uma diversidade de doenças.» 40-41:Layout 1 11-10-2010 9:46 Page 41 JOGOS VIRTUAIS. POPULAÇÃO. A criação de experiências virtuais será a indústria dominante em 2035. Roger C. Shank, investigador conceituado no campo da inteligência artificial e professor na Segundo um estudo do Eurostat, a população da actual União Europeia (27 países), que em 2010 se situa nos 501 Escola de Ciências da Computação de Carnegie Mellon, prevê que estes jogos se tornem «muito mais sofisticados e ainda mais entrelaçados com o mundo real». Para esta indústria de entretenimento, o futuro começou ontem. «Jogos como o “Everquest” atraem centenas de milhares de jogadores, que habitam mundos virtuais, esforçando-se para obter estatuto, forjar relações e adquirir objectos virtuais.» AUTOMÓVEIS. Ainda não será desta que teremos carros voadores. No entanto, espera-se uma produção de modelos cada vez mais resistentes, compactos e eficientes ao nível de consumos. Pedro Alfaia, jornalista do sector automóvel, acredita que «dentro de 15 anos já teremos 10 a 15% de automóveis e perto de metade dos transportes públicos movidos a electricidade». Por volta de 2050, estima-se que haja quatro mil milhões de carros no planeta — e que 20% não emita, de forma directa, um único grama de CO2 para a atmosfera. milhões, atingirá um pico de 521 milhões em 2035 mas, a partir daí, começará a decair. Contudo, o número de óbitos ultrapassará o de nascimentos logo em 2015 e será o fluxo migratório a assegurar o crescimento até 2035. Por essa altura, um quarto da população terá mais de 65 anos (contra os actuais 17%). Portugal chegará aos 11,4 milhões de habitantes (actual: 10,6 milhões) também em 2035. 3ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. Balanceando as previsões optimistas e pessimistas, o economista Jeremy Rifkin, presidente da Foundation on Economic Trends (www.foet.org), sustenta que entre 2010 e 2030 se registará o pico da produção petrolífera. Em entrevista ao “website” Euractiv.com, aponta a inevitabilidade da 3ª Revolução Industrial (a acontecer entre 2020 e 2050), assente em três pilares: a transição para as energias renováveis, o hidrogénio como forma de armazenamento de energia e uma inter-rede europeia onde cada estado pode partilhar os excedentes da sua produção energética. GEOESTRATÉGIA. INFRA-ESTRUTURAS. No estudo “Portugal 2025 — Que Funções No Espaço Europeu?”, o ex-subdirector-geral do Departamento de Prospectiva e Planeamento Polémicas à parte — e fazendo fé no “website” da RAVE (www.rave.pt) —, em 2035 Lisboa estará ligada a Madrid (desde José Félix Ribeiro apontava quatro cenários para o País: “Costa de Espanha” (destino ibérico e de turismo desportivo do Norte da 2013) e ao Porto (desde 2017) por comboio de alta velocidade. A viagem durará 2h45 e 1h15, respectivamente. E, a partir de 2015, Europa);“Costa Rica/República Dominicana” (turismo assente em activos como o golfe, o Sol e o mar); “Flandres” (renascimento industrial do Norte, “hub” logístico do Sul, fornecimento de energia à Europa meridio- será possível ir do Porto a Vigo em apenas uma hora. Quanto ao Novo Aeroporto de Lisboa, em Alcochete, entrará em funcionamento, segundo se prevê, em nal); e “Flórida” (destino residencial para norte-europeus, americanos e asiáticos). finais de 2017. E a conclusão da Terceira Travessia do Tejo, eixo fundamental destes dois projectos, está programada para 2013. setembro/outubro 2010 magazine.41 42-49 2ª via:Layout 1 11-10-2010 11:26 Page 42 FOTORREPORTAGEM SALÃO NOBRE DEPOIS DE ANOS DE SUCESSIVAS OBRAS E INTERVENÇÕES, O «DEVOLVIDO» A LISBOA, LIVRE DE AUTOMÓVEIS ( OU QUASE ) E COM INTERESSANTES PROJECTOS DE ANIMAÇÃO E VALORIZAÇÃO TURÍSTICA NO HORIZONTE. ENQUANTO ESSES TRABALHOS NÃO ARRANCAM, O FOTÓGRAFO NUNO PALHA MOSTRA-NOS COMO FICOU, DE «CARA LAVADA», A SALA DE VISITAS DA CAPITAL. TERREIRO DO PAÇO É FINALMENTE 42.magazine setembro/outubro 2010 42-49 2ª via:Layout 1 11-10-2010 11:27 Page 43 TERREIRO DO PAÇO setembro/outubro 2010 magazine.43 42-49 2ª via:Layout 1 11-10-2010 11:27 Page 44 TERREIRO DO PAÇO FOTORREPORTAGEM ESTÁTUA DE D. JOSÉ I Inaugurada a 6 de Junho de 1775, num Terreiro do Paço ainda inacabado, a estátua equestre da autoria de Machado de Castro marca o centro monumental da Lisboa reconstruída após o terramoto. 44.magazine setembro/outubro 2010 42-49 2ª via:Layout 1 11-10-2010 11:27 Page 45 42-49 2ª via:Layout 1 11-10-2010 11:27 Page 46 FOTORREPORTAGEM 46.magazine setembro/outubro 2010 42-49 2ª via:Layout 1 11-10-2010 11:27 Page 47 TERREIRO DO PAÇO setembro/outubro 2010 magazine.47 42-49:Layout 1 11-10-2010 9:56 Page 48 FOTORREPORTAGEM CHÃO DO TERREIRO A calçada portuguesa foi substituída por uma pedra fina granulada que recupera a cor original do terreiro que deu nome à praça, com diagonais em pedra de lioz. A área de circulação automóvel foi reduzida, de forma a «devolver» o espaço às pessoas. A “M MAGAZINE” AGRADECE À DIRECÇÃO REGIONAL DE CULTURA DE LISBOA E VALE DO TEJO O APOIO NA REALIZAÇÃO DESTA REPORTAGEM. 48.magazine setembro/outubro 2010 42-49 2ª via:Layout 1 11-10-2010 11:27 Page 49 TERREIRO DO PAÇO ARCO DA RUA AUGUSTA Só ficou concluído em 1875, com a colocação das estátuas da autoria de Vítor Bastos e A. Calmels: ladeando o escudo real, Viriato, Vasco da Gama, Marquês de Pombal e Nuno Álvares Pereira; no topo, a Glória, coroando o Génio e o Valor. setembro/outubro 2010 magazine.49 50-55:Layout 1 06-10-2010 11:21 Page 50 LINHA DA FRENTE MARIA JOÃO VALENTE ROSA OS NÚMEROS QUE SOMOS O “WEBSITE” PORDATA, UM DOS PROJECTOS MAIS SIGNIFICATIVOS DA FUNDAÇÃO FRANCISCO MANUEL DOS SANTOS, MOSTRA COMO PORTUGAL EVOLUIU AO LONGO DOS ÚLTIMOS 50 ANOS, ATRAVÉS DE ESTATÍSTICAS RIGOROSAS ACESSÍVEIS A TODOS. MARIA JOÃO VALENTE ROSA, DIRECTORA DESTE ENORME BANCO DE INFORMAÇÃO, SABE QUE ESSE É O GRANDE TRUNFO. 50.magazine setembro/outubro 2010 50-55:Layout 1 06-10-2010 11:21 Page 51 TEXTO JOÃO ALEXANDRE FOTOGRAFIA PEDRO LOUREIRO setembro/outubro 2010 magazine.51 50-55:Layout 1 06-10-2010 11:21 Page 52 LINHA DA FRENTE MARIA JOÃO VALENTE ROSA PORTUGAL: OS NÚMEROS. AUTORES Maria João Valente Rosa e Paulo Chitas EDIÇÃO Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2010 a janela da sua sala, na sede da Pordata – Base de Dados de Portugal Contemporâneo, Maria João Valente Rosa vê reflectido no centro de Lisboa o «país a dois tempos» de que fala em “Portugal: os Números”, ensaio escrito em co-autoria com o jornalista Paulo Chitas (recém-publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos): vê as Torres das Amoreiras, o Hotel Ritz, o rio Tejo, prédios em construção, terrenos desocupados, pequenos bairros antigos – e da sala de reuniões, nem a dois metros dali, vislumbra, ao longe, a Basílica da Estrela, o Parque de Monsanto, o Hotel D. Pedro Palace. «Portugal é assim na actualidade – um país a dois tempos, com áreas que são exemplos bem-sucedidos e outras exemplos de insucesso.» «Conseguir transformar o complexo numa apresentação simples – é esta a arte da Pordata», afirma Maria João Valente Rosa, professora universitária com especialização em Demografia e Sociologia, autora de vários estudos sobre a população portuguesa e titular de um currículo que se divide entre os gabinetes de estatística do Conselho Superior de Estatística e dos Ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e a representação nacional na Comissão Europeia, no Eurostat ou na OCDE. «Foi um mergulho profundo na produção de estatísticas, acompanhando sobretudo a trajectória da sociedade portuguesa.» A longa experiência revela-se boa conselheira: é essa arte «de transformar o complexo em simples» que permite a qualquer português que visite o “website” www.pordata.pt perceber como tem sido a evolução do País em áreas tão diferentes como a educação, a justiça, a protecção social, a cultura, a economia – em mais de 750 quadros com informação que (sempre que possível) começa 52.magazine setembro/outubro 2010 em 1960 e se prolonga até à actualidade. O projecto Pordata começou com Maria João Valente Rosa e Ana Luísa Barbosa, em Junho de 2009, seguido do lançamento do “website”, nove meses depois, a 23 de Fevereiro de 2010. De duas pessoas passou a um núcleo duro de quatro profissionais, aos quais é necessário somar os responsáveis da empresa Epopeia que tratam, no mesmo 15º piso, de toda a logística informática. Entre livros e dossiers, o gabinete da directora não engana: há uma placa de tabuada (presente de quando assumiu funções) e uma máquina de calcular, fiel companheira há muitos anos e que «nunca se estragou». «Sempre tive uma preocupação: compreender o que somos, de onde vimos e para onde vamos.» Com este enorme banco de infor mação, o objectivo mantém-se e alarga-se para fora dos corredores académicos: «disponibilizar informação credível e de confiança, 50-55:Layout 1 06-10-2010 11:21 Page 53 OS NÚMEROS QUE SOMOS setembro/outubro 2010 magazine.53 50-55:Layout 1 06-10-2010 11:21 Page 54 LINHA DA FRENTE MARIA JOÃO VALENTE ROSA 50-55:Layout 1 06-10-2010 11:21 Page 55 OS NÚMEROS QUE SOMOS OS NÚMEROS SÃO REVELADORES: 6000 SÉRIES DE 1960 À ACTUALIDADE, 500 MIL VISITAS, 2 MILHÕES DE PÁGINAS VISITADAS EM 140 PAÍSES DIFERENTES. retirando barreiras ao seu acesso». Nesta primeira fase, a Pordata trabalha com estatísticas de 40 entidades oficiais (com uma con tri buição significativa do Instituto Nacional de Estatística). Recebidos em variados formatos, os números são analisados, tratados, e só depois colocados “on-line”. «Queremos aumentar a literacia estatística para as pessoas terem opiniões informadas.» Dá um exemplo: sempre que aparecem notícias da taxa de desemprego é importante saber se são baseadas nos dados do INE ou do Instituto de Emprego e Formação Profissional – e qual a forma de cálculo dessa taxa. A Pordata faz o trabalho de casa e har moniza essa informação para que «as pessoas possam discutir os números e não sobre os números.» A estatística, como qualquer disciplina, tem o seu jargão, por vezes difícil de entender para o comum dos cidadãos. «Se alguém quiser saber o número de nascimentos num determinado ano, não precisa de conhecer o conceito de nados-vivos. Pode fazer a pesquisa por “bebés”, por exemplo, e a lista de informação relacionada com aquele conceito aparece sem perder rigor.» Os números da Pordata são reveladores: 6000 séries de 1960 à actualidade, 500 mil visitas, 2 milhões de páginas visitadas por pessoas de 140 países diferentes, com destaque para Espanha, Reino Unido, EUA, França ou Brasil. «Com a minha experiência, posso dizer que é um projecto único no mundo. É a possibilidade de entrar pela mesma porta para várias casas diferentes, com uma série de funcionalidades que simplificam a leitura da informação, como o cálculo de percentagens ou variações. Tudo com informação idêntica para uma discussão em igualdade de circunstâncias.» No fundo, acrescenta Maria João Valente Rosa com bom humor, «é contribuir para que as pessoas não se percam nesta selva de informação.» A segunda fase do projecto Pordata arranca até ao fim do ano, com as estatísticas dos 27 países da União Europeia, mais alguns dos Espaço Schengen, EUA e Japão. A terceira fase, ainda sem data marcada, incluirá os números das regiões e municípios portugueses. Portugal visto à lupa dos números – é isso que Maria João Valente Rosa tem feito e é o que promete continuar a fazer. Nos últimos 50 anos, o país viveu a «dois tempos», com mudanças assinaláveis, como o número de alunos nas escolas, a protecção social, a integração das mulheres ou a mortalidade infantil – actualmente uma das mais baixas do mundo, «indicador importantíssimo do desenvolvimento económico e social de um país, que depois se relaciona com outras mudanças, como as condições sanitárias, a qualificação, etc.». O reverso da medalha acontece com a justiça, o tempo de permanência na escola, a evolução dos rendimentos reais dos pensionistas. «Há ainda um longo caminho a percorrer», avisa. Os números disponibilizados pela Pordata podem ajudar-nos a descobrir qual a melhor direcção.l setembro/outubro 2010 magazine.55 56-63:Layout 1 07-10-2010 15:26 Page 56 ÍNDIA 56-63:Layout 1 07-10-2010 15:26 Page 57 TEXTO ANA MÚSICO FOTOGRAFIA PAULO BARATA / VOLTA AO MUNDO MAHARAJAS’ EXPRESS A VER A ÍNDIA PASSAR EMBARCÁMOS NO MAHARAJAS’ EXPRESS, COMBOIO DE LUXO QUE PERCORRE UMA DAS MAIORES REDES FERROVIÁRIAS DO MUNDO PARA MOSTRAR UM PAÍS TRADICIONAL, FRENÉTICO, APAIXONANTE E ESPIRITUAL. setembro/outubro 2010 magazine.57 56-63:Layout 1 07-10-2010 15:26 Page 58 ÍNDIA AGRA É A PRIMEIRA ESCALA DA VIAGEM. É IMPOSSÍVEL NÃO FICAR IMPRESSIONADO PELA IMPONÊNCIA DO TAJ MAHAL, UMA DAS NOVAS SETE MARAVILHAS DO MUNDO. 56-63:Layout 1 07-10-2010 15:26 Page 59 MAHARAJAS’ EXPRESS á muitas formas de viajar por um país tão grande e apaixonante como a Índia. Mas este comboio tem um encanto especial. “Classical India” é uma rota de sete dias entre Nova Deli e Calcutá, com passagem por Agra, Gwalior, Khajuraho, Bandhavgarh e Varanasi, a bordo do Maharajas’ Express, um sumptuoso palácio sobre carris, digno de marajá. A rede ferroviária indiana assemelha-se a um polvo gigante, com tentáculos de linhas sinuosas que chegam aos lugares mais remotos do país. Todos os dias, mais de 8.300 comboios percorrem cerca de 80.000 quilómetros de ferrovia (sem contar com as linhas secundárias), transportando algo como 12,5 milhões de pessoas e 1,3 milhões de toneladas de mercadorias. No total, estima-se que a cada 24 horas os comboios indianos viajem o equivalente a três vezes e meio a distância entre a Terra e a Lua. Para além de empregar perto de um milhão e meio de pessoas e de ter um ministério próprio, o sector ferroviário está na origem de uma rede infindável de serviços e pequenos negócios. O Maharajas’ Express parte de Nova Deli às dez da manhã, depois de um pomposo ritual de boas-vindas. Um grupo de jornalistas e operadores turísticos tem o privilégio de inaugurar a rota “Classical India”. O restrito grupo inclui outros dois viajantes: José Manuel, um alto executivo reformado de um grande banco espanhol, e Francine, a sua mulher. É a quarta vez que o antigo banqueiro está na Índia. Desta vez, quis mostrar o país a Francine de «uma forma confortável e segura». São os primeiros passageiros oficiais do Maharajas’ Express. Para além da enorme vantagem de se viajar «de casa às costas», com todo o luxo e conforto, o Maharajas’ Express percorre uma longa distância, atravessando diversos estados e algumas das mais importantes cidades do subcontinente, sem os inconvenientes dos “check-ins” e das habituais burocracias de embarque e transferes. Esta foi uma das razões que levaram José Manuel a «oferecer a Índia» a Francine. A segunda razão é Varanasi, a cidade sagrada da Índia. A primeira escala, contudo, acontece em Agra, onde fica o fabuloso Taj Mahal, uma das novas sete maravilhas do mundo. Imponente e belo, apresenta-se como símbolo da supremacia da cidade sobre as gigantes Deli, Calcutá (ou Kolkata, na grafia moderna) e Bombaim. A sua história é lendária: o edifício foi mandado erguer pelo imperador Shah Jahan numa homenagem a Aryumand Banu Begam, a sua esposa preferida, a quem carinhosamente chamava Mumtaz Mahal, «Jóia do Palácio». As paredes de setembro/outubro 2010 magazine.59 56-63:Layout 1 07-10-2010 15:26 Page 60 MAHARAJAS’ EXPRESS mármore branco, originalmente incrustadas com pedras semi-preciosas, apresentam diversas inscrições do Corão e a cúpula terá sido costurada a fio de ouro. Ao longo dos dias, a Índia desfila, tão contraditória quanto bela, nas janelas do Maharajas’ Express. Os templos, na maioria hindus e budistas, são reveladores de uma enorme e devota espiritualidade. O complexo de Khajuraho, a pouco mais de 600 quilómetros de Deli, representa o maior e mais importante grupo de templos 60.magazine setembro/outubro 2010 AO LONGO DOS DIAS, A ÍNDIA DESFILA, TÃO CONTRADITÓRIA QUANTO BELA, DIANTE DAS JANELAS DO MAHARAJAS’ EXPRESS. medievais hindus. Construído entre 950 e 1050, tem o estatuto de Património da Humanidade, sendo que o conjunto inicial contava com mais de 80 templos, dos quais apenas 22 estão actualmente em bom estado de conservação. Apesar da imensidão dos grandes centros urbanos – afinal, é uma das maiores economias do mundo e um dos principais centros mundiais de investigação e desenvolvimento de telecomunicações e alta tecnologia –, viajar pela Índia significa também recuar no tempo. Por exemplo, nas zonas rurais ainda se encontram os mercados de troca directa, coloridos e rudimentares, e aldeias tradicionais, recortadas da antiguidade. A Índia nunca dorme. Depois de mais uma noite de viagem, despertámos em Varanasi, no estado de Uttar Pradesh. José Manuel foi o primeiro a acordar e a debruçar-se sobre as janelas do comboio para ver o amanhecer sobre o rio Ganges. A paisagem é indescritível. Embora a data de fundação seja desconhecida, estima-se que Varanasi exista há mais de cinco mil anos. O nome significa «porta do céu», e é a cidade mais sagrada da Índia, onde uma turba de gente dança, canta e reza sem parar. A cor dos “saris” das mulheres – cuja maioria resiste ainda à tentação dos “jeans” – e das fiadas de flores penduradas por todo a parte, em devotas e surpreendentes manifestações espirituais, inundam a cidade de alegria e de ritmo. Nas ruas, para além do trânsito e de milhares de pessoas, amontoam-se minúsculas bancas de madeira com comida, roupas, especiarias, tintas naturais, pilhas, rádios e uma infinidade de objectos e símbolos religiosos. Enquanto isso, as vacas passeiam-se vagarosas, indiferentes ao bulício ensurdecedor. Finalmente Kolkata, a «cidade da alegria», fundada em 1690 pela Companhia Inglesa das Índias Orientais e capital da Índia britânica entre 1833 e 1912. Na sua área metropolitana vivem mais de 16 milhões de pessoas. As ruas são caóticas, frenéticas e fascinantes, com milhares de carros, carrinhas, riquexós, bicicletas e autocarros cheios de gente. Kolkata, no fundo, é como toda a Índia: uma cidade viva, onde tudo acontece, em qualquer lado, ao mesmo tempo.l 56-63:Layout 1 07-10-2010 15:27 Page 61 56-63:Layout 1 12-10-2010 9:26 Page 62 MAHARAJAS’ EXPRESS ÍNDIA ÚTIL. DINHEIRO. A moeda nacional é a rupia indiana (1EUR=62,62INR). Nova Deli O câmbio deve ser efectuado Agra Gwalior apenas em locais credenciados Varanasi Gaya e autorizados. Recomenda-se Khajuraho o câmbio de quantias elevadas Bandhavgarh de uma só vez, pois não haverá Calcutá muitas oportunidades de o fazer ao longo do percurso. ÍNDIA Mar Arábico Nas compras, os preços são, Baía de Bengala de um modo geral, regateáveis. ANTES DE PARTIR. O visto de entrada custa 50€ e adquire-se na embaixada da Índia em Lisboa. É aconselhável marcar uma consulta do viajante, embora não DESTAQUES. se exijam vacinas ou medicação profiláxica antes da viagem. Na O COMBOIO. O MAHARAJAS’ EXPRESS TEM LUGAR PARA 80 PASSA- Índia não é recomendável comer GEIROS E UMA TRIPULAÇÃO DE CERCA DE 50 PESSOAS. AS CARRUA- ou beber seja o que for na rua e GENS DISPÕEM DE 20 CABINAS “STANDARD”, 18 SUITES “JUNIOR", DUAS só se deve beber água engarrafada SUITES “DELUXE” E UMA SUITE PRESIDENCIAL – TODAS COM INTERNET (mesmo para escovar os dentes). SEM FIOS, TELEVISÃO POR CABO E DVD. À DISPOSIÇÃO DOS PASSAGEIROS, HÁ SERVIÇO DE LIMUSINA COM MOTORISTA (NÃO ESTÁ IN- ROUPA. Deve levar-se roupa CLUÍDO NO PREÇO), MEDIANTE RESERVA. A BORDO HÁ DOIS RESTAURANTES E DOIS BARES, leve e discreta (sobretudo as E CADA CABINA FICA A CARGO DE UM “VALLET”, RESPONSÁVEL PELA SATISFAÇÃO DE TODAS senhoras) e um agasalho. AS NECESSIDADES DOS PASSAGEIROS. É aconselhável o uso de ténis ou sapatos frescos mas fechados. PREÇOS. EM PORTUGAL, ESTE PROGRAMA É COMERCIALIZADO PELA ACROSS (www.across.pt). Para os jantares a bordo, OS PREÇOS VARIAM DE ACORDO COM A ALTURA DO ANO E O PACOTE PRETENDIDO. A OPÇÃO recomenda-se um guarda-roupa “CLASSICAL INDIA”, DE SETE DIAS E SEIS NOITES EM CABINA “STANDARD” PARA DUAS mais sofisticado, embora o PESSOAS, COM PASSAGENS AÉREAS, TRANSFERES, DESLOCAÇÕES, PENSÃO COMPLETA E “casual chic” também seja ENTRADAS NOS MUSEUS E MONUMENTOS, RONDA OS 9.000€ POR PESSOA. adequado. Cartão Millennium Prestige: TAEG de 29,3% VANTAGEM MILLENNIUM. O CARTÃO PRESTIGE do Millennium bcp, o seu melhor companheiro de viagem, assegura uma assistência próxima e permanente, basta ligar +351 210 347 932. Ao viajar com o cartão Prestige poderá, entre outros serviços, receber assistência médica em caso de emergência no estrangeiro, com reembolso de despesas médicas, farmacêuticas e de hospitalização; informação e controlo médico; comparticipação nas despesas de estadia após hospitalização e por prescrição médica; acompanhamento de familiar, em caso de hospitalização; garantia de encargos com guarda e regresso ao domicílio com crianças menores de 15 anos em caso de hospitalização de quem as tem a cargo; e o eventual repatriamento ou transporte sanitário. E, claro, o Cartão Prestige é um meio de pagamento seguro e flexível que lhe garante um serviço universal e de excelência, através das redes Mastercard ou Visa onde estas se encontram disponíves. TAEG de 29,3% e TAN de 21,190% para crédito de 2.500€ pago em 12 prestações mensais iguais no valor de 230,65€. Montante total imputado ao Cliente: 2.852,75€, incluindo anuidade e impostos. 62.magazine setembro/outubro 2010 63:Layout 1 06-10-2010 10:54 Page 1 64-69:Layout 1 11-10-2010 9:59 Page 64 ROTEIRO PASSEIO MARÍTIMO APROVEITAR OS ÚLTIMOS DIAS DE SOL OU DAR AS BOAS-VINDAS AO OUTONO, DOIS BONS PRETEXTOS PARA UM PASSEIO PELA «VILA ARISTOCRÁTICA». SEMPRE COM O MAR POR PERTO. 64-69:Layout 1 11-10-2010 9:59 Page 65 1 CO DA DO GU IN RA ES T ADA STR O-E AUT A5 TEXTO CARLOS ALVES FOTOGRAFIA PAULO BARATA PARQUE NATURAL DE SINTRA / CASCAIS CASCAIS P ouco interessa o que diz o calendário. Enquanto o Sol continuar a brilhar, Cascais recusa declarar o Verão como terminado. À porta do famoso Santini, continuam as longas filas de pessoas à espera para provar (ou comprovar) o melhor gelado da «Linha». As esplanadas mantêm-se cheias de vida, tal como as praias. E o «paredão», o agradável passeio marítimo que as aproxima, não perde a animação de entusiastas do “jogging”, famílias, casais e jovens que aproveitam os últimos dias de férias. O centro da vila, sucessão de ruas empedradas ao longo da baía, gravita em torno da Frederico de Arouca (ou Rua Direita, para quem é «da terra») e dos restaurantes que se espalham pelas travessas e vielas circundantes. Quando se aproxima a hora de almoço ou de jantar, é tempo de o peixe fresco encher os assadores. É um dos pretextos habituais para ir até Cascais. Para não fugir à «tradição», reserve-se mesa no Baiuka, uma referência não só pela ementa como também pela localização, junto à Praia das Moitas. Ou então, numa nota «reinterpretativa», suba-se ao primeiro andar da estalagem Villa Albatroz, onde se situa, com uma vista de primeira sobre a baía, o Vin Rouge. O jovem chefe João Antunes dá cartas com a sua cozinha de reinvenção, em equipa com Rita Caldas, sua mulher e responsável pela escolha dos vinhos (a selecção a copo é excelente). Para quem desejar subir a fasquia, a morada a reter é Fortaleza do Guincho. Além de hotel de charme, é um restaurante de alta cozinha francesa com um toque de portugalidade. A estrela Michelin conquistada em 2001 serve de cartão-de-visita às criações do chefe Vincent Farges – que desenha os menus de cada estação em colaboração com o multipremiado Antoine Westermann, detentor de três estrelas no cobiçado guia vermelho com o seu restaurante Buerehiesel (Estrasburgo). Fica fora da vila, é certo, mas a viagem de nove quilómetros ao longo da Estrada do Guincho, entre o verde do Parque Natural de Sintra-Cascais e as ondas do Atlântico, é muito recompensadora, em particular se for feita de bicicleta – ou de «biCas», a bicicleta disponibilizada gratuitamente pela autarquia. Além das boas mesas com vista para o mar, há outros motivos para passar um ou mais dias na «vila aristocrática». Enquanto se aguarda a abertura da renovada Cidadela, prevista para 2011 (que incluirá a conversão de parte da estrutura militar renascentista numa unidade hoteleira integrada na rede Pousadas de Portugal), a grande novidade continua a ser a Casa das Histórias Paula Rego, que, só no primeiro ano, recebeu qualquer coisa como 150 mil visitantes – número impressionante que, estima-se, continuará a crescer. Mesmo quando terminarem estes dias de Sol. 1 HOTEL FORTALEZA DO GUINCHO. ESTRADA DO GUINCHO Com o Atlântico aos pés e uma vista inspiradora para o Cabo da Roca, a antiga fortaleza, construída no século XVII, é hoje um sumptuoso hotel de 5 estrelas, integrado na rede Relais & Châteaux. A nove quilómetros do centro de Cascais, junto à praia do Guincho, e a meia hora de Lisboa. Tem 24 quartos e três suites. www.guinchotel.pt 1 RESTAURANTE FORTALEZA DO GUINCHO. ESTRADA DO GUINCHO O salão requintado, com grandes janelas sobre o Atlântico, quase passa despercebido quando começam a desfilar as criações de Vincent Farges, cuja cozinha de «aliança franco-portuguesa» ostenta uma estrela Michelin. Os vinhos estão a cargo de Inácio Loureiro, distinguido repetidamente pela “Wine Spectator”. www.guinchotel.pt setembro/outubro 2010 magazine.65 64-69:Layout 1 12-10-2010 9:27 Page 66 ROTEIRO 2 3 CASA DAS HISTÓRIAS PAULA REGO. MERCEARIA DA VILA. AVENIDA DA REPÚBLICA, 300 RUA VISCONDE DA LUZ, 12A O interior do icónico edifício projectado por Souto Moura é habitado pelo imaginário da pintora, com uma extraordinária colecção de quadros, desenhos e gravuras. Até Janeiro de 2011 estarão patentes as exposições “Victor Willing — Uma Retrospectiva” e “Anos 70 — Contos Populares e Outras Histórias”. www.casadashistoriaspaularego.com Por um lado, é uma loja “gourmet”. Por outro, vende produtos biológicos — frutas frescas, ervas aromáticas, lacticínios e muito mais. Além disso, tem refeições ligeiras, «gelados de autor» Ice Gourmet (alfarroba e eucalipto são alguns dos sabores), chá com “scones” e comida “take-away”. T: 214 835 481 AV. DE M PED SINTR AV. DO EA ESTAÇÃO CP CASCAIS BR IL DA RUA DRA. IRACY DOY LE 4 SC ON AN OS NS FO DE DA LU AV O 3 R AR DA A RU RUA LUZ XA C RI E ED FR UA CA OU O . DA R ND LE AA 6 RE DO S .D CA O RL S MA GA O LH OM OE OC AV IN O ERE IRA DE MELL LI OP I O NÇÃ SSU AA OD setembro/outubro 2010 LAG JÚ R. PARQUE MAL. CARMONA 66.magazine A M AT GA AL L GUINCHO ß RA LICA AV. DA REPÚ AB 2 DO DA AC RUA JOSÉ INÁCIO ROQUETTE A RU UR AD CO AC AS AS .V RU .E AV IS RE RO AR AV ON DI MÍ RU AS IT RE A EG AF V NA RU S DO RU AV CU ER EH R N LA VISC L AA IST V UA RUA ES CH E R EG M BO AL .V Z 5 E VI DAD A A ST RU AA RU AR VI AM A TR SAU UL L BE O ELA ALM EP AD ES UQU AD MED ALA A .D L AV. MA 5D RU AV AV. MA RGINA .2 AV .D OM OS RL CA I L RGINA A AV RO I CASCAIS 64-69:Layout 1 11-10-2010 9:59 Page 67 CASCAIS 4 GELADOS SANTINI. AVENIDA VALBOM, 28 Mesmo com a abertura da sua segunda filial em pleno Chiado (a primeira fica em São João do Estoril), a casa fundada em 1949 pelo italiano Attilio Santini continua a ter filas de gente do balcão até à rua. “I gelati più fini del mondo” («os melhores gelados do mundo») é a promessa. A clientela fiel atesta que não é um mero “slogan”. T: 214 833 709 setembro/outubro 2010 magazine.67 64-69:Layout 1 11-10-2010 10:00 Page 68 ROTEIRO 5 6 LIVRARIA GALILEU. RESTAURANTE VIN ROUGE. AVENIDA VALBOM, 24A RUA FERNANDES TOMÁS, 1 Passados 38 anos, a livraria mais antiga de Cascais lá continua, dedicada «àquele nicho de mercado que prefere a qualidade e a raridade à espuma passageira do “best-seller”» (como se apresenta no seu “website”). Além de livros novos, nas suas prateleiras há também livros usados, alguns deles bem antigos, verdadeiros tesouros para coleccionadores. www.livrariagalileu.pt O dístico “Bib Gourmand” do Guia Michelin, afixado à entrada, é esclarecedor: «refeições cuidadas a preços moderados». João Antunes e Rita Caldas, marido e mulher, largaram os anteriores empregos e apostaram tudo neste projecto. Acertaram em cheio. A carta de vinhos casa na perfeição com a cozinha criativa de João Antunes. Para não falar da vista… www.restaurantevinrouge.com AM ARA E NIC 7 VOLUNTÁRIOS AV. BIARRITZ ARQ UE DE AV. DO P RUA AV. C LOTIL DE 8 AV. DOS BOMBEIROS RU AD OP OR TO L AV. DE PORTUGAL AV. RUA J. A. CASCAIS ß 7 PASTELARIA GARRETT. ESTAÇÃO CP ESTORIL AVENIDA DE NICE, 46 (ESTORIL) A Garrett é há muito um clássico da «Linha». Renovada não há muito tempo, mantém a aura aristocrática, herdada dos seus 76 anos. Na montra, a estrela é o bolo-rei, que muitos não têm dúvidas em apontar como o melhor de Lisboa e arredores. Quem as tiver pode sempre falar com os dois mil fãs que a pastelaria tem no Facebook. T: 214 680 365 68.magazine setembro/outubro 2010 ESTORIL AV. MARGINAL FERREIRA 64-69:Layout 1 11-10-2010 10:00 Page 69 CASCAIS 8 TERMAS DO ESTORIL AVENIDA DE PORTUGAL (ESTORIL) Nos tempos de estância de veraneio das elites europeias, o Estoril era também conhecido pelas suas águas termais. Volvido meio século sobre o encerramento, o único balneário termal da Grande Lisboa está de volta, agora em parceria com a insígnia Banyan Tree — juntando à proverbial «saúde através da água» a longa lista de tratamentos de bem-estar de um spa de luxo. www.termasdoestoril.pt l setembro/outubro 2010 magazine.69 70-71:Layout 1 06-10-2010 11:41 Page 70 BOA VIDA PALÁCIO COM CEM ANOS DE HISTÓRIA, CINCO ESTRELAS E UM CARTÃO-DE-VISITA: ARTE VALIOSA, JARDINS DE ENCANTAR, SUITES REAIS COM VISTA DESLUMBRANTE E UM RESTAURANTE DE ELEIÇÃO. HOTEL DE FINA FLOR 70-71:Layout 1 06-10-2010 11:42 Page 71 TEXTO JOÃO ALEXANDRE A história do Palácio de Valle Flôr, criado no início do século XX, tem muitíssimos pormenores. Se o espaço desta página nos coíbe de enumerá-los, tal não significa que deixem de ser apreciados ao vivo, um por um. O Pestana Palace, é dele que falamos, não é apenas um luxuoso cinco estrelas – é um luxuoso cinco estrelas com orgulho no seu passado. Por isso, restaurou e recuperou o brilho e a beleza das fachadas, dos salões e dos jardins; dos frescos, pinturas, estuques e vitrais. Parte do reconhecimento apareceu em 1997, com a classificação de Monumento Nacional; o restante chega anualmente com várias distinções, em que se destacam alguns «óscares do turismo» (World Travel Awards). Nesta história, os jardins ligam o passado e o presente, o mesmo é dizer ligam o antigo palácio – que alberga a recepção, os salões ou as quatro suites reais com uma vista deslumbrante para o Tejo – aos novos edifícios, onde predominam os quartos (qualquer coisa como 190), as amplas salas para reuniões e outros eventos, a piscina interior e um moderno spa. Pelo meio, há a Casa do Lago, pavilhão de decoração oriental onde, sobretudo nos meses mais quentes, são servidos almoços e lanches, e a piscina exterior, construída no lugar do antigo lago. O premiado Valle Flôr, conduzido pelo chefe Pedro Marques, leva-nos de volta aos salões de baile do palácio para oferecer um prato principal até ao final do ano: é o restaurante oficial das 7 Maravilhas Naturais de Portugal.l PESTANA PALACE RUA JAU, 54 - 1300-314 LISBOA TEL: 213615600 I FAX: 213615601 RESERVAS: 282 24 00 01 / 808 252 252 www.pestana.com VANTAGEM Cartão Prestige Security (TAEG de 29,3%): desconto de 10% sobre a melhor tarifa disponível, em qualquer unidade do Grupo Pestana Hotels & Resorts, “upgrade” a quartos superiores (mediante disponibilidade), “welcome drink” no “check-in”, entre outras vantagens. Marque através da Central de Reservas (código SX000928). Cartões American Express (TAEG mínima de 24,9% e máxima de 31,1%): A redenção de 30.000 pontos do programa Membership Rewards dá direito a uma noite em quarto duplo, acesso ao Health Club e “upgrade” a quarto superior se disponível. Reserve pelo número 213615600 (código 200026). Cartão Prestige Security: TAEG de 29,3% e TAN de 21,190% para crédito de 2.500€ pago em 12 prestações mensais iguais no valor de 230,65€. Montante total imputado ao Cliente: 2.852,75€, incluindo anuidade e impostos. Cartões American Express (TAEG mínimas e máximas): Cartão Blue da American Express com TAEG de 24,9% e TAN de 21,190% para crédito de 1.500€ pago em 12 prestações mensais iguais no valor de 138,39€. Montante total imputado ao Cliente: 1.685,65€, incluindo anuidade e impostos; Cartão American Express da Ordem dos Advogados com TAEG de 31,1% e TAN de 23,020% para crédito de 1.500€ pago em 12 prestações mensais iguais no valor de 139,53€. Montante total imputado ao Cliente: 1.724,31€, incluindo anuidade e impostos. setembro/outubro 2010 magazine.71 72-73:Layout 1 11-10-2010 15:43 Page 72 COLECÇÃO DE ARTE CONCLUÍDO HÁ 40 ANOS POR MARIA HELENA VIEIRA DA SILVA, “CRISTAL” É UMA DAS 74 OBRAS REUNIDAS EM “ABSTRACÇÃO”, UMA EXPOSIÇÃO QUE APRESENTOU AO PÚBLICO UM IMPORTANTE ACERVO DE PINTURA ABSTRACCIONISTA DA COLECÇÃO DO MILLENNIUM BCP. TOME NOTA. A exposição “Arte Partilhada Millennium bcp Abstracção”, comissariada por Raquel Henriques da Silva, esteve patente na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, entre Março e Maio de 2010. O acervo reuniu 74 obras do abstraccionismo português e estrangeiro provenientes da colecção privada do Millennium bcp — uma vez mais, partilhada com o público de forma gratuita. 72.magazine setembro/outubro 2010 72-73:Layout 1 11-10-2010 15:43 Page 73 TEXTO JOÃO ALEXANDRE TEIA DE CRISTAL «Teço a minha teia de aranha, à medida e ao passo que vivo: e tudo vem parar aqui. Tudo aqui se resume. Poeira, moscas, flores, folhas secas e, de tempos a tempos, faço o inventário das minhas riquezas mas como não tenho nenhum talento para inventários, perco-me e não o faço nunca completamente, e ponho-me de novo a tecer.» Maria Helena Vieira da Silva, só ela poderia estar na origem de “Abstracção. Obras da Colecção Millennium”, exposição de pintura que reúne 74 obras de alguns dos mais importantes nomes do abstraccionismo português e estrangeiro. A saber: Alfred Manessier, André Lanskoy, Arpad Szenes, Artur Bual, Eduardo Batarda, Júlio Pomar, Júlio Resende, Nadir Afonso, Paula Rego ou Zao Wou-Ki. Apesar de não ser «uma exposição sobre a artista e seus amigos», explica a investigadora Ana Ruivo, «não poderia distanciar-se desse contexto e revela bem a sua presença e o leque de relacionamentos gerados em seu torno», como aconteceu com Mário Cesariny, Manuel Cargaleiro, Augusto Barros, Fernando Lemos e Justino Alves. O núcleo mais significativo desta mostra é, sem dúvida, o de Vieira da Silva, resultado de heranças do Banco Comercial Português (“Sem título”, 1951; “Blanche”, 1958; “Diagramme du regard (L’été)”, 1960; “Sem título”, 1972; “Printemps”, 1976), do Banco Português do Atlântico (como são exemplo “Ville” ou “Porto”, 1962), do Banco Mello (“Gaya”, 1971) e de colecções privadas com passagem pelas galerias Jeanne Bucher em Paris (“Palais des Glaces”, 1965), Beyel em Basileia (“Lisbonne”, 1962) ou Knoedler em Nova Iorque (“Cristal”, 1970). «Nas telas-teia de Vieira adivinham-se catedrais, labirintos, bibliotecas, jardins, vendavais, arrebatamentos de estio, sentido à flor da relva. Nas pinturas aqui reunidas, encontramos tudo isso num espectro temporal que se estende de 1950 a 1976, quando a artista regressada do Brasil – refugiada que esteve da Segunda Guerra na Europa, com Arpad Szenes, seu marido – retoma o seu trabalho num ritmo de produção e exposição constantes», explica Ana Ruivo. «Adquiridas a vários tempos, reflectem bem as propostas da artista, fundadas quer no valor compositivo dos dispositivos traçados, quer na impulsividade contida com que suspende, em sopros de cor, o que os olhos vêem e o coração sente.» l MARIA HELENA VIEIRA DA SILVA 1908-1992 Em 1970, enquanto “Cristal” ganha vida no atelier de Vieira da Silva, o nome da pintora portuguesa já conquistara o prestígio internacional que Portugal demorou a reconhecer. Vieira da Silva nasce em Lisboa a 13 de Junho de 1908, e morre em Paris a 6 de Março de 1992. Pelo meio, há uma carreira de vulto que atravessa várias geografias artísticas, sobretudo entre França, Brasil e Portugal, países onde viveu com o pintor de origem húngara Arpad Szenes (18971985). Por entre prémios e exposições, a obra deste nome fundamental da pintura europeia da segunda metade do século XX ganha retrospectivas em Hanover e Bremen (1958), Grenoble e Turim (1964), ou em Roterdão, Oslo, Basileia e Paris (onde realizou a sua primeira exposição individual, em 1933). Segue-se Portugal, e a grande mostra na Fundação Calouste Gulbenkian, em 1977. Seis anos depois, o Metropolitano de Lisboa oferece aos seus passageiros um presente especial: a decoração da estação da Cidade Universitária (seguiram-se outras) assinada pela artista que os Estados português e francês souberam homenagear oficialmente. Ainda em vida, assiste à criação, em Lisboa, da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva (fasvs.pt), corria o ano de 1990 (o museu seria inaugurado apenas em 1994). CRISTAL, 1970 Óleo s/tela, 81 x 100 cm setembro/outubro 2010 magazine.73 74-79:Layout 1 06-10-2010 11:44 Page 74 AUTOMÓVEL ESTE ANO, O SALÃO DE PARIS VAI VIVER SOBRETUDO DOS VEÍCULOS DESTINADOS A ATINGIR JÁ HOJE A MOBILIDADE AMIGA DO AMBIENTE QUE ESPERAMOS TER NO FUTURO. DESFILE DE NOVIDADES 74.magazine setembro/outubro 2010 74-79:Layout 1 06-10-2010 11:44 Page 75 TEXTO PEDRO ALFAIA PEUGEOT 508. O substituto do 407, agora com formas mais elegantes. S ob o lema «O Futuro, Hoje», a edição deste ano do salão automóvel de Paris surge em tempos de crise, mas numa fase em que recuperação é uma realidade. De 2 a 17 de Outubro, milhares de visitantes – ou não fosse França um dos países com indústria mais forte neste sector –, assistem ao desfilar de automóveis de diferentes tipos e para todas as bolsas. Se a maioria dos modelos assume versões mais atraentes, mais bem construídas ou mais possantes, não vão faltar novos veículos em que a prioridade passa pelos consumos e, por tabela, pelas emissões nocivas. setembro/outubro 2010 magazine.75 74-79:Layout 1 06-10-2010 11:44 Page 76 AUTOMÓVEL A jogar em casa, os construtores franceses fazem questão de estar bem representados e, se da Renault não se esperam grandes novidades, o mesmo não se pode dizer da Citroën ou da Peugeot. A primeira promete brilhar ao mais alto nível, pois apesar do “restyling” do C4 Picasso (que adopta uma versão híbrida E-HDI, com um motor diesel em conjunção com uma unidade eléctrica), a atenção centra-se no novo C4, que cresce substancialmente, adoptando linhas mais esguias e elegantes. Para quem deseje um “crossover” tipo Nissan Qashqai, a Citroën tem preparado o novo DS4, baseado no C4, mais alto e musculado. Na Peugeot, o 508, familiar topo de gama que substitui o 407, aparece com formas menos polémicas e mais elegantes. Os amantes das soluções eléctricas têm à disposição o Ion, o mesmo que serve a Mitsubishi e a Citroën, enquanto quem procura uma opção híbrida pode ver no 3008 Hybrid4 a solução perfeita, com quatro rodas motrizes, ligando o motor diesel a um eléctrico. Entre os construtores germânicos, a Volkswagen, que se mantém com primeiro fabricante europeu, prepara-se para apresentar o substituto do incontornável Passat. Com a mesma denominação, a nova geração é maior e adopta uma frente mais próxima dos actuais CITROËN C4. Nova versão, maior e mais esguia. Golf e Polo, de grelha mais rasgada, mas com a mesma qualidade de construção. Concorrente directo, a Opel surge finalmente com os modelos da gama Astra que há muito lhe faltavam, como é exemplo a Astra Sports Tourer, versão que por tradição é a mais vendida da gama. Os condutores mais agressivos passam a ter disponível a versão GTC, o “coupé” da família Astra. A Chevrolet, agora fora do universo GM, continua a renovar os seus modelos a bom ritmo. Desta vez é o Cruze, na versão “hatchback”. Continuando pela Alemanha, mas com o foco dirigido aos construtores de luxo, a Audi mostra ao público, pela primeira vez, o seu imponente A7, que concorre com o Mercedes CLS na categoria dos “coupés” de luxo com quatro portas. Maior e mais atraente do que o A5, o A7 Sportback é esguio e concilia boa mala com habitáculo para quatro adultos, tudo envolto numa carroçaria de “coupé”. A isto a BMW responde com o novo X3, um SUV que cresce em dimensões e qualidade, mais de acordo com os padrões da marca. Bem junto da BMW estará a Mini (ambas pertencem ao mesmo grupo), cujo “stand” será dominado pelo Countryman, o primeiro automóvel de quatro portas da marca, que serve de base para o futuro modelo do construtor nos ralis do campeonato do EM FOCO. PEUGEOT 508. O familiar topo de gama que substitui o 407, com formas menos polémicas e mais elegantes, está disponível nas versões quatro portas e carrinha CITROËN C4. O novo C4 cresce substancialmente em dimensões, adoptando linhas mais esguias, o que promete torná-lo mais sedutor. O interior também está mais prático e sólido. AUDI A7 SPORTBACK. O concorrente do Mercedes CLS na categoria dos “coupés” de luxo com quatro portas concilia boa mala com habitáculo espaçoso, envolto numa carroçaria de “coupé”. BMW X3. O popular X3 aparece com novas roupagens. Maior por fora e mais espaçoso por dentro, destaca-se pelos materiais de melhor qualidade numa carroçaria mais atraente. MERCEDES CLS. A mais recente geração do “coupé” de quatro lugares que revolucionou a indústria propõe linhas mais «fortes», que emprestam à elegante carroçaria uma personalidade ímpar. 74-79:Layout 1 06-10-2010 11:44 Page 77 DESFILE DE NOVIDADES BMW X3. Um SUV em versão revista e aumentada. A BMW RESPONDE COM O NOVO X3, UM SUV QUE CRESCE EM DIMENSÕES E EM QUALIDADE, MAIS DE ACORDO COM OS PADRÕES DA MARCA. setembro/outubro 2010 magazine.77 74-79:Layout 1 06-10-2010 11:44 Page 78 AUTOMÓVEL AUDI A7 SPORTBACK. Um “coupé” de luxo elegante e espaçoso. NO SALÃO DE PARIS, A AUDI MOSTRA AO PÚBLICO, PELA PRIMEIRA VEZ, O SEU IMPONENTE A7, UM ESPAÇOSO “COUPÉ” DE LUXO DE QUATRO PORTAS. 78.magazine setembro/outubro 2010 74-79:Layout 1 06-10-2010 11:44 Page 79 DESFILE DE NOVIDADES mundo. Ainda assim, muito provavelmente será a Mercedes a atrair as atenções entre os fabricantes de luxo alemães: em termos imediatos, propõe o novo CLS, a recente geração do “coupé” de quatro lugares que revolucionou a indústria automóvel, agora com linhas mais «fortes» e ousadas; para um futuro próximo fica prometida a carrinha deste CLS, que entra em Paris como Shooting Break, muito elegante e destinada a quem pretende mais versatilidade mas não está disposto a abdicar do estilo. A Nissan é o representante oriental mais interessante para o mercado português. Para além do Leaf – veículo eléc trico (similar ao Renault Fluence ZE) disponí vel antes do final do ano por cerca de 30 mil euros e cujas baterias se podem carregar em tomadas domésticas por cerca de dois euros com uma autonomia de 160 quilómetros –, a Nissan mostra o novo Juke, versão ligeiramente mais pequena e acessível do popular Qashqai, com um design muito ousado e irreverente. Nem só de carros racionais ou preocupados com o ambiente vive o Salão de Paris. A Audi apresenta o seu novo cartão-de-visita: o R8 GT, mais ligeiro e com a potência do motor a subir de 525 para 560cv, igualando o Gallardo LP560-4. A McLaren retoma o estatuto de construtor de superdesportivos, depois de em 1991 ter introduzido o McLaren F1. Desta vez, o McLaren MP4-12C é muito acessível para a classe (cerca de 200 mil euros), continuando elegante, eficaz e potente, à custa do motor 3.8 bi-turbo de 600cv. O 918 é a atracção do “stand” da Porsche, apesar de o modelo proposto por mais de 700 mil euros não estar disponível tão cedo – as opções imediatas vão limitar-se ao 911 GT2 RS (o 911 mais veloz de sempre) e ao Panamera híbrido. Quem apenas se satisfaz com o melhor do mundo terá de se «contentar» com o Lamborghini Reventón Roadster, versão aberta do modelo italiano do grupo Volkswagen, agora limitado a 650cv (em vez dos 670 da versão de carroçaria fechada). É de esperar que a Ferrari apresente apenas o impressionante 599 GTO – um dois lugares de 670cv já em comercialização, capaz de atingir os 335 km/h e ultrapassar os 100 km/h em apenas 3,3 segundos –, uma vez que o F70 está reservado para mais tarde. Não faltam motivos para visitar o último certame automóvel de 2010, onde serão exibidos os veículos que se pode comprar até ao final deste ano e durante 2011.l MERCEDES CLS. A reinvenção do “coupé” que revolucinou a indústria. VANTAGEM LEASING/ALD. Exemplo para viatura de 50.000€. Renda mensal de 726,01€, considerando uma primeira renda de 10.000€ (entrada de 20%), prazo de 60 meses e valor residual de 2%. TAEG de 4,2% e Taxa Anual Nominal de 3,640%, tendo como referência a média da Euribor a 1 mês na base 360 dias, de 0,640% (média aritmética simples das cotações diárias de Agosto de 2010 com arredondamento à milésima mais próxima), acrescida de um “spread” de 3% (“spreads” promocionais a partir de 3%, definidos em função do perfil de risco do cliente, valor de entrada inicial e prazo da operação, não-acumuláveis com quaisquer outras condições promocionais e válidos até 29 de Outubro de 2010). Montante total imputado ao Cliente (Leasing): 54.307,82€. Inclui as seguintes comissões, não-financiadas (IVA incluído): dossier 181,50€, processamento mensal 1,21€, gestão de contrato trimestral 9,68€ e final de contrato 36,30€. Montante total imputado ao Cliente (ALD): 54.352.82€, incluindo, adicionalmente ao Leasing, o Imposto do Selo sobre a caução (correspondente ao valor de 15%) de 45€. RENTING. Exemplo para a viatura BMW X3 Xdrive 18D, Cxm6 5P 143cv. Cotação mensal de 751,55€, IVA incluído, tendo em conta os seguintes parâmetros: 48 meses, 80.000km, 4 pneus de substituição, serviços de manutenção prevista e imprevista (avarias), assistência ao condutor 24 horas/365 dias por ano, assistência em viagem 24 horas e serviços de gestão oficinal e gestão de entrega; imposto único de circulação incluído na renda. Caso seja percorrida quilometragem superior à contratada, o valor das rendas será recalculado em função das condições contratadas. CRÉDITO AUTOMÓVEL. Exemplo para viatura de 50.000€, com entrada inicial de 20% e um montante solicitado de 40.000€, com reserva de propriedade a favor do Banco e prazo de 60 meses. Prestação fixa mensal de 812,91€.TAEG de 8,4%. Taxa Anual Nominal fixa de 7,25%, definida para viaturas novas, em função do perfil de risco do Cliente, prazo e entrada inicial, válida até 29 de Outubro de 2010. Montante total imputado ao Cliente: 48.774,60€, incluindo comissão de dossier (120,19€, à qual acresce Imposto do Selo à taxa actual de 4%) e Imposto do Selo sobre a abertura de crédito, ambos financiados, juros e respectivo Imposto do Selo. setembro/outubro 2010 magazine.79 80-81:Layout 1 06-10-2010 11:45 Page 80 OPERAÇÃO INTERNACIONAL FOI O ÚNICO PAÍS DA UNIÃO EUROPEIA A REGISTAR CRESCIMENTO ECONÓMICO EM 2009. ESTE ANO, O PIB DEVERÁ CRESCER MAIS DE 3 POR CENTO, DE ACORDO COM AS ESTIMATIVAS DO BANCO CENTRAL POLACO. UM MERCADO DINÂMICO, COM CERCA DE 38 MILHÕES DE HABITANTES, ONDE O MILLENNIUM TEM MAIS DE 460 SUCURSAIS E GESTORES DEDI CADOS AO ACOMPANHAMENTO DE EMPRESAS PORTUGUESAS. POLÓNIA UMA ECONOMIA QUE DESAFIA A CRISE 80.magazine setembro/outubro 2010 80-81:Layout 1 06-10-2010 11:45 Page 81 certo e sabido que as empresas portuguesas têm encontrado na internacionalização um espaço de crescimento que dificilmente conseguiriam no mercado doméstico. Há países que, por afinidade histórica, surgem como extensões naturais das nossas actividades económicas, como Espanha, Brasil ou Angola. E há outros com quem temos ligações de menor intimidade mas que, pelo potencial de mercado, são destinos do investimento nacional. É o caso da Polónia, onde a crise travou mas não parou o crescimento económico – e é de lá que nos chegam histórias de sucesso comprovado. Os casos mais visíveis, pela expressão do investimento e pela exposição pública das marcas, são o Bank Millennium, com mais de 460 sucursais, das quais mais de 100 na região de Varsóvia, e a Jerónimo Martins, que possui a maior rede de supermercados, sob a insígnia Biedronka. De acordo com os resultados do primeiro semestre de 2010, mais de 15 por cento dos resultados líquidos do Millennium bcp provêm das operações fora de Portugal, com a Polónia a destacar-se como a operação mais importante, registando um resultado líquido de 34,4 milhões de euros. Mas nem só de grandes companhias se faz a presença portuguesa na Polónia. São várias as pequenas e médias empresas que diariamente escrevem parte da sua história na língua de Copérnico, Chopin e Polanski. A Colep, fabricante de embalagens presente há mais de dez anos, foi das primeiras a chegar à Polónia; a Parfois já tem lojas em Poznan, Cracóvia, Gdansk, Lodz, Wroclaw, Katowice e Varsóvia; e a sociedade de advogados Raposo Bernardo & Associados recebeu, este ano, os títulos de “Newcomer of the Year” e “New Law Firm of the Year”, resultado da vitória nos prémios “Corp INTL Global Awards” e “ACQ Law Awards”, respectivamente. «É um mercado cheio de oportunidades mas também muito cobiçado por empresários de países mais próximos, como a Alemanha, por isso uma empresa portuguesa que queira vingar aqui tem de ter vantagens competitivas bem vincadas mas também paciência, perseverança e músculo financeiro, pois os resultados não surgem de um dia para o outro», afirma João Brás Jorge, Vice-Presidente do Bank Millennium. «Quem deseja conhecer melhor este mercado pode começar por contactar a Câmara de Comércio Polónia - Portugal e o próprio Bank Millennium, porque temos uma experiência muito rica no apoio à internacionalização das empresas portuguesas nesta região», lembra o gestor destacado em Varsóvia desde 2006.l TOME NOTA. O Bank Millennium, detido em 65,51% pelo Millennium bcp, é uma das maiores instituições financeiras na Polónia, com especial enfoque na banca de particulares e na banca de empresas. Em 2008, o Bank Millennium e a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), visando apoiar empresas portuguesas que pretendam iniciar actividade na Polónia, celebraram um protocolo de cooperação estratégica onde, entre outras obrigações, o Banco se compromete a disponibilizar um gestor de conta específico para empresas de capital português. setembro/outubro 2010 magazine.81 82-83:Layout 1 08-10-2010 10:06 Page 82 PRESENÇA INTERNACIONAL A VOTAÇÃO DO PÚBLICO DEU-LHE O PRIMEIRO LUGAR NO “TOP DOS MAIS QUERIDOS” E A SUA CARREIRA FOI HOMENAGEADA PELOS PRÉMIOS ANGOLA 35 GRAUS. A ARTISTA QUE DÁ A CARA (E A VOZ) PELO MILLENNIUM ANGOLA – RECENTEMENTE ELEITO O “MELHOR BANCO ESTRANGEIRO” A OPERAR NAQUELE PAÍS – FALA SOBRE OS SONHOS DE 25 ANOS DE CARREIRA. YOLA SEMEDO UMA VOZ COM ALMA Apesar de só ter 32 anos, conta já com 25 de carreira. Qual é o segredo para esta longevidade? Faço parte de uma família de músicos. O meu pai foi professor de música. A primeira vez em que subi a um palco tinha sete anos. Aprendi a tocar piano aos 11. E faço parte de um grupo musical familiar, os Impactus 4. Acredito que os laços familiares e a grande união que há entre nós são a base destes 25 anos de carreira. A minha família é fundamental. Ainda se lembra da primeira vez que actuou ao vivo? Foi horrível! Congelei completamente no palco. Senti frio, calor, tudo ao mesmo 82.magazine setembro/outubro 2010 tempo... A emoção foi tanta que acabou por tomar conta de mim. Quando se apercebeu de que a música seria a sua vida? Eu cresci na música. Acredito que, nesse momento em que subi a um palco pela primeira vez, já estava escrito que a música teria um papel muito importante na minha vida. Sei que sou uma mulher de sorte. 82-83:Layout 1 08-10-2010 10:06 Page 83 MILLENNIUM ANGOLA Lançou recentemente o seu segundo álbum a solo, “Minha Alma”. O que o distingue do disco de estreia? Ao longo da minha carreira, têm sido os produtores com quem tenho tido o privilégio de colaborar a assegurar todo o trabalho. “Minha Alma” é o primeiro trabalho realmente «meu» em todos os sentidos: produção musical, arranjos vocais, etc. “Minha Alma” é uma homenagem aos meus 25 anos de carreira, feito com muito carinho por todos aqueles que gostam da minha música. “NO MOMENTO EM QUE SUBI A UM PALCO PELA PRIMEIRA VEZ, JÁ ESTAVA ESCRITO QUE A MÚSICA TERIA UM PAPEL IMPORTANTE NA MINHA VIDA.” Passaram cinco anos entre os dois discos. Foi difícil compor este “Minha Alma”? Não. Durante esses cinco anos, trabalhei muito para desenvolver aquilo que sei fazer. Aproveitei ao máximo para aprender. Foi o tempo necessário para me preparar para o “Minha Alma”. PRESENÇA ALARGADA. Com a abertura da sucursal na Estrada de Catete, província de Bengo, no início de Outubro, o Banco Millennium Angola aumentou a sua rede para 33 balcões. A nova sucursal, em funcionamento todos os dias úteis das 8h00 às 15h00, disponibiliza, entre outros, o serviço de transferências rápidas Western Union em espaço dedicado. Continua ligada aos Impactus 4? Continuo e acredito que estamos mais unidos agora, pela música e pela herança que o nosso pai nos deixou. Pretendemos continuar juntos para o resto das nossas vidas, se Deus deixar. Já actuou por diversas vezes fora de Angola. Em algum lugar se sente tão acarinhada como no seu país? Angola é um país com uma cultura muito rica. É uma honra muito grande sempre que tenho a oportunidade de levar um pouco desta cultura para a diáspora. E tive a sorte de ser muito aplaudida nos palcos por onde tenho passado. É importante enaltecer o nome de Angola. Até onde gostaria de levar a sua música? O meu maior sonho é levá-la além-fronteiras. Receber o reconhecimento do mundo musical, levando comigo a cultura angolana. E quero continuar a ser respeitada e acarinhada pelo mundo musical angolano. Mas sei bem que para tudo isso acontecer é necessário trabalhar! É o novo rosto do Millennium Angola. O que a levou a aceitar esta ligação? O facto de o Banco Millennium Angola ser uma instituição que preza os bons costumes e o bem-estar desta comunidade. E, acima de tudo, por espelhar muita seriedade. Que balanço faz desta ligação? Tem sido muito positiva, um casamento perfeito. É um trabalho feito com muito carinho e profissionalismo. Estou muito feliz por saber que está a ser bem aceite. No anúncio que fez para o Millennium Angola, aparecem duas raparigas que a vêem e começam a cantar uma canção sua. Isso acontece-lhe com frequência? Graças a Deus, acontece. E tento lidar com todos aqueles que gostam do meu trabalho da melhor forma possível. Tenho em mente que parte da popularidade que tenho hoje é graças a eles. Agradeço a todos de coração. l BANCO PREMIADO. A revista “EMEA Finance”, dirigida à comunidade financeira da região Europa/Médio Oriente/África, distinguiu o Millennium Angola como o “Melhor Banco Estrangeiro” a operar no país, destacando-o «pela “performance” positiva e progresso constante em 2010». Recorde-se que, em 2009, a mesma publicação apontou o Millennium como o banco mais inovador no mercado angolano. setembro/outubro 2010 magazine.83 84-86:Layout 1 08-10-2010 10:07 Page 84 DISTINÇÕES O MELHOR BANCO DE MOÇAMBIQUE. A revista “EMEA Finance” apontou o Millennium bim, pelo segundo ano consecutivo, como o “Melhor Banco em Moçambique”. Além deste prémio, a operação moçambicana do Millennium foi também incluída no lote dos “5 melhores Bancos Nacionais de África” pela IC Publications, editora da “African Banker Magazine”. Esta distinção eleva Moçambique no plano mundial como um país que oferece confiança económica para potenciais investidores, num ambiente de negócios com empresas que se pautam pelas melhores práticas mundiais. O ÚNICO BANCO PORTUGUÊS NO ÍNDICE ASPI EUROZONE EM DESTAQUE. MILLENNIUM CINCO VEZES MELHOR “EUROMONEY” DISTINGUE MILLENNIUM BCP NA ÁREA DO IMOBILIÁRIO. MILLENNIUM BCP INTEGRA RESTRITO LOTE DE EMPRESAS EUROPEIAS QUE SE DISTINGUEM NO CAMPO DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL. O Millennium bcp passou recentemente a integrar o índice de sustentabilidade ASPI Eurozone (“Advanced Sustainable Performance Indices”), que inclui as 120 empresas da zona euro com melhor “performance” em matérias de sustentabilidade, com base na avaliação da Vigeo (líder europeia em avaliação de sustentabilidade e responsabilidade social) e em conformidade com as orientações ASPI Eurozone. O Millennium bcp é o único Banco português a constar desta lista. «A integração do Millennium bcp neste índice traduz o reconhecimento da nossa estratégia de responsabilidade social corporativa», sublinha Paulo Macedo, vice-presidente do Banco. «A criação de valor para os accionistas, a par da criação de valor social, só é possível com uma actuação baseada em princípios de rigor e em harmonia com a valorização dos colaboradores, a transparência na relação com os clientes, a promoção de iniciativas que beneficiem a comunidade e a protecção ambiental.» A avaliação baseou-se em seis áreas de responsabilidade social corporativa: modelo de governação, respeito pelos direitos humanos, gestão das relações laborais, relação com os clientes, envolvimento com a comunidade e gestão e estratégia ambiental. Em 2009, o Millennium bcp tinha já sido incluído no índice ECPI Ethical Index EMU, composto pelas 150 maiores empresas da União Económica e Monetária elegíveis de acordo com a metodologia ECPI Screening, que monitoriza a evolução de 4.000 empresas em termos sociais, ambientais e de “governance”. Como maior grupo financeiro privado em Portugal, o Millennium bcp contribui directa e indirectamente para a consolidação do desenvolvimento sustentável, tendo por isso uma responsabilidade acrescida na forma como desenvolve a sua actividade e no modo como a comunica aos seus “stakeholders” e às comunidades em que se insere.l 84.magazine setembro/outubro 2010 No âmbito da edição de 2010 dos seus Real Estate Awards, a prestigiada revista financeira sediada em Londres acaba de eleger, pela quinta vez consecutiva, o Millennium bcp “Best Commercial Bank” em Portugal na área de Crédito à Promoção Imobiliária (“Real Estate”), reconhecendo o sucesso da sua actuação nesse segmento e a ampla variedade de serviços oferecida segundo os mais elevados padrões de qualidade. A atribuição deste importante galardão resulta de um estudo baseado na opinião dos principais operadores do mercado — promotores imobiliários, investidores, consultores e instituições financeiras — em 54 países. A “Euromoney”, que celebra este ano o seu 41º aniversário, é uma das principais revistas financeiras a nível mundial, lida em mais de 170 países por líderes de opinião, gestores e decisores das maiores empresas e instituições financeiras.l 85:Layout 1 06-10-2010 10:38 Page 1 84-86:Layout 1 08-10-2010 10:08 Page 86 REDE MILLENNIUM “SHOPPING ON-LINE” REFORÇADO. Por ocasião do 25º aniversário do Banco, a gama de produtos comercializados na área de “shopping” do “website” millenniumbcp.pt foi reforçada, com destaque para os televisores e os telemóveis. O vasto leque de produtos disponíveis inclui ainda aparelhos de GPS, soluções de bem-estar e aventura, libras e barras em ouro, medalhas e produtos de segurança, entre outros. Nesta loja “on-line” pode encontrar produtos a preços abaixo do mercado (PVP recomendado), bem como fazer as suas compras com total segurança e comodidade. SUCURSAIS ABREM AOS SÁBADOS MILLENNIUM BCP VOLTA A ABRIR AS SUAS AGÊNCIAS AOS SÁBADOS, CENTROS URBANOS SEMANA DE SERVIÇO BANCÁRIO. (DAS 9H30 ÀS 13H30) Após o sucesso da iniciativa nos dois últimos anos, o Millennium bcp vol ta a apostar numa estratégia de longo prazo com o objectivo de reforçar a relação de proximidade e confian ça com os Clientes, ajustando à conveniência destes os seus horários de funcionamento. Ao todo, são 26 as sucursais do Banco — espa lhadas um pouco por todo o País — que passaram, desde finais de Setembro, a abrir as portas ao sábado, com horários adequados à realidade de cada local: das 9h30 às 13h30 nos centros urbanos, e das 14h00 às 18h00 nos principais centros comerciais.l Angra do Heroísmo (Rua da Sé, 56) Aveiro (Centro Comercial Glicínias) Caldas da Rainha (Pç. da República, 7 e 8) Espinho (Rua 19, 346 a 352) Funchal (Rua Visconde Anadia, Lj 19/21) Guimarães (Rua Paio Galvão, 10/22) Leiria (Pç. Rodrigues Lobo, 59) Marco de Canaveses (Av. Francisco Sá Carneiro, 166) Ponta Delgada (Praça Gonçalo Velho, 33) Porto (Rua Diu, 15) Porto (Pç. Mouzinho de Albuquerque, 136) Porto (Pç. de Francisco Sá Carneiro, 113/115) Vila Nova de Gaia (Rua Soares dos Reis, 820) Viseu (Pç. da República, 5) GESTORES DE CLIENTE CERTIFICADOS MILLENNIUM BCP E INSTITUTO DE FORMAÇÃO BANCÁRIA DESENVOLVEM PROGRAMA DE FORMAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE NOVOS GESTORES DE CLIENTE. Ir mais além, fazer melhor e servir o Cliente são as premissas que definem o novo desafio lançado aos gestores que acompanham os Clientes Empresa do Millennium bcp. O Processo de Certificação de Gestores, desenvolvido em parceria com o Instituto de Formação Bancária, insere-se num programa de contínuo reforço das competências e capacidade técnica dos novos gestores, focado em conteúdos programáticos essenciais, como “Trade Finance”, Contabilidade, Risco de Mercado, ou Diagnóstico Económico e Financeiro de Empresas. Esta iniciativa visa contribuir para a valorização e o reforço da relação de confiança entre os Clientes e o Banco.l setembro/outubro 2010 SUCURSAIS QUE ABREM AO SÁBADO ACRESCENTANDO UM «DIA ÚTIL» À Mais informações em www.millenniumbcp.pt 86.magazine TOME NOTA. CENTROS COMERCIAIS (DAS14H00 ÀS 18H00) Braga (Centro Comercial Braga Parque) Cascais (CascaiShopping) Coimbra (CoimbraShopping) Faro (Fórum Algarve) Lisboa (Centro Comercial Colombo) Lisboa (Centro Comercial Vasco da Gama) Loures (Centro Comercial Pingo Doce) Maia (MaiaShopping) Matosinhos (NorteShopping) Montijo (Fórum Montijo) Rio Tinto (Centro Comercial Parque Nascente) Vila Nova de Gaia (GaiaShopping) 87:Layout 1 06-10-2010 10:39 Page 1 88-89:Layout 1 06-10-2010 11:46 Page 88 OPINIÃO. PEDRO DA ROSA FERRO. ECONOMISTA* ÉTICA, NEGÓCIOS E BANCA SERÁ A «ÉTICA EMPRESARIAL» ESSENCIAL AO MUNDO DOS NEGÓCIOS? E A CRISE ACTUAL – ECONÓMICA, FINANCEIRA, DE CONFIANÇA – UM PROBLEMA DE «CONSCIÊNCIA»? Num famoso artigo publicado em 1981, Peter Drucker chocou os seus admiradores e irritou os seus críticos ao negar vigorosamente a entidade ou necessidade da «ética empresarial», a ideia de uma ética exclusiva ou específica dos negócios. O fundamento central do seu argumento é duplo: por um lado, de acordo com a filosofia moral do Ocidente, só o indivíduo é sujeito moral (e, portanto, as organizações não o são); por outro, os princípios éticos são universais, embora se apliquem tendo em conta as circunstâncias. É certo que a empresa enfrenta problemas morais típicos. Contudo, Drucker via a “business ethics” como uma moda nefasta, resquício da herança puritana, que tenderia a impor cargas ilegítimas sobre as organizações. A seu favor, podemos reconhecer – por detrás do discurso banal sobre a «ética empresarial» – uma certa desconfiança ou mesmo desprezo pelas actividades comercial e financeira (de longínqua raiz greco-romana) misturada com aquela hostilidade face aos empresários de que falava Schumpeter. Neste horizonte, o lucro seria um rendimento «suspeito», olhado de soslaio, que deveria ser recoberto pelo manto diáfano da «responsabilidade social» para granjear honorabilidade. Noutros casos, a ética empresarial será apenas retórica politicamente correcta ou exercício de marketing e “window-dressing”, quando não manifestação de má consciência. Assim, é necessário recordar, antes do mais, a «bondade ontológica» e o valor social da empresa: proporciona bens e serviços desejados pelas pessoas, criando ou acrescentando valor que distribui por clientes, trabalhadores, fornecedores, accionistas e outras partes interessadas, pressupondo um processo respeitoso e honrado de acordos voluntários entre eles (sem violência, fraude ou abuso de posição dominante). Por outras palavras, o 88.magazine setembro/outubro 2010 bem comum não é extrínseco ou exógeno à empresa. E o lucro, em geral, é simplesmente a remuneração (justa e socialmente necessária) do risco, inovação e energia empresarial. É ainda um indicador de que a empresa cumpre a sua primeira responsabilidade perante a sociedade: criar valor económico, em termos que garantam a sua continuidade no longo prazo (ou seja, “inter alia”, lucrativos). Entretanto, assistimos à generalização de práticas comerciais predatórias, à avidez na gratificação imediata, à irresponsabilidade pessoal, à recusa em aceitar ou antecipar consequências das próprias acções, à tendência para olhar os incentivos materiais como se fossem a medida e propósito únicos do trabalho humano, à subversão da relação de confiança entre accionistas e gestores, etc., e respectivas sequelas. Com efeito, a actual crise económico-financeira nasceu não tanto da incompetência e miopia de alguns e da falta de memória de outros, quanto de uma degradação generalizada dos padrões éticos. A crise terá demonstrado que o sistema financeiro não dispensa temperança 88-89:Layout 1 06-10-2010 11:46 Page 89 A CREDIBILIDADE É NÃO APENAS O PONTO DE APOIO DA ALAVANCA FINANCEIRA, MAS O OXIGÉNIO DE TODO O SISTEMA ECONÓMICO E DA VIDA SOCIAL. por parte de investidores e credores, responsabilidade por parte de consumidores e devedores, veracidade por parte das agências de “rating”, justiça por parte das instituições financeiras, humildade por parte dos economistas, coragem por parte de legisladores e reguladores, prudência por parte de todos. Enfim, parece que Peter Drucker tinha razão no ponto essencial: para ser honrado, prudente, justo, forte e sensível ao bem comum não se requer «ética empresarial». Basta a ética, sem adjectivos. Basta o que Drucker chamava o «teste do espelho» – «Que tipo de pessoa quero ver ao espelho no dia seguinte de manhã?» –, atribuindo a esse espelho o sortilégio do retrato de Dorian Gray, capaz de reflectir no rosto as marcas da deformidade moral que a mentira, a cobardia, a ganância, a fraude, o abuso e a preguiça vincam na alma… Daqui se deduz, também, a insuficiência dos sistemas de supervisão, regulação e codificação do bom governo ou da boa conduta, se forem tomados como sucedâneo mecânico da honradez, prudência e justiça pessoais. Com efeito, se for assim, a insistência nesses dispositivos extrínsecos pode até revelar-se contraproducente. A ética passaria a ser um «departamento», um assunto de técnica normativa e organizativa. E a proliferação regulatória apenas suscitaria maior astúcia no desenvolvimento de modos originais de a iludir; ou, na melhor das hipóteses, centraria a preocupação dos agentes no respeito formal das normas mais do que na eticidade e na prudência substanciais dos procedimentos em causa. Isto já aconteceu, com maus resultados: a lei não dispensa a consciência individual e a interiorização do que é «bom». Não pretendo retirar valor aos mecanismos de supervisão e códigos deontológicos. Até porque o bom governo também não se garante apenas com boas intenções. Alerto apenas para a importância de estar consciente dos seus limites: por muitas normas de bom comportamento e por muitas sanções que haja, sem disposição ética não pode haver bom governo, tal como não o pode haver sem prudência e competência. Tudo isto afecta a Banca de modo particular. O fulcro do negócio bancário é o «crédito», a credibilidade, a confiança: crédito que os Bancos concedem às pessoas (individuais e colectivas) e a outros Bancos; crédito que as pessoas concedem aos Bancos e a outras pessoas. Acresce que os bens e serviços financeiros são «especiais»: o mercado funciona melhor quando as pessoas sabem e compreendem o que compram, quando existe alguma simetria de informação entre a oferta e a procura. Daí, a maior exigência de confiança moral. A credibilidade é não apenas o ponto de apoio da alavanca financeira, mas o oxigénio de todo o sistema económico e da vida social. A crise financeira que ainda testemunhamos terá resultado, precisamente, do nosso fracasso em reconhecer o alcance da intercomunicabilidade humana e a extensão do «multiplicador de confiança» – do «multiplicador ético» –, da nossa falha em perceber que o talento e as virtudes de cada um (na medida em que geram ou minam a confiança moral) afectam o risco sistémico essencial, afectam a inteira comunidade de que fazemos parte. l PARA SER HONRADO, PRUDENTE, JUSTO, FORTE E SENSÍVEL AO BEM COMUM NÃO SE REQUER «ÉTICA EMPRESARIAL». BASTA ÉTICA, SEM ADJECTIVOS. * Professor da AESE ([email protected]) setembro/outubro 2010 magazine.89 90:Layout 1 12-10-2010 9:30 Page 90 CONVERSA DE ALGIBEIRA ROBERTA MEDINA.32 ANOS Ainda me lembro do meu primeiro emprego. Tinha eu 17 anos e ganhava 400 reais (cerca de 300 euros) por mês a trabalhar como assistente da equipe de marketing na produção de um evento [para a Disney, no Barra Shopping, Rio de Janeiro]. Quando recebi o primeiro salário, nem sabia o que fazer com ele, estava tão animada com o facto de estar trabalhando num projecto tão bacana que o salário em si era secundário. Olhando para trás, teria feito o mesmo: não tem preço a oportunidade de trabalhar com a Disney e ainda descobrir a minha paixão pela realização de ideias e projectos na área da cultura e entretenimento. No que respeita a dinheiro, considero-me uma pessoa muito abençoada. O meu maior luxo foi comprar a minha própria casa; ainda hoje detesto gastar dinheiro à toa e por puro impulso; nunca emprestaria dinheiro a um traficante; e sonho um dia investir num projecto de arte, turismo e inclusão social. Sim, confesso que sou um pouco forreta com contratações (me irrita quando me cobram mais porque acham que tenho cara de menina rica), pago o que vale, nem mais, nem menos, mas sou bem capaz de gastar com uma besteira qualquer pela qual me apaixone e que sei que me vai fazer feliz. E se um dia me saísse a sorte grande, pagava a realização dos meus próprios projectos que visam também a inclusão social. No entanto, se a sorte só me trouxesse uma nota de 500 euros, eu colocava no banco e ia gerindo aos pouquinhos. Costuma dizer-se que o dinheiro não traz felicidade, mas facilita imenso. l FOTOGRAFIA LUIS DE BARROS 90.magazine setembro/outubro 2010 92:Layout 1 06-10-2010 10:55 Page 1