DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E TEMPORAL DE PERCEVEJOS NA CULTURA DA
SOJA (Glycine max (L.) Merrill) EM SANTA MARIA1
STÜRMER, Glauber Renato2; GUEDES, Jerson V. Carús3; CARGNELUTTI
FILHO, Alberto4; SANTOS, Gustavo Oliveira dos3; STEFANELO, Lucas da
Silva3; BOSCHETTI, Moisés3; TOMAZI, Bruno3.
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Trabalho de Pesquisa _UFSM
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil
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Departamento de Defesa Fitossanitária (DFS/UFSM), Santa Maria, RS, Brasil
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Departamento de Fitotecnia (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil
E-mail: [email protected]
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RESUMO
Entre os principais limitantes da produtividade de grãos da cultura de soja estão os problemas
fitossanitários, como o ataque de pragas, em diferentes estádios de desenvolvimento da cultura.
Entre as principais pragas destacam-se os percevejos sugadores de grãos. O objetivo deste trabalho
foi verificar a distribuição espacial e temporal de percevejos da soja, através de levantamento
georreferenciado das populações. O experimento foi conduzido em campo, na safra agrícola 2010/11,
em Santa Maria, RS. A partir do enchimento de grãos, foi verificado o aumento das populações de
a
a
percevejos (1 e 2 Amostragem), no entanto, um crescimento mais acentuado foi observado de R7.1
a R7.3. Após o pico populacional observado em R7.3, a densidade populacional de percevejos
decresceu, o que foi visualizado no estádio R8.2. A distribuição espacial e temporal dos percevejos
sugadores da soja é inicialmente aleatório e a medida que a população cresce torna-se agregada.
Palavras-chave: Agricultura de Precisão; Mapeamento; Insetos.
1. INTRODUÇÃO
A cultura da soja expandiu-se no Brasil e no Rio Grande do Sul (RS) nas últimas
décadas. Nos anos setenta, a soja ocupava uma área de aproximadamente 1,3 milhões de
hectares no país (SILVA, 1984). Atualmente, é cultivada em aproximadamente 23 milhões
de hectares representando um dos mais importantes produtos de exportação do Brasil
(CONAB, 2010).
No Rio Grande do Sul, a área cultivada está em torno de 3,8 milhões de hectares, com
produtividade média de 2,5 toneladas ha-1, participando com aproximadamente 14% da
produção nacional na safra agrícola 2009/10 (CONAB, 2010).
Dentre os principais fatores limitantes da produção de soja encontram-se os insetospraga, destacando-se os percevejos. Ao se alimentarem dos grãos, os percevejos afetam o
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peso e a qualidade desses, fazendo com que fiquem atrofiados, de tamanho pequeno e com
menor massa de grãos (CORRÊA-FERREIRA; PANIZZI, 1999; BONATO, 2000).
Considerando as novas tecnologias com potencial de serem utilizadas no manejo de
pragas, a agricultura de precisão, através do georreferenciamento das populações, é uma
ferramenta que pode ser usada tanto no monitoramento quanto no controle de insetos.
As tecnologias tem um grande potencial de uso na agricultura e permite adequar o
manejo às variações espaciais e temporais das culturas e aos fatores que afetam a sua
produtividade. A prática da agricultura de precisão pode trazer diversos benefícios
econômicos e ambientais como a aplicação localizada de agrotóxicos, podendo reduzir mais
de 60% das quantidades utilizadas, minimizando os custos de produção e o impacto
ambiental (ZAMBOLIN; ZAMBOLIN, 2008).
Embora se saiba, que muitas vezes, a colonização das lavouras de soja, pelos
percevejos começa pelas bordas, devido a sua migração de áreas com soja em um estádio
mais avançado, e também, já seja conhecida a capacidade de deslocamento de ninfas e
adultos de algumas espécies (PANIZZI et al., 1980; COSTA; LINK, 1982), a distribuição
espacial dos percevejos da soja, apresentada de forma visual, foi estudada por Kuss-Roggia
(2009) e por Guedes et al. (2010). Em função da busca por plantas hospedeiras mais
adequadas para sua alimentação, para oviposição e para o desenvolvimento de sua prole,
os percevejos adultos se deslocam de uma lavoura para outra (PANIZZI, 1991).
Normalmente, a colonização das lavouras de soja pelos percevejos inicia no final da
fase vegetativa, ou logo após a floração (PANIZZI; VIVAN, 1997). Nesta época os
percevejos estão saindo da diapausa ou de plantas hospedeiras alternativas e vão para a
soja. Com o aparecimento dos legumes, a soja se torna nutricionalmente mais adequada
para o desenvolvimento dos percevejos, o que implica no aumento das populações,
principalmente de ninfas. No final do desenvolvimento dos legumes e início do enchimento
de grãos, considerado período crítico, a população tende a aumentar ainda mais, atingindo o
pico na maturação fisiológica da soja (PANIZZI; VIVAN, 1997).
O objetivo do trabalho foi verificar a distribuição espacial e temporal de percevejos da
soja, através de levantamento georreferenciado das populações.
2. METODOLOGIA
O experimento foi conduzido em campo, na safra agrícola 2010/11, em uma área de
6,1 ha, localizada no Departamento de Defesa Fitossanitária, na Universidade Federal de
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Santa Maria, RS. O solo do local pertence a unidade de mapeamento São Pedro,
classificado com Argissolo Vermelho Distrofico Arênico pelo Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999).
A semeadura da soja foi realizada no dia 29 de outubro, a cultivar utilizada foi BMX
Potência RR, em linhas espaçadas a 0,5 m, com população de 30 plantas m². As sementes
foram previamente tratadas com inseticidas imidacloprido + tiodicarbe (150 + 450 g L-¹), na
dose de 200 mL por 100 kg-1 de sementes e homogeneizadas utilizando um tambor rotativo
com eixo excêntrico. A adubação de base foi de 300 Kg ha-1 de NPK da fórmula 02-25-25. O
controle de plantas daninhas e doenças foi realizado de acordo com as indicações técnicas
(REUNIÃO DE PESQUISA DE SOJA DA REGIÃO SUL, 2009).
Para a realização das amostragens, a área experimental foi dividida em um gride de
154 pontos, espaçados de 20 x 20 m, com o auxilio do programa CR Campeiro 6,
demarcados em campo com GPS de navegação, e com estacas devidamente
indentificadas. As amostragens foram realizadas nos estádios R5.1, R5.5, R7.1, R7.3 e
R8.2. Para as amostragens de percevejos foi utilizado o pano vertical preso a uma haste de
madeira na borda superior e a um tubo de PVC (100mm) cortado ao meio longitudinalmente,
servindo de calha coletora dos insetos, com o comprimento de um metro e com altura
ajustável conforme a estatura das plantas de soja. As coletas foram alocadas na entre linha
da cultura e as plantas de apenas uma fileira foram sacudidas contra o pano, para que os
insetos desalojados caíssem e fossem direcionados até a calha. Os percevejos que foram
coletados foram identificadas as espécies e separados em adultos e ninfas.
Os dados referentes ao número de lagartas foram submetidos à análise
geoestatística utilizando semivariogramas, a partir dos quais foram ajustados modelos para
a interpolação das variáveis, em etapa subseqüente foram confeccionados os mapas
populacionais gerados por krigagem ordinária pelo programa computacional ArcGis 9.3.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
As espécies de percevejos identificados na área experimental foram Piezodorus
guildinii, Nezara viridula, Euschistus heros, Dichelops furcatus, Edessa meditabunda e
Acrosternum hilare.
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Figura 1: Mapas da distribuição espacial de percevejos da soja, coletados com o pano-vertical em
soja. Santa Maria, RS. Safra 2010/2011.
A partir do enchimento de grãos, foi verificado o aumento das populações de
percevejos (1a e 2a Amostragem). No entanto, se verificou um crescimento mais acentuado
de R7.1 a R7.3. A maior abundância de percevejos neste período possivelmente se deve a
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entrada de percevejos de lavouras vizinhas e a educação do ciclo das espécimes presentes
na área.
De acordo com Panizzi; Alves (1993) e Oliveira; Panizzi (2003), o melhor
desenvolvimento biológico observado em ninfas e adultos de N. viridula e P. guidinii quando
alimentados com legumes de soja nos estádios R6 e R7, pode ter influenciado o
crescimento das populações de percevejos neste período. Esse comportamento dos
percevejos pode ser explorado como uma tática de controle, através do uso de cultivar
armadilha e a aplicação de inseticidas nas bordas da lavoura (PANIZZI et al., 1980).
Dados estes que reforçam a importância da retomada de estratégias de manejo já
conhecidas, mas pouco usadas, como a amostragem e o controle em bordadura, seja com
inseticidas ou liberação de parasitóides, com o objetivo de retardar e reduzir o pico
populacional dos percevejos (CORRÊA-FERREIRA, 1999).
O pico populacional de percevejos foi verificado em R7.3. Neste estádio, foi
encontrada uma média de 19 percevejos por m2. Após o pico populacional, a densidade
populacional de percevejos decresceu, como visualizado no estádio R8.2. Esse
comportamento é ocasionado pelo fechamento do ciclo da cultura e ocorre a migração dos
percevejos.
4. CONCLUSÃO
A distribuição espacial e temporal dos percevejos sugadores da soja é inicialmente
aleatório e a medida que a população cresce torna-se agregada.
A maior população de percevejos ocorre a partir do enchimento de grãos da soja.
REFERÊNCIAS
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CONAB
-
Companhia
Nacional
de
Abastecimento.
2010
Disponível
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Embrapa Soja, 1999. p. 641-646. (Documentos, 138)
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5
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EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Rio
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GUEDES, J. V. C. et al. Nova dinâmica. Cultivar Grandes Culturas, Pelotas, ano 12, n. 139, p. 24-26,
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6
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CONCEIÇÃO, M. Z.; SANTIAGO, T. O que os engenheiros agrônomos devem saber para orientar o
uso de produtos fitossanitários. 3 ed. Viçosa: UFV/DFP, cap. VII, p. 259-359. 2008.
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