Teses e dissertações sobre a última ditadura militar no Brasil Esta lista apresenta teses e dissertações defendidas entre o período de 2000 a 2008, em diversas instituições universitárias, sobre temas relativos à última ditadura militar vigente no Brasil. Foi elaborada a partir da contribuição dos alunos da disciplina de Brasil VI do curso de História da PUC-SP no primeiro semestre de 2008. 1 . Para tanto, não nos restringimos ao universo da produção dos historiadores, entendidos enquanto profissionais da história. A partir do critério segundo o qual pertence ao campo da historiografia a reflexão científica sobre o resultado da ação humana, considerou-se que teses e dissertações defendidas também por outras disciplinas integram a historiografia. Pois, parafraseando, a única ciência é a ciência da História. Apesar do número significativo de materiais encontrados nos centros de reflexão universitária do Brasil que possuem o maior volume de estudos em nível de pós graduação com doutoramento, não se tem a pretensão de dar visibilidade a todo o universo desta produção. Tal não era, também, nosso objetivo. Como toda categorização, a necessidade de separar universos de reflexões afetas a um tema comum e que se imbricam - no caso a última ditadura militar no Brasil que vigorou no período de 1964 a 1984, acaba por ser alheatória, por mais que se tenha critérios pré-definidos que justifiquem tal divisão. O uno, diria o autor, é indivisível, mas a necessidade de aprofundamento do conhecimento nos remete à inquirir as especificidades, daí a necessária indução. 1 Ademar Trindade Cruz, Adrianne Eliin Modesto, Anderson Cirino da Silva, Ana Elisa Herreira, Alexandre Barbieri, Alberto Hyun Suk Yoon, Bárbara Barbosa Born, Carina da Silva Lima, Bergman de Paula Pereira, Daniela Silva de Almeida, Daniel Tadeu Fontes, Débora Cibele de Benedetto e Silva, Donina Cibelle de Lemos Rocha, Ediglebson da Cruz Silva, Eduardo G. Piacsek, Flávia Dias, Fernanda Araújo, Fernanda Bretones Lane, Gaia Manetti, Gabriela Leal, Giselle Cristina Santos, Gustavo Antonio de Pena, Gustavo Antonio de Pena, Guilherme Botelho, Henrique Sugahara Francisco José Rubens de Morais, Juliana Ferreira dos Santos, Juliana M. Siqueira, Lorival Janjácomo, Luciana da Conceição Feltrim, Luiz Augusto Tavares, Luiz Felipe L. Foresti, Luzia Gomes de Araújo Nicolia, Karla Maestrini, Samantha de Souza Gomes, Marina Borges Alves de Souza, Mayra Oliveira Lourenço, Marjah Di Giglio Millan, Monique Félix Borin, Murillo Peretti Lopes, Paola Martinelli Garcia, Priscila Borelli, Rafael Tadeu Santos Carneiro, Renato Paladino, Regina Pinheiro de Almeida Borovac, Shirley Silva, Talita Oliveira Sousa, Tiziana, Vanessa de Mattos, Viviane de Azevado Lucato, Romeu de Loreto Neto, Winstya Eufrásio. Agradeço em particular a colaboração de Luiz Felipe L. Foresti, Eduardo G. Piacsek e Luciana da Conceição Feltrim, esta última por seu auxílio na categorização do material. Este levantamento ficou sob a responsabilidade direta das coordenadoras do projeto e, diferentemente dos três outros períodos que são objeto de estudos, a época ditatorial não possui um orientando de IC, mestrado ou doutorado responsável pelo aprofundamento das reflexões. Isto porque o montante de estudos acadêmicos sobre este período é bastante significativo, enquanto que para os anos anteriores à ditadura, particularmente o relativo ao governo de Juscelino Kubchek e os anos que a sucedem, em que vigem, primeiro a distensão considerada democrática e após a Constituição de 1988 até os anos mais recentes, poucos são os autores que analisam as evidências da violência institucional e/ou refletem sobre ela enquanto manifestação da natureza do Estado. Ou seja, o tema da violência institucional, ou seja, do Estado contra o povo é comumente referido às ditaduras, quando, declaradamente, o estado de direito é suspenso. As abstrações razoáveis a que estamos procedendo demandam considerar a historicidade inerente a cada particularidade e não apenas enquanto manifestações isoladas de indivíduos, ou conjunturais, destituídas das gêneses que as fundam. Ao considerar de antemão que nos interregnos ditatórias a face violenta do aparato armado do Estado não se manifesta; que nos 17 anos que se passam entre 1947 a 1964 tais órgãos foram extintos ou deixaram de agir, para se manifestar apenas, como num passe de mágica, a partir da instauração da última ditadura, nos parece uma postura que desconsidera as evidências históricas que revelam a manutenção de leis de exceção, as perseguições às manifestações dos trabalhadores, os expurgos nas forças armadas daqueles que se posicionavam contra golpes de estado, apenas para citar algumas. O mesmo se pondera para o período que sucede à ditadura. A lenta, gradual e irrestrita abertura, - cujos parâmetros se discute até os dias de hoje nas polêmicas sobre a regulamentação da lei da anistia e sobre a abertura dos arquivos históricos-, se estende de 1985 até a Constituição de 1988. Quatorze anos se passaram até o país vivenciasse governos que terminaram seus mandatos os quais, inclusive incorporam a possibilidade de reeleições por mais um mandado. Ao longo deste tempo o sistema repressivo continuou a fornecer, na qualidade de vigilantes da ordem, informações sobre quaisquer manifestações que tenham visibilidade pública, seja individual ou coletiva. Informações às quais têm acesso tanto governantes dos três poderes, quanto militares de alta patente. Apenas causa espanto a quem desconhece tal realidade, o fato de ter vindo a público recentemente a extensão desta vigilância, quando os donos do poder econômico e político foram atingidos pelos tentáculos que eles mesmos criaram de forma a manter sua dominação. São tais questões que nos levam ao desenvolvimento do presente estudo. De um lado, as evidências da vigência e do funcionamento da violência institucional como uma manifestação inerente à lógica do Estado no Brasil e, por outro, a quase ausência de estudos sobre a historicidade desta violência e de suas manifestações ao longo da segunda metade do século 20. Assim nos interessa particularmente analisar as evidências da violência do Estado contra a população - ou parcelas dela - em períodos não ditatoriais e refletir sobre a natureza de um estado que tem, inerente à sua lógica, tal postura ante aqueles que, em princípio, deveria representar e cujos interesses deveria defender e atender de forma igualitária. A centralidade dos estudos nos anos 1950 e nos que advém depois de 1985 necessitará, para se estabelecer as possíveis continuidades e/ou rupturas históricas, das reflexões já elaboradas sobre o interregno entre estes dois períodos, já que este não será nosso objeto primordial de reflexões. Daí o presente levantamento e o tratamento temático que apresentamos parcialmente. Parcialmente porque o material recolhido possibilita maiores e mais profundas abstrações que não foram ainda finalizadas dado o curto período em que iniciamos tal empreitada. Por exemplo, o conjunto formado por cada tema não foi ainda analisado, o que pretendemos apresentar no próximo relatório, já em condições de ser publicado. Temos para analisar 324 textos divididos em 19 temas definidos, em princípio, a partir das palavras chaves apresentadas pelos autores das teses e dissertações. No entanto, como esta primeira apresentação resultou muito genérica, incorporamos novas divisões temáticas, visando dar maior visibilidade ao universo destes estudos. Como critérios levou-se em conta a proximidade dos conteúdos, assim como os objetivos colocados pelos autores e suas fontes. Com tais critérios a maior parte percentual das teses e dissertações se enquadra no tema relativo à cultura com 53 teses, ou seja, 16,36% do total. Apresenta-se dividido em três conjuntos: 23 estudos voltados para analisar o teatro, 17 sobre o universo da musicalidade, 15 sobre questões mais gerais afetas ao tema da cultura e 08 relativos ao cinema, todos voltados para situálos em relação à ditadura. Em segundo lugar situamos a produção que se volta para analisar os meios de comunicação, seja com o objetivo de situar o papel que cumprem, tanto os grandes matutinos quanto os alternativos, seja para refletir sobre a mídia e sua função social no período. Neste item indicamos 40 títulos, dos quais, 24 se referem à imprensa, 9 são estudos sobre cartuns e 7 sobre a mídia. Como se percebe, os limites de tal organização já se fazem, apenas no enunciado destes dois conjuntos, pois ambos podem ser tomados enquanto meios de comunicação. Daí a necessidade de maiores reflexões em continuidade à esta apresentação. A seguir o tema que se destaca diz respeito à repressão, totalizando 39 estudos, dos quais 6 se voltam mais especificamente para analisar o problema da tortura. Tal assunto nos interessa sobremaneira, dado que as denúncias de torturas praticadas pelas polícias civis e militares nos dias de hoje, como forma de obrigar confissões de pessoas sob custódia do Estado. No campo dos estudos sobre ideologia encontram-se tanto os que refletem sobre a ideologia dos militares, quanto os que situam as manifestações que definimos genericamente como dos intelectuais. Aí indicamos um universo bastante amplo, conforme se verá. Compõe-se de 36 títulos, dos quais 25 se situam nesta última classificação sub temática. Enquanto um conjunto que aglutina reflexões sobre “gênero”, particularmente o feminino compõe-se de 31 autores, as questões relativas às igrejas, mais do que os problemas da religiosidade propriamente ditas correspondem a 20 textos. A seguir, seguindo apenas o critério do número descendente, aglutinamos os que tratam sobre questões educacionais (17), seguido de um item sobre democracia (8), outro que contém estudos sobre políticas de desenvolvimento (6). O tema indicado como “forças armadas”, aglutina os referentes á sua organização, funcionamento e atuação (6) enquanto outro, denominado partidos políticos, que incorpora também estudos sobre burguesia e correlação de forças sociais dominantes, possui apenas 5 autores. Migração e exílio possuem respectivamente 4 analistas e o tema sobre anistia três textos. Racismo, questões salariais e o período da transição estão indicados com apenas um texto cada um. apenas como referência porque não compõe o universo da ditadura propriamente dita, citamos que para o período JK situamos 9 teses e dissertações. Apresentamos os temas pela ordem alfabética e não pela incidência de estudos, assim como obedece a mesma ordenação cada conjunto temático.