23 0 # O ED IÇ Ã OÁSIS MÚSICA BARROCA Vencedores do Prêmio Ruspoli tocam em São Paulo, Itu e Mariana REVOLUÇÃO SOLAR O futuro da tecnologia que usa a força do Sol SURFAR NO GELO O prazer de romper as águas congeladas PESSOAS NEGATIVAS NÃO DÊ PODER A QUEM ROUBA O SEU TEMPO E ENERGIA POR LUIS COM UM POUCO DE INTELIGÊNCIA E TÉCNICA, OS MAIS JOVENS TAMBÉM PODEM APRENDER A SE LIVRAR DOS CHATOS NEGATIVOS E A RECONHECER QUANDO INDIVÍDUOS DESSE TIPO E ÍNDOLE INVADEM SUA VIDA DE UMA MANEIRA NÃO BEM VINDA PELLEGRINI EDITOR U ma das vantagens – poucas – de se chegar à maturidade é que, ao mesmo tempo em que aumentam os cabelos brancos, diminui a paciência e a capacidade de aguentar o assédio de pessoas negativas. Esta é sem dúvida uma das prerrogativas de quem já dobrou o cabo da boa esperança e superou a barreira dos sessenta, dos setenta e por aí vai. Mas com um pouco de inteligência e técnica, os mais jovens também podem aprender a se livrar dos chatos negativos e a reconhecer quando indivíduos desse tipo e índole invadem sua vida de uma maneira não bem vinda. Na nossa matéria de capa, a psicóloga norte-americana Amy OÁSIS . EDITORIAL Morin ensina cinco estratégias para evitar que gente assim arruíne o nosso dia, os nossos meses, os nossos anos. POR LUIS PELLEGRINI EDITOR Amy Morin nos explica que pessoas negativas também podem nos causar problemas em um nível individual. Talvez, seja aquele vizinho que lhe causa muita raiva ou talvez seja um colega que você evita a todo custo. Às vezes, sem saber, damos a esses indivíduos tóxicos, influência sobre nossos pensamentos, comportamento e sentimentos. Se você desperdiça 2 horas reclamando sobre sua sogra, de quem você não gosta, ou deixa que um cliente bravo arruíne o seu dia, é importante resgatar seu poder pessoal e permanecer mentalmente forte. Confira as estratégias para ter de volta seu poder e reduzir o impacto prejudicial que as pessoas negativas exercem em sua vida. Sem esquecer que a simples leitura desses conselhos não basta. É preciso ter a disposição e a coragem de pô-los em prática. OÁSIS . EDITORIAL OÁSIS . COMPORTAMENTO COMPORTAMENTO PESSOAS NEGATIVAS Não dê poder a quem rouba o seu tempo e energia 4/40 É importante reconhecer quando indivíduos negativos invadem sua vida de uma maneira não bem vinda. A psicóloga norte-americana Amy Morin ensina 5 estratégias para evitar que gente assim arruíne o seu dia N POR: AMY MORIN (*) ormalmente é fácil perceber que a “Nancy negativa” ou a “Débora infeliz” causam confusão no trabalho ou acabam com o espírito feliz das comemorações familiares. Suas péssimas atitudes, seus pensamentos e olhares fatalistas podem se espalhar como uma epidemia entre as pessoas OÁSIS . COMPORTAMENTO de um mesmo ambiente. E, mesmo que pessoas como essas devessem receber apenas um mínimo do nosso tempo e energia, frequentemente nós lhes damos a maior importância. Pessoas negativas também podem nos causar problemas em um nível individual. Talvez, seja aquele vizinho que lhe causa muita raiva ou talvez seja um colega que você evita a todo custo. É importante reconhecer quando esses indivíduos negativos invadem sua vida de uma maneira não bem vinda. Às vezes, sem saber, damos a esses indivíduos tóxicos, influência sobre nossos pensamentos, comportamento e sentimentos. Se você desperdiça 2 horas reclamando sobre sua sogra, de quem você não gosta, ou deixa que um cliente bravo arruíne o seu dia, é importante resgatar seu poder pessoal e permanecer mentalmente forte. Aqui estão 5 estratégias para ter de volta seu poder e reduzir o impacto prejudicial que as pessoas negativas exercem em sua vida: 1. Guarde o seu tempo Pessoas negativas podem monopolizar o seu tempo – mesmo quando elas não estão com você – se você não tomar cuidado. É fácil desperdiçar 2 horas temendo uma visita de 1 5/40 Dizer sim à felicidade significa dizer não às coisas e pessoas que perturbam o seu bem estar 2. Escolha suas atitudes Desperdiçar o tempo com pessoas negativas pode ser o jeito mais rápido de acabar com o seu bom humor. O modo pessimista de ver as coisas e as atitudes sombrias dessas pessoas podem diminuir sua motivação e mudar o modo como você percebe e sente as coisas. Permitir que uma pessoa negativa influencie suas emoções, dá a ela muito poder. Faça um esforço consciente para escolher sua atitude. Crie um mantra, como “Hoje eu vou permanecer positivo apesar de todas as pessoas ao meu redor”, e repita isso com Evite pessoas negativas, pois elas são as maiores destruidoras da autoconfiança e da autoestima. Cerque-se de pessoas que estimulam o que de melhor existe em você hora dessa pessoa. Se somar mais as duas horas que você gastará comentando esse encontro com um outro amigo, você terá desperdiçado 5 horas do seu precioso tempo com aquela pessoa negativa. Não permita que pessoas negativas roubem seu tempo e energia. Ao invés de reclamar de pessoas de que você não gosta, inicie conversas sobre temas prazerosos. Da mesma forma, em vez de ficar pensando no quanto você não gosta de alguém, você tem que lidar com isso. Ligue o rádio, ouça uma música que reduza seu estresse. Pegue de volta o seu poder, limitando o tempo que você perde falando sobre isso, pensando e se preocupando com pessoas desagradáveis. OÁSIS . COMPORTAMENTO 6/40 do você se depara com pessoas negativas. Quanto mais tempo você perde tempo e energia temendo-as e se preocupando com elas, menos tempo você terá para se dedicar a coisas mais produtivas. Faça um esforço consciente para reduzir a quantidade de energia mental que você gasta com pessoas negativas. 4. Escolha se comportar de maneira produtiva Se não tivermos cuidado, pessoas negativas podem trazer à tona o pior que há dentro de nós. Às vezes, certos pessimistas parecem ter o poder de aumentar nossa pressão sanguínea, por uma razão ou por outra. Uma pessoa normal, calma, controlada e de boas maneiras pode gritar por socorro quando não aguenta mais um único segundo de Faríamos um grande favor a nós mesmos nos afastando de pessoas que envenenam o nosso espírito Você só permanece confinado na prisão que você mesmo constroi frequência. Vai lhe ajudar a permanecer centrado no seu eixo. Respire fundo e decida que você terá um ótimo dia, apesar do que os outros disserem ou fizerem. 3. Focar seus pensamentos Pessoas negativas com frequência influenciam nosso modo de pensar e nossos pensamentos. Talvez você esteja tão distraído com a atitude de seu colega “sabe tudo”, que você não contribui de forma produtiva em uma reunião. Ou, mesmo que você pense como melhorar seu desempenho, você perde mais tempo pensando sobre como ficará chateado se aquele colega desagradável conseguir uma promoção do que batalhar par alcançar a sua própria promoção. Preste atenção em como seus pensamentos mudam quanOÁSIS . COMPORTAMENTO 7/40 Pessoas negativas só ficam felizes quando arrastam os outros para o fundo do poço em que se encontram se manter equilibrado. Assim como pessoas negativas podem lhe causar mal-estar, uma pessoa positiva pode clarear seu espírito. Identifique as pessoas positivas em sua vida. Passe um tempo com elas regularmente. Um rápido almoço com um colega de trabalho alegre e solar, ou um passeio com um amigo agradável, podem lhe ajudar a se manter bem. Decida firmemente que você não vai permitir que pessoas negativas determinem como você pensa, sente ou se comporta. Pegue de volta o seu poder e foque o seu tempo e energia para se tornar o melhor para si mesmo. negatividade. Ou, depois de ser cercada por colegas de trabalho negativos durante horas, uma pessoa otimista pode se ver tentando convencer os outros de que a empresa está condenada e não tem futuro. Embora possa ser tentador dizer “Essa pessoa me faz mal”, culpar os outros por sua conduta dá a eles mais poder. Quando você agir de maneira não é condizente com o seu comportamento habitual, assuma a responsabilidade. Empenhe-se em controlar suas reações emocionais e defenda os seus valores e convicções, apesar das circunstâncias. (*) Amy Morin é assistente social nos Estados Unidos, reconhecida internacionalmente por suas palestras e publicações a respeito da força mental. Seu livro best-seller “Treze coisas que pessoas mentalmente fortes não fazem: Tenha seu poder de volta, aceite mudanças, encare seus medos e treine seu cérebro para a felicidade e o sucesso” contem exercícios para a construção de uma mente forte. 5. Procure pessoas positivas É difícil olhar para o lado bom das coisas quando se está rodeado pela negatividade. Procure pessoas positivas para OÁSIS . COMPORTAMENTO 8/40 ARTE MÚSICA BARROCA Vencedores do Prêmio Ruspoli tocam em São Paulo, Itu e Mariana Os vencedores do Prêmio Ruspoli 2014, os violinistas Amandine Solano e Alexey Fokin OÁSIS . ARTE 9/40 Os que gostam de música barroca terão, na primeira quinzena de agosto, algumas oportunidades de ouro em São Paulo e nas cidades de Itu, no interior paulista, e Mariana, em Minas Gerais A POR: EQUIPE OÁSIS mandine Solano e Alexey Fokin, vencedores na Itália do Prêmio Ruspoli de Música Barroca, se apresentarão pela primeira vez no Brasil, acompanhados pelo cravista Nicolau de Figueiredo em Itu e, em são Paulo, com a participação do conjunto Os Músicos de Capella, com direção de Luis Otavio Santos. No programa com Nicolau de Figueiredo, Amandine e Alexey tocarão sonatas para violinos e para cravo do século 18, de Corelli, Handel, Scar- OÁSIS . ARTE latti, Leclair e Herrando. Com Os Músicos de Capella, músicas para dois e três violinos de Gabrieli, Marini, Corelli, Schmeltzer, Purcell, Pachelbel, Telemann. Em Itu e Mariana, a entrada é franca para os concertos. Os eventos fazem parte da “Itinerância Musical Príncipe Francesco Maria Ruspoli – Brasil 2015”, um desdobramento em território brasileiro do Concurso Internacional Ruspoli de Música Barroca e Musicologia, realizado todos os anos, no início do mês de outubro, no Castelo Ruspoli de Vignanello, pequena cidade medieval situada ao norte de Roma, na província do Lácio. Uma das características desse concurso, que atrai jovens músicos de grande talento, é que a cada ano ele é dedicado a um instrumento musical e também ao canto. 2014 foi um ano dedicado ao violino, instrumento dos solistas vencedores, a francesa Amandine Solano e o russo Alexey Fokin. 2015 será ano de canto barroco em Vignanello. A iniciativa do concurso e da sua decorrente itinerância é da criadora do evento, Giada Ruspoli, princesa da casa romana dos Ruspoli. Casada com o paulistano Luiz Misasi, Dona Giada divide o seu tempo entre o Brasil e a Itália. Ela concedeu entrevista à Revista Oásis, onde explica qual é a proposta desse concurso, os seus significados e projetos para o futuro. 10/40 Giada Ruspoli, a criadora do Concurso Ruspoli de Música Barroca. Foto por Lamberto Scipioni Francesco Maria Ruspoli, que viveu entre 1672 e 1731, foi um grande mecenas das artes e especialmente da música. Haendel foi seu hóspede durante dois anos seguidos, e em Vignanello ele compôs 50 das 100 cantatas que criou durante o seu período italiano. A “Ressureição” também foi composta durante sua estadia com o Príncipe Ruspoli. Por interesse dos professores de musicologia conectados ao Prêmio Ruspoli, e pelo fato de que eu mesma moro no Brasil durante boa parte do ano, pensou-se na criação de um Prêmio Euro-Latino-Americano de Musicologia para estudos teóricos sobre compositores e composições do período barroco influenciados tanto pela música que se Os violinistas Amandine Solano e Alexey Fokin, vencedores do Concurso Ruspoli 2014, FotoStudio Trogu GIADA RUSPOLI Quando a saudade vira música Entrevista a Luis Pellegrini Qual o significado e importância do Prêmio Ruspoli e do seu desdobramento em Itinerância? O Prêmio é um momento de encontro entre músicos provenientes de vários países, reunidos em um lugar onde se faz música, se fala de música e se respira música. O Castelo Ruspoli de Vignanello hospedou e ofereceu condições de trabalho a vários dos melhores compositores do período barroco, tais como Haendel, Caldara, os dois Scarlatti, pai e filho, Corelli, Hotteterre e muitos outros. OÁSIS . ARTE 11/40 Qual a relação desse Prêmio, originalmente italiano, com o Brasil? Tem relação com a herança barroca brasileira? Entre os séculos 17 e 19 vários importantes compositores e instrumentistas europeus vieram para o Brasil e para outros países da América Latina. Eles exerceram forte influência na música local brasileira e latino-americana, como demonstra em sua tese José Manuel Izquierdo König, o vencedor do Primeiro Prêmio Euro Latino Americano. O título original desse trabalho é: “Ilustración y contrailustración de un cuarteto arequipeño (o cómo escribir un yaraví en el estilo de Haydn)”. Giorgio Monari, diretor artístico do Concurso Ruspoli fazia na Europa naquela época, quanto pela que se fazia na América Latina. Ambos os acervos são riquíssimos e boa parte deles ainda não foi bem estudada. A primeira premiação aconteceu em São Paulo, no dia 5 de Setembro de 2014, na Biblioteca Municipal Mário de Andrade. O vencedor foi o jovem chileno José Manuel Izquierdo König. Logo depois surgiu a ideia de se fazer a Itinerância dos vencedores do Prêmio Ruspoli, graças a um convite da Sociedade de Cultura Artística, de São Paulo. Essa Itinerância foi rapidamente ampliada para outras cidades brasileiras, tais como Mariana, em Minas Gerais, e Itu, em São Paulo. OÁSIS . ARTE Como explica o Prof. Paulo Castagna – um dos musicólogos ligados ao Prêmio Ruspoli – referindo-se ao concerto de câmara que, no dia 1o de agosto, abre a Itinerância no Museu da Música de Mariana, isso aconteceu também para os músicos brasileiros da época barroca: “Todos os compositores brasileiros que trabalharam com música de concerto foram influenciados por compositores europeus, diretamente e/ou indiretamente. No caso de Trindade, ambos, pois ele foi aluno do violinista italiano Francesco Ignazio Ansaldi, que serviu na capela real como primeiro violino.” No dia 1o de Agosto, em Mariana, os violinistas Amandine Solano e Alexey Fokin tocarão um dos Duetos Concertantes de Gabriel Fernandes da Trindade (nascido em Ouro Preto em 1796, morto no Rio de Janeiro em 1854). Essas são as mais antigas composições de câmara escritas no Brasil (em 1814). Tais obras, ao que se sabe, nunca mais foram tocadas desde aqueles tempos. 12/40 O violinista russo Alexey Fokin O Prêmio Euro Latino Americano quer pesquisar essas influências, esses amálgamas de linguagens musicais, publicando suas partituras, de modo que sejam cada vez mais acessíveis para o publico que estuda e se interessa por música barroca. Trata-se, certamente, de uma empreitada trabalhosa, difícil e cara. O que tudo isso significa para você pessoalmente? Somos hoje um grupo de trabalho bem afinado, embora composto de pouquíssimas pessoas, e o denominador comum entre todos nós é o entusiasmo e a boa vontade. Para a organização geral e administração temos a sorte de contar, no Brasil, com Tina Curi e, na Itália, com Manola Erasmi. A direção artística do Prêmio está nas mãos do musicólogo italiano professor Giorgio Monari. Além disso temos muitas parcerias e apoios que viabilizam e nos permitem continuar esse trabalho. Quanto a mim, que já tenho uma avó brasileira, Claudia Matarazzo, e depois de tantas décadas de itinerância entre a Itália e o Brasil, posso dizer que sinto-me realmente uma ítalo-brasileira. Quando estou na Itália tenho saudades do Brasil; quando estou aqui tenho saudades de lá... Nada melhor do que transformar as saudades e a divisão que habita na minha alma em algo de produtivo, que possa ser útil para os pesquisadores e os amantes da música, ampliando e dando visibilidade a um patrimônio cultural e artístico que, há séculos, é cultivado como tradição pela família Ruspoli. OÁSIS . ARTE 13/40 Casa de Misericórdia de Itu, do arquiteto Alberto Magno de Arruda / Restaurações Wahl e Engenharia Projetos. Mas todos esses esforços e apoios ainda não são suficientes para que o Prêmio Ruspoli e a sua Itinerância sejam autossustentáveis. Mas tenho confiança de que chegaremos a isso através da continuidade dos trabalhos, dos eventos que promovo no Castelo de Vignanello e através das Leis de Incentivos que nos permitem captar recursos junto a empresas interessadas em investir nesses intercâmbios culturais. A violinista francesa Amandine Solano O castelo Ruspoli, em Vignanello, na Itália, onde acontece o Concurso Ruspoli de Música Barroca Quem financia o Prêmio? Ele precisa de ajuda para continuar e se desenvolver? Nesses longos anos de trabalho, para realizar o Prêmio tivemos, sim, patrocinadores e muitos apoios que agradeço de coração. Na Itália, Paulo Gala e Eliane de Castro, apaixonados por música e mecenas modernos, apoiam o Prêmio desde a sua primeira edição. Luiz Misasi, meu marido, também o apoia e sustenta desde sempre . Além disso, no Brasil tivemos o convite da Sociedade Cultura Artística, da Biblioteca Mário de Andrade, da Secretaria Municipal da Cultura de Itu, da dra. Maria Lúcia de Almeida Marins e Dias Caselli, da Irmandade da Santa OÁSIS . ARTE 14/40 artística ou cultural. É também uma vivência espiritual, um modo de nutrir a própria alma. Gostaria também de realizar projetos de residências para jovens músicos, tanto na Itália quanto no Brasil, pois considero essa troca de vivências muito importante e enriquecedora para os jovens que pretendem se dedicar ao maravilhoso mundo da arte. Por fim, como já disse, quero transformar essa saudade que carrego na alma em... música. Giada Ruspoli (à direita) e Tina Curi Salão de concertos do Palácio Ruspoli, em Vignanello, onde acontece o concurso E os projetos para o futuro? Certamente continuar com os trabalhos de pesquisa, seja na Itália como na América Latina. Dar continuidade à Itinerância no Brasil, em 2016, dos vencedores do concurso de canto de 2015, com apresentações também em outras cidades barrocas brasileiras. Promover a integração entre a arquitetura do período barroco e a música desse período no Brasil. Além de Itu, cidade maravilhosa perto de São Paulo, cheia de Igrejas do Período Barroco e onde fomos acolhidos com muito carinho por Jair de Oliveira e Carlos Barbieri, da Casa Amarela.... Amo a arquitetura barroca, talvez porque eu seja romana, e ouvir um concerto no interior de uma igreja barroca não é apenas uma experiência OÁSIS . ARTE 15/40 Mariana como Monumento Nacional. 8 de agosto de 2015, sábado, às 19H30, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, na Praça da Independência, em Itu, concerto de Câmara “Sonatas para violino e cravo do século 18”, com os violinistas Amandine Solano e Alexey Fokin e o cravista Nicolau Figueiredo, com palestra introdutória de Giorgio Monari sob o tema “Introdução ao barroco musical”. Da esquerda, TIna Curi, Giorgio Monari, Giada Ruspoli e Carlos Roberto Barbieri Camargo reunidos em Itu 12 de agosto de 2015, quarta-feira, às 21 horas, no Auditório do MASP, na Avenida Paulista, em são Paulo, na Série de Concertos de Câmara da Cultura Artística. Música barroca para dois e três violinos, com a participação do conjunto Os Músicos de Capella. Ingressos à venda na Cultura Artística, telefone 11-32560223. O musicólogo professor Paulo Castagna Informações sobre os eventos: 1 de agosto 2015, sábado, às 15 horas, no Museu da Música de Mariana, Minas Gerais, Rua Cônego Amando, 161. Programa: Conferência “Musicologia ao vivo: do barroco ao chorinho”, pelo professor Giorgio Monari. Lançamento da II Edição do Prêmio de Estudos Musicológicos Euro-Latino-Americanos Príncipe Francesco Maria Ruspoli 2016”. Concerto de obras barrocas para dois violinos com Amandine Solano e Alexey Fokin. Concerto “Chorinhos do Museu da Música”, pelo grupo Chá de Caboclo. Entrada franca. Os eventos fazem parte das comemorações dos 42 anos do Museu da Música e dos 70 anos da designação de OÁSIS . ARTE 16/40 OÁSIS . TECNO TECNO REVOLUÇÃO SOLAR O futuro da tecnologia que usa a força do Sol 17/40 Tecnologias de células solares desenvolvidas nos países desenvolvidos apontam para um futuro em que a energia elétrica poderá ser gerada por janelas, cortinas, edifícios e automóveis L POR EDUARDO ARAIA ibertar-se da dependência dos combustíveis fósseis continua a ser um desafio para a humanidade. As alternativas disponíveis esbarram sempre na questão do preço. Nada, no atual quadro, consegue competir com o petróleo, o carvão ou o gás natural. O potencial extraordinário da energia solar – em seis horas os desertos da Terra recebem mais energia do que todos os países consomem em um ano – ainda carece de tecnologia comercialmente viável. OÁSIS . TECNO Só que o quadro está mudando. Quando se fala em energia solar, imaginam-se painéis escuros dispostos em fileiras em desertos ou em telhados de casas – placas de silício que captam a luz solar incidente e usam fótons (partículas elementares de luz) para gerar eletricidade. Essa tecnologia melhorou muito ao longo do tempo e chega a atingir, em laboratório, índices de eficiência de 40% de conversão da luz solar em eletricidade – mas ainda assim resulta cara. Uma linha de pesquisa surgida na última década vem ganhando espaço: células solares de película fina, feitas de polímeros (compostos químicos com unidades estruturais que se repetem com as mesmas características, feitos de plásticos sintéticos e materiais orgânicos derivados de petróleo). Mais leves, flexíveis e finas – com espessura de até 1 mícron, ou milionésimo de metro, ante 350 mícrons das células de silício –, as células produzem energia a custo mais barato, oferecem uma ampla variedade de configurações e podem ser fabricadas em escala maciça, permitindo alcançar viabilidade comercial com um percentual de eficiência de apenas 10% de conversão de luz solar em eletricidade. Estudos sobre células solares de polímeros são desenvolvidos, atualmente, em vários países, como Áustria, Alemanha, Reino Unido, Austrália, Estados Unidos, Canadá, China 18/40 Em placas horizontais, ou instaladas em torres verticais, a geração de energia solar caminha a passos de gigante Yang conquistou notoriedade ao anunciar, na revista Nature Photonics, em fevereiro de 2012, a criação de uma célula solar de plástico que converte mais de 10% da luz solar captada em eletricidade. Camadas acopladas O feito foi conseguido com o acoplamento de duas camadas de material (uma absorve a luz no espectro visível, enquanto a outra absorve raios infravermelhos), entre as quais é colocada uma camada intermediária. A ideia, que já havia rendido ao grupo da UCLA um desempenho recorde de 8,62% de eficiência, em julho de 2011, foi Áreas desérticas são ideais para a instalação de parques solares e Japão. Os EUA abrigam algumas das estrelas da área, como o grupo comandado pelo professor de física David Carroll, da Universidade de Wake Forest, na Carolina do Norte, que criou, em 2011, o primeiro polímero a absorver simultaneamente o calor e a luz do Sol. Na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), a equipe liderada pelo professor de engenharia e ciência dos materiais Yang OÁSIS . TECNO 19/40 zado por impressoras a jato de tinta. O maior problema dessa técnica é o risco de que as camadas se misturem, mas Yang não se preocupa com isso. Para ele, o fato de a tecnologia empregada ser muito barata e compatível com a indústria existente torna factível alcançar a viabilidade comercial em alguns anos. Um ano depois, Yang Yang e sua turma reapareceram no noticiário com outra inovação de impacto, divulgada pela revista ACS Nano: células que absorvem só a luz infravermelha para gerar eletricidade e apresentam quase 70% de transparência. As propriedades do novo material permi Instalação de parque solar em zona desértica No Brasil, o mercado de energia solar térmica experimentou um grande avanço nos últimos dez anos, como é mostrado no gráfico abaixo aprimorada a partir de um novo polímero de absorção de infravermelho desenvolvido por uma empresa japonesa. Com ele chegou-se a 10,6% de eficiência, segundo o Laboratório Nacional de Energia Renovável do Departamento de Energia dos EUA. “Imagine um ônibus de dois andares”, disse Yang Yang, na ocasião. “O ônibus só pode transportar um certo número de pessoas num dos andares, mas se incluir um segundo nível, você pode ter mais pessoas no mesmo espaço. Foi o que fizemos com a célula solar de polímero.” O custo da célula com camadas acopladas é reduzido porque os polímeros podem ser dispostos numa superfície por meio de um processo de impressão parecido com o utiliOÁSIS . TECNO 20/40 O violinista russo Alexey Fokin humano mal consegue registrá-lo. Aplicado a uma superfície plana e dura, ele fica praticamente invisível aos olhos. Já existem películas solares aplicáveis a janelas, utilizáveis apenas naquelas que podem ser escurecidas. Vários prédios usam janelas escurecidas como forma de reduzir a radiação infravermelha e, assim, evitar o excesso de calor. Como absorve especificamente a luz infravermelha, a nova película transparente da UCLA mata três coelhos com uma só cajadada: corta as contas de ar-condicionado, gera eletricidade e ainda deixa as janelas claras. A opção por obter energia usando apenas radiação infravermelha não tem apenas vantagens. A tecnologia desenvolvida pela equipe de Yang converte apenas 6% da luz Esse barco da PlanetSolar completou uma inteira volta ao mundo usando apenas energias solar Técnico tem sua imagem refletida em painel recurvado para captação de energia solar tem que ele seja laminadas em qualquer vidro ou janela, o que permitiria a edifícios, automóveis e até monitores eletrônicos se tornar fontes de energia. “Uma película solar coleta luz e a converte em eletricidade”, observa Yang. “Em nosso caso, coletamos somente a parte infravermelha.” Graças a isso, o material não precisa ser escuro ou azul, como a maioria dos painéis de silício. Pode ser claro. Outra novidade está no eletrodo, o condutor elétrico usado para fazer contato com a parte não metálica de um circuito. Yang inventou um eletrodo novo para sua célula, composto por nanofios de prata com cerca de 0,1 mícron de espessura e nanopartículas de dióxido de titânio. O resultado é um artefato tão pequeno que o olho OÁSIS . TECNO 21/40 atingiu eficiência certificada de 9,31% de conversão, com boas chances de evoluir rapidamente. A inovação conseguida pelo grupo reside não apenas na célula, mas também na tecnologia desenvolvida para a interface das camadas, que reduz a instabilidade comum das células e aumenta sua eficiência. O novo artefato também é compatível com a produção industrial, o que facilita a obtenção de alta eficiência e baixo custo. De acordo com Hongbin Wu, professor da SCUT e um dos líderes da pesquisa, a tecnologia tem custo tão baixo que nem exige que a eficiência aumente muito; um índice de O modelo clássico de placas solares usa superficies planas Carros de corrida já testam paineis de captação de energia solar solar em energia. Mas o pesquisador observa que seu polímero capta menos de 1/3 da luz infravermelha disponível. “Nossa eficiência pode dobrar ou quase triplicar no futuro. Existem algumas limitações, mas deveremos chegar a 10% nos próximos três ou cinco anos.” Baixo custo Um mês depois do anúncio da invenção da célula solar da UCLA, pesquisadores da Universidade de Tecnologia do Sul da China (SCUT, na sigla em inglês), em Guangzhou, trabalhando em conjunto com as empresas americanas Phillips 66 e Solarmer, divulgaram na revista Nature Photonics a construção de uma célula solar de polímero que OÁSIS . TECNO 22/40 energia é produzida. “Para o futuro, devemos pensar em como coletar energia quando e onde for possível”, avalia Yang Yang. “Se pudermos mudar o conceito de que a energia tem de vir de uma única fonte, que é a empresa de energia, e aceitarmos que o suprimento não deve ser sujeito às limitações da rede elétrica, uma série de coisas novas poderá acontecer.” Poesia da forma viva de uma borboleta diante de imenso painel solar conversão da luz solar entre 5% e 8% já bastaria para viabilizá-la comercialmente. Mas, segundo os pesquisadores, a marca de 10% de eficiência deve ser atingida em breve. Além disso, a semitransparência do produto o torna aproveitável em pontos como janelas e cortinas. A versatilidade das células de polímeros e a rapidez com que sua tecnologia tem evoluído delineiam um futuro em que o aproveitamento da energia solar na geração de eletricidade será corriqueiro. Para chegar lá, porém, ainda serão necessárias transformações substanciais no modo como a OÁSIS . TECNO 23/40 OÁSIS . FOTOGRAFIA FOTOGRAFIA SURFAR NO GELO O prazer de romper as águas congeladas 24/40 Bill Gates fala no TED “Tudo que vale a pena conquistar requer o nosso sofrimento, só um pouco”, diz o fotógrafo de surf Chris Burkard, ao explicar sua obsessão com as praias mais geladas, violentas e isoladas do mundo. Através de fotos impressionantes e histórias de lugares que poucos humanos já viram - e menos ainda surfaram - ele nos leva à sua “cruzada pessoal contra o mundano.” F VÍDEO: TED – IDEAS WORTH SPREADING FOTOGRAFIAS: CHRIS BURKARD TRADUÇÃO: VIVIANE FERRAZ MATOS REVISÃO: MARICENE CRUS OÁSIS . FOTOGRAFIA otógrafo e surfista, Chris Burkard viaja a locais remotos, arriscados e gelados para conseguir imagens extraordinárias do surf praticado em lugares impensáveis. Para muitos, o surf evoca lugares tropicais, cheios de sol, areias brancas e muito calor. Mas em seu livro “Distant Shores”, Praias Distantes, Chris Burkard nos mostra os litorais da Noruega, da Islândia e do Alasca, enquanto sufistas cavalgam ondas em praias geladas que raramente tinham sido fotografadas antes – para não dizer que nunca até então tinham sido visitadas por surfistas. Ao viajar para lugares quase sempre perigosos, onde reinam condições extremas, com o objetivo de revelar paisagens desconhecidas, Burkard compõe imagens que transcendem as simples tomadas fotográficas de ação para colocar a própria natureza no centro das suas composições. O fotógrafo e surfista Chris Burkard Galeria de fotos maravilhosas feitas por Burkard: 25/40 Chris Burkard nas Ilhas Aleutas OÁSIS . FOTOGRAFIA 26/40 OÁSIS . FOTOGRAFIA 27/40 OÁSIS . FOTOGRAFIA 28/40 OÁSIS . FOTOGRAFIA 29/40 OÁSIS . FOTOGRAFIA 30/40 OÁSIS . FOTOGRAFIA 31/40 OÁSIS . FOTOGRAFIA 32/40 OÁSIS . FOTOGRAFIA 33/40 OÁSIS . FOTOGRAFIA 34/40 OÁSIS . FOTOGRAFIA 35/40 OÁSIS . FOTOGRAFIA 36/40 Vídeo da palestra de Chris Burkard no TED OÁSIS . FOTOGRAFIA 37/40 Tradução integral da palestra de Chris Burkard no TED Se eu contasse a vocês que essa era a cara da pura alegria, vocês me chamariam de doido? Eu não os condenaria, pois sempre que olho para essa selfie no Ártico, tremo um pouquinho de frio. Quero contar a vocês um pouco sobre essa foto. a atenção plena. Ela nos faz subitamente conscientes de tudo no meio ambiente. Ela brutalmente nos empurra para uma consciência sensorial virtual do mundo semelhante à meditação.” Eu estava nadando pelas Ilhas Lofoten, na Noruega, bem no Círculo Polar Ártico, e a água do mar estava congelante. O ar? Um vento forte de 10°C negativos, e eu pude literalmente sentir o sangue tentando sumir das minhas mãos, pés e rosto, e corri para proteger os órgãos vitais. Foi o frio mais intenso que já senti. Mas mesmo com lábios inchados, olhos fundos e bochechas vermelhas, descobri que esse lugar aqui é onde encontro grande alegria. Se morrer de frio é uma forma de meditar, então me considero um monge. Bem, em relação à dor, o psicólogo Brock Bastian provavelmente descreveu melhor ao escrever: “A dor é uma espécie de atalho para Antes de entrarmos no porquê, alguém já desejou surfar em água supergelada? Adoraria dar a vocês alguma perspectiva de como pode ser um dia da minha vida. Homem: Sei que estávamos esperando por boas ondas, mas acho que ninguém pensou que isso iria acontecer. Não consigo parar de tremer. Estou com tanto frio. Chris Burkard: Então, fotógrafo de surfe, certo? Nem sei se isso é nome de uma profissão, para ser sincero. Meus pais achavam que não, quando falei aos 19 anos que deixaria o emprego por essa profissão tão sonhada: céu azul, praias tropicais, e um bronzeado que dura o ano todo. Para mim, era só isso. A vida não podia ficar melhor. Suando, fotografando surfistas nesses locais turísticos exóticos. Mas só havia um problema. Quanto mais tempo eu gastava viajando para esses lugares exóticos, menos gratificante parecia ser. Planejei buscar aventura, e só encontrava rotina. Coisas como wi-fi, TV, bom jantar e uma conexão constante de celular que para mim eram as armadilhas de lugares com muito turismo dentro e fora do mar, e não demorou muito para eu começar a me sentir sufocado. Comecei a ansiar por locais selvagens, lugares ao ar livre, e então fui em busca de lugares tidos como frios demais, distantes demais e perigosos demais para o surfe, e esse desafio me intrigava. Comecei um tipo de cruzada pessoal contra OÁSIS . FOTOGRAFIA 38/40 Tradução integral da palestra de Chris Burkard no TED o mundano, pois se há uma coisa que percebi, é que em qualquer profissão, mesmo uma como o aparente glamour como é o caso da fotografia de surfe, existe sempre o perigo de tudo se tornar monótono. Assim, na busca por quebrar a monotonia, percebi algo: apenas cerca de um terço dos oceanos da Terra tem água morna, e é apenas essa estreita faixa ao redor do equador. Então se eu fosse encontrar ondas perfeitas, provavelmente seria em algum lugar frio, onde os mares são muito violentos e foi exatamente lá que comecei a busca. E foi em minha primeira viagem à Islândia que senti ter encontrado exatamente o que procurava. Fiquei impressionado com a beleza natural da paisagem, mas o mais importante, eu não acreditava que tínhamos encontrado ondas perfeitas em uma parte do mundo tão distante e com relevo tão acidentado. Num momento, chegamos à praia e vimos pedaços maciços de gelo empilhados à beira do mar. Eles criavam essa barreira entre nós e o surfe, e tivemos que remar por uma espécie de labirinto para chegar à formação das ondas. E ao chegar lá, empurrávamos de lado os pedaços de gelo para pegar as ondas. Foi uma experiência incrível que nunca esquecerei, porque no meio dessas condições adversas, senti como se tivesse caído em um dos últimos recantos de paz, onde encontrei uma clareza e uma conexão com o mundo que nunca pensei encontrar em uma praia lotada. lizar um trecho distante de praia ou recife onde pudéssemos ir. E, ao chegarmos lá, os veículos tinham que ser igualmente criativos: “snowmobiles”, carros soviéticos de combate com seis eixos, e uns dois voos de helicóptero super rústico. (Risos) Helicópteros realmente me dão medo, por falar nisso. Houve um agitado passeio de barco lá na costa da ilha de Vancouver até um local de surfe, meio distante, onde acabamos vendo do mar. Indefesos, os ursos saquearem nosso acampamento. Eles foram embora com nossa comida e partes da barraca, claramente avisando que estávamos na base da cadeia alimentar e que aquele era o espaço deles, não o nosso. Mas para mim, aquela viagem foi um testamento à vida selvagem que troquei pelas praias turísticas. Agora, só quando viajei para a Noruega... (Risos) eu realmente aprendi a apreciar o frio. Esse é o lugar onde algumas das tempestades mais fortes e violentas do mundo produzem on Fui fisgado. Fui fisgado. (Risos) Mares gelados estavam constantemente em meu pensamento, e dali para frente, meu trabalho focou esse tipo de ambiente primitivo e impiedoso, e ele me levou a lugares como Rússia, Noruega, Alasca, Islândia, Chile, Ilhas Faroe e muitos outros lugares. E uma das coisas favoritas sobre esses lugares era simplesmente o desafio e criatividade necessários para chegar lá: horas, dias, semanas gastas no Google Earth tentando locaOÁSIS . FOTOGRAFIA 39/40 Tradução integral da palestra de Chris Burkard no TED das imensas que quebram na linha costeira. Estávamos nesse fiorde estreito, distante, no Círculo Polar Ártico. A população de ovelhas era maior do que a de pessoas, então, se precisássemos de socorro, não haveria onde encontrar. Eu estava no mar fotografando surfistas e começou a nevar. A temperatura começou a cair. E disse a mim mesmo: “Sem chance de você sair do mar. Você viajou tudo isso, e é exatamente o que você desejava: condições congelantes e ondas perfeitas.” E apesar de não sentir o dedo para pressionar o disparador, eu sabia que não iria sair. Então fiz o que dava para fazer. Mas foi nesse momento que senti o vento soprar forte pelo vale e me atingir, e o que começou como uma neve fina logo se tornou uma nevasca, e comecei a perder a percepção de onde estava. Não sabia se estava sendo levado para alto-mar ou para a costa, e tudo o que eu conseguia perceber era o som fraco das gaivotas e ondas quebrando. Eu sabia que esse lugar tinha reputação de afundar navios e aviões, e enquanto estava lá boiando comecei a ficar um pouco nervoso. Na verdade, estava totalmente em pânico e estava ficando hipotérmico, e meus amigos acabaram tendo que me ajudar a sair da água. E não sei se estava delirando ou o quê, mas depois eles me disseram que mantive um sorriso no rosto o tempo todo. Bem, foi nessa viagem e provavelmente nessa experiência em que comecei realmente a sentir que cada foto era preciosa porque, de repente, naquele momento, era algo que fui forçado a conseguir. E percebi, todo esse tremor realmente me ensinou algo: na vida não há atalhos para o prazer. Qualquer coisa que valha a pena conquistar vai requerer sofrimento, só um pouquinho, e esse pouquinho de sofrimento que tive pela fotografia, agregou um valor ao meu trabalho muito mais significativo para mim do que apenas preencher as páginas das revistas. Vejam, deixei uma parte de mim mesmo nesses lugares, e o que levei de lá foi um sentimento de satisfação que sempre busquei. Então volto a essa foto. É fácil ver os dedos congelados e a roupa de neoprene congelada e até a luta que foi para chegar lá, mas acima de tudo, o que vejo é pura alegria. Muito obrigado. OÁSIS . FOTOGRAFIA 40/40