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OÁSIS
MÚSICA BARROCA
Vencedores do Prêmio
Ruspoli tocam em
São Paulo, Itu e Mariana
REVOLUÇÃO
SOLAR
O futuro da tecnologia
que usa a força do Sol
SURFAR NO GELO
O prazer de romper
as águas congeladas
PESSOAS
NEGATIVAS
NÃO DÊ PODER A QUEM
ROUBA O SEU TEMPO E ENERGIA
POR
LUIS
COM UM POUCO DE INTELIGÊNCIA E TÉCNICA,
OS MAIS JOVENS TAMBÉM PODEM APRENDER A SE LIVRAR
DOS CHATOS NEGATIVOS E A RECONHECER QUANDO
INDIVÍDUOS DESSE TIPO E ÍNDOLE INVADEM SUA VIDA
DE UMA MANEIRA NÃO BEM VINDA
PELLEGRINI
EDITOR
U
ma das vantagens – poucas – de se chegar à maturidade é que, ao mesmo tempo em que aumentam os
cabelos brancos, diminui a paciência e a capacidade
de aguentar o assédio de pessoas negativas. Esta é sem dúvida uma das prerrogativas de quem já dobrou o cabo da boa
esperança e superou a barreira dos sessenta, dos setenta e
por aí vai.
Mas com um pouco de inteligência e técnica, os mais jovens
também podem aprender a se livrar dos chatos negativos e
a reconhecer quando indivíduos desse tipo e índole invadem
sua vida de uma maneira não bem vinda.
Na nossa matéria de capa, a psicóloga norte-americana Amy
OÁSIS
.
EDITORIAL
Morin ensina cinco estratégias para evitar que gente assim
arruíne o nosso dia, os nossos meses, os nossos anos.
POR
LUIS
PELLEGRINI
EDITOR
Amy Morin nos explica que pessoas negativas também podem nos causar problemas em um nível individual. Talvez,
seja aquele vizinho que lhe causa muita raiva ou talvez seja
um colega que você evita a todo custo.
Às vezes, sem saber, damos a esses indivíduos tóxicos, influência sobre nossos pensamentos, comportamento e sentimentos. Se você desperdiça 2 horas reclamando sobre sua
sogra, de quem você não gosta, ou deixa que um cliente bravo arruíne o seu dia, é importante resgatar seu poder pessoal
e permanecer mentalmente forte.
Confira as estratégias para ter de volta seu poder e reduzir o
impacto prejudicial que as pessoas negativas exercem em sua
vida. Sem esquecer que a simples leitura desses conselhos
não basta. É preciso ter a disposição e a coragem de pô-los
em prática.
OÁSIS
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EDITORIAL
OÁSIS
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COMPORTAMENTO
COMPORTAMENTO
PESSOAS NEGATIVAS
Não dê poder a quem rouba
o seu tempo e energia
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É importante reconhecer
quando indivíduos negativos
invadem sua vida de uma
maneira não bem vinda. A
psicóloga norte-americana Amy
Morin ensina 5 estratégias para
evitar que gente assim arruíne
o seu dia
N
POR: AMY MORIN (*)
ormalmente é fácil perceber
que a “Nancy negativa” ou
a “Débora infeliz” causam
confusão no trabalho ou
acabam com o espírito feliz
das comemorações familiares. Suas péssimas atitudes,
seus pensamentos e olhares fatalistas podem se
espalhar como uma epidemia entre as pessoas
OÁSIS
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COMPORTAMENTO
de um mesmo ambiente. E, mesmo que pessoas como essas devessem receber apenas um
mínimo do nosso tempo e energia, frequentemente nós lhes damos a maior importância.
Pessoas negativas também podem nos causar
problemas em um nível individual. Talvez,
seja aquele vizinho que lhe causa muita raiva
ou talvez seja um colega que você evita a todo
custo.
É importante reconhecer quando esses indivíduos negativos invadem sua vida de uma maneira não bem vinda.
Às vezes, sem saber, damos a esses indivíduos
tóxicos, influência sobre nossos pensamentos,
comportamento e sentimentos. Se você desperdiça 2 horas reclamando sobre sua sogra,
de quem você não gosta, ou deixa que um
cliente bravo arruíne o seu dia, é importante resgatar seu poder pessoal e permanecer
mentalmente forte.
Aqui estão 5 estratégias para ter de volta seu
poder e reduzir o impacto prejudicial que as
pessoas negativas exercem em sua vida:
1. Guarde o seu tempo
Pessoas negativas podem monopolizar o seu
tempo – mesmo quando elas não estão com
você – se você não tomar cuidado. É fácil desperdiçar 2 horas temendo uma visita de 1
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Dizer sim à felicidade significa dizer não às coisas e
pessoas que perturbam o seu bem estar
2. Escolha suas atitudes
Desperdiçar o tempo com pessoas negativas pode ser o jeito mais rápido de acabar com o seu bom humor. O modo
pessimista de ver as coisas e as atitudes sombrias dessas
pessoas podem diminuir sua motivação e mudar o modo
como você percebe e sente as coisas. Permitir que uma
pessoa negativa influencie suas emoções, dá a ela muito
poder.
Faça um esforço consciente para escolher sua atitude. Crie
um mantra, como “Hoje eu vou permanecer positivo apesar de todas as pessoas ao meu redor”, e repita isso com
Evite pessoas negativas, pois elas são as maiores destruidoras
da autoconfiança e da autoestima. Cerque-se de pessoas que
estimulam o que de melhor existe em você
hora dessa pessoa. Se somar mais as duas horas que você
gastará comentando esse encontro com um outro amigo,
você terá desperdiçado 5 horas do seu precioso tempo com
aquela pessoa negativa.
Não permita que pessoas negativas roubem seu tempo e
energia. Ao invés de reclamar de pessoas de que você não
gosta, inicie conversas sobre temas prazerosos. Da mesma
forma, em vez de ficar pensando no quanto você não gosta de alguém, você tem que lidar com isso. Ligue o rádio,
ouça uma música que reduza seu estresse. Pegue de volta o
seu poder, limitando o tempo que você perde falando sobre
isso, pensando e se preocupando com pessoas desagradáveis.
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COMPORTAMENTO
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do você se depara com pessoas negativas. Quanto mais
tempo você perde tempo e energia temendo-as e se preocupando com elas, menos tempo você terá para se dedicar
a coisas mais produtivas. Faça um esforço consciente para
reduzir a quantidade de energia mental que você gasta
com pessoas negativas.
4. Escolha se comportar de maneira produtiva
Se não tivermos cuidado, pessoas negativas podem trazer
à tona o pior que há dentro de nós. Às vezes, certos pessimistas parecem ter o poder de aumentar nossa pressão
sanguínea, por uma razão ou por outra. Uma pessoa normal, calma, controlada e de boas maneiras pode gritar por
socorro quando não aguenta mais um único segundo de
Faríamos um grande favor a nós mesmos nos afastando
de pessoas que envenenam o nosso espírito
Você só permanece confinado na prisão
que você mesmo constroi
frequência. Vai lhe ajudar a permanecer centrado no seu
eixo. Respire fundo e decida que você terá um ótimo dia,
apesar do que os outros disserem ou fizerem.
3. Focar seus pensamentos
Pessoas negativas com frequência influenciam nosso modo
de pensar e nossos pensamentos. Talvez você esteja tão
distraído com a atitude de seu colega “sabe tudo”, que você
não contribui de forma produtiva em uma reunião. Ou,
mesmo que você pense como melhorar seu desempenho,
você perde mais tempo pensando sobre como ficará chateado se aquele colega desagradável conseguir uma promoção do que batalhar par alcançar a sua própria promoção.
Preste atenção em como seus pensamentos mudam quanOÁSIS
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COMPORTAMENTO
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Pessoas negativas só ficam felizes quando arrastam os
outros para o fundo do poço em que se encontram
se manter equilibrado. Assim como pessoas negativas podem lhe causar mal-estar, uma pessoa positiva pode clarear seu espírito.
Identifique as pessoas positivas em sua vida. Passe um
tempo com elas regularmente. Um rápido almoço com um
colega de trabalho alegre e solar, ou um passeio com um
amigo agradável, podem lhe ajudar a se manter bem.
Decida firmemente que você não vai permitir que pessoas
negativas determinem como você pensa, sente ou se comporta. Pegue de volta o seu poder e foque o seu tempo e
energia para se tornar o melhor para si mesmo.
negatividade. Ou, depois de ser cercada por colegas de trabalho negativos durante horas, uma pessoa otimista pode
se ver tentando convencer os outros de que a empresa está
condenada e não tem futuro.
Embora possa ser tentador dizer “Essa pessoa me faz mal”,
culpar os outros por sua conduta dá a eles mais poder.
Quando você agir de maneira não é condizente com o seu
comportamento habitual, assuma a responsabilidade. Empenhe-se em controlar suas reações emocionais e defenda
os seus valores e convicções, apesar das circunstâncias.
(*) Amy Morin é assistente social nos Estados
Unidos, reconhecida internacionalmente por
suas palestras e publicações a respeito da força
mental. Seu livro best-seller “Treze coisas que
pessoas mentalmente fortes não fazem: Tenha
seu poder de volta, aceite mudanças, encare seus
medos e treine seu cérebro para a felicidade e o
sucesso” contem exercícios para a construção de
uma mente forte.
5. Procure pessoas positivas
É difícil olhar para o lado bom das coisas quando se está
rodeado pela negatividade. Procure pessoas positivas para
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COMPORTAMENTO
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ARTE
MÚSICA BARROCA
Vencedores do Prêmio Ruspoli
tocam em São Paulo,
Itu e Mariana
Os vencedores do Prêmio Ruspoli 2014, os violinistas
Amandine Solano e Alexey Fokin
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ARTE
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Os que gostam de música
barroca terão, na primeira
quinzena de agosto, algumas
oportunidades de ouro em São
Paulo e nas cidades de Itu, no
interior paulista, e Mariana, em
Minas Gerais
A
POR: EQUIPE OÁSIS
mandine Solano e Alexey
Fokin, vencedores na Itália
do Prêmio Ruspoli de Música Barroca, se apresentarão
pela primeira vez no Brasil,
acompanhados pelo cravista
Nicolau de Figueiredo em
Itu e, em são Paulo, com a
participação do conjunto Os Músicos de Capella, com direção de Luis Otavio Santos. No
programa com Nicolau de Figueiredo, Amandine e Alexey tocarão sonatas para violinos e para
cravo do século 18, de Corelli, Handel, Scar-
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ARTE
latti, Leclair e Herrando. Com Os Músicos de
Capella, músicas para dois e três violinos de
Gabrieli, Marini, Corelli, Schmeltzer, Purcell,
Pachelbel, Telemann. Em Itu e Mariana, a
entrada é franca para os concertos.
Os eventos fazem parte da “Itinerância Musical Príncipe Francesco Maria Ruspoli – Brasil 2015”, um desdobramento em território
brasileiro do Concurso Internacional Ruspoli
de Música Barroca e Musicologia, realizado
todos os anos, no início do mês de outubro,
no Castelo Ruspoli de Vignanello, pequena
cidade medieval situada ao norte de Roma,
na província do Lácio. Uma das características desse concurso, que atrai jovens músicos
de grande talento, é que a cada ano ele é dedicado a um instrumento musical e também
ao canto. 2014 foi um ano dedicado ao violino, instrumento dos solistas vencedores, a
francesa Amandine Solano e o russo Alexey
Fokin. 2015 será ano de canto barroco em
Vignanello.
A iniciativa do concurso e da sua decorrente itinerância é da criadora do evento, Giada
Ruspoli, princesa da casa romana dos Ruspoli. Casada com o paulistano Luiz Misasi,
Dona Giada divide o seu tempo entre o Brasil
e a Itália. Ela concedeu entrevista à Revista
Oásis, onde explica qual é a proposta desse
concurso, os seus significados e projetos para
o futuro.
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Giada Ruspoli, a criadora do Concurso Ruspoli de
Música Barroca. Foto por Lamberto Scipioni
Francesco Maria Ruspoli, que viveu entre 1672 e 1731, foi
um grande mecenas das artes e especialmente da música.
Haendel foi seu hóspede durante dois anos seguidos, e em
Vignanello ele compôs 50 das 100 cantatas que criou durante o seu período italiano. A “Ressureição” também foi
composta durante sua estadia com o Príncipe Ruspoli.
Por interesse dos professores de musicologia conectados
ao Prêmio Ruspoli, e pelo fato de que eu mesma moro no
Brasil durante boa parte do ano, pensou-se na criação de
um Prêmio Euro-Latino-Americano de Musicologia para
estudos teóricos sobre compositores e composições do período barroco influenciados tanto pela música que se
Os violinistas Amandine Solano e Alexey Fokin,
vencedores do Concurso Ruspoli 2014, FotoStudio Trogu
GIADA RUSPOLI
Quando a saudade vira música
Entrevista a Luis Pellegrini
Qual o significado e importância do Prêmio Ruspoli e do
seu desdobramento em Itinerância?
O Prêmio é um momento de encontro entre músicos provenientes de vários países, reunidos em um lugar onde se
faz música, se fala de música e se respira música. O Castelo
Ruspoli de Vignanello hospedou e ofereceu condições de
trabalho a vários dos melhores compositores do período
barroco, tais como Haendel, Caldara, os dois Scarlatti, pai
e filho, Corelli, Hotteterre e muitos outros.
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ARTE
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Qual a relação desse Prêmio, originalmente italiano, com
o Brasil? Tem relação com a herança barroca brasileira?
Entre os séculos 17 e 19 vários importantes compositores e
instrumentistas europeus vieram para o Brasil e para outros países da América Latina. Eles exerceram forte influência na música local brasileira e latino-americana, como
demonstra em sua tese José Manuel Izquierdo König, o
vencedor do Primeiro Prêmio Euro Latino Americano. O
título original desse trabalho é: “Ilustración y contrailustración de un cuarteto arequipeño (o cómo escribir un
yaraví en el estilo de Haydn)”.
Giorgio Monari, diretor artístico do Concurso Ruspoli
fazia na Europa naquela época, quanto pela que se fazia na
América Latina. Ambos os acervos são riquíssimos e boa
parte deles ainda não foi bem estudada.
A primeira premiação aconteceu em São Paulo, no dia 5
de Setembro de 2014, na Biblioteca Municipal Mário de
Andrade. O vencedor foi o jovem chileno José Manuel
Izquierdo König. Logo depois surgiu a ideia de se fazer a
Itinerância dos vencedores do Prêmio Ruspoli, graças a
um convite da Sociedade de Cultura Artística, de São Paulo. Essa Itinerância foi rapidamente ampliada para outras
cidades brasileiras, tais como Mariana, em Minas Gerais, e
Itu, em São Paulo.
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ARTE
Como explica o Prof. Paulo Castagna – um dos musicólogos ligados ao Prêmio Ruspoli – referindo-se ao concerto
de câmara que, no dia 1o de agosto, abre a Itinerância no
Museu da Música de Mariana, isso aconteceu também
para os músicos brasileiros da época barroca: “Todos os
compositores brasileiros que trabalharam com música de
concerto foram influenciados por compositores europeus,
diretamente e/ou indiretamente. No caso de Trindade,
ambos, pois ele foi aluno do violinista italiano Francesco
Ignazio Ansaldi, que serviu na capela real como primeiro
violino.”
No dia 1o de Agosto, em Mariana, os violinistas Amandine
Solano e Alexey Fokin tocarão um dos Duetos Concertantes de Gabriel Fernandes da Trindade (nascido em Ouro
Preto em 1796, morto no Rio de Janeiro em 1854). Essas
são as mais antigas composições de câmara escritas no
Brasil (em 1814). Tais obras, ao que se sabe, nunca mais
foram tocadas desde aqueles tempos.
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O violinista russo Alexey Fokin
O Prêmio Euro Latino Americano quer pesquisar essas influências, esses amálgamas de linguagens musicais, publicando suas partituras, de modo que sejam cada vez mais
acessíveis para o publico que estuda e se interessa por música barroca.
Trata-se, certamente, de uma empreitada trabalhosa,
difícil e cara. O que tudo isso significa para você pessoalmente?
Somos hoje um grupo de trabalho bem afinado, embora composto de pouquíssimas pessoas, e o denominador
comum entre todos nós é o entusiasmo e a boa vontade.
Para a organização geral e administração temos a sorte de
contar, no Brasil, com Tina Curi e, na Itália, com Manola
Erasmi. A direção artística do Prêmio está nas mãos do
musicólogo italiano professor Giorgio Monari. Além disso
temos muitas parcerias e apoios que viabilizam e nos permitem continuar esse trabalho.
Quanto a mim, que já tenho uma avó brasileira, Claudia
Matarazzo, e depois de tantas décadas de itinerância entre a Itália e o Brasil, posso dizer que sinto-me realmente
uma ítalo-brasileira. Quando estou na Itália tenho saudades do Brasil; quando estou aqui tenho saudades de lá...
Nada melhor do que transformar as saudades e a divisão
que habita na minha alma em algo de produtivo, que possa ser útil para os pesquisadores e os amantes da música,
ampliando e dando visibilidade a um patrimônio cultural
e artístico que, há séculos, é cultivado como tradição pela
família Ruspoli.
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ARTE
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Casa de Misericórdia de Itu, do arquiteto Alberto Magno
de Arruda / Restaurações Wahl e Engenharia Projetos.
Mas todos esses esforços e apoios ainda não são suficientes para que o Prêmio Ruspoli e a sua Itinerância sejam
autossustentáveis. Mas tenho confiança de que chegaremos a isso através da continuidade dos trabalhos, dos
eventos que promovo no Castelo de Vignanello e através
das Leis de Incentivos que nos permitem captar recursos
junto a empresas interessadas em investir nesses intercâmbios culturais.
A violinista francesa Amandine Solano
O castelo Ruspoli, em Vignanello, na Itália, onde
acontece o Concurso Ruspoli de Música Barroca
Quem financia o Prêmio? Ele precisa de ajuda para continuar e se desenvolver?
Nesses longos anos de trabalho, para realizar o Prêmio
tivemos, sim, patrocinadores e muitos apoios que agradeço
de coração. Na Itália, Paulo Gala e Eliane de Castro, apaixonados por música e mecenas modernos, apoiam o Prêmio desde a sua primeira edição. Luiz Misasi, meu marido,
também o apoia e sustenta desde sempre .
Além disso, no Brasil tivemos o convite da Sociedade Cultura Artística, da Biblioteca Mário de Andrade, da Secretaria Municipal da Cultura de Itu, da dra. Maria Lúcia de
Almeida Marins e Dias Caselli, da Irmandade da Santa
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ARTE
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artística ou cultural. É também uma vivência espiritual,
um modo de nutrir a própria alma.
Gostaria também de realizar projetos de residências para
jovens músicos, tanto na Itália quanto no Brasil, pois considero essa troca de vivências muito importante e enriquecedora para os jovens que pretendem se dedicar ao maravilhoso mundo da arte.
Por fim, como já disse, quero transformar essa saudade
que carrego na alma em... música.
Giada Ruspoli (à direita) e Tina Curi
Salão de concertos do Palácio Ruspoli,
em Vignanello, onde acontece o concurso
E os projetos para o futuro?
Certamente continuar com os trabalhos de pesquisa, seja
na Itália como na América Latina. Dar continuidade à Itinerância no Brasil, em 2016, dos vencedores do concurso
de canto de 2015, com apresentações também em outras
cidades barrocas brasileiras. Promover a integração entre
a arquitetura do período barroco e a música desse período
no Brasil. Além de Itu, cidade maravilhosa perto de São
Paulo, cheia de Igrejas do Período Barroco e onde fomos
acolhidos com muito carinho por Jair de Oliveira e Carlos
Barbieri, da Casa Amarela.... Amo a arquitetura barroca,
talvez porque eu seja romana, e ouvir um concerto no interior de uma igreja barroca não é apenas uma experiência
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ARTE
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Mariana como Monumento Nacional.
8 de agosto de 2015, sábado, às 19H30, na Igreja de Nossa
Senhora do Carmo, na Praça da Independência, em Itu,
concerto de Câmara “Sonatas para violino e cravo do século 18”, com os violinistas Amandine Solano e Alexey Fokin
e o cravista Nicolau Figueiredo, com palestra introdutória
de Giorgio Monari sob o tema “Introdução ao barroco musical”.
Da esquerda, TIna Curi, Giorgio Monari, Giada Ruspoli e
Carlos Roberto Barbieri Camargo reunidos em Itu
12 de agosto de 2015, quarta-feira, às 21 horas, no Auditório do MASP, na Avenida Paulista, em são Paulo, na Série
de Concertos de Câmara da Cultura Artística. Música barroca para dois e três violinos, com a participação do conjunto Os Músicos de Capella. Ingressos à venda na Cultura
Artística, telefone 11-32560223.
O musicólogo professor Paulo Castagna
Informações sobre os eventos:
1 de agosto 2015, sábado, às 15 horas, no Museu da Música de Mariana, Minas Gerais, Rua Cônego Amando, 161.
Programa: Conferência “Musicologia ao vivo: do barroco
ao chorinho”, pelo professor Giorgio Monari. Lançamento
da II Edição do Prêmio de Estudos Musicológicos Euro-Latino-Americanos Príncipe Francesco Maria Ruspoli
2016”. Concerto de obras barrocas para dois violinos com
Amandine Solano e Alexey Fokin. Concerto “Chorinhos do
Museu da Música”, pelo grupo Chá de Caboclo. Entrada
franca. Os eventos fazem parte das comemorações dos 42
anos do Museu da Música e dos 70 anos da designação de
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ARTE
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OÁSIS
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TECNO
TECNO
REVOLUÇÃO SOLAR
O futuro da tecnologia
que usa a força do Sol
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Tecnologias de células solares
desenvolvidas nos países
desenvolvidos apontam para
um futuro em que a energia
elétrica poderá ser gerada por
janelas, cortinas, edifícios e
automóveis
L
POR EDUARDO ARAIA
ibertar-se da dependência
dos combustíveis fósseis
continua a ser um desafio
para a humanidade. As alternativas disponíveis esbarram sempre na questão
do preço. Nada, no atual
quadro, consegue competir
com o petróleo, o carvão ou
o gás natural. O potencial extraordinário da
energia solar – em seis horas os desertos da
Terra recebem mais energia do que todos os
países consomem em um ano – ainda carece de
tecnologia comercialmente viável.
OÁSIS
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TECNO
Só que o quadro está mudando. Quando se
fala em energia solar, imaginam-se painéis
escuros dispostos em fileiras em desertos ou
em telhados de casas – placas de silício que
captam a luz solar incidente e usam fótons
(partículas elementares de luz) para gerar eletricidade. Essa tecnologia melhorou muito ao
longo do tempo e chega a atingir, em laboratório, índices de eficiência de 40% de conversão da luz solar em eletricidade – mas ainda
assim resulta cara.
Uma linha de pesquisa surgida na última década vem ganhando espaço: células solares de
película fina, feitas de polímeros (compostos
químicos com unidades estruturais que se
repetem com as mesmas características, feitos
de plásticos sintéticos e materiais orgânicos
derivados de petróleo). Mais leves, flexíveis
e finas – com espessura de até 1 mícron, ou
milionésimo de metro, ante 350 mícrons das
células de silício –, as células produzem energia a custo mais barato, oferecem uma ampla
variedade de configurações e podem ser fabricadas em escala maciça, permitindo alcançar
viabilidade comercial com um percentual de
eficiência de apenas 10% de conversão de luz
solar em eletricidade.
Estudos sobre células solares de polímeros
são desenvolvidos, atualmente, em vários países, como Áustria, Alemanha, Reino Unido,
Austrália, Estados Unidos, Canadá, China
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Em placas horizontais, ou instaladas em
torres verticais, a geração de energia solar
caminha a passos de gigante
Yang conquistou notoriedade ao anunciar, na revista Nature Photonics, em fevereiro de 2012, a criação de uma
célula solar de plástico que converte mais de 10% da luz
solar captada em eletricidade.
Camadas acopladas
O feito foi conseguido com o acoplamento de duas camadas de material (uma absorve a luz no espectro visível,
enquanto a outra absorve raios infravermelhos), entre as
quais é colocada uma camada intermediária. A ideia, que
já havia rendido ao grupo da UCLA um desempenho recorde de 8,62% de eficiência, em julho de 2011, foi
Áreas desérticas são ideais para a
instalação de parques solares
e Japão. Os EUA abrigam algumas das estrelas da área,
como o grupo comandado pelo professor de física David
Carroll, da Universidade de Wake Forest, na Carolina do
Norte, que criou, em 2011, o primeiro polímero a absorver
simultaneamente o calor e a luz do Sol. Na Universidade
da Califórnia em Los Angeles (UCLA), a equipe liderada
pelo professor de engenharia e ciência dos materiais Yang
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TECNO
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zado por impressoras a jato de tinta. O maior problema
dessa técnica é o risco de que as camadas se misturem,
mas Yang não se preocupa com isso. Para ele, o fato de a
tecnologia empregada ser muito barata e compatível com
a indústria existente torna factível alcançar a viabilidade
comercial em alguns anos.
Um ano depois, Yang Yang e sua turma reapareceram no
noticiário com outra inovação de impacto, divulgada pela
revista ACS Nano: células que absorvem só a luz infravermelha para gerar eletricidade e apresentam quase 70% de
transparência. As propriedades do novo material permi
Instalação de parque solar em zona desértica
No Brasil, o mercado de energia solar térmica
experimentou um grande avanço nos últimos dez
anos, como é mostrado no gráfico abaixo
aprimorada a partir de um novo polímero de absorção de
infravermelho desenvolvido por uma empresa japonesa.
Com ele chegou-se a 10,6% de eficiência, segundo o Laboratório Nacional de Energia Renovável do Departamento
de Energia dos EUA.
“Imagine um ônibus de dois andares”, disse Yang Yang, na
ocasião. “O ônibus só pode transportar um certo número
de pessoas num dos andares, mas se incluir um segundo
nível, você pode ter mais pessoas no mesmo espaço. Foi o
que fizemos com a célula solar de polímero.”
O custo da célula com camadas acopladas é reduzido porque os polímeros podem ser dispostos numa superfície por
meio de um processo de impressão parecido com o utiliOÁSIS
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TECNO
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O violinista russo Alexey Fokin
humano mal consegue registrá-lo. Aplicado a uma superfície plana e dura, ele fica praticamente invisível aos olhos.
Já existem películas solares aplicáveis a janelas, utilizáveis apenas naquelas que podem ser escurecidas. Vários
prédios usam janelas escurecidas como forma de reduzir a
radiação infravermelha e, assim, evitar o excesso de calor.
Como absorve especificamente a luz infravermelha, a nova
película transparente da UCLA mata três coelhos com
uma só cajadada: corta as contas de ar-condicionado, gera
eletricidade e ainda deixa as janelas claras.
A opção por obter energia usando apenas radiação infravermelha não tem apenas vantagens. A tecnologia desenvolvida pela equipe de Yang converte apenas 6% da luz
Esse barco da PlanetSolar completou uma inteira
volta ao mundo usando apenas energias solar
Técnico tem sua imagem refletida em painel
recurvado para captação de energia solar
tem que ele seja laminadas em qualquer vidro ou janela, o
que permitiria a edifícios, automóveis e até monitores eletrônicos se tornar fontes de energia.
“Uma película solar coleta luz e a converte em eletricidade”, observa Yang. “Em nosso caso, coletamos somente a
parte infravermelha.” Graças a isso, o material não precisa
ser escuro ou azul, como a maioria dos painéis de silício.
Pode ser claro. Outra novidade está no eletrodo, o condutor elétrico usado para fazer contato com a parte não
metálica de um circuito. Yang inventou um eletrodo novo
para sua célula, composto por nanofios de prata com cerca
de 0,1 mícron de espessura e nanopartículas de dióxido de
titânio. O resultado é um artefato tão pequeno que o olho
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TECNO
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atingiu eficiência certificada de 9,31% de conversão, com
boas chances de evoluir rapidamente.
A inovação conseguida pelo grupo reside não apenas na
célula, mas também na tecnologia desenvolvida para a interface das camadas, que reduz a instabilidade comum das
células e aumenta sua eficiência. O novo artefato também
é compatível com a produção industrial, o que facilita a
obtenção de alta eficiência e baixo custo.
De acordo com Hongbin Wu, professor da SCUT e um dos
líderes da pesquisa, a tecnologia tem custo tão baixo que
nem exige que a eficiência aumente muito; um índice de
O modelo clássico de placas solares usa superficies planas
Carros de corrida já testam paineis de
captação de energia solar
solar em energia. Mas o pesquisador observa que seu polímero capta menos de 1/3 da luz infravermelha disponível.
“Nossa eficiência pode dobrar ou quase triplicar no futuro.
Existem algumas limitações, mas deveremos chegar a 10%
nos próximos três ou cinco anos.”
Baixo custo
Um mês depois do anúncio da invenção da célula solar da
UCLA, pesquisadores da Universidade de Tecnologia do
Sul da China (SCUT, na sigla em inglês), em Guangzhou,
trabalhando em conjunto com as empresas americanas
Phillips 66 e Solarmer, divulgaram na revista Nature Photonics a construção de uma célula solar de polímero que
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TECNO
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energia é produzida. “Para o futuro, devemos pensar em como coletar energia quando e onde for possível”, avalia Yang Yang.
“Se pudermos mudar o conceito de que a
energia tem de vir de uma única fonte, que
é a empresa de energia, e aceitarmos que
o suprimento não deve ser sujeito às limitações da rede elétrica, uma série de coisas
novas poderá acontecer.”
Poesia da forma viva de uma borboleta
diante de imenso painel solar
conversão da luz solar entre 5% e 8% já bastaria para viabilizá-la comercialmente. Mas, segundo os pesquisadores,
a marca de 10% de eficiência deve ser atingida em breve.
Além disso, a semitransparência do produto o torna aproveitável em pontos como janelas e cortinas.
A versatilidade das células de polímeros e a rapidez com
que sua tecnologia tem evoluído delineiam um futuro em
que o aproveitamento da energia solar na geração de eletricidade será corriqueiro. Para chegar lá, porém, ainda serão
necessárias transformações substanciais no modo como a
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TECNO
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OÁSIS . FOTOGRAFIA
FOTOGRAFIA
SURFAR NO GELO
O prazer de romper
as águas congeladas
24/40
Bill Gates fala no TED
“Tudo que vale a pena conquistar
requer o nosso sofrimento, só um
pouco”, diz o fotógrafo de surf Chris
Burkard, ao explicar sua obsessão
com as praias mais geladas, violentas
e isoladas do mundo. Através de
fotos impressionantes e histórias de
lugares que poucos humanos já viram
- e menos ainda surfaram - ele nos
leva à sua “cruzada pessoal contra o
mundano.”
F
VÍDEO: TED – IDEAS WORTH SPREADING
FOTOGRAFIAS: CHRIS BURKARD
TRADUÇÃO: VIVIANE FERRAZ MATOS
REVISÃO: MARICENE CRUS
OÁSIS
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FOTOGRAFIA
otógrafo e surfista, Chris Burkard
viaja a locais remotos, arriscados
e gelados para conseguir imagens
extraordinárias do surf praticado
em lugares impensáveis.
Para muitos, o surf evoca lugares
tropicais, cheios de sol, areias
brancas e muito calor. Mas em seu livro
“Distant Shores”, Praias Distantes, Chris
Burkard nos mostra os litorais da Noruega, da Islândia e do Alasca, enquanto sufistas cavalgam ondas em praias geladas
que raramente tinham sido fotografadas
antes – para não dizer que nunca até então tinham sido visitadas por surfistas.
Ao viajar para lugares quase sempre perigosos, onde reinam condições extremas,
com o objetivo de revelar paisagens desconhecidas, Burkard compõe imagens que
transcendem as simples tomadas fotográficas de ação para colocar a própria natureza no centro das suas composições.
O fotógrafo e surfista Chris Burkard
Galeria de fotos maravilhosas feitas
por Burkard:
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Chris Burkard nas Ilhas Aleutas
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Vídeo da palestra de Chris Burkard no TED
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Tradução integral da palestra de Chris Burkard no TED
Se eu contasse a vocês que essa era a cara da pura alegria, vocês me
chamariam de doido? Eu não os condenaria, pois sempre que olho
para essa selfie no Ártico, tremo um pouquinho de frio. Quero contar a vocês um pouco sobre essa foto.
a atenção plena. Ela nos faz subitamente conscientes de tudo
no meio ambiente. Ela brutalmente nos empurra para uma
consciência sensorial virtual do mundo semelhante à meditação.”
Eu estava nadando pelas Ilhas Lofoten, na Noruega, bem no Círculo Polar Ártico, e a água do mar estava congelante. O ar? Um vento
forte de 10°C negativos, e eu pude literalmente sentir o sangue tentando sumir das minhas mãos, pés e rosto, e corri para proteger os
órgãos vitais. Foi o frio mais intenso que já senti. Mas mesmo com
lábios inchados, olhos fundos e bochechas vermelhas, descobri que
esse lugar aqui é onde encontro grande alegria.
Se morrer de frio é uma forma de meditar, então me considero um monge.
Bem, em relação à dor, o psicólogo Brock Bastian provavelmente
descreveu melhor ao escrever: “A dor é uma espécie de atalho para
Antes de entrarmos no porquê, alguém já desejou surfar em
água supergelada? Adoraria dar a vocês alguma perspectiva
de como pode ser um dia da minha vida.
Homem: Sei que estávamos esperando por boas ondas, mas
acho que ninguém pensou que isso iria acontecer. Não consigo parar de tremer. Estou com tanto frio.
Chris Burkard: Então, fotógrafo de surfe, certo? Nem sei se
isso é nome de uma profissão, para ser sincero. Meus pais
achavam que não, quando falei aos 19 anos que deixaria o
emprego por essa profissão tão sonhada: céu azul, praias tropicais, e um bronzeado que dura o ano todo. Para mim, era
só isso. A vida não podia ficar melhor. Suando, fotografando
surfistas nesses locais turísticos exóticos. Mas só havia um
problema. Quanto mais tempo eu gastava viajando para esses lugares exóticos, menos gratificante parecia ser. Planejei
buscar aventura, e só encontrava rotina. Coisas como wi-fi,
TV, bom jantar e uma conexão constante de celular que para
mim eram as armadilhas de lugares com muito turismo dentro e fora do mar, e não demorou muito para eu começar a
me sentir sufocado.
Comecei a ansiar por locais selvagens, lugares ao ar livre, e
então fui em busca de lugares tidos como frios demais, distantes demais e perigosos demais para o surfe, e esse desafio
me intrigava. Comecei um tipo de cruzada pessoal contra
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o mundano, pois se há uma coisa que percebi, é que em qualquer
profissão, mesmo uma como o aparente glamour como é o caso da
fotografia de surfe, existe sempre o perigo de tudo se tornar monótono.
Assim, na busca por quebrar a monotonia, percebi algo: apenas cerca de um terço dos oceanos da Terra tem água morna, e é apenas
essa estreita faixa ao redor do equador. Então se eu fosse encontrar
ondas perfeitas, provavelmente seria em algum lugar frio, onde os
mares são muito violentos e foi exatamente lá que comecei a busca.
E foi em minha primeira viagem à Islândia que senti ter encontrado
exatamente o que procurava.
Fiquei impressionado com a beleza natural da paisagem, mas o
mais importante, eu não acreditava que tínhamos encontrado ondas perfeitas em uma parte do mundo tão distante e com relevo
tão acidentado. Num momento, chegamos à praia e vimos pedaços
maciços de gelo empilhados à beira do mar. Eles criavam essa barreira entre nós e o surfe, e tivemos que remar por uma espécie de
labirinto para chegar à formação das ondas. E ao chegar lá, empurrávamos de lado os pedaços de gelo para pegar as ondas. Foi uma
experiência incrível que nunca esquecerei, porque no meio dessas
condições adversas, senti como se tivesse caído em um dos últimos
recantos de paz, onde encontrei uma clareza e uma conexão com o
mundo que nunca pensei encontrar em uma praia lotada.
lizar um trecho distante de praia ou recife onde pudéssemos
ir. E, ao chegarmos lá, os veículos tinham que ser igualmente
criativos: “snowmobiles”, carros soviéticos de combate com
seis eixos, e uns dois voos de helicóptero super rústico. (Risos) Helicópteros realmente me dão medo, por falar nisso.
Houve um agitado passeio de barco lá na costa da ilha de
Vancouver até um local de surfe, meio distante, onde acabamos vendo do mar. Indefesos, os ursos saquearem nosso
acampamento. Eles foram embora com nossa comida e partes da barraca, claramente avisando que estávamos na base
da cadeia alimentar e que aquele era o espaço deles, não o
nosso. Mas para mim, aquela viagem foi um testamento à
vida selvagem que troquei pelas praias turísticas.
Agora, só quando viajei para a Noruega... (Risos) eu realmente aprendi a apreciar o frio. Esse é o lugar onde algumas das
tempestades mais fortes e violentas do mundo produzem on
Fui fisgado. Fui fisgado. (Risos) Mares gelados estavam constantemente em meu pensamento, e dali para frente, meu trabalho focou
esse tipo de ambiente primitivo e impiedoso, e ele me levou a lugares como Rússia, Noruega, Alasca, Islândia, Chile, Ilhas Faroe e
muitos outros lugares. E uma das coisas favoritas sobre esses lugares era simplesmente o desafio e criatividade necessários para chegar lá: horas, dias, semanas gastas no Google Earth tentando locaOÁSIS
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das imensas que quebram na linha costeira. Estávamos nesse fiorde
estreito, distante, no Círculo Polar Ártico. A população de ovelhas
era maior do que a de pessoas, então, se precisássemos de socorro,
não haveria onde encontrar. Eu estava no mar fotografando surfistas e começou a nevar. A temperatura começou a cair. E disse a
mim mesmo: “Sem chance de você sair do mar. Você viajou tudo
isso, e é exatamente o que você desejava: condições congelantes e
ondas perfeitas.” E apesar de não sentir o dedo para pressionar o
disparador, eu sabia que não iria sair. Então fiz o que dava para fazer. Mas foi nesse momento que senti o vento soprar forte pelo vale
e me atingir, e o que começou como uma neve fina logo se tornou
uma nevasca, e comecei a perder a percepção de onde estava. Não
sabia se estava sendo levado para alto-mar ou para a costa, e tudo
o que eu conseguia perceber era o som fraco das gaivotas e ondas
quebrando.
Eu sabia que esse lugar tinha reputação de afundar navios e
aviões, e enquanto estava lá boiando comecei a ficar um pouco nervoso. Na verdade, estava totalmente em pânico e estava ficando hipotérmico, e meus amigos acabaram tendo que
me ajudar a sair da água. E não sei se estava delirando ou o
quê, mas depois eles me disseram que mantive um sorriso no
rosto o tempo todo.
Bem, foi nessa viagem e provavelmente nessa experiência em
que comecei realmente a sentir que cada foto era preciosa
porque, de repente, naquele momento, era algo que fui forçado a conseguir. E percebi, todo esse tremor realmente me
ensinou algo: na vida não há atalhos para o prazer. Qualquer
coisa que valha a pena conquistar vai requerer sofrimento, só
um pouquinho, e esse pouquinho de sofrimento que tive pela
fotografia, agregou um valor ao meu trabalho muito mais
significativo para mim do que apenas preencher as páginas
das revistas. Vejam, deixei uma parte de mim mesmo nesses
lugares, e o que levei de lá foi um sentimento de satisfação
que sempre busquei.
Então volto a essa foto. É fácil ver os dedos congelados e a
roupa de neoprene congelada e até a luta que foi para chegar
lá, mas acima de tudo, o que vejo é pura alegria.
Muito obrigado.
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