REDAÇÃO 1. Carta aberta ao Presidente da República Brasília, 04 de junho de 2009. Exmo. Sr. Luiz Inácio Lula da Silva DD Presidente da República Sr. Presidente, Vivemos ontem um dia histórico para o país e um marco para a Amazônia, com aprovação final, pelo Senado Federal, da Medida Provisória 458/09, que trata sobre a regularização fundiária da região. Os objetivos de estabelecer direitos, promover justiça e inclusão social, aumentar a governança pública e combater a criminalidade, que sei terem sido sua motivação, foram distorcidos e acabaram servindo para reafirmar privilégios e o execrável viés patrimonialista que não perde ocasião de tomar de assalto o bem público, de maneira abusiva e incompatível com as necessidades do País e os interesses da maioria de sua população. Os especialistas que acompanham a questão fundiária na Amazônia afirmam categoricamente que a MP 458, tal como foi aprovada ontem, configura grave retrocesso, como aponta o Procurador Federal do Estado do Pará, Dr. Felício Pontes. Sendo assim, Senhor Presidente, está em suas mãos evitar um erro de grandes proporções, não condizente com o resgate social promovido pelo seu governo e com o respeito devido a tantos companheiros que deram a vida pela floresta e pelo povo da Amazônia. Permita-me também, Senhor Presidente, e com a mesma ênfase, lhe pedir cuidados especiais na regulamentação da Medida Provisória. Por tudo isso, Sr. Presidente, peço que Vossa Excelência vete os incisos II e IV do artigo 2º; o artigo 7º e o artigo 13. Com respeito e a fraternidade que tem nos unido, atenciosamente, Senadora Marina Silva Texto adaptado. http://www.greenpeace.org/brasil/amazonia/noticias/carta-aberta-da-senadora-marin O texto apresentado é uma carta aberta, gênero textual de extrema importância na vida social contemporânea, sobretudo em sociedades democráticas. Ao ser amplamente divulgada, a carta aberta tem como meta a) informar e conscientizar as pessoas em geral sobre um problema social ou político; assim, a carta aberta instiga o seu leitor a sustentar o apelo que compõe o conteúdo apresentado pelo seu produtor. b) constituir o seu produtor como representante legítimo da população, tendo em vista ser ele o único credenciado a formalizar os reclames da sociedade perante a autoridade. c) participar aos órgãos ou às autoridades competentes uma ação coletiva; por isso, a carta aberta é também conhecida e denominada de carta reivindicatória. d) estimular e induzir o seu leitor a ponderar criticamente sobre diversos aspectos da sociedade onde vive, por meio de uma linguagem acessível a todos. 2014_Redação_1° ano_17/10 Questão 02) 2. A escrita é uma das formas de expressão que as pessoas utilizam para comunicar algo e tem várias finalidades: informar, entreter, convencer, divulgar, descrever. Assim, o conhecimento acerca das variedades linguísticas sociais, regionais e de registro torna-se necessário para que se use a língua nas mais diversas situações comunicativas. Considerando as informações acima, Imagine que você está a procura de um emprego e encontrou duas empresas que precisam de novos funcionários. Uma delas exige uma carta de solicitação de emprego. Ao redigi-la, você a) fará uso da linguagem metafórica. b) apresentará elementos não verbais. c) utilizará o registro informal. d) evidenciará a norma padrão. e) fará uso de gírias. 1 TEXTO comum às questões: 3, 4, 5, 6. CARTAS DE LEITORES "Já conhecemos nossos governantes e políticos, suas índoles, seus defeitos, suas capacidades limitadas para soluções e amplas para confusões. Só não conhecíamos ainda nossos manifestantes, se é que assim se pode dizer. Nada justifica a agressão física, seja qual for a manifestação, seja quem for o agredido ou o agressor. Nada justificará, jamais, a agressão sofrida pelo governador Mário Covas, por mais digna que fosse a manifestação. O que causa espanto é que se tratava de uma manifestação de professores. É esse o papel de um educador? (ÁVILA, Marcelo Maciel. "O Globo", 03/06/2000) "O país está chocado com as agressões que os representantes do povo estão sofrendo. As autoridades e a imprensa nacional têm-se manifestado severamente contra esses atos. Primeiro foi uma paulada no governador de São Paulo, depois um ovo no ministro da Saúde e, em 1° de junho, outro ataque ao governador Mário Covas. O vice-presidente da República disse que o governador merece respeito. Concordo. Mas os demais cidadãos brasileiros não merecem? O ministro da Justiça cobrou punição judicial para os agressores, afirmando que a última manifestação transpusera os limites do tolerável. E a situação de extrema violência que nós, cariocas, estamos vivendo? Quando o ministro vai achar que foram transpostos os limites do tolerável?" (SILVA, Arthur Costa da. "O Globo", 03/06/2000.) 3. O fragmento que expõe a tese de cada uma das cartas, respectivamente, pode ser identificado em: a) "Já conhecemos nossos governantes" / "Quando o ministro vai achar que foram transpostos os limites do tolerável?" b) "Só não conhecíamos ainda nossos manifestantes" / "a última manifestação transpusera os limites do tolerável" c) "Nada justifica a agressão física" / "Mas os demais cidadãos brasileiros não merecem?" d) "É esse o papel de um educador?" / "Primeiro foi uma paulada no governador de São Paulo" 4. Em geral, esse tipo de carta no jornal busca convencer os leitores de um dado ponto de vista. Por causa dessa intenção, é possível verificar que ambas as cartas transcritas se caracterizam por a) finalizar com perguntas retóricas para expressar sua argumentação b) iniciar com considerações gerais para contestar opiniões muito difundidas c) utilizar orações de estruturação negativa para defender a posição e outros d) empregar estruturas de repetição para reforçar idéias centrais da argumentação 5. As duas cartas acima são de leitores expressando suas opiniões sobre o episódio de agressão ao governador de São Paulo em manifestação de professores em greve. O veículo de publicação de cartas - o jornal - impõe um limite de espaço para os textos. Em função desse limite de espaço, os dois textos apresentam como traço comum: a) combate a pontos de vista de outros leitores b) construção de comprovações por meio de silogismos c) expressão de opinião sem fundamentos desenvolvidos d) escolha de assunto segundo o interesse do editor do jornal 6. Pela leitura da carta de Arthur Costa da Silva, é possível afirmar que as perguntas nela presente têm o seguinte significado: a) questionar as atitudes dos políticos brasileiros b) apontar falhas no discurso de autoridades brasileiras c) propor uma reflexão acerca da atitude dos agressores d) mostrar solidariedade ao comportamento dos manifestantes 2 TEXTO comum à questão: 7 Como e porque sou romancista 1 Minha mãe e minha tia se ocupavam com trabalhos de costuras, e as amigas para não ficarem ociosas as ajudavam. Dados os primeiros momentos à conversação, passava-se à leitura e era eu chamado ao lugar de honra. Muitas vezes, confesso, essa honra me arrancava bem a contragosto de um sono começado ou de um 5 folguedo querido; já naquela idade a reputação é um fardo e bem pesado. Lia-se até a hora do chá, e tópicos havia tão interessantes que eu era obrigado à repetição. Compensavam esse excesso, as pausas para dar lugar às expansões do auditório, o qual desfazia-se em recriminações contra algum mau personagem, ou acompanhava de seus votos e simpatias o herói perseguido. 10 Uma noite, daquelas em que eu estava mais possuído do livro, lia com expressão uma das páginas mais comoventes da nossa biblioteca. As senhoras, de cabeça baixa, levavam o lenço ao rosto, e poucos momentos depois não puderam conter os soluços que rompiam-lhes o seio. Com a voz afogada pela comoção e a vista empanada pelas lágrimas, eu também cerrando ao peito o livro aberto, disparei em pranto e respondia com palavras de consolo às lamentações de minha mãe e suas amigas. 15 Nesse instante assomava à porta um parente nosso, o Revd.º Padre Carlos Peixoto de Alencar, já assustado com o choro que ouvira ao entrar – Vendo-nos a todos naquele estado de aflição, ainda mais perturbou-se: - Que aconteceu? Alguma desgraça? Perguntou arrebatadamente. 1 As senhoras, escondendo o rosto no lenço para ocultar do Padre Carlos o pranto e evitar seus remoques* , 20 não proferiram palavra. Tomei eu a mim responder: - Foi o pai de Amanda que morreu! Disse, mostrando-lhe o livro aberto. Compreendeu o Padre Carlos e soltou uma gargalhada, como ele as sabia dar, verdadeira gargalhada homérica, que mais parecia uma salva de sinos a repicarem do que riso humano. E após esta, outra e outra, 25 que era ele inesgotável, quando ria de abundância de coração, com o gênio prazenteiro de que a natureza o dotara. Foi essa leitura contínua e repetida de novelas e romances que primeiro imprimiu em meu espírito a tendência para essa forma literária [o romance] que é entre todas a de minha predileção? Não me animo a resolver esta questão psicológica, mas creio que ninguém contestará a influência das primeiras impressões. JOSÉ DE ALENCAR Como e porque sou romancista. Campinas: Pontes, 1990. *1 remoque: zombaria, caçoada 7. Não me animo a resolver esta questão psicológica, mas creio que ninguém contestará a influência das primeiras impressões. (ref. 25) Ao final do texto o autor levanta uma questão, mas diz que não pode resolvê-la. Entretanto, a segunda parte da frase sugere que o autor tem uma resposta. Este é um conhecido processo retórico, pelo qual o autor adota o procedimento indicado em a) criticar para negar b) negar para afirmar c) duvidar para justificar d) reconhecer para criticar GABARITO 1. A 2. D 3. C 4. A 5. C 6. B 7. B 3