PASTORAL ESCOLAR VICENTINA 2015 – PROVÍNCIA DE CURITIBA “O amor é criativo ao infinito!” SUBSÍDIO DE ESTUDO PARA OS/AS PASTORALISTAS VICENTINOS/AS Texto 3 Pe. Eusébio Spisla, CM Ir. Raquel de Fátima Colet, FC A CIVILIZAÇÃO DO AMOR: HORIZONTE DE AÇÃO EDUCATIVA A expressão “Civilização do Amor” foi proferida pela primeira vez pelo Papa Paulo VI em Pentecostes de 1970 e retomada em uma homilia em 25 de dezembro de 1975, no encerramento do Ano Santo. Em suas palavras, “a Civilização do Amor irá prevalecer frente lutas sociais implacáveis, e dará ao mundo a tão sonhada transfiguração da humanidade [...].”1 Posteriormente, seu sucessor João Paulo II se utilizará dela inúmeras vezes em seus discursos e escritos. Em uma delas, lembrando Paulo VI afirma que “ a civilização do amor é o fim para o qual devem tender todos os esforços tanto no campo social e cultural, como no campo económico e político [...]” (DM 142 ). Em síntese, a “Civilização do Amor” é uma categoria teológica que aponta para um projeto de ser humano e de sociedade que, longe de ser abstrato ou meramente afetivo e espiritual, comporta opções e ações concretas na promoção da vida digna para todos/as (cf. Jo 10,10). Na realidade concreta de cada época, os/as discípulos/as de Jesus são convidados/as a assumir essa tarefa. Contudo, construir a Civilização do Amor não é exclusividade dos/as cristãos/ãs, mas um convite a todas as pessoas de boa vontade, presentes em todas as culturas e credos. Na caminhada da Igreja latinoamericana, essa expressão tem sido bastante inspiradora tanto na reflexão teológica quanto no processo pastoral assumido. Em relação à evangelização da juventude, por exemplo, os três documentos referenciais da Pastoral Juvenil carregam no título o termo “Civilização do Amor”3. Como vicentinos/as, nosso modo de construir a Civilização do Amor passa pelo carisma que nos foi legado por Vicente de Paulo e Luísa de Marillac: o serviço de Jesus Cristo nos Pobres, realizado com amor afetivo e efetivo a partir das mais diversas frentes de atuação da Família Vicentina. Entendemos que, através da missão educativa, contribuímos para que o ser humano e a sociedade sejam mais justos, fraternos, humanizados e humanizadores. Esta tarefa está em estreita sintonia com a identidade e missão da Pastoral Escolar Vicentina, que se depara hoje com realidades diferentes das de anos atrás e por isso há necessidade de olhar a realidade em que se vive e se trabalha para que, levando em consideração o modo de viver das diferentes pessoas, se possa construir a Civilização do Amor, que nada mais é que o Reino de Deus. A reflexão que segue procurará articular a temática da Civilização do Amor em relação à pratica pedagógicapastoral assumida na educação cristã católica. Para isso, se utilizará como base o documento “Educar para o Diálogo Intercultural na Escola Católica: viver juntos para uma civilização do amor 4”, da Congregação para a Educação Católica, interagindo com a apresentação do tema na Agenda Escolar Vicentina 2015 (divisória mensal - abril) 1. A Civilização do amor é o outro nome do Reino de Deus! É a concretização do projeto do Criador para todos(as) seus filhos(as), e para toda a criação. (Agenda 2015) 1 Discurso disponível em http://w2.vatican.va/content/paul-vi/it/homilies/1975/documents/hf_pvi_hom_19751225.html Acesso em 24 de março de 2015. 2 Carta Encíclica Divina Misericórdia. 3 Pastoral da Juventude: sim à Civilização do Amor (1987); Civilização do Amor: tarefa e esperança (1997); e Civilização do Amor: projeto e missão (2013). 4 Documento completo disponível em http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccatheduc/documents/rc_con_ccatheduc_doc_201 31028_dialogo-interculturale_sp.html Acesso em 24 de março de 2015. “A caridade há de completar-se pela educação!” (Luisa de Marillac) PASTORAL ESCOLAR VICENTINA 2015 – PROVÍNCIA DE CURITIBA “O amor é criativo ao infinito!” A composição multicultural das sociedades atuais, favorecida pela globalização, é um fato constante. A presença simultânea de culturas distintas representa uma grande riqueza quando se vive o intercâmbio como fonte de recíproca prosperidade. Mas, constitui um problema relevante quando se vive a pluralidade das culturas como uma ameaça contra a coesão social, contra o exercício dos direitos individuais e do grupo. Não é fácil a realização de uma relação equilibrada e pacífica entre as culturas pré-existentes e culturas novas, caracterizadas por usos e costumes que se apresentam contrastantes. A grande responsabilidade das escolas ao propor a criação de uma Civilização do Amor é desenvolver em seus projetos educativos a dimensão do diálogo intercultural. Se trata de um objetivo árduo, difícil de ser alcançado, porém necessário. A educação por sua própria natureza requer a abertura às outras culturas, sem perder a própria identidade; requer o acolher o outro, evitando o risco de uma cultura fechada em si mesma e limitada. Portanto, é indispensável que as crianças, adolescentes e jovens assimilem, através da experiência escolar, instrumentos teóricos e práticos, que lhes proporcionem um maior conhecimento dos outros e de si mesmos, dos valores da própria cultura e da cultura de outros. Ademais, um intercâmbio aberto, dinâmico, ajudaria a compreender as diferenças para evitar os conflitos, e, pelo contrário, seria ocasião de enriquecimento e de harmonia. A prática da religião pode dar a resposta às perguntas fundamentais do homem e da mulher: “ Todos os povos, com efeito, constituem uma só comunidade. Têm uma origem comum, uma vez que Deus fez todo o gênero humano habitar a face da terra” (NA 15). A exigência do diálogo inter-religioso na ação pastoral e educacional hoje é percebida como fundamental. A religião representa um decisivo aporte na construção da comunidade local no respeito do bem comum e na busca da promoção de todo ser humano. Na carta encíclica Caritas in Veritate,6 Bento XVI diz que devemos “valorizar todos os homens e o homem todo” (CV 18). Essa valorização faz acontecer a Civilização do Amor tão querida por Cristo. A religião pode contribuir no relacionamento das pessoas “somente se Deus tem um lugar na esfera pública. A negação do direito de professar a própria religião e a trabalhar pelas verdades da fé tem consequências negativas sobre o desenvolvimento. A exclusão da religião no ambiente público, e fundamentalismo religioso por outro lado, impedem o encontro entre as pessoas e sua colaboração para o progresso da humanidade. No laicismo e no fundamentalismo se perde a possibilidade de um diálogo fecundo e de uma proveitosa colaboração entre a razão e a fé religiosa. “A razão necessita sempre ser purificada pela fé, e isto vale também para a razão política, que não deve crer-se onipotente. Por sua vez, a religião tem sempre necessidade de ser purificada pela razão para mostrar seu autêntico rosto humano. A ruptura deste diálogo dificulta em muito o crescimento do ser humano. Fé e razão devem, portanto, reconhecer-se e reciprocamente fecundar-se” (Idem). Para uma educação assim concebida, são lugares significativos as escolas e os institutos de educação superior católicos. Aquilo que define “católica” uma instituição educativa é o modo de referir-se a concepção cristã da realidade. “Jesus é o centro de tal concepção” (Congregação para a Educação Católica, 33). “Portanto as escolas católicas são lugares de evangelização, educação integral, inculturação e aprendizagem do diálogo entre os jovens de religiões e ambientes sociais diferentes” (João Paulo II, Exortação Apostólica Pós-sinodal Ecclesia in África, n. 102). O papa Francisco, referindo-se a um centro escolar da Albânia, declarou: “Depois de muitos anos de repressão das instituições religiosas, o centro escolar retomou sua atividade, acolhendo e educando jovens católicos, ortodoxos, muçulmanos e também alguns alunos nascidos em contextos familiares agnósticos. Assim, a escola se converteu em espaço de diálogo e de serena confrontação, para promover atitudes de respeito, escuta, amizade e espírito de colaboração” (Papa Francisco, Discurso aos estudantes das escolas dirigidas pelos Jesuítas na Itália e Albânia. Dia 7 de junho de 2013). Assim, o diálogo, fruto do conhecimento, deve 5 Declaração Nostra Aetate, do Concílio Vaticano II. Texto completo disponível em http://w2.vatican.va/content/benedictxvi/pt/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20090629_caritas-in-veritate.html Acesso em 24 de março de 2015. 6 “A caridade há de completar-se pela educação!” (Luisa de Marillac) PASTORAL ESCOLAR VICENTINA 2015 – PROVÍNCIA DE CURITIBA “O amor é criativo ao infinito!” ser cultivado para viver juntos e construir uma sociedade mais justa e fraterna, e um ambiente escolar onde reina a amizade, a alegria, a paz entre todos. 2. Civilização do amor é: Um ato de fé! Crer e buscar a Civilização do Amor significa que, frente a todos os desafios que a realidade possa apresentar um “outro mundo é possível”, onde a vida e as relações sejam pautadas pela justiça, pelo diálogo, pela paz, pela unidade na diversidade. . (Agenda 2015) A reflexão sobre as relações pautadas pela justiça, pelo diálogo, pela paz, pela unidade na diversidade tem sido objeto de inumeráveis intervenções eclesiais, sobretudo, no Concílio Vaticano II e no magistério subsequente. Na busca destes valores é preciso que se respeite a cultura de cada ser humano. O Concílio Vaticano II, afirmava que não se dá uma experiência verdadeiramente humana sem a inserção numa determinada cultura e sem o relacionamento fraterno com as pessoas. “É próprio da pessoa humana o não chegar a um nível verdadeiro e plenamente humano se não é mediante o criador” (GS7, n. 53). Toda cultura, que comporta uma reflexão sobre o mistério do mundo e, em particular, sobre o mistério do homem e da mulher, é um modo de dar expressão a dimensão transcendental da vida. O significado essencial da cultura consiste “no fato de ser uma característica da vida humana como tal. A vida humana é cultura também no sentido de que o homem através dela, se distingue e se diferencia de tudo o demais no mundo visível: o homem não pode prescindir da cultura. A cultura é um modo específico do existir, do ser do homem. O homem vive sempre segundo sua cultura que lhe é própria, e que, por sua vez, cria entre os homens um laço que lhes é também próprio, determinando o caráter inter-humano e social da existência humana” (João Paulo II, discurso na UNESCO dia 2 de junho de 1980). A definição do ser humano em suas relações com os outros seres humanos e com a natureza não satisfaz a pergunta fundamental: “quem é verdadeiramente o homem?” A antropologia cristã põe o fundamento do homem e da mulher, e de sua capacidade de fazer cultura no fato de serem criados à semelhança de Deus, Trindade de pessoas em comunhão. Já desde a criação do mundo nos é revelada a paciente pedagogia de Deus. Ao longo da história da salvação, Deus educa o seu povo em ordem da Aliança, quer dizer, à uma relação vital e a que se abra progressivamente a todos os povos. Esta Aliança tem o seu ponto forte em Jesus, que através de sua morte e ressurreição tem a feito “nova e eterna”. Desde então, o Espírito Santo continua ensinando a missão que Cristo confiou à sua Igreja. “Ide e evangelizai todas as nações... ensinando-lhes a observar tudo o que tenho mandado” (Mt 28,19-20). A Civilização do amor é possível, mas ela deve ser construída no respeito que se deve ter para com cada pessoa, pois cada um tem o seu modo de pensar e de agir, no respeito para com a sua cultura e sua religião, na valorização do ser humano, não importando quem ele seja e nem de onde provêm. Isso é possível graças a seu fundamento antropológico. Com efeito, o encontro se realiza sempre entre homens concretos. As pessoas tomam vida e se comunicam umas com as outras. Sair de si mesmos e considerar o mundo a partir do ponto de vista diverso não é negação se si, antes pelo contrário, é um necessário processo de valorização da própria identidade. Em outras palavras, a interdependência e a globalização entre povos e culturas devem estar centradas na pessoa. O Concílio Vaticano II descobriu bem esta situação. “O que é porém o homem? Ele emitiu e ainda emite muitas opiniões a respeito de si esmo, variadas e contrárias entre si. Numas muitas vezes se exalta como norma absoluta. Noutras deprime-se até o desespero. Donde sua hesitação e angústia. A Igreja percebe claramente estas dificuldades. Instruída pela revelação de Deus, pode darlhes uma resposta, na qual se delineia a verdadeira condição humana, respeitam-se as suas fraquezas e ao mesmo tempo se reconhecem de modo correto sua dignidade e vocação” (GS, N. 12b). 7 Constituição Pastoral Gaudium et Spes. “A caridade há de completar-se pela educação!” (Luisa de Marillac) PASTORAL ESCOLAR VICENTINA 2015 – PROVÍNCIA DE CURITIBA “O amor é criativo ao infinito!” Aqui aparece a necessidade de o homem e a mulher relacionarem-se com Deus e seus semelhantes, pois nasceram não para viverem isolados, mas em comunidade, pois não são somente indivíduos, uma espécie de nômades autossuficientes, mas devem estar abertos e orientados para aquilo que é diferente deles mesmos. Seus relacionamentos alcançam sua natureza profunda fundamentada no amor, a qual aspira toda pessoa para sentir-se plenamente realizada, tanto ao respeito do amor recebido como, por sua vez, a capacidade de dar o amor. “O homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si mesmo um ser incompreensível, sua vida fica privada e sem sentido se não valoriza o amor, se não se encontra com o amor, se não o experimenta, e o faz próprio, se não participa nele vivamente...Nessa dimensão o homem volta a encontrar a grandeza, a dignidade e o valor próprios da sua humanidade” (RH 108). O conceito do amor é compreendido de formas diversas dependendo das diferentes culturas. Na antiga Grécia o termo mais usado era o de eros, o amor-paixão, associado em geral com o desejo sensual. Também eram usados os termos philia, entendido como amor de amizade, e o de ágape, para designar uma auto estima diante do objeto ou pessoa amada. Na tradução bíblica e cristã se valoriza o aspecto oblativo do amor. Mas, a margem destas distinções e apesar da diversidade de dimensões há na realidade do amor uma profunda unidade que impulsiona a “um caminho permanente, com o sair do eu centrado em si mesmo para sua libertação na entrada de si e precisamente deste modo, para o reencontro consigo mesmo, e o descobrimento de Deus” (DCE n.69). O amor libertado do egoísmo é a via por excelência da fraternidade e da ajuda mútua para a perfeição entre as pessoas. É de natureza de todos os homes e mulheres viverem o amor, uma capacidade que lhes foi dada por Deus e que os realiza. Feliz é todo aquele que ama e é amado. O amor e a grande riqueza da pessoa, não importando a sua cultura, sua condição social e seus relacionamentos no dia a dia. O amor é o vínculo mais forte, autêntico e aceito, que une os homens entre si e os capacita para escutar o outro, para dar-lhe atenção e proporcionar-lhe a estima que merece. Do amor pode-se dizer que é o método e fim da vida mesma. É um verdadeiro tesouro buscado e testemunhado de maneiras e contextos diferentes por pensadores, santos, homens e mulheres de fé, figuras carismáticas que através dos séculos tem sido exemplo de sacrifício de si, contribuindo para a renovação espiritual e social. 3. Como um dos temas transversais da Educação Vicentina, a Civilização do Amor corresponde à utopia, aquilo que inspira e impulsiona a missão e a ação. (Agenda 2015) À luz do mistério trinitário de Deus, o relacionamento deve ser contemplado como Amor, lei fundamental do Ser humano: um amor não genérico, indistinto e puramente apoiado nas emoções, ligado à conveniência e às regras de intercâmbio, mas gratuito, tão forte e generoso como o amor de Jesus. Deus faz aliança com seu povo, pois seu amor nos une num só povo. A identidade do povo escolhido é seu amor a Deus, a vida na união e na esperança. Compreende os sinais dos tempos e dá uma resposta de fé. E Jesus nos alerta para que a lei do Evangelho, Lei do amor e da misericórdia, seja cumprida, e seu cumprimento começa em nós. Desta forma se entende que não é a lei nem a forma jurídica que constituem e mantêm viva uma comunidade, uma escola; antes é o espírito mesmo da lei, que é justa na medida em que põe ao serviço do bem comum e põe todas as condições de reciprocidade para serem cidadãos conscientes e responsáveis. A identidade de uma comunidade será mais madura quando mais fiel for aos valores de cooperação e solidariedade. A Escola Vicentina está investida de uma grande responsabilidade na educação e ela quer que todos os que fazem parte dela se realizem como pessoas humanas, que haja respeito mútuo, justiça e o amor seja vivido 8 9 Carta Encíclica Redemptor Hominis. Carta Encíclica Deus Caritas Est. “A caridade há de completar-se pela educação!” (Luisa de Marillac) PASTORAL ESCOLAR VICENTINA 2015 – PROVÍNCIA DE CURITIBA “O amor é criativo ao infinito!” na solidariedade e na entre ajuda entre professores, pais, educadores, responsáveis da instituição, entre professores e educandos/as, entre estes uns com os outros, respeitando a cultura, gênero, classe social e religião. Assim agindo podemos ser utópicos, isto é, acreditar na Civilização do Amor. O Reino de Deus acontece. A realidade das relações humanas e sociais na atualidade é marcada pelo imediatismo, por posturas de impaciência e não acolhida das situações que necessitam da sabedoria do tempo para se resolverem. Ao mesmo tempo, carecemos de pessoas sonhadoras, que, apesar dos desafios e dificuldades da caminhada, acalentam a esperança de dias melhores para si e para toda comunidade humana. Como diz o escritor uruguaio Eduardo Galeano: “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”. Na perspectiva do Reino de Deus, entendemos que a felicidade completa só a encontraremos na plenitude escatológica, na realização de nossa esperança que está no tempo e na vontade do Criador. Contudo, enquanto acalentamos esse abraço eterno, precisamos nos comprometer com a travessia da existência e com aqueles/as que nela caminham conosco. O Reino de Deus é a felicidade total em Deus, mas é também condições de vida digna para todos/as os/as seus/suas filhos/as que peregrinam na imanência. Como nos comunicou Jesus de Nazaré e descobriu Vicente e Luísa, essa dignidade passa pela atenção aos mais pobres, pela partilha dos bens, pela prática da justiça, pela denúncia das estruturas de morte, pelo diálogo respeitoso com as diferenças. A educação é uma forma privilegiada de despertar e cultivar utopias! Não pode ser meramente a socialização de conteúdos programáticos ou a preparação para a vida universitária ou mercado de trabalho. A escola católica precisa ser um espaço de humanização profundo, de formação integral de cada pessoa que por ela passa, seja educando/a, educador/a, famílias. Na época de Vicente de Paulo e Luísa de Marillac, a “Civilização do Amor” e “utopia” não existiam, nem eram empregadas enquanto categorias ou na compreensão teórica que delas temos hoje. Mas, certamente, as intuições essenciais do que elas representam eles as assumiram e traduziram em suas práticas, especialmente em favor dos mais pobres. Em sua missão de ser “espaço de cuidado e acompanhamento, educação da fé e serviço evangélico”, a Pastoral Escolar Vicentina é chamada a ser terreno fecundo onde as utopias do Reino possam germinar, florescer e frutificar. 4. Para rezar e celebrar as utopias da caminhada: CREDO DA CIVILIZAÇÃO DO AMOR10 Cremos que nosso DEUS nos chamou a viver na América Latina para construir seu Reino. Cremos que todos os HABITANTES DESTA TERRA têm direito a viver com dignidade, com justiça, com paz e liberdade. Cremos que todos os CRISTOS CRUCIFICADOS da América se levantarão ressuscitados e gloriosos pela solidariedade entre nossos povos. Cremos que podemos VIVER EM COMUNHÃO sem violência, sem guerras e sem opressão. Cremos que os POBRES, os indígenas, as crianças e os tristes são preferencialmente amados pelo Pai, e, por isso, nos declaramos irmãos deles. Cremos que cada FAMÍLIA de nossa terra necessita viver na fidelidade e na ternura. Cremos que os JOVENS americanos não podem viver passivamente suas horas e seus dias, mas devem ser os primeiros cidadãos dessa nova civilização. Cremos que uma PÁTRIA GRANDE é possível entre nós, povos do Caribe, do Atlântico e do Pacífico, de modo que nossas fronteiras não sejam muralhas que nos dividem, mas linhas de encontro fraternal. 10 Fonte: CELAM – CONSELHO EPISCOPAL LATINOAMERICANO. Civilização do Amor. Projeto e Missão. Brasília: Edições CNBB, 2013. pp. 349-350. “A caridade há de completar-se pela educação!” (Luisa de Marillac) PASTORAL ESCOLAR VICENTINA 2015 – PROVÍNCIA DE CURITIBA “O amor é criativo ao infinito!” Cremos que o ESPÍRITO DE DEUS anima a Santa Igreja, que, como um grande Povo da libertação, peregrina no continente. Cremos que MARIA, Mãe de Jesus, nos protege com carinho ao longo de nossa história. Ela nos impulsiona a partilhar o pão com os famintos, e a levantar do pó os humildes. Cremos ardentemente num céu novo e numa terra nova. E pedimos com insistência que a civilização do amor seja muito em breve realidade entre nós. Amém. Referências BÍBLIA. Nova Bíblia Pastoral. São Paulo: Paulus, 2014. CEEPAC - COMISSÃO ESPECIALIZADA DE EDUCAÇÃO DA PROVÍNCIA DE CURITIBA. Agenda Escolar Vicentina 2015. Curitiba: Gráfica Gigapress, 2015. CELAM – CONSELHO EPISCOPAL LATINOAMERICANO. Civilização do Amor. Projeto e Missão. Brasília: Edições CNBB, 2013 CONCÍLIO VATICANO II – Compêndio do Vaticano II: constituições, decretos e declarações. Petrópolis: Vozes, 1968. CONGREGACIÓN PARA LA EDUCACIÓN CATÓLICA. Educar al Diálogo Intercultural em la Escuela Católica. Vivir juntos para uma civilización del amor. Roma: 2013. Disponível em http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccatheduc/documents/rc_con_ccatheduc_doc_20131028 _dialogo-interculturale_sp.html Acesso em 25 de março de 2015. BENTO XVI. Carta Encíclica Caritas in Veritate. Roma: 2009. Disponível em http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20090629_caritas-inveritate.html Acesso em 24 de março de 2015. ___________ Carta Encíclica Deus Caritas Est. Roma: 2005. Disponível em http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/encyclicals/documents/hf_ben-xvi_enc_20051225_deuscaritas-est.html Acesso em 24 de março de 2015. FRANCISCO. Respostas do Santo Padre Francisco às perguntas dos representantes das Escolas dos Jesuítas na Itália e na Albânia. Roma: 2013 Disponível https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2013/june/documents/papafrancesco_20130607_scuole-gesuiti.html Acesso em 24 de março de 2015. JOÃO PAULO II. A Divina Misericórdia. Roma, 1980. Disponível em http://w2.vatican.va/content/john-paulii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_30111980_dives-in-misericordia.html Acesso em 24 de março de 2015. _______________ Discurso do Papa João Paulo II na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO. Paris: 1980. Disponível em http://w2.vatican.va/content/john-paulii/pt/speeches/1980/june/documents/hf_jp-ii_spe_19800602_unesco.html Acesso em 24 de março de 2015. _______________ Exortação apostólica pós-sinodal Ecclesia in Africa. Camarões: 1995. Disponível em http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_exhortations/documents/hf_jp-ii_exh_14091995_ecclesiain-africa.html Acesso em 24 de março de 2015. ________________ Carta Encíclica Redemptor Hominis. Roma: 1979. Disponível em http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_04031979_redemptorhominis.html Acesso em 24 de março de 2015. “A caridade há de completar-se pela educação!” (Luisa de Marillac)