ISSN 2316-7602 SAEP 2012 SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO PARANÁ REVISTA PEDAGÓGICA Língua Portuguesa 9º ano do Ensino Fundamental SEÇÃO 1 Avaliação: o ensino-aprendizagem como desafio SEÇÃO 2 Interpretação de resultados e análises pedagógicas SEÇÃO 3 Os resultados desta escola SEÇÃO 4 Desenvolvimento de capacidades EXPERIÊNCIA EM FOCO ISSN 2316-7602 Revista Pedagógica Língua Portuguesa 9º ano do Ensino Fundamental Sistema de Avaliação da Educação Básica do Paraná GOVERNO DO PARANÁ BETO RICHA SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO FLÁVIO ARNS DIRETORIA GERAL JORGE EDUARDO WEKERLIN SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO ELIANE TEREZINHA VIEIRA ROCHA DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS EZIQUIEL MENTA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA MARIA CRISTINA THEOBALD COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO KATYA APARECIDA DE CARVALHO PRUST Eliane Terezinha Vieira Rocha, Superintendente da Educação COM A PALAVRA, A SUPERINTENDENTE O Paraná desponta no cenário nacional por suas ações inovadoras e eficazes que consolidam e evidenciam uma educação efetiva, com políticas públicas coerentes desenvolvidas por meio de programas e projetos que buscam assegurar o ensino e a educação a todos os paranaenses, articulados por princípios de uma educação emancipadora. A emancipação se destaca pela importância que assume na vida dos cidadãos e no cotidiano das instituições escolares, a partir do momento que contribui para a formação humana em todas as suas dimensões; sendo assim, esse princípio perpassa a política educacional em sua totalidade, incluindo a Educação Básica e suas modalidades. A avaliação educacional em larga escala pode e deve ser incorporada de maneira extremamente positiva ao cotidiano da escola. Acreditamos na avaliação como uma perspectiva relevante de olhar sobre o processo educacional, tornando, desta forma, mais eficazes as nossas políticas e estratégias destinadas a dar consistência ao direito que todo cidadão tem de aprender. Entendemos que a implantação do Sistema de Avaliação da Educação Básica do Paraná (Saep) pela Secretaria de Estado da Educação - SEED - tem o intuito de compreender o que ocorre na escola para com ela contribuir ainda mais, fornecendo aos professores informações sobre o desempenho de seus alunos e possibilitando a definição de ações em cada escola. O Saep vai além dos resultados médios de proficiência ou produção de um indicador. Esta avaliação visa, também, diagnosticar os fatores extra e intraescolares que interferem no desempenho dos alunos. Com isso, será possível apontar novos caminhos para as escolas e para cada turma. Assim, SEED, NRE, escolas e comunidade terão condições de redefinir ações pedagógicas e administrativas, visando à melhoria da qualidade da educação. 1. avaliação: o ensino-aprendizagem como desafio página 10 sumário 2. interpretação de resultados e análises pedagógicas página 14 3. OS RESULTADOS DESTA ESCOLA página 51 EXPERIÊNCIA EM FOCO página 61 4. DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES página 53 1 AVALIAÇÃO: O ENSINO-APRENDIZAGEM COMO DESAFIO Caro(a) Educador(a), a Revista Pedagógica apresenta os fundamentos, a metodologia e os resultados da avaliação, com o objetivo de suscitar discussões para que as informações disponibilizadas possam ser debatidas e utilizadas no trabalho pedagógico. 10 um importante movimento em busca da qualidade a avaliação em larga escala deve ser concebida da educação vem ganhando sustentação em como instrumento capaz de oferecer condições paralelo às avaliações tradicionais: as avaliações para o desenvolvimento dos alunos e só tem externas, que são geralmente em larga escala e sentido quando é utilizada, na sala de aula, como possuem objetivos e procedimentos diferenciados uma ferramenta do professor para fazer com que daquelas realizadas pelos professores nas salas de os alunos avancem. o uso dessa avaliação de aula. Essas avaliações são, em geral, organizadas acordo com esse princípio demanda o seguinte a partir de um sistema de avaliação cognitiva raciocínio: por meio dos dados levantados, é dos alunos e aplicadas, de forma padronizada, possível que o professor obtenha uma medida a um grande número de pessoas. os resultados da aprendizagem de seus alunos, contrapondo aferidos pela aplicação de testes padronizados tais resultados àqueles alcançados no Estado e têm como objetivo subsidiar medidas que visem ao até mesmo à sua própria avaliação em sala de progresso do sistema de ensino e atendam a dois aula. verificar essas informações e compará-las propósitos principais: prestar contas à sociedade amplia a visão do professor quanto ao seu aluno sobre a efetividade dos serviços educacionais identificando aspectos que, no dia a dia, possam oferecidos à população e implementar ações que ter passado despercebidos. desta forma, os promovam a equidade e a qualidade da educação. resultados da avaliação devem ser interpretados Saep 2012 2012 72,9% em um contexto específico, servindo para a reorientação do processo de ensino, confirmando quais as práticas bem-sucedidas em sala de aula % N° de alunos Previstos: 265.285 N° de alunos avaliados*: 193.278 Percentual de participação: 72,9 e fazendo com que os docentes repensem suas ações e estratégias para enfrentar as dificuldades de aprendizagem detectadas. O SAEP a articulação dessas informações possibilita o Sistema de avaliação da Educação Básica consolidar a ideia de que os resultados de do Paraná foi criado em 2012 e visa fomentar desempenho dos alunos, mesmo quando abaixo do mudanças em busca de uma educação esperado, sempre constituem uma oportunidade de qualidade. Foram avaliadas as escolas para o aprimoramento do trabalho docente, estaduais do Paraná nas disciplinas de Língua representando um desafio a ser superado em prol Portuguesa e matemática do 9º ano do Ensino da qualidade e da equidade na educação. Fundamental e do 3° ano do Ensino médio. (*) O número de alunos avaliados é referente à disciplina de Língua Portuguesa. Revista Pedagógica 11 A AVALIAÇÃO EDUCACIONAL EM LARGA ESCALA O diagrama a seguir apresenta, passo a passo, a lógica do sistema de avaliação de forma sintética, indicando as páginas onde podem ser buscados maiores detalhes sobre os conceitos apresentados. A educação apresenta um grande desafio: ensinar com qualidade e de forma equânime, respeitando a individualidade e a diversidade. A avaliação em larga escala surge como um importante instrumento para reflexão sobre como melhorar o ensino. Para realizar a avaliação, é necessário definir o conteúdo a ser avaliado. Isso é feito por especialistas, com base em um recorte do currículo e nas especialidades educacionais. Esse recorte se traduz em conhecimentos considerados essenciais que formam a Matriz de Referência para avaliação. (Matriz de Referência) Página 16 Para ter acesso a toda a Coleção e a outras informações sobre a avaliação e seus resultados, acesse o site http://www.educacao.pr.gov.br/saep2012 12 Saep 2012 (Composição dos cadernos) Página 19 Através de uma metodologia especializada, é possível obter resultados precisos, não sendo necessário que os alunos realizem testes extensos. Os conhecimentos avaliados são ordenados de acordo com a complexidade em uma escala nacional, a qual permite verificar o desenvolvimento dos alunos. (Padrões de Desempenho) Página 36 Com base nos objetivos e nas metas de aprendizagem estabelecidas, são definidos os Padrões de Desempenho. A análise dos itens que compõem os testes elucida os conhecimentos desenvolvidos pelos alunos que estão em determinado Padrão de Desempenho. (Escala de Proficiência) Página 20 As informações disponíveis nesta Revista devem ser interpretadas e usadas como instrumento pedagógico. (Experiência em foco) Página 61 (Itens) Página 38 Os resultados da avaliação oferecem um diagnóstico do ensino e servem de subsídio para a melhoria da qualidade da educação. (Os resultados desta Escola) Página 51 Revista Pedagógica 13 2 INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS E ANÁLISES PEDAGóGICAS Esta seção traz os fundamentos da metodologia de avaliação externa do Saep 2012, a Matriz de Referência, a Teoria de Resposta ao Item (TRI) e a Escala de Proficiência. MATRIZ DE REFERÊNCIA Para realizar uma avaliação, é necessário definir o suas ações e as dos seus municípios”. diante da conteúdo que se deseja avaliar. Em uma avaliação garantia legal em nosso país, Estados e municípios em larga escala, essa definição é dada pela têm autonomia para elaborar suas próprias construção de uma matRIz dE REFERÊNcIa, orientações curriculares, desde que atendam que é um recorte do currículo e apresenta os a premissa emanada pelo conselho Nacional conhecimentos definidos para serem avaliados. a de Educação. LdB Nº 9 394/96 estabelece em seu art. 9º que 14 “a união incumbir-se-á de: inciso Iv – estabelecer, No Paraná temos as diretrizes curriculares em colaboração com os Estados, o distrito orientadoras da Educação Básica para a Rede Federal e os municípios, competências e diretrizes Estadual de Ensino, em que são consideradas as para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental características regionais e locais da sociedade e o Ensino médio, que nortearão os currículos e paranaense. desta forma, no Paraná visa-se seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar o desenvolvimento do processo de ensino formação básica comum;” e em seu art. 10º que aprendizagem em seu sistema educacional com “os Estados incumbir-se-ão de: inciso III – elaborar qualidade, atendendo às particularidades de seus e executar políticas e planos educacionais, em alunos. Pensando nisso, foi criada uma matriz consonância com as diretrizes e planos nacionais de Referência específica para a realização da de educação, integrando e coordenando as avaliação em larga escala do Saep. Saep 2012 e a matriz de Referência do Saep baseou-se na selecionados para a composição dos testes são matriz de Referência da Prova Brasil, no caderno escolhidos por serem considerados essenciais de Expectativas de aprendizagem e nas diretrizes para o período de escolaridade avaliado e por curriculares orientadoras da Educação Básica serem passíveis de medição por meio de testes do Estado do Paraná. Para compor a matriz foram padronizados de desempenho, compostos, na definidas as expectativas consideradas básicas maioria das vezes, apenas por itens de múltipla para os estudantes dos períodos escolares escolha. Há, também, outros conhecimentos avaliados. tais expectativas foram descritas necessários ao pleno desenvolvimento do sob a forma de capacidades e conhecimentos aluno que não se encontram na matriz de específicos, com o objetivo de garantir os requisitos Referência por não serem compatíveis com o estabelecidos pelo modelo de avaliação adotado modelo de teste adotado. a avaliação em larga e a utilização da escala de proficiência do Saeb. escala pretende obter informações gerais, importantes para se pensar a qualidade da É importante ressaltar que a matriz de educação, porém, ela só será uma ferramenta Referência não abarca todo o currículo e as para esse fim se utilizada de maneira coerente, expectativas de aprendizagem; portanto, não agregando novas informações às já obtidas deve ser confundida com ele nem utilizada como por ferramenta para a definição do conteúdo a ser instâncias educacionais, em consonância com ensinado em sala de aula. os conhecimentos a realidade local. professores e gestores nas devidas Revista Pedagógica 15 MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA 9º ano do Ensino Fundamental Elementos que compõem a Matriz MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA – PARANÁ 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL TÓPICO I. PROCEDIMENTOS DE LEITURA D1 Localizar informações explícitas em um texto. D2 Realizar inferência do sentido de uma palavra ou de uma expressão em um texto. O tópico agrupa por D3 Realizar inferência de uma informação implícita em um texto. afinidade um conjunto D4 Identificar o tema de um texto. de conhecimentos D5 Distinguir um fato de uma opinião. indicados pelos descritores. II. IMPLICAÇõES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU DO ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DO TExTO D6 Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto etc.). D7 Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros. III. RELAÇÃO ENTRE TExTOS D8 Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema. D9 Reconhecer posicionamentos em um ou mais textos que tratam do mesmo tema. IV. COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DO TExTO Leia o texto abaixo. D10 Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para sua continuidade. D11 Identificar a tese de um texto. Garfield – Natureza Disponível em: <http://comicsgarfield.blogspot.com/>. Acesso em: 3 dez. 2010. (P090559ES_SUP) (P090560ES) Nesse texto, a expressão “em toda parte” exprime circunstância de A) dúvida. B) lugar. C) modo. D) tempo. 16 Saep 2012 DESCRITORES Os descritores associam o conteúdo curricular a operações cognitivas, indicando os conhecimentos que serão avaliados por meio de um item. ITEM O item é uma questão utilizada nos testes de uma avaliação em larga escala e se caracteriza por avaliar um único conhecimento indicado por um descritor da Matriz de Referência. MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA – PARANÁ 9º ano do Ensino Fundamental I. Procedimentos de Leitura D1 Localizar informações explícitas em um texto. D2 Realizar inferência do sentido de uma palavra ou de uma expressão em um texto. D3 Realizar inferência de uma informação implícita em um texto. D4 Identificar o tema de um texto. D5 Distinguir um fato de uma opinião. II. Implicações do Suporte, do Gênero e/ou do Enunciador na Compreensão do Texto D6 Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto etc.). D7 Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros. III. Relação entre Textos D8 Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema. D9 Reconhecer posicionamentos em um ou mais textos que tratam do mesmo tema. IV. Coerência e Coesão no Processamento do Texto D10 Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para sua continuidade. D11 Identificar a tese de um texto. D12 Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la. D13 Identificar a informação principal de um texto. D14 Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto. D15 Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas pelo uso de elementoslinguísticos. D22 Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa. V. Relações entre Recursos Expressivos e Efeitos de Sentido D16 Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados. D17 Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outros recursos gráficos. D18 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão. D19 Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos estilísticos. VI. Variação Linguística D20 Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto. Revista Pedagógica 17 TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM (TRI) A Teoria de Resposta ao Item (TRI) é, em termos gerais, uma forma de analisar e avaliar os resultados obtidos pelos alunos nos testes, levando em consideração os conhecimentos demonstrados e os graus de dificuldade dos itens, permitindo a comparação entre testes realizados em diferentes anos. Ao realizarem os testes, os alunos obtêm um determinado nível de desempenho nos conhecimentos testados. Esse nível de desempenho denomina-se PROFICIÊNCIA. A TRI é uma forma de calcular a proficiência alcançada, com base em um modelo estatístico capaz de determinar um valor diferenciado para cada item que o aluno respondeu em um teste padronizado de múltipla escolha. Essa teoria leva em conta três parâmetros: • Parâmetro "A" A capacidade de um item de discriminar, entre os alunos avaliados, aqueles que desenvolveram os conhecimentos avaliados daqueles que não os desenvolveram. • Parâmetro "B" O grau de dificuldade dos itens: fáceis, médios ou difíceis. Os itens estão distribuídos de forma equânime entre os diferentes cadernos de testes, possibilitando a criação de diversos cadernos com o mesmo grau de dificuldade. • Parâmetro "C" A análise das respostas do aluno para verificar aleatoriedade nas respostas: se for constatado que ele errou muitos itens de baixo grau de dificuldade e acertou outros de grau elevado – o que é estatisticamente improvável, o modelo deduz que ele respondeu aleatoriamente às questões. O Saep utiliza a TRI para o cálculo de acerto do aluno. No final, a proficiência não depende apenas do valor absoluto de acertos, depende também da dificuldade e da capacidade de discriminação das questões que o aluno acertou e/ou errou. O valor absoluto de acertos permitiria, em tese, que um aluno que respondeu aleatoriamente tivesse o mesmo resultado que outro que tenha respondido com base em seus conhecimentos. O modelo da TRI evita essa situação e gera um balanceamento de graus de dificuldade entre as questões que compõem os diferentes cadernos e os conhecimentos avaliados em relação ao contexto escolar. Esse balanceamento permite a comparação dos resultados dos alunos ao longo do tempo e entre diferentes escolas. 18 Saep 2012 COMPOSIÇÃO DOS CADERNOS PARA A AVALIAÇÃO = 1 item No 9º ano do Ensino Fundamental, em Língua Portuguesa, são 91 itens, divididos em 7 blocos, com 13 itens cada. Língua Portuguesa iiiii i iiiii iii iiiii iii iii i ii iiiiiiiiiiiiiii i i ii iiii iiiii iii iiiii i iii ii iii iiiiiiiiiiiii iiiii Matemática iiiii i iiiii iii iiiii iii iii i ii iiiiiiiiiiiiiii i i ii iiii iiiii iii iiiii i iii ii iii iiiiiiiiiiiii iiiii i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i iiiiiiiiiiii iiiiiiiiiiiiii iiiiiiiiiiii iiiiiiiiiiiiii 4 blocos formam um caderno, totalizando 52 itens, sendo 26 itens de Língua Portuguesa e 26 itens de Matemática. CADERNO Ao todo, são 21 modelos diferentes de cadernos. Revista Pedagógica 19 DOMÍNIOS Apropriação do sistema da escrita Estratégias de leitura Processamento do texto CONHECIMENTOS DESCRITORES Identifica letras * Reconhece convenções gráficas * Manifesta consciência fonológica * Lê palavras * Localiza informação D1 Identifica tema D4 Realiza inferência D2, D3, D6, D16 D17, D18 e D19 Identifica gênero, função e destinatário de um texto D7 Estabelece relações lógico-discursivas D10, D13, D14 e D15 Identifica elementos de um texto narrativo D22 Estabelece relações entre textos D8 Distingue posicionamentos D5, D9, D11 e D12 Identifica marcas linguísticas D20 Padrões de desempenho - 9º ano do Ensino Fundamental * As aprendizagens relativas a esses conhecimentos são avaliadas nas séries iniciais do Ensino Fundamental. 20 Saep 2012 foi desenvolvimento dos conhecimentos para desenvolvida com o objetivo de traduzir os alunos que alcançaram determinado medidas nível de desempenho. A ESCALA em DE PROFICIÊNCIA diagnósticos qualitativos do desempenho escolar. Ela orienta, por exemplo, o trabalho do professor com Em geral, para as avaliações em larga relação aos conhecimentos que seus alunos escala da Educação Básica realizadas desenvolveram, apresentando os resultados no Brasil, os resultados dos alunos em em uma espécie de régua onde os valores Língua Portuguesa são colocados em uma obtidos são ordenados e categorizados em mesma Escala de Proficiência definida intervalos ou faixas que indicam o grau de pelo Sistema Nacional de Avaliação da ESCALA DE PROFICIÊNCIA EM Língua Portuguesa 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 Educação Básica (Saeb). Por permitirem ainda precisam ser trabalhados em sala ordenar os resultados de desempenho, as de aula, em cada etapa de escolaridade Escalas são importantes ferramentas para a avaliada. Com isso, os educadores interpretação dos resultados da avaliação. podem na atuar detecção com das maior precisão dificuldades dos A partir da interpretação dos intervalos da alunos, possibilitando o planejamento Escala, os professores, em parceria com a e a execução de novas ações para o equipe pedagógica, podem diagnosticar processo os A seguir é apresentada a estrutura da conhecimentos já desenvolvidos pelos alunos, bem como aqueles que de ensino-aprendizagem. Escala de Proficiência. A gradação das cores indica a complexidade da tarefa. Abaixo do básico Básico Adequado Avançado Revista Pedagógica 21 A Estrutura da Escala de Proficiência Na primeira coluna da Escala são apresentados Para compreender as informações presentes na os grandes Domínios do conhecimento em Escala de Proficiência, pode-se interpretá-la de Língua Portuguesa para toda a Educação Básica. três maneiras: Esses Domínios são agrupamentos de conteúdos que, por sua vez, agregam os conhecimentos • Primeira presentes na Matriz de Referência. Nas colunas seguintes são apresentados, respectivamente, os Perceber, a partir de um determinado Domínio, o conhecimentos presentes na Escala de Proficiência grau de complexidade dos conhecimentos a ele e os descritores da Matriz de Referência a associados, através da gradação de cores ao eles relacionados. longo da Escala. Desse modo, é possível analisar como os alunos desenvolvem os conhecimentos Os conhecimentos estão dispostos nas várias linhas da Escala. Para cada um deles há diferentes graus de complexidade representados por uma gradação de cores, que vai do amarelo-claro ao vermelho. Assim, a cor amarelo-claro indica o primeiro nível de complexidade do conhecimento, passando pelo amarelo-escuro, laranja-claro, laranja-escuro e chegando ao nível mais complexo, representado pela cor vermelha. Na primeira linha da Escala de Proficiência, e realizar uma interpretação que contribua para o planejamento do professor, bem como para as intervenções pedagógicas em sala de aula. • Segunda Ler a Escala por meio dos Padrões de Desempenho, que apresentam um panorama do desenvolvimento dos alunos em um determinado intervalo. Dessa forma, é possível relacionar os podem ser observados, numa escala numérica, conhecimentos desenvolvidos com o percentual intervalos divididos em faixas de 25 pontos, de alunos situado em cada Padrão. que estão representados de zero a 500. Cada intervalo corresponde a um nível e um • Terceira conjunto de níveis forma um PADRÃO DE 22 DESEMPENHO. Esses Padrões são definidos Interpretar a Escala de Proficiência a partir da pela Secretaria de Estado da Educação e abrangência da proficiência de cada instância representados em verde. Eles trazem, de forma avaliada: estado, NRE, município e escola. sucinta, um quadro geral das tarefas que os alunos Dessa forma, é possível verificar o intervalo são capazes de fazer, a partir do conjunto de em que a escola se encontra em relação às conhecimentos que desenvolveram. demais instâncias. Saep 2012 DOMÍNIOS E conhecimentos um Esta seção apresenta o detalhamento dos níveis de dos Domínios da Escala de Proficiência e complexidade dos conhecimentos nos diferentes aos respectivos intervalos de gradação de intervalos complexidade de cada conhecimento avaliado, descrição focaliza o desenvolvimento cognitivo é possível observar o nível de desenvolvimento do aluno ao longo do processo de escolarização aferido pelo teste e o desempenho esperado e o agrupamento dos conteúdos básicos ao dos alunos nas etapas de escolaridade em que aprendizado da Língua Portuguesa para toda a se encontram. Educação Básica. Ao relacionar os resultados a cada da Escala de Proficiência. Essa Para auxiliar na tarefa de acompanhar o desempenho dos alunos, na seção Desenvolvimento de Capacidades, há uma análise representativa por meio das aprendizagens relativas à coerência e coesão, abordando a perspectiva do seu ensino para esta etapa e sugestões de atividades e recursos pedagógicos que podem ser utilizados pelo professor. OS DOMÍNIOS E conhecimentos DA ESCALA DE PROFICIÊNCIA Apropriação do sistema da escrita Professor, a apropriação do sistema de escrita é condição para que o aluno leia com compreensão e de forma autônoma. Essa apropriação é o foco do trabalho nos anos iniciais do Ensino Fundamental, ao Identifica letras Reconhece convenções gráficas longo dos quais se espera que o aluno avance em suas hipóteses sobre a língua escrita. Neste domínio, os conhecimentos envolvem Manifesta consciência fonológica percepções acerca dos sinais gráficos que utilizamos na escrita – as letras – e sua organização na página e aquelas referentes a correspondências entre som e grafia. O conjunto desses Lê palavras conhecimentos descritos para este domínio conhecimentos permite ao alfabetizando ler com compreensão. Revista Pedagógica 23 Identifica letras 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 Uma das primeiras hipóteses que a criança formula com relação à língua escrita é a de que escrita e desenho são uma mesma coisa. Sendo assim, quando solicitada a escrever, por exemplo, “casa”, a criança pode simplesmente desenhar uma casa. Quando começa a ter contato mais sistemático com textos escritos, a criança observa o uso feito por outras pessoas e começa a perceber que escrita e desenho são coisas diferentes, reconhecendo as letras como os sinais que se deve utilizar para escrever. Para chegar a essa percepção, a criança deverá, inicialmente, diferenciar as letras de outros símbolos gráficos, como os números, por exemplo. Uma vez percebendo essa diferenciação, um próximo passo será o de identificar as letras do alfabeto, nomeando-as e sabendo identificá-las mesmo quando escritas em diferentes padrões. cinza 0 a 75 pontos Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram as aprendizagens relacionadas a esta conhecimento. amarelo-claro 75 a 100 pontos Alunos que se encontram em níveis de proficiência entre 75 e 100 pontos são capazes de diferenciar letras de outros rabiscos, desenhos e/ou outros sinais gráficos também utilizados na escrita. Esse é um nível básico de desenvolvimento deste conhecimento, representado na Escala pelo amarelo-claro. amarelo-escuro 100 a 125 pontos Alunos com proficiência entre 100 e 125 pontos são capazes de identificar as letras do alfabeto. Este novo nível de complexidade deste conhecimento é indicado, na Escala, pelo amarelo-escuro. vermelho acima de 125 pontos Alunos com nível de proficiência acima de 125 pontos diferenciam as letras de outros sinais gráficos e identificam as letras do alfabeto, mesmo quando escritas em diferentes padrões gráficos. Esse dado está indicado na Escala de Proficiência pela cor vermelha. RECONHECE CONVENÇÕES GRÁFICAS 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 Mesmo quando ainda bem pequenas, muitas crianças que têm contatos frequentes com situações de leitura imitam gestos leitores dos adultos. Fazem de conta, por exemplo, que leem um livro, folheando-o e olhando suas páginas. Esse é um primeiro indício de reconhecimento das convenções gráficas. Essas convenções incluem saber que a leitura se faz da esquerda para a direita e de cima para baixo ou, ainda, que, diferentemente da fala, se apresenta num fluxo contínuo e na escrita é necessário deixar espaços entre as palavras. 24 Saep 2012 cinza 0 a 75 pontos Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram as aprendizagens relacionadas a este conhecimento. amarelo-claro 75 a 100 pontos Alunos que se encontram em níveis de proficiência de 75 a 100 pontos reconhecem que o texto é organizado na página escrita da esquerda para a direita e de cima para baixo. Esse grau de desenvolvimento é representado na Escala pelo amarelo-claro. vermelho acima de 100 pontos Alunos com proficiência acima de 100 pontos, além de reconhecerem as direções da esquerda para a direita e de cima para baixo na organização da página escrita, também identificam os espaçamentos adequados entre palavras na construção do texto. Na Escala, este novo nível de complexidade do conhecimento está representado pela cor vermelha. Manifesta consciência fonológica 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 A consciência fonológica se desenvolve quando o sujeito percebe que a palavra é composta de unidades menores que ela própria. Essas unidades podem ser a sílaba ou o fonema. Esses conhecimentos são importantes para que o aluno seja capaz de compreender que existe correspondência entre o que se fala e o que se escreve. cinza 0 a 75 pontos Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram as aprendizagens relacionadas a este conhecimento. amarelo-claro 75 a 100 pontos Os alunos que se encontram em níveis de proficiência entre 75 e 100 pontos identificam rimas e sílabas que se repetem em início ou fim de palavra. Ouvir e recitar poesias, além de participar de jogos e brincadeiras que explorem a sonoridade das palavras contribui para o desenvolvimento desses conhecimentos. amarelo-escuro 100 a 125 pontos Alunos com proficiência entre 100 e 125 pontos contam sílabas de uma palavra lida ou ditada. Este novo nível de complexidade do conhecimento está representado na Escala pelo amarelo-escuro. vermelho acima de 125 pontos Alunos com proficiência acima de 125 pontos já desenvolveram esse conhecimento e esse fato está representado na Escala de Proficiência pela cor vermelha. Revista Pedagógica 25 Lê palavras 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 Para ler palavras com compreensão, o alfabetizando precisa desenvolver algumas aprendizagens. Uma delas, bastante elementar, é a capacidade de identificar as direções da escrita: de cima para baixo e da esquerda para direita. Em geral, ao iniciar o processo de alfabetização, o alfabetizando lê com maior facilidade as palavras formadas por sílabas no padrão consoante/vogal, isso porque, quando estão se apropriando da base alfabética, as crianças constroem uma hipótese inicial de que todas as sílabas são formadas por esse padrão. Posteriormente, em função de sua exposição a um vocabulário mais amplo e a atividades nas quais são solicitadas a refletir sobre a língua escrita, tornam-se hábeis na leitura de palavras compostas por outros padrões silábicos. cinza 0 a 75 pontos Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 75 pontos, ainda não desenvolveram as aprendizagens relacionadas a este conhecimento. amarelo-claro 75 a 100 pontos Na Escala de Proficiência, o amarelo-claro indica que os alunos que apresentam níveis de proficiência entre 75 e 100 pontos são capazes de ler palavras formadas por sílabas no padrão consoante/vogal, o mais simples, e que, geralmente, é objeto de ensino nas etapas iniciais da alfabetização. amarelo-escuro 100 a 125 pontos O amarelo-escuro indica, na Escala, que alunos com proficiência entre 100 e 125 pontos alcançaram um novo nível de complexidade da capacidade de ler palavras: a leitura de palavra formada por sílabas com padrão diferente do padrão consoante/vogal. vermelho acima de 125 pontos A cor vermelha indica que alunos com proficiência acima de 125 pontos já desenvolveram estes conhecimentos. Estratégias de leitura A concepção de linguagem que fundamenta o trabalho com a língua materna no Ensino Fundamental é a de que a linguagem é uma forma de interação entre os falantes. Consequentemente, o texto Localiza informação. Identifica tema. deve ser o foco do ensino da língua, uma vez que as interações entre os sujeitos, mediadas pela linguagem, se materializam na forma de textos de diferentes gêneros. O domínio “Estratégias de Leitura” reúne os conhecimentos que possibilitam ao leitor utilizar recursos variados para ler com compreensão textos de diferentes gêneros. 26 Saep 2012 Realiza inferência. Identifica gênero, função e destinatário de um texto. conhecimentos descritos para este domínio Localiza informação 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 A capacidade de localizar informação explícita em textos pode ser considerada uma das mais elementares. Com o seu desenvolvimento o leitor pode recorrer a textos de diversos gêneros, buscando neles informações de que possa necessitar. Essa capacidade pode apresentar diferentes níveis de complexidade - desde localizar informações em frases, por exemplo, até fazer essa localização em textos mais extensos - e se consolida a partir do desenvolvimento de um conjunto de conhecimentos que devem ser objeto de trabalho do professor em cada período de escolarização. Isso está indicado, na Escala de Proficiência, pela gradação de cores. cinza 0 a 100 pontos Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram as aprendizagens relacionadas a este conhecimento. amarelo-claro 100 a 125 pontos Alunos que se encontram em um nível de proficiência entre 100 e 125 pontos localizam informações em frases, pequenos avisos, bilhetes curtos, um verso. Isto é importante porque mostra que o leitor consegue estabelecer nexos entre as palavras que compõem uma sentença, produzindo sentido para o todo e não apenas para as palavras isoladamente. Na Escala de Proficiência, o nível de desenvolvimento deste conhecimento está indicado pelo amarelo-claro. amarelo-escuro 125 a 175 pontos Os alunos que apresentam proficiência entre 125 e 175 pontos localizam informações em textos curtos, de gênero familiar e com poucas informações. Esses leitores conseguem, por exemplo, a partir da leitura de um convite, localizar o lugar onde a festa acontecerá ou ainda, a partir da leitura de uma fábula, localizar uma informação relativa à caracterização de um dos personagens. Esses conhecimentos estão indicados, na Escala, pelo amarelo-escuro. laranja-claro 175 a 225 pontos Os alunos com proficiência entre 175 e 225 pontos localizam informações em textos mais extensos, desde que o texto se apresente em gênero que lhes seja familiar. Esses leitores selecionam, dentre as várias informações apresentadas pelo texto, aquela(s) que lhes interessa(m). Na Escala de Proficiência, o laranja-claro indica o desenvolvimento desses conhecimentos. laranja-escuro 225 a 250 pontos Os alunos com proficiência entre 225 e 250 pontos, além de localizar informações em textos mais extensos, conseguem localizá-las, mesmo quando o gênero e o tipo textual lhe são menos familiares. Isso está indicado, na Escala de Proficiência, pelo laranja-escuro. vermelho acima de 250 pontos A partir de 250 pontos, encontram-se os alunos que localizam informações explícitas, mesmo quando essas se encontram sob a forma de paráfrases. Esses alunos já desenvolveram a capacidade de localizar informações explícitas, o que está indicado, na Escala de Proficiência, pela cor vermelha. Revista Pedagógica 27 identifica tema 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 A capacidade de identificar tema se constrói pelo desenvolvimento de um conjunto de conhecimentos que permitem ao leitor perceber o texto como um todo significativo pela articulação entre suas partes. cinza 0 a 125 pontos Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram as aprendizagens relacionadas a este conhecimento. amarelo-claro 125 a 175 pontos Alunos que apresentam um nível de proficiência entre 125 e 175 pontos identificam o tema de um texto desde que esse venha indicado no título, como no caso de textos informativos curtos, notícias de jornal ou revista e textos instrucionais. Esses alunos começam a desenvolver a capacidade de identificar tema de um texto, fato indicado, na Escala de Proficiência, pelo amarelo-claro. amarelo-escuro 175 a 225 pontos Alunos com proficiência entre 175 e 225 pontos fazem a identificação do tema de um texto, valendose de pistas textuais. Na Escala de Proficiência, o amarelo-escuro indica este nível mais complexo de desenvolvimento da capacidade de identificar tema de um texto. laranja-claro 225 a 275 pontos Alunos com proficiência entre 225 e 275 pontos identificam o tema de um texto mesmo quando esse tema não está marcado apenas por pistas textuais, mas é inferido a partir da conjugação dessas pistas com a experiência de mundo do leitor. Justamente por mobilizar intensamente a experiência de mundo, alunos com este nível de proficiência conseguem identificar o tema em textos que exijam inferências, desde que os mesmos sejam de gênero e tipo familiares. O laranja-claro indica este nível de complexidade mais elevado desses conhecimentos. vermelho acima de 275 pontos Já os alunos com nível de proficiência a partir de 275 pontos identificam o tema em textos de tipo e gênero menos familiares que exijam a realização de inferências nesse processo. Esses alunos já desenvolveram a capacidade de identificar tema em textos, o que está indicado na Escala de Proficiência pela cor vermelha. 28 Saep 2012 Realiza inferência 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 Fazer inferências é uma capacidade bastante ampla e que caracteriza leitores mais experientes, que conseguem ir além daquelas informações que se encontram na superfície textual, atingindo camadas mais profundas de significação. Para realizar inferências, o leitor deve conjugar, no processo de produção de sentidos para o que lê, as pistas oferecidas pelo texto aos seus conhecimentos prévios, à sua experiência de mundo. Estão envolvidas na construção da capacidade de fazer inferências os conhecimentos que permitem ao aluno inferir o sentido de uma palavra ou expressão a partir do contexto no qual ela aparece; inferir o sentido de sinais de pontuação ou outros recursos morfossintáticos; inferir uma informação a partir de outras que o texto apresenta ou, ainda, o efeito de humor ou ironia em um texto. cinza 0 a 125 pontos Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram as aprendizagens relacionadas a este conhecimento. amarelo-claro 125 a 175 pontos O nível de complexidade deste conhecimento também pode variar em função de alguns fatores: se o texto apresenta linguagem não verbal, verbal ou mista; se o vocabulário é mais ou menos complexo; se o gênero textual e a temática abordada são mais ou menos familiares ao leitor, dentre outros. Alunos com proficiência entre 125 e 175 pontos apresentam um nível básico de construção desta capacidade, podendo realizar inferências em textos não verbais como, por exemplo, tirinhas ou histórias sem texto verbal, e, ainda, inferir o sentido de palavras ou expressões a partir do contexto em que elas se apresentam. Na Escala de Proficiência, o amarelo-claro indica essa etapa inicial de desenvolvimento da capacidade de realizar inferências. amarelo-escuro 175 a 225 pontos Alunos que apresentam proficiência entre 175 e 225 pontos inferem informações em textos não verbais e de linguagem mista, desde que a temática desenvolvida e o vocabulário empregado sejam familiares. Esses alunos conseguem, ainda, inferir o efeito de sentido produzido por alguns sinais de pontuação e o efeito de humor em textos como, por exemplo, piadas e tirinhas. Na Escala de Proficiência, o desenvolvimento desses conhecimentos pelos alunos está indicado pelo amarelo-escuro. laranja-claro 225 a 275 pontos Alunos com proficiência entre 225 e 275 pontos realizam tarefas mais sofisticadas como inferir o sentido de uma expressão metafórica ou efeito de sentido de uma onomatopeia; inferir o efeito de sentido produzido pelo uso de uma palavra em sentido conotativo e pelo uso de notações gráficas e, ainda, o efeito de sentido produzido pelo uso de determinadas expressões em textos pouco familiares e/ou com vocabulário mais complexo. Na Escala de Proficiência o desenvolvimento desses conhecimentos está indicado pelo laranja-claro. vermelho acima de 275 pontos Alunos com proficiência a partir de 275 pontos já desenvolveram a capacidade de realizar inferências, pois, além dos conhecimentos relacionados aos níveis anteriores da Escala, inferem informações em textos de vocabulário mais complexo e temática pouco familiar, valendo-se das pistas textuais, de sua experiência de mundo e de leitor e, ainda, de inferir o efeito de ironia em textos diversos, além de Revista Pedagógica 29 reconhecer o efeito do uso de recursos estilísticos. O desenvolvimento desses conhecimentos está indicado na Escala de Proficiência pela cor vermelha. Identifica gênero, função e destinatário de um texto 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 A capacidade de identificar gênero, função ou destinatário de um texto envolve aprendizagens cujo desenvolvimento permite ao leitor uma participação mais ativa em situações sociais diversas, nas quais o texto escrito é utilizado com funções comunicativas reais. Esses conhecimentos vão desde a identificação da finalidade com que um texto foi produzido até a percepção de a quem ele se dirige. O nível de complexidade que este conhecimento pode apresentar dependerá da familiaridade do leitor com o gênero textual, portanto, quanto mais amplo for o repertório de gêneros de que o aluno dispuser, maiores suas possibilidades de perceber a finalidade dos textos que lê. É importante destacar que o repertório de gêneros textuais se amplia à medida que os alunos têm possibilidades de participar de situações variadas, nas quais a leitura e a escrita tenham funções reais e atendam a propósitos comunicativos concretos. cinza 0 a 100 pontos Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram as aprendizagens relacionadas a este conhecimento. amarelo-claro 100 a 175 pontos Alunos que apresentam um nível de proficiência de 100 a 175 pontos identificam a finalidade de textos de gênero familiar como receitas culinárias, bilhetes, poesias. Essa identificação pode ser feita em função da forma do texto, quando ele se apresenta na forma estável em que o gênero geralmente se encontra em situações da vida cotidiana. Por exemplo, no caso da receita culinária, quando ela traz inicialmente os ingredientes, seguidos do modo de preparo dos mesmos. Além de identificarem uma notícia. Na Escala de Proficiência esse início de desenvolvimento deste conhecimento está indicado pelo amarelo-claro. amarelo-escuro 175 a 250 pontos Aqueles alunos com proficiência de 175 a 250 pontos identificam o gênero e o destinatário de textos de ampla circulação na sociedade, menos comuns no ambiente escolar, valendo-se das pistas oferecidas pelo texto, tais como: o tipo de linguagem e o apelo que faz a seus leitores em potencial. Na Escala de Proficiência, o grau de complexidade destes conhecimentos está indicado pelo amarelo-escuro. vermelho acima de 250 pontos Os alunos que apresentam proficiência a partir de 250 pontos já desenvolveram a capacidade de identificar gênero, função e destinatário de textos, ainda que estes se apresentem em gênero pouco familiar e com vocabulário mais complexo. Esse fato está representado na Escala de Proficiência pela cor vermelha. 30 Saep 2012 Processamento do texto Neste domínio estão agrupados conhecimentos cujo desenvolvimento tem início nas séries iniciais do Ensino Fundamental, progredindo em grau de complexidade até o final do Ensino Médio. Para melhor compreendermos o desenvolvimento destes conhecimentos, precisamos lembrar que a avaliação tem como foco a leitura, não se fixando em nenhum conteúdo específico. Na verdade, diversos conteúdos trabalhados no Estabelece relações lógico-discursivas Identifica elementos de um texto narrativo Estabelece relações entre textos Distingue posicionamentos decorrer de todo o período de escolarização contribuem para o Identifica marcas linguísticas desenvolvimento dos conhecimentos associados a este domínio. conhecimentos descritos para este domínio Chamamos de processamento do texto as estratégias utilizadas na sua constituição e sua utilização na e para a construção do sentido do texto. Neste domínio, encontramos conhecimentos, que serão detalhados a seguir, considerando que as cores apresentadas na Escala indicam o início do seu desenvolvimento, as gradações de dificuldade e sua consequente consolidação. Estabelece relações lógico-discursivas 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 A capacidade de estabelecer relações lógico-discursivas envolve conhecimentos necessários para que o leitor estabeleça relações que contribuem para a continuidade, progressão do texto, garantindo sua coesão e coerência. Esses conhecimentos relacionam-se, por exemplo, ao reconhecimento de relações semânticas indicadas por conjunções, preposições, advérbios ou verbos. Ainda podemos indicar a capacidade de o aluno reconhecer as relações anafóricas marcadas pelos diversos tipos de pronome. O grau de complexidade desses conhecimentos está diretamente associado a dois fatores: a presença dos elementos linguísticos que estabelecem a relação e o posicionamento desses elementos dentro do texto, por exemplo, se um pronome está mais próximo ou mais distante do termo a que ele se refere. cinza 0 a 150 pontos Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram as aprendizagens relacionadas a este conhecimento. amarelo-claro 150 a 200 pontos Os alunos que se encontram no intervalo amarelo-claro, de 150 a 200, começam a desenvolver a capacidade de perceber relações de causa e consequência em texto não verbal e em texto com Revista Pedagógica 31 linguagem mista, além de perceberem aquelas relações expressas por meio de advérbios ou locuções adverbiais como, por exemplo, de tempo, lugar e modo. amarelo-escuro 200 a 250 pontos No intervalo de 200 a 250, indicado pelo amarelo-escuro, os alunos já conseguem realizar tarefas mais complexas como estabelecer relações anafóricas por meio do uso de pronomes pessoais retos, e por meio de substituições lexicais. Acrescente-se que já começam a estabelecer relações semânticas pelo uso de conjunções, como as comparativas. laranja-claro 250 a 300 pontos No laranja-claro, intervalo de 250 a 300 pontos na Escala, os alunos atingem um nível maior de abstração na construção dos elos que dão continuidade ao texto, pois reconhecem relações de causa e consequência sem que haja marcas textuais explícitas indicando essa relação semântica. Esses alunos também reconhecem, na estrutura textual, os termos retomados por pronomes pessoais oblíquos, por pronomes demonstrativos e possessivos. vermelho acima de 300 pontos Os alunos com proficiência acima de 300 pontos na Escala estabelecem relações lógico-semânticas mais complexas, pelo uso de conectivos menos comuns ou mesmo pela ausência de conectores. A cor vermelha indica o desenvolvimento desses conhecimentos. É importante ressaltar que o trabalho com elementos de coesão e coerência do texto deve ser algo que promova a compreensão de que os elementos linguísticos que constroem uma estrutura sintática estabelecem entre si uma rede de sentido, a qual deve ser construída pelo leitor. Identifica elementos de um texto narrativo 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 Os textos com sequências narrativas são os primeiros com os quais todos nós entramos em contato tanto na oralidade quanto na escrita. Daí, observarmos o desenvolvimento desta capacidadea em níveis mais baixos da Escala de Proficiência, ao contrário do que foi visto no conhecimento anterior. Identificar os elementos estruturadores de uma narrativa significa conseguir dizer onde, quando e com quem os fatos ocorrem, bem como sob que ponto de vista a história é narrada. Esse conhecimento envolve, ainda, a capacidade de reconhecer o fato que deu origem à história (conflito ou fato gerador), o clímax e o desfecho da narrativa. Esses elementos dizem respeito tanto às narrativas literárias (contos, fábulas, crônicas, romances...) como às narrativas de caráter não literário, uma notícia, por exemplo. cinza 0 a 150 pontos Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram as aprendizagens relacionadas a este conhecimento. 32 Saep 2012 amarelo-claro 150 a 175 pontos Os alunos cuja proficiência se encontra entre 150 e 175 pontos na Escala, nível marcado pelo amareloclaro, estão começando a desenvolver esses conhecimentos. Esses alunos identificam o fato gerador de uma narrativa curta e simples, bem como reconhecem o espaço em que transcorrem os fatos narrados. amarelo-escuro 175 a 200 pontos Entre 175 e 200 pontos na Escala, há um segundo nível de complexidade, marcado pelo amarelo-escuro. Nesse nível, os alunos reconhecem, por exemplo, a ordem em que os fatos são narrados. vermelho acima de 200 pontos A partir de 200 pontos, os alunos agregam a esse conhecimento mais duas capacidades: o reconhecimento da solução de conflitos e do tempo em que os fatos ocorrem. Isso pode ocorrer sem que haja marcas explícitas, ou seja, pode ser necessário fazer uma inferência. A faixa vermelha indica o desenvolvimento desses conhecimentos. Estabelece relações entre textos 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 Esta capacidade diz respeito ao estabelecimento de relações intertextuais, as quais podem ocorrer dentro de um texto ou entre textos diferentes. É importante lembrar, também, que a intertextualidade é um fator importante para o estabelecimento dos tipos e dos gêneros, na medida em que os relaciona e os distingue. Esses conhecimentos começam a ser desenvolvidos em níveis mais altos da Escala de Proficiência, revelando, portanto, tratar-se de capacidades mais complexas, que exigem do leitor uma maior experiência de leitura. cinza 0 a 225 pontos Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 225 pontos, ainda não desenvolveram as aprendizagens relacionadas a este conhecimento. amarelo-claro 225 a 275 pontos Os alunos que se encontram entre 225 e 275 pontos na Escala, marcado pelo amarelo-claro, começam a desenvolver estes conhecimentos. Esses alunos reconhecem diferenças e semelhanças no tratamento dado ao mesmo tema em textos distintos, além de identificar um tema comum na comparação entre diferentes textos informativos. amarelo-escuro 275 a 325 pontos O amarelo-escuro, 275 a 325 pontos, indica que os alunos com uma proficiência que se encontra neste intervalo já conseguem realizar tarefas mais complexas ao comparar textos, como, por exemplo, reconhecer, na comparação entre textos, posições contrárias acerca de um determinado assunto. Revista Pedagógica 33 vermelho acima de 325 pontos A partir de 325 pontos, temos o vermelho que indica o desenvolvimento desses conhecimentos. Os alunos que ultrapassam esse nível na Escala de Proficiência são considerados leitores proficientes. Distingue posicionamentos 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 Distinguir posicionamentos está diretamente associado a uma relação mais dinâmica entre o leitor e o texto. cinza 0 a 200 pontos Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 200 pontos, ainda não desenvolveram as aprendizagens relacionadas a este conhecimento. amarelo-claro 200 a 225 pontos Esta capacidade começa a se desenvolver entre 200 e 225 pontos na Escala de Proficiência. Os alunos que se encontram no nível indicado pelo amarelo-claro distinguem, por exemplo, fato de opinião em um texto narrativo. amarelo-escuro 225 a 275 pontos No amarelo-escuro, de 225 a 275 pontos, encontram-se os alunos que já se relacionam com o texto de modo mais avançado. Neste nível de proficiência, encontram-se as capacidades de identificar trechos de textos em que está expressa uma opinião e a tese de um texto. laranja-claro 275 a 325 pontos O laranja-claro, 275 a 325 pontos, indica uma nova gradação de complexidade destes conhecimentos. Os alunos cujo desempenho se localiza neste intervalo da Escala de Proficiência conseguem reconhecer, na comparação entre textos, posições contrárias acerca de um determinado assunto. vermelho acima de 325 pontos O vermelho, acima do nível 325, indica o desenvolvimento destes conhecimentos. 34 Saep 2012 Identifica marcas linguísticas 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 Esta capacidade relaciona-se ao reconhecimento de que a língua não é imutável e faz parte do patrimônio social e cultural de uma sociedade. Assim, identificar marcas linguísticas significa reconhecer as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. Este conhecimento envolve as capacidades de reconhecer, por exemplo, marcas de coloquialidade ou formalidade de uma forma linguística e identificar o locutor ou interlocutor por meio de marcas linguísticas. cinza 0 a 125 pontos Os alunos cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram as aprendizagens relacionadas a este conhecimento. amarelo-claro 125 a 175 pontos Os alunos que se encontram no intervalo amarelo-claro, de 125 a 175 pontos na Escala, começam a desenvolver este conhecimento ao reconhecer expressões próprias da oralidade. amarelo-escuro 175 a 225 pontos No intervalo de 175 a 225, amarelo-escuro, os alunos já conseguem identificar marcas linguísticas que diferenciam o estilo de linguagem em textos de gêneros distintos. laranja-claro 225 a 275 pontos No intervalo de 225 a 275, laranja-claro, os alunos apresentam a capacidade de reconhecer marcas de formalidade ou de regionalismos e aquelas que evidenciam o locutor de um texto expositivo. laranja-escuro 275 a 325 pontos Os alunos que apresentam uma proficiência de 275 a 325 pontos, laranja-escuro, identificam marcas de coloquialidade que evidenciam o locutor e o interlocutor, as quais são indicadas por expressões idiomáticas. vermelho acima de 325 pontos A faixa vermelha, a partir do nível 325 da Escala de Proficiência, indica o desenvolvimento desses conhecimentos, o que é muito importante, pois implica a capacidade de realizar uma reflexão metalinguística. Revista Pedagógica 35 Abaixo do básico Básico Adequado Avançado PADRÕES DE DESEMPENHO ESTUDANTIL Os Padrões de Desempenho são categorias ações pedagógicas mais especializadas, de modo definidas a partir de cortes numéricos que a garantir o desenvolvimento dos conhecimentos agrupam os níveis da Escala de Proficiência, com necessários ao sucesso escolar, evitando, assim, a base nas metas educacionais estabelecidas pelo repetência e a evasão. Saep. Esses cortes dão origem a quatro Padrões de Desempenho – Abaixo do básico, Básico, Por outro lado, estar no Padrão mais elevado Adequado e Avançado –, os quais apresentam o indica o caminho para o êxito e a qualidade da perfil de desempenho dos alunos. aprendizagem dos alunos. Contudo, é preciso salientar que mesmo os alunos posicionados no Desta forma, alunos que se encontram em um Padrão mais elevado precisam de atenção, pois é Padrão de Desempenho abaixo do esperado para necessário estimulá-los para que progridam cada sua etapa de escolaridade precisam ser foco de vez mais. Além disso, os conhecimentos agrupados nos Padrões não esgotam tudo aquilo que os alunos desenvolveram e são capazes de fazer, uma vez que são abordadas aquelas capacidades consideradas essenciais em cada etapa de escolarização e possíveis de serem avaliadas num teste de múltipla escolha. Cabe aos docentes, através de instrumentos de observação e registro utilizados em sua prática cotidiana, identificarem outras características apresentadas por seus alunos que não são contempladas pelos Padrões. Isso porque, a despeito dos traços comuns a alunos que se encontram em um mesmo intervalo de proficiência, existem diferenças individuais que precisam ser consideradas para a reorientação da prática pedagógica. A seguir, são detalhados os conhecimentos específicos de cada padrão e apresentados exemplos de itens característicos de cada um deles. 36 Saep 2012 Abaixo do básico até 200 pontos 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 Neste Padrão de Desempenho, os alunos se limitam a realizar operações básicas de leitura, interagindo apenas com textos do cotidiano, de estrutura simples e de temáticas que lhes são familiares. Eles localizam informações explícitas. Além disso, realizam inferências de informações, de efeito de sentido de palavra ou expressão, de efeito do emprego de pontuação e de efeitos de humor. Identificam, também, a finalidade desses textos. Quanto aos textos de estrutura narrativa, identificam personagem, cenário e tempo. Na apropriação de elementos que estruturam o texto, manifestam-se operações de retomada de informações, por meio de pronomes pessoais retos, por substituição lexical e por reconhecimento de relações lógico-discursivas no texto, marcadas por advérbios e locuções adverbiais e por marcadores de causa e consequência. No campo da variação linguística, eles reconhecem expressões representativas da linguagem coloquial. Considerando os conhecimentos descritos, constata-se que esses alunos, após nove anos de escolaridade, apresentam lacunas no processo de desenvolvimento da capacidade leitora. Revista Pedagógica 37 Leia o texto abaixo. Garfield – Natureza Disponível em: <http://comicsgarfield.blogspot.com/>. Acesso em: 3 dez. 2010. (P090559ES_SUP) (P090560ES) Nesse texto, a expressão “em toda parte” exprime circunstância de A) dúvida. B) lugar. C) modo. D) tempo. Este item avalia a capacidade de estabelecer relações lógicodiscursivas em um texto através do uso de advérbios. o suporte é A B C D 7,8% 79,5% 7,5% 4,9% uma tirinha, gênero familiar a alunos deste nível de escolarização. o comando solicita que o aluno identifique qual é a circunstância expressa pelos termos “em toda parte”. os alunos que optaram pela letra B, 79,5%, o gabarito, reconheceram que a expressão indica o lugar da fazenda onde está “toda a natureza”. os alunos que optaram pela letra a, 7,8%, podem ter considerado a expressão do gato, inferindo que ele não compreende o que o homem está dizendo, chegando à ideia de dúvida. Já os alunos que marcaram a alternativa c, 7,5%, possivelmente entenderam que a expressão indica o modo como a natureza se manifesta na fazenda. os alunos que marcaram a alternativa d, 4,9%, podem ter inferido que a expressão “em toda parte” tem o mesmo sentido de “a todo o momento”, chegando, dessa forma, à ideia de tempo. 38 Saep 2012 �+� percentual de acerto 79,5% Básico de 200 a 275 pontos 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 Os alunos cujas médias de proficiência estão situadas neste Padrão de Desempenho ampliam sua capacidade de leitura, sendo capazes de interagir com textos de temática menos familiar e de estrutura um pouco mais complexa. No que diz respeito à percepção de posicionamentos no texto, esses alunos conseguem distinguir fato de opinião e identificar a tese e os argumentos que a defendem. Na apropriação de elementos que estruturam o texto, manifestamse operações de retomada de informações através de pronomes pessoais e, também, de indefinidos, por substituição lexical e reconhecimento de relações lógico-discursivas no texto, marcadas por advérbios e locuções adverbiais e marcadores de causa e consequência. No que diz respeito ao tratamento das informações globais, esses alunos inferem o assunto de textos de temática do cotidiano. Revelam a capacidade de selecionar informações do texto, distinguindo a principal das secundárias. No campo da variação linguística, identificam interlocutores por meio das marcas linguísticas. Com relação às operações inferenciais, eles depreendem informações implícitas, o sentido de palavras ou expressões, o efeito do uso pontuação e de situações de humor. Além disso, reconhecem o efeito de sentido de notações em um texto de linguagem mista. Revista Pedagógica 39 Leia o texto abaixo. Quatis roubam a cena em parque 5 10 15 Pedalinho, quadras de futebol, piscina, pista de bicicross. Que nada! A sensação do Parque Ecológico do Tietê, na Penha (zona leste de São Paulo), são os ativos e gulosos quatis. Na trilha ecológica, as crianças se divertem com os bichos. E os representantes da espécie Nasua nasua são nada “na deles”. Se alguém oferece um salgadinho, os quatis querem logo o pacote inteiro. E não adianta esconder, porque eles têm ótimo olfato. Tayná dos Santos, 14, que diga. Quando a Folha esteve no parque, no domingo passado, ela disputava com um quati sua mochila incrementada. “É que eu dei uma batata frita para ele e depois guardei o pacote aí dentro”, afirmou, rindo muito. Mas logo relembrou episódios menos felizes. “Quando eu tinha cinco anos, dei uma bolacha e levei uma mordida no dedo. Doeu muito!”. Mais à frente na trilha, famílias domingueiras – o parque recebe cerca de 40 mil visitantes no fim de semana – se divertem com um bando de pelo menos 30 quatis. […]. Alimentar os quatis traz risco à saúde dos bichos e das pessoas. A contaminação por raiva é avaliada constantemente nos animais, mas não é possível garantir que o quati não tenha pego a doença recentemente, explica Liliane Milanelo, que coordena o centro de recuperação de animais silvestres do parque. […]. Segundo a veterinária, se as pessoas não pararem de dar comida aos quatis, os animais poderão ser retirados do local. Cotidiano. Folha de São Paulo, 31 out. 2010. (P090293ES_SUP) (P090294ES) No trecho “A sensação do Parque Ecológico...” (ℓ. 1-2), a palavra destacada significa A) atividade. B) atração. C) frequência. D) inovação. Este item avalia a capacidade de inferir o sentido cumprindo uma atividade própria deles. Já os de uma palavra em um texto. O suporte é um alunos que marcaram a alternativa C, 7%, podem fragmento de notícia de jornal, gênero familiar a ter dado atenção ao fato de que os quatis passaram alunos deste nível de escolarização. a se tornar bastante frequentes no parque. O comando solicita que o aluno escolha, entre as Os alunos que marcaram a alternativa D, 8,6%, opções de resposta, a que apresenta o sentido da podem ter inferido que a aparição dos quatis foi palavra destacada no contexto. algo inovador no parque, por não ter ocorrido antes. Os alunos que reconheceram, a partir da leitura do A texto, o sucesso que os quatis fizeram no parque, 11,4% associando essa informação ao termo, optaram pela B, 72,7%, o gabarito. Os alunos que optaram pela letra A, 11,4%, possivelmente relacionaram o termo à ideia de que os quatis faziam parte do parque e estavam 40 Saep 2012 B C D 72,7% 7% 8,6% 72+28 percentual de acerto 72,7% Leia o texto abaixo. BROWNE, Dik. Hagar, o horrível. L&M Pocket, 1997. (P9705BH_SUP) (P9705BH) Nesses quadrinhos, o cobrador de impostos usa a jaula para A) socorrer o contribuinte. B) ameaçar o contribuinte. C) carregar os pagamentos. D) fazer mistério. Este item avalia a capacidade de compreender texto que associa linguagem verbal e não verbal. a leitura adequada depende da A B C D 3,5% 67,8% 11,1% 17,4% relação que se estabelece entre o texto escrito e as imagens. o suporte é uma tirinha, gênero familiar a alunos desta etapa de escolaridade. o comando solicita que o aluno identifique o sentido decorrente do uso da jaula no contexto. os alunos que optaram pela letra a, 3,5%, podem ter pensado que a jaula tinha a função de auxiliar o contribuinte a se esconder do cobrador de impostos. Já os alunos que optaram pela letra B, 67,8%, ��+ percentual de acerto 67,8% o gabarito, compreenderam a situação exposta na tirinha, na qual o cobrador ameaça a personagem ao dizer que, na jaula se encontra alguém encarregado de cobrar aqueles que disserem “não”. os alunos que marcaram a alternativa c, 11,1%, podem ter entendido que dentro da jaula havia o dinheiro recolhido através dos impostos. Já os alunos que marcaram a alternativa d, 17,4%, possivelmente deram mais atenção ao fato de não ser possível observar o que está dentro da jaula, chegando à ideia de mistério. Revista Pedagógica 41 Adequado de 275 a 325 pontos 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 Os conhecimentos característicos deste Padrão de Desempenho revelam um avanço no desenvolvimento da capacidade leitora, pois os alunos demonstram ser capazes de realizar inferência de sentido de palavras/expressões em textos literários em prosa e verso, interpretar textos de linguagem mista, reconhecer o efeito de sentido do uso de recursos estilísticos e de ironia e identificar o valor semântico de expressões adverbiais pouco usuais. No campo da variação linguística, reconhecem expressões de linguagem informal e marcas de regionalismo. Além de reconhecerem a gíria como traço de informalidade. Quanto ao tratamento das informações globais do texto, distinguem a informação principal das secundárias e identificam gêneros textuais diversos. No que concerne à estrutura textual, reconhecem relações lógico-discursivas expressas por advérbios, locuções adverbiais e conjunções. Na realização de atividades de retomada por meio do uso de pronomes, esses alunos conseguem recuperar informações por meio do uso de pronomes relativos. Eles demonstram, ainda, a capacidade de localizar informações em textos expositivos e argumentativos, além de identificar a tese de um artigo de opinião e reconhecer a adequação vocabular como estratégia argumentativa. Neste Padrão, os alunos demonstram, portanto, uma maior familiaridade com textos de diferentes gêneros e tipologias. 42 Saep 2012 Leia o texto abaixo. Conto de Escola 5 10 15 A Escola era na Rua do Costa, um sobradinho de grade de pau. O ano era de 1840. Naquele dia – uma segunda-feira, do mês de maio – deixei-me estar alguns instantes na Rua da Princesa a ver onde iria brincar a manhã. Hesitava entre o morro de S. Diogo e o Campo de Sant’Ana, que não era então esse parque atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito, alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o problema. De repente disse comigo que o melhor era a escola. E guiei para a escola. [...] Ora, foi a lembrança do último castigo que me levou naquela manhã para o colégio. Não era um menino de virtudes. Subi a escada com cautela, para não ser ouvido do mestre, e cheguei a tempo; ele entrou na sala três ou quatro minutos depois. Entrou com o andar manso do costume, em chinelas de cordovão, com a jaqueta de brim lavada e desbotada, calça branca e tesa e grande colarinho caído. Chamava-se Policarpo e tinha perto de cinquenta anos ou mais. [...] Os meninos, que se conservaram de pé durante a entrada dele, tornaram a sentar-se. Tudo estava em ordem; começaram os trabalhos. – Seu Pilar, eu preciso falar com você, disse-me baixinho o filho do mestre. Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia com o tempo o que não podia fazer logo com o cérebro. [...] 20 suetos – feriados, ato de faltar às aulas cordovão – couro de cabra curtido ASSIS, Machado de. Conto de escola. In: Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar 1994. v. II. Fragmento. (P090551ES_SUP) No trecho “Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, inteligência tarda.” (ℓ. 19-20), a palavra destacada tem o sentido de (P090551ES) A) apavorado. B) fraco. C) indiferente. D) lento. Revista Pedagógica 43 Este item avalia a capacidade de inferir o sentido de uma palavra no contexto em que está inserida. O suporte é o fragmento de um conto, gênero familiar a alunos deste nível de escolarização. O comando solicita que o aluno encontre o sentido da palavra “mole” dentro da narrativa. A B C D 8,4% 32,7% 11,9% 46,8% 47+53 percentual de acerto 46,8% Os alunos que optaram pela letra A, 8,4%, possivelmente consideraram que o menino estava apavorado com a presença do professor, enquanto aqueles que optaram pela letra B, 32,7%, podem ter interpretado a palavra em um sentido mais literal e fora de contexto, associando “moleza” à ideia de “fraqueza”. Os alunos que marcaram a alternativa C, 11,9%, podem ter associado “moleza” a alguém que não dá atenção às coisas, inferindo que o termo caracteriza uma pessoa indiferente. Já os alunos que marcaram a alternativa D, 46,8%, chegaram ao gabarito associando o termo à informação seguinte, de que o menino “gastava duas horas em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos”, concluindo que se tratava de uma pessoa lenta. 44 Saep 2012 Leia o texto abaixo. As ondas do mar Uma vez mais, As ondas do mar... Uma voz sobre as demais, Das ondas do mar... 5 Escrevo na areia um poema, Apagam as ondas do mar... Me deito na esteira, Me molham as ondas do mar... 10 Recebo no corpo quente O carinho das ondas do mar... Vêm e voltam espumando alucinadas, As ondas do mar... Parto pra longe, mas ainda escuto, Vejo e sinto as ondas do mar... JOSÉ, Elias. Cantigas de adolescer. Atual. p. 55. (P060023B1_SUP) Nesse texto, a expressão “ondas do mar” é repetida para A) mostrar como as ondas atrapalham. B) mostrar que as ondas são cansativas. C) indicar a frequência das ondas do mar. D) indicar que o autor vive em uma praia. (P060023B1) Este item avalia a capacidade de identificar o efeito de sentido decorrente do uso de um recurso estilístico. O suporte é um poema, gênero familiar a alunos deste nível de escolarização. A estrutura não linear das frases e o vocabulário podem ser elementos de dificuldade para a compreensão textual. O comando solicita que o aluno escolha, entre as alternativas de resposta, aquela que explica o porquê da repetição da expressão “ondas do mar” ao longo do texto. Os alunos que optaram pela letra A, 7,3%, podem ter sido influenciados pela terceira estrofe, inferindo que as ondas atrapalham o eu lírico, no momento em que apagam o que ele escreve na areia. Já aqueles que optaram pela letra B, 7,0%, podem ter entendido que a repetição busca produzir um efeito de cansaço no leitor. ao conteúdo do poema, compreendendo que a repetição busca reproduzir o movimento de vai-evem das ondas, indicando a frequência das mesmas. Os alunos que marcaram a alternativa D, 32,2%, podem ter realizado uma inferência geral do texto e não do recurso estilístico em si, concluindo que, por estar em contato constante com as ondas do mar, o poeta vive em uma praia. A B C D 7,3% 7% 53,2% 32,2% 53+47 percentual de acerto 53,2% Os alunos que marcaram a alternativa C, 53,2%, relacionaram corretamente o recurso estilístico Revista Pedagógica 45 Avançado acima de 325 pontos 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500 A análise dos conhecimentos encontrados neste Padrão permite afirmar que os alunos que nele se encontram são capazes de interagir com textos de tema e vocabulário complexos e não familiares. Os alunos reconhecem os efeitos de sentido do uso de recursos morfossintáticos diversos, de notações, de repetições, de escolha lexical, em gêneros de várias naturezas e temáticas, ou seja, demonstram maior conhecimento linguístico associado aos aspectos discursivos dos textos. Eles realizam, ainda, operações de retomadas com alta complexidade (usando pronomes demonstrativos e indefinidos, retos, incluindo também elipses). São capazes de analisar, com profundidade, uma maior gama de textos argumentativos, narrativos, expositivos, instrucionais e de relato, observando diversas categorias ainda não atingidas anteriormente, tanto no interior do texto quanto na comparação entre eles. Na comparação, inferem diferentes posicionamentos em relação ao mesmo assunto em textos de tipologias diferentes. No tocante à análise de textos que conjugam diversas tipologias, são capazes de identificá-las e analisá-las, reconhecendo seus objetivos separada ou conjuntamente. Analisam gêneros textuais híbridos, considerando as condições de produção e os efeitos de sentido pretendidos. Em textos literários complexos, inferem o significado da metáfora e o efeito de sentido pretendido com seu uso. Assim, os alunos que se posicionam acima de 325 pontos na Escala de Proficiência podem ser considerados leitores proficientes, ou seja, são leitores que conseguem selecionar informações, levantar hipóteses, realizar inferências, regular sua leitura, a fim de corrigir sua trajetória quando suas hipóteses não são confirmadas pelo texto. 46 Saep 2012 Leia o texto abaixo. Quatis roubam a cena em parque 5 10 15 Pedalinho, quadras de futebol, piscina, pista de bicicross. Que nada! A sensação do Parque Ecológico do Tietê, na Penha (zona leste de São Paulo), são os ativos e gulosos quatis. Na trilha ecológica, as crianças se divertem com os bichos. E os representantes da espécie Nasua nasua são nada “na deles”. Se alguém oferece um salgadinho, os quatis querem logo o pacote inteiro. E não adianta esconder, porque eles têm ótimo olfato. Tayná dos Santos, 14, que diga. Quando a Folha esteve no parque, no domingo passado, ela disputava com um quati sua mochila incrementada. “É que eu dei uma batata frita para ele e depois guardei o pacote aí dentro”, afirmou, rindo muito. Mas logo relembrou episódios menos felizes. “Quando eu tinha cinco anos, dei uma bolacha e levei uma mordida no dedo. Doeu muito!”. Mais à frente na trilha, famílias domingueiras – o parque recebe cerca de 40 mil visitantes no fim de semana – se divertem com um bando de pelo menos 30 quatis. […]. Alimentar os quatis traz risco à saúde dos bichos e das pessoas. A contaminação por raiva é avaliada constantemente nos animais, mas não é possível garantir que o quati não tenha pego a doença recentemente, explica Liliane Milanelo, que coordena o centro de recuperação de animais silvestres do parque. […]. Segundo a veterinária, se as pessoas não pararem de dar comida aos quatis, os animais poderão ser retirados do local. Cotidiano. Folha de São Paulo, 31 out. 2010. (P090293ES_SUP) (P090295ES) No trecho “... se as pessoas não pararem...” (ℓ. 18), a palavra destacada indica A) causa. B) condição. C) explicação. D) tempo. Revista Pedagógica 47 Esse item avalia a habilidade de o aluno estabelecer relações lógicodiscursivas presentes no texto, marcadas pelo uso de elementos A B C D 37,8% 28,5% 24,3% 9,1% linguísticos. O texto que dá suporte ao item é uma reportagem veiculada em um jornal de circulação nacional, cuja linguagem é adequada aos alunos dessa etapa de escolarização. Além disso, a temática abordada é de fácil assimilação pelos mesmos. 28+72 percentual de acerto 28,5% Nesse caso, o item avalia se o aluno consegue compreender a ideia expressa por uma conjunção subordinativa com valor condicional. Para isso, os alunos precisariam associar o trecho destacado no comando ao restante do texto, percebendo que esse trecho introduz a condição necessária (os visitantes não alimentarem os quatis) para que os animais não sejam retirados do parque. Os alunos que marcaram a alternativa A – 37,8% – entenderam de forma equivocada que a oração em destaque no comando seria a causa de os animais serem retirados do parque, portanto o conectivo “se” teria valor causal. Aqueles que optaram pela alternativa B – 28,5% – conseguiram acompanhar a sequência textual e perceberam que o valor expresso pela conjunção em destaque no comando para resposta é condicional, demonstrando que já desenvolveram a habilidade avaliada. Os alunos que optaram pela alternativa C – 24,3% – demonstraram ter desconsiderado a conjunção e o contexto no qual ela está inserida e, provavelmente, foram guiados pelo trecho “Segundo a veterinária”, entendendo, de forma equivocada, que a conjunção introduziria uma explicação. Finalmente, a opção pela alternativa D – 9,1% – demonstra uma inferência equivocada por parte desses alunos, já que eles, provavelmente, entenderam que a conjunção condicional “se” seria o elemento de ligação entre a oração que está no presente e a oração subsequente que está no futuro, portanto seria uma marcação temporal. Esses alunos, assim como aqueles que escolheram as alternativas A e C, ainda não desenvolveram a habilidade de identificar o valor expresso por uma conjunção subordinativa condicional. 48 Saep 2012 Leia o texto abaixo. Revolução nos cinemas Naves saltando da tela, monstros prestes a atacar o público e sensação de estar voando são alguns exemplos de cenas dos filmes em 3D que se tornaram febre nos últimos anos. A cada nova produção, a tecnologia nas salas de cinema fica aprimorada, levando o espectador para mais perto do real. Por isso, investir em películas tem sido a regra em todo o mundo – e sempre dando lucros. Segundo levantamento da Agência Nacional do Cinema (Ancine) realizado de 1º de janeiro a 2 de setembro de 2010, o filme Shrek para sempre 3D registrou lucro de R$ 70,1 milhões – a maior renda bruta dos cinemas brasileiros. A animação teve 779 cópias exibidas em 687 salas em todo o país, para um público de 7,3 milhões de pessoas. [...] O filme que bateu recorde de bilheterias no mundo todo e aqui no Brasil, de acordo com o Grupo Severiano Ribeiro, foi Avatar 3D, faturando mais de US$ 2,5 bilhões. Em terras brasileiras, o filme ultrapassou o posto anterior que pertencia ao filme A era do gelo 3. 5 10 TORRES, Bruna. Correio Braziliense. Brasília, quinta-feira, 4 nov. 2010. Caderno de Artes. p. 14. Fragmento. (P090403ES_SUP) Nesse texto, o argumento que sustenta a tese de que “investir em películas tem sido a regra em todo o mundo e dá lucro” é que A) as cópias se multiplicam. B) as figuras saltam da tela. C) os filmes são quase reais. D) os lucros são astronômicos. (P090403ES) Este item avalia a capacidade de relacionar os que estão próximas da tese e conectadas pela argumentos utilizados pelo autor de um texto para expressão “Por isso”. sustentar a tese por ele defendida. O suporte é um fragmento de uma reportagem, gênero familiar a Os alunos que marcaram a letra D, 39,7%, alunos deste nível de escolarização. relacionaram a informação do primeiro parágrafo com a ideia geral das seguintes e compreenderam O comando solicita que o aluno encontre, entre as que a segunda, cujo foco é os altos lucros dos opções de resposta, aquela que sustenta a tese filmes, sustenta a primeira, chegando, assim, de que “investir em películas tem sido a regra em ao gabarito. todo o mundo e dá lucro”. Os alunos que optaram pela letra A, 15,3%, possivelmente se ativeram mais à referência ao número de cópias de cada filme, relacionando essa informação à tese do texto. Os alunos que optaram pela letra B, 13%, podem ter se detido na informação que introduz o texto (Naves saltando da tela); enquanto os que marcaram a letra C, 31,7%, possivelmente associaram a tese às informações acerca do realismo dos filmes – estas A B C D 15,3% 13% 31,7% 39,7% 39+61 percentual de acerto 39,7% Revista Pedagógica 49 Leia o texto abaixo. Encontros e despedidas 5 10 15 20 25 Mande notícias do mundo de lá Diz quem fica Me dê um abraço, venha me apertar Tô chegando Coisa que gosto é poder partir Sem ter planos Melhor ainda é poder voltar Quando quero Todos os dias é um vai e vem A vida se repete na estação Tem gente que chega pra ficar Tem gente que vai pra nunca mais Tem gente que vem e quer voltar Tem gente que vai e quer ficar Tem gente que veio só olhar Tem gente a sorrir e a chorar E assim, chegar e partir São só dois lados Da mesma viagem O trem que chega É o mesmo trem da partida A hora do encontro É também de despedida A plataforma dessa estação É a vida desse meu lugar É a vida desse meu lugar É a vida Nascimento, M; Brant, F. Disponível em: <www.mariarita.letrasdemusicas.com.br>. (P090061A9_SUP) A repetição da expressão “Tem gente”, na segunda estrofe, ressalta A) a multiplicidade de pessoas com diferentes objetivos. B) a preocupação do poeta com a vida das pessoas. C) a quantidade de pessoas nas idas e vindas da vida. D) a vida monótona das pessoas que viajam muito. (P090061A9) Este item avalia a capacidade de compreender o uso de um recurso estilístico em um texto. O suporte é uma letra de música, gênero familiar a alunos deste nível de escolarização. A linguagem metafórica pode ser um obstáculo à compreensão. O comando solicita que o aluno reconheça, na segunda estrofe, o valor semântico da repetição da expressão “Tem gente”. Os alunos que compreenderam o sentido geral do texto, bem como o uso do recurso como forma de ressaltar a diversidade de pessoas e suas diferentes atitudes, optaram pela letra A, 40,7%, o gabarito. Os alunos que optaram pela letra B, 9,3%, podem ter sido influenciados pela primeira estrofe, na qual o eu lírico pede notícia da vida das pessoas; já os que marcaram a alternativa C, 38%, possivelmente 50 Saep 2012 se fixaram à ideia de grande quantidade de pessoas na estação, deixando de lado o sentido de diversidade e multiplicidade. Os alunos que marcaram a alternativa D, 11,8%, podem ter associado a repetição ao segundo verso da segunda estrofe do texto (“A vida se repete na estação”), inferindo que há um sentimento de monotonia. A B C D 9,3% 38% 11,8% 41+59 40,7% percentual de acerto 40,7% 3 OS RESULTADOS DESTA ESCOLA Os resultados desta escola no Saep 2012 são apresentados sob seis aspectos, sendo que quatro deles estão impressos nesta revista. Os outros dois, que se referem aos resultados do percentual de acerto no teste, estão disponíveis no CD anexo à Revista da Gestão Escolar e no Portal Dia a Dia Educação, pelo endereço eletrônico www.educacao.pr.gov.br/saep2012. O acesso aos resultados no Portal é realizado mediante senha enviada ao diretor da escola. Revista Pedagógica 51 Resultados impressos nesta revista • Proficiência média Apresenta a proficiência média desta escola. É possível verificar a proficiência com as médias do Paraná, do seu Núcleo Regional de Educação (NRE) e do seu município. O objetivo é proporcionar uma visão das proficiências médias e posicionar sua escola em relação a essas médias. • Participação Informa o número estimado de alunos para a realização do teste e quantos, efetivamente, participaram da avaliação no seu NRE, no seu município e na sua escola. • Percentual de alunos por Padrão de Desempenho Permite acompanhar o percentual de alunos distribuídos por Padrões de Desempenho na avaliação realizada pelo estado • Percentual de alunos por nível de proficiência e Padrão de Desempenho Apresenta a distribuição dos alunos ao longo dos intervalos de proficiência no Paraná, no seu NRE e na sua escola. Os gráficos permitem identificar o percentual de alunos para cada nível de proficiência em cada um dos Padrões de Desempenho. Isso será fundamental para planejar intervenções pedagógicas, voltadas à melhoria do processo de ensino e à promoção da equidade escolar. Resultados disponíveis no Portal • Percentual de acerto por descritor Apresenta o percentual de acerto no teste para cada uma dos conhecimentos avaliados. Esses resultados são apresentados por NRE, município, escola, turma e aluno. • Resultados por aluno É possível ter acesso ao resultado de cada aluno na avaliação, sendo informado o Padrão de Desempenho alcançado e quais conhecimentos ele possui desenvolvidos em Língua Portuguesa para o 9º ano do Ensino Fundamental. Essas são informações importantes para o acompanhamento de seu desempenho escolar. 52 Saep 2012 4 DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES O artigo a seguir apresenta uma sugestão para o trabalho com um conteúdo específico em sala de aula. A proposta é que o caminho percorrido nessa análise seja aplicado para outros conhecimentos. Com isso, é possível adaptar as estratégias de intervenção pedagógica ao contexto escolar no qual atua para promover uma ação focada nas necessidades dos alunos. Revista Pedagógica 53 COMO FORMAR UM LEITOR PROFICIENTE? os resultados das avaliações externas em língua portuguesa apontam que, apesar da melhoria do desempenho dos alunos em leitura ao longo da última década, uma das dificuldades da escola brasileira que persiste é desenvolver habilidades de leitura para a "Ler é uma atividade plena participação social dos alunos. Segundo dados do Sistema cognitiva que exige nacional de avaliação da educação Básica (Saeb), em 2009, da amostra dos alunos avaliados em língua portuguesa, apenas 34,2% e 26,3% apresentaram aprendizado adequado, respectivamente, ao 5° e 9° anos do Ensino Fundamental. operações mentais que vão além da decodificação. Para apesar dos avanços, parcelas significativas do alunado permanecem compreender um texto, em níveis de proficiência aquém dos esperados para a série/ano ou é preciso associar idade. mas como as habilidades de leitura podem ser desenvolvidas? o que pode ser feito, no âmbito da escola e da sala de aula? Essa várias informações, reflexão exige, antes de tudo, que docentes e demais atores que ou seja, ter uma estão envolvidos no processo educacional na escola tenham clareza do que é a leitura. assim, cabe perguntar: o que é ler? postura de leitor ativo, capaz de mobilizar ao contrário do que se imagina, o ato de ler e compreender não se resume a passar os olhos pelas páginas de um livro ou um jornal. Ler, no sentido amplo, significa construir sentido. Quando construímos 54 Saep 2012 conhecimentos para construir o sentido. " sentido para o que lemos, então compreendemos. mais do que isso, é preciso ter em mente que ler é uma atividade complexa, pois o sentido não está nas palavras e frases; não está dado no texto. Só é possível ler e compreender quando os leitores relacionam as informações dadas com os conhecimentos que já têm armazenados, fruto de suas vivências sociais, culturais e afetivas, resultantes de sua interação com o mundo. Sendo assim, ler é uma atividade cognitiva, que exige operações mentais que vão além da decodificação. Para compreender um texto, é preciso associar várias informações, ou seja, ter uma postura de leitor ativo, capaz de mobilizar conhecimentos para construir o sentido. Mais além da superfície Em qualquer tipo de texto, numa propaganda, por exemplo, sempre há várias pistas que nos conduzem ao sentido: o local onde ele é publicado ou veiculado (revista, tv, rádio etc.); a existência do nome ou da logomarca da empresa responsável pelo serviço ou produto ofertado. Se a empresa atua na região onde a propaganda é veiculada, a familiaridade das pessoas com seu nome ajuda na compreensão de que se trata de um anúncio – e não de uma matéria jornalística, por exemplo. além disso, em anúncios impressos é comum se relacionar o texto verbal a imagens, ampliando os sentidos – desde que o leitor do anúncio tenha familiaridade com o repertório de imagens e situações apresentadas. ou seja, para compreender a mensagem, é preciso associar uma série de informações, nem sempre apresentadas de maneira explícita no texto. a compreensão de um texto como um todo, muitas vezes, ocorre rapidamente, assentando-se não apenas na dimensão linguística (palavras e frases), mas na dimensão discursiva (os interlocutores, o meio de circulação e o objetivo do texto). Esse é o movimento: associar o que o texto traz na sua superfície ao que já temos de conhecimento acumulado. Essa associação é que produz o sentido. Por isso, a linguista Ingedore grunfeld villaça Koch afirma que a leitura é uma interação entre autor-texto-leitor. Revista Pedagógica 55 se está associando informações dadas na superfície do texto com "É importante que outras já armazenadas, oriundas das interações sociais: as pessoas a escola amplie o Sempre que se lê com compreensão – seja o texto verbal ou não –, conhecem ditados populares, palavras e frases, músicas, poemas, conhecimento do aluno, conhecem diversos tipos de textos, estão ligadas a informações do cotidiano, conhecem ações típicas realizadas no dia a dia (pegar colocando-o em contato um ônibus, abrir a porta, encontrar com pessoas no elevador, pedir com diversos tipos de uma bebida num bar, chegar atrasado a uma palestra). Enfim, uma infinidade de conhecimentos científicos e vivências sociais, culturais, textos e materiais de interpessoais acumulados na memória e que são ativados pela comunicação, a fim leitura de um texto. Por isso, alguns autores, muito apropriadamente, de que ele amplie, estabelecem uma metáfora para o texto: metáfora do iceberg. um iceberg tem na superfície da água apenas uma pequena porcentagem cada vez mais, suas de seu corpo, ficando imersa uma grande quantidade de massa de possibilidades de gelo. a parte de cima representa o texto, ou seja, as informações compreensão de textos “dadas”. a parte “submersa” representa todo o conhecimento prévio acumulado na memória. a compreensão é fruto das relações e, como consequência, estabelecidas entre as duas partes: a que emerge da superfície e do mundo que o cerca. a submersa. É importante que a escola amplie o conhecimento do aluno, colocando-o em contato com diversos tipos de textos e materiais de comunicação, a fim de que ele amplie, cada vez mais, suas possibilidades de compreensão de textos e, como consequência, do mundo que o cerca. cabe ao professor atuar em sala de aula no sentido de desenvolver, em seus alunos, habilidades de caráter inferencial, e não meramente de identificação de informações. dessa maneira, a escola enfoca os aspectos discursivos do texto, propiciando ao aluno uma relação direta com a sociedade. Para isso, é preciso que o trabalho escolar com a língua materna relacione o conhecimento discursivo, textual e linguístico, associando-os às atividades de compreensão. Esse tipo de trabalho, contudo, só é possível se houver uma preocupação e uma ênfase no letramento do professor: também ele deve ampliar seu conhecimento geral e específico da área de conhecimento na qual atua. ademais, é fundamental que saibamos, com clareza, as estratégias necessárias para ensinar a ler. 56 Saep 2012 " Caminhos para ensinar a ler Existem alguns procedimentos, apontados em pesquisas, úteis para ampliar e fortalecer a capacidade de leitura dos alunos no contexto de um trabalho pedagógico sério e sistemático de investigação, análise e ação na escola, apresentados a seguir: •1 como o conhecimento prévio é uma condição para que haja a compreensão, o ponto de partida é, justamente, expandir a visão de mundo dos alunos, suas vivências culturais, sociais e científicas. cabe à escola atuar em prol da ampliação do contato com as mais diversas formas de interação por meio da linguagem, estimulando a interação das crianças e jovens com diversos textos e mídias. os gêneros geralmente possuem um certo formato; então, quanto mais familiarizado com a diversidade deles, mais o aluno é capaz de reconhecer as regularidades textuais, auxiliando-o na compreensão. alargando esse conhecimento, ampliam-se as possibilidades de compreensão. Nessa direção, as vivências extraescolares contribuirão sobremaneira para isso. ademais, a valorização da cultura da comunidade dos alunos é uma forma de aproximar a escola da realidade e vice-versa. •2 cabe ao professor ativar todo conhecimento prévio do aluno sobre determinado tema, antes mesmo da leitura do texto. ou seja, é preciso fazer uma contextualização. Há algumas sugestões para ajudar nesse processo: apresentar, aos poucos, o título, a seção do jornal ou revista, o subtítulo. Neste momento, o professor pode, inclusive, antecipar o gênero textual que será lido, para que sejam lembradas também suas características. Esse procedimento permite que o aluno mobilize uma série de conhecimentos, abrindo-se o caminho da compreensão: nessa antecipação são relembrados vários acontecimentos e ocorrências, palavras, vivências, enfim, fundamentais no momento da leitura. •3 outra dimensão é o acesso a materiais diversos e de qualidade – fundamental para que o aluno desenvolva seu senso crítico, sua capacidade de compreensão e abstração, além de habilidades mais sofisticadas. No entanto, de pouco vale o acesso a materiais de Revista Pedagógica 57 qualidade sem uma orientação adequada para as atividades. ou seja, o professor desempenha um papel central ao promover a circulação do saber, conduzindo o trabalho de modo a aguçar o interesse e a curiosidade dos alunos, fazendo-os sanar suas próprias dúvidas. Ele faz a mediação entre o aluno e o texto de forma experiente: ao mesmo tempo em que “conduz” a leitura, deixa que o aluno faça suas próprias descobertas, abrindo espaço para que o estudante dialogue com o texto de forma cada vez mais autônoma. Essa tarefa não é fácil, mas como leitor maduro, o professor saberá interferir apenas quando necessário. •4 o professor pode, antes de ler o texto, pedir que os alunos formulem hipóteses. deve-se, nesse momento, ficar atento às pistas que emergem do texto. Para exemplificar, numa experiência realizada em sala de aula, foi solicitado aos alunos que formulassem algumas hipóteses a partir do título “Barbárie e cidadania”. Inicialmente, os alunos disseram que poderiam aparecer palavras como sociedade, violência, convivência, polícia, escola, aprendizagem, dentre outras. como num jogo de adivinhação, foi dito à turma que o texto estava alocado na seção esportiva de um jornal, o que levou à modificação do escopo das sugestões: os estudantes passaram a mencionar palavras relacionadas a esportes - futebol, violência entre torcidas, punições etc. Em seguida, foi informado que se tratava de texto do domínio do argumentar, o que levou à formulação de hipóteses como: o autor vai defender a extinção das torcidas organizadas ou o autor vai sugerir formas de punir os torcedores que geram violência, dentre outras bastante plausíveis para o texto. Essa capacidade de formular hipóteses facilita a leitura, pois ajuda a prever que tipo de "O professor informação pode aparecer no texto. desse modo, o leitor processa desempenha um a informação mais rapidamente, não se atendo ao visual, mas papel central ao ao sentido. promover a circulação diante do texto, então, à medida que o aluno lê, vai testando, aos poucos, suas hipóteses. Não é necessário “acertá-las”. contudo, o leitor maduro tem mais possibilidades de acertá-las, tamanho é o conhecimento que tem sobre o tema. Sua capacidade de prever é maior quando já conhece o gênero, o jornal, a posição política de um autor, o objetivo do texto etc. ao longo da leitura, é interessante que o leitor monitore sua compreensão, confirmando suas hipóteses 58 Saep 2012 do saber, conduzindo o trabalho de modo a aguçar o interesse e a curiosidade dos " alunos. ou reformulando-as a cada momento em que encontra informações inusitadas, não previamente reconhecidas. •5 outro aspecto a se levar em conta é o fato de que a leitura torna-se mais proveitosa quando o professor traça objetivos para ela. ao se estabelecer um objetivo, é possível focar determinados aspectos de interesse para a atividade que é realizada em sala de aula, ou para um projeto pedagógico em andamento na escola. a adoção dessas estratégias favorece a leitura fluente na compreensão integral do texto. após a leitura propriamente dita, há duas estratégias que podem ser adotadas: a construção de esquemas e a “reação” aos textos. •1 a construção de esquemas envolve a percepção e a organização do conteúdo apresentado. assim, é possível elaborar uma lista dos tópicos e subtópicos citados no texto. No exemplo citado anteriormente (o texto argumentativo sobre esportes), os alunos perceberam que o autor apresentou um fato do cotidiano (um confronto entre torcedores); em seguida, apresentaram algumas soluções propostas pelo senso comum para resolver o problema enfocado. mais à frente, apresentaram sua própria solução para o problema (sua tese). Em seguida, sustentaram sua proposta com comentários plausíveis em relação à sugestão feita. a utilização desse esquema favorece a internalização de informações ao mesmo tempo em que possibilita uma compreensão global do texto. •2 outra estratégia para a formação do leitor proficiente é o momento de reação frente ao texto. São inúmeras as reações que um texto pode provocar, fazendo com que as pessoas exercitem o senso de humor, a capacidade de argumentar, contra-argumentar, de propor soluções, de comparar fatos. todas essas atividades fazem com que o aluno cresça intelectualmente. um gênero textual que focaliza essas reações e tem o objetivo de registrá-las é o chamado “diário de leitura”, pouco conhecido em escolas e universidades, mas bastante útil para que o leitor tenha uma atitude ativa e analítica diante da leitura. os exercícios de escrita no diário (anotações que se faz durante e depois da leitura) proporcionam um movimento contínuo de reflexão, o que Revista Pedagógica 59 colabora para a formação do cidadão crítico e participativo que tanto enfatizamos na educação. Em outras palavras, não basta escrever sobre o que foi lido: o aluno precisa, para além de escrever, analisar e avaliar o texto. de fato, é um instrumento que propicia ao aluno uma conscientização sobre seus processos de compreensão e de aprendizagem. ademais, permite que os professores detectem o estado real de cada aluno em relação a esses processos, podendo, então, interferir de maneira mais eficaz no seu desenvolvimento. Esse conjunto de estratégias evidencia que há uma constante necessidade de se retomar alguns princípios centrais e basilares sobre a leitura, referendando alguns conceitos talvez difusos em virtude do uso corrente no cotidiano escolar. Da sala de aula para toda a escola Em termos do processo pedagógico, a organização do currículo, somada à formação e à qualificação docentes, são aspectos relevantes para a formação do leitor. afinal, a maneira como o currículo se estrutura pode favorecer uma percepção mais ampla dos processos sociais inerentes à leitura, favorecendo a aprendizagem. ainda nessa direção, a interdisciplinaridade também contribui, pois promove uma integração temática e metodológica entre áreas do conhecimento, por meio de atividades conjuntas do corpo docente, já que a leitura permeia todas as áreas do conhecimento. outro aspecto decorre da constatação de que o desenvolvimento das habilidades de leitura é progressivo. assim, as crianças com dificuldades podem ser agrupadas em atividades extraclasse, a partir da verificação das habilidades não desenvolvidas, para um trabalho complementar a fim de avançar na direção do leitor proficiente. como se constata, muito já foi produzido no campo do ensino de língua e já existe um corpo de conhecimentos, produzido inclusive a partir dos resultados das avaliações, que pode colaborar fortemente para a construção de uma escola de qualidade. 60 Saep 2012 ExPERIÊNCIA EM FOCO UM OLhAR PARA AS LETRAS PROCESSOS DE LEITURA SÃO ESTIMULADOS POR AVALIAÇÃO ExTERNA a certeza da importância da Língua Portuguesa retenham conhecimento”. atualmente, marizete para a formação do aluno é o principal estímulo trabalha nas Redes Estadual e municipal de para o trabalho da professora marizete campos. Ensino. No âmbito estadual, a instituição de ensino atraída pelo ambiente da escola desde criança, à qual está vinculada atende cerca de 1.600 ela recebeu apoio de familiares que já eram alunos e possui uma equipe de aproximadamente professores para seguir a vocação de ensinar. 90 professores. de brincadeira infantil à profissão vocacional, há 25 anos o magistério tornou-se realidade na vida admitindo a necessidade de reflexão sobre o de marizete. próprio fazer e buscando o aperfeiçoamento constante, marizete entende a avaliação externa graduada em Letras, com habilitação em Língua como um parâmetro para a retomada de Portuguesa e Francês, e Especialista em didática alguns conceitos e posturas, face aos desafios e metodologia de Ensino, a educadora ressalta educacionais. “os descritores servem de base para o caráter transformador do processo de ensino- o trabalho em sala de aula e para o direcionamento aprendizagem. “o grande desafio é mudar o olhar das atividades. Por meio deles, é possível lançar que se tem para a escola e, principalmente, avivar mão de recursos variados”, acredita. a professora o interesse dos alunos para garantir que eles empenha-se em despertar o interesse dos alunos Professores, equipe pedagógica e direção podem intervir, por meio de projetos específicos, focando as dificuldades encontradas e tendo como suporte o resultado das avaliações. Revista Pedagógica 61 e fazê-los entender que o trabalho com a Língua pedagógica e direção podem intervir, por meio Portuguesa é indispensável. “Preparo as aulas de projetos específicos, focando as dificuldades com o objetivo de fazer com que os alunos leiam encontradas e tendo como suporte o resultado mais e escrevam com adequação”. das avaliações”. O material obtido na avaliação deve ser considerado no momento de preparação • Desenvolvimento permanente das aulas. “É um meio para provocar mudanças de postura frente à realidade educacional e aos Acompanhando os resultados do sistema avaliativo, conteúdos trabalhados em sala”, completa. Marizete os utiliza como um termômetro para mensurar o desenvolvimento do alunado. E vai As informações divulgadas pelas revistas do além: acredita que, a partir deles, é possível Sistema de Avaliação da Educação Básica do detectar onde se encontram as disparidades Paraná (Saep) já foram utilizadas pela professora, educacionais entre as instituições escolares do país. que obteve bons resultados. “Desenvolvemos um Funcionam como um retrato dinâmico. “O resultado projeto de leitura com alunos do 6º ano, através possibilita descortinar as diferenças e minimizá-las, do livro de literatura O Pequeno Príncipe. Foi colaborando para que as autoridades competentes uma atividade que despertou muito o interesse possam apontar caminhos e propor soluções”. dos alunos”. Marizete conta, ainda, que esse trabalho tem sido permanente. “A escola vem 62 A educadora destaca também o papel ativo da desenvolvendo projetos de incentivo à leitura comunidade escolar para a concretização dessa no decorrer de todo o ano para despertar a mudança de realidade. “Professores, equipe curiosidade e o interesse do aluno pela leitura”. Saep 2012 REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA HENRIQUE DUQUE DE MIRANDA CHAVES FILHO COORDENAÇÃO GERAL DO CAEd LINA KÁTIA MESQUITA DE OLIVEIRA COORDENAÇÃO TÉCNICA DO PROJETO MANUEL FERNANDO PALÁCIOS DA CUNHA E MELO COORDENAÇÃO DA UNIDADE DE PESqUISA TUFI MACHADO SOARES COORDENAÇÃO DE ANÁLISES E PUBLICAÇõES WAGNER SILVEIRA REZENDE COORDENAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO RENATO CARNAÚBA MACEDO COORDENAÇÃO DE MEDIDAS EDUCACIONAIS WELLINGTON SILVA COORDENAÇÃO DE OPERAÇõES DE AVALIAÇÃO RAFAEL DE OLIVEIRA COORDENAÇÃO DE PROCESSAMENTO DE DOCUMENTOS BENITO DELAGE COORDENAÇÃO DE DESIGN DA COMUNICAÇÃO JULIANA DIAS SOUZA DAMASCENO RESPONSÁVEL PELO PROJETO GRÁFICO EDNA REZENDE S. DE ALCÂNTARA PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. SAEP – 2012/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd. v.1 ( jan/dez. 2012), Juiz de Fora, 2012 – Anual. ARAÚJO, Carolina Pires; MELO, Manuel Fernando Palácios da Cunha e; OLIVEIRA, Lina Kátia Mesquita de; REZENDE, Wagner Silveira. Conteúdo: Revista Pedagógica - 9º ano do Ensino Fundamental - Língua Portuguesa. ISSN 2316-7602 CDU 373.3+373.5:371.26(05) Colégio Estadual Regente Feijó Ponta Grossa - Paraná