CULTURA E TECNOLOGIA 2011 Ana Alícia Da Silva Moreira 091267041 Os filmes que me proponho relacionar são “O Homem da Câmara de Filmar” de Dziga Vertov e o “Triunfo da Vontade” de Leni Riefenstahl. Vertov foi um polaco nascido em 1896, que rumou para Moscovo quando a os alemães invadiram o seu país, estudou medicina e tinha interesse por letras mas rapidamente se dedicou a estudar o movimento das imagens. De 1928 a 1937 houve um grande aumento da produção industrial. Lenine, o maior propagandista com proveniência da Primeira Guerra Mundial iniciou a carreira em 1894. Com o pensamento Marxista, as suas primeiras campanhas consistiram na cópia de panfletos para distribuição aos trabalhadores e a impressão de manuais marxistas aos quais eram disfarçadas as capas por causa da opressão. Depois de estar exilado lançou o jornal de actualidades “Cine-Semanal”. Vertov lança-se para nos ideais comunistas e nos seus instrumentos de Propaganda de Lenine e para o Navio Estrela Vermelha. Em 1917, na Rússia havia 2700 salas de cinema, posteriormente este com a revolução entrou em crise e ficaram cerca de 500 salas. Vertov forma juntamente com a sua companheira Elisabeta Svilova e o seu irmão Mikhail Kaufman o grupo Soviet Troikh. Em 1929 Vertov filma “O Homem da Câmara de Filmar”. Este filme mostra-nos uma experiência de comunicação cinematográfica de acontecimentos reais, mostra-nos o dia-a-dia do povo de Moscovo e de outras cidades nos seus locais de trabalho tanto a mulher como o homem, o desporto também por ambos e a maquinaria que mantém a cidade em movimento. Sem a ajuda de legendas intercalares e de um cenário Vertov é o pioneiro na utilização de todas as técnicas cinematográficas. Planos pensados para associar o olho humano ao da câmara, usa por exemplo planos de uma persiana, numa metáfora da retina ou do diafragma da objectiva da máquina fotográfica, do Kino-Glaz o cinema-olho, capaz de apreender o real. Enquanto grupo artístico noutros documentários surge o termo inventado por Vertor, Kino Pravda o conceito de Cinema-verdade mas que a este filme também se liga e reflecte. Apoiando-se de conceitos e ideias, a propaganda os transforma em imagens, símbolos, mitos e utopias que são transmitidos pela comunicação. A base da propaganda é a sedução, um factor de ordem emocional de grande eficácia na 1 CULTURA E TECNOLOGIA 2011 Ana Alícia Da Silva Moreira 091267041 conquista de adesões políticas. Em qualquer regime, a propaganda é estratégica para o exercício do poder, exerce rigoroso controlo sobre o conteúdo das mensagens, procurando bloquear toda actividade instintiva ou contrária à ideologia oficial. Na Alemanha, começou-se a utilizar o cinema para fins propagandísticos desde a Primeira Guerra Mundial. Com a ascensão de Hitler ao poder, o cinema foi o que recebeu maior apoio do regime nazi e desde logo este foi reconhecido como elemento vinculativo de ideologias e na conquista de massas. Este desgostava os documentários feitos pelo partido mas quando no governo, a situação foi diferente pois contou com o financiamento do Estado alemão e dos seus apoiantes. Foi assim Leni Riefenstahl tornou-se cineasta oficial. Riefenstahl é famosa pelos seus filmes de montanhas, o alvo da câmara dos cumes e baixá-la para a planície onde estavam as multidões, mantendo sempre o seu aspecto grandioso, ou seja, não só gostava de representar a infinidade silenciosa dos Alpes mas também as gigantescas e barulhentas concentrações de massa organizadas pelo partido nazi. A conjuntura favorável para Hitler e Leni aconteceu com a anunciada reunião do partido nazi na cidade de Nuremberg a Setembro de 1934. Meses antes, Hitler vira-se afrontado por entes do seu governo mas resolveu brutalmente a situação. Como um ano antes ele liquidara a esquerda alemã (social-democratas e comunistas), o encontro em Nuremberg pareceu-lhe o momento da celebração do seu domínio absoluto sobre o partido nazi e sobre a nação como um todo. Hitler não tinha mais rivais nem inimigos dentro da Alemanha. Era esse o espírito que Leni Riefenstahl, como artista e colocadora de um posicionamento estético da Nova Ordem, deveria captar, mostrar um vencedor, revelar a magnificência do líder e a potência governamental. Ambos os filmes em análise são propagandistas, apesar da história política ser de extremos opostos encontram-se aqui nos meios de comunicação e de aliciação. 2 CULTURA E TECNOLOGIA 2011 Ana Alícia Da Silva Moreira 091267041 Bibliografia: Memória do Mundo das origens ao ano 2000, Larrouse. Odisseia nas imagens, O regresso do filme concerto, p.386-403, Porto 2001. Wagner Pinheiro Pereira, Cinema e propaganda política no fascismo, nazismo, salazarismo e franquismo. in: História: Questões & Debates, Curitiba, 2003. Editora UFPR War Propaganda, Mein Kampf by Adolf Hitler. URL: http://www.hitler.org/writings/Mein_Kampf/ Sandra Fernandes Nunes, “O Homem da Câmara de Filmar” como obra futurista e o posicionamento ético de Dziga Vertov. Mestrado em Cultura e Comunicação na variante de Documentário. 2007. Faculdade de Letras da Universidade do Porto. 3