SANTA ROSA DE VITERBO Desmate pára construção de indústria de papel Justiça diz que 1 hectare de mata atlântica foi devastado; empresa nega Euclides Oliveira A Justiça determinou a paralisação das obras da nova fábrica de papel e cartonagem da Artivinco, em Santa Rosa de Viterbo, por suspeita de crime ambiental. Com a medida, a Artivinco ameaça transferir a nova unidade e a geração de 600 novos empregos para Itatiba, na região de Jundiaí. Em maio do ano passado, o promotor Cláudio Morelli, do Ministério Público (MP) instaurou inquérito civil para averiguar denúncia de que a Artivinco devastou parte de área de Mata Atlântica no terreno onde estava sendo erguida a planta, ao lado da fábrica que já opera no local. Em novembro, segundo o promotor, o DPRN (Departamento de Proteção dos Recursos Naturais) atestou que um hectare de vegetação nativa foi derrubado pela Artivinco. O orgão embargou administrativamente a obra e multou a Artivinco pela falta de licenciamento ambiental. Mesmo assim, segundo Morelli, a empresa deu seqüência ao projeto e recusou-se depois a assinar acordo com o MP para interrupção da obra, retirada dos materiais de construção e reflorestamento da área degradada. Na última quinta-feira, o juiz Alexandre Cesar Ribeiro atendeu pedido do promotor para que a obra fosse embargada, sob pena da Artivinco ser multada em 50 salários mínimos (R$ 20.750) por dia. “Nós também trabalhamos para o desenvolvimento de Santa Rosa, mas queremos que isso ocorra de forma sustentável e dentro da regras de proteção do meio ambiente”, afirmou o promotor. RECURSO Empresa se diz ‘surpresa’ com ação judicial O advogado Marcelo Assis Cunha, que representa a Artivinco, entrou com um recurso no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), na tentativa de manter a construção da fábrica da empresa em Santa Rosa de Viterbo. “Não há nenhuma prova ou vestígio de que houve devastação da mata. Por isso, estamos contestando essa ação, que foi uma surpresa para nós”, afirmou o advogado. Segundo ele, caso o recurso seja negado pelo TJ, são grandes as possibilidades de que a empresa desista do projeto em Santa Rosa.< A Artivinco, segundo ele, levaria a nova planta e os 600 novos empregos para Itatiba (cidade de 100 mil habitantes localizada entre Jundiaí e Bragança Paulista) onde a empresa também opera. “A cartonagem, que hoje funciona em Santa Rosa, se tornaria economicamente inviável aqui e também seria levada para lá”, comentou Cunha. Ele disse que a empresa teme prejuízos, já que 35 carretas estão trazendo à fábrica uma nova máquina, importada do Japão, para fabricação de papel e cartonagem. A nova planta terá capacidade para produzir 9 mil toneladas por mês, o triplo da produção atual da fábrica hoje existente.