Observatório das Migrações em São Paulo
Fases e Faces do Fenômeno Migratório no Estado de São Paulo
Observatório das Migrações em São Paulo
Fases e Faces do fenômeno migratório no
Estado de São Paulo
Migração boliviana e latino americana em São Paulo
Rosana A. Baeninger e Patrícia T. Freitas
Observatório das Migrações em São Paulo
Fases e Faces do Fenômeno Migratório no Estado de São Paulo
São Paulo
uma cidade de imigrantes
“No fim do século XIX e começo do século XX, São Paulo era uma das
maiores cidades de imigração do mundo. (...) Em 1893, os estrangeiros
já formavam a maioria da população na capital, 54,6% e sua
predominância provavelmente cresceu por mais alguns anos. Em 1920,
após vários anos de imigração reduzida, a porcentagem de estrangeiros
na cidade ainda atingiu 35%, igual a Nova Iorque, na época, embora
possivelmente menor do que a percentagem em Buenos Aires (49% de
estrangeiros em 1914)” (HALL, 2004:121).
HALL, M. Imigrantes na cidade de São Paulo. In: PORTA, P. História da cidade de São Paulo. v.3. São Paulo: Paz e Terra, 2004,
p. 121-151.
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Fases e Faces do Fenômeno Migratório no Estado de São Paulo
Periodização das Migrações Internacionais
para o Estado de São Paulo
( a partir de BASSANEZI et all, 2008 e PATARRA & BAENINGER, 1996)
1º Momento (1880 – 1903) - primeira onda de imigração
Migração de força de trabalho livre européia para o cultivo do café.
Início do subsídio estatal e privado.
Entraram 1.850.985 de imigrantes. Principalmente italianos
Ruptura
Crise de superprodução na cafeicultura
Impedimentos do governo italiano para a imigração para o Brasil
BASSANEZI... et al. Atlas da Imigração Internacional em São Paulo, 1850-1950. São Paulo: Ed. Unesp, 2008.
PATARRA, N. & BAENINGER, R. Migrações Internacionais recentes – o caso do Brasil. In: ________ (coord.). Emigração e
Imigração Internacionais no Brasil Contemporâneo. Programa Interinstitucional de Avaliação e Acompanhamento das Migrações
Internacionais no Brasil,1996.
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Periodização das Migrações Internacionais
para o Estado de São Paulo
( a partir de BASSANEZI et all, 2008 e PATARRA & BAENINGER, 1996)
2º momento (1904 -1930) - segunda onda de imigração
Política de valorização do Café (Convênio de Taubaté ,1906)
Ruptura no fluxo ao longo da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918)
Expansão da indústria no Estado de São Paulo
Aumento da imigração de portugueses e espanhóis.Início da imigração
japonesa. Entrada de poloneses, russos e romenos
Ruptura
Término da política de subsídio do governo paulista (1927)
Crise de superprodução do café (1930)
Início das restrições(política de cotas e campanha de nacionalização)
Internacional : Crise de 1929. Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945)
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Periodização das Migrações Internacionais
para o Estado de São Paulo
( a partir de BASSANEZI et all, 2008 e PATARRA & BAENINGER, 1996)
3º Momento (1945 – 1964) - terceira onda de imigração
Momento de imigração expressiva, mas menos intenso que os anteriores
Imigração voltada para o desenvolvimento industrial (operários e técnicos)
Ruptura
Restrições no âmbito do regime militar
Entrada legal e ilegal de hispano-americanos e asiáticos
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Os novos fluxos migratórios Internacionais para o Brasil
“Assim, até o Censo Demográfico de 1980, os demógrafos trabalhavam os dados
populacionais considerando fechada a população brasileira (...). Esse panorama
modificou-se na década de 80; os movimentos migratórios internacionais
passaram a constituir uma questão emergente, avolumando-se, tornando-se
visíveis e notórios, constituindo-se numas das expressões da crise econômicosocial e do impacto do processo de reestruturação produtiva em âmbito mundial”
(PATARRA & BAENINGER, 1996:80-81).
As novas tendências
Extensão de áreas agrícolas fronteiriças (ex. brasiguaios)
Emigração de brasileiros. Principalmente para Estados Unidos e Japão
Imigração clandestina de hispano americanos para a RMSP. Principalmente
bolivianos
PATARRA, N. & BAENINGER, R. Migrações Internacionais recentes – o caso do Brasil. In: ________ (coord.). Emigração e
Imigração Internacionais no Brasil Contemporâneo. Programa Interinstitucional de Avaliação e Acompanhamento das Migrações
Internacionais no Brasil,1996.
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Os “Novos Fluxos Migratórios” Internacionais
“No último quartel do século XX, grosso modo, a migração internacional foi submetida a
profundas mudanças. Inter alia, os fluxos se tornaram mais globais e heterogêneos em
composição. Asia, Africa e América Latina substituíram a Europa como a maior região
de origem. Tanto o volume relativo quanto a natureza da demanda por trabalho nas
sociedades de destino modificaram-se.(...) Os fluxos de indocumentados e os tráficos
clandestinos adquirem uma importância crescente. A integração social nas sociedades
de destino se tornou menos linear. E, finalmente, espaços e comunidades transacionais
emergiram” (ARANGO, 2000: 287, tradução própria).
Contexto Internacional (a partir da década de 1980)
Fim da “Pax Americana”. Concomitante à recuperação da Europa e Japão.
Recessão internacional desencadeadas a partir das crises do petróleo de meados das
décadas de 1970 e 1980.
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A inserção dos fluxos migratórios
Internacionais nas sociedades de destino
Paradigma da Assimilação
Os “Novos Fluxos Migratórios”
Figura do imigrante que se insere no
mercado de trabalho local e passa a
assimilar os hábitos sócio-culturais
das sociedade de destino.
Figura do imigrante clandestino em circulação
na cidade e por entre fronteiras nacionais.
Multiplicação dos lugares de imigração partir
de desvios, retornos idas e vindas
Arrefecimentos dos laços sócioeconômicos e culturais com as
sociedades de origem
Manutenção dos vínculos (familiares,
econômicos etc) com as sociedades de
origem.
A cidade como um tabuleiro social e
espacial fixo ao qual os imigrantes
devem se conformar.
Formação de espécies de nichos ou enclaves
ocupacionais nas sociedade de destino e
espaços em que os hábitos sócio-culturais
das sociedades de origem são repostos
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A imigração boliviana para São Paulo
Origens dos Percursos
A partir da década de 1950 (América
Latina e migrações internas)
Revolução Victor Paz Estensoro
(modernização, reforma agrária,
nacionalização das minas, voto
universal)
Estudantes, profissionais liberais,
babás e empregadas domésticas.
Inserção no mercado de trabalho
local
Origens de um circuito de
subcontratação
A partir da década de 1980 (América
Latina, Estados Unidos, Europa, Israel,
Japão e Austrália)
Recessão ímpar na Bolívia
Desastres naturais, El Niño
“NEP”, Estenssoro (1985): liberalização,
dolarização, relocalização, privatização
Ex-operários e mineiros, com baixa
qualificação
Mercado de trabalho próprio (costura)
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A Bolívia na década de 1980
A maior taxa inflacionária da história da economia: 20 mil por cento ao ano
Entre 1980 – 1982 - desastres naturais provocados pelo El Niño com perdas nos
setores
agrícola e pecuário que chegavam a 80% da produção afetando os departamentos
de Potossi, Oruro, Cochabamba e Chuquiasca que concentravam 74% da
população boliviana
1985 – PAE (Plano de Ajuste Estrutural) – para frear a inflação e reativar o aparelho
produtivo. Na prática: liberalização dos preços e salários/ dolarização da economia e
“relocalização” dos trabalhadores – demissão imediata de milhares de trabalhadores
dos centros mineiros e indústrias públicas – 150 mil demissões (750 mil pessoas):
Migrações internas – 100 mil por ano (1987 – 1992)
Diáspora boliviana -30% da população da Bolívia sai do país
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“Partir para quedarse”
A imigração boliviana contemporânea
“Na região de Cochabamba, os camponeses se organizam para migrar, tal como o
fazem para produzir, alimentar-se, viver etc. As famílias se ajudam entre elas,
cooperam, vão e voltam, ou seja, criam um sistema sócio-econômico que constitui a
base do processo migratório. Esse sistema de mobilidade familiar criado nos espaços
de origem, se define pela seletividade da migração (quem migra? Por quê?), pelo ritmo
dos deslocamentos (quantas vezes? Por quanto tempo?) e por suas modalidades
(como?)” (CORTES, 2004:163, tradução própria).
Atualmente, em torno de 30% da população boliviana vive fora da Bolívia
Migração enquanto estratégia familiar de permanência a longo prazo na Bolívia
Formação de arranjos familiares “transnacionais”
CORTES, Geneviève. Partir para quedarse – supervivencia y cambio en las sociedades campesinas andinas (Bolivia). Equador:
Plural Editores, 2004.
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Bolivianos costureiros na cidade de São Paulo
entre a exploração e a mobilidade social
Heterogeneidade de situações e trajetórias de imigrantes bolivianos ligados ao
trabalho no setor de confecção na cidade de São Paulo
Além das clássicas histórias de exploração, encontramos histórias de mobilidade
social ascendente – “de costureiro a oficinista”
Hipótese explicativa dessas clivagens: a forma de entrada nessa atividade
econômica delimitaria um campo de possíveis
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Bolivianos costureiros na cidade de São Paulo
entre a exploração e a mobilidade social
Tipos de trajetórias encontradas:
-Bolivianos que entraram no setor de confecção, ao longo da década de
1980 e início de 1990, depois de já inseridos na cidade de São Paulo
-Bolivianos que entraram nesta atividade desde a Bolívia a partir de
anúncios de jornal e rádio ou de “colegas/amigos”
- Bolivianos que entraram nesta atividade desde a Bolívia a partir de
contato com outros familiares donos de oficina na cidade de São Paulo
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Obrigada!
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