1 BAPTISTA, JOÃO BENJAMIN FERREIRA Outros nomes e/ou títulos: Baptista, Benjamin; Batista, Benjamin; Batista, Benjamim; Baptista, João Benjamim Ferreira DADOS PESSOAIS TRAJETORIA PROFISSIONAL PRODUÇÃO INTELECTUAL FONTES FICHA TÉCNICA DADOS PESSOAIS João Benjamin Ferreira Baptista nasceu na cidade de Niterói, na então província do Rio de Janeiro, em 7 de julho de 1869. Era o único filho do Capitão do Exército Benjamin Rodrigo Baptista e de Anna Benedicta Ferreira Baptista. Seu pai foi combatente na Guerra do Paraguai, tendo sido ferido em combate e falecido quando João Benjamin Ferreira Baptista tinha dois anos. Casou-se com Ida Vinelli Baptista, filha de João Baptista Kosuth Vinelli, catedrático de fisiologia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e de Maria Emília Leal Vinelli, com quem teve dois filhos, Marina Baptista Xavier, e Benjamin Vinelli Baptista, que também se dedicou à anatomia e foi Chefe de Equipe no Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro. João Benjamin Ferreira Baptista residiu inicialmente na Rua Bispo, nº 28 (posteriormente Rua Rio Comprido), e depois na Praia de Botafogo, nº518, ambas na cidade do Rio de Janeiro. Faleceu, subitamente, em 26 de novembro de 1934, em sua residência na praia de Botafogo nº 518, na cidade do Rio de Janeiro. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL João Benjamin Ferreira Baptista iniciou seus estudos no Colégio Briggs, em Niterói, pertencente à família de Guilherme Christiano Raoux Briggs (1854-1912) e no qual também estudaram outros médicos, como Miguel de Oliveira Couto. Mais tarde, transferiu-se para o Colégio de São Bento, na cidade do Rio de Janeiro, onde concluiu o Curso de Humanidades. Matriculou-se no Curso de Farmácia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro , e titulou-se em 1888, quando passou a trabalhar em sua própria farmácia, localizada no bairro do Fonseca, na cidade de Niterói. Posteriormente ingressou novamente na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e doutorou-se em medicina em 7 de janeiro de 1895, com a tese "Cura radical da hernia inguinal". 2 Ingressou, em 6 de dezembro de 1890, no internato do Hospital da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, onde foi promovido a interno de 2ª classe, em 17 de agosto de 1891, e a interno de 1ª classe residente em cirurgia, em 13 de fevereiro de 1892. Neste período, então, João Benjamin Ferreira Baptista pode abandonar o trabalho com a farmácia, e dedicar-se unicamente à cirurgia. Ainda no Hospital da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro trabalhou na 14a enfermaria, cujo chefe era Marcos Bezerra Cavalcanti, que posteriormente seria seu padrinho de casamento, e o adjunto era o professor Augusto Brant Paes Leme. Em 1893, durante a Revolta da Armada, movimento liderado por algumas unidades da Marinha Brasileira contra o governo do Presidente da República Floriano Peixoto, auxiliou o médico Augusto Brant Paes Leme que então chefiava a 5ª enfermaria deste hospital dedicada ao tratamento de doentes militares, o que lhe rendeu a insígnia de 1º Tenente-médico Honorário do Exército. João Benjamin Ferreira Baptista foi depois nomeado cirurgião-chefe, e em 9 de março de 1895 tornou-se médico adjunto do Hospital da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, atuando na 3a enfermaria sob a chefia do médico Joaquim Pinto Portella. Posteriormente passou a trabalhar na 18a enfermaria, dirigida por Augusto Brant Paes Leme, onde permaneceu até o ano de 1911. Ainda neste hospital, foi médico efetivo da 11a enfermaria (Quartos Particulares), nomeado em 22 de abril de 1917, cargo este em que permaneceu até o final de sua vida, quando foi substituído por seu filho Benjamin Vinelli Baptista. Depois de prestar provas de concurso foi nomeado, em 23 de abril de 1896, preparador da cadeira de anatomia descritiva na então Faculdade de Medicina e Farmácia do Rio de Janeiro, cujo catedrático era Ernesto de Freitas Crissiuma. Em 14 de abril de 1899 foi designado como preparador da cadeira de anatomia médica cirúrgica, então dirigida por Augusto Brant Paes Leme, e em 23 de abril deste mesmo ano passou a acumular esta função com a de preparador na cadeira de histologia. Foi nomeado, por Portaria 1º de agosto de 1900, substituto interino de anatomia descritiva para reger a 1a parte desta cadeira. Em 28 de agosto de 1902, João Benjamin Ferreira Baptista passou a ser o responsável pelos cursos de anatomia descritiva e médico-cirúrgica e de histologia da boca, para o 1º ano de obstetrícia e o 2º ano de odontologia, respectivamente, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Foi convidado, em 26 de março de 1906, por Luiz da Cunha Feijó Filho, diretor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, para, juntamente com os médicos Domingos de Góes e Vasconcellos e Eduardo Chapot Prévost, apresentar um regulamento para o Serviço de Distribuição de Cadáveres destinados ao trabalho de anatomia. Neste período, com autorização da Congregação da Faculdade 3 de Medicina do Rio de Janeiro, lecionava Cursos Livres de Anatomia, para o aperfeiçoamento de alunos de medicina e de médicos, que tinham grande freqüência. Em 1908 João Benjamin Ferreira Baptista foi vice-diretor da Escola Livre de Odontologia do Rio de Janeiro, que havia sido criada em 1902, e no ano seguinte passou a lecionar, na mesma instituição, o curso de histologia dentária. Já diplomado em odontologia, foi nomeado em 1910, professor de anatomia desta escola. Foi nomeado, em 1911, professor extraordinário efetivo da cadeira de anatomia descritiva e geral da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Em 18 de agosto de 1911 foi nomeado em comissão pelo Governo para estudar a organização dos institutos de anatomia na Europa. Assumiu, em 24 de março de 1915, como substituto da 3ª seção da cadeira de anatomia descritiva e anatomia médico-cirúrgica, operações e aparelhos, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. E em 1º abril de 1915 foi indicado para lecionar a 2a parte da cadeira de anatomia descritiva, e encarregado dos cursos de odontologia e de obstetrícia, na mesma instituição. De 1916 a 1921 foi professor da 1a parte da cadeira de anatomia e os cursos de obstetrícia e odontologia. Neste período foi responsável pela organização do Museu Anatômico da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, iniciativa considerada notável por colegas de profissão à época. Em 29 de junho de 1921 foi nomeado professor catedrático de operações e aparelhos da então Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro , tendo tomado posse em 5 de julho do mesmo ano. Esta cadeira sob sua regência posteriormente foi denominada como anatomia médicocirúrgica (1925) e depois, técnica operatória e cirurgia experimental (1931). João Benjamim Ferreira Baptista foi considerado o grande impulsionador do ensino de cirurgia experimental, tendo criado, em 1926, o Serviço Modelar de Cirurgia Experimental, considerado o primeiro laboratório de cirurgia experimental no Brasil (GOMES, 2001). Este laboratório tornou-se um verdadeiro centro de pesquisas, que posteriormente recebeu seu nome. Recebeu, em 17 de junho de 1922, a carta patente de Tenente-Coronel de 2ª classe da Reserva da 1ª linha do Quadro Médico do Exército brasileiro. Foi nomeado, em 8 de maio de 1925, diretor do Instituto de Anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro. 4 João Benjamin Ferreira Baptista presidiu, em 1928, a inauguração do Instituto Anatômico Benjamin Baptista, anexo à Escola de Medicina e Cirurgia do Instituto Hahnemanniano, E em 5 de novembro deste ano a Congregação desta escola aprovou a indicação, encaminhada por professores e alunos, para que João Benjamin Ferreira Baptista fosse o patrono do Instituto Anatômico. Em 25 de janeiro de 1932, passou a ser o responsável pela cadeira de anatomia médico-cirúrgica da Escola de Medicina e Cirurgia do Instituto Hahnemanniano. Em 1930 viajou, em comissão pelo Governo, para a Europa, juntamente com seu filho Benjamin Vinelli Baptista, tendo visitado diversos institutos científicos nas cidades de Paris, Varsóvia, Bruxelas, Berlin, Munique, Viena e Strasbourg. Candidatou-se a membro titular da Academia Nacional de Medicina em 25 de agosto de 1897, apresentando a memória "Anatomia rara do nervo músculo cutâneo". Foi eleito na sessão de 30 de setembro de 1897, e tomou posse como membro na seção de Cirurgia Geral no dia 14 de outubro do mesmo ano. No parecer sobre sua memória, Ernesto de Freitas Crissiuma elogiou seu trabalho, considerando-o como uma importante contribuição para a história das anomalias nervosas. João Benjamin Ferreira Baptista é o patrono da Cadeia nº 25 desta Academia. Foi membro do Colégio Americano de Cirurgiões, da Academia Brasileira de Ciências, e da Sociedade Anatômica Luso-Hispano-Americana. Participou do Comité International de Recherches sur les Parties Molles, crriado em 1927. Por iniciativa dos doutorandos da turma de 1918 da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, foi inaugurado, em sua homenagem, um busto e um quadro de gratidão. Segundo Eugênio Cavalcanti, João Benjamin Ferreira Baptista foi “o grande chefe da escola anatômica do Rio de Janeiro”, e teve como discípulos Álvaro Fróes da Fonseca, Alfredo Alberto Pereira Monteiro, Antônio Benevides Barbosa Vianna, Artur Figueiredo, José Bastos de Ávila, Francisco de Paula da Rocha Lagoa, e seu filho Benjamin Vinelli Baptista (CAVALCANTI, 1986). Por ocasião de seu falecimento, representantes da diretoria, do corpo docente e de alunos da Escola de Medicina e Cirurgia do Instituto Hahnemanniano, então dirigida por José Murtinho, compareceram ao seu sepultamento e lhe prestaram as últimas homenagens. 5 Foi realizada na Academia Nacional de Medicina , em 18 de maio de 1935, uma grande homenagem a João Benjamin Ferreira Baptista, na qual estiveram presentes representações de várias instituições, professores, médicos e estudantes. Em 1936, foi inaugurada uma placa de bronze com sua efígie no Instituto Anatômico Benjamin Baptista, então dirigido por seu filho Benjamin Vinelli Baptista. É patrono da Sociedade Acadêmica de Recife, do Centro de Estudos Anatômicos, e do Colégio Anatômico da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, o qual em 1962 recebeu seu nome, tornando-se Centro Acadêmico Benjamin Baptista. PRODUÇÃO INTELECTUAL - "Cura radical da hernia inguinal". Tese (doutoramento), Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, 1894. - "Anatomia rara do nervo músculo cutâneo". Memória apresentada na Academia Nacional de Medicina. Annaes da Academia Nacional de Medicina, Rio de Janeiro, p. 294-302, 1898/99. - "Anomalias Supra-Aórticas". Trabalho apresentado na Tercer Congreso Científico Latinoamericano. (Rio de Janeiro, 06-16/08/1905). Rio de Janeiro, 1905. - "Contribuição para o estudo Anátomo-Aplicado do Apêndice Ileo Cecal". Trabalho apresentado no VI Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia Congresso Médico (São Paulo, 5-15/09/1907). São Paulo, 1907. - "Estudo da Topografia Cárdio-Toráxica". Trabalho apresentado no VI Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia Congresso Médico (São Paulo, 5-15/09/1907). São Paulo, 1907. - "Contribuições ao estudo das Anomalias Renais". Trabalho apresentado no 4o Congresso Médico Latino-Americano (Rio de Janeiro, 1º- 08/1909). Rio de Janeiro, 1909. - "Das Anastomoses Normais dos Sistemas Venosos Porta e Cava". Trabalho apresentado no 4o Congresso Médico Latino-Americano (Rio de Janeiro, 1º- 08/1909). Rio de Janeiro, 1909. - "Anatomia descritiva da cabeça". Rio de Janeiro: B. de Aguia, 1910. - "Contribuição ao estudo das anomalias dos ureteres". Annaes da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1917. - "Da loja Renal no Ponto de Vista Anátomo-Aplicado”. Trabalho apresentado no VIII Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia (13/10/1918). Rio de Janeiro, 1918. - "Contribuição ao estudo da loja esplênica". Annaes da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1918. - "Contribuição ao estudo do rim único". Annaes da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1919. 6 - "Manual da anatomia humana" Rio de Janeiro: Edição da grande livraria de Leite Ribeiro & Maurílio, 1920. (com Alfredo Monteiro) - "Persistência da veia cava superior esquerda. Duplicidade da veia cava inferior". Annaes da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1920. - "Da anomalia de origem da artéria poplitea". Annaes da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1921. - "Dos ossos inter-parietal e pactal". Annaes da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1922. - "Contribuition à l´anatomie comparée des races humaines. Dissecion d'une indienne du Brésil, par Benjamin Baptista et E. Roquette-Pinto". Arquivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v. 26, p.7-25, 1926. FONTES - BAPTISTA, Benjamin Vinelli. Acadêmico João Benjamin Ferreira Baptista. Datilografado. Arquivo pessoal da Academia Nacional de Medicina. Rio de Janeiro: [s.n.], [s.d.]. (ANM) - CRISSIUMA, Ernesto de Freitas. Parecer sobre a memoria de João Benjamim Ferreira Baptista. Annaes da Academia Nacional de Medicina, Rio de Janeiro, p. 303-305, 1898/1899. (ANM) - DABB – Diretório Acadêmico Benjamin Baptista. Sobre Benjamin Baptista. Online. Capturado em 12 jun. 2013. Disponível na Internet: http://dabb2007.110mb.com/ - GOMES, Marleide da Mota; VARGAS, Sylvia da Silveira Mello; VALLADARES, Almir Fraga (eds.). A Faculdade de Medicina Primaz do Rio de Janeiro: em dois dos cinco séculos de história do Brasil. São Paulo: Editora Atheneu, 2001. - LACAZ, Carlos da Silva. Vultos da Medicina Brasileira. São Paulo: Helicon, 1963. (ANM) - MAGALHÃES, Fernando. O Centenário da Faculdade de Medicina 1832-1932. Rio de Janeiro: Typ. A . P. Barthel, 1932. (BMANG) - MEMBRO Titular. João Benjamin Ferreira Baptista. Datilografado. Arquivo pessoal da Academia Nacional de Medicina. Rio de Janeiro: [s.n.], [s.d.]. (ANM) - CAVALCANTI, Eugênio. A Anatomia no Rio de Janeiro. In: QUEIROZ, Júlio Sanderson de. Memória da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro num Século de Vida. Vol.I. Rio de Janeiro: RIOARTE/ MEC, 1986. p.155-164. (BCOC) FICHA TÉCNICA Pesquisa - Alice Carvalho de Menezes, Bernardo da Veiga Ferreira. Redação - Maria Rachel Fróes da Fonseca. Revisão – Maria Rachel Fróes da Fonseca.