Lição 2 04 de Julho a 10 de Julho Abraão: O Primeiro Missionário Sábado à tarde LEITURA PARA O ESTUDO DA SEMANA: Génesis 12:1-3; 14:8-24; Hebreus 11:8-19; Gálatas 3:6; Génesis 12:6 e 7; 18:18 e 19. VERSO ÁUREO: “Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar, pela fé, os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.” Gálatas 3:6-8. NÃO É POR ACASO QUE TRÊS DAS MAIORES religiões do mundo – o Judaísmo, o Cristianismo e o Islão – são, por vezes, chamadas “religiões abraâmicas”. É porque as três, de uma maneira ou de outra, mergulham as suas raízes na figura deste grande homem de Deus. Embora Abraão seja admirado como o exemplo marcante da fidelidade, a lição desta semana vai analisar essa fidelidade a partir de um ângulo diferente. Isto é, queremos vê-lo como um missionário, alguém chamado pelo Senhor para se dirigir a outra terra e dar testemunho ao povo dessa terra acerca do verdadeiro Deus, o Criador e Redentor. Deus atribuiu a Abraão, e à sua descendência (ver Gál. 3:29), um propósito triplo: (1) serem recetores e guardiães da verdade divina sobre o reino de Deus, que se tinha perdido nos primórdios da história da Humanidade; (2) serem o meio pelo qual o Redentor entraria na História; e (3) serem, como fiéis servos de Deus, uma luz para as nações, uma luz para aqueles que precisavam de conhecer o Senhor. Ano Bíblico: Salmos 111-118. SOP: Ciência do Bom Viver (Livro), (Capítulo) Influências do Lar, (388) O Chamado de Abraão Domingo, 05 de Julho. “O Senhor disse a Abrão: Deixa a tua terra, os teus parentes e a casa de teu pai e vai para a terra que eu te vou mostrar. Farei de ti um grande povo; hei de abençoar-te e tornar-te famoso. O teu nome será uma bênção. Hei de abençoar os que te abençoarem e amaldiçoar os que te amaldiçoarem. E através de ti serão abençoados todos os povos do mundo.” Génesis 12:1-3. Abrão – cujo nome quer dizer “o pai é sublime”, e cujo nome foi mudado para Abraão, “pai de multidões” – cresceu em Ur, no atual Iraque. Deus chamou-o para o separar do seu contexto social e espiritual e para o fazer emigrar para um país desconhecido, onde Ele dirigiu uma renovação espiritual durante 100 anos, fazendo dele o “pai dos fiéis”. Por entre conflitos pessoais e familiares, Abraão tornou-se num missionário protótipo junto de vários grupos de pessoas, bem como num líder respeitado que dava testemunho da sua fé em Deus. Leia de novo Génesis 12:1-3. Que princípios podemos encontrar nesta passagem, os quais poderiam aplicar-se a qualquer um de nós na nossa própria situação específica; isto é, o que experimentou Abraão que nós, à nossa maneira, também podemos experimentar? Ver Hebreus 11:8-10. O patriarca foi chamado a deixar o passado atrás de si, a avançar pela fé, a acreditar no que parecia ser inacreditável e a fazer aquilo para que Deus o chamou. E, em consequência da sua fidelidade, todas as nações do mundo seriam abençoadas. Muitos de nós somos provados como o foi Abraão. É natural que possamos não ouvir a voz de Deus a falar-nos diretamente, mas Ele chama-nos através dos ensinos da Sua Palavra e dos acontecimentos traçados pela Sua providência. Pode ser-nos pedido que abandonemos uma carreira que promete riqueza e honra; talvez tenhamos de deixar para trás relacionamentos apropriados e proveitosos e até precisemos de nos separar da família; na verdade, talvez tenhamos até de entrar no que parecerá ser apenas um caminho de autonegação, de dificuldades e de sacrifícios. Contudo, se formos chamados, como poderemos recusar? Em Génesis, o hebraico traduz-se literalmente assim: “E Deus disse a Abrão, Vai para teu bem desta tua terra...” Foi-lhe dito que fosse “para seu bem”; isto é, no seu próprio interesse. Como deve entender-se o significado destas palavras, e de que maneira podemos aplicá-las a nós mesmos? Ano Bíblico: Salmo 119. O Testemunho de Abraão Diante de Reis Segunda, 06 de Julho. Lot era um parente de Abraão que o acompanhou nalgumas das suas viagens. A sua escolha de ficar com o vale do Jordão, muito bem fornecido de águas, levou-o ao convívio com homens ímpios em Sodoma (Gén. 13:1-13). Acabou então por ser resgatado, primeiramente por Abraão (Gén. 14:11-16), e, mais tarde, por dois anjos (Génesis 19). Logo que Abraão ouviu que o seu familiar Lot se encontrava em perigo, decidiu prestar-lhe auxílio. Na ação de resgate de Lot, Abraão conduziu uma força militar de mais de trezentos homens da sua própria casa. Vários reis da região de Sodoma envolveram-se nesta luta, e Abraão acabou por sair vitorioso. Leia Génesis 14:8-24. O que revelaram os atos de Abraão a respeito do seu caráter e, daí, a respeito da sua fé e do seu Deus? Perante os reis que venceu, Abraão revelou o poder de Deus. Mesmo no decorrer dessa missão de resgate, o “pai dos fiéis” não perdeu de vista o seu chamado divino para ser uma bênção junto das nações. “O adorador de Jeová não só tinha prestado um grande serviço ao país, mas tinha mostrado ser um homem de valor. Viu-se que a justiça não é covardia, e que a religião de Abraão o tornava corajoso ao manter o que é correto e ao defender os oprimidos. O seu heroico ato fez com que a sua influência entre as tribos vizinhas aumentasse grandemente. Quando regressou, o rei de Sodoma saiu com o seu séquito para honrar o vencedor. Pediu-lhe que levasse os bens, pedindo apenas que os prisioneiros fossem restituídos. Pelas regras da guerra, o despojo pertencia aos vencedores; mas Abraão não se tinha lançado nesta expedição com o intuito de lucros, e recusou-se a tirar proveito daquele que tivera tanta infelicidade, estipulando apenas que os seus aliados recebessem a parte a que tinham direito.” – Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 108, ed. P. SerVir. Pense nos seus relacionamentos com os outros. Que tipo de testemunho dão eles a respeito da sua fé pessoal? Ano Bíblico: Salmos 120-134. Um Modelo de Fé Terça, 07 de Julho. Ainda que longe de ser perfeito, Abraão era um homem de Deus, e, vez após vez, em toda a Bíblia, mesmo no Novo Testamento, ele é referido como um exemplo de fidelidade e como um exemplo daquilo que significa ser salvo pela fé (ver Gén. 15:6; Gál. 3:6). Leia Hebreus 11:8-19. O que é que a passagem nos diz sobre Abraão e a sua fé que é tão importante para qualquer pessoa que deseje ser missionária de Deus em qualquer capacidade possível? O Senhor queria muito usar Abraão; porém, a primeira coisa que Ele teve de fazer foi levá-lo a deixar para trás o seu passado. A lição contida neste facto deve ser óbvia para qualquer um de nós, sobretudo para aqueles cujo passado não tenha estado em harmonia com a vontade e a Lei de Deus, o que, na realidade, nos inclui a todos nós. Surpreendente também foi o facto de que, apesar de deixar a sua terra, Abraão partiu “sem saber para onde ia” (Heb. 11:8). Embora a maior parte dos missionários saiba para onde está a ir, pelo menos num sentido geográfico, noutro sentido, quando qualquer um de nós dá esse salto enorme de fé e entrega o coração totalmente a Deus, não sabemos, na realidade (pelo menos a curto prazo), para onde é que vamos (ainda que, a longo prazo, alcancemos esse conhecimento). Se soubéssemos, não seria preciso ter assim tanta fé; daí que não saber é um pré-requisito para se ser capaz de viver verdadeiramente pela fé. Um outro ponto crucial é que Abraão encaminhava-se para “a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus” (v. 10). Abraão mantinha em mente o quadro geral; ele sabia que, fosse o que fosse que aqui enfrentasse, fossem quais fossem as canseiras e as lutas, no fim tudo iria valer a pena. Ele sabia de igual modo que não era um mero estrangeiro na “terra prometida”, mas que era um de muitos “estrangeiros e peregrinos na terra” (v. 13). Este mundo, e a nossa vida aqui, por muito preciosos que nos pareçam no momento (pois é tudo o que temos por agora), não é a história toda, nem de perto. E, naturalmente, o maior exemplo de fé no Velho Testamento foi aquilo que Abraão se mostrou disposto a fazer com o seu filho no Monte Moriá, em conformidade com a ordem de Deus. Em que aspetos já passámos pela experiência do que significa avançar pela fé? Que dificuldades enfrentámos? Que alegrias experimentámos? Sabendo o que sabemos hoje, o que poderíamos ter feito de forma diferente? Ano Bíblico: Salmos 135-139. Abraão, o Viandante Quarta, 08 de Julho. Qualquer estudo da vida de Abraão revela que a sua fé incluiu conflitos difíceis contra a dúvida e a descrença no poder de Deus. Os antepassados de Abraão eram idólatras (Josué 24:2), e talvez estes antecedentes expliquem a razão por que nem sempre ele manifestou plena confiança no poder de Deus. Por duas vezes, o patriarca manifestou covardia e recomendou a Sara que dissesse uma meiaverdade (Gén. 12:11-13; 20:2). Ele riu-se (Gén. 17:17) quando lhe foi dito que teria um filho de Sara. Apesar das suas faltas, Abraão foi, mesmo assim, usado pelo Senhor, porque Abraão queria ser usado por Ele; e, desse modo, o Senhor teve a possibilidade de moldar o seu caráter. Uma das maneiras de que Deus Se serviu para moldar Abraão como reformador e missionário foi através das suas vagueações. Viajar é, em si mesmo, uma forma de aprendizagem, pois abre a pessoa a novas ideias e a possibilidades de mudança. As peregrinações a Jerusalém eram uma parte importante e requerida no culto israelita. As mudanças por que passavam os peregrinos, quando tinham de caminhar longas distâncias, dormir em lugares diferentes, comer alimentos novos, enfrentar outros climas, e conhecer outras pessoas, fortaleciam a sua fé mediante a vulnerabilidade de cada um. A prestação de culto, com os seus sacrifícios e ofertas, danças sagradas e recitação de Salmos, contribuía para que o povo de Deus confirmasse a sua identidade e as suas tradições. No decorrer das suas viagens, desde o lugar de nascimento, em Ur, até ao local do seu sepultamento, Abraão visitou, pelo menos, 15 regiões geográficas diferentes. A maior parte dos episódios reformadores e missionários da sua vida ficou ligada às suas deslocações. Quais foram algumas das lições espirituais que Abraão aprendeu por experiência própria nos seguintes lugares? Moré, em Siquém (Gén. 12:6 e 7) Hebron (Gén. 13:18-14:20) Mamre (Gén. 18:1, 20-33) Monte Moriá (Gén. 22:1-14) Ano Bíblico: Salmos 140-144. Abraão: Missionário em Sua Própria Casa Quinta, 09 de Julho. “E disse o Senhor: Ocultarei eu a Abraão o que faço, visto que Abraão, certamente, virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações da terra? Porque eu tenho conhecido, que ele há de ordenar aos seus filhos e à sua casa, depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para obrarem com justiça e juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que, acerca dele, tem falado.” Génesis 18:17-19. Que lições importantes encontramos nestes textos sobre fidelidade e serviço a Deus? “Deus chamou Abraão para ser ensinador da Sua palavra, e escolheu-o para pai de uma grande nação, porque viu que instruiria os seus filhos e a sua casa, nos princípios da Sua Lei. E aquilo que dava poder ao ensino de Abraão era a influência da sua própria vida. A sua grande casa consistia em mais de mil almas, muitas das quais chefes de famílias, e não poucos recém-conversos do paganismo.” – Ellen G. White, Educação, p. 186. As atividades missionárias terão mais sucesso quando são apoiadas por uma vida familiar que está em harmonia com os desígnios de Deus. A história bíblica e a história da Igreja dizem-nos que a maior parte das Igrejas Cristãs Primitivas centrava-se nos lares e nas famílias. Uma das razões por que Abraão foi escolhido prende-se com o facto de Deus ter visto a sua capacidade de orientar os filhos e a sua casa nos caminhos do Senhor. O propósito de Deus na família equipara-se ao Seu propósito nas missões; nomeadamente “fazer justiça e julgar com retidão” (Prov. 21:3). Que exemplos da família de Abraão podemos encontrar que mostram que os membros da sua família eram fiéis ao Senhor? Ver, por exemplo, Heb. 11:11, 20. É verdade que podemos também encontrar na Bíblia exemplos de homens piedosos cujas famílias não andavam no caminho do Senhor. No entanto, o ponto salientado nos textos de hoje é claro: A fé e o exemplo de Abraão eram suficientemente fortes para que aqueles que viviam na sua casa aprendessem a guardar “o caminho do Senhor” (Gén. 18:19). Guardar “o caminho do Senhor”. Que significado tem para nós pessoalmente esta expressão? De que maneira se guarda “o caminho do Senhor”? Ano Bíblico: Salmos 145-150. Sexta, 10 de Julho. ESTUDO ADICIONAL: “Deus chamou Abraão, fê-lo prosperar e honrouo, e a fidelidade do patriarca foi uma luz para o povo em todos os países onde peregrinou. Abraão não se isolou do povo que estava à sua volta. Manteve relações amistosas com os reis das nações circunvizinhas, alguns dos quais o tratavam com grande respeito, e a sua integridade e abnegação, o seu valor e benevolência, estavam a representar o caráter de Deus. Na Mesopotâmia, em Canaã, no Egito, e mesmo aos habitantes de Sodoma, o Deus do Céu foi revelado por meio do Seu representante.” – Ellen G. White, “Patriarcas e Profetas, p. 326, ed. P. SerVir. PERGUNTAS PARA REFLEXÃO: Há milhares de anos que a história de Abraão e Isaque no Monte Moriá tem entusiasmado e estimulado os fiéis, ao mesmo tempo que desperta escárnio e zombaria entre aqueles que têm olhado o acontecimento como um ato de crueldade e de barbaridade. Leia de novo a história em Génesis 22. Que grandes lições podemos daí retirar? O que nos ensina o capítulo acerca da Cruz e do terrível preço pago por causa do pecado? O que nos ensina sobre o que está envolvido em dar um passo pela fé? Que razão torna este episódio tão perturbador para muita gente? Leia Génesis 12:11-13 e 20:2, dois relatos em que Abraão, um homem de Deus, revelou falta de fé. Que lições retiramos desta história? Um dos textos mais famosos na Bíblia é Génesis 15:6. Qual é a sua mensagem? Em que contexto foi dada? Em que termos é utilizado o texto no Novo Testamento (ver Rom. 4:3; Gál. 3:6; Tiago 2:23)? O que nos ensina sobre fé, obras e Salvação? Quem foram alguns dos grandes dirigentes religiosos cujos membros da família não andaram “no caminho do Senhor”? Que lições aprendemos com as respetivas histórias, capazes de ajudar qualquer um que se esforce por orientar membros da família para que sejam fiéis? Ano Bíblico: Provérbios 1-3. Comentários de EGW, Leitura Adicional: Nossa Alta Vocação (Meditações Matinais, 2015), p. 187, ed. P. SerVir. Moderador Texto-Chave: Hebreus 11:8. Com o Estudo desta Lição o Membro da Unidade de Ação Vai: Aprender: A ver claramente, com base na vida de Abraão, como Deus usa a obediência, ainda que com falhas e incompleta, para, de forma admirável, fazer progredir o Seu plano de missão. Sentir: Um novo entusiasmo face à aventura missionária que Deus tem em mente para si. Fazer: Aceitar o desafio de assumir riscos e de se tornar sensível por amor do Evangelho. Esboço da Aprendizagem: I. Aprender: Aventura, com Rede de Segurança. A. Qual seria o resultado para a Bíblia, se a história de Abraão fosse dela removida? Até que ponto isto nos ajuda a compreendermos a importância da missão que Deus atribuiu a Abraão? B. Que lições aprendemos acerca da natureza de Deus com a história das muitas falhas de Abraão? C. No seu entender, que razão levou Deus a arranjar tantos encontros pessoais com Abraão, em diferentes momentos da sua peregrinação? II. Sentir: Missão Possível. A. Será que estamos a permitir que um sentimento de inaptidão nos esteja a retrair do envolvimento na missão? Que lições da experiência de Abraão devem transmitir-nos confiança para darmos o primeiro passo? B. De que modo a ligação permanente de Abraão com Deus deve trazernos certeza e tranquilidade quando nos sentimos como “estrangeiros em terra estranha”? III. Fazer: Transformados pela Missão. A. Em que aspetos podemos realizar a missão em vez de simplesmente sermos “pensadores” ou “faladores” acerca da missão? Num sentido prático, que significado terá isso para nós? B. Ao olharmos para Abraão no início do seu percurso, e novamente no seu final, que ideias podem advir-nos acerca daquilo que Deus gostaria de realizar na nossa vida, se Lho consentíssemos? Sumário: O percurso missionário de Abraão prefigura, em muitos aspetos, a missão redentora de Cristo para abençoar o mundo através do Seu sacrifício no Calvário. Ao acompanharmos os passos de Abraão, podemos captar imagens da inflexível natureza do nosso Criador concentrada na missão, e somos inspirados de novo a descobrir o propósito missionário que Deus projetou para a nossa vida. CICLO DA APRENDIZAGEM 1º PASSO – MOTIVAR! Realce da Escritura: Gálatas 3:6-8. Conceito-Chave para Crescimento Espiritual: Pela fé, Abraão aceitou uma missão vinda de Deus que o levou a um percurso extraordinário – um percurso cujas consequências ele nunca poderia ter imaginado. Hoje, Deus oferece a cada um de nós uma tarefa missionária no Seu plano para a salvação da Humanidade. Tal como com Abraão, nós podemos não ser o material missionário “ideal”. A sua história, porém, garante-nos que Deus pode e vai realizar o Seu propósito através de seres humanos imperfeitos. Tudo o que Ele nos pede é que estejamos prontos a “ir”. Só para o Dinamizador: O Cristão como peregrino ou exilado é uma figura recorrente na literatura e na música cristãs. É provável que o exemplo mais claro de alguém chamado para um determinado percurso seja Abraão, que respondeu ao chamado de Deus para abandonar tudo o que conhecia (Gén. 12:1). Ao dirigir a sua Unidade de Ação hoje, o seu propósito deve ser duplo: retirar do percurso épico de fé de Abraão lições essenciais para a missão e lançar aos membros o desafio de dar ouvidos e de aceitar o chamado pessoal de Deus para a missão – tenha isso a modalidade que tiver. Debate Introdutório: O explorador britânico Sir Francis Drake saiu de Inglaterra, em dezembro de 1577, com seis navios e 164 marinheiros. A sua missão? Tornar-se no primeiro cidadão inglês a circum-navegar o Globo. Três anos mais tarde, apenas um navio manobrado por 59 marinheiros sobreviventes se arrastou até ao porto de Plymouth. Ainda que, em última análise, bem-sucedido na sua missão, Sir Francis e os seus homens tinham enfrentado uma dolorosa série de horrores – tempestades, naufrágios, ataques de forças hostis e falta de alimentos. À luz daquela terrível viagem, as palavras de uma oração tradicionalmente atribuída a Sir Francis são particularmente comoventes: “Sacode-nos, Senhor, Quando estamos demasiado satisfeitos connosco mesmos; Quando os nossos sonhos se tornam verdade, Porque sonhámos muito pouco; Quando retornámos em segurança, Porque navegámos demasiado junto à costa.” Quando Abraão partiu de Ur, estava a começar uma viagem que o iria levar até “bem longe da costa” – e, aparentemente, sem garantias de sucesso. É claro que o que sabemos a posteriori torna o desfecho inevitável. Abraão foi um gigante da fé; um explorador corajoso; o pai de muitas nações, tanto literal como espiritualmente. Pensemos, no entanto, como a história poderia ter tomado um rumo muito diferente. Quando Abraão de Ur ouviu pela primeira vez a voz de Deus a dizer-lhe “vai”, ele era simplesmente um homem confrontado com uma escolha. Devia ele ignorar o estímulo do Senhor e permanecer em Ur, com tudo o que lhe era familiar e garantido? Ou devia ele largar tudo o que lhe pertencia e à sua família alargada e encaminhar-se para o desconhecido? Nessa altura, era-lhe totalmente impossível saber até que ponto as consequências da sua escolha iriam repercutir-se ao longo da História. Perguntas: 1.Antes de qualquer viagem épica vem a decisão de “ir”. De que modo se pode viver de tal maneira que (a) se torne mais fácil ouvir o chamado de Deus para a missão e (b) se garanta que estamos física e espiritualmente preparados para responder à tarefa missionária que Deus nos atribui? 2.Em que aspetos, quer individualmente quer como Igreja, “navegamos demasiado perto da costa” quando chega a hora de nos envolvermos na missão de Deus? 2º PASSO – ANALISAR! Só para o Dinamizador: Todos os grandes homens e mulheres de fé mencionados em Hebreus 11, incluindo Abraão, tinham uma confiança profunda nos planos a longo prazo que Deus possuía para a Humanidade. Esta certeza permitiu-lhes aceitar a vulnerabilidade, o sacrifício e o perigo. Ao analisar a narrativa bíblica de Abraão, anime a Unidade de Ação a perguntar: “Que coisas preciso de abandonar – medos, posses materiais, pecados ou qualquer outra coisa – a fim de cumprir o plano que Deus tem para mim de abençoar outros?” COMENTÁRIO BÍBLICO I. Ser uma Bênção para o Mundo (Recapitule com a Unidade de Ação Génesis 12:1-9.) O tema da bênção percorre toda a Bíblia com Deus a apresentar-Se como ansioso por trazer bênçãos ao mundo. Deus abençoou Abraão para um propósito específico e monumental – abençoar, por meio dele, todas as nações (Gén. 12: 2 e 3). Poderia haver um chamado mais elevado do que este? Logo desde o início da história de Israel, Deus tornou conhecida a Sua intenção de abençoar o mundo todo. Ele escolheu Israel não porque fosse um povo inerentemente especial, nem porque fosse melhor do que outros, mas para que o Seu povo pudesse tornar-se no Seu instrumento de Salvação e bênçãos para o mundo. Abraão demonstrou ser, nalguns aspetos, um ser humano falível. Contudo, a sua fé incrível granjeou-lhe um lugar proeminente entre os heróis da fé (Heb. 11:8-19). A coragem e a fé misturavam-se quando Abraão, a sua família e todo o pessoal da sua casa se deslocaram como missionários para o Centro de Canaã – ficando rodeados de adoradores de ídolos imorais (Gén. 12:4-6). Como é que, num ambiente daqueles, eles poderiam começar a dar testemunho de Jeová? Abraão ergueu dois altares. É claro que oferecer sacrifícios não era nada de estranho na terra de Canaã – mas pretender sacrificar ao Único Deus Verdadeiro, Jeová, era algo surpreendentemente novo! E então a Bíblia diz que Abraão “invocou o nome do Senhor” (Gén. 12:8). A Tradução Literal de Young sugere um significado mais profundo neste versículo: Abraão “começou a pregar no nome de Jeová”. Abraão não foi chamado unicamente para ir e viver uma vida fiel à promessa, mas foi chamado também para ser uma testemunha verbal junto dos povos cananeus. Pense Nisto: Abraão encontrava-se num relacionamento “privilegiado” com Deus – no entanto, isso conferia-lhe tanto responsabilidades como bênçãos. Para os Adventistas do Sétimo Dia, quais são algumas das responsabilidades que acompanham as muitas bênçãos que Deus nos tem concedido? II. Bênçãos Recíprocas (Recapitule com a Unidade de Ação Génesis 12:1-3.) As bênçãos na Bíblia correm em dois sentidos – de Deus para a Humanidade e da Humanidade de volta para Deus. As bênçãos de Deus são para cuidar de nós como Seus filhos; as nossas bênçãos são para expressarmos a nossa gratidão e o nosso apreço pelas Suas bênçãos. Este abençoar mútuo e recíproco pode ser visto na carta do apóstolo Paulo aos Efésios: “Bendito o Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais, em Cristo.” Efésios 1:3. Nesta mútua troca desigual de bênçãos, a única coisa de valor que podemos dar de volta a Deus é a nossa vida, o nosso serviço e o nosso louvor. A maior bênção que Israel poderia ter devolvido a Deus era a sua obediência, incluindo a participação na Sua missão junto das nações circunvizinhas. Em vez disso, demasiadas vezes foi aquele povo envolvido num ritual oco. Sacrifícios e ofertas, que deviam ser bênçãos devolvidas a Deus, tornaram-se, em vez disso, num insulto a Ele (Isa. 1:13-15). Pense Nisto: De que maneiras concretas poderá Deus chamar-nos a abençoar a nossa comunidade? Em que aspetos somos nós, por vezes, desviados da nossa missão de abençoar Deus e os outros? 3º PASSO – PRATICAR! Só para o Dinamizador: Diz-se que ser missionário significa estar-se aberto a ser-se transformado, tanto quanto se procura transformar outros. A missão de Abraão envolvia tanto a viagem física (da antiga cidade de Ur até à terra de Canaã) como uma viagem de crescimento espiritual (do abandono de uma cultura de idolatria até uma aprendizagem de como ser um fiel seguidor de Jeová). Analise com os membros a ideia de que a perfeição não é um requisito para o trabalho missionário. Em vez disso, o que é necessário é um espírito moldável. Atividade: Divida a Unidade de Ação em grupos pequenos e peça-lhes que dediquem alguns minutos a fazer uma breve descrição de um posto de trabalho numa “carreira” para a qual Deus tenha chamado Abraão. Enumerem todas as qualificações e aptidões que consideram que um candidato ideal deveria possuir. Juntem-se novamente e comparem as respetivas listas. A que consenso conseguem chegar a respeito de duas ou três das qualificações mais essenciais? Que características seriam inconvenientes? Perguntas para Debate: Recapitulem, de forma breve, os vários episódios da vida de Abraão que demonstram que ele era uma obra espiritual em progresso. Por exemplo, Gén. 12:11-13, 16:1-4, 20:2. 1.Como caracterizaríamos a reação de Deus a estas situações? 2.Por que motivo, na nossa opinião, Deus foi tão paciente com o Seu embaixador tão defeituoso? Até que ponto I Timóteo 1:16 dá uma pista para uma razão? 3.Como reagimos à ideia de que o poder de Deus se manifesta na nossa fraqueza (II Cor. 12:9)? Terá este facto uma influência prática na nossa atitude quanto ao envolvimento na missão? 4º PASSO – APLICAR! Só para o Dinamizador: Por vezes ouvimos histórias emocionantes de homens e mulheres que tiveram um sentimento distinto e inconfundível de que Deus queria que atuassem de uma maneira especial. No entanto, todos nós somos “chamados” (João 15:16). Analise com os membros as muitas maneiras diferentes de Deus comunicar o Seu chamado para a missão. Atividade: É possível tornarmo-nos mais sintonizados com as motivações missionárias vindas de Deus? Escolha dois ou três indivíduos da Unidade para apresentarem uma charada. Escolha uma ideia abstrata para o grupo representar – por exemplo, compaixão ou esperança – unicamente através de gestos. 1. Será mais fácil adivinharmos a mensagem quando os atores são pessoas que conhecemos muito bem (isto é, quando estamos sintonizados com a forma como pensam)? Porquê? 2. Será mais fácil adivinhar a mensagem se recebermos pistas sobre ela vindas de múltiplas fontes? Expliquem as respostas. (Talvez se também fosse permitido aos atores falarem ou desenharem num quadro?) Por agora, a comunicação de Deus connosco não pode ser face a face. Enquanto Unidade de Ação, analisem meios de podermos estar mais em sintonia com a voz de Deus. Que variadas formas pode o chamado de Deus ter? Para terminar, lance aos membros da Unidade de Ação o desafio de, durante a próxima semana, dedicarem blocos de tempo específicos – seja por meio do estudo, da oração, do culto, seja por meio da comunhão – a: (a) Escutar o chamado pessoal de Deus para a missão. (b) Preparar-se espiritualmente para o serviço.