1ª Série – 2014 LÍNGUA PORTUGUESA – LITERATURA
LÍNGUA PORTUGUESA – Questões de 01 a 20
Com base na leitura, responda as questões de 1 a 5.
Nas prisões, Jargão é crime.
O jargão já foi o nome da linguagem dos excluídos, uma espécie de código
secreto dos marginais. O dialeto falado hoje em presídios é um exemplo, para
mostrar a função original do jargão e das gírias que é a de defesa.
É prático, permite a comunicação rápida; é seguro, protege as mensagens
dos ouvidos inimigos; e é essencial, por ter a função de marcar o vínculo entre
homens isolados que perderam a identidade quando vestiram o uniforme,
cortaram os cabelos e passaram ao espaço impessoal do cárcere. "A gíria é o
último e principal signo de grupo do detento, tanto que, quando quer mostrar
regeneração, ele deixa de usá-Ia", afirma Léa Stella, autora de Tá tudo
dominado: a gíria das prisões. Stella deu aulas de português a presos e estudou
durante meses o vocabulário usado em cadeias do Estado. Ela afirma ter se
impressionado com a criatividade e a ironia de uma gíria praticada por um grupo
de baixa escolaridade.
Os detentos chamam de "praia" o chão de cimento; "quieto" é a cortina que
improvisam para criar alguma privacidade nos cubículos superpovoados.
"Tumba" é o espaço sob a cama, onde dormem alguns, quando as lajes de
pedra já estão ocupadas.
"Preso fala mais difícil que economista", "compara o escrivão de polícia
capixaba Clério Borges, organizador do dicionário Gírias e jargões da
malandragem, disponível só na Internet (www.esshop.com.br/girias). Seu
interesse pelo tema partiu de uma necessidade profissional. Como a lei exige
que os depoimentos tomados na delegacia sejam transcritos exatamente na
forma falada, o escrivão passou a anotar palavras desconhecidas e a pesquisar
os significados.
Hoje, seu acervo tem mais de 10 mil verbetes, com termos que vão da
economia ao hip hop. "Os puristas torcem o nariz para isso, mas a gíria e o
jargão são o segundo idioma do brasileiro. Não dá para menosprezar, é preciso
estudar, entender".
HELVÉCIA, Heloísa. Folha de S.Paulo,
24 jun. 2003, p.11. (Fragmento)
1)
O título do texto remete à ideia de que
a)
b)
c)
d)
nos presídios, é preciso aprender outra linguagem, a dos excluídos.
existe, na prisão, uma espécie de código secreto dos marginais.
o dialeto falado na prisão defende e protege os presidiários.
nas prisões, há gírias relacionadas com a identidade dos detentos.
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GABARITO 1
1
LÍNGUA PORTUGUESA – LITERATURA 1ª Série – 2014
2)
Para a autora, gíria e jargão são
a)
b)
c)
d)
3)
São vantagens do uso de gírias na comunicação entre os presidiários
a)
b)
c)
d)
4)
noções contrárias, sendo a gíria uma linguagem informal, e o jargão, formal.
termos semelhantes, caracterizados pela riqueza em construções jocosas.
concepções distintas, sendo o jargão mais efêmero do que a gíria.
sinônimos, porque ambos se constituem de um código próprio de um grupo.
a transparência, a inteligibilidade e a presteza.
a morosidade, a clareza e a facilidade de interação.
a sonoridade, a simplicidade e a agilidade.
a praticidade, a rapidez e a segurança.
Com base em sua leitura, escreva nos parênteses V (VERDADEIRO) ou F
(FALSO) para as afirmativas a seguir.
( ) Ao chamarem de "praia" o chão de cimento, os detentos estão debochando
de sua própria condição.
( ) O termo "quieto" está desvinculado da referência ao improviso nos
cubículos superpovoados.
( ) "Tumba" são lajes de pedra que estão desocupadas nos presídios
superlotados.
A sequência CORRETA é
a)
b)
c)
d)
5)
De acordo com o texto, assinale a alternativa INCORRETA.
a)
b)
c)
d)
2
VVV.
VFF.
FVF.
F FV.
A lei exige que os depoimentos dos detentos sejam transcritos na delegacia
por um escrivão.
O escrivão anota os depoimentos de forma aproximada ao modo como os
detentos falam.
Clério Borges organizou um dicionário com verbetes dos jargões usados
por malandros.
O jargão é uma variedade da língua a que os brasileiros devem ter acesso.
GABARITO 1
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Com base na leitura, responda as questões de 6 a 9.
O significado dos gestos em diferentes culturas
Você deixaria de realizar um negócio só porque o diretor de uma empresa norteamericana fez sinal de OK, encostando a ponta do polegar na ponta do dedo
indicador, formando um círculo?
No mundo globalizado em que vivemos, dificilmente uma pessoa se sentirá
ofendida com o gesto de um estrangeiro, a ponto de cancelar um contrato ou
desfazer um negócio. Mesmo interpretando o gesto como ofensivo, provavelmente
saberá que se trata de uma questão cultural e que, por isso, deverá ser relevado.
De maneira geral, o gesto não deve ser observado de forma isolada, mas sim
ser avaliado dentro de um contexto muito mais amplo e abrangente. Assim como a
palavra tomada isoladamente pode não ter significado, também o gesto deslocado
do contexto dificilmente completará uma informação.
Tanto a palavra como o gesto precisam ser estruturados em contextos que
possibilitem a construção de sentido. Para que uma atitude possa ser compreendida
e interpretada, há necessidade, portanto, de que os gestos estejam interrelacionados e em harmonia uns com os outros.
Temos de levar em conta também que talvez haja mais risco nos contatos de
pessoas de uma mesma cultura do que entre habitantes de países diferentes, porque
entre aqueles que convivem dentro de uma mesma sociedade o gesto é interpretado,
até inconscientemente, com a acepção que conhecem e estão acostumados a
observar.
Antes de iniciar os comentários sobre o significado de alguns gestos em diversos
países, é oportuno lembrar que uma atitude pode, às vezes, não ter nenhum outro
sentido, além do próprio fato em si. É conhecido o caso em que Freud estava
fumando um charuto e, ao perceber que alguns dos seus discípulos confabulavam
para tentar entender o que aquele fato significava, chamou-os e disse: "há momentos
em que um charuto é apenas um charuto."
Creditando à diferença do significado dos gestos uma importância relativa, ainda
assim, vale a pena conhecer alguns casos bastante curiosos de diferença entre eles,
de um país para outro.
Vejamos alguns dos gestos que apresentam diferenças de interpretação
curiosas.
Apertar a ponta da orelha:
 No Brasil - É um sinal de aprovação.
 Na índia - É uma forma de se desculpar, ou de mostrar arrependimento por
uma falha ou erro cometido.
Apontar com o polegar para cima, com os quatro outros dedos fechados na
palma:
 No Japão - Significa o número 5.
 •Na Alemanha - Significa o número 1.
 No Brasil - Significa que está tudo certo e serve também para pedir carona.
 Na Europa e nos EUA - É o pedido de carona.
 Na Nigéria e na Austrália - É um gesto obsceno.
O gesto de encostar a ponta do polegar na ponta do indicador, formando um
círculo, é um gesto obsceno que tem o mesmo significado no Brasil e na Rússia. Já
em outros países, possui outros significados:
 Nos EUA - Significa que está tudo certo, positivo.
 No Japão - Significa valor financeiro moeda, dinheiro.
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GABARITO 1
3
LÍNGUA PORTUGUESA – LITERATURA 1ª Série – 2014
 Na França - Significa que é algo sem valor, zero.
A mão em forma de figa tem os seguintes significados:
 No Brasil - Significa boa sorte.
 Na Croácia - Bem diferente do que ocorre no Brasil, o significado é de algo
sem valor ou de um não.
 Na Turquia e na Grécia - Tem significado obsceno (o mesmo significado que
tem no Brasil o gesto de bater no círculo formado com o indicador e o polegar,
quase fechados, com a palma da outra mão).
 Na Tunísia e na Holanda - Significa o pênis.
A diferença mais gritante que poderíamos encontrar no significado de um gesto
entre os diversos países talvez seja o mover a cabeça no sentido lateral, de um lado
para outro: em quase todos os países do Ocidente significa não; mas, na Bulgária,
na Grécia, no Irã e na Turquia, significa, por incrível que possa parecer, sim.
Para não correr o risco de comprometer a qualidade ou o sentido da
comunicação por causa de um gesto impensado, não convém negligenciar o
conhecimento dos gestos em diferentes culturas.
 Se você deseja ser bilíngue, aprenda e domine também os gestos da outra
cultura.
 Conheça bem o significado dos gestos usados nos países com quem precisa
manter contato para evitar mal entendidos.
 Se um estrangeiro fizer algum gesto que você considere ofensivo, ponha na
conta das diferenças culturais e não se incomode com o fato.
 Leia livros sobre relacionamento intercultural para se sentir mais confortável
nos contatos com pessoas de outros países.
POLITO, Reinaldo. Disponível em:
<http://economia.uol.com.br/planodecarreira/
artigos/ polito/2008/09 / 15/ult4385u82. jhtrn>,
Acesso em: 1.0 dez. 2008. (Fragmento adaptado)
6)
O melhor título para esse texto é
a)
b)
c)
d)
7)
De acordo com o texto, é CORRETO afirmar que
a)
b)
c)
d)
4
Cuidando da linguagem visual.
Os gestos em diferentes culturas.
Os gestos no mundo dos negócios.
A cultura da gesticulação.
negócios não são realizados por causa de determinados gestos.
as pessoas se ofendem com mais facilidade, no mundo globalizado.
é importante, no mundo dos negócios, saber lidar com gestos culturais.
gestos ofensivos sempre impedem a possibilidade de se fechar um negócio.
GABARITO 1
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8)
Um gesto não deve ser observado de forma isolada porque
a)
b)
c)
d)
9)
integra um contexto muito mais amplo e abrangente.
tomado separadamente remete a algo pejorativo.
não apresenta nenhum significado fora do contexto.
deslocado do contexto, completa uma informação.
É INCORRETO afirmar que palavra e gestos
a)
b)
c)
d)
se complementam, construindo sentidos e integrando ideias.
precisam ser estruturados em contextos que construam ideias completas.
devem estar inter-relacionados para serem compreendidos.
são interpretados, sem que seja necessária harmonia entre eles.
Com base na leitura, responda as questões de 10 a 12.
Classe média
Nós somos ricos? Perguntei a minha mãe, aos cinco anos. Eu achava que sim.
Afinal, para mim, os pobres eram aquelas pessoas que eu via com uma prematura
angústia, através do vidro de nosso Passat verde musgo, na pequena favela da
Juscelino Kubitschek, perto de casa. Ela disse que não éramos ricos nem pobres,
éramos de classe média.
Achei o termo meio nebuloso e confesso que só fui entendê-lo realmente, em
suas profundas implicações socioeconômico-culturais, na última terça, durante o
banho, quando o vizinho de cima deu a descarga e a minha água pelou. Eu gritei um
palavrão, abri mais a torneira e, enquanto as costas voltavam a uma temperatura
suportável, pensei: ah, então é isso.
Ser de classe média significa ter uma proximidade compulsória com os outros
e, consequentemente, estar em constante negociação com o mundo. Afinal, você
não está entre a minoria que faz as regras, nem junto à massa que apenas as segue.
Eu não imagino, por exemplo, o Antônio Ermírio numa reunião de condomínio,
secando o rosto com um lenço e dizendo, exaltado: "Nem vem, Dona Arminda, a
vaga do 701 já tava prometida pra mim faz tempo, a senhora devia era cuidar do
Arthur, que faz um escarcéu com o patinete no playground bem depois das dez".
Depois que minhas costas pelaram, comecei a me ver classe média a toda hora.
Restaurante por quilo, por exemplo. Tem coisa mais classe média? Tudo bem, posso
dizer que sou de uma classe média intelectualizada - o que significa que não ponho
feijoada e sushi no mesmo prato -, mas seria ridículo negar minhas origens, na fila,
diante de uma cestinha contendo "palha italiana" e ouvindo o mantra diário do
capitalismo nosso de cada dia: "Crédito ou débito?".
Rico não come em quilo nem morto. Ou você consegue imaginar, digamos,
Paulo Skaff botando aquele tempero pronto para salada nuns ovinhos de codorna,
enquanto aguarda um bigodudo gordo liberar o réchaud de croquetes?
Se um dia tiver de responder a um filho a pergunta que fiz a minha mãe, darei a
explicação que ouvi de um comediante americano na televisão: "Se no trabalho seu
nome está escrito na roupa, você é pobre. Se o nome está escrito na mesa, você é
de classe média. E se estiver escrito no prédio, você é rico". Mas isso é coisa para
me preocupar daqui a muitos anos. Urgente mesmo é, na próxima reunião de
condomínio, colocar na pauta a questão da descarga do 204. 100% classe média.
PRATA, Antônio. Classe média. O Estado de S. Paulo. 23 mar. 2007, p.114.
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GABARITO 1
5
LÍNGUA PORTUGUESA – LITERATURA 1ª Série – 2014
10) Com base na leitura do texto, é CORRETO afirmar que, para o autor, ser de
"classe média" significa
a)
b)
c)
d)
estar excluído da elaboração de regras, em geral, sem se sentir impelido a
segui-Ias.
lutar por interesses pessoais, desconsiderando quaisquer necessidades
dos outros.
participar das reuniões de condomínio e obrigar-se a apresentar suas
próprias opiniões.
revelar, nas discussões em público, tendência a gritar com os outros e a
xingá-los.
11) Assinale a alternativa em que, sem se alterar o sentido original da frase, a
palavra destacada pode ser substituída pelo termo ou expressão entre
colchetes.
a)
b)
c)
d)
enquanto as costas voltavam a uma temperatura suportável [depois de]
quando o vizinho de cima deu a descarga e a minha água pelou. [à medida
que]
se um dia tiver de responder a um filho a pergunta que fiz a minha mãe
[caso]
mas isso é coisa para me preocupar daqui a muitos anos. [uma vez que]
12) Considerando-se as perguntas feitas pelo autor no texto, é INCORRETO afirmar
que
a)
b)
c)
d)
6
Nós somos ricos? remete à incerteza manifestada pelo autor na infância.
Tem coisa mais classe média? dirige-se ao leitor e pode provocar reflexão.
"Crédito ou débito?" relaciona-se com o baixo poder aquisitivo evidente do
autor.
"Ou você consegue imaginar" [ ... ] Paulo Skaff [ ... ] enquanto espera liberar
o réchaud de croquetes?" refere-se a uma situação hipotética.
GABARITO 1
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Com base na leitura, responda as questões de 13 a 15.
A língua da pátria
As palavras em inglês confundem a cabeça de Márcia Ferreira, 36 anos,
moradora do município de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Parada em frente a uma agência do Banco do Brasil, no bairro Santo Agostinho, na
capital mineira, ela tenta entender o significado de Personal Banking, escrito em
destaque diante do caixa eletrônico. Olha atentamente cada letra, mas acaba
perguntando bem-humorada: "É personalização bancária?"
Assim como Márcia, existem outras tantas pessoas, num curto espaço de tempo
e lugar, que têm dificuldade com os estrangeirismos. "Às vezes, as palavras escritas
em outro idioma, numa loja ou restaurante, dão um certo medo na gente", acredita,
certa de que, se todas as informações estivessem em português, "tudo ficaria bem
mais fácil".
O aposentado Telmo Queiroga, 71 anos, morador do bairro Bandeirantes,
também pensa da mesma forma. "Temos uma língua pátria, e não precisamos ficar
recorrendo ao inglês, francês ou espanhol para dar nome às coisas. Você já viu, por
exemplo, em alguma companhia aérea internacional, principalmente
norte-americana, alguém falar português com os passageiros?", indaga.
Fazendo a sua hora do almoço, Nelson Barbosa, 37 anos, morador do bairro
Tupi, Região Norte da capital, também fica meio perdido quando está no Centro e
regiões de comércio sofisticado. Na entrada da lanchonete MC Donald's, por
exemplo, ele acha complicado entender drive thru ou simplesmente drive. O homem
tira o boné, coça a cabeça e faz cara de quem não está entendendo nada, mesmo
com a camisa toda cheia de palavras inglesas. [...]
A Savassi é um paraíso de placas em outras línguas. Há delivery, parking, food
por todo canto. Uma loja de roupas femininas chega ao desplante de vender artigos
for women (para mulheres), como se todo mundo andasse com um tradutor a tiracolo.
"Realmente está havendo um exagero", diz a estudante Érica Amarante Rodrigues,
fluente no idioma de Shakespeare. "Penso que, com o excesso, há uma
desvalorização do português". O cabeleireiro Moacir Mendes vai pelo mesmo
caminho, lembrando que os salões de beleza abusam na hora de escolher o seu
nome fantasia: "As pessoas acabam falando tudo errado, pois muitos sons são
específicos de um país. Na França, onde estive recentemente, o inglês está proibido.
Aqui deveria acontecer o mesmo".
Devido a essas dificuldades - e muitas outras - é que há dois projetos em
tramitação no Congresso. O primeiro, mais radical, do deputado federal Aldo Rebelo
(PC do B/SP), proíbe terminantemente o uso de palavras estrangeiras em meios de
comunicação, publicidade, eventos públicos nacionais, produtos e serviços e em
textos oficiais. O outro, do deputado De Velasco (PSL/SP), acaba de ser aprovado
pela Comissão de Educação e Cultura e Desporto da Câmara, é mais flexível,
permitindo a convivência pacífica entre dois ou mais idiomas. [...]
Palavras como shopping, marketing e algumas já perfeitamente assimiladas
pela população brasileira podem ficar. Mas outras, que ninguém entende, serão
obrigadas a ter o correspondente em português. Essa é uma das propostas do
deputado federal Paulo César Marques De Velasco, autor do projeto de lei 3288/00.
[...]
O deputado considera absurdo um brasileiro chegar a um restaurante e
encontrar, no cardápio, o nome de um peixe escrito em francês, sem a tradução. Ele
reclama ainda da profusão de marcas e produtos. "Temos uma língua muito rica, não
há necessidade de recorrer a outras", resume. Na sua opinião, toda essa invasão
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GABARITO 1
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LÍNGUA PORTUGUESA – LITERATURA 1ª Série – 2014
cultural decorre de "nosso espírito colonizado, como se toda mercadoria estrangeira
fosse melhor e mais bonita do que as nacionais".
Autoritarismo
Não é com leis que a situação vai mudar, diz Marisa Forte Ribeiro, professora
de Português e Redação do Unicentro Newton Paiva, com especialização em
Redação em Língua Inglesa na Universidade de Minnesota (EUA). Para a
professora, muita gente se vale de "empréstimos" a línguas estrangeiras, na
expectativa de obter "elegância e charme". O uso da internet aumenta o problema.
Um exemplo está no verbo "deletar", importado do inglês: "Hoje em dia ninguém mais
fala apagar. E o que dizer de personal trainer?".
"Medidas de cima para baixo cheiram a autoritarismo", considera a professora,
indicando outras saídas, para valorizar a língua: "É preciso fazer com que as pessoas
se expressem da melhor forma. E tenham o hábito de pensar. Essa conquista, no
entanto, só é possível através da educação".
WERNECK, Gustavo. A língua da pátria. Estado de Minas. 7 jan. 2001.
Gerais/Comportamento, p. 34. (Fragmento)
13) Os argumentos apresentados nas passagens a seguir revelam uma concepção
de que há um uso exagerado de estrangeirismos, EXCETO
a)
b)
c)
d)
“Às vezes, as palavras escritas em outro idioma, numa loja ou restaurante,
dão um certo medo na gente” [...]
“Temos uma língua pátria, e não precisamos ficar recorrendo ao inglês,
francês ou espanhol para dar nome às coisas.”
“As pessoas acabam falando tudo errado, pois muitos sons são específicos
de um país.”
“É preciso fazer com que as pessoas se expressem da melhor forma. E
tenham o hábito de pensar.”
14) Releia esta passagem:
"Às vezes, as palavras escritas em outro idioma, numa loja ou restaurante,
dita um certo medo na gente", acredita, certa de que, se todas as informações
estivessem em português, "tudo ficaria bem mais fácil".
As afirmativas a seguir apresentam inferências que podem ser feitas por meio
dessa passagem, EXCETO
a)
b)
c)
d)
8
Palavras e expressões estrangeiras geram insegurança em quem não as
entende.
O lojista também pensa que tudo seria mais fácil se usasse apenas
português no Brasil.
Estrangeirismos podem afetar a compreensão de informações essenciais
no cotidiano.
Márcia Ferreira não se sente confortável diante de estrangeirismos.
GABARITO 1
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15) Releia: "A Savassi é um paraíso de placas em outras línguas." O emprego da
palavra paraíso nesse enunciado revela
a)
b)
c)
d)
a crença do locutor do texto na utilidade dos estrangeirismos.
o amplo uso de estrangeirismos, em uma perspectiva irônica por parte do
locutor do texto.
o lado positivo do emprego de estrangeirismos na comunicação de
informações comerciais.
a existência de ótimas placas na Savassi, as quais se encontram em língua
estrangeira.
16) Assinale a alternativa que completa corretamente o período abaixo.
Já ____ anos, ____ neste local árvores e flores. Hoje, só ____ ervas daninhas.
a)
b)
c)
d)
fazem / havia / existe
faz / havia / existe
fazem / haviam / existem
faz / havia / existem
17) Qual a alternativa em que as formas dos verbos bater, consertar e haver, nas
frases abaixo, são usadas na concordância CORRETA?
- As aulas começam quando ______ oito horas.
- Nessa loja _________ relógios de paredes.
- Ontem ___________ ótimos programas na televisão.
a)
b)
c)
d)
batem – consertam-se – houve.
bate – consertam-se – havia.
bateram – conserta-se – houveram
batiam – consertar-se-ão - havera
18) Indique a alternativa CORRETA, no que se refere à concordância verbal, de
acordo com a norma de prestígio.
a)
b)
c)
d)
Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova.
Caiu pedaços de granizo na serra gaucha.
Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui.
Bateu três horas quando o entrevistador chegou.
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GABARITO 1
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19) Assinale a alternativa CORRETA quanto à colocação pronominal:
a)
b)
c)
d)
Precisarei lhe contar toda a verdade.
Ele encontrará-se comigo amanhã.
Nada pertuba-o mais que o barulho dos carros.
Não o encontrei naquela festa.
20) A colocação do pronome obliquo átono está CORRETA em:
a)
b)
c)
d)
10
Me disseram que você não viria à reunião.
Se cale, caso não tenha o que dizer.
Em falando-se de trapaças, veja os políticos.
Disseram-me a verdade.
GABARITO 1
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LITERATURA – Questões de 21 a 40
21) Releia o trecho a seguir:
Sou mesmo um estabanado... Deus esteja convosco. Isto sempre me
acontece... A minha língua fica às vezes tão doida que se põe logo a bater-me
nos dentes... que é um Deus nos acuda e ... não há que avisar: água vai! Olhe,
por vezes já me tem vindo dano, mas que quer? É sestro antigo... Não que eu
seja malcriado, Deus de tal me defenda, abrenúncio; mas pega-me tal comichão
de falar que vou logo, sem tirte, nem guarte, dando à taramela...
TAUNAY. Alfredo D’Escragnole. Inocência. 20. ed. São Paulo: Ática, 1993. p. 16-8
Pode-se afirmar que há no trecho, exceto.
a)
b)
c)
d)
linguagem marcadamente regional.
expressões de uso popular.
vários vocábulos desconhecidos.
padrão culto de linguagem.
22) (FUVEST) Sobre o narrador de A hora da estrela, de Clarice Lispector, pode-se
afirmar que:
a)
b)
c)
d)
é do tipo observador, pois revela não ter conhecimento sobre o que se
passa no universo sentimental e psíquico da personagem (Macabéa).
é do tipo observador, pois limita-se a descrever superficialmente as
emoções de Macabéa, o que fica evidente nas ocorrências enigmáticas do
termo “explosão“, apresentado sempre entre parênteses.
constitui-se como um personagem, pois narra em primeira pessoa; não há,
entretanto, referências à sua história pessoal, visto que seu objetivo é falar
sobre um personagem de ficção (Macabéa).
é um dos personagens do livro; entretanto, ao apresentar-se não só como
narrador, mas também como criador da história, problematiza a essência
da literatura de ficção, que reside na recriação arbitrária do real.
SISTEMA EQUIPE DE ENSINO
GABARITO 1
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LÍNGUA PORTUGUESA – LITERATURA 1ª Série – 2014
23) (PUC-RS) “Então passou-se sobre este vasto deserto d'água e céu uma cena
estupenda, heroica, sobre-humana; um espetáculo grandioso, uma sublime
loucura.
“Peri alucinado suspendeu-se aos cipós que se entrelaçavam pelos ramos das
árvores já cobertos d'água, e com esforço desesperado cingindo o tronco da
palmeira nos seus braços hirtos, abalou-o até as raízes.”
O texto acima exemplifica uma característica romântica de José de Alencar, que
é a:
a)
b)
c)
d)
consciência da solidão.
ânsia de glória.
idealização do personagem.
valorização da natureza.
24) (FUVEST) Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe¹
em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil. Aqui
chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o
vemos empossado, o que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas
viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria de hortaliça,
quitandeira das praças de Lisboa, saloia² rechonchuda e bonitona. O Leonardo,
fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal apessoado,
e sobretudo era maganão³. Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda
do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído junto dela, e com o ferrado
sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já
esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe
também em ar de disfarce um tremando beliscão nas costas da mão esquerda.
Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto
do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela
e beliscão, com a diferença de serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia
seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam
sê-lo de muitos anos.
(Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias)
Glossário:
1
algibebe: mascate, vendedor ambulante.
2
saloia: aldeã das imediações de Lisboa.
3
maganão: brincalhão, jovial, divertido.
Neste excerto, o modo pelo qual é relatado o início do relacionamento entre
Leonardo e Maria
a)
b)
c)
d)
12
manifesta os sentimentos antilusitanos do autor, que enfatiza a grosseria
dos portugueses em oposição ao refinamento dos brasileiros.
revela os preconceitos sociais do autor, que retrata de maneira cômica as
classes populares, mas de maneiras respeitosa a aristocracia e o clero.
opõe-se ao tratamento idealizante e sentimental das relações amorosas,
dominante do Romantismo.
evidencia a brutalidade das relações inter-raciais, própria do contexto
colonial escravista.
GABARITO 1
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25) (FUVEST) “Será que eu enriqueceria este relato se usasse alguns difíceis
termos técnicos? Mas aí que está: esta história não tem nenhuma técnica, nem
de estilo, ela é ao deus-dará. Eu que também não mancharia por nada deste
mundo com palavras brilhantes e falsas uma vida parca como a da
datilógrafa.”
(Clarice Lispector, A Hora da Estrela)
Em A Hora da Estrela, o narrador questiona-se quanto ao modo e, até, à
possibilidade de narrar a história. De acordo com o trecho acima, isso deriva do
fato de ser ele um narrador:
a)
b)
c)
d)
Iniciante, que não domina as técnicas necessárias ao relato literário.
Impessoal, que aspira a um grau de objetividade máxima no relato.
Objetividade, que se preocupa apenas com a precisão técnica do relato.
Autocrítico que percebe a inadequação de um estilo sofisticado para narrar
a vida popular.
26) (FUVEST) “A ação desta história terá como resultado minha transfiguração em
outrem (…) ”.
Neste excerto de A hora da estrela, o narrador expressa uma de suas
tendências mais marcantes, que ele irá reiterar ao longo de todo o livro. Entre
os trechos abaixo, o único que NÃO expressa tendência correspondente é:
a)
b)
c)
d)
“Vejo a nordestina se olhando ao espelho e (…) no espelho aparece o meu
rosto cansado e barbudo. Tanto nós nos intertrocamos”.
“é paixão minha ser o outro. No caso a outra”.
“Enquanto isso, Macabéa no chão parecia se tornar cada vez mais uma
Macabéa, como se chegasse a si mesma”.
“Queiram os deuses que eu nunca descreva o lázaro porque senão eu me
cobriria de lepra”.
27) A prosa literária adquiriu consistência com as obras desses dois grandes
romancistas: o primeiro, pelo estilo ágil e preciso de seu único romance, que
descreve pitorescamente os tipos, os ambientes e os costumes do Rio da
primeira metade do século XIX; o segundo, pelo leque de romances que abriu,
inspirados tanto na vida citadina do Brasil Imperial quanto nas personagens
míticas e tipos regionais de nossa terra.
O texto acima está se referindo, respectivamente, aos escritores:
a)
b)
c)
d)
José de Alencar e Machado de Assis.
Joaquim Manuel de Macedo e Visconde Taunay.
Aluísio Azevedo e Machado de Assis.
Manuel Antônio de Almeida e José de Alencar.
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GABARITO 1
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LÍNGUA PORTUGUESA – LITERATURA 1ª Série – 2014
28) (FUVEST)
Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou,
perguntou-lhe:
— E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?
— Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de
idéia.
— E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?
— Macabéa.
— Maca — o quê?
— Bea, foi ela obrigada a completar.
— Me desculpe mas até parece doença, doença de pele.
Eu também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa
Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada
porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de
ter um nome ue nin uém tem mas arece ue deu certo — arou um instante
retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor — pois
como o senhor vê eu vinguei... pois é...
— Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande divida de
honra.
Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam
diante da vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro
canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o
silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado:
— Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?
Da segunda vez em que se encontraram caia uma chuva fininha que ensopava
os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na
cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo.(Clarice Lispector, A hora da
estrela)
Neste excerto, as falas de Olímpico e Macabéa:
a)
b)
c)
d)
14
aproximam-se do cômico, mas, no âmbito do livro, evidenciam a oposição
cultural entre a mulher nordestina e o homem do sul do País.
demonstram a incapacidade de expressão verbal das personagem, reflexo
da privação econômica de que são vitimas.
beiram às vezes o absurdo, mas, no contexto da obra, adquirem um sentido
de humor e sátira social.
registram, com sentimentalismo, o eterno conflito que opõe os princípios
antagônicos do Bem e do Mal.
GABARITO 1
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1ª Série – 2014 LÍNGUA PORTUGUESA – LITERATURA
29) Leia:
Os folhetins eram suplementos que faziam parte dos jornais e narravam
histórias românticas, cheias de amores e aventuras, ao gosto da época. Seu
sucesso foi importantíssimo para a consolidação da literatura nacional, pelo
grande número de leitores que atingiu, em pleno século XIX. Leia um fragmento
de A Moreninha (1844), de Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882).
Os Dois Breves, Branco e Verde (Cap. VII)
“Eu vi a travessa menina hesitar longo tempo entre o desejo de possuir a concha
e o receio de ser molhada pelas vagas; depois pareceu haver tomado uma
resolução: o capricho de criança tinha vencido.
(...)
- Tomais este breve, cuja cor exprime a candura da alma daquela menina. Ele
contém o vosso camafeu: se tendes bastante força para ser constante e amar
para sempre aquele belo anjo, dai-lho, a fim de que ela o guarde com desvelo.
Eu mal compreendi o que o velho queria: ainda maquinalmente entreguei o
breve à linda menina, que o prendeu no cordão de ouro que trazia ao pescoço.
Chegou a vez dela. nosso homem deu-lhe o outro breve, dizendo:
- Tomai este breve, cuja cor exprime as esperanças do coração daquele menino.
Ele contém a vossa esmeralda: se tendes bastante força para ser constante e
amar para sempre aquele bom anjo, dai-lho, a fim de que ele o guarde com
desvelo.
Minha bela mulher executou a insinuação do velho com prontidão, e eu prendi
o breve ao meu pescoço com uma fita que me deram.
Quando tudo isto estava feito, o velho prosseguiu ainda:
- Ide, meus meninos; crescei e sede felizes! vós olhastes para mim, pobre e
miserável, e Deus olhará para vós ... Ah! recebei a bênção de um moribundo!
Recebi-a e saí para não vê-lo expirar...”
(MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha. 5. ed. São Paulo: Ática, 1973, p.47-8)
A partir do texto, e refletindo a ideia de consolidação da literatura brasileira,
julgue as assertivas a seguir.
I.
Quem faz o relato é o menino envolvido na situação, o que obriga esse
narrador-personagem a ser um observador distanciado.
II. O leitor romântico é exigente, e sente-se confuso, já que ora a personagem
feminina é uma menina, ora é uma mulher.
III. As juras de amor eterno, bem de acordo com o espírito romântico, criavam
uma expectativa que agregava cada vez mais leitores à obra, compondo
um grupo legitimador da própria literatura brasileira.
Está(ão) correta(s)
a)
b)
c)
d)
apenas III.
apenas I e II.
apenas I e III.
apenas II e III.
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GABARITO 1
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30) (UCS-2013) Observe a reprodução da obra Iracema, de José Maria de
Medeiros.
(Disponível em: <http://greciantiga.org/img/index.asp?num=0965>. Acesso em: 05 set. 2012.)
Analise a veracidade (V) ou a falsidade (F) das afirmativas a seguir, tendo como
base a relação entre o sentimento romântico expresso na pintura e as propostas
da escola romântica na literatura brasileira.
( ) A inocência e a sensualidade com que o amor e a figura feminina eram
tratados por alguns autores românticos fazem parte também do quadro acima.
( ) O tédio e a solidão da mulher de meados do século XIX, atestados pelos
poemas de Álvares de Azevedo, entre outros poetas, estão inscritos tanto na
pintura acima como na terceira fase da escola romântica.
( ) A liberdade presente nas raízes do Romantismo, influenciado pelo lema da
Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade), é sugerida na pintura
acima, como vivência, e, no Condoreirismo de Castro Alves, como desejo.
Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, de cima para
baixo.
a)
b)
c)
d)
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V–V–V
F–V–F
V–F–V
V–F–F
GABARITO 1
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31) (FUVEST) Devo registrar aqui uma alegria. é que a moça num aflitivo domingo
sem farofa teve urna inesperada felicidade que era inexplicável: no cais do porto
viu um arco-íris. Experimentando o leve êxtase, ambicionou logo outro: queria
ver, como uma vez em Maceió, espocarem mudos fogos de artifício. Ela quis
mais porque é mesmo uma verdade que quando se dá a mão, essa gentinha
quer todo o resto, o zé-povinho sonha com fome de tudo. E quer mas sem direito
algum, pois não é?
(Clarice Lispector, A hora da estrela)
Considerando-se no contexto da obra o trecho sublinhado, é correto afirmar que,
nele, o narrador:
a)
b)
c)
d)
assume momentaneamente as convicções elitistas que, no entanto,
procura ocultar no restante da narrativa.
hesita quanto ao modo correto de interpretar a reação de Macabéa frente
ao espetáculo.
adota uma atitude panfletária, criticando diretamente as injustiças sociais e
cobrando sua superação.
retoma uma frase feita, que expressa preconceito antipopular,
desenvolvendo-a na direçao da ironia.
32) (FUVEST) Identifique a afirmação correta sobre A hora da estrela, de Clarice
Lispector:
a)
b)
c)
d)
A força da temática social, centrada na miséria brasileira, afasta do livro as
preocupações com a linguagem, frequentes em outros escritores da mesma
geração.
Se o discurso do narrador critica principalmente a própria literatura, as falas
de Macabéa exprimem sobretudo as críticas da personagem às injustiças
sociais.
O narrador retarda bastante o início da narração da história de Macabéa,
vinculando esse adiamento a um autoquestionamento radical.
Os sofrimentos da migrante nordestina são realçados, no livro, pelo
contraste entre suas desventuras na cidade grande e suas lembranças de
uma infância pobre, mas vivida no aconchego familiar.
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GABARITO 1
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LÍNGUA PORTUGUESA – LITERATURA 1ª Série – 2014
33) (PUC-SP) A próxima questão refere-se ao texto abaixo.
Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da
carnaúba; verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol
nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros; serenai
verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco
aventureiro manso resvale à flor das águas.
Esse trecho é o início do romance Iracema, de José de Alencar. Dele, como
um todo, é possível afirmar que:
a)
b)
c)
d)
Iracema é uma lenda criada por Alencar para explicar poeticamente as
origens das raças indígenas da América.
o romance, elaborado com recursos de linguagem figurada, é considerado
o exemplar mais perfeito da prosa poética na ficção romântica brasileira.
o nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação
caracteriza a obra como um romance histórico.
a palavra Iracema é o resultado da aglutinação de duas outras da língua
guarani e significa “lábios de fel”.
34) (UNIMONTES-2013) Leia os fragmentos, retirados das obras Nós e os outros e
A Hora da Estrela, que permitem ler, comparativamente, a personagem Carolina
Maria de Jesus, autora da crônica “Quarto de despejo”, e a personagem
Macabéa, do romance de Clarice Lispector.
Eram 9 e meia quando nós chegamos no ponto do bonde e fomos ver um presépio
que fizeram na garagem que está vaga. Havia uma placa onde se lia: Entrada grátis.
Mas no presépio tinha uma bandeja com cédulas de 1 a 100. Quando saí elogiei o
presépio. Uma coisa que eu posso fazer. Quando cheguei na favela encontrei a porta
aberta. O luar está maravilhoso.
(LAJOLO, 2006, p. 69.)
Um dia teve um êxtase. Foi diante de uma árvore tão grande que no tronco ela nunca
poderia abraçá-la. Mas apesar do êxtase ela não morava com deus. Rezava
indiferentemente. Sim. Mas o misterioso Deus dos outros lhe dava às vezes um
estado de graça. Feliz, feliz, feliz. Ela de alma quase voando. E também vira um
disco voador.
Tentara contar a Glória, mas não tivera jeito, não sabia falar e mesmo contar o quê?
O ar? Não se conta tudo porque o tudo é um oco nada.
(LISPECTOR, 1986, p.73.)
Assinale a alternativa INCORRETA.
a)
b)
c)
d)
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O fragmento de Carolina Maria de Jesus retrata sua própria visão de
mundo, enquanto Macabéa fala por meio do narrador.
As duas personagens manifestam a mesma inconsciência sobre sua
condição de vida e seu lugar social.
O fragmento de A Hora da Estrela deixa evidente uma conotação existencial
metafísica que o fragmento do livro de Lajolo não tem.
As duas personagens integram a margem da sociedade; são excluídas pela
cor, no caso de Carolina; pela origem e pela pobreza, em ambos os casos.
GABARITO 1
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35) (PUC) Considere os dois fragmentos extraídos de Iracema, de José de Alencar.
I.
II.
Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao
fresco terral a grande vela? Onde vai como branca alcíone buscando o
rochedo pátrio nas solidões do oceano? Três entes respiram sobre o frágil
lenho que vai singrando veloce, mar em fora. Um jovem guerreiro cuja tez
branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro que viram
a luz no berço das florestas, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra
selvagem.
O cajueiro floresceu quatro vezes depois que Martim partiu das praias do
Ceará, levando no frágil barco o filho e o cão fiel. A jandaia não quis deixar
a terra onde repousava sua amiga e senhora. O primeiro cearense, ainda
no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí a predestinação de uma
raça?
Ambos apresentam índices do que poderia ter acontecido no enredo do
romance, já que constituem o começo e o fim da narrativa de Alencar. Desse
modo, é possível presumir que o enredo apresenta.
a)
b)
c)
d)
o relacionamento amoroso de Iracema e Martim, a índia e o branco, de cuja
união nasceu Moacir, e que alegoriza o processo de conquista e
colonização do Brasil.
o rapto de Iracema pelo branco português Martim como forma de
enfraquecer os adversários e levar a um pacto entre o branco colonizador
e o selvagem dono da terra.
a vingança de Martim, desbaratando o povo de Iracema, por ter sido
flechado pela índia dos lábios de mel em plena floresta e ter-se tornado
prisioneiro de sua tribo.
a morte de Iracema, após o nascimento de Moacir, e seu sepultamento
junto a uma carnaúba, na fronde da qual canta ainda a jandaia.
36) (Santa Casa- SP) Analisando as várias linhas de seu projeto de escritor, José
de Alencar vincula-se às grandes fases da vida brasileira. Assim, sua ficção
abrange:
I. as lendas e mitos da terra selvagem e conquistada.
II. o romance histórico, ambientado no período colonial.
III. uma literatura de cor local, regionalista, capaz de apanhar “tradições,
costumes e linguagens” do nosso povo.
Prendem-se a essas três linhas, respectivamente, seus romances:
a)
b)
c)
d)
As Minas de Prata, Senhora e Iracema.
Senhora, O Gaúcho e A Viuvinha.
Iracema, O Guarani e O Gaúcho.
O Guarani, Iracema e Senhora.
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GABARITO 1
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37) (CESCEM) Obedecendo embora a uma visão do mundo e a uma estrutura
romântica, certo romance de José de Alencar releva, no tratamento do tema,
inquietações de caráter sociológico, que, mais tarde, figurariam entre as
preocupações realistas: é o problema da degenerescência emocional em face
do lucro. A obra em questão é:
a)
b)
c)
d)
Diva.
Senhora.
A Viuvinha.
Iracema.
Leia o trecho de A hora da estrela, de Clarice Lispector, para responder às questões
de números 38 a 40.
Olímpico de Jesus trabalhava de operário numa metalúrgica e ela nem notou que ele
não se chamava de “operário” e sim de “metalúrgico”. Macabéa ficava contente com
a posição social dele porque também tinha orgulho de ser datilógrafa, embora
ganhasse menos que o salário mínimo. Mas ela e Olímpico eram alguém no mundo.
“Metalúrgico e datilógrafa” formavam um casal de classe. A tarefa de Olímpico tinha
o gosto que se sente quando se fuma um cigarro acendendo-o do lado errado, na
ponta da cortiça. O trabalho consistia em pegar barras de metal que vinham
deslizando de cima da máquina para colocá-las embaixo, sobre uma placa
deslizante. Nunca se perguntara por que colocava a barra embaixo. A vida não lhe
era má e ele até economizava um pouco de dinheiro: dormia de graça numa guarita
em obras de demolição por camaradagem do vigia.
38) (ENEM) A partir da leitura do texto, pode-se concluir que Olímpico, ao
apresentar-se como metalúrgico em vez de operário,
a)
b)
c)
d)
revela ser um homem culto e com bom nível de instrução.
pretende conferir melhor status ao trabalho que exerce.
mostra ser um homem humilde e despretensioso.
atribui destaque ao fato de realizar um serviço braçal.
39) (ENEM) De acordo com as informações textuais, Macabéa e Olímpico têm em
comum o fato de que ambos
a)
b)
c)
d)
aparentam estar despreocupados com seu futuro financeiro.
desejam ardentemente mudar de condição social.
demonstram ter grande ambição e espírito aventureiro.
são um tanto alienados com relação às condições em que vivem.
40) (ENEM) Uma característica que A hora da estrela compartilha com outros textos
produzidos pelo Neomodernismo brasileiro (ou Geração Modernista pós 1945)
é
a)
b)
c)
d)
20
o enfoque histórico, retratando o passado brasileiro.
o propósito nacionalista, com heróis idealizados.
o uso de uma linguagem distante do cotidiano.
o tom intimista, de investigação psicológica.
GABARITO 1
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