A Boa Nova
Boletim Informativo da Diocese de São Carlos
Ano 24 • nº 247 • Fevereiro/2015
MENSAGEM DO SANTO PADRE O PAPA FRANCISCO
AO POVO BRASILEIRO
Queridos irmãos e irmãs do Brasil,
estamos iniciando a Quaresma, tempo
de preparação para a Páscoa: tempo de
penitência, oração e caridade, tempo de
renovar nossas vidas, indentificandonos com Jesus através da sua entrega
generosa aos irmãos, sobretudo os mais
necessitados. Neste ano, a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, inspirando-se nas palavras d´Ele “O Filho do
Homem não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida em resgate
por muitos” (Mc. 10,45), propõe como
tema da sua habitual Campanha
“Fraternidade: Igreja e Sociedade”.
De fato a Igreja, enquanto comunidade congregada por aqueles que,
crendo, voltam o seu olhar a Jesus, o
autor da salvação e princípio da unidade
(Constituição Dogmática Lumen
Gentium,3), não pode ser indiferente às
necessidades daqueles que estão ao seu
redor, pois, “as alegrias e as esperanças,
as tristezas e as angústias dos homens de
hoje, sobretudo dos pobres e de todos os
que sofrem, são também as alegrias e as
esperanças, as tristezas e as angústias
dos discípulos de Cristo” (Const.
Pastoral Gaudium et Spes 1). Mas, o que
fazer? Durante os quarenta dias em que
Deus chama o seu povo à conversão, a
Campanha da Fraternidade quer ajudar
a aprofundar, à luz do Evangelho, o
diálogo e a colaboração entre a Igreja e a
Sociedade - propostos pelo Concílio
Ecumênico Vaticano II - como serviço de
edificação do Reino de Deus, no coração
e na vida do povo brasileiro.
A contribuição da Igreja, no
respeito pela laicidade do Estado e sem
esquecer a autonomia das realidades
terrenas, encontra forma concreta na sua
Doutrina Social, com a qual quer
“assumir evangelicamente e a partir da
perspectiva do Reino, as tarefas
prioritárias que contribuem para a
edificação do gênero humano e a
trabalhar junto com os demais cidadãos
e instituições para o bem do ser
humano” (Doc. de Aparecida, 384). Isso
não é um a tarefa exclusiva das
instituições; cada um deve fazer a sua
parte, começando pela minha casa, no
meu trabalho, junto das pessoas com
quem me relaciono. E, de modo
concreto, é preciso ajudar aqueles que
são mais pobres e necessitados.
Lembremo-nos que “ cada cristão e cada
comunidade são chamados a ser
instrumentos de Deus ao serviço da
libertação e promoção dos pobres, para
que possam integrar-se plenamente na
sociedade; isto supõe estar docilmente
atentos, para ouvir o clamor do pobre e
socorrê-lo” (Exortação Apostólica
Evangelii Gaudium 187), sobretudo
sabendo acolher, “ porque quando
somos generosos acolhendo uma pessoa
e partilhamos algo com ela - um pouco
de comida, um lugar na nossa casa, o
nosso tempo - não ficamos mais pobres,
mas enriquecemos” (Discurso na
Comunidade de Varginha - 25/07/2013).
Assim, examinemos a nossa consciência sobre o compromisso concreto e
efetivo de cada um na construção de
uma sociedade mais justa, fraterna e
pacífica.
Queridos irmãos e irmãs, quando
Jesus nos diz “Eu vim para servir” (cf.
Mc. 10,45), nos ensina aquilo que
resume a identidade do cristão: amar
servindo. Por isso, faço votos que o
caminho quaresmal deste ano, à luz das
propostas da Campanha da Fraternidade, predisponha os corações para a
vida nova que Cristo nos oferece e que a
força transformadora que brota da sua
ressurreição alcance a todos em sua
dimensão pessoal, familiar, social e
cultural e fortaleça em cada coração
sentimentos de fraternidade e de viva
cooperação. A todos e a cada um, pela
intercessão de Nossa Senhora Aparecida, envio de todo coração a Bênção
Apostólica, pedindo que nunca deixem
de rezar por mim.
Vaticano, 2 de fevereiro de 2015
Papa Francisco
A CAMPANHA DA
FRATERNIDADE 2015
Tema da Campanha - Fraternidade: Igreja e
Sociedade - e o lema
“ Eu vim para
servir” (Mc. 10,45).
O cartaz lembra o
lava-pés e mostra a
que veio o Papa
Francisco: para fazer como Jesus, que
lavou os pés de seus discípulos.
A MAIS ANTIGA ORAÇÃO À MÃE DE DEUS
É a antífona “sub tuum proesidium”, cantada pela santa
Igreja na Liturgia das Horas e recitada por muitos fiéis em
diversas oportunidades. “À vossa proteção recorremos, santa
Mãe de Deus”. Não desprezeis nossas súplicas em nossas
necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó
Virgem gloriosa e bendita”. Inluída desde tempos imemoriais nos
ritos Ambrosiano, Copta, Sírio e Armênio, sua antiguidade foi
confirmada na primeira metade do século XX, quando se
encontrou, no Egito, um papiro do século III, contendo o original
grego desta expressiva prece. O início da oração recolhe os ecos
da versão grega da Bíblia e associa à Virgem a capacidade
protetora atribuída a Deus pelo salmista: “Protegei-me sob a
sombra de vossas asas” (Sl. 16,8). E a fórmula “mas livrai-nos
sempre de todos os perigos” evoca o pedido feito no Pai Nosso: “mas livrai-nos do mal”.
Como tantas outras preces litúrgicas antigas, o “sub tuum proesidium” se destaca por sua
nobre simplicidade e sua concisão, aliadas a uma saudável espontaneidade. O pedido de
proteção indica que os cristãos estavam em situação de perseguição, talvez a de Valeriano
ou de Décio. Por isso, procuram proteção sob o manto da Virgem Maria.
A DIOCESE GANHA SETE NOVAS PARÓQUIAS
Neste início de ano, Dom Paulo está
criando sete novas paróquias. O objetivo
principal é estar mais próximo do povo de
Deus. O nosso povo se acostumou com
tudo perto: o supermercado, a farmácia, o
postinho... Também a igreja deve estar mais
perto. Uma proximidade não só geográfica
mas, sobretudo, presencial. Em Jaú, cidade
com mais de 130.000 habitantes, estão sendo criadas duas paróquias, completando
treze paróquias (uma para cada 10.000
habitantes). Em São Carlos, estão sendo
instaladas mais duas paróquias: a Paróquia
São Brás que foi criada no ano passado mas
somente agora está sendo instalada e a
Paróquia São Cristóvão, desmembrada da
paróquia Santa Luzia. A nova paróquia está
do outro lado da Washington Luís. São
Carlos passa a contar com 24 paróquias. O
Santuário da Babilônia será administrado
pelo padre Sebastião Pereira e pela
Comunidade Cristo Sofredor. Ibaté
também contará com mais uma paróquia, a
São Francisco, que terá como Pároco o Pe.
Carlos Alberto Giacone. Nova América e
Tapinas, Distritos de Itápolis, serão sedes
de duas Paróquias, embora com o mesmo
Pároco, Pe. João Paulo Raimundo da Cruz.
NÃO TRANSFORMEM O SANTUÁRIO
EM UM MERCADO
A liturgia do 3º Domingo da Quaresma, apresenta Jesus no templo revirando as
bancas e expulsando os vendedores. Essa parece ser uma imagem diferente daquele
Jesus manso e humilde com a qual estamos acostumados. Por isso, vale a pena rezar
esse Evangelho, para saber qual a mensagem que Ele nos apresenta para este tempo de
Quaresma. O Evangelho começa com a ida de Jesus a Jerusalém para festejar a Páscoa
dos judeus. Essa festa deveria celebrar o momento em que o povo judeu foi libertado da
escravidão do Egito. Era a festa mais importante para todo o povo, na qual todos
deveriam agradecer a Deus por sua misericórdia. Contudo, quando Jesus chega ao
templo, Ele encontra, em vez de um lugar para rezar, um mercado; as pessoas, em vez
de rezar, queriam fazer umas comprinhas. Assim, podemos imaginar a decepção de
Jesus...
Hoje em dia, essa situação ainda é muito comum. Lembro quando acompanhei um
grupo de pessoas a um santuário. Mal chegamos e alguns me perguntaram onde ficava
a lojinha das lembrancinhas... Ora, antes de rezar, aquelas pessoas estavam interessadas no mercado do santuário. Para muita gente, fazer uma peregrinação é apenas um
momento de festa no qual também aproveitamos para fazer umas comprinhas.
Pe. André Bressane de Oliveira, SJ
02
DIOCESES COM O MAIOR
NÚMERO DE PARÓQUIAS
Segundo o Anuário Pontifício, no Brasil, a
Diocese de São Carlos ocupa o 12º Lugar,
em número de paróquias, ao lado da
Diocese de Santo Amaro (SP). A nossa
Diocese possui mais paróquias que muitas
capitais e cidades maiores como: Natal,
Manaus, Aracaju, Florianópolis, Maceió,
Teresina, Belém e São Luis. E, aqui na
região, mais paróquias do que Campinas,
Ribeirão Preto, Rio Preto e Santos. É um
dado interessante, levando-se em
consideração o desejo do Papa Francisco
de que a Igreja esteja sempre mais
próxima, geográfica e existencialmente, do
povo.
AS RAZÕES DO FECHAMENTO
(temporário) DO SEMINÁRIO
MENOR E PROPEDÊUTICO
O Reitor do referido Seminário, Pe. Emílio
Carlos Mancini, publicou, por ocasião do
encerramento das atividades, um justo
agradecimento aos colaboradores daquela
casa. No comunicado, Pe. Emílio justifica
“... por decisão do Conselho Formador,
junto ao nosso Bispo”. Faltou dizer que o
‘fechamento’ é temporário e que ele se
deve ao pequeno número de seminaristas
que iriam ocupar aquela grande casa: três,
dos quais, dois vieram para a Casa de
Formação de São Carlos e um foi cursar o
terceiro ano em casa, retornando, se
possível, no ano que vem, para a Filosofia.
Aproveito a oportunidade para agradecer
às religiosas do Externato Santa Terezinha
pelas bolsas de estudos para os nossos
seminaristas. Faço-o publicamente, mas
espero fazê-lo pessoalmente, quando for a
Araraquara.
DEUS HABITA A FAMÍLIA
Em preparação para o Sínodo da Família,
cuja 1ª parte foi realizada em outubro do
ano passado e que terá o encerramento
com a 2ª parte, em outubro deste ano, em
Roma, Dom Paulo está encaminhando às
Paróquias um livrinho para encontros de
famílias. A publicação contém
testemunhos de famílias, dinâmicas que
ajudam na participação de todos,
especialmente dos jovens e crianças. O
conteúdo é rico de ensinamentos e de fácil
compreensão; ajuda a aprofundar a
questão dos relacionamentos familiares,
que o Papa Francisco tem insistido. O
livrinho poderá ser vendido a R$ 2,00 (dois
reais), preço bastante acessível para que
todos possam adquirir.
OS PADRES REDENTORISTAS
O Pe. Elias, Superior da Casa em
Araraquara, acompanhado do Pe. Marcelo
de Souza , esteve em visita à Cúria
Diocesana de São Carlos, apresentando ao
senhor Bispo a relação dos Padres e Irmãos
q u e i rã o co m p o r a C o m u n i d a d e
Redentorista naquela cidade. O Superior
será o Pe. Elias Guimarães; o Pe. Eugênio
Antonio Bisinoto (para a alegria da Dagmar
e família e também para a alegria de Dom
Paulo) está de volta a Araraquara; Pe.
Roberto Aparecido de Lima; Pe. Reinaldo
Norberto das Graças Tristão; Pe. José
Roberto Thuler; Pe. Francisco de Paula
Mendes Peixoto; Pe. João Ribeiro de
Carvalho; Pe. Antonio Dezidério Frabetti
Vieira; Pe. Werner Antonio Anderer; Pe.
Carlos Alberto Pereira; Pe. José Anchieta
Tavares; Pe. José Pereira; Pe. Sebastião dos
Reis Santos; Irmão Osvaldo Ferreira e
Irmão Vanderlei Policarpo compõem a
Comunidade Redentorista. Muitos deles
estão ocupados no projeto missionário,
carisma principal dos Redentoristas.
VOTOS DE BOAS VINDAS
A nossa funcionária, a Altiva, depois de
quase um ano, retorna às suas atividades.
Ela se encontrava em Goiânia, para uma
cirurgia bariátrica. Seja bem-vinda Altiva!
Todos nós estão felizes com o seu retorno e
com o sucesso da cirurgia.
O ANO DA PAZ
Na 52ª Assembléia Geral dos Bispos do
Brasil, em Aparecida-2014, os Bispos
acolheram o pedido de proclamar o ano de
2015, o ‘ANO DA PAZ”. Sabemos que a Paz
está no centro da religião cristã, uma vez
que, para o cristão, proclamar a Paz é
anunciar Jesus Cristo. “Ele é a nossa Paz”
(Ef. 2, 14). É preciso despertar, nos homens
do nosso tempo e das gerações vindouras,
o sentido e o amor à Paz, fundada na
Justiça, na Liberdade e no Amor. Que da
Paz recebida de Jesus Cristo surja uma
nova humanidade, alicerçada nos
verdadeiros valores que levem os homens
a se amarem e a se respeitarem
mutuamente.
OS EXERCÍCIOS QUARESMAIS DOS
LEIGOS, PADRES E BISPOS
O texto do Evangelho da Quarta-feira de Cinzas (Mt. 6, 1-6,16,18) nos apresenta Jesus
falando sobre o jejum, a esmola e a oração que, a partir das palavras d´Ele, passaram a
constituir os nossos “exercícios quaresmais”. Para os leigos e padres tão somente; porque,
para os Bispos se acrescenta um quarto exercício: as transferências de padres. Conheci um
Bispo que, antes do Concílio, na ordenação presbiteral de um dos seus padres, perguntava ao
que estava sendo ordenado, em latim: Prometes obediência e respeito a mim e aos meus
sucessores? E, diante do solene “PROMETO”, ele sussurrava: “Videbimus!”, isto é,
“veremos! ” O Diretório para o Ministério e a Vida do Presbítero diz-nos que “a obediência é
um valor sacerdotal de primária importância”. Poder-se-ía pensar que ela se deve ao fato de, a
Igreja, como toda organização, precisar de ordem, de eficácia e unidade e, portanto, de
obediência. Mas, não é só isso. Quando o Bispo transfere um padre ou quando vai suprir as
necessidades de uma paróquia, o Bispo não age por mero capricho, como alguém que mexe as
pedras de um tabuleiro de xadrês. Os motivos e as metas são sempre pastorais e são feitas em
clima e em cima de muita oração e de diálogo com as partes. Nunca, em meus 25 anos de
episcopado, fiz uma transferência “usando o báculo”, isto é, do meu poder episcopal. Mas,
algumas vezes e não raro, há sacerdotes que colocam o Bispo “ em maus lençóis”, falando
com a comunidade que está saindo porque o Bispo mandou. Mesmo que assim fosse - mas
não é - valeriam aqui as palavras do Livro dos Provérbios, quando diz: “Vir obediens
loquetur victoriam” - “O homem obediente cantará sempre vitória”. Essa convicção nos
levará a dizer, com Santo Agostinho, o Bispo de Hipona: “Domine, da quod iubes et iubat
quod vis”, isto é, Daí-me, Senhor, a força para cumprir o que ordenas e, ordena, Senhor, o que
quiseres”. Confesso, senhores padres, que é, para mim, um tempo de martírio a época das
transferências e eu só gostaria de contar com a “ transparência” dos padres, para dizer, como
Jesus: “ Eu não vim para ser servido, eu vim para servir” (Mc. 10,45) , o que, aliás, é o lema da
Campanha da Fraternidade deste ano.
NINGUÉM É PADRE SOZINHO E A SALVAÇÃO
SE DÁ EM COMUNIDADE
Duas idéias muito fortes, recuperadas - porque haviam sido esquecidas - a da comunhão
e colegialidade e a da salvação na Igreja (comunidade) Quanto à primeira, São João Bosco, na
sua Primeira Missa, lembrava que “o padre não vai sozinho para o céu, ou não vai sozinho
para o inferno. Se fizer o bem, irá para o céu com as almas salvas por ele e por meio do seu bom
exemplo; se fizer o mal, se der escândalo, irá para a perdição com as almas condenadas pelo
seu escândalo”. E, acrescente-se a isso; ‘Ninguém é padre sozinho”. Como posso me alicerçar
nos outros, posso ser, também, pedra de escândalo para os outros. Eu posso dizer, diante do
Sacrário que nunca sobrepus as minhas convicções pessoais acima das necessidades
pastorais. Não foi por acaso que escrevi, por ocasião de meu Jubileu de Prata Episcopal, a
Carta Pastoral: “O Pastor com o cheiro das ovelhas “seguindo o que nos ensina o Papa
Francisco, por quem tenho uma grande admiração e a quem devo uma inquestionável
obediência. E os padres compartilham comigo o pastoreio.
Sou, como Bispo, ovelha do rebanho de Cristo; os padres, são ovelhas de Cristo e ovelhas
do Bispo; e Cristo, o Bom Pastor, nos quis, Bispos e Padres, compartilhando o pastoreio. Pode
parecer paradoxal, mas somos pastores e ovelhas. A segunda idéia diz respeito à salvação.
Não posso entender uma salvação individual. Como não posso entender que um pai de
família vai, com a esposa e os filhos, a um clube, para um lazer e, lá na portaria, escuta: “ Só o
senhor pode entrar; a mulher e os filhos, não”. Duvido que esse pai entre e, se entrar não se
sentirá feliz. Troque a palavra “clube” por “céu” e reflita comigo.
CONVOCAÇÃO PARA A 53ª ASSEMBLÉIA DA CNBB
Dom Paulo recebeu a convocação e já confirmou a sua participação na 53ª Assembleia da
CNBB, a realizar-se em Aparecida de 15 a 24 de abril, no Centro de eventos Pe. Vitor Coelho. O
tema central será: “Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil - 2015-2019. Esta
Assembléia será também eletiva e, nela, serão eleitos o Presidente, Vice-Presidente e
Secretário Geral da CNBB, bem como os Presidentes das Comissões Episcopais Pastorais
(CONSEP), os Delegados para o Sínodo da Família e os representantes da CNBB no CELAM.
Também estão na pauta outros temas prioritários.
03
A VIA-SACRA DE HOJE
Um olhar sobre nosso mundo leva-nos à conclusão de que os
homens e as mulheres de nosso tempo percorrem uma grande ViaSacra, com muito mais estações do que as tradicionais. A Via-Sacra
clássica que você conhece tem catorze estações, que reproduzem e
atualizam alguns momentos significativos da Paixão de Cristo, desde
Sua condenação à morte até Seu sepultamento. Ora, em nosso tempo,
o sofrimento está por toda parte: no Oriente Médio, com seus milhões
de refugiados; na Europa, com seus imigrantes vivendo em
permanente insegurança; no Nordeste brasileiro, que
periodicamente sofre as consequências da seca. Se, percorrendo
qualquer rua de nossa cidade, batermos de porta em porta, o que
constataremos? Que muitas de nossas casas também são estações da
Via-Sacra. Mesmo entre nossos conhecidos, quem não tem alguma
história para contar, marcada pelo sofrimento? Basta perguntar a
qualquer pessoa se tem algum problema, e, logo, ela nos conta uma
longa e dolorosa história.
O que a fé nos diz a esse respeito? Na Bíblia, não há grandes
explicações sobre o sofrimento. Há, sim, uma série de pessoas que são
atingidas por ele e que dão sua resposta concreta. Nem Jesus
discorreu sobre o sentido da dor. Mas agiu quando se deparou com
ela: curou cegos e aleijados; falou a respeito do bom samaritano, que
socorreu um ferido à beira da estrada, e sobre a necessidade de
tomarmos a cruz; restituiu a alegria a uma viúva que chorava a perda
do filho e deu esperança a uma pecadora que queriam apedrejar;
convidou os aflitos a procurá-Lo e prometeu aliviar a dor dos que Lhe
entregassem seus problemas.
Por que a humanidade sofre? À luz da fé, a resposta é: porque
não coloca nas mãos do Senhor suas dores e porque não aprende a
reparti-Ia com Ele. Alguém poderia perguntar-me: mas, fazendo isso,
os sofrimentos desaparecerão? E a fome? E as injustiças?
Muitas vezes, imaginamos e desejamos um Senhor que esteja a
nosso serviço e que se adapte a nossos gostos. O que Jesus Cristo nos
propõe é diferente: Ele quer que entremos em Seu coração, para que
aprendamos a ser como Ele é. Ele foi tudo para todos. Passou a vida
repartindo: repartiu Sua filiação divina, dando-nos a possibilidade de
sermos filhos de Seu Pai; partilhou conosco Seus segredos; dividiu
com os homens Seu jeito de rezar e de ver as pessoas, Sua alegria e
Seus dons; e, como síntese desse Seu jeito de ser e agir, deixou-nos Sua
Presença na Eucaristia.
Voltemos a percorrer as estações da Via-Sacra. Há os que, diante
do sofrimento, se consolam: "É vontade de Deus!". Que imagem de
Deus essas pessoas trazem no coração! Poderia agradar a Deus o
sofrimento de Seus filhos? Não! Nós é que nos refugiamos em
desculpas para continuar instalados em nosso egoísmo e apegados
aos nossos bens, aos nossos títulos, ao nosso conforto e às nossas
ideias. Você já imaginou o mundo que surgiria se, um dia, todos, ao
acordarem pela manhã, tomassem a decisão de repartir seus talentos,
seu tempo, seu amor e seu dinheiro? Se todos perdoassem de coração
a quem os ofendeu? Quanta paz surgiria repentinamente! Se
estivéssemos atentos aos necessitados, quantos gestos de amor se
multiplicariam! Se praticássemos a justiça em nossa empresa,
quantas pessoas seriam beneficiadas! Se... se...
Não, Deus não quer o sofrimento. As estações da Via-Sacra não
são obras d'Ele, mas nossas. Se tirarmos do mundo o sofrimento
causado pelo coração humano - um coração tantas vezes cheio de
ódio, de ganância, de sensualidade, de apego ao poder etc. -, o que
sobraria? Sobraria aquilo que é do Senhor: a alegria, a paz, a bondade,
o perdão, a fidelidade etc. Por isso, se colocarmos em prática seus
ensinamentos, o mundo se transformará em uma imensa mesa, em
torno da qual todos se sentarão. Haverá pão para todos; haverá mãos
unidas; haverá sorriso nos lábios. Esse é o mundo desejado por Deus.
Assim é o Seu Reino. Nisso se resume o sonho que tem para nós, Seus
filhos. Por que será que nos custa tanto aceitar o Evangelho e entrar
nesse Reino?
04
BRASILEIRO PASSA TRÊS MESES POR
ANO NA FRENTE DA TELEVISÃO
Estudo inédito do Ibope revela um dado impressionante: o
brasileiro passa um quarto do seu tempo na frente do televisor.
No ano passado, na média nacional, cada telespectador assistiu
TV durante 5 horas, 52 minutos e 39 segundos, por dia. Isso quer
dizer que o brasileiro passou três meses de 2014 vendo televisão.
O consumo de TV está crescendo principalmente na TV paga e
voltou a subir na TV aberta, depois de vários anos de queda.
Segundo o Ibope, o que mais atrai os brasileiros na TV aberta são
as novelas e minisséries, seguidas de transmissões esportivas,
filmes e reality shows.
NOTAS A RESPEITO DA INTERNET
Já tivemos a oportunidade de comentar, através de nosso
Informativo Diocesano “A BOA NOVA”, a importância da
Internet, inclusive em nossos trabalhos de evangelização, bem
como chamamos a atenção para o uso indevido e excessivo deste
valioso meio de comunicação. Internet é como “doce de leite”. É
gostoso, mas basta uma colher. Chamo a atenção, sobretudo dos
padres e seminaristas a esse respeito: tem padres exagerando na
“dose”, colocando nos “sites” informações desnecessárias,
expondo-se e expondo a Igreja. Pessoalmente, não uso a Internet,
por falta de tempo e também de motivação. Muitos poderão
dizer: “o bispo também tá velho”. Reconheço as minhas
limitações mas é meu direito usar ou não a Internet, como é
direito dos mais jovens usá-la. Somente recomendo “Use com
moderação”!
EU VIM PARA SERVIR
Cinquenta anos atrás, quando o Concílio Ecumênico
Vaticano II ( 1962-1965) estava terminando, seus participantes
aprovaram um documento que marcaria a vida da Igreja nas
décadas seguintes. Trata-se da Constituição Pastoral “Gaudium
et Spes”, “Alegria e Esperança”, sobre a Igreja no mundo de hoje.
Esse documento não estava previsto para saer publicado antes do
término do Concílio; sua necessidade se impôs, no entanto, à
medida que os Bispos foram percebendo que era imprescindível
esclarecer a relação da Igreja com o mundo e com os homens e
mulheres da época. O início do texto que aprovaram é uma
síntese do seu conteúdo: “As alegrias e as esperanças, as tristezas
e as angústias dos homens e das mulheres de hoje, sobretudo dos
pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as
esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo.
Não há realidade alguma verdadeiramente humana que não
encontre eco no seu coração (G.S. 1 ).
A Campanha da Fraternidade, que tem à sua frente os
Bispos do Brasil, quer verificar, neste ano de 2015, como está e
como pode ser aprofundado o diálogo e a colaboração entre a
Igreja e a Sociedade em nosso país, à luz do lema “Eu vim para
servir” ( Mc.10,45 )
Uma primeira certeza se impõe: A MENSAGEM DO
EVANGELHO exige dos cristãos o dever - mas também o direito de participar da vida da Sociedade. O que deve mover-nos, nesse
serviço, é a missão que recebemos de Jesus, de trabalhar em favor
da verdade, da justiça e da fraternidade, em vista do bem comum.
Nesse serviço, cabe-nos organizar movimentos em defesa
dos direitos das pessoas e no combate às injustiças que atentam
contra a dignidade humana, além de programas de assistência
aos necessitados. Queremos participar da Sociedade,
defendendo valores em favor da vida e da dignidade dos
indivíduos, como fez Jesus Cristo em seu tempo.
Dom Murilo Krieger - Arcebispo de Salvador
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Fevereiro/2015 - Diocese de São Carlos