SAUDADES
SAUDADES
AFONSO FATORELLI • 1925 – 2005
Na madrugada de 30 de maio último faleceu
em sua residência no Rio de Janeiro, Afonso Fatorelli, um dos pioneiros da facoemulsificação no
Brasil, vítima de um enfarte agudo do miocárdio.
Todos aqueles que tiveram o privilégio de
conhecê-lo de perto hão de lembrá-lo como uma
pessoa sempre ética e elegante na postura e
comportamento com seus pares, amigos, clientes,
tímido por temperamento, sua permanente simpliAfonso Fatorelli
cidade e humor, avesso ao pódio e deslumbramentos superficiais, seu espírito sempre curioso
em torno de tudo o que acontecia ao seu redor, sua generosa doação
à toda a família.
Os mais novos, com certeza, de tanto ouvirem falar hoje da
facoemulsificação e com ela já gozarem de bastante familiaridade,
ao contrário, não terão a certeza do quanto seu nome foi fundamental
para que esta técnica se tornasse uma realidade no Brasil.
Na década de 70, durante um congresso na Itália, Fatorelli teve
sua atenção despertada pela facoemulsificação, uma nova técnica de
extração de catarata apresentada pelo seu criador, Charles Kelman.
Em agosto de 1975, juntamente com Pedro Moacyr de Aguiar (já
falecido), fez realizar no Hospital Pedro Ernesto, Rio de Janeiro, o
primeiro curso prático de facoemulsificação, quando foram realizadas
as primeiras demonstrações cirúrgicas na América Latina pelo convidado especial, Robert Sinskey.
Afonso Fatorelli nasceu em fevereiro de 1925 em Miraí (MG),
filho de imigrantes italianos que ali se radicaram e formaram uma
grande família. Ainda jovem veio para o Rio de Janeiro onde cursou
a Faculdade Nacional de Medicina (hoje UFRJ).
Demonstrando especial interesse pela cirurgia da catarata congênita, este foi o tema de sua tese para Professor Livre Docente da então
Universidade do Estado da Guanabara, hoje UERJ; fundador da Sociedade Médica da Nova Iguaçu, foi também sócio fundador da Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intra-Oculares e seu presidente na
gestão 1983/1985 e desde então membro do seu Conselho Deliberativo.
Também foi presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia,
proferiu centenas de palestras e conferências por todo o país ao longo
de sua carreira.
Casado com Maria Thereza, com a qual comemorou no início
deste ano bodas de ouro, deixa uma filha, a artista plástica Malu
Fatorelli, Doutora em Artes pela EBA/UFRJ e professora adjunta do
Instituto de Artes da UERJ, e a neta Júlia, quintanista de medicina, na
UFRJ.
Prova do merecido respeito e apreço que gozava junto aos familiares, colegas e amigos foi a grande acorrida ao cemitério São João
Batista para o seu sepultamento e à missa de 7º dia, realizada na
Basílica da Imaculada Conceição.
Miguel Ângelo Padilha
LUIZ EURICO FERREIRA • 1925 - 1985
Em 2005, a Oftalmologia Brasileira lembrará os 20 anos da morte
do professor Luiz Eurico Ferreira.
Nascido em 20 de dezembro de 1925 em São José dos Campos
(SP), graduou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, atual UFRJ em 1948.
Luiz Eurico Ferreira teve publicadas as seguintes teses: “A ressecção
escleral no descolamento da retina”; “Cirurgia do glaucoma primário”;
“Catarata e glaucoma: estudo e cirurgia combinada; “Perfil linfocitário:
dosagem de imunoglobulinas e pesquisa in vitro da sensibilidade a
prednisolona em glaucomatosos”; e “Ceratoplastia lamelar em cobaias:
estudo biomicroscópico, histopatológico e imunológico em ceratectomia e ceratoplastia lamelar autógena, alógena e xenógena”.
Foi autor das obras “Olho e diabetes”; “Fundo de olho na arteriosclerose e hipertensão arterial”; “Enciclopédia Médica Brasileira de
Oftalmologia”; e “Curso audiovisual médico de oftalmologia”.
Luiz Eurico publicou numerosos trabalhos em revistas nacionais e
internacionais além de ter participado e ministrado centenas de aulas e
conferencias em reuniões da especialidade. Integrou várias sociedades
científicas entre as quais a Academia Nacional de Medicina (Membro
Titular), Colégio Brasileiro e Internacional de Cirurgiões, Academia Americana de Oftalmologia, Sociedade Francesa e Espanhola de Oftalmologia.
Na Sociedade Brasileira de Oftalmologia, além de membro titular,
foi presidente e diretor de vários departamentos. Presidiu vários Congressos de Oftalmologia. Graças à sua atuação na presidência do 2°
Congresso Luso-Hispano-Brasileiro de Oftalmologia, foram arrecadados fundos suficientes para a aquisição da atual sede da SBO.
Foi Professor Titular de Oftalmologia da Escola de
Medicina do Rio de Janeiro da Universidade Gama Filho por 20 anos, tendo ocupado também o cargo de
Chefe do Serviço de Oftalmologia e Diretor do Hospital
Universitário da UGF. Chefiou o Serviço de Oftalmologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde
também era professor, nos últimos tempos da vida. Além
disso, foi professor Livre Docente das Faculdades de
Medicina da UFRJ, UERJ e UF Fluminense. Foi Doutor
pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Em suas atividades privadas, além de sua grande
Clínica, foi o fundador do IBOL - Instituto Brasileiro de
Oftalmologia e Diretor Presidente do Hospital Samaritano, ambos no Rio de Janeiro. Cirurgião habilidoso e
grande empreendedor, foi pioneiro na introdução no Brasil
Luiz Eurico Ferreira
do laser de rubi, betaterapia, técnicas de cirurgia combinada de catarata e glaucoma e iridênclise periférica.
Entre muitas homenagens que recebeu em vida, foi agraciado
com a Medalha de Ouro Moacyr E. Álvaro, pela UNIFESP, pelo alto
valor de sua contribuição à Oftalmologia Brasileira.
com a colaboração de Oswaldo Moura Brasil
IDEL LUIZ KWITKO • 1934 – 2005
O oftalmologista e professor da Faculdade de Medicina da UFRGS, Idel Luiz Kwitko,
faleceu em 21 de junho, aos 71 anos, de carcinoma pulmonar.
Idel foi um dos pioneiros ao trazer a ceratotomia radial e a extração extra-capsular com
implante de lente intra-ocular para o Rio Grande do Sul e se caracterizava sempre pelo amor
à vida e à sua profissão. Adorava ensinar e
conviver com seus alunos e residentes.
Idel Kwitko e seu neto Lucas
Foi o primeiro oftalmologista contratado
pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre, em 1972, após concurso
público, tendo sido o Chefe do Setor de Glaucoma do Serviço de
Oftalmologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre desde a sua
criação, bem como o chefe deste Serviço por duas gestões consecutivas
(de 1993 a 1999).
Além da vida acadêmica e em sua Clínica privada, o OftalmoCentro, Idel dedicava algumas horas diárias para o atendimento gratuíto
de cegos do Instituto Santa Luzia de Porto Alegre.
Idel marcou sua vida por sua serenidade, educação e pela vontade
de viver e de ensinar, bem como por seu grande amor à sua segunda
esposa, Vânia, a seu filho único, Sérgio, que seguiu seus passos na
profissão, e seu único neto, Lucas.
Idel deixa saudades em diversos segmentos da sociedade gaúcha e
oftalmológica, demonstrado pela presença de centenas de amigos, colegas pacientes e familiares no enterro e nas demonstrações por telegrama,
telefonemas e e-mails. Era um homem extremamente benquisto por todos.
Sérgio Kwitko
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Jota Zero 101.p65
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