Edição nº23 – Ano 10 – Março 2006 Meiches avalia primeiro ano de gestão Primeiro ano de gestão “O primeiro ano de gestão foi um ano de transição. Depois de concluídas as obras para a implementação do cemitério do Embu, que garante à comunidade muitos anos despreocupados quanto à ne- damente com a estrutura dos cemitérios, manutenção, ajardinamento e conservação desse patrimônio valiosíssimo da comunidade judaica de São Paulo. Desde 1923, quando a Chevra foi fundada, ela foi aprimorando o trabalho nos cemitérios, primeiro no de Vila Mariana, depois no do Butantã e O presidente: “Nos preocupamos marcadamente agora no do Emcom a estrutura dos cemitérios” bu, no sentido cessidade de outro campo-santo, de levar à comunidade a idéia de a Chevra passou por uma mudan- que a preservação da tradição é ça de conceitos administrativos um aspecto importante para a sua tendo como foco a preparação própria existência. Teremos mais do futuro da entidade. Nos preo- solidez na vida comunitária quancupamos nessa gestão marca- to mais as novas gerações se inPedro Mendes Souza U m ano após assumir a presidência da Chevra Kadisha, o professor José Meiches faz um balanço do seu trabalho, destacando a importância dos “companheiros do executivo, do conselho fiscal e do conselho deliberativo, além do nosso corpo de dedicados funcionários, todos empenhados em levar a cabo a tarefa que nos impusemos”. Como nobre ativista comunitário, Meiches, 80 anos, considera fundamental a participação das gerações mais jovens no fortalecimento do ishuv. Confira a seguir os principais pontos abordados por ele nesta entrevista. Continua na página 2 >> << Continuação da capa tegrarem com as gerações mais velhas. E esse é o nosso desafio, o de atrair as gerações futuras para trabalhar com e para a Chevra Kadisha, e assim atingir o dor hemschech (geração de continuidade).” “Encontramos áreas nos cemitérios com campas e túmulos em certo estado de abandono porque as pessoas deixaram de lado a taxa de manutenção. Queremos lembrá-las dessas circunstâncias” Convênio comunitário “Para se pensar no futuro é necessário implantarmos uma formulação econômico-financeiroadministrativa que vá permitir o desenvolvimento desses planos. Para ligar as gerações, nós estamos levando às pessoas uma mensagem que diz respeito às emoções que sempre ocorrem por ocasião de um falecimento. Nós estamos procurando facilitar essa situação que mais cedo ou mais tarde acontece, para que as pessoas se concentrem no emocional ligado à perda de um ente querido e não a questões que perturbam as famílias, como custos, escolha do lugar de sepultamento etc. Queremos que as pessoas encarem com naturalidade, pois se preveniram e podem se concentrar nas mémórias e lembranças de quem já não está mais entre nós.” Inadimplência “Nós estamos fazendo um estudo para aprofundar as razões pelas quais a inadimplência cresceu. É um problema antigo. Não sei dizer exatamente o que aconteceu ao longo das irregularidades da vida econômica do país e que tenha levado as pessoas a descuidarem dessas obrigações. A comunidade também sofreu modificações na sua maneira de ser. Eu observo, por exemplo, como a questão das sinagogas se modificou com as pessoas mudando de bairro e até de país, no caso da aliá para Israel. Mudanças que têm a ver também com a vida social mais integrada na comunidade maior, a preocupação com a assimilação. Queremos evidenciar algumas dessas causas e procurar remédios e um desses remédios é o incentivo à quitação definitiva.” Quitação definitiva “Encontramos áreas nos cemitérios com campas e túmulos em certo estado de abandono porque as pessoas deixaram de lado a taxa de manutenção. Queremos lembrá-las dessas circunstâncias, incentivá-las a voltar a participar dessa corrente passado-presentefuturo para ajudar-nos a reconstruir essas áreas que ficaram abandonadas. A Chevra quer dialogar com todos os membros da comunidade no sentido de sanar alguns desses problemas que vêm do passado. Criamos facilidades para a aquisição de campas, além da quitação definitiva da taxa de manutenção.” Memória “Dizem que no Brasil não se cultiva a memória, ao contrário do que ocorre no judaísmo, fato que nos permite gerar uma comunidade judaico-brasileira voltada à preservação da memória dos nossos entes queridos. Para o alcance deste objetivo, estamos sempre lembrando os nossos mantenedores das datas especiais, como o yurtzait (‘aniversário’ do falecimento).” Reforçar os laços no ishuv “Temos uma meta bem definida do que pretendemos que venha a ocorrer no tocante à atividade “Não temos finalidade lucrativa. Queremos concluir as nossas obrigações de sempre, manter e reforçar os laços da vida judaica” precípua da Chevra. O outro lado é aumentar e ampliar, sempre que possível, nossa presença junto às atividades meritórias da comunidade (escolas, sinagogas, centros de convivência e de conservação da cultura judaica). Não temos finalidade lucrativa. Queremos concluir as nossas obrigações de sempre, manter e reforçar os laços da vida judaica.” Artigo Cremação vai contra os princípios do judaísmo O rabino Henry Sobel explica o porquê “O cemitério judaico é um local de encontro com o nosso passado. Ao visitar aqueles que partiram, sentimos sua contínua presença em nossa vida. Tal sentimento se coaduna perfeitamente com um dos nomes que designam o cemitério em hebraico: Beit Chaim, ‘Casa da Vida’. Uma entidade que tem sob seus cuidados um cemitério judaico é, por sua própria natureza, um dos alicerces da comunidade. A Chevra Kadisha é, literalmente, uma ‘sociedade sagrada’, composta de belos seres humanos que se dedicam de corpo e alma a preservar a dignidade dos mortos. É um trabalho dos mais nobres. Kibud há’met, o respeito pelos mortos, é um princípio fundamental do judaísmo e explica muitas das leis relacionadas ao sepultamento. É com base nesse preceito que se proíbe a cremação. Somos ordenados a “retornar o corpo ao solo” (Gênesis, 3:19) e deixar que ele se decomponha naturalmente, sem interferência externa. A cremação é considerada uma mutilação da substância física do falecido e uma ofensa à essência de seu espírito. Iniciamos o Ano Novo 2006 com o compromisso de respeitar as leis e as tradições da nossa religião. Somente honrando o passado é que podemos assegurar o futuro.” Rabino Henry I. Sobel Presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista Diretores e funcionários festejam Yom Hachevra Kadisha de todo o mundo.” O Yom Hachevra Kadisha é também a única data no calendário em que funcionários, diretores e voluntários da Chevra podem se reunir para uma seudat mitzvá (reO professor Zweiman fala aos presentes, feição festiva), durante a celebração no Shil da Vila precedida de jecomo sendo avodat kodesh (traba- jum, já que nos demais dias do lho sagrado), que é exatamente o ano a Chevra está associada baque se faz até hoje nas Chevra sicamente à tristeza e à dor. Pedro Mendes Souza No início da noite de 7 de março, que este ano correspondeu ao dia 7 de Adar do calendário hebraico, a Chevra Kadisha celebrou o Yom Hachevra Kadisha, data judaica mundial, comemorada por todas as sociedades sagradas do gênero espalhadas pelo mundo. A comemoração, realizada no Shil da Vila, no Bom Retiro, lembra o nascimento e morte de Moshe Rabeinu, um dos nomes mais importantes da história judaica, segundo o professor Abrão Zweiman. “Quando da morte de Rabeinu, D´us pessoalmente se ocupou do seu sepultamento Maot Chitim Chevra Kadisha distribui alimentos kasher le Pessach para famílias carentes M sal receberá menos que outro que tenha três filhos e assim por diante”, explica Zweiman, assessor da diretoria. Cadastramento – Para receber o benefício, é necessário se cadastrar nas entidades de assistência social da comunidade. As famílias que foram atendidas nos anos anteriores não precisam se recadastrar. A distribuição costuma ser feita na semana anterior ao Pessach, mediante apresentação de senha que deve ser retirada na sede administrativa da Chevra. Mais informações pelo telefone 3228-9166. Atendendo à legislação que exige a demarcação de vagas de estacionamento para portadores de necessidades especiais, a unidade do Butantã reservou espaços específicos próximos aos velórios, ao centro de informações e pelo campo-santo. Segundo João Vanderley Campos, administrador do cemitério, na unidade do Embu a demarcação ainda não se faz necessária devido às dimensões do terreno e ao fluxo de carros tranqüilo, comparado ao do Butantã. João Vanderley Campos ais uma vez, como faz desde 1940, a Chevra Kadisha, numa ação conjunta com a Campanha de Maot Chitim coordenada pelo rabino Eliahu Valt, irá distribuir alimentos de Pessach para famílias carentes. Só no ano passado, segundo o professor Abrão Bernardo Zweiman, foram distribuídos uma tonelada de matzá, uma tonelada de farinha de matzá, 1.200 litros de óleo e 1.500 garrafas de vinho. A quantidade de alimentos distribuída por família é calculada de acordo como o número de componentes. “Um ca- Butantã demarca vagas de carros para deficientes físicos Visite o nosso site O site da Chevra na internet passou por uma completa reformulação de layout e de conteúdo. No ar desde 1999, a página eletrônica da instituição está agora mais dinâmica e informativa, facilitando as consultas. Assim é possível pesquisar sobre a história, campos-santos, mapas de localização, reservas e manutenção e consultar o boletim Chevra Kadisha Informa. O site também tem links para outras instituições da comunidade e vídeos institucionais. Visite o nosso site: www.chevrakadisha.org.br. Estacionamento reservado (em azul), em frente ao prédio dos velórios 1 a 4 EXPEDIENTE Coordenação: Jayme Melsohn e Simon Abuhab. Edição: Roberta Jovchelevich (Mtb. 22.908). Diretor Administrativo: Roberto Blatt. Projeto gráfico e diagramação: Formato Editoração e Design. Gráfica: Multicorte Gráfica e Editora. Tiragem: 18 mil exemplares. SCISP (sede administrativa): R. Prates, 435, Bom Retiro, CEP 01121-000. Tel.: 3228-9166, fax: 3229-1281, e-mail: [email protected]. Plantão permanente: 0800-7705805, cod.: A01; cel.: 7854-6312. Visite nosso site na internet: www.chevrakadisha.org.br.