Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Lato Sensu em Gestão Educacional Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso O curso de Formação de Praças da Polícia Militar do Distrito Federal: uma estimativa de custos Autor: Marco Antonio da Silva Pinto Orientador: Prof.Dr Wellington Ferreira de Jesus Brasília - DF 2014 MARCO ANTONIO DA SILVA PINTO O CURSO DE FORMAÇÃO DE PRAÇAS DA POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL: UMA ESTIMATIVA DE CUSTOS Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Educacional – SSP/DF da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para titulação de Especialista em Gestão Educacional. Orientador: PROF DR WELLINGTON FERREIRA DE JESUS Brasília 2014 Monografia de autoria de Marco Antonio da Silva Pinto, “O CURSO DE FORMAÇÃO DE PRAÇA DA POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL: uma estimativa de custos”, requisito parcial para conclusão da disciplina TRABALHO DE CONCLUSÃO do Curso de Gestão Educacional, pela banca examinadora constituída por: __________________________________________ Prof. Dr. Wellington Ferreira de Jesus Orientador _________________________________________ Prof. xxxxxxxxxxxxxxx Membro da Banca _________________________________________ Prof. xxxxxxxxxxxxxxx Membro da Banca Brasília – DF 2014 Referência: PINTO, Marco Antonio da Silva. O Curso de Formação de Praças da Polícia Militar do Distrito Federal: uma estimativa de custos. Curso de Pós- Graduação Lato Sensu em Gestão Educacional- SSP/DF, UCB. Brasília – DF, 2014. RESUMO Este artigo teve como objetivo estimar o custo aluno de uma Praça (soldado) da Polícia Militar do Distrito Federal, e o impacto financeiro para a instituição e para a sociedade, quando este profissional sai das fileiras da Corporação para ingressar em outros órgãos, sendo público ou privado, levando para si todo conhecimento que lhe foi oferecido e que fora da área de segurança pública e na vida civil não tem nenhum tipo de aproveitamento. Para isso foram feitas leituras em textos próprios da corporação e sites específicos e calculados os custos básicos tais como pessoal, material em geral e consumo de água e energia elétrica. Como resultado constatou-se que cerca de 20% dos formados no Curso de Formação de Praças (CFP) evadiu do entre o ano 2010 e 2014 causando um prejuízo de aproximadamente R$ 7.555.500,00 (sete milhões, quinhentos e cinquenta e cinco mil e quinhentos reais), custando, por aluno, cerca de R$ 21. 900,00 (vinte e um mil e novecentos reais). Palavras-chave: Custo aluno. Praça. Polícia Militar do Distrito Federal. Evasão. ABSTRACT This article aims to estimate the cost of a student's Square (soldier) of the Military Police of the Federal District, and the financial impact for the institution and for society when it comes out of the professional ranks of the Corporation to enter into other bodies, and public or private, taking for themselves all the knowledge that he was offered and outside the area of public safety and civil life does not have any kind of exploitation. For that readings in the corporation own texts and specific sites and calculated the basic costs such as personnel, material and overall consumption of water and electricity were made. As a result it was found that about 20% of the graduates in the Training Course Squares (CFP) absconded from between 2010 and 2014 causing a loss of approximately R $ 7,555,500.00 (seven million, five hundred fifty-five thousand five hundred dollars), costing, per student, about £ 21 900.00 (twenty-one thousand nine hundred dollars). Keywords: Student cost. Square. Military Police of the Distrito Federal. Evasion. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6 1.1 PROBLEMA .......................................................................................................... 7 1.2 HIPÓTESE ............................................................................................................ 7 1.3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 7 1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 7 1.3.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 7 2 JUSTIFICATIVA....................................................................................................... 7 3 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................... 8 4 METODOLOGIA .................................................................................................... 10 5 A PESQUISA: CUSTO DO CURSO ...................................................................... 11 5.1 CUSTOS COM PESSOAL E MATERIAL DIDÁTICO E PEDAGÓGICO ............. 12 6 PRINCIPAIS MOTIVOS DA EVASÃO .................................................................. 15 7 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 16 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 17 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 18 6 1 INTRODUÇÃO O presente estudo tem como objetivo estabelecer uma metodologia formal de apuração de custo em uma escola de formação de praças na Polícia Militar do Distrito Federal. Visa estimar qual é o custo aluno de uma Praça (soldado), e o impacto financeiro para a instituição e para sociedade, quando este profissional sai das fileiras da Corporação para ingressar em outros órgãos, sendo público ou privado, levando para si todo conhecimento que lhe foi oferecido e que fora da área de segurança pública e na vida civil não tem nenhum tipo de aproveitamento. É sabido que os serviços públicos básicos, tais como saúde, educação e segurança resultam de tributos pagos pelo cidadão, por vezes, com alto custo, especialmente para os setores mais pobres; e todas as despesas para manutenção desses setores saem diretamente dos impostos recolhidos da classe operária, tanto quanto das instituições privadas. Por isso, o Estado deve prestação de contas à sociedade. Os investimentos na formação de policiais em início de carreira, portanto, integram a relação dessas prestações de contas. Para que o desenvolvimento desta proposta de trabalho tenha sucesso, propõe-se adotar uma metodologia eficaz, qual seja: busca bibliográfica e documental para que se cumpra o protocolo pertinente a trabalhos científicos. Somado aos procedimentos de praxe no processo de elaboração de trabalhos acadêmicos, sugerem-se uma questão norteadora. Portanto, para o norte dessa pesquisa, indaga-se: “Qual o custo estimado de formação de uma Praça na PMDF e quais as causas predominantes na evasão deste curso?”. Supõe-se que o Estado perde tudo o que investiu (tempo e dinheiro) na formação de praças (soldados) que não retribuem à sociedade o conhecimento recebido pelo Estado durante a formação, sendo que todas as despesas configuram gastos públicos. A intenção com esse estudo é mostrar, ao menos parcialmente, à sociedade, quanto ela está pagando para que alguns cidadãos que não têm certeza de sua opção entrem e saiam da corporação sem fazer valer o investimento aplicado em sua formação. 7 1.1 PROBLEMA Qual o custo de formação de uma praça na PMDF e quais as causas predominantes na evasão deste curso? 1.2 HIPÓTESE O Estado perde tudo o que investiu (tempo e dinheiro) na formação de praças (soldados) que não retribuem à sociedade o conhecimento recebido pelo Estado durante a formação, sendo que todas as despesas configuram gastos públicos. 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivo Geral Identificar e estimar o custo de um curso de formação de praça na Policia Militar do Distrito Federal. 1.3.2 Objetivos Específicos Identificar o histórico de custos na formação de Praças (PMDF). Estimar o custo aluno de uma praça (soldado) da PMDF; Analisar a proporção do tempo investido na formação do soldado e a permanência mínima obrigatória na corporação. 2 JUSTIFICATIVA Ao admitir funcionários públicos, o Estado declara-se representado por essas pessoas. No caso de policiais, a representação se dá na categoria segurança pública. Essa admissão representa gastos com aulas sobre legislação, defesa pessoal e tiro; e ainda, alimentação, alojamento e exigências pertinentes. 8 Para a sociedade, o final desse processo, com o esperado aumento de contingentes, deve representar maior sensação de segurança – direito que lhe é devido. Para o governo, portanto, configura parte de seus deveres cumprida. O soldado formado deve, então, cumprimento de seu dever para o qual fora preparado e designado. Porém, quando há evasão de soldados logo na premência da formação e/ou do período probatório, a sociedade, representada pelo Estado, sofre o prejuízo. O objetivo desta pesquisa trará subsídios para o entendimento sobre os custos para a corporação; e, para a sociedade, relativa satisfação tal como uma prestação de contas e justificativas pelas evasões ocorridas de vez em quando, na corporação. 3 REFERENCIAL TEÓRICO A fim de que o desenvolvimento do tema proposto tenha êxito, forma-se um arcabouço teórico composto por textos e autores reconhecidos no meio acadêmico. Dentre eles destacam-se Dias Sobrinho (2010) Manhas (2011) e FNDE (2008). O custo aluno no Brasil segue critérios relacionados à arrecadação de impostos e sua distribuição. A fim de atender à demanda da educação brasileira, o Plano Nacional de Educação (PNE) determinou que até o ano 2024, 10% do PIB (Produto Interno Bruto) seja destinado ao setor, distribuídos para formação continuada dos professores, aumento salarial, investimento em estrutura escolar etc. Para se ter ideia de quanto custa cada aluno no ensino fundamental, toma-se como ponto de referência o valor mínimo estabelecido em 2008, por exemplo, que foi de R$ 1.132, 34. As definições são previstas até dia 31 de dezembro de cada ano para que entre em vigor no ano seguinte, segundo o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Apesar da preocupação com o valor por aluno depois de computadas todas as despesas pertinentes, Manhas (2011) rebate que o custo não é apenas financeiro, mas também, cultural; é, na verdade “[...] quanto de esforço temos de empregar para conseguir algo” (MANHAS, 2011, p. 6 – introdução). Sobre a questão do custo na educação brasileira, Dias Sobrinho (2010) reclama que há contraposição entre a ideia de que a educação seja um bem público e um direito social, já que, como artigos do comércio o ensino superior é vendido a 9 quem pode pagar e negada a quem não tem condições de adquiri-la. Já, Ioschpe (2013), sugere que a universidade pública cobre dos acadêmicos que podem pagar pela formação superior e que o fato de ser pública não quer dizer que, obrigatoriamente deva isentá-los de pagamento. E lembra que a água, a luz e outros serviços públicos são pagos. Assim, entende-se que o custo aluno tanto nos cursos fundamental e médio quanto no superior são questões polêmicas e que, no caso de ser “gratuito”, o cidadão deva compensar o benefício recebido em forma de bons serviços. No caso de policiais que se formam na corporação e depois evadem, o investimento acaba por representar prejuízo porquanto o mesmo não aplicará, fora do contexto da corporação, os conhecimentos construídos e pagos pelos cofres públicos. Convém aqui definir custos direto e indireto, porquanto são termos chave desta pesquisa. Megliorini (2001) define e distingue custo direto e indireto com as seguintes palavras: Os termos Direto e Indireto são empregados com os seguintes sentidos: a) Direto: que a apropriação de um custo ao produto se dá pelo que efetivamente ele consumiu. No caso da matéria-prima, pela quantidade que foi efetivamente consumida e, no caso da mão-de-obra direta, pela quantidade de horas que foi efetivamente utilizada. b) Indireto: que a apropriação de um custo ao produto ocorre por intermédio de rateio. Nesse caso, o rateio descaracteriza a apropriação como indireta. (MEGLIORINI, 2001, p. 9-10; grifo do autor). A título de esclarecimento, o autor ilustra a definição acima com o seguinte exemplo: Para entender o que significa direto e indireto, suponha que um grupo de amigos resolva fazer uma comemoração qualquer em um restaurante. Todos se sentam á mesa e os pedidos são feitos. Ao término da confraternização há de ser feito um rateio do valor gasto entre os presentes. Para isso, pode-se usar como base de rateio o número de pessoas presentes (em que cada um contribuirá com o mesmo valor) ou outra base qualquer, como ratear proporcionalmente ao peso de cada um dos presentes, ou ratear pela idade e assim por diante. Caracteriza-se, dessa forma, a distribuição do valor gasto aos presentes de forma indireta, ou seja, cada um contribuiu não exatamente pelo que efetivamente consumiu, mas, de certo, a base de rateio acordada procura "refletir" o que cada um deve ter consumido. Por outro lado, se cada um dos presentes sentasse em mesas diferentes e fossem, a cada um deles, identificados os seus gastos, estes seriam diretos. (MEGLIORINI, 2001, p. 10). 10 Assim, enquanto o custo indireto é deduzido por média o direto é definido individualmente. Resta, portanto, contextualizar as definições e estimativa de custo direto às diversas situações durante a formação de praças da Polícia Militar do Distrito Federal. 4 METODOLOGIA A proposta metodológica deste projeto consiste em pesquisa descritiva e bibliográfica, segundo seu objetivo geral e procedimento técnico, respectivamente. Quanto a esse tipo de pesquisa, Mascarenhas (2012) esclarece que a descritiva traça as características de uma população ou fenômeno e identifica as possíveis relações entre as variáveis, além de usar como principais instrumentos o questionário e a observação. Quanto à técnica – bibliográfica – Santos, Molina e Dias (2007) assim a definem: [...] é um tipo de pesquisa obrigatório a todo e qualquer modelo de trabalho cientifico. É um estudo organizado sistematicamente com base em materiais publicados. São exigidas a busca de informações bibliográficas e a seleção de documentos que se relacionam com o objetivo da pesquisa. Dentre os materiais que podem ser fontes de informação e conhecimento os mais utilizados são livros, revistas (periódicos), textos da internet, documentários, fitas de vídeo, DVDs, disquetes, entre outros. (SANTOS; MOLINA; DIAS, 2007, P. 127). A parte da pesquisa classificada como bibliográfica será feita a partir de leituras de livros sobre políticas públicas, revistas e sites pertinentes, tais como o do Governo do Distrito Federal (GDF) e da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Somada a essa etapa, julga-se relevante uma busca documental na sede da PMDF, de relatórios, planilhas e demais documentos relacionados a dados sobre gastos com cursos de formação inicial dos soldados da PM. Desse modo, essa pesquisa configura, também, como documental. Sobre esse tipo de busca, Santos, Molina e Dias (2007) garantem: [...] é uma pesquisa de cunho teórico. Como o nome já sugere, realiza-se por meio de documentos, os quais geralmente são conservados por órgãos públicos e privados. Os tipos de documentos mais utilizados como fontes de pesquisa são: particulares (cartas e diários), oficiais, jurídicos, publicações 11 parlamentares e administrativas, fontes estatísticas (censo) e iconográficas. (SANTOS; MOLINA; DIAS, 2007, p. 127). Após o desenvolvimento das ideias da pesquisa e a coleta de informações referentes ao custo aluno na formação dos soldados da PMDF, serão relatados os resultados e proceder-se-á à discussão dos mesmos e, em seguida, serão feitas as considerações finais. 5 A PESQUISA: CUSTO DO CURSO Muitos recursos são mobilizados para que aconteçam eventos de formação inicial e também continuada na PMDF, bem como em qualquer curso básico e de continuação em todos os segmentos educativos. A questão burocrática exige formação inicial do servidor, porém, para o exercício do cargo/função para o qual foi nomeado, faz-se necessário, além da exigência de conhecimentos convencionais, uma formação específica, conforme explica Queiroz (2012). A razão de a burocracia passar por um treinamento e/ou formação pelas escolas de governo decorre do fato de que uma pessoa, quando ingressa no Estado por meio de um concurso público, possui apenas uma parte da qualificação requerida para tais atividades (a formação escolar de nível médio ou superior com a qual realizou o concurso público). A outra parte necessária da qualificação será obtida por meio de cursos e treinamentos oferecidos pelas escolas de governo: um policial, um fiscal e outros servidores das carreiras responsáveis por atividades exclusivas de Estado só estarão aptos para exercer o papel que lhes cabe após complementarem sua formação em escolas de governo. (QUEIROZ, 2012, p. 54). Desse modo, a formação inicial para o soldado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) – que é caso deste estudo – propõe preparar o civil aprovado por meio de concurso público à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSPDF), para exercer cargo de policial para a defesa da população. Tal formação, entretanto, tem custos provenientes de contratação do corpo docente, aquisição de equipamentos, acessórios, armamentos e munição, manutenção e limpeza, etc. 12 Partindo do pressuposto de que, para que as aulas sigam sequências lógicas, faz-se necessário que a Corporação elabore um projeto pedagógico. Para isso, requer os conhecimentos de pedagogos e dos professores das disciplinas específicas, que irão elaborar o projeto para que tenham maior chance de êxito no processo de ensino e aprendizagem. A partir do projeto tem-se ideia de quanto tempo irá durar o curso e de quanto material didático e pedagógico permanente e outros de rápido consumo irá precisar. Além desses, os recursos midiáticos (projetor de slides, Datashow, computadores, etc.) fazem parte do material pedagógico. Todos, portanto, representam despesas. Ademais, o Curso de Formação de Praças (CFP) tem duração prevista para 10 (dez) meses, com períodos escolares de segunda a sexta-feira e carga horária diária de 08 (oito) horas conforme Diretoria de Formação da PMDF (2013). Isso dá um total de 1. 566 (hum mil quinhentos e sessenta e seis) horas/aula. O custo em educação, portanto, abrange tanto a parte relativa às aulas quanto às preliminares e correlatas, tais como o projeto pedagógico, o plano de despesas, manutenção e limpeza, consumo de água, luz elétrica, telefone e Internet, a parte administrativa, etc. 5.1 CUSTOS COM PESSOAL E MATERIAL DIDÁTICO E PEDAGÓGICO Os gastos com material para a formação de Praças representam decerto uma das maiores despesas durante a formação no CFP, além dos dispêndios com funcionários para alimentação, manutenção e limpeza. Acrescentam-se bens móveis como carteiras, quadro-branco, mesas e cadeiras, armários, etc. Na parte prática, convém mencionar aulas práticas de defesa pessoal e de tiro. Esta gera gastos equivalentes a 250 (duzentos e cinquenta) tiros .40 (ponto quarenta) por aluno. A título de esclarecimento foram feitos 3 (três) orçamentos em papelarias do Distrito Federal (Ceilândia Norte, Taguatinga Sul e Asa Norte), entre os dias 16 e 26 do mês de julho do corrente ano, a fim de se obter uma média do valor unitário do quadro-branco e da tela para projeção. Os valores médios, portanto, desses itens foram: quadro-branco, de tamanho 1m x 2m: R$ 312,66 (trezentos e doze reais e 13 sessenta e seis centavos); tela para projeção, com variação nos tamanhos entre 1,80 m x 1,80 m e 2,0m x 2,0 m: R$ 398,66 (trezentos e noventa e oito reais e sessenta e seis centavos). Deve-se considerar que o espaço destinado às aulas presenciais compõe-se de 22 (vinte e duas) salas de aula. Cada sala deve ter ao menos 01 (hum) quadro, o que daria um custo de aproximadamente R$ 7.000,00 (sete mil reais) só na aquisição de quadros. A propósito, cada sala ainda compõe-se de cadeiras escolares, cadeiras e mesas para professores, gaveteiro, lixeira, CPU e projetor. Não obstante se trate de bens permanentes, a cada turma que se forma, requer manutenção que representa em alguns casos a troca de móveis e/ou equipamentos e não necessariamente aquisição de todo esse quantitativo. O quadro 1 mostra uma estimativa de custo de material e móveis para as 22 salas de aula, com valor unitário e total. Quadro 1: Custo de material MATERIAL Cadeira escolar Cadeira professor Gaveteiro Mesa grande Lixeira Quadro Tela CPU Projéteis (. 40) Projetor (Datashow) Resma A4 TOTAIS QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO VALOR PARCIAL 1104 22 22 22 22 22 22 22 276000 22 265 277545 R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$ 82,00 139,00 159,00 329,00 13,00 312,00 398,66 699,90 4,90 679,00 12,00 2.828,46 R$ 90.528,00 R$ 3.058,00 R$ 3.498,00 R$ 7.238,00 R$ 286,00 R$ 6.864,00 R$ 8.770,52 R$ 15.397,80 R$ 1.352.400,00 R$ 14.938,00 R$ 3.180,00 R$ 1.506.158,32 Fonte: Orçamentos Na sequência, vem os custos com pessoal. As principais categorias para atender à demanda do CFP são: professor, coordenador, merendeiro e auxiliar de limpeza e manutenção. Veja-se o quadro 2, com os as categorias e o custo com o pessoal. 14 Quadro 2: Custo de Pessoal PESSOAL Professor Merendeiro(a) Coordenador Manut. Limpeza TOTAL SALÁRIO QUANT. DISCIP. R$ 9.990,83 41 R$ 863,15 4 R$ 10.929,13 4 R$ 724,00 16 R$ 22.507,11 65 TOTAL PARCIAL R$ 409.624,03 R$ 3.452,60 R$ 43.716,52 11.584 R$ 468.377,15 Fonte: PMDF (2014) O quadro 3, por sua vez, expõe a estimativa de despesas com aluguel das salas de aula gastos com consumo de água e energia elétrica. Veja-se: Quadro 3: Aluguel, água e energia elétrica Fonte: Autor Finalmente, após estimar os custos com materiais, pessoal, aluguéis e água e energia elétrica, o quadro a seguir representa um resumo com os resultados e o custo aluno referente ao CFP. Quadro 4: Custo aluno mensal e anual CFP (Curso de Formação de Praça) Fonte: Adaptação da Proposta do Governo do Distrito Federal e PMDF (2014) 15 Portanto, se cada aluno custa ao Estado aproximadamente R$ 21. 893,00 (vinte e hum mil, oitocentos e noventa e três reais) por ano e, sabendo-se que no ano corrente (2014) 63 (sessenta e três) soldados evadiram, o prejuízo equivale a R$ 1.379.299,95 (hum milhão, trezentos e setenta e nove mil, duzentos e noventa e nove reais e noventa e cinco centavos). 6 PRINCIPAIS MOTIVOS DA EVASÃO As razões porque alguém recorre a uma evasiva podem advir de várias situações de origem pessoal ou social. No caso de empregados do setor privado ou público ou, no caso específico dos soldados da Polícia Militar, as evasões têm ocorrido em busca de melhores salários e melhor plano de carreira que valorize a categoria. Ocorrem também para outras áreas do setor público. O site Rede Democrática PM-BM dispõe um texto assinado por Ziegler (2014), escrito em tom de desabafo, no qual questiona as razões porque soldados evadem após a formação inicial CFP e outros, que até mesmo, antes da formação – logo que foram convocados – desistiram por terem sido convocados para apossar de outro emprego com melhores salários e plano de carreira promissor. Ziegler (2014) informa que há 1155 policiais exercendo as funções de praça após 3 (três) anos de formação do CFP I e II, dentre os 1500 previstos. Ainda, segundo Ziegler (2014), dos 1500 previstos em 2010 há aproximadamente 955 praças em exercício visto que cerca de 200 foram aprovados em concursos da PRF, PCDF, PF e DETRAN. Em suma, as principais razões da evasão são a diferença salarial e as vantagens dos planos de carreira entre as diversas categorias. Além disso, o risco de chegar ao fim da carreira e aposentar com uma patente abaixo de Tenente ou Capitão – apesar dos esforços – é grande. 16 7 DISCUSSÃO O estudo permitiu entender que o custo aluno no CFP em 2014 estimou em cerca de R$ 21. 900,00 (vinte e um mil e novecentos reais) e que a evasão ocorre em razão das vantagens oferecidas por outros concursos, tais como PRF, PCDF, PF e DETRAN. As vantagens consistem em melhores salários e plano de carreira promissor. Por isso, a evasão, de 2010 para cá chegou a 23%, aproximadamente. Ademais, considerando o valor acima equivalente ao investimento em um soldado por ano, 345 soldados do ano 2010 até o ano corrente (4 anos) evadiram e representam o equivalente a R$ 7.555.500,00 (sete milhões, quinhentos e cinquenta e cinco mil e quinhentos reais). 17 CONCLUSÃO Esse artigo foi escrito com objetivo de estimar o custo aluno de uma Praça (soldado), e o impacto financeiro para a instituição e para sociedade, quando este profissional sai das fileiras da Corporação para ingressar em outros órgãos. O desenvolvimento da pesquisa mostrou que há razões convincentes para a evasão relacionadas ao salário e plano de carreira, principalmente. A metodologia escolhida para essa pesquisa pareceu-me adequada para o objetivo proposto, porquanto outro tipo – pesquisa de campo, por exemplo – requereria mais tempo e ferramentas, tal como questionários e mais discussão, tabelas e gráficos. Ter escolhido o tipo predominantemente bibliográfico, embora não haja muita literatura pertinente, foi favorável ao objetivo. As leituras permitiram concluir que o custo aluno no CFP em 2014, estimou em cerca de R$ 21. 900,00 (vinte e hum mil e novecentos reais) e que a evasão ocorre em razão de outras instituições – também públicas – oferecerem melhores salários e plano de carreira promissor. A evasão, de 2010 para cá, portanto, chegou a 23%. Algumas mudanças na corporação certamente concorreriam para diminuição da evasão e o consequente prejuízo à corporação e à população em geral. Tais mudanças são representadas – como ficou óbvio – pela valorização da categoria com aumento salarial e melhor plano de carreira, especificamente. Enfim, esse trabalho é pessoalmente relevante pela confirmação da hipótese de que o Estado perde todo o investimento, principalmente quando o soldado evade para uma área totalmente alheia à segurança publica. Para a sociedade, considerase importante por dispor de um texto que esclarece, ao menos parcialmente sobre o custo sem retorno investido na formação de policiais que evadem. A comunidade científica por sua vez contará com mais um título em seu poder que poderá despertar interesse em algum pesquisador e aplicar uma metodologia mais sofisticada, mais precisa. Recomendo a leitura deste artigo a tantos quantos queiram conhecer ou motivar-se a realizar uma pesquisa mais bem elaborada. 18 REFERÊNCIAS DIAS SOBRINHO, José. Dilemas da educação superior no mundo globalizado: sociedade do conhecimento ou economia do conhecimento? Casa do Psicólogo: São Paulo, 2010. 258 p. FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Valor mínimo nacional por aluno/ano. Disponível em: https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/ActionDatalegis.php?acao=abrirTreeview&c od_menu=707&cod_modulo=11. 2008. Acesso em: 30/07/2014. ______. 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