CEFAC
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA
VOZ
“ QUAIS OS TIPOS DE EXERCÍCIOS FÍSICOS QUE
PODEM CAUSAR PREJUÍZOS À VOZ ? ”
CRISTINA TOLOZA DOMANICO
SÃO PAULO
1997
1
CEFAC
CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA
VOZ
“QUAIS OS TIPOS DE EXERCÍCIOS FÍSICOS QUE PODEM
CAUSAR PREJUÍZOS À VOZ ?”
“ MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO
DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
EM VOZ”
ORIENT: MIRIAN GOLDENBERG
CRISTINA TOLOZA DOMANICO
SÃO PAULO
1997
2
“Quando eu soltar a minha voz, por favor entenda
Que palavra por palavra eis aqui uma pessoa se entregando.
Coração na boca, peito aberto, vou sangrando,
São as lutas desta nossa vida, que eu estou cantando.
Quando eu abrir minha garganta, essa força tanta,
Tudo que você ouvir, esteja certa(o) que estarei vivendo,
Veja o brilho dos meus olhos e o tremor das minhas mãos,
E o meu corpo tão suado, transbordando toda raça e emoção.
E se eu chorar e o sol molhar o meu sorriso, não se espante,
Cante, que o teu canto é a minha força pra cantar.
Quando eu soltar a minha voz, por favor entenda,
É apenas o meu jeito de viver o que é amar...”
“Sangrando”
Música de Gonzaga, Jr.
(O Gonzaguinha)
3
Dedico este trabalho à minha avó
Meméia, que possibilitou a realização
desta especialização tão importante
para minha carreira.
4
Agradecimentos
Aos meus pais Celso e Regina que tanto me apoiam e me acompanham em
meu crescimento profissional e pessoal;
À orientadora e exemplar escritora, Mirian Goldemberg, que se interessou e
me incentivou para a realização deste trabalho desde o início;
À Marta Assumpção de Andrada e Silva, também por ter me incentivado,
orientado e cedido material para pesquisa;
À Sílvia Rebelo Pinho pela orientação e principalmente pela confiança;
Às minhas amigas do CEFAC, que por dois anos me ajudaram, só me
trouxeram alegrias e das quais sentirei saudades;
Às minhas verdadeiras amigas Luciana Portocarrero e Flávia Sturllini pela
colaboração na apresentação desta pesquisa,
Cris.
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6
Sumário
I- Introdução.............................................................................1
II- Discussão Teórica..............................................................3
III- Conclusão...........................................................................7
IV- Referências Bibliográficas................................................14
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RESUMO
Com o objetivo de prevenir o aparecimento ou o agravamento de alterações vocais,
fonoaudiólogos costumam alertar seus pacientes utilizando-se das normas de Higiene Vocal.
Estas normas, ou melhor, recomendações, podem ser referentes à prática de determinados
esportes, os quais certos autores e fonoaudiólogos acreditam ser prejudiciais à voz. Porém
este aspecto é menos mencionado pelos autores pesquisados que os demais (como evitar
tossir e pigarrear, não se expor muito ao ar condicionado, etc.).
Assim, esta pesquisa bibliográfica preocupou-se em obter respostas sobre quais são
realmente os esportes prejudiciais ou não à voz.
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I- INTRODUÇÃO
Para se comunicar verbalmente, o ser humano faz uso de seu aparelho fonador, de sua voz
(além de usar gestos corporais e faciais). Alterações vocais podem levar o indivíduo a ter
dificuldades ou ser impossibilitado de se comunicar através da voz.
Assim, para prevenir estas alterações vocais e o aparecimento de patologias no aparelho
fonador, além de dar condições vocais adequadas ao ser humano, os profissionais
fonoaudiólogos fazem, além de outros tipos de intervenção, com que seus pacientes sigam
certas recomendações e orientações, para que tenham uma boa Higiene Vocal.
Cabe ressaltar aqui que “Normas de Higiene Vocal”, segundo NAIDICH (1989), se referem à
prevenção de problemas que possam afetar a voz, não limitando-se só aos cuidados do
aparelho vocal, mas também aos de outros órgãos e funções que possam interferir
indiretamente, colaborando em seu bom funcionamento.
Geralmente as recomendações mais mencionadas aos pacientes são: evitar fumar; evitar
ingerir bebidas alcóolicas em excesso; não usar drogas; evitar pigarrear e tossir
excessivamente; não se expor muito ao ar condicionado.
Alguns profissionais, e isto também se encontra na literatura, referem algumas restrições à
prática de determinados exercícios físicos, esportivos, afirmando que estes podem ser
prejudiciais às pregas vocais. Mas este aspecto não é tão mencionado quanto os demais.
Sendo assim, esta pesquisa tem como objetivo procurar conhecer quais e por que certos
esportes prejudicam as pregas vocais, o que contribuirá à classe da Fonoaudiologia e à área
de Educação Física.
Pensando em certos exercícios, como na musculação, por exemplo, pode-se analisar a
importância deste trabalho e a contribuição para estas duas especialidades.
Numa academia de musculação pode-se notar que alguns esportistas ficam com a face
ruborizada ao levantar uma grande quantidade de peso. Outros, além de “vermelhos”
enrijecem a musculatura do pescoço, aparecendo-lhes as veias. Uns até gritam com muita
intensidade.
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Durante a prática de alguns exercícios da musculação há realmente o enrijecimento da
musculatura extrínseca da laringe. À isto podemos associar os exercícios de “pushing”.
Estes exercícios, sugeridos por PINHO (1992), surgiram da técnica elaborada por Wilson em
1979. Técnica útil para aumentar o tônus da musculatura laríngea e eliminar a hipofunsão vocal,
consiste na produção vocal, acompanhada de esforço físico o que promove a adução firme das
pregas vocais e vestibulares.
Sendo assim, é conhecido que o “pushing” não deve ser realizado em certas deficiências
vocais, podendo auxiliar até no aparecimento de nódulos vocais.
Analisando todos estes aspectos, nota-se então que a musculação, em alguns momentos,
principalmente quando associada à vocalização, é muito parecida com os exercícios de
“pushing”.
Assim, faz-se aqui as seguintes indagações: Será que a musculação pode ser prejudicial à voz
das pessoas já com deficiências vocais ou até pessoas sem nenhuma alteração de voz, se
realizadas constantemente? E existem outros exercícios que podem ser prejudiciais à voz? Por
quê? E quais são estes exercícios?
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II- DISCUSSÃO TEÓRICA
BEHLAU, e PONTES (1993), relatam que Higiene Vocal consiste de algumas normas básicas
que auxiliam a preservar a saúde vocal e a prevenir o aparecimento de alterações e doenças.
Selecionam tópicos que geralmente causam dúvidas a respeito da influência na voz. Dentre
estes tópicos estão os esportes.
Segundo estes autores, os esportes que devem ser evitados e que em certos casos podem ser
contra indicados, são aqueles que exigem movimentos violentos de braços, porque causam
tensão muscular nas regiões do pescoço, costas, ombros e tórax.
É importante lembrar anatomicamente que, como relatam DAMLOFF, SCHUCKERS e FETH
(1980) a musculatura extrínseca da laringe (músculos da região dos ombros e pescoço)
funciona para suportar, estabilizar e manter a posição da cartilagem laríngea. Os músculos,
então, fazem parte do “corpo” da laringe. No curso do “enrugamento” e abaixamento da laringe,
estes músculos podem atuar também na tensão laríngea ou no fechamento laríngeo e assim
atuar nos parâmetros fisiológicos da fonação.
Outro autor, NAIDICH (1989), também acredita que qualquer excesso físico possa ser refletido
na voz. Deve-se controlar ações “dramáticas” para evitar o excesso vocal, tanto na fala como no
canto. Para este autor são contra indicados esportes violentos. Mas ressalta que, em geral, não
existe proibição específica.
Já o autor LLINÁS (1992), somente recomenda, dentre outros aspectos de Higiene Vocal, que
se evite a prática de exercícios físicos exaustivos para que se previna a irritação e o desgaste
inútil das cordas vocais (orientação mais dirigida a profissionais da voz).
Para BEHLAU e PONTES (1993), os exercícios de esforços musculares não devem ser
realizados conjuntamente à fala e vocalizações para que não haja sobrecarga do aparelho
fonador (como nos casos do judô e do karatê). Esta prática pode ser comparada ao exercício
de “pushing” de Wilson (1979) já citado anteriormente.
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Com relação à prática de atividades físicas concomitante à fonação, PINHO (1997) também
aconselha que esta seja evitada, pois afirma que durante o esforço físico, ocorre um aumento
no fechamento das pregas vocais e este mecanismo aliado à fonação pode gerar sobrecarga,
principalmente se o falante estiver ao ar livre ou em ambientes ruidosos.
CASPER e COLTON (1996) concordam com a idéia de que alguns esportes ou exercícios de
condicionamento, por sua própria natureza podem compor um cenário para o abuso vocal e
que produzir voz durante a prática de certos esportes pode ser bastante estressante Afirmam
isto pois dizem que sempre que se torna necessário acumular pressão intratorácica, a válvula
laríngea é envolvida e acontece, muitas vezes, um fechamento forçado da glote.
Acompanhado aos exercícios de levantamento de peso, tênis (principalmente no momento do
saque) e golfe (tacada), CASPER e COLTON (1996) afirmam que um esforço de fechamento
da glote realmente acontece. Quando o esportista levanta o peso, por exemplo, é necessário
que ele forme e mantenha a pressão pulmonar como um lastro contra o qual o peso pode ser
levantado (o que é um comportamento reflexo ao tentar levantar qualquer peso pesado). Além
disso, o levantador de peso, muitas vezes produz grunhidos durante a elevação propriamente
dita. Assim, com a laringe e as pregas vocais em adução comprimida e a presença de grande
pressão subglótica, reconhece-se a natureza abusiva da fonação durante esta prática.
Estes autores relatam ainda que os instrutores de aeróbica, que monitoram a classe
verbalmente acima do som da música, são um grupo de abusadores vocais nos quais
encontram-se distúrbios vocais e, as pessoas que usam equipamentos de esporte motorizados
como carros de neve, e falam acima do ruído dos motores, podem também encontrar-se
apresentando episódios de disfonia repetitivos.
BEHLAU e PONTES (1993) dão exemplos de exercícios que podem ser prejudiciais à voz. São
eles: tênis, basquete, peso, boxe, vôlei, musculação. E de exercícios que não prejudicam à voz.
Também, segundo eles, em contraste, a natação, o caminhar, a ioga e os exercícios de
alongamento muscular são aconselhados à uma boa Higiene Vocal, assim como técnicas de
massagem e relaxamento, por auxiliarem no equilíbrio da musculatura corporal, imprescindível
para uma boa voz.
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BEHLAU, DRAGONE, FERREIRA e PELA (1996) em um trabalho também sobre Higiene
Vocal, aconselham que, ao realizar exercícios físicos, deve-se manter a respiração solta e livre.
E afirmam que isto quer dizer que se deve evitar falar durante a corrida, a ginástica, a
musculação. Grunhir durante exercícios físicos deve ser seriamente evitado, segundo estas
autoras.
BEUTTENMULLER (1995) relata que os corredores de Fórmula I e os jogadores de futebol são
profissionais que se servem da voz como um meio de relacionamento nas suas profissões.
Assim, afirma que os corredores de Fórmula I têm quase sempre uma voz nasalada, devido ao
espaço restrito, limitado, até mesmo sufocante, pela “tensão mais frontal” e sua força manual,
bem como a velocidade e o anseio de chegar à reta final.
Para os jogadores de futebol, por sua vez, a maior tensão se estabelece pelo seu trabalho
“viso-motor-plantar”, acontecendo uma “voz gutural-centrípeta”, ficando também, quando falam,
com uma incoordenação pnemo-fonatória-somática.
MILLER (1996), em seu trabalho específico para cantores fala também sobre os esportes.
Aconselha aos profissionais do canto a evitarem exercícios ao ar livre no frio, devido a
eventuais problemas respiratórios e que, com o avanço da idade evitem-se exercícios bruscos.
Para exercitar o corpo para atividades de canto, o mesmo autor acima citado, recomenda a
prática de alguns esportes. São eles: peso, handball, natação, jogging, squash, tênis.
Diferente dos autores anteriores, JACKSON-MENALDI (1992) aconselha a prática de esportes
relatando que é de suma importância o contato do indivíduo com o ar livre. Os esportes
recomendáveis por esta autora são: golf, natação, remo, equitação ou simplesmente caminhar.
O autor WILSON (1994) não aconselha diretamente a prática de esportes como o faz
JACKSON-MENALDI (1992), porém apresenta em seu trabalho o resultado de uma pesquisa
realizada por Large e Patton em 1980 em que usaram cantores em um estudo para verificar o
efeito do exercício em parâmetros vocais específicos.
A conclusão a que estes dois autores chegaram foi a de que, após um período praticando
levantamento de peso os cantores exibiram melhora vocal em vigor, controle, agilidade e
resistência e nenhum dos cantores exibiu qualquer efeito nocivo do exercício sobre suas vozes.
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III – CONCLUSÃO
A partir da revisão bibliográfica realizada, pode-se, através das tabelas abaixo, analisar-se os
dados obtidos neste trabalho. Estas tabelas foram montadas para a melhor visualização de
resultados.
TABELA I
Esportes prejudiciais à voz
Prejudiciais sem especificar se com
Prejudiciais somente com
e/ou sem Vocalização
vocalização
Aeróbica (instrutores)
x
Basquete
X
Boxe
X
Corrida de carros de neve
Corrida de fórmula 1
x
X
Corrida
Futebol
x
X
Ginástica
x
Golfe (tacadas)
x
Judô
x
Karatê
x
Levantamento de peso
X
x
Musculação
X
x
Tênis
X
Tênis (saque)
Vôlei
x
X
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TABELA II
Esportes não
Se praticados ao ar
Se não praticados
Sem especificar o
prejudiciais à voz
livre
ao ar livre
ambiente
Alongamento
Caminhada
x
x
x
Corrida
x
Equitação
x
Golfe
x
Handball
x
Ioga
x
Massagem
x
Natação
x
Levant. de peso
x
x
x
x
Relaxamento
Remo
x
x
Squash
x
Tênis
x
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TABELA III
Esportes
Aeróbica
Prejudiciais à voz
Não prejudiciais à voz
x
Alongamento
x
Basquete
x
Boxe
x
Caminhada
x
Corrida de carros de neve
x
Corrida de fórmula 1
x
Corrida
x
Equitação
x
x
Futebol
x
Ginástica
x
Golfe (tacada)
x
x
Handball
x
Ioga
x
Judô
x
Karatê
x
Levant.de peso
x
Massagem
Musculação
x
x
x
Natação
x
Relaxamento
x
Remo
x
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Squash
x
Tênis
x
Tênis (saque)
x
Vôlei
x
Na Tabela I tem-se uma relação dos esportes que prejudicam efetivamente a voz, segundo
alguns autores.
Pode-se notar que alguns esportes são prejudiciais quando realizados junto à vocalização. São
estes: aeróbica, corrida de carros de neve, corrida, ginástica, tacada de golfe, judô, karatê,
musculação, levantamento de peso, tênis, saque de tênis.
Os outros exercícios são citados como prejudiciais à voz, não sendo citada pelos autores a
sobrecarga vocal devido à produção ou não da voz durante a atividade física.
Sobre esta questão da vocalização, temos na bibliografia o relato de alguns autores que
explicam o porque do prejuízo vocal quando o esporte é associado à esta. Resumidamente
conclui-se que durante o esforço físico é necessário que se acumule pressão intratorácica,
então a válvula laríngea é envolvida, ocorrendo um aumento do fechamento das ppvv, gerando
sobrecarga na fonação.
Aconselham então, alguns autores, que ao realizar qualquer atividade física forçada, que se
mantenha a respiração solta e livre.
Quanto a explicar os porquês destes exercícios prejudicarem a voz, quase nenhum autor o faz e
os que tentam , nem sempre são objetivos e convincentes.
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A explicação que se dá sobre o prejuízo à voz no caso do tênis, basquete, boxe, volley,
musculação é a de que são exercícios que exigem movimentos violentos de braços pois
tencionam as regiões de pescoço, costas, ombros e tórax. Porém os autores não associam,
anatomicamente, esta prática ao aparelho fonador.
Apesar disso, pode-se concluir que o que ocorre é que esta tensão nestas regiões colaboram
para um maior fechamento da glote, podendo chegar até ao ponto de prejudicar sua
funcionalidade.
Associa-se a este fator o que foi descrito na Discussão Teórica por DANILOFF, SCHUCKERS
e FETH (1980) quanto a anatomia destas regiões do corpo humano.
A explicação que se dá no caso do levantamento de peso associado à vocalização é que, ao
manter-se a pressão dos pulmões, as ppvv estão em “adução comprimida” e ocorre grande
pressão subglótica resultando em abuso da fonação.
Quanto aos corredores de Formula I somente é comentado que ocorre uma alteração vocal
devido à “tensão frontal”, força manual e anseio de chegar ao final.
E, com relação aos jogadores de futebol, acredita-se que há alteração vocal devido ao “esforço
viso-motor-plantar”.
Na Tabela II tem-se uma relação dos esportes não prejudiciais à voz e até recomendáveis por
alguns autores.
Alguns dos esportes são benéficos à voz por serem praticados ao ar livre, porém não se
explica o porquê deste benefício. São estes: a corrida, golfe, natação, remo e equitação.
Quanto a esta questão de praticar esportes ao ar livre, houve contradição na bibliografia.
Enquanto alguns autores acreditam que praticar exercícios ao ar livre faça bem à saúde, outros
reprovam esta prática, principalmente quando o exercício é praticado junto à vocalização ou
quando a temperatura do ar está baixa, podendo causar eventuais problemas de respiração.
Os esportes que não devem ser praticados ao ar livre, segundo certo autor são: corrida,
handball, natação, peso, squash e tênis.
A explicação sobre os porquês destes exercícios não serem prejudiciais à voz não são também
muito detalhadas e convincentes.
Acredita-se que, por auxiliar no equilíbrio da musculatura corporal, podem-se praticar: natação,
caminhada, ioga, alongamento muscular, massagem, relaxamento.
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Cabe ressaltar aqui que o alongamento, a ioga, a massagem e o relaxamento estão citados
como esportes devido a citação destes pelos autores pesquisados. Os autores não
especificam se estas atividades são tidas como esportes ou não, mas as citam juntamente com
outros esportes em seus trabalhos.
Para um dos autores, pode-se praticar levantamento de peso, handball, natação, jogging,
squash e tênis para exercitar o corpo para a atividade de canto. Porém não fala o porque desta
possibilidade.
Corrida e levantamento de peso causam melhora vocal para o canto, segundo um dos autores,
no que diz respeito a controle, resistência, vigor e agilidade, mas não se explica o porque desta
melhora.
Sobre os outros esportes não prejudiciais à voz, não há maiores esclarecimentos.
Na Tabela III tem-se uma relação geral e conclusiva de todos os esportes citados pelos autores
estudados, especificando quais prejudicam e quais não prejudicam a voz.
Pode-se notar que alguns esportes são citados por alguns autores como prejudiciais à voz e
por outros autores como não prejudiciais. São estes: corrida, levantamento de peso e o golfe.
Quanto à corrida esta divergência deve-se ao fato de um autor acreditar que a corrida, quando
associada à vocalização, é prejudicial à voz e, outro autor acreditar que, quando praticada ao ar
livre, é saudável (no caso do golfe, isto também é relatado), mais um autor relata que a corrida
é recomendável para cantores por melhorar controle, agilidade, vigor e resistência no canto.
Porém, nenhum destes autores dá explicações anatomicamente convincentes sobre a corrida
(e o golfe).
O levantamento de peso, segundo um dos autores é também recomendável para cantores
(melhorando as mesmas condições de canto que a corrida) mas é, para outros dois autores,
prejudicial à voz se praticada junto à vocalização, por produzir uma maior adução glótica, pois
causam tensão na região de pescoço, além de uma maior pressão subglótica.
Tendo em vista o objetivo inicial desta pesquisa sobre quais exercícios podem causar prejuízos
à voz, pode-se verificar as respostas utilizando estas três tabelas, em especial a III, e as
conclusões aqui apresentadas.
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Deve-se porém estar atento ao fato de que os autores não explicam detalhadamente os
porquês dos exercícios serem prejudiciais ou não à voz. Isto faz com que tenha-se dúvidas
quanto aos dados adquiridos se pensar-se na anatomia da região laríngea, onde efetivamente
a voz é produzida, e na anatomia da região cervical, que serve de apoio para a laringe.
As explicações sobre a prática de levantamento de peso, a qual deve prejudicar a voz se
produzida junto a vocalização, foram mais abrangentes e mais aceitáveis, o que faz-se
acreditar na verdade deste fato.
Exercícios esportivos associados à vocalização, devem também ser evitados segundo o que
foi demonstrado nesta pesquisa, uma vez que fazem com que ocorra abuso de adução glótica
durante fonação.
Alguns esportes parecem ser mesmo saudáveis, não diretamente ligados à voz, mas ao corpo
como um todo. É interessante lembrar-se que para se produzir uma voz saudável, o corpo todo
deve estar em “boa sintonia”.
São poucos os esportes que são citados como prejudiciais ou não à voz por mais de um autor.
Assim, para obter respostas mais concretas e montar um quadro mais completo (não só
contando com citações como também com dados mais objetivos sobre anatomia e fisiologia,
fazendo esta correlação de esporte com voz) deve-se realizar um trabalho em campo, com
várias faixas etárias e com acompanhamento temporário dos indivíduos a serem testados. Só
assim, ter-se-ão conclusões mais efetivas sobre esta pesquisa.
Atualmente o esporte está mais presente na vida das pessoas, muitas vezes com assiduidade,
podendo ocasionar problemas vocais.
Assim, é recomendável que fonoaudiólogos e professores de Educação Física estejam atentos
à este fator.
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IV- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Behlau, Mara & Pontes, Paulo
1993- “Higiene Vocal- Informações Básicas”, São Paulo- SP, - Lovise Ltda.
Behlau, Mara; Dragone, Maria Lúcia; Ferreira, Ana Elisa; Pela, Sandra
1996- “Higiene Vocal Infantil- Informações Básicas”, São Paulo- SP,- Lovise Ltda.
Beuttenmuller, Maria Glória
1995- “O Despertar da Comunicação Vocal”, Rio de Janeiro- RJ, - Enelivros Editora e Livraria
Ltda.
Colton, Raymond H. & Casper, Janina K.
1996- “Compreendendo os Problemas de Voz - Uma Perspectiva Fisiológica ao Diagnóstico e
ao Tratamento”, Porto Alegre, RS, - Artes Médicas.
Damloff; Schuckers; Feth
1980- “The Physiology of Speech and Hearing- An Introduction”,
Englenwood Cliffs, NJ, - Pentice-Hall
Jackson-Menaldi, Cristina A.
1992- “Higiene de la Voz”- in: Benvenutto, Arauz; Jackson, Guevara; Tosi, Sapaly- “La Voz
Normal”, Buenos Aires-Argentina, - Editorial Médica Panamericana.
21
Llinás, M. Antonia
1992- “Disfonias”. in: Casanova, J. Peña e colab. - “Manual de Fonoaudiologia”, Porto Alegre,
RS, - Artes Médicas.
Miller, Richard
1996- “The Structure of Singing- System and Art in Voice Techinique” - New York, -Ed. Schirmer
Books and Imprint of Simon and Schuster Mamillan.
Nardich, Segre
1989- “Princípios de Foniatria para Alunos e Profissionais de Canto e Dicção”, Buenos AiresSão José, - Editorial Médica Panamericana.
Pinho, Sílvia Rebelo
1997- “Manual de Higiene Vocal para Profissionais da Voz”- Carapicuiba- SP, - Pró-Fono.
Pinho, Sílvia Rebelo
1992- “As “Fendas Glóticas” e a Terapia Fonoaudiológica”. in: Ferreira, Léslie Piccolotto (org.) “Um Pouco de Nós Sobre Voz”, Barueri- SP, - Pró-Fono.
Wilson, D. Kenneth
1994- “Problemas de Voz em Crianças”, São Paulo- SP, -Editora Manole Ltda.
22
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quais os tipos de exercícios físicos que podem causar