UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Marcelo Daldon
FATORES QUE PODEM ESTAR CONTRIBUINDO PARA O
APARECIMENTO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA
ZONA DE ENCUNHAMENTO DE PAREDES EM OBRAS DE
PORTO ALEGRE
Porto Alegre
dezembro de 2008
MARCELO DALDON
FATORES QUE PODEM ESTAR CONTRIBUINDO PARA O
APARECIMENTO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA
ZONA DE ENCUNHAMENTO DE PAREDES EM OBRAS DE
PORTO ALEGRE
Orientadora: Ângela Borges Masuero
Porto Alegre
dezembro de 2008
MARCELO DALDON
FATORES QUE PODEM ESTAR CONTRIBUINDO PARA O
APARECIMENTO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA
ZONA DE ENCUNHAMENTO DE PAREDES EM OBRAS DE
PORTO ALEGRE
Este Trabalho de Diplomação foi julgado adequado como pré-requisito para a obtenção do
título de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pela Professora Orientadora e
pelo Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Grande do Sul.
Porto Alegre, dezembro de 2008
Profa. Ângela Borges Masuero
Dra. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Orientadora
Prof. Inácio Benvegnu Morsch
Chefe do DECIV
BANCA EXAMINADORA
Ademir Fernando Voss (PUCRS)
Engenheiro Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Prof. João Ricardo Masuero (UFRGS)
Engenheiro Civil, Mestre pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Roberto Sukster (UFRGS)
Engenheiro Civil, Mestre pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Dedico este trabalho a meus pais, Ciro e Joeni, e a todas as
pessoas que sempre me apoiaram, especialmente, durante
o período do meu Curso de Graduação.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Profa. Dra. Ângela Borges Masuero, orientadora deste trabalho pela atenção,
apoio técnico e principalmente pela amizade.
Agradeço a todas as construtoras que viabilizaram esta pesquisa permitindo o
acompanhamento do canteiro de obras.
Agradeço pelo interesse dos engenheiros Jorge, Leonardo, Ademir e Roberto.
Agradeço ao apoio de todos profissionais da área que tiveram interesse nos resultados deste
trabalho, que serviu como fonte de inspiração para conclusão do mesmo.
Por fim, gostaria de agradecer aos meus amigos Paulo, Rodrigo, Rafael e Fabrício que foram
verdadeiros companheiros nesta jornada e, em especial, a Thaís com quem aprendi muito
sobre o verdadeiro valor da vida.
Escolha o trabalho que mais gostas e não terás de trabalhar
um único dia em sua vida.
Confúcio
RESUMO
DALDON, M. Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de
manifestações patológicas na zona de encunhamento de paredes em obras de Porto
Alegre. 2008. 86 f. Trabalho de Diplomação (Graduação em Engenharia Civil) –
Departamento de Engenharia Civil. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre.
Este trabalho versa sobre a apresentação de prováveis causas do aparecimento de
manifestações patológicas na zona de encunhamento de paredes e de técnicas práticas para
minimizá-las. Desenvolvendo o assunto na área de patologia da construção civil, é possível
contextualizá-lo em um breve histórico mapeado por constantes mudanças na forma de
construir e projetar as edificações nos últimos dez anos. O uso de materiais leves e
especificação de concretos com elevadas resistências de compressão viabilizam o
dimensionamento de estruturas mais esbeltas, deformáveis e menos contraventadas.
Fenômenos negativos vêm ocorrendo com maior freqüência, preocupando cada vez mais os
profissionais da área. Muitos são os fatores que podem estar relacionados ao aparecimento
de manifestações patológicas, mas as deformações lentas da estrutura em conjunto com
falhas de execução do encunhamento de paredes parecem ser os principais causadores de
fissuras, descolamento de revestimentos e esmagamento de blocos. As ocorrências de
manifestações patológicas foram registradas com maior freqüência em empreendimentos com
ritmos intensos de construção. Mesmo estando diretamente ligado a estes casos, o uso do
material resiliente (deformável) neste tipo de empreendimento apresentou desempenho
satisfatório, enquanto, em empreendimentos com ritmo de construção menos acelerado, o
encunhamento rígido, argamassa de cimento e areia com aditivo expansor, demonstrou-se
adequado, atingindo valores de resistência à compressão de 4,0 MPa. Cuidados com a
especificação da resistência à compressão do concreto, taxas de armadura mínima, processos
de cura durante a execução da estrutura e o controle de retirada de escora somente após os 28
dias de cura (linhas de reescoramento) são ações preventivas que podem contribuir para o
maior controle das deformações estruturais. Retardar o maior tempo possível a execução do
encunhamento, priorizar uma ordem de encunhamento de paredes que proporcione o
acréscimo lento e gradual das cargas do pavimentos acima, implementar o controle de
qualidade na produção da argamassa e verificação de alvenarias e estruturas são medidas que
facilitam a boa prática da execução do encunhamento.
Palavras-chave: encunhamento de paredes; alvenaria; estrutura; fissuras.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: diagrama de trabalho de diplomação................................................................
16
Figura 2: descolamento do revestimento.........................................................................
19
Figura 3: esmagamento de bloco cerâmico.....................................................................
19
Figura 4: encontro de alvenaria com elementos estruturais, tais como vigas e lajes
flexíveis...............................................................................................................
24
Figura 5: exemplo de processo de cura cuidadosa do concreto........................................
25
Figura 6: escoras sendo retiradas após 28 dias da concretagem, mantendo-se a faixa de
reescoramento....................................................................................................
25
Figura 7: (A) encunhamento executado de cima para baixo, (B) encunhamento
executado em pavimentos alternados..................................................................
27
Figura 8: utilização de bisnaga para execução do encunhamento.....................................
28
Figura 9: prazos de carência mínimos para execução do encunhamento de paredes.......
29
Figura 10: (A) encunhamento de parede com tijolos inclinados a 45º, (B)
encunhamento com blocos tipo canaleta.............................................................
30
Figura 11: encunhamento com argamassa expansiva......................................................
31
Figura 12: exemplo de abertura de encunhamento com aproximadamente 2 a 3 cm......
32
Figura 13: encunhamento com poliuretano......................................................................
32
Figura 14: posição solar do empreendimento A...............................................................
34
Figura 15: execução da estrutura de concreto armado da edificação...............................
35
Figura 16: viga de comprimento aproximado de 10 m.....................................................
36
Figura 17: grande área de laje com poucos pilares e nenhuma viga...............................
36
Figura 18: retirada de faixa de reescoramento em baixas idades...................................
37
Figura 19: exemplo de execução da alvenaria no perímetro da edificação......................
39
Figura 20: reduzido espaço para interação alvenaria com estrutura.................................
40
Figura 21: bloco compensador utilizado na última fiada da execução da alvenaria.........
41
Figura 22: fixação de montantes para drywall na estrutura de concreto armado..............
42
Figura 23: execução de chapisco rolado na estrutura......................................................
42
Figura 24: produção manual de argamassa de encunhamento.........................................
44
Figura 25: produção de argamassa de encunhamento mecanizada...................................
44
Figura 26: despejo da argamassa de encunhamento em cima de compensado...............
47
Figura 27: transporte vertical (guincho)............................................................................
47
Figura 28: execução do encunhamento de paredes com argamassa.................................
48
Figura 29: execução do encunhamento de paredes com aplicação de argamassa em
grande distância..................................................................................................
49
Figura 30: execução do encunhamento de paredes em sistemas de lajes nervuradas......
49
Figura 31: feixe de luz evidenciando a presença de vazios no encunhamento.................
50
Figura 32: execução do encunhamento com auxílio de uma desempenadeira..................
51
Figura 33: encunhamento rígido de paredes com tijolos inclinados a 45º no
estacionamento...................................................................................................
51
Figura 34: ausência de chapisco na estrutura....................................................................
52
Figura 35: colocação de tela metálica na ligação estrutura com alvenaria.......................
53
Figura 36: execução de juntas de movimentação na região de encunhamento de
paredes...............................................................................................................
54
Figura 37: aparecimento de fissura no emboço na região de encunhamento da parede...
56
Figura 38: detalhe da fissura no emboço na região de encunhamento da parede.............
56
Figura 39: fissuras no revestimento derivadas da falta de encunhamento.......................
57
Figura 40: reparo de fissuras no revestimento derivadas da falta de encunhamento........
57
Figura 41: aparecimento de fissura no encunhamento com problemas de infiltração
(dia de chuva).....................................................................................................
58
Figura 42: aparecimento de fissura no encunhamento com problemas de infiltração
(dia de sol)...........................................................................................................
58
Figura 43: princípio do descolamento de revestimentos..................................................
59
Figura 44: descolamento de revestimento na região de encunhamento em fachada........
60
Figura 45: descolamento de revestimento na região do encunhamento em áreas
internas...............................................................................................................
60
Figura 46: esmagamento de bloco....................................................................................
61
Figura 47: mesa de adensamento para teste de espalhamento da argamassa de
encunhamento.....................................................................................................
63
Figura 48: vista do equipamento para moldagem dos corpos-de-prova
63
Figura 49: ruptura de corpo-de-prova à flexão.................................................................
64
Figura 50: ruptura de corpo-de-prova à compressão.........................................................
65
Figura 51: resistências médias à flexão das argamassas de encunhamento ensaiadas.....
67
Figura 52: resistências médias à compressão das argamassas de encunhamento
ensaiadas.............................................................................................................
68
Figura 53: consistência das amostras de argamassa ensaiadas em laboratório.................
69
Figura 54: aumento do volume dos corpos-de-prova moldados com argamassa
expansiva............................................................................................................
70
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: estado limite de deformações excessivas da estrutura.....................................
22
Quadro 2: flechas máximas admitidas após a instalação do componente.........................
23
Quadro 3: classificação dos tipos de encunhamento e respectivos materiais...................
29
Quadro 4 : características gerais dos empreendimentos...................................................
33
Quadro 5 : tipos estruturais e ciclos de produção de estrutura..........................................
36
Quadro 6: tipo e proporção das argamassas de encunhamento acompanhadas................
45
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 13
2 METODOLOGIA DE PESQUISA............................................................................. 15
2.1 PERGUNTA DE PESQUISA..................................................................................... 15
2.2 OBJETIVOS................................................................................................................ 15
2.3 DELIMITAÇÕES....................................................................................................... 15
2.4 LIMITAÇÕES............................................................................................................. 16
2.5 DELINEAMENTO..................................................................................................... 16
3 ESTUDO DO ENCUNHAMENTO DE PAREDES ................................................. 18
3.1 HISTÓRICO DA EXECUÇÃO DE ENCUNHAMENTO DE PAREDES............
18
3.2 SITUAÇÃO ATUAL DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA ZONA DE 19
ENCUNHAMENTO...................................................................................................
3.3 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DERIVADAS DO ENCUNHAMENTO 19
DE PAREDES.............................................................................................................
3.4 EVOLUÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS EDIFICAÇÕES............................ 20
3.4.1 Estudo do concreto................................................................................................. 21
3.4.2 Estudo das deformações de estruturas em concreto........................................... 22
3.5 MEDIDAS PREVENTIVAS ADOTADAS CONTRA MANIFESTAÇÕES
PATOLÓGICAS DERIVADAS DO ENCUNHAMENTO DE PAREDES................ 24
3.6 DESENVOLVIMENTO DE TÉCNICAS PRÁTICAS DE ENCUNHAMENTO
DE PAREDES.............................................................................................................. 25
3.6.1 Técnicas de encunhamento de paredes................................................................. 26
3.6.2 Materiais utilizados no encunhamento de paredes............................................. 29
3.6.2.1 Encunhamento com pré-tensionamento................................................................ 30
3.6.2.2 Encunhamento sem pré-tensionamento................................................................. 31
3.6.2.3 Encunhamento plástico......................................................................................... 32
4 ACOMPANHAMENTO DE OBRAS......................................................................... 33
4.1
CARACTERÍSTICAS
GERAIS
DOS
EMPREENDIMENTOS 33
ACOMPANHADOS....................................................................................................
4.2 ESTUDO PILOTO..................................................................................................... 34
4.3 FATORES CONSTRUTIVOS OBSERVADOS QUE PODEM INTERFERIR NO 34
COMPORTAMENTO DA ZONA DE ENCUNHAMENTO......................................
4.3.1 Execução da estrutura da edificação.................................................................... 35
4.3.1.1 Práticas adotadas na construção e suas conseqüências nas estruturas das 35
edificações.........................................................................................................................
4.3.1.2 Tipos estruturais executados e ritmo de produção estrutural dos 36
empreendimentos..............................................................................................................
4.3.1.3 Ações preventivas aos ciclos acelerados de execução da estrutura....................... 37
4.3.2 Execução de vedações verticais............................................................................. 38
4.3.2.1 Paredes de alvenaria convencional.................................................................
4.3.2.1.1 Dimensão do espaço de interação da alvenaria e estrutura..............................
4.3.2.1.2 Execução de instalações elétricas e hidráulicas na alvenaria..........................
4.3.2.1.3 Blocos compensadores na última fiada da parede............................................
4.3.2.2 Paredes de gesso acartonado - drywall................................................................
4.3.3 Execução do Chapisco..........................................................................................
38
39
40
40
41
42
4.3.4 Produção do encunhamento de paredes.............................................................. 43
4.3.4.1 Mistura de argamassa de encunhamento...............................................................
4.3.4.2 Tipos de argamassas de encunhamento de paredes...............................................
4.3.4.3 Variabilidade de produção de argamassas de encunhamento...............................
4.3.4.4 Transporte da argamassa de encunhamento..........................................................
4.3.4.5 Ordem de execução do encunhamento..................................................................
4.3.4.6 Execução do encunhamento com argamassas.......................................................
4.3.4.6.1 Sugestão de controle da execução do encunhamento de paredes.....................
4.3.4.6.2 Uniformidade do encunhamento de paredes.....................................................
4.3.4.6.3 Dificuldade de acesso à região de encunhamento.............................................
4.3.4.6.4 Habilidade de mão-de-obra..............................................................................
4.3.4.7 Execução do encunhamento com tijolos inclinados a 45º.....................................
4.3.5 Execução de revestimentos...................................................................................
43
44
45
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47
48
48
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50
51
53
4.3.5.1 Uso de tela metálica para reforço do revestimento...............................................
4.3.5.2 Prazo de carência para execução do revestimento................................................
4.3.5.3 Detalhamento de junta de movimentação na região de encunhamento................
4.4 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ACOMPANHADAS....................................
53
53
54
54
4.4.1 Fissuras................................................................................................................... 55
4.4.1.1 Descumprimento de prazos de carência entre as atividades..................................
4.4.1.1.1 Prazo de carência de 15 dias para assentamento da alvenaria........................
4.4.1.1.2 Prazo de carência para cura da argamassa de encunhamento.........................
4.4.1.2 Ausência de encunhamento de paredes................................................................
4.4.1.3 Aparecimento de fissuras e conseqüentes infiltrações.........................................
4.4.1.4 Aparecimento de fissuras por falta de contraventamento da estrutura.................
55
55
55
56
57
58
4.4.2 Descolamento de revestimento.............................................................................. 58
4.4.2.1 Princípio do descolamento de revestimentos........................................................ 59
4.4.2.2 Descolamento de revestimentos internos e externos............................................ 59
4.4.3 Esmagamento de blocos......................................................................................... 60
5 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS DE ENCUNHAMENTO..................... 62
5.1 COLETA DA ARGAMASSA DE ENCUNHAMENTO........................................... 62
5.2 MOLDAGEM DOS CORPOS-DE-PROVA.............................................................. 62
5.3 CURA DOS CORPOS-DE-PROVA........................................................................... 64
5.4 ENSAIOS DE FLEXÃO E COMPRESSÃO............................................................. 64
5.4.1 Ensaios à flexão.....................................................................................................
64
5.4.2 Ensaios à compressão............................................................................................ 65
6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..................................................... 66
6.1 RESULTADOS DOS ENSAIOS DE FLEXÃO........................................................ 67
6.2 RESULTADOS DOS ENSAIOS DE COMPRESSÃO............................................. 68
6.3 RESULTADOS DOS TESTES DE ESPALHAMENTO........................................... 68
6.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS................................................................................ 69
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................
71
7.1 CONCLUSÕES.......................................................................................................... 71
7.1.1 Conclusões diante do acompanhamento de obras.............................................. 71
7.1.2 Conclusões diante da caracterização dos materiais...........................................
73
7.2 SUGESTÕES PARA CONTINUIDADE DE PESQUISA........................................ 74
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 75
ANEXO A......................................................................................................................... 77
ANEXO B......................................................................................................................... 81
ANEXO C......................................................................................................................... 83
ANEXO D......................................................................................................................... 85
13
1 INTRODUÇÃO
O acentuado desenvolvimento tecnológico dos materiais de construção civil vem alterando a
maneira de construir nos últimos anos. Em especial, a adoção de elevada resistência de
compressão do concreto armado para projeto viabiliza o dimensionamento de edificações
mais altas e esbeltas. Nos projetos, são privilegiados o uso de grandes vãos (melhor ocupação
do espaço interno nos pavimentos), menos pilares (mais vagas de garagem no subsolo) e
espessuras de laje cada vez menores. As estruturas e tipologias são mais arrojadas e as
alvenarias mais precisas. O concreto apresentou um relativo aumento na resistência de
compressão, porém o mesmo não ocorre com a rigidez dos elementos construtivos. Por
exemplo, se a resistência de compressão do concreto dobrasse, o mesmo não aconteceria com
o módulo de elasticidade. Estas características podem ser uma possível explicação para o
porquê das estruturas estarem cada vez mais deformáveis.
A velocidade de execução de estruturas tem aumentado muito em grandes construtoras.
Ciclos intensos de concretagem entre lajes possibilitam um ritmo acelerado para as demais
atividades, antecipando o prazo de entrega do empreendimento. O sistema de apoio com
escoras, conhecido como linhas de reescoramento, foi criado com a função de manter a laje
concretada apoiada por pelo menos 28 dias, impedindo que deformações iniciais prejudiquem
a edificação. Contudo, o ritmo acelerado permite que o encunhamento das paredes seja
executado tão logo possível, com o objetivo de concluir as etapas de vedações verticais para
iniciar os revestimentos. Conforme o desenvolvido a seguir no trabalho, este é um aspecto
desfavorável que precisa maior destaque. Para tal, precisa-se iniciar o assunto por sua
definição.
O encunhamento é o responsável pela interação da alvenaria com a estrutura. Ele une estes
dois elementos construtivos. O simples fechamento do espaço remanescente entre a última
fiada de blocos da alvenaria e da estrutura deve proporcionar equilíbrio, garantindo maior
vida útil para a construção. O encunhamento das paredes pode ser caracterizado tanto pelo
procedimento de preenchimento, quanto pelo procedimento de fixação da parede de alvenaria
por meio de elementos construtivos que garantam o pré-tensionamento da mesma.
Ultimamente, alguns casos pontuais têm comprometido o desempenho da edificação na zona
de encunhamento de paredes, causando certa preocupação aos profissionais da área. As
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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deformações das estruturas são apontadas como possíveis causadoras do aparecimento de
manifestações patológicas como o rompimento de paredes de vedação por meio de fissuras e
destacamento de revestimentos.
O presente trabalho centralizou-se no acompanhamento da execução de encunhamento de
paredes em canteiro de obras. Buscou-se a caracterização das argamassas de encunhamento
utilizadas nesta atividade. O mapeamento das principais falhas de execução do encunhamento
e problemas derivados do histórico da construção civil foram uns dos resultados das
observações realizadas durante esta etapa. Nos casos de manifestações patológicas em
revestimentos ou vedações concluídas os aspectos vinculados à execução do encunhamento de
paredes não puderam ser verificados, porque a atividade já estava finalizada.
Sendo motivado também pelo aparecimento de tais manifestações patológicas, o trabalho tem
a intenção de pesquisar quais as causas mais prováveis para tais acontecimentos, além de
recomendar técnicas de encunhamento de paredes capazes de minimizar as mesmas.
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Marcelo Daldon. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2008
15
2 MÉTODO DE PESQUISA
A metodologia do trabalho de pesquisa foi desenvolvida para melhor organizar as idéias,
objetivos, hipóteses, delimitações, limitações e delineamento do trabalho.
2.1 PERGUNTA DE PESQUISA
A questão que guiou o trabalho de diplomação foi: quais os fatores que podem estar
contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de encunhamento de
paredes em obras de Porto Alegre?
2.2 OBJETIVOS
O objetivo principal do trabalho é a verificação de quais os aspectos vinculados às técnicas
construtivas e materiais empregados na cidade de Porto Alegre que podem estar influenciando
no aparecimento de manifestações patológicas derivadas da interação entre estrutura em
concreto armado e a alvenaria.
Os objetivos secundários foram a identificação das diferentes formas de execução do
encunhamento e a caracterização física e mecânica das argamassas empregadas no
encunhamento de paredes através de ensaios laboratoriais.
2.3 DELIMITAÇÃO
O trabalho esteve delimitado a analisar edificações de uso residencial e comercial,
desconsiderando
indústrias ou grandes depósitos,
principalmente pelas diferenças
geométricas, tais como os tamanhos de vãos, para os quais a estrutura foi projetada. A área de
abrangência de acompanhamento de obras foi delimitada a Porto Alegre no Estado do Rio
Grande do Sul.
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
16
2.4 LIMITAÇÕES
O resultado da pesquisa ficou limitado por doze empreendimentos acompanhados de
diferentes construtoras.
2.5 DELINEAMENTO
O delineamento do trabalho pode ser representado pelo diagrama da figura 1. Serve
resumidamente para organizar, distribuir e representar as principais etapas do trabalho.
O trabalho foi desenvolvido em quatro etapas detalhadas a seguir:
a) pesquisa bibliográfica;
b) estudo piloto;
c) acompanhamento de obras e ensaios laboratoriais;
d) análise e discussão dos resultados, conclusões.
Figura 1: diagrama do trabalho de diplomação
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Marcelo Daldon. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2008
17
A revisão bibliográfica foi o primeiro passo para o início do trabalho. Foram estudadas as
principais publicações sobre o assunto, escrevendo assim um registro do embasamento teórico
existente e que auxiliou no andamento das demais etapas.
Em um segundo momento, foi realizado um estudo piloto para otimizar o aproveitamento do
acompanhamento de outras obras. A terceira etapa foi definida pelo acompanhamento de
obras em paralelo à realização de ensaios em laboratório de resistência à flexão e à
compressão no LEME/UFRGS (Laboratório de Ensaios de Modelos Estruturais) para a
caracterização das argamassas utilizadas no encunhamento de paredes.
O acompanhamento de obras foi o momento de coleta de informações. Nas visitas às obras
foram documentadas todas as etapas construtivas envolvidas no encunhamento de paredes por
meio de relatórios fotográficos. As coletas de amostras de argamassas produzidas em canteiro
de obras para realização dos ensaios foram realizadas em dias com diferentes condições
climáticas tais como sol, chuva, nublado, frio ou quente.
Tendo em mãos as fichas de acompanhamento, os relatórios fotográficos, os relatórios
descritivos dos empreendimentos e os resultados dos ensaios de resistência à flexão e à
compressão das doze obras acompanhadas, finalizou-se o trabalho com a análise e discussão
dos resultados.
Na conclusão são recomendados materiais e procedimentos adequados para o encunhamento
de paredes, minimizando as probabilidades de aparecimento de manifestações patológicas
derivadas da interação entre elementos estruturais em concreto e as alvenarias.
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
18
3 ESTUDO DO ENCUNHAMENTO DE PAREDES
Encunhamento de paredes é um processo construtivo que faz parte das vedações verticais. Ele
consiste no fechamento do espaço remanescente entre a estrutura e a última fiada de blocos da
elevação da parede. Apesar de ser um processo simples, o encunhamento é o intermediário na
interação destes elementos onde o aparecimento de manifestações patológicas, tem sido uma
das preocupações por parte de engenheiros e arquitetos.
3.1 HISTÓRICO DA EXECUÇÃO DE ENCUNHAMENTO DE PAREDES
A década de 30 foi um marco na história da execução do encunhamento de paredes. No
período que a antecedia, as construções abusavam da potencialidade das alvenarias. Foi nesta
década que iniciou-se a utilização intensiva do concreto armado em pequenas edificações e,
conseqüentemente, foi a partir desta época que o encunhamento de alvenarias começou a ser
executado. Em um primeiro momento, o encunhamento com blocos cerâmicos de vedação
inclinados a 45º foi o tipo mais usual. Neste tipo de encunhamento, as tensões transmitidas
pela estruturas à paredes é absorvida pela aderência entre a camada de argamassa de
assentamento e os blocos cerâmicos (FRANCO, 1998). Nos últimos anos foram
desenvolvidos diferentes tipos de aditivos, tais como expansores (ou redutores de retração) e
colas para utilização na mistura das argamassas de encunhamento. Por fim, com o mercado
sedento por redução na variabilidade de produção de argamassas, facilidade e velocidade de
mistura das mesmas, fornecedores iniciaram a produção de argamassas industrializadas de
encunhamento. Atualmente, o uso de diferentes materiais para o encunhamento das paredes
caracteriza grande parte dos empreendimentos de Porto Alegre. Muitos são os
empreendimento que utilizam o simples preenchimento da abertura de encunhamento com
argamassas resilientes, aos passo que existem também aqueles que empregam métodos mais
rebuscados tais como os tijolos inclinados a 45º e argamassas com aditivos expansores.
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Marcelo Daldon. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2008
19
3.2 SITUAÇÃO ATUAL DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA
ZONA DE ENCUNHAMENTO
Medeiros (2005a, p. 46) afirma:
Paredes de vedação estão rompendo na zona de encunhamento, fissuras entre as
alvenarias e as estruturas são visíveis e problemas em revestimentos na zona de
encunhamento de paredes são mais freqüentes. Tudo por causa das deformações
imediatas e lentas que, se não previstas, desencadeiam as patologias.
Controlados muitas vezes empiricamente, os problemas são agora menos comuns
que há três anos, mas deram um susto no mercado. Foram muitos casos. Apesar das
ações corretivas, ainda faltam conhecimentos para entender completamente o que
está acontecendo com essas construções.
3.3 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DERIVADAS DO
ENCUNHAMENTO DE PAREDES
De acordo com a literatura, as manifestações patológicas mais comuns observadas na zona de
encunhamento são fissuras, descolamento de revestimento (figura 2) e casos mais expressivos
como esmagamentos de blocos (figura 3).
Figura 2: descolamento do revestimento
(MEDEIROS, 2005a)
Figura 3: esmagamento de bloco cerâmico (MEDEIROS, 2005a)
Thomaz (1989, p. 15) salienta que as manifestações patológicas podem atingir três aspectos
fundamentais:
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
20
a) aviso de eventual estado perigoso de ruptura das unidades de alvenaria;
b) compromisso com desempenho da edificação em serviço (estanqueidade,
durabilidade e isolamento acústico);
c) constrangimento psicológico do usuário.
A necessidade de investigação do encunhamento de paredes precisa iniciar na raiz do
problema. É necessário acompanhar a evolução dos métodos construtivos, o avanço
tecnológico empregado nas edificações, o estudo das novas propriedades do concreto
produzido nos últimos dez anos para caracterizar um trabalho de pesquisa completo.
3.4 EVOLUÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DAS EDIFICAÇÕES
É comum observar edificações antigas com elementos estruturais robustos, lajes espessas,
vigas com grande altura útil e pilares de grandes dimensões. Estas características não são mais
observadas em construções mais atuais. O concreto, graças à evolução na composição
química e o domínio das propriedades de seus componentes, apresenta atualmente um
aumento na resistência de projeto, viabilizando estruturas e tipologias mais arrojadas. Além
disso, os processos construtivos, cálculos e técnicas gerenciais também sofreram mudanças,
resultando no aparecimento de manifestações patológicas (MEDEIROS, 2005a, p. 46).
Visando à otimização de espaços internos, melhor aproveitamento de vagas para garagem e
utilização de materiais de construção relativamente mais leves, a concepção de projetos de
edifícios construídos atualmente economiza nas dimensões de elementos estruturais. A
utilização de menos pilares e de lajes mais delgadas constitui estruturas mais deformáveis.
Thomaz (1989, p. 15) reforça a idéia, dizendo:
A evolução da tecnologia dos materiais de construção e das técnicas de projeto e
execução de edifícios evoluíram no sentido de torná-los cada vez mais leves, com
componentes estruturais mais esbeltos, menos contraventados.
A falta de contraventamento e as deformações excessivas das estruturas são possivelmente o
principal motivo para o aparecimento de manifestações patológicas tais como fissuras em
paredes, descolamento de revestimentos e esmagamento de blocos de alvenaria.
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Marcelo Daldon. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2008
21
3.4.1 Estudo do concreto
Medeiros1 (2005b) expõe que o concreto é a principal causa do aparecimento de
manifestações patológicas no encunhamento de paredes, e para tanto necessita ser mais bem
estudado. Na busca por reduções de custos, fornecedores fizeram mudanças na dosagem do
concreto utilizando agregados finos (areia rosa e pó-de-pedra), com baixos teores de cimento,
que mesmo atendendo às especificações de resistência, possuem características diferentes. A
falta de conhecimento das novas propriedades do concreto produzido nos últimos dez anos, a
racionalização de materiais acentuada e o dimensionamento de elementos estruturais mais
esbeltos contribuem para tornar as estruturas mais deformáveis e as paredes de vedações mais
suscetíveis às manifestações patológicas.
Medeiros2 (2005a) afirma que “[...] levar em consideração apenas a resistência à compressão
já não é mais suficiente para prever o comportamento da estrutura. Nas novas tipologias
construtivas, o módulo de elasticidade, a resistência à tração e a fluência se tornam mais
importantes. Com os diferentes tipo de cimentos existentes no mercado, é possível compor
concretos de igual resistência com relações de água e cimento completamente distintas, fator
este que influencia na deformação do concreto ”.
Franco (1998) reforça a idéia de que o relacionamento da vedação vertical com a estrutura
está sendo fortemente influenciado pela utilização de sistemas estruturais com maior grau de
flexibilidade (lajes planas) e emprego de materiais diferenciados (concretos de alto
desempenho). As solicitações nas vedações verticais são cada vez maiores.
A tecnologia permitiu desenvolver um concreto com algumas propriedades alteradas. A
diminuição do teor de cimento ou clínquer somado ao uso de adições podem ocasionar
problemas de deformações em peças que trabalham à flexão (dimensionadas no estádio 2)
devido às microfissurações resultantes, porém a dificuldade de inserir estas propriedades do
concreto nos métodos de cálculo, direciona a solução do problema por um caminho mais
integrador, visando um novo estudo na interação das estruturas com vedações.
1
Trata-se da opinião do Prof. Fernando Sabbatini da EUSP em entrevista com Medeiros.
Trata-se da opinião do Engenheiro Civil Ricardo França no texto de Medeiros.
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
2
22
3.4.2 Estudo das deformações em estruturas em concreto armado
Mesmo conhecendo as possíveis causas das deformações excessivas das estruturas, pouco se
sabe sobre a proporção com que as alterações nas propriedades do concreto produzido nos
últimos anos interferem nas deformações, sendo esta uma incógnita (MEDEIROS3 2005b). A
NBR 6118 (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2003) apresenta valores práticos de
deslocamentos limites para verificação em serviço do estado limite de deformações excessivas
da estrutura (quadro 1). Dentre os grupos básicos classificados na Norma, interessa para este
trabalho o grupo de “[...] efeitos em elementos não estruturais: deslocamentos estruturais
podem ocasionar o mau funcionamento de elementos que, apesar de não fazerem parte da
estrutura, estão a ela ligados; [...]”.
Tipo de
efeito
Efeitos em
elementos
não
estruturais
Razão da
limitação
Exemplo
Alvenaria,
caixilhos e
revestimentos
Divisórias leves
e caixilhos
telescópicos
Paredes
Movimento
lateral de
edifícios
Movimentos
térmicos
verticais
Deslocamento a
considerar
Deslocamento
limite
Após a construção da l/500 1) ou 10mm ou
parede
θ = 0,0017 rad 2)
Ocorrido após a
instalação da divisória
l/500 1) ou 25mm
Provocado pela ação
do vento para a
H/1700 ou H/850 3)
entre pavimentos4)
combinação
freqüente (ψ1 = 0,3)
Provocado por
l/400 5) ou 15mm
diferença de
temperatura
1 O vão l deve ser tomado na direção na qual a parede ou a divisória se desenvolve.
2 Rotação nos elementos que suportam paredes.
3 H é a altura total do edifício e Hi o desnível entre dois pavimentos vizinhos.
4 Esse limite aplica-se ao deslocamento lateral entre dois pavimentos consecutivos devido à atuação horizontais.
Não devem ser incluídos os deslocamentos devidos a deformações axiais nos pilares. O limite também se aplica
para o deslocamento vertical relativo das extremidades de lintéis conectados a duas paredes de contraventamento,
quando Hi representa o comprimento do lintel.
5 O valor de l refere-se à distância entre o pilar externo e o primeiro pilar interno.
Quadro 1: estado limite de deformações excessivas da estrutura (adaptado de
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS 2003, p. 56)
i
No Seminário Patología y Calidad em La Construcción apresentou-se um estudo sobre as
deformações das estruturas de concreto armado fazendo algumas referências a valores de
3
Trata-se da opinião do Prof. Fernando Sabbatini da EUSP em entrevista com Medeiros.
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Marcelo Daldon. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2008
23
flecha limite de deformação da estrutura (fb.max) após a instalação do componente (quadro 2)
(THOMAZ, 1998, p. 49).
Quadro 2: flechas máximas admitidas após a instalação do componente
(baseado em THOMAZ, 1998, p. 49)
A evolução nos processos construtivos motivou um aprofundamento dos estudos nesta área.
Desenvolvendo uma pesquisa sobre a influência dos ciclos rápidos de execução nas
deformações das estruturas de concreto, Salvador (2007) analisou as deformações em vigas de
concreto armado quando submetidas a carregamentos em baixas idades. Concluindo que a
execução de estrutura em ciclos mais intensos implica em maiores deformações e que o
carregamento precoce da estrutura pode favorecer às taxas de crescimento de deformação por
fluência em um certo período, após a retirada das escoras, sugerindo assim, uma maior
interação entre projeto e execução das obras. É muito comum observar edificações em
construção com três a quatro pavimentos escorados. Esta aceleração de ciclos de execução da
estrutura em concreto armado e suas conseqüentes deformações por fluência precisam ser
considerados na determinação de fatores de carga construtiva.
Em projetos que apresentam vigas ou lajes muito flexíveis, recomenda-se o detalhamento de
elementos construtivos apropriados para aliviar as tensões transferidas da estrutura para a
alvenaria (figura 4) (THOMAZ, 1998, p. 49).
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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Figura 4: encontro de alvenaria com elementos estruturais, tais como vigas e lajes
flexíveis (THOMAZ, 1998, p. 49)
As deformações excessivas da estrutura impõem, através do encunhamento, tensões nas
paredes não previstas em projeto. A idéia de adotar um material deformável na região do
encunhamento tem o objetivo de modificar a constituição rígida da parede, dissipando os
esforços transferidos, dificultando o aparecimento de manifestações patológicas.
3.5 MEDIDAS PREVENTIVAS ADOTADAS CONTRA MANIFESTAÇÕES
PATOLÓGICAS DERIVADAS DO ENCUNHAMENTO DE PAREDES
Ações preventivas como processo de cura cuidadosa do concreto (figura 5), maior tempo de
escoramento da estrutura (figura 6) e procedimentos cuidadosos de execução de alvenaria
podem ser adotadas para minimizar possíveis manifestações patológicas. A adoção destas
medidas resulta, todavia, em um custo referente ao uso de mais de um jogo de escoras e
aumento nos prazos de entrega da obra, já que o ideal seriam escoramentos de até 28 dias.
Mesmo que reduzam o aparecimento de manifestações patológicas derivadas das deformações
iniciais da estrutura, as ações preventivas são apenas medidas empíricas que não garantem a
solução de problemas patológicos. Caso a execução do empreendimento seja realizada com
grande velocidade, ou seja, pouco intervalo de tempo entre concretagens dos pavimentos,
existe a possibilidade de que as deformações lentas excessivas da estrutura possam gerar
problemas patológicos mais tarde (MEDEIROS4, 2005b).
4
Opinião de Sabbatini em entrevista com Medeiros.
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Figura 5: exemplo de processo de cura cuidadosa do concreto
Figura 6: escoras sendo retiradas após 28 dias
da concretagem, mantendo-se a faixa de
reescoramento
3.6 DESENVOLVIMENTO DE TÉCNICAS PRÁTICAS DE
ENCUNHAMENTO DE PAREDES
Sabendo da complexidade do estudo exploratório do concreto, verifica-se a necessidade de
soluções mais práticas e flexíveis para aplicação no canteiro de obras, começando assim a
investigação de técnicas para encunhamento de paredes de vedação. Segundo Franco (1998),
a ação conjunta entre a estrutura e as vedações verticais além de influenciar na escolha de
materiais, influencia nas decisões ligadas ao planejamento da seqüência de execução do
encunhamento de paredes.
A solidarização das paredes de alvenaria na estrutura reticulada de concreto armado promove
a interação entre as estruturas e as vedações verticais. Deslocamentos (gerados por flexão de
vigas e lajes) e deformações (geradas, por exemplo, pelo encurtamento de pilares) de
elementos estruturais são restringidos pela alvenaria. Sob a ação de carregamentos verticais e
horizontais os pórticos estruturais das edificações necessitam transmitir os esforços de cima
para baixo até atingir o solo. As paredes absorvem parte das movimentações impostas à
estrutura e acabam ficando sob tensão. Como as vedações em alvenaria apresentam cada vez
mais elevada rigidez, as paredes passam a atuar como painéis de contraventamento dos
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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pórticos estruturais. Uma vez que a alvenaria estiver solidarizada com a estrutura,
seguramente ela exerce função de contraventamento, sendo um elemento estrutural e, como
tal, deveria ser dimensionada. A estrutura, contraventada pelas paredes, apresenta menores
deslocamentos globais. Em contrapartida, as vedações são submetidas a maiores solicitações.
Além do mais, após a fixação das paredes, efeitos como a fluência ou deformação lenta da
estrutura gera um aumento de tensões atuantes nas alvenarias ao longo dos anos da
construção. A longo prazo, podem ocorrer três situações (SABBATINI, 2002):
a) a parede de alvenaria não resiste às tensões ocorrendo fissuras, esmagamento da
alvenaria ou colapso da parede;
b) a parede de alvenaria absorve as deformações e resiste às tensões atuantes, não
ocorrendo rupturas visíveis;
c) a parede de alvenaria resiste às tensões, mas as interfaces entre os elementos
estruturais e a parede não resistem, ocorrendo fissuras nas interfaces dos
elementos.
Sabbatini (2002) explica que fissuras com abertura inferior a dois milímetros são consideradas
normais, e devem ser perfeitamente absorvidas pelos revestimentos, sem ficarem visíveis.
3.6.1 Técnicas de encunhamento de paredes
O desempenho das paredes de vedação está intimamente associado à deformabilidade
apresentada pela estrutura em concreto armado. As flechas de deformação têm valores
máximos admitidos e também são influenciadas pelo tempo de colocação em serviço. Para
tanto é recomendável (THOMAZ, 1989; LOTURCO, 2004; FRANCO, 2005; SABBATINI,
2002):
a) o retardamento máximo possível entre a finalização da estrutura e o início da
execução do encunhamento de paredes de vedação, garantindo a livre
deformação inicial da estrutura;
b) execução do encunhamento de paredes de cima para baixo, ou seja, iniciando
no topo em descida para a base da edificação (figura 7A), facilitando
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Marcelo Daldon. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2008
27
conseqüentemente que os pavimentos inferiores absorvam as deformações da
estrutura
gradualmente.
No
caso
de
curto
prazo
de
entrega
dos
empreendimentos, é comum adotar a execução do encunhamento em
pavimentos alternados (figura 7B), evitando transferência do carregamento de
pavimentos superiores para inferiores;
c) intervalo de execução de encunhamento e término da alvenaria de no mínimo
2 semanas para retração de argamassa e absorção do carregamento imposto à
estrutura;
d) uso de bisnaga como ferramenta de aplicação, garantindo uma camada de
argamassa espessa e uniforme (figura 8). Evitar uso de colher-de-pedreiro;
e) não utilizar blocos excessivamente frágeis, evitando o esmagamento.
As técnicas de encunhamento foram se enquadrando na própria concepção de projetos,
adotando materiais flexíveis, versáteis e prevendo a transferência lenta e gradual de cargas,
podendo assim minimizar a resistência à movimentação da estrutura.
Figura 7: (A) encunhamento executado de cima para baixo, (B) encunhamento executado em pavimentos
alternados (baseada em THOMAZ, 1989, p. 137)
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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Figura 8: utilização de bisnaga para execução do encunhamento (FRANCO, 2005, p. 19)
É necessário que a argamassa de assentamento dos blocos da alvenaria esteja curada para o
início do encunhamento das paredes, caso contrário, são grandes as probabilidades de
aparecimento de fissuras nas alvenarias (VERÇOSA, 1991, p. 28).
Para Sabbatini (2002), além de seguir as recomendações acima, existem ainda algumas
diretrizes capazes de auxiliar na minimização das manifestações patológicas (figura 9):
a) finalizar todo o carregamento permanente possível (por exemplo, execução do
contrapiso);
b) ter de três a quatro pavimentos com a elevação de alvenaria pronta acima do
pavimento onde será executado o encunhamento;
c) fixar as alvenarias sempre de cima para baixo, mesmo que em conjuntos de 3
ou 4 pavimentos
d) executar a marcação da alvenaria trinta dias depois da concretagem da laje;
e) executar o encunhamento somente após setenta dias contados a partir da
concretagem da laje.
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Figura 9: prazos de carência mínimos para execução do encunhamento de paredes (SABBATINI, 2002)
3.6.2 Materiais utilizados no encunhamento de paredes
As técnicas utilizadas para execução do encunhamento de paredes estão em constante
processo de alteração devido o desenvolvimento de novos materiais e tecnologias. Sabbatini
(2002) sugere a prévia classificação do tipo de encunhamento de paredes, para então escolher
o material a utilizar (quadro 3).
Quadro 3: classificação dos tipos de encunhamentos e respectivos materiais
(baseado SABBATINI, 2002)
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
30
3.6.2.1 Encunhamento com pré-tensionamento
O encunhamento das paredes com pré-tensionamento ou encunhamento rígido tem o objetivo
de contraventar a estrutura, ou fixar a parede em uma estrutura indeformável (SABBATINI,
2002).
A técnica de utilização de tijolos cerâmicos inclinados a 45º com assentamento de argamassa
de cimento e areia (figura 10A) já foi muito utilizada por formar um fechamento amortecedor
das deformações estruturais transmitidas à parede. Em projetos de alvenaria modulados a
execução do encunhamento é facilitada pelo emprego de blocos do tipo canaleta e argamassa
mista de cimento, cal hidratada e areia em traço 1:12 a 15 em volume (figura 10B)
(THOMAZ, 1998, p. 50).
A
B
Figura 10: (A) encunhamento de parede com tijolos inclinados a 45º, (B)
encunhamento com blocos tipo canaleta (THOMAZ, 1998, p. 51)
O uso de cunha de concreto ou argamassa com aditivos expansivos (figura 11) deve ser
cauteloso. O fenômeno da retração de argamassa predomina após sua aplicação. Os aditivos
expansivos, por sua vez, reduzem a capacidade de retração da argamassa, tornando-a um
material rígido, que pode complementar a rigidez da parede de vedação e comprometer o
sistema através do aparecimento de manifestações patológicas (FRANCO, 2005, p. 18-19).
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Figura 11: encunhamento com argamassa expansiva
3.6.2.2 Encunhamento sem pré-tensionamento
O encunhamento sem pré-tensionamento ou encunhamento resiliente é uma técnica
recomendada para estruturas mais deformáveis, onde existe um nível de tensão menor que nas
paredes com ligação rígida. É caracterizado pelo uso de materiais de baixo módulo de
elasticidade, alta aderência inicial e alta plasticidade tal como a argamassa podre ou de baixo
teor de cimento. Neste tipo de encunhamento, a fixação da parede à estrutura de concreto é
garantida pela deformação lenta da estrutura e pela aderência inicial na argamassa de
encunhamento, apresentando menor probabilidade de surgimento de fissuras pelas
deformações impostas pela estrutura (SABBATINI, 2002).
A aderência entre a parede e a viga ou laje deve ser garantido pelo uso de chapisco, sendo
necessário sempre prever uma junta de 2 a 3 cm (figura 12) para preenchimento com
argamassa mista com pequeno teor de cimento com a possível adição de resina polimérica. O
aditivo polimérico além de conferir melhor aderência garante maior elasticidade da argamassa
resultando em um material com bom desempenho de amortecimento de tensões
(NAKAGUMA, 2004, p. 15).
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
32
Figura 12: exemplo de abertura de encunhamento com aproximadamente 2 a 3 cm
3.5.2.3 Encunhamento plástico
Dentre todas as técnicas, o encunhamento plástico é o que tem o menor nível de tensões nas
paredes imediatamente após a fixação. É recomendado para casos de estruturas muito
deformáveis e paredes muito rígidas. É o tipo de encunhamento que tem o menor risco de
surgimento
de
fissuras,
sendo
garantido pela colagem
do material.
Precisando
obrigatoriamente de juntas para a livre movimentação na interação da estrutura com a
alvenaria, o projeto arquitetônico deve manter coerência no detalhamento de forros com
sancas ou mata juntas de poliestireno. Os materiais mais indicados são o poliuretano (figura
13) ou poliestireno expandido (THOMAZ, 1989, p. 137; SABBATINI, 2002).
Figura 13: encunhamento com poliuretano (SABBATINI, 2002)
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33
4 ACOMPANHAMENTO DE OBRAS
Foram selecionadas doze obras na região da grande Porto Alegre para acompanhamento
completo, e mais três empreendimentos prontos para simples registro manifestações
patológicas pontuais. A etapa de acompanhamento de obras enriqueceu o trabalho com a
identificação das práticas que realmente são executadas durante o encunhamento das paredes
e demais etapas. Serão descritas abaixo algumas características dos empreendimentos
acompanhados para uma análise completa dos casos estudados.
4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS EMPREENDIMENTOS
ACOMPANHADOS
Cada empreendimento apresentou suas características peculiares com diferentes alturas, áreas
construídas, número de apartamentos e orientação solar. Todos foram analisados levando em
consideração principalmente fatores climáticos externos, tais como a ação do vento e
variabilidade térmica em fachadas expostas por maior tempo ao sol. Segue um resumo geral
no quadro 4 .
Quadro 4 : características gerais dos empreendimentos
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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4.2 ESTUDO PILOTO
O estudo piloto consistiu no acompanhamento de uma obra em paralelo com a elaboração de
relatórios fotográficos, planilhas de resultados para caracterização de materiais utilizados no
encunhamento, bem como realização de alguns pequenos ajustes necessários para otimizar os
demais acompanhamentos de obras. Além do registro de características gerais dos
empreendimentos também foi registrada a posição solar do empreendimento, identificando
fachadas mais expostas a radiação solar (figura 14), obtendo informações suficientes para
melhor análise de manifestações patológicas acompanhadas.
Figura 14: posição solar do empreendimento A
4.3 FATORES CONSTRUTIVOS OBSERVADOS QUE PODEM
INTERFERIR NO COMPORTAMENTO DA ZONA DE
ENCUNHAMENTO
Foram observadas as principais etapas construtivas que poderiam estar direta ou indiretamente
relacionadas ao encunhamento das paredes. Muitas das manifestações patológicas observadas
iniciaram logo depois da execução do encunhamento. A necessidade de acompanhar etapas
construtivas tais como a execução da estrutura, assentamento da alvenaria, chapisco, produção
da argamassa, execução do encunhamento, e revestimentos bem como os materiais utilizados
para realizar o fechamento desse espaço de interação da estrutura com a alvenaria, faz jus para
uma explicação aos aparecimentos de manifestações patológicas na região de encunhamento.
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35
4.3.1 Execução da estrutura da edificação
Todos empreendimentos acompanhados foram executados com estrutura em concreto armado,
podendo variar o tipo estrutural de vigas e lajes. Trata-se de elementos de concreto armado
moldados em fôrmas que garantem determinada geometria as peças estruturais (figura 15). A
principal função da estrutura da edificação é garantir estabilidade estática e dinâmica para
edificação sujeita aos diversos tipos de carregamentos.
Figura 15: execução da estrutura de concreto armado da edificação
4.3.1.1 Práticas adotadas na construção e suas conseqüências nas estruturas das edificações
As estruturas em geral demonstraram-se arrojadas e esbeltas. Em quatro dos
empreendimentos acompanhados, o uso de tecnologias, como, por exemplo, o drywall e a laje
zero (laje sem contrapiso), reduziram o carregamento da estrutura viabilizando a execução de
lajes mais finas, na ordem de 10 cm. A adoção de níveis de resistência à compressão do
concreto especificado em projeto somado ao aumento excessivo do preço do aço, nos últimos
anos, pode ter influenciado empresas de cálculo estrutural a dimensionar estruturas com
menores taxas de armadura. Enfim, estas práticas tem mudado a forma de dimensionar e
executar as estruturas das edificações. Observaram-se alguns casos mais expressivos, como,
por exemplo, vigas suportando carregamentos por vãos de até 10 metros (figura 16) e grande
áreas de lajes sem nenhum apoio ou vigas priorizando a facilidade de mudança de layout
interno de apartamentos (figura 17).
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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Figura 16: viga de comprimento aproximado de 10 m
Figura 17: grande área de laje com poucos pilares e
nenhuma viga
4.3.1.2 Tipos estruturais executados e ritmo de produção estrutural dos empreendimentos
Com o objetivo de mapear os tipos estruturais e velocidade de construção de cada
empreendimento segue o quadro 5. Grande parte dos empreendimentos utilizou a estrutura
convencional composta por laje e vigas executadas em ciclos não muito acelerados.
Quadro 5 : tipos estruturais e ciclos de produção de estrutura
Mesmo que não acompanhando por completo toda a execução de estrutura dos
empreendimentos, alguns pontos com relação à cura do concreto e principalmente ao
escoramento de lajes foram. O aprimoramento das atividades de concretagem das lajes com o
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37
uso de caminhões bomba para lançamento do concreto e as elevadas temperaturas nas lajes de
execução da estrutura exigiu maior cuidado com a cura do concreto. A atividade de molhar as
formas antes de despejar o concreto e manter uma fina camada de água acima dele, enquanto
fresco não foram acompanhadas, porém seriam procedimentos necessários para evitar a perda
de água de reação otimizando o processo de cura ideal.
4.3.1.3 Ações preventivas observadas aos ciclos acelerados de execução da estrutura
A adoção de ciclos acelerados de produção da estrutura faz com que as construtoras tenham
necessidade de implementar de ações preventivas a deformações excessivas, tal como, por
exemplo, a especificação de faixas de reescoramento no projeto de fôrmas dos pavimentos.
Trata-se de um sistema de vinculação e transmissão de cargas de pavimentos superiores para
inferiores por meio de faixas de escoramento que deveriam apoiar os pontos sujeitos a maior
deformação estrutural por pelo menos 28 dias. A falta de treinamento de mão-de-obra e
fiscalização em alguns empreendimentos, porém, não garantiu sucesso desta operação. Foi
observada a retirada da faixa de reescoramento e imediata recolocação de escoras em baixas
idades de cura do concreto (figura 18). Este tipo de procedimento implica, possivelmente, na
deformação inicial da estrutura, uma vez que, retirando o apoio da estrutura, a mesma fica
sujeita a permanecer na nova posição deformada, sendo muito difícil recolocar a estrutura na
posição inicial.
Figura 18: retirada de faixa de reescoramento em baixas idades
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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4.3.2 Execução de vedações verticais
Todos os empreendimentos acompanhados utilizaram blocos cerâmicos para executar as
vedações verticais. Seis dos empreendimentos acompanhados apresentaram um projeto de
modulação de alvenaria utilizando blocos com maior resistência que blocos cerâmicos de seis
furos.
4.3.2.1 Paredes de alvenaria convencional
O processo de execução da alvenaria tem início no próprio recebimento do material. O
sistema de paletes ganhou destaque em eficiência de transporte horizontal e vertical. Apenas
quatro empreendimentos empregaram blocos cerâmicos visualmente de qualidade inferior,
sendo mais frágeis e apresentando maior número de imperfeições. No perímetro das
edificações foram utilizadas paredes mais espessas, da ordem de 25 a 35 cm, enquanto as
paredes internas, menos espessas, na ordem dos 14 a 20 cm aproximadamente. A execução da
alvenaria (figura 19) foi caracterizada por quatro etapas:
a) fase de projeto, com modulação de blocos, amarração de paredes,
compatibilização de projetos, shaft’s, detalhamento de vergas e contravergas,
e previsão de juntas de deslizamento;
b) marcação da alvenaria, com verificação de esquadro, modulação e amarração
prevista em projeto;
c) elevação da alvenaria;
d) verificação de nível, prumo e esquadro.
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Figura 19: exemplo de execução da alvenaria no perímetro da edificação
4.3.2.1.1 Dimensão do espaço de interação da alvenaria e estrutura
A dimensão da abertura mínima necessária para execução do encunhamento, mais
precisamente, para aplicação da argamassa de encunhamento é de 20 a 30 mm. Porém, a
variabilidade das dimensões dos blocos e da espessura da junta de assentamento durante a
elevação da alvenaria não possibilitou, em muitos casos, manter um espaço remanescente
ideal entre a última fiada de blocos e a estrutura. A variabilidade nas dimensões dos blocos
cerâmicos observada, mesmo que variando 2 mm, ainda se enquadrou na respectiva norma,
NBR 7171. Todavia, a soma desta variável com a variação da espessura de junta de
assentamento resultou em casos onde o espaço para encunhamento ficava limitado a menos de
10 mm, permitindo que a estrutura quase entrasse em contato com a última fiada de blocos
(figura 20). Também foram registrados alguns casos em que a estrutura havia cedido durante a
concretagem, posicionando o nível inferior da viga ou laje em questão, mais abaixo que o
restante da estrutura no mesmo pavimento. Com um espaço cada vez mais limitado para a
elevação da alvenaria, a abertura destinada à interação dos elementos construtivos acabou se
tornando um ponto de escape saciar estas pequenas imperfeições.
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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Figura 20: reduzido espaço para interação alvenaria com estrutura
4.3.2.1.2 Execução de instalações elétricas e hidráulicas na alvenaria
Com a exceção dos empreendimentos que empregaram o drywall em divisórias internas e os
empreendimentos que compatibilizaram as instalações elétricas e hidráulicas com blocos de
furação na vertical, os demais precisaram adequar as passagens de tubulações, embutindo-as
dentro das paredes, sendo necessário quebrar os blocos para abertura de canaletas. Em um dos
casos estudados, essa quebra era feita um dia após a conclusão do encunhamento da parede. O
impacto gerado pela quebra dos blocos cerâmicos causava um efeito de deslocamento das
paredes sem que a argamassa de encunhamento estivesse curada e tivesse resistência
suficiente para absorver a esta solicitação. O aparecimento de fissuras no sentido longitudinal
do encunhamento da parede era imediato. Na construtora onde foi observado este problema, o
mesmo foi resolvido, adequando o cronograma de ordem de execução das atividades. As
instalações elétricas e hidráulicas passaram a ser executadas antes do encunhamento com
auxílio provisório de uma cunha de madeira prendendo a alvenaria em dois ou três pontos
impedindo o tombamento da mesma.
4.3.2.1.3 Blocos compensadores na última fiada da parede
A finalização da elevação da alvenaria é concretizada pelo assentamento da última fiada de
blocos. Esta é a etapa construtiva mais importante que antecede a execução do encunhamento
das paredes. Pensando em garantir o preenchimento completo do espaço destinado a interação
da estrutura com a alvenaria, que cinco das obras acompanhadas empregaram o bloco
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compensador (figura 21). Ele tem a característica de ter a furação na horizontal, tendo a face
superior totalmente fechada, permitindo o completo preenchimento do encunhamento da
parede.
Figura 21: bloco compensador utilizado na última fiada da execução da alvenaria
4.3.2.2 Paredes de gesso acartonado - drywall
Quatro dos empreendimentos acompanhados executaram vedações internas dos apartamentos
com drywall. Nestes casos, foi perceptível o bom desempenho do sistema utilizado como
paredes internas, uma vez que não foram registrados aparecimentos de manifestações
patológicas na ligação do drywall com a estrutura. O drywall prevê, na instalação dos
perfilados, uma folga de aproximadamente 5 mm na fixação na parte superior e inferior dos
montantes (figura 22) que tem a função de não limitar a estrutura, permitindo sua livre
deformação. As paredes de gesso acartonado são mais leves (cerca de 20 a 50 kg/m) quando
comparadas paredes de alvenaria convencionais (cerca de 130 a 200 kg/m), solicitando
menos, e conseqüentemente, provocando menores deformações estruturais.
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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5 mm parte superior
do montante
5 mm parte inferior
do montante
Figura 22: fixação de montantes para drywall na estrutura de concreto armado
4.3.3 Execução do Chapisco
A execução do chapisco é uma etapa construtiva com a função de potencializar o desempenho
da aderência entre os elementos construtivos envolvidos. Ele está diretamente interligado com
o encunhamento de paredes, principalmente, no fundo de vigas e lajes. Nos empreendimentos
observados, destacou-se o uso do chapisco industrializado, aplicado com rolo (figura 23), e
em segundo lugar, o chapisco tradicional de argamassa, aplicado com colher de pedreiro ou
desempenadeira. A aspereza criada durante sua execução aumenta a extensão de aderência
entre o revestimento o substrato.
Figura 23: execução de chapisco rolado na estrutura
Nas obras acompanhadas não foram observadas falhas de chapisco no fundo de viga e lajes
significativas. Porém, a suspeita de falha do chapisco na parte externa ao encunhamento, na
fachada, englobou 3 casos de descolamento de revestimentos. No estudo mais aprofundado
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destes casos, a seqüência de execução construtiva demonstrou-se semelhante com os demais
empreendimentos acompanhados. Na subida do balancim o operário aplicava o chapisco no
substrato, e imediatamente, aplicava a argamassa de encunhamento, não repetindo o chapisco
em cima da argamassa de encunhamento. O único problema constatado foi a imediata
execução do encunhamento após a aplicação do chapisco nas fachadas, não mantendo um
período de carência mínimo de 72 horas para a cura do chapisco recomendado por Fiorito
(1994). Porém, estes dados são insuficientes para diagnosticar a situação, sendo necessário a
implementação de testes de arrancamento do revestimento para melhor análise deste
problema.
4.3.4 Produção do encunhamento de paredes
A produção argamassa de encunhamento observada foi muito parecida com a produção de
uma argamassa para outra função. Consiste na mistura de diferentes componentes para obter o
produto final: a argamassa de encunhamento. Nas obras acompanhadas, as argamassas
produzidas foram especificadas com variações na composição, mas apresentaram compostos
fixos tais como cimento portland e areia de granulometria média.
4.3.4.1 Mistura de argamassa de encunhamento
Da mesma forma que demais argamassas, os tipos de mistura da argamassa de encunhamento
pode ser manual ou mecanizada. A mistura manual (figura 24) além de exigir pá, balde,
caixas para a mistura, demanda também, tempo de trabalho de um operário. Não se mostrou
muito eficiente uma vez que a mistura manual, visualmente, não foi tão homogênea quanto a
mistura em betoneira ou argamassadeiras (figura 25). Estas últimas apresentaram melhor
desempenho na mistura, poupando mão-de-obra, e garantindo a mistura completa dos
materiais. O tempo de mistura do mesmo volume de argamassa durava cerca de 15 min para
mistura manual e 5 min para mistura mecanizada.
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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Figura 24: produção manual de argamassa de
encunhamento
Figura 25: produção de argamassa de encunhamento
mecanizada
4.3.4.2 Tipos de argamassas de encunhamento de paredes
Dentre as diversas composições de argamassa de encunhamento, nas obras acompanhadas
foram utilizadas:
a) Argamassa de cimento e areia com aditivo expansor, ou compensador de
retração, considerada como encunhamento rígido utilizado em grande parte
das obras acompanhadas;
b) Argamassa de cimento, areia e pasta de cal ou cola PVA, denominada também
como encunhamento resiliente. Caracterizada por apresentar baixo teor de
cimento este tipo de argamassa emprega componentes adesivos para garantir a
trabalhabilidade e aderência da mistura. Foi utilizada nos empreendimentos
com o ritmo de construção acelerado;
c) Argamassa industrializada específica para encunhamento. Exige a simples
mistura de determinada quantia de água, garantindo baixa variabilidade de
produção
da
argamassa
de
encunhamento.
Nos
empreendimentos
acompanhados, este tipo de argamassa era composta por uma mistura de
aditivos compensadores de retração e cal hidratada (CH-II). Ela poderia ser
classificada como rígida, uma vez que emprega aditivos expansivos.
Compreendendo os diferentes cronogramas físicos de construção, as construtoras
especificaram materiais adequados ao ritmo de produção conforme quadro 6.
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Quadro 6: tipo e proporção das argamassas de encunhamento acompanhadas
4.3.4.3 Variabilidade de produção de argamassas de encunhamento
Independente da composição da argamassa ou do tipo de mistura da argamassa, observou-se
grande variabilidade na produção da argamassa propriamente dita. O número de componentes
a misturar, proporções de materiais e a falta de treinamento de operadores de betoneira ou
argamassadeiras foram os principais fatores para o desencadeamento de falhas durante esta
etapa do encunhamento de paredes. Por vezes, os fatores climáticos também apresentaram
muito influentes, aumentando substancialmente a adição de água na composição da
argamassa, que não foi submetida e um procedimento de verificação em nenhum dos
empreendimentos acompanhados. A adição de água foi bem maior em dias de execução de
encunhamento em fachadas expostas à radiação solar.
As diferentes proporções de materiais a serem misturados também induziram ao erro,
principalmente na dosagem de materiais. Durante a produção de argamassa resiliente, no
traço especificado no quadro acima, a pasta de cal era produzida a partir da cal hidratada em
pó (CH-II) com água, misturando até atingir viscosidade semelhante ao uma pasta de dente.
Ela era utilizada por até uma semana, sendo apenas conservada em um recipiente com tampa.
De acordo com Bonin et al. (1993), a pasta de cal precisa ser mantida em condições úmidas,
cobertas com um filme plástico, evitando sua secagem e precisa de um tempo mínimo de
repouso de 24 horas. Assim como a adição de água, a produção da pasta de cal também não
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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passava por nenhum procedimento de inspeção ou controle, ora sendo usada por mais de uma
semana, ora sendo usada com tempo de repouso inferior ao recomendado (24 horas). A cola
também precisava ser misturada a uma quantidade de água antes de ser misturada ao cimento,
areia e pasta de cal. Porém, mesmo com a quantidade de água a ser misturada definida,
percebe-se para este tipo de argamassa, que a quantidade de processos de mistura tornava-a
complicada, exigindo algum tipo de controle de produção para a reprodução do traço correto.
Outro aspecto de variabilidade observado pode ser apontado na produção da argamassas de
encunhamento com misturas a seco, principalmente em argamassas expansivas. O pequeno
volume de expansor (1% sob volume do cimento) misturado ao grande volume de cimento e
areia não obtinha uma mistura homogênea na totalidade da proporção misturada, ficando ora
mais concentrado em pequenas porções da argamassa. Talvez, uma maneira de melhorar este
processo seria utilizar argamassadeiras que garantissem a completa mistura dos materiais.
Na tentativa de solucionar estes problemas de variabilidade, dois dos empreendimentos
acompanhados, buscaram uma solução no mercado, utilizando argamassa de encunhamento
industrializadas. O processo de mistura da argamassa em pó com água foi realizado com a
argamassadeira em ambos casos. A especificação que consta nos sacos da argamassa
recomenda quantidade máxima de adição de água para atingir a trabalhabilidade necessária a
execução do encunhamento de paredes. A praticidade de produção que as argamassas
industrializadas oferecem, pode combater fortemente a variabilidade de produção
acompanhada.
4.3.4.4 Transporte da argamassa de encunhamento
Outro processo envolvido na produção da argamassa é o transporte da mesma. Dependendo
do local de mistura dos componentes, a argamassa precisava ser transportada até o local de
execução do encunhamento. Grande parte dos empreendimentos, contando com uma central
de produção de argamassa, não só para encunhamento, mas também para emboço, contrapiso
e demais, acabava transportando a argamassa em um equipamento com rodas, tal como o
carrinho-de-mão, para transporte horizontal (figura 26), e o guincho, para o transporte vertical
(figura 27).
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Em alguns casos pontuais, a argamassa era transportada em sacos até os pavimentos para
mistura mecanizada com a argamassadeira. A principal vantagem deste tipo de mistura é o
ganho em produção, uma vez que a argamassa mistura é diretamente aplicada, sem perda de
tempo em transporte da central até o local de execução do encunhamento.
Figura 26: despejo da argamassa de encunhamento em
cima de compensado
Figura 27: transporte vertical (guincho)
4.3.4.5 Ordem de execução do encunhamento
Todos os empreendimentos acompanhados executaram o encunhamento das paredes dos
andares de baixo para cima, seguindo de acordo com o andamento da obra. O importante, de
acordo com a literatura, é que o encunhamento das paredes seja executado de maneira que o
carregamento imposto pela construção seja transferido de forma lenta e gradual, sempre
esperando o maior tempo possível para a execução do mesmo.
4.3.4.6 Execução do encunhamento com argamassas
Podendo ser rígida ou resiliente (mais flexível), apenas a argamassa interage com a alvenaria
e a estrutura. A aplicação dela no espaço remanescente entre a elevação da alvenaria e a
estrutura foi caracterizada como um procedimento simples (figura 28).
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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Figura 28: execução do encunhamento de paredes com argamassa
4.3.4.6.1 Sugestão de controle da execução do encunhamento de paredes
Embora tamanha simplicidade, a operação requer uma porção de cuidados. Segue em anexo
uma planilha para controle de execução do encunhamento de paredes como sugestão para
acompanhamento dessa atividade (anexo A).
4.3.4.6.2 Uniformidade do encunhamento de paredes
Durante a fase de acompanhamento de obras, foram registradas maneiras de execução do
encunhamento das paredes diferentes em cada empreendimento. Em apenas uma das obras
acompanhadas foi utilizada a bisnaga como ferramenta ideal para aplicação da argamassa de
encunhamento. A uniformidade da camada de encunhamento pareceu ser limitada a duas
condicionantes envolvidas nesta atividade: a última fiada de blocos da alvenaria e a estrutura.
Foi registrado um caso em que a maneira de aplicação da argamassa não garantia o
preenchimento completo da abertura, e resultava grande desperdício pelo reduzido espaço
para aplicação do material (figura 29).
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Figura 29: execução do encunhamento de paredes com aplicação de argamassa em grande distância
4.3.4.6.3 Dificuldade de acesso à região de encunhamento
A dificuldade de acesso ao local de aplicação da argamassa de encunhamento de paredes
também foi mais um fator registrado que não contribuiu para o perfeito preenchimento
espaço. Por vezes, o espaço era restringido por instalações elétricas e pelo próprio espaço
físico, como foi o caso do empreendimento com sistema de estrutura com lajes nervuradas e
protendidas (figura 30).
Figura 30: execução do encunhamento de paredes em sistemas de laje nervurada
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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4.3.4.6.4 Habilidade de mão-de-obra
A execução do encunhamento exige habilidade no manuseio de ferramentas para sua
aplicação. Para os casos em que foi utilizada a colher-de-pedreiro, a aplicação da argamassa
no reduzido espaço teve que ser muito precisa, completando o preenchimento pelos dois lados
da parede. Neste trabalho, cinco dos casos acompanhados apresentaram grande quantidade de
vazios no preenchimento do encunhamento. Sem ter a habilidade necessária, o encarregado
executava a atividade no improviso, preenchendo a abertura com a parte de trás da colher de
pedreiro. A carência de material no eixo da parede (figura 31) tornou o encunhamento mais
frágil e suscetível ao aparecimento de manifestações patológicas.
Figura 31: feixe de luz evidenciando a presença de vazios no encunhamento
Visando reduzir o desperdício de argamassa de encunhamento, em quatro casos estudados, a
aplicação da argamassa era realizada com o auxílio de um apoio (desempenadeira), facilitando
a projeção da argamassa para dentro do espaço de encunhamento (figura 32).Esta prática
reduziu também problemas co treinamento de mão-de-obra, uma vez que não exigia muita
habilidade.
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Figura 32: execução do encunhamento com auxílio de uma desempenadeira
4.3.4.7 Execução do encunhamento com tijolos inclinados a 45º
Apresentando a execução de encunhamento de paredes diferente dos demais, o
empreendimento M merece uma descrição de execução do encunhamento isolada. Nos
estacionamentos foi utilizado encunhamento com tijolos inclinados a 45° (figura 33),
enquanto nos dez pavimentos acima do estacionamento, as paredes não foram encunhadas, e
serviam de apoio para concretagem da estrutura. Tão logo a elevação das paredes estivesse
concluída, iniciava-se a montagem de formas para a execução da estrutura dos pavimentos, e
assim, o cronograma foi planejado até a conclusão da obra. Não foram utilizados painéis de
fundo de vigas, uma vez que o concreto era lançado diretamente sob a última fiada de blocos
cerâmicos das paredes.
Figura 33: encunhamento rígido de paredes com tijolos inclinados a 45º no estacionamento
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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A execução do encunhamento consistiu basicamente no assentamento de blocos de vedação
inclinados a 45° com argamassa. Foram registrados alguns casos de fundos de viga sem
chapisco (figura 34). O procedimento demonstrou-se simples, porém trabalhoso em alguns
detalhes, principalmente em meios de vãos e cantos de limite da edificação. Diferente do
encunhamento com argamassa, este é realizado em apenas um lado da parede, eliminando a
execução de encunhamento em balancins (fachadas).
Figura 34: ausência de chapisco na estrutura
O baixo ritmo de produção, característica marcante desta obra, pode ter favorecido a
minimização de manifestações patológicas. Entretanto, este é um caso de encunhamento prétensionado com o peso próprio da laje, sujeito ao aparecimento de manifestações patológicas
sob qualquer movimentação da estrutura. O histórico desta construtora é mapeado de
experiências com fissuras nos revestimentos, principalmente, fissuras aparentes nas ligações
das paredes com a estrutura (viga-parede, pilar-parede), que vai de acordo com Sabattini
(2002), que disse que a parede de alvenaria pode resistir às tensões, mas as interfaces entre os
elementos estruturais e a parede podem não resistir, ocorrendo fissuras nas interfaces dos
elementos.
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4.3.5 Execução de revestimentos
4.3.5.1 Uso de tela metálica para reforço do revestimento
A execução do encunhamento antecede a execução do emboço. Para fortalecer a ligação entre
os elementos estruturais e a alvenaria, a colocação de tela metálica (figura 35) garante ao
emboço maior resistência para as possíveis tensões atuantes na região do encunhamento
(BONIN et al., 1993). Mesmo que seja uma prática recomendada para edificações altas,
sujeitas ao elevado carregamento do vento, os empreendimentos mais altos (G e I) não
empregaram a tela metálica para reforço do revestimento na zona de encunhamento.
Foram registrados seis casos em que a colocação de tela metálica na região do encunhamento
foi solução para eventual aparecimento de fissura ou descolamento. O reparo foi executado
pela quebra da área afetada pela manifestação patológica e revestida novamente, porém com a
colocação da tela metálica. O chumbamento da mesma é simples. Foi executado tanto com
ponto de massa, como com pregos ou tiros de pólvora presos tanto na estrutura quanto na
alvenaria após o chapisco.
Figura 35: colocação de tela metálica na ligação estrutura com alvenaria
4.3.5.2 Prazo de carência para execução do revestimento
A principal premissa para o início da execução do revestimento é o prazo de carência mínimo
suficiente para a cura da argamassa de encunhamento das paredes. Durante o período de cura
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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inicial, a argamassa pode apresentar retrações significativas. Segundo Fiori (1994) durante os
primeiros sete dias de cura uma argamassa (1:3) pode apresentar de 60 a 80 % da retração
final aos 28 dias de cura. Em um empreendimento acompanhado, o revestimento foi
executado no mesmo dia que o encunhamento, sendo o equivalente a executar as duas
camadas simultaneamente, atingindo uma espessura maior que a recomendada, surgindo
assim, pequenas fissuras no sentido longitudinal do encunhamento por retração.
4.3.5.3 Detalhamento de junta de movimentação na região de encunhamento
Acompanhando um caso especial de revestimento de pastilhas, o detalhamento de juntas no
revestimento das fachadas coincidindo com o encunhamento das paredes (figura 36) foi
relevante. Na tentativa de reduzir o impacto das movimentações resultantes na região de
interação da estrutura com a alvenaria, este empreendimento detalhou juntas de
movimentação, dilatação e dessolidarização preenchidas com um compensador (tarucell) e um
selante para impedir a entrada de água. As juntas previstas tiveram a função de amortecer
movimentações excessivas nesta região, reduzindo a probabilidade de descolamento das
pastilhas.
Figura 36: execução de juntas de movimentação na região de encunhamento de paredes
4.4 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ACOMPANHADAS
Frentes aos fatores como variação térmica, a falta de contraventamento e possíveis
deformações excessivas da estrutura seguem alguns casos estudados mais relevantes com
relação ao aparecimento de manifestações patológicas. Com o auxílio da caracterização geral
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dos empreendimentos, os casos puderam ser melhor analisados. As fissuras foi o tipo de
problema presente na zona de encunhamento mais comum. Problemas com descolamento do
revestimento e esmagamento de blocos foram os casos mais expressivos, porém foram
observados com freqüência inferior às fissuras.
4.4.1 Fissuras
Fissuras são pequenas aberturas que caracterizam um estado de ruptura do elemento na qual
estão presentes. São descritas abaixo algumas situações típicas em que ocorreu o
aparecimento de fissuras na região do encunhamento.
4.4.1.1 Descumprimento de prazos de carência entre as atividades
As fissuras visualizadas ocorreram em duas situações. Ou imediatamente após a elevação das
paredes ou após a execução do revestimento. Com uma simples investigação, foram
registrados prazos de carência de execução das atividades muito curtos.
4.4.1.1.1 Prazo de carência de 15 dias para assentamento da alvenaria
No primeiro caso estudado, empreendimento A, o encunhamento foi executado 5 dias depois
da elevação da parede. Descumprindo um prazo mínimo de assentamento da alvenaria de 15
dias, a parede ainda estava em fase de acomodação e a argamassa de assentamento ainda
estava em processo de retração, causando pequenos deslocamentos nos elementos da
alvenaria, foram, possivelmente, a causa do aparecimento da fissura no sentido longitudinal
na argamassa de encunhamento ainda fresca.
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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4.4.1.1.2 Prazo de carência para cura da argamassa de encunhamento
Também no empreendimento A, registrou-se o aparecimento de uma fissura no encunhamento
da parede que dividia dois apartamentos do 4º pavimento (figura 37 e 38). Esta por sua vez
apareceu imediatamente após a execução do emboço. Acompanhando o cronograma físico da
obra, percebeu-se que a execução do encunhamento e do revestimento coincidiram no mesmo
dia visando o cumprimento de prazos e registro de pacotes concluídos produzidos. A causa
do surgimento deste tipo de fissura é possivelmente a falta de tempo para que a argamassa de
encunhamento estivesse curada. O processo de retração de argamassa está diretamente ligado
a este tipo de situação.
Figura 37: aparecimento de fissura no emboço na
região de encunhamento da parede
Figura 38: detalhe da fissura no emboço na região de
encunhamento da parede
4.4.1.2 Ausência de encunhamento de paredes
Tendo a função de interação entre a alvenaria e a estrutura, o encunhamento das paredes atua
como elemento de transferência e absorção de parte das tensões impostas pela estrutura em
casos de deformações e movimentações da estrutura. No caso de ausência de encunhamento
das paredes, o elemento que assume a função do encunhamento é a camada de revestimento
que interliga a estrutura com a alvenaria. Esta falha foi o principal fator que parece ter
ocasionado o surgimento de fissuras horizontais ao longo da região de encunhamento (figura
39) no empreendimento F, no último pavimento. O revestimento é mais frágil e tem menor
espessura, não suportando aos esforços atuantes no sistema. A solução mais adequada para
consertar este tipo de problema é quebrar o revestimento fissurado, executar o encunhamento
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com uma argamassa rígida, e aguardar o tempo de cura mínimo antes de refazer o emboço,
sendo recomendado neste caso o uso de tela metálica (figura 40).
Figura 39: fissuras no revestimento derivadas da falta
de encunhamento
Figura 40: reparo de fissuras no revestimento
derivadas da falta de encunhamento
4.4.1.3 Aparecimento de fissuras e conseqüentes infiltrações
As fissuras observadas em áreas externas acabaram sendo mais significativas pelo risco de
infiltração aos apartamentos. Este é o caso do empreendimento H. De acordo com planta de
localização no anexo B, este tipo de manifestação ocorreu em paredes de fachadas expostas à
radiação solar por maior tempo do dia. A causa mais provável deste tipo de manifestação
patológica é a variabilidade térmica em conjunto com a ação de intempéries, uma vez que a
figura 41 foi fotografada em um dia de chuva muito forte e a figura 42 em um dia de sol. As
fissuras observadas neste caso estudado surgiram somente no 10º pavimento (último andar)
que é o pavimento com maior dilatação térmica da laje de cobertura. Uma possível solução
seria a utilização de tela metálica na ligação da estrutura com a alvenaria, reforçando o
revestimento.
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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Figura 41: aparecimento de fissura no encunhamento
com problemas de infiltração (dia de chuva)
Figura 42: aparecimento de fissura no encunhamento
com problemas de infiltração (dia de sol)
4.4.1.4 Aparecimento de fissuras por falta de contraventamento da estrutura
O empreendimento N foi acompanhado por ter uma causa ao surgimento de fissura diferente
dos demais casos. Tendo um estacionamento projetado a utilizar a área disponível até o limite
do terreno vizinho, as fundações precisaram ser deslocadas para o interior da construção,
dimensionando vigas em balanço nas extremidades da edificação. Na fase de elevação das
paredes de pé-direito alto (cerca de seis metros) o revestimento na região do encunhamento
começou a fissurar em quase todo o perímetro do estacionamento. Conforme anexo C, as
paredes, nesta etapa da obra, apresentavam pouco contraventamento, permitindo
movimentações da estrutura. A correção adotada foi o emprego de tela metálica e reparo do
revestimento rompido na região do encunhamento.
4.4.2 Descolamento de revestimento
Alguns casos pontuais de descolamento de revestimentos foram registrados. O temor de uma
queda de revestimento com perdas pessoais motiva a adoção de cuidados especiais,
principalmente, em áreas externas tais como fachadas das edificações.
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4.4.2.1 Princípio do descolamento de revestimentos
O princípio do descolamento de revestimentos está diretamente relacionado à perda de
aderência, seja entre as interfaces de camadas, seja entre o revestimento e a base. Também,
pode ser influenciada pelas deformações estruturais excessivas. Durante a execução do
encunhamento a parede é imposta a uma determinada tensão. Com a possibilidade de estar
sujeita a deformação por fluência da estrutura (deformações lentas) a parede pode receber
mais um acréscimo de tensão, que atua em forma de compressão no encunhamento das
paredes. De acordo com a flexibilidade, o encunhamento absorve parte das tensões e transfere
outra parte para a alvenaria. Parte das tensões que é absorvida pode ser transformada em uma
deformação transversal do encunhamento, de acordo com as flechas na figura 43. O
revestimento sofre um esforço de tração e não havendo aderência entre os elementos de
execução do revestimento há grande probabilidade de descolamento.
Figura 43: princípio do descolamento de revestimentos
4.4.2.2 Descolamento de revestimentos internos e externos
Foi acompanhado no empreendimento O, um caso de descolamento de revestimento externo
(figura 44) e interno (figura 45) no 4º pavimento da edificação. Os descolamentos de
revestimentos ocorreram também outros pavimentos, na mesma fachada sul. Não sendo
exposta a grande variabilidade térmica, a suspeita de alguma causa durante o processo de
execução do chapisco parece ser uma explicação, porém não é descartada a hipótese de
deformações lenta da estrutura, uma vez que o empreendimento já estava pronto e habitado.
Não foi empregada a tela metálica para reforço do revestimento. Os descolamentos, de acordo
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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com o anexo D e as figuras abaixo, ocorreram no meio do vão entre pilares, seção da estrutura
mais solicitada por esforços de flexão.
Figura 44: descolamento de revestimento na região
de encunhamento em fachada (doada por construtora)
Figura 45: descolamento de revestimento na região do
encunhamento em áreas internas (doada por construtora)
4.4.3 Esmagamento de blocos
O caso de esmagamento de blocos (figura 46), foi o registro mais extremo. Também
ocorrendo no empreendimento O, de acordo com o anexo D, o esmagamento de bloco
retomou a contextualização deste trabalho parecendo ser as deformações excessivas da
estrutura a causa principal para tal. Este caso pontual ocorreu em uma parede interna de um
dormitório próximo à fachada sul no 8º pavimento, aproximadamente na metade da altura da
edificação que tem o total de 19º pavimentos. O vão desta parede tinha cerca de 6 metros. O
esmagamento foi intenso, rompendo os blocos cerâmicos da alvenaria. O diagnóstico imediato
foi a retirada do encunhamento e dos blocos quebrados para reduzir a forte tensão que atuava
sob aquela parede. O reparo foi executado com assentamento de blocos cerâmicos novos,
encunhamento da parede e posterior revestimento.
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Marcelo Daldon. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2008
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Figura 46: esmagamento de bloco (doada por construtora)
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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5 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS DE ENCUNHAMENTO
A caracterização dos diferentes tipos de argamassas utilizadas no encunhamento de paredes
foi realizada de acordo com as recomendações da NBR13279 (Argamassa para assentamento
e revestimentos de paredes e tetos – Determinação da resistência à tração na flexão e
compressão) por meio de ensaios de ruptura à flexão e à compressão de corpos-de-prova de
argamassa de encunhamento.
5.1 COLETA DA ARGAMASSA DE ENCUNHAMENTO
A argamassa de encunhamento foi coletada diretamente de canteiros de obra, eliminando
erros de reprodução de traço específico de argamassas. Fatores climáticos foram considerados
nos dias de coleta por acumularem uma variabilidade de produção de argamassa de
encunhamento, principalmente, com relação à quantidade de água misturada. Antes da coleta
do material, a produção da argamassa e o início da execução do encunhamento foram
acompanhados e registrados com fotos e vídeos. As amostras foram colocadas em sacos
plásticos bem vedados e transportadas até o laboratório do NORIE/UFRGS em tempo
máximo de 15 minutos.
5.2 MOLDAGEM DOS CORPOS-DE-PROVA
Garantindo a uniformidade de moldagem dos corpos-de-prova foram seguidas as
recomendações da norma. Em primeiro lugar, foram realizados os testes de espalhamento da
argamassa, onde a argamassa atingia certo diâmetro após trinta golpes em uma mesa de
adensamento (figura 47). Ele foi a principal ferramenta para mapear as amostras de argamassa
com maior quantidade de água, geralmente coletadas em dias de muito calor.
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Marcelo Daldon. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2008
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Figura 47: mesa de adensamento para teste de espalhamento da argamassa de encunhamento
Em seguida deu-se continuidade no processo de moldagem dos corpos-de-prova em moldes
prismáticos (figura 48) de com dimensões de 40 mm (+- 0,4 mm) de base, 40 mm (+-0,4 mm)
de altura e 160 mm (+-0,8 mm) de comprimento. O material das amostras foi moldado em
duas camadas, cada uma delas recebendo um assentamento de trinta golpes, eliminando
presença excessivas de bolhas de ar dentro dos corpos-de-prova. Seguindo o processo com o
rasamento da argamassa excessiva, os corpos-de-prova foram devidamente identificados e
levados até a câmara úmida.
Figura 48: vista do equipamento para moldagem dos corpos-de-prova
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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5.3 CURA DOS CORPOS-DE-PROVA
Partindo da premissa que a NBR 13279 é destinada para ensaios com argamassa de
revestimentos houve uma pequena incompatibilidade nesta etapa do trabalho. Tendo em vista
que três amostras eram compostas por argamassas de cimento e areia com pasta de cal e/ou
cola, foi necessário implementar um ajuste retirando os corpos-de-prova antes dos vinte e oito
dias de cura da câmara úmida para a secagem da cola. Mesmo com este pequeno improviso,
todos os corpos-de-prova foram curados com vinte e oito dias em condições semelhantes.
5.4 ENSAIOS DE FLEXÃO E COMPRESSÃO
Seguindo as recomendações da norma, os corpos-de-prova foram rompidos à flexão e à
compressão aos vinte e oito dias de cura, utilizando a prensa disponível no LEME/UFRGS.
Utilizando escalas de aplicação de carga compatíveis com a prensa, foram aplicados 200 N/s
nos ensaios de flexão e 500 N/s nos ensaios de compressão.
5.4.1 Ensaios à flexão
Os ensaios de flexão em três pontos foram realizados com a aplicação de carga no meio do
corpo-de-prova que estava apoiado em dois pontos distantes a 100 mm de acordo com a figura
49.
Figura 49: ruptura de corpo-de-prova à flexão
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Marcelo Daldon. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2008
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5.4.2 Ensaios à compressão
Os ensaios de compressão foram realizados depois dos ensaios de flexão com a aplicação de
carga em uma peça metálica de dimensões 40 mm x 40 mm de acordo com a figura 50. Tendo
em vista a sobra de dois pedaços resultantes dos ensaios de flexão, foram realizadas duas
rupturas por compressão por corpo-de-prova, uma em cada extremo das metades, sempre
utilizando as faces laterais dos corpos-de-prova que apresentavam menores imperfeições
restringidas pelas paredes metálicas dos moldes prismáticos.
Figura 50: ruptura de corpo-de-prova à compressão
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A análise dos resultados obtidos está diretamente ligada aos resultados obtidos durante as
rupturas dos corpos-de-prova. Não é um levantamento estatístico, por ter sido realizada com
um volume relativamente pequeno de amostras, porém serve como uma base para análise
comparativa dos materiais rompidos.
Os valores de ruptura dos corpos-de-prova foram tratados de acordo com a norma. Para a
flexão e compressão foram utilizadas as fórmulas abaixo respectivamente:
Rf =
1,5 F f L
(1)
V
Onde:
Rc =
Rf : resistência à flexão
[MPa]
Ff : carga de ruptura à flexão
[N]
L: distância entre os apoios do corpo-de-prova
100 mm
V: volume do cubo submetido à tração na flexão
403 mm
Fc
A
(2)
Onde:
Rc : resistência à compressão
[MPa]
Fc: carga de ruptura à compressão
[N]
A: área da seção de ruptura à compressão
1600 mm²
Para cada corpo-de-prova foi registrada uma resistência à flexão e duas resistências à
compressão. A partir desses dados calculou-se a resistência média e seus respectivos desvios,
descartando valores de ruptura que apresentassem valor superior a 0,3 MPa na flexão e 0,5
MPa na compressão conforme o estabelecido pela NBR 13279.
Os resultados finais de resistências médias à flexão e à compressão e consistências das
amostras das argamassas ensaiadas são apresentados a seguir nas figuras 51, 52 e 53
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respectivamente. De acordo com o quadro 6, os empreendimentos A a F utilizaram uma
argamassa rígida de cimento e areia com aditivo expansor, G a I uma argamassa resiliente de
cimento, areia, pasta de cal e/ou cola, e J e L uma argamassa industrializada.
6.1 RESULTADOS DOS ENSAIOS DE FLEXÃO
Resistências médias à Flexão
Rf
0,30
0,25
Mpa
0,20
0,15
Flexão
0,10
Flexão + d
Flexão - d
0,05
0,00
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
L
Empreendimento
Figura 51: resistências médias à flexão das argamassas de encunhamento ensaiadas
O encunhamento rígido apresentou uma resistência média à flexão de 0,20 MPa, apresentando
um desvio médio de ruptura equivalente a 7,0% deste valor.
O encunhamento resiliente apresentou uma resistência média à flexão de 0,12 MPa,
apresentando um desvio médio de ruptura equivalente a 20,8% deste valor. Foi o maior desvio
médio registrado. A justificativa para tal, pode ser a combinação dos baixos valores de
resistência relacionada com a precisão da prensa utilizada nos ensaios.
O encunhamento industrializado apresentou uma resistência média à flexão de 0,04 MPa,
apresentando um desvio médio de ruptura equivalente a 15,7% deste valor.
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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6.2 RESULTADOS DOS ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Resistências médias à Compressão
Rc
6,00
Mpa
5,00
4,00
Comp
3,00
Comp + d
2,00
Comp - d
1,00
0,00
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
L
Empreendimento
Figura 52: resistências médias à compressão das argamassas de encunhamento ensaiadas
O encunhamento rígido apresentou uma resistência média à compressão de 4,10 MPa,
apresentando um desvio médio de ruptura equivalente a 6,6% deste valor.
O encunhamento resiliente apresentou uma resistência média à compressão de 2,50 MPa,
apresentando um desvio médio de ruptura equivalente a 7,1% deste valor.
O encunhamento industrializado apresentou uma resistência média à compressão de 0,90
MPa, apresentando um desvio médio de ruptura equivalente a 6,7% deste valor.
6.3 RESULTADOS DOS TESTES DE ESPALHAMENTO
Em geral, as consistências registradas das argamassas, de acordo com o teste de
espalhamento, foram parecidas, variando de 23 a 28 cm de diâmetro de espalhamento. Apenas
a amostra coletada no empreendimento A apresentou uma consistência menor, por ter sido
coletada no verão, época de temperaturas altas, da ordem de 35ºC, e conseqüentemente maior
adição de água. Nas demais amostras coletadas em dias de chuva, tal como as dos
empreendimentos D, G, I, e J, apresentaram consistência maior, da ordem de 23 cm, enquanto
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Marcelo Daldon. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2008
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as amostras coletadas em dias de sol, tal como as dos empreendimentos B, C, E, F, H, e L
apresentaram consistência média de 27 cm.
Ensaios de consistência da argamassa de
Encunhamento
Espalhamento
40
cm
30
20
10
0
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
L
Empreendimento
Figura 53: consistência das amostras de argamassa ensaiadas em laboratório
6.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
A análise dos resultados permite concluir que nesta amostragem coletada de argamassas de
encunhamento, as argamassas rígidas apresentaram maiores resistências tanto à flexão como à
compressão. Observando os moldes prismáticos após os 28 dias de cura foi perceptível o
aumento de volume dos corpos-de-prova (figura 54). Ou seja, o aditivo expansor, não só
compensou as retrações da argamassa, como a expandiu.
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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Figura 54: aumento do volume dos corpos-de-prova moldados com argamassa expansiva
As argamassas resilientes de cimento, areia, pasta de cal e/ou cola apresentaram resistências
menores que as argamassas rígidas, porém maiores que as industrializadas. É perceptível uma
pequena variação dos resultados referente à variabilidade de produção, tanto no processo de
mistura quanto na proporção de materiais adicionados a cada amostra. A argamassa utilizada
nos empreendimentos G e H tiveram resistências maiores que a argamassa cimento, areia e
cola do empreendimento I. Mesmo que o traço de argamassa do empreendimento I tenha
apresentado um teor de cimento maior que dos empreendimentos G e H, as resistências de
ruptura à flexão e compressão foram menores, porque, possivelmente, a maior quantidade de
cola especificada no traço da amostragem demorou mais para adquirir resistência nas
condições impostas pela câmara úmida. As argamassas com adição de pasta de cal e ou cola
apresentam-se impermeáveis, fato que diminui a aderência.
As argamassas industrializadas apresentaram as menores resistências à flexão e compressão.
Foi este o tipo de material que viabilizou a uniformização da produção da argamassa de
encunhamento. Mesmo que as diferentes marcas tenham apresentado resultados um pouco
distintos, os valores se enquadraram em uma mesma faixa de ordem de grandeza.
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Marcelo Daldon. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2008
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
7.1 CONCLUSÕES
7.1.1 Conclusões diante do acompanhamento de obras
Diante das observações realizadas em campo, conclui-se que cada um dos empreendimentos
analisados apresentou algum tipo peculiar de falha de execução de encunhamento. O
aparecimento de manifestações patológicas na região do encunhamento parece ser
influenciado por diversos fatores. Analisando casos mais críticos tais como descolamentos de
revestimento e esmagamentos de blocos, as prováveis causas do aparecimento destas
manifestações patológicas parecem apontar para dois pontos:
a) deformações excessivas da estrutura;
b) falhas construtivas na região do encunhamento das paredes.
É recomendado que empreendimentos com ritmo de execução de estrutura acelerado tenham
maiores cuidados principalmente quanto à especificação da resistência à compressão do
concreto, às taxas de armadura mínima, aos processos de cura e o controle de retirada de
escora somente após os 28 dias de cura.
Alguns aspectos de produção de argamassas e execução de encunhamento de paredes podem
ser implementados em forma de controle de qualidade. Soluções imediatas a serem
implantadas como treinamento de mão-de-obra, controle de recebimento de materiais, e
inspeções qualitativas de execução de atividades que antecedem a execução do
encunhamento contribuem para a boa prática durante esta etapa construtiva. Retardar ao
máximo tempo possível a execução do encunhamento após a execução da estrutura e
encunhar as paredes de forma que o nível de carregamento seja aplicado gradualmente são
fatores que contribuem para minimização do aparecimento de manifestações patológicas na
zona de encunhamento.
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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Seguem mais algumas técnicas de execução de encunhamento de paredes recomendadas para
possível minimização de manifestações patológicas na região de interação da alvenaria e
estrutura:
a) certificar-se sobre os prazos de carência para execução desta atividade: 15 dias
após a elevação da alvenaria e 70 dias depois da concretagem da laje;
b) verificar se a dimensão do espaço existente entre a última fiada da alvenaria e a
estrutura é aproximadamente 2 a 3 cm;
c) certificar-se que a superfície da região de encunhamento não apresenta
partículas soltas, pó em excesso, óleos que prejudiquem a aderência;
d) umedecer a superfície na região do encunhamento, mas não a ponto de
saturação. Somente o suficiente para não que o bloco não sugue a água da
argamassa para si;
e) de preferência, aplicar a argamassa com bisnaga proporcionando uma camada
uniforme e eliminando a presença de vazios. Para o caso de utilizar a colherde-pedreiro, aplicar o material de forma a preencher por completo o espaço.
f) rasar a camada de argamassa de encunhamento em prumo com a alvenaria e a
estrutura;
g) não utilizar a argamassa de encunhamento por um período superior a 90
minutos;
h) curar a argamassa de encunhamento antes de executar o revestimento. Prazo de
carência mínima de 7 dias;
i) empregar tela metálica na ligação da alvenaria com a estrutura;
j) em caso de revestimentos cerâmicos em fachadas, sempre compatibilizar juntas
do revestimento na região de encunhamento de paredes, permitindo as livres
movimentações diferenciais entre os elementos construtivos;
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l) não quebrar blocos cerâmicos para abertura de canaletas para embutir
eletrodutos logo após o encunhamento de paredes com argamassa. Certificar-se
do tempo mínimo de cura do mesmo;
m) retirar as faixas de reescoramento somente após 28 dias da concretagem da
estrutura, evitando deformações iniciais desnecessárias.
7.1.2 Conclusões diante da caracterização dos materiais
Com base nos resultados obtidos nos ensaios de resistência à flexão e à compressão, foi
possível concluir alguns aspectos intuitivos. De fato, as argamassas rígidas, com aditivo
expansor e maior teor de cimento em sua mistura, apresentaram as maiores resistências e foi o
material mais utilizado nos empreendimentos acompanhados. O material rígido parece
adequar-se aos prazos mais extensos de construção e entrega de empreendimentos, ao passo
que as manifestações patológicas observadas têm caráter simples e de menor amplitude, tais
como pequenas fissuras ainda na fase de construção, que podem ser controladas e
solucionadas facilmente. O efeito de expansão da argamassa é uma característica necessária
para que ocorra de fato a fixação da parede na estrutura.
Argamassas resilientes com pasta de cal e/ou cola tiveram comportamento de acordo com o
esperado:
material
deformável,
não
rígido.
Portanto,
são
mais
indicadas
para
empreendimentos com ciclo de execução de estrutura acelerados que apresentam maiores
deformações estruturais. Mesmo apresentando-se envolvidas com o aparecimento de
manifestações patológicas à longo prazo, seu desempenho adequou-se ao tipo de
empreendimento em que foram empregadas. Considerando a linha de pesquisa de Salvador
(2007), as deformações ampliadas decorrentes do ciclo acelerado de produção da estrutura de
concreto poderiam transmitir tensões de maneira mais significantes para alvenaria, havendo
assim a necessidade de empregar um material mais deformável tal como as argamassas
resilientes ensaiadas. Talvez o controle de produção das argamassas precise ser implementado
com a finalidade de reduzir a variabilidade derivada da grande quantidade de materiais e
proporções a serem misturadas.
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
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7.2 SUGESTÕES PARA CONTINUIDADE DE PESQUISA
Ao longo do acompanhamento de manifestações patológicas fortes, como o descolamento
de revestimentos e esmagamento de blocos, muitos fatores pareceram apontar que apenas
as falhas na execução do encunhamento das paredes não poderiam causar tais
conseqüências, evidenciando, assim, a necessidade de analisar o comportamento
estrutural à longo prazo. Tendo em vista que a maior parte das manifestações patológicas
foram observadas em obras de ciclos intensos de construção, o presente trabalho sugere o
aprofundamento dos estudos na linha de Salvador (2007), sobre a influência dos ciclos de
execução nas deformações das estruturas de concreto armado de edifícios de andares
múltiplos.
__________________________________________________________________________________________
Marcelo Daldon. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2008
75
REFERÊNCIAS
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alvenaria. Rio de Janeiro, 1992.
_____.NBR 13279: argamassa para assentamento de paredes e revestimentos de paredes e
tetos – determinação da resistência à tração na flexão e compressão. Rio de Janeiro, 1995.
_____. NBR 6118: projeto e execução de obras de concreto armado. Rio de Janeiro, 2003.
BONIN, L. C; ABITANTE, A. L.; ANDRADE, A.C.; CARNEIRO, A M.; UBER, L. L.;
MOLIN, D. C.; RCCENA, F.; BOGGIO, A.; CREMONINI, R. A.; SELMO, S.; JOHN, V.
M.; PETRUCCI, H. Projeto Estabelecimento das bases para implementação de sistemas
de qualidade para obras de edificação. 1993. In: II Seminário Qualidade na Construção
Civil, Gestão e Tecnologia. Manuais de Referência Técnica. NORIE, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. Porto Alegre.
FIORITO, A. J. S. Manual de Argamassa e Revestimentos. Estudos e Procedimentos de
Execução, São Paulo: Pini, 1994.
FRANCO, L. S. O projeto de vedações verticais: características e importância para a
racionalização do processo de produção. 1998. In: Seminário tecnologia e gestão na
produção de edifícios. Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola
Politécnica
da
USP.
São
Paulo.
Disponível
em:
<http://scholar.google.com.br/scholar?q=%22FRANCO%22+%22projeto+*+veda%C3%A7
%C3%B5es+verticais%22&hl=pt-BR&lr=&um=1&ie=UTF-8&oi=scholart>. Acesso em: 17
ago. 2008.
_____. Ligação alvenaria-fundo de viga. Revista Téchne, São Paulo: Pini, ano 13, n. 103, p.
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LOTURCO, B. Ligação de paredes com vigas e lajes. Revista Téchne, São Paulo: Pini, ano
12, n. 86, p. 55-57, maio 2004.
MEDEIROS, H. Alerta! Deformações Excessivas. Revista Téchne, São Paulo: Pini, ano 13,
n. 97, p. 46-51, abr. 2005a.
_____. Construção crítica. Revista Téchne, São Paulo: Pini, ano 13, n. 99, p. 24-29, jun.
2005b.
NAKAGUMA, R. Ligação alvenaria-estrutura. Revista Téchne, São Paulo: Pini, ano 12, n°
88, p. 15, jul. 2004.
SALVADOR, P. F. Influência dos ciclos de execução nas deformações das estruturas de
concreto armado de edifícios de andares múltiplos. 2007. Dissertação (Mestrado em
Engenharia), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
__________________________________________________________________________________________
Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
encunhamento de paredes em obras de Porto Alegre
76
SABBATINI, F. H. Fissuras em alvenaria decorrentes da interação estrutura-alvenaria.
2002.
Disponível
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<http://tgp-mba.pcc.usp.br/TG-004/TG004-AULA7Apresenta%C3%A7%C3%A3o.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2008
THOMAZ, E. Trincas em Edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo: Pini;
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VERÇOZA, E. J. Patologia das Edificações. Porto Alegre: Sagra, 1991.
__________________________________________________________________________________________
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ANEXO A – Controle de qualidade da execução do encunhamento de
paredes
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
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ANEXO B – Planta de Localização do Empreendimento H
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Anexo B – Planta de Localização do Empreendimento H
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ANEXO C – Croqui da Planta Baixa do Estacionamento do
Empreendimento N e Corte A-A do Estacionamento do Empreendimento N
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
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Anexo C – Croqui da Planta Baixa do Estacionamento do Empreendimento N
Anexo C – Corte A-A Estacionamento Empreendimento N
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ANEXO D – Planta de Localização do Empreendimento O
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Anexo D – Planta de Localização do Empreendimento O
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Fatores que podem estar contribuindo para o aparecimento de manifestações patológicas na zona de
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FATORES QUE PODEM ESTAR CONTRIBUINDO PARA O