XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA
ZOOTEC 2015
Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia
Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Nível de infestação parasitária em caprinos criados no nordeste paraense 1
Parasitic infestation level in goats raised in the northeast of Pará
Geyse Maria Machado Lima2, Ludineia Monteiro da Silva3, Wilson Amaro Moreira Conde Sobrinho4,
Vanessa de Souza caldas5, Beatriz da Luz Cruz6, Juliana Nascimento Duarte Rodrigues7, Luiz Fernando de
Souza Rodrigues8, Sebastião Tavares Rolim Filho9
1
Parte do estágio supervisionado obrigatório do primeiro autor–Desenvolvido no Centro de Pesquisa em
Caprinos e Ovinos do Pará.
2
Graduanda em Zootecnia – UFRA, Belém/Pará, Brasil. e-mail: [email protected]
3
Graduanda em Zootecnia, Instituto de Saúde e Produção Animal – UFRA, Belém/Pará, Brasil.
4
Graduando em Zootecnia, Instituto de Saúde e Produção Animal – UFRA, Belém/Pará, Brasil.
5
Graduanda em Zootecnia, Instituto de Saúde e Produção Animal – UFRA, Belém/Pará, Brasil.
6
Graduanda em Zootecnia, Instituto de Saúde e Produção Animal – UFRA, Belém/Pará, Brasil.
7
Graduanda em Med. Veterinária, Instituto de Saúde e Produção Animal – UFRA, Belém/Pará, Brasil.
8
Doutor em farmacologia bioquímica, Instituto de Saúde e Produção Animal – UFRA, Belém/Pará, Brasil.
9
Doutor em reprodução animal, Instituto de Saúde e Produção Animal – UFRA, Belém/Pará, Brasil.
Resumo: O monitoramento parasitário do rebanho é de extrema importância e costuma ser realizado através
de um simples teste, chamado método da Famacha e de exames de contagem de ovos por grama de fezes
(OPG). O presente estudo foi realizado em uma propriedade, localizada na comunidade de Pau D’arco em
Santa Bárbara-PA, foram utilizadas 8 fêmeas em periparto e 8 borregos de 2 a 4 meses de idade para a
amostragem do rebanho e as análise realisadas no Centro de Pesquisa em ovinos e caprinos da Universidade
Federal Rural da Amazônia. O número de OPG foi determinado segundo o método de Gordon e Whitlock
(1939). O nível médio de infestação parasitaria encontrado no presente estudo foi de 4281,55 ± 3629,04 nas
fêmeas em periparto e de 1962,50 ± 3124,53 nos borregos de 2 a 4 meses. Em relação ao método Famacha,
100% das fêmeas em periparto apresentaram mucosa ocular grau 5, que representa o mais pálido, sendo
imprescindível a vermifugação. Evidenciou-se que os animais do presente estudo estão sendo acometidos por
parasitas gastrintestinais hematófagos, que levam os animais a anemia profunda, diminuição da ingestão de
alimentos e queda da produtividade.
Palavras–chave: haemonchus, método famacha, resistência parasitária,vermífugos
Abstract: The parasitic monitoring of the herd is extremely important and is usually done through a simple
test, called the method of Famacha and egg count tests per gram of feces (EPG). This study was carried out
on a property located in Pau D'arco community in Santa Barbara-PA were used 8 females in childbirth and 8
lambs 2-4 months old to herd sampling and analysis in made Center Search in sheep and goats in the Amazon
Federal Rural University. The number of OPG was determined by the method of Gordon and Whitlock
(1939). The average level of parasitic infestation found in this study was 4281.55 ± 3629.04 in females in
peripartum and 1962.50 ± 3124.53 in 2 lambs to 4 months. Regarding Famacha method, 100% of females in
peripartum presented ocular mucosa grade 5, which is the palest, it is imperative to worming. It was evident
that the animals of this study are being affected by vampire gastrointestinal parasites that take the animals to
a profound anemia, decreased food intake and decreased productivity.
Keywords: haemonchus, famacha method, parasite resistance, wormers
Introdução
A caprinocultura é uma atividade que atualmente vem apresentando um significativo crescimento
econômico para a região Norte do Brasil. No entanto , a ocorrência de doenças infecciosa causadas por
nematódeos gastrintestinais, têm se constituído em um entrave à expansão da mesma, destacando o
Haemonchus ssp, como principal parasita (SOTOMAIOR et al., 2007). Esse, além de causar graves
conseqüências sócio-econômicas, provoca a perda e compromete o comércio dos animais e seus produtos.
Dessa forma, o monitoramento parasitário do rebanho é de extrema importância e costuma ser
realizado através de um simples teste, chamado método da Famacha, que segundo Molento et al. (2004), tem
como principal característica a identificação de animais resistentes e resilientes no rebanho, sendo possível a
seleção de animais que não necessitam receber tratamento antiparasitário, com apenas a inspeção da
conjuntiva dos animais, sendo classificados em 5 graus de observação. E de exames de contagem de ovos por
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grama de fezes (OPG), a partir do qual, pode ser iniciado o programa de vermifugação para o controle eficaz
de parasitas gastrintestinais. Por outro lado, a forma de controle da verminose gastrintestinal, resultou no uso
indiscriminado de anti-helmínticos, gerando um problema grave de resistência nos rebanhos (SOCCOL et al.,
1996; THOMAZ-SOCCOL et al., 2004).
Os prejuízos causados por esses parasitas, desperta a necessidade de adotar técnicas e métodos de
controle eficazes para otimizar a produção. Nas categorias consideradas mais susceptíveis, estão os animais
jovens, com até seis meses de idade e as fêmeas no periparto, devido à baixa capacidade imunológica.
Portanto, o objetivo deste trabalho foi identificar o nível de infestação parasitária em caprinos criados no
nordeste paraense, principalmente os animais mais susceptíveis, a fim de evitar a proliferação de verminoses
queda da produtividade no rebanho.
Material e Métodos
O presente estudo foi realizado em uma propriedade, localizada na comunidade de Pau D’arco em
Santa Bárbara, a 40 km de Belém – PA. A propriedade em questão possui área total de 13 ha, sistema semiintensivo de produção e com um rebanho de 80 animais, sendo que foram utilizados 8 fêmeas em periparto e
8 borregos de 2 a 4 meses de idade para a amostragem do rebanho. Foi realizado o teste da Famacha,
seguindo metodologia preconizada por Molento (2004), em todos os animais deste estudo e posteriormente
foram coletadas as amostras de fezes, para que houvesse a contagem de ovos por grama de fezes (OPG) em
um percentual representativo do rebanho do rebanho.
As amostras coletas foram armazenadas de forma individual, resfriadas e levadas para o Centro de
Pesquisa em ovinos e caprinos da Universidade Federal Rural da Amazônia. O número de OPG foi
determinado segundo o método de Gordon e Whitlock (1939), da seguinte forma: 1) Pesou-se em uma
balança de precisão 2g de fezes; 2) Coloco-se em um recipiente descartável; 3) Foram adicionados 28 mL de
solução saturada (ovinos e caprinos); 4) Macerou-se as fezes com um bastão de vidro, buscando
homogeneização da solução e em seguida passou-se por um tamis a fim de reduzir o tamanho de partícula; 5)
Retirou-se uma alíquota da solução para preencher um lado da câmara de McMaster e em seguida retirou-se
outra alíquota da solução homogeneizada para preencher o outro lado; 6) Aguardou-se de 1 a 2 minutos; 7) A
câmara de McMaster foi Examinada ao microscópio (objetiva de 10x); 8) Foi realizada a contagem nos 2
lados da câmara; 9) A média foi calculada e multiplicada por 100 (ovinos e caprinos), resultando assim em
OPG (ovos por grama de fezes). Os dados foram avaliados através de estatística descritiva.
Resultados e Discussão
O nível médio de infestação parasitaria encontrado no presente estudo foi de 4281,55 ± 3629,04 nas
fêmeas em periparto e de 1962,50 ± 3124,53 nos borregos de 2 a 4 meses, conforme tabela 1.
Tabela 1. Contagem de Ovos por grama das amostras de caprinos da raça Anglo-nubiana.
Amostra
Ovos p/ grama
Amostra
Ovos p/grama
Fêmea 1
1250*
Borrego 1
300**
Fêmea 2
2150*
Borrego 2
350**
Fêmea 3
2450*
Borrego 3
650*
Fêmea 4
2600*
Borrego 4
800*
Fêmea 5
4000*
Borrego 5
850*
Fêmea 6
4100*
Borrego 6
1450*
Fêmea 7
4950*
Borrego 7
1700*
Fêmea 8
12750*
Borrego 8
9600*
Média/Des. Padrão
4281,55 ± 3629,04
Média/Des. Padrão
1962,50 ± 3124,53
* Acima do aceitável; ** Abaixo do aceitável.
O alto grau de infestação parasitária observado no OPG, acima do descrito na literatura como
aceitável, que é de 500 ovos por grama, evidencia que de fato os animais descritos como mais susceptíveis
possuem carga parasitária preocupante e devem sobremaneira ser vermifugados. Porém estes dados também
evidenciam uma possível resistência a anti-helminticos, pois segundo o proprietário a vermifugação foi
realizada 10 dias antes da coleta, isto ocorre devido ao uso indiscriminado destes medicamentos em rebanhos
de caprinos no Nordeste Paraense.
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Em relação ao método Famacha, 100% das fêmeas em periparto apresentaram mucosa ocular grau 5,
que representa o mais pálido, sendo imprescindível a vermifugação. Já os borregos apresentaram palidez
menos intensa, sendo 5animais com grau 3 e 3 animais com grau 4. Estes altos índices de anemia são
decorrentes do parasito evidenciado através da contagem dos ovos, que foram de Haemonchus ssp. O hábito
hematófago deste parasito provoca lesões na mucosa abomasal, perda sanguínea e consequente diminuição da
concentração de hemoglobina, desenvolvendo nos animais com altos níveis parasitários, um quadro de
anemia severa (VIEIRA et AL., 1997).
Conclusões
Os níveis de palidez demostrados segundo o teste da Famacha e a carga parasitária evidenciada no
OPG, mostram que os animais do presente estudo estão sendo acometidos por parasitas gastrintestinais
hematófagos, que levam os animais a uma anemia profunda, diminuição da ingestão de alimentos e queda da
produtividade. Com isto a vermifugação deve ser realizada de forma controlada e de acordo com o parasita
em questão.
Literatura citada
BUENO, M.S.; VERÍSSIMO, C.J.; CUNHA, E.A.; SANTOS, L.E. O controle de verminose em sistema
intensive de produção de ovinos para abate. In: VERÍSSIMO, C.J. Alternativas de controle da verminose
em pequenos ruminantes. Nova Odessa: Instituto de zootecnia, 2008. 128 p.
GORDON, H. McL.; WHITLOCK, H. V. A new technique for counting nematode eggs in sheep faeces.
Journal of the Council for Scientific and Industrial Research, v. 12, p. 50, 1939.
MOLENTO, Marcelo Beltrão et al. Método Famacha como parâmetro clínico individual de infecção por
Haemonchus contortus em pequenos ruminantes. Ciênc. rural, v. 34, n. 4, p. 1139-1145, 2004.
SOTOMAIOR, C. S.; DE CARLI, L. M.; TANGLEICA, L.; KAIBER, B. K.; POHL DE SOUZA, F.
Identificação de ovinos e caprinos resistentes e susceptíveis a helmintos gastrintestinais. Revista
Acadêmica, Curitiba, v. 5, n. 4, p. 397-412, out.-dez. 2007.
THOMAZ-SOCCOL, V. et al. Resistance of gastrointestinal nematodes to anthelmintics in sheep
(Ovisaries). Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 47, n. 1, p. 41-47, 2004.
VIEIRA, L.S, CAVALCANTE, A.C.; XIMENES, J.L. Epidemiologia e Controle das Principais
Parasitoses de Caprinos nas Regiões Semi-Áridas do Nordeste. Embrapa, CE, p.7-50, 1997.
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