MESTRADO ACADÊMICO EM
SAÚDE E PRODUÇÃO DE
RUMINANTES
UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
ANA HELENA FERRAZZINI MARVULLO
DISTRIBUIÇÃO ANATÔMICA E DINÂMICA POPULACIONAL
DO RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS EM
BOVINOS DO MUNICÍPIO DE ÓLEO, SÃO PAULO.
Orientador: Prof. Dr. Odilon Vidotto
D
ARAPONGAS - LONDRINA
2014
ANA HELENA FERRAZZINI MARVULLO
DISTRIBUIÇÃO ANATÔMICA E DINÂMICA POPULACIONAL
DO RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS EM
BOVINOS DO MUNICÍPIO DE ÓLEO, SÃO PAULO.
Dissertação apresentada ao programa de
pós-graduação Strictu Sensu em Saúde e
Produção de Ruminantes da Universidade
Norte do Paraná (UNOPAR) em associação
com a Universidade Estadual de Londrina
(UEL) como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Saúde e
Produção de Ruminantes.
Orientador: Prof. Dr. Odilon Vidotto.
ARAPONGAS - LONDRINA
2014
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE
ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação na publicação
Universidade Norte do Paraná
Biblioteca Central
Setor de Tratamento da Informação
M354d
Marvullo, Ana Helena Ferrazzini
Distribuição anatômica e dinâmica populacional do
Rhipicephalus (Boophilus) microplus em bovinos no município de
Óleo, São Paulo / Ana Helena Ferrazzini Marvullo. Arapongas: [s.n],
2014.
65f.
Dissertação (Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes) Saúde de Ruminantes. Universidade Norte do Paraná e Universidade
Estadual de Londrina.
Orientador: Prof. Dr. Odilon Vidotto
1-Medicina veterinária - dissertação de mestrado - UNOPAR
/UEL 2-Bovinos 3-Carrapatos 4-Dinâmica populacional 5-Distribuição anatômica 6-Rhipicephalus (Boophilus) microplus I-Vidotto,
Odilon, orient. II-Universidade Norte do Paraná. III-Universidade
Estadual de Londrina
CDU 619:636.2
ANA HELENA FERRAZZINI MARVULLO
DISTRIBUIÇÃO ANATÔMICA E DINÂMICA POPULACIONAL
DO RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS EM
BOVINOS DO MUNICÍPIO DE ÓLEO, SÃO PAULO.
Dissertação apresentada ao programa de pósgraduação
Strictu
Sensu
em
Saúde
e
Produção de Ruminantes da Universidade
Norte do Paraná em Associação com a
Universidade Estadual de Londrina.
COMISSÃO EXAMINADORA
________________________________
Prof. Dr. Odilon Vidotto
Universidade Estadual de Londrina
________________________________
Prof. Dr. João Luis Garcia
Universidade Estadual de Londrina
________________________________
Prof. Dr. José da Silva Guimarães Júnior
Londrina, 30 de maio de 2014.
Dedico este trabalho à minha mãe, Ana
Narcisa, que sempre incentivou os filhos a
alçar voos cada vez mais longos. Mas sempre
nos garantiu um porto seguro para retornar.
AGRADECIMENTOS
A Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Universidade Norte
do Paraná (Unopar) por me acolherem e pela base educacional que me
proporcionaram.
Ao meu orientador, por ter acreditado em mim, ter entendido minhas
dificuldades e sumiços, e principalmente pelo incentivo para que eu valorizasse as
descobertas deste estudo.
Aos professores da graduação, do mestrado e aos que fizeram parte
das bancas de defesa e qualificação, pelas contribuições generosas a este trabalho,
por entenderem minhas falhas e ajudar na minha formação. Por formarem a
profissional que sou e ensinarem os valores de ética e profissionalismo que vou
carregar por toda a minha vida.
A todos os mestres e professores que passaram pela minha vida
escolar. Não se pode começar a construir uma casa pelo telhado, e graças a todos
vocês pude construir uma vida profissional estruturada, resguardada pelos ensinos e
aprendizados desde a pré-escola. Além do conhecimento transmitido, não posso
deixar de agradecer por se preocuparem e comemorarem junto comigo cada
conquista alcançada.
Ao meu noivo, Gilmar, por me incentivar a cursar o mestrado e a
crescer na vida profissional, pelos puxões de orelhas (algumas vezes não
compreendidos), por me acalmar, me entender, me perdoar e me fazer voltar ao eixo.
Gil, muito do meu crescimento pessoal e profissional eu devo a você! Sou muito feliz
por ter o teu colo para me aninhar. T.A.
Aos meus avós Helena e Tomaz. Vô, o senhor é exemplo de
honestidade, hombridade, caráter e amor, que mesmo sendo quieto, fala e ensina
tanta coisa pra gente. Vó Lena, que além do nome, me deu as unhas compridas e
esse jeito “estabanada” e falante. A senhora traduz muito bem a palavra generosidade
e carinho. Os senhores são o melhor exemplo que alguém pode ter do que é ser um
casal perfeito. Que Deus os abençoe muito e espero ainda poder dizer “‘Bença’, vó!,
‘Bença’, vô!” e contar com a sabedoria dos senhores por muitos anos.
À minha avó Anita e meu avô Vitório, que mesmo não estando
fisicamente presentes, pude senti-los guiando cada passo de minha vida. Queria ter
desfrutado de mais balas “Iogurte 100”....
À minha madrinha Maria Aparecida, a Tia Cida, que quando tudo
parecia que não ia acabar bem, quando pouquíssimas pessoas se faziam presentes,
mostrou o significado das palavras: madrinha, amor e família. Se não fosse o seu
apoio, junto com o do Tio Camilo e do Rô, eu não teria chegado até aqui. Mais do que
jeitos e trejeitos, a Senhora me ensinou muito de lealdade. Espero poder contar com
a Senhora ao meu lado, amparando meus passos, como faz desde que me conheço
por gente.
Ao meus pais, por terem me dado uma base educacional sólida, me
valorizar, correr atrás dos meus sonhos e nunca desistir. Por vibrarem com as minhas
conquistas e, principalmente, por não me cobrarem pelas batalhas perdidas. Posso
falhar em não demostrar o quanto vocês são importantes na minha vida, mas saibam
que são responsáveis por eu ter chegado até aqui, e que os amo, apesar de tudo.
Aos meus irmãos, Grazziela e Tomaz Victório, que como todos os
irmãos, são chatos, mas não saberia viver sem eles. Certa vez me disseram, que ser
filho único é horrível, pois só os irmãos sabem realmente o que o outro sente. E vejo
isto no nossos encontros... Brigamos feito cão e gato, mas na hora da conversa e de
aprontar, é entre nós que nos entendemos. Amo muito vocês!! (Apesar das suas
chatices, e são elas que fazem vocês ser o que são...).
Aos meus familiares e agregados por me ensinarem o valor do amor,
e o quanto é importante ter família. Ensinar que apesar das diferenças, dos
desentendimentos (presentes em toda boa família), o amor e o carinho sempre
prevalecem.
Aos meus amigos, que são os irmãos que escolhi. Obrigada pelas
horas no telefone discutindo casos clínicos, matérias de concurso, resultados de
experimentos e mesmo casos amorosos. Obrigada pelas cervejas com espetinho de
quarta-feira (que muitas vezes me fizeram parar com os estudos para relaxar), pelas
traduções simultâneas de músicas, ou mesmo por um abraço amigo para me aninhar.
Obrigada pelos conselhos jurídicos e por entenderem minha ausência, e mesmo com
a distância se manterem presentes. Enfim, obrigada pelo risos, choros, aprendizados
e ressacas. A família é um presente que Deus nos deu, os amigos são vestígios de
Deus na nossa vida. Amo muito, todos vocês...
À equipe da Casa da Agricultura que se revezou para me ajudar nas
contagens, auxiliando com as anotações, dando risadas, contando “causos” e se
preocupando quando coices apareceram. À Prefeitura Municipal de Óleo, pela
colaboração e disponibilização para que a minha presença nas aulas do mestrado e
a realização do meu estudo fossem possíveis.
Ao Senhor Aparecido de Oliveira (Seu Cido Correia), por ter a
paciência de me acompanhar em todas as contagens, levando e trazendo o gado,
separando e recontando os animais. Sem o Sr., este trabalho teria sido impossível.
Ao Edinho, Carlão e Eliano, pela disponibilização dos animais, dos
locais para a realização do estudo e pela confiança no meu trabalho.
A Deus, que colocou cada “coisa” em minha vida, no momento e no
lugar certo. Por ter paciência comigo e entender minha impaciência, minha revolta (por
vezes presente) e toda a minha incompreensão. Por nos momentos mais angustiantes
mandar alguém com palavras de conforto. Por escrever nas linhas tortas de minha
vida, e, no momento certo, me fazer entender que não era a linha que estava torta e
sim minha visão que estava turva. E também, por carinhosamente ter colocado cada
uma dessas pessoas, que citei acima, para tornar minha jornada mais leve e
prazerosa. “A ti a glória, a honra e o poder”.
“E ainda se vier, noite traiçoeira.
Se a cruz pesada for, Cristo estará contigo.
O mundo pode até te fazer chorar,
Mas Deus te quer sorrindo...”
(Carlos Papae)
MARVULLO, Ana Helena Ferrazzini. Distribuição anatômica e dinâmica
populacional do Rhipicephalus (Boophilus) microplus em bovinos do município
de Óleo, São Paulo. 2014. 65 fls. Dissertação (Mestrado em Saúde e Produção de
Ruminantes) – Universidade Norte do Paraná, Universidade Estadual de Londrina,
Arapongas-Londrina. 2014.
RESUMO
A infestação pelo Rhipicephalus (Boophilus) microplus é responsável por significativas
perdas econômicas na pecuária mundial, que estão relacionadas com
emagrecimento, diminuição da produção de leite, miíases secundárias e transmissão
de agentes patogênicos, destacando-se os gêneros Anaplasma e Babesia. O objetivo
deste estudo foi determinar a distribuição anatômica e a dinâmica populacional do
Rhipicephalus (B.) microplus na cidade de Óleo, estado de São Paulo, com a
identificação dos seus picos de infestação e número de gerações anuais, visando
fornecer subsídios para a implementação do controle estratégico. Verificou-se
também, a associação entre as regiões anatômicas e o número total de carrapatos
sobre o animal. O estudo foi conduzido com 08 bovinos machos, mestiços zebutaurino (com grau de sangue variável, conforme rebanho regional). Foi realizada a
contagem das fêmeas de R.(B.) microplus, maiores que 4 mm, existentes do lado
direito no animal, a cada 4 semanas, no período entre abril de 2012 e março de 2013.
Obteve-se o maior número de carrapatos por animal em outubro (128,25), e o menor
em abril (35,5), com a existência de 3 picos de infestação no período do estudo, sendo
o primeiro em maio, o segundo em outubro e o último em dezembro. Verificou-se a
existência de três gerações anuais de carrapatos, que foram influenciadas pela
temperatura média, mínima e máxima, e precipitação pluviométrica. As regiões
anatômicas com maior média de carrapatos foram membro caudal (22,85),
entrepernas (12,90), ventre (8,94), prepúcio (8,25) e membro cranial (7,33), e as
menores infestações médias ocorreram na cabeça (0,46), flanco (0,46), costado alto
(0,85), garupa (1,33) e cauda (2,15). Das regiões Crânio-caudal, a posterior obteve o
maior número médio de carrapatos (32,42 – 45,9%) e a anterior o menor (17,73 –
23,4%). A temperatura mínima, a pluviosidade e a radiação solar interferiram nas
infestações das regiões dorso-ventral, nos meses frios as menores infestações foram
encontradas nas áreas mistas e nos meses quentes nas altas. A região baixa se
manteve sempre com a maior média (60,96 – 83,5%). Das diferentes regiões
anatômicas propostas pela autora, o número de carrapatos do membro caudal e da
entrepernas mostraram ter forte correlação com o total, +0,88 e +0,70,
respectivamente. Esses mesmos dados, agrupados segundo regiões previamente
estabelecidas obtiveram correlação mais forte com o total de carrapatos, sendo +0,96
(mediana), +0,90 (posterior) e +0,70 (entrepernas).No presente estudo a região
entrepernas não foi o melhor espelho do número total de carrapatos, no entanto é a
região recomendada para estimativas de infestação, visto a sua facilidade de acesso.
Palavras Chave: bovinos; carrapatos; dinâmica populacional; distribuição anatômica;
Rhipicephalus (Boophilus) microplus.
MARVULLO, Ana Helena Ferrazzini. Anatomical distribution and population
dynamics of Rhipicephalus (Boophilus) microplus in cattle in the municipality of
Óleo, São Paulo. 2014. 65 p. Dissertation (Mestrado em Saúde e Produção de
Ruminantes) – Universidade Norte do Paraná, Universidade Estadual de Londrina,
Arapongas - Londrina. 2014.
ABSTRACT
The Rhipicephalus (Boophilus) microplus infestation is responsible for significant
economic losses in livestock worldwide, that are relate to weight reduce, decreased
milk production, secondary myiasis and disease transmission, especially the genera
Anaplasma and Babesia. The objective of this study was to determine the anatomical
distribution and population dynamics of Rhipicephalus (Boophilus) microplus in the
municipality of Óleo, estate of São Paulo, with the identification of its peak infestation
and number of annually generation, to provide input for the implementation of strategic
control. It was also research the association between anatomical regions and ticks total
on the animal. This study was conduzed with 08 male cattle, crossbred zebu-taurine
(with breed varying in accordance with the regional herd). Count of females R. (B.)
microplus, greater than 4mm, the existing right side of the animal was perform between
April 2012 and March 2013. The highest ticks number per animal happened in October
(128.25), and the lowest in April (35.5), with three infestation peaks during the study,
the first in May, the second in October and the last in December. We verified the
existence of three ticks annual generation, with were influenced by the minimum and
maximum mean temperature and rainfall. The anatomical regions with highest average
ticks were caudal limb (22.85), crotch (12.90), abdomen (8.94), foreskin (8.25) and
cranial limb (7.33), and smaller infestations averages occurred in the head (0.46), flank
(0.46), high ribbing (0.85), rump (1.33) and tail (2.15). Cranio-caudal regions, the
posterior had the highest ticks mean (32.42 – 45.9%) and the anterior the lowest (17.73
– 23.4%). The minimum temperature, the rainfall and the solar radiation interfered in
dorsal-ventral regions infestation, in cold months the lowest infestations was found in
the mixed areas and in the warm months in the high regions. The lower region has
always had the highest averages (60.96 – 83.5%). The ticks number of the caudal limb
and crotch presented strong correlation with the ticks total number, +0.88 and +0.70,
respectively. These same data, grouped according to previously established regions
have a stronger correlation with the total ticks, being +0.96 (median), +0.90 (posterior)
and +0.70 (crotch). In the present study, the crotch region was not the best mirror of
the ticks’ total number, however the region is recommended for estimates infestation,
as its ease of access.
Keywords: anatomical distribution; cattle; population dynamics; Rhipicephalus
(Boophilus) microplus; ticks.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Localização do município de Óleo, no estado de São Paulo, Brasil. ........ 57
Figura 2 - Regiões anatômicas para a contagem de carrapatos em bovinos, propostas
por Ana Helena Ferrazzini Marvullo. ........................................................ 57
Figura 3 - Variação do número de R. (B.) microplus em bovinos, não tratados, no
município de Óleo, estado de São Paulo, entre abril de 2012 e março de
2013. ........................................................................................................ 58
Figura 4 - Valores de pluviometria, temperatura média mensal e média de R. (B.)
microplus por bovino não tratado, no município de Óleo, estado de São
Paulo, no período de abril de 2012 a março de 2013. .............................. 58
Figura 5 - Número de R.(B.) microplus por região Crânio-Caudal de bovinos para o
município de Óleo, SP, no período de abril de 2012 a março de 2013. ... 59
Figura 6 - Número de R.(B.) microplus por região Dorso-ventral de bovinos não
tratados, temperatura mínima e radiação solar, para o município de Óleo,
SP, no período de abril de 2012 a março de 2013. .................................. 60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Descrição das regiões anatômicas, utilizadas para a contagem de
carrapatos, propostas por Ana Helena Ferrazzini Marvullo. ..................... 55
Tabela 2 - Número total de R. (B.) microplus por bovino, no município de Óleo, estado
de São Paulo, no período de abril de 2012 a março de 2013. ................. 56
Tabela 3 –Temperatura, pluviometria e número total de R.(B.) microplus por bovino,
de acordo com as estações do ano, no município de Óleo, SP, no período
de abril de 2012 a março de 2013. ........................................................... 56
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO .......................................................................................... 15
2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 17
2.1 BIOLOGIA DO RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS ........................................ 17
2.1.1
Fase de Vida Livre ...................................................................................... 17
2.1.1.1
Queda da fêmea ingurgitada (teleógina) ................................................ 18
2.1.1.2
Período de pré-postura .......................................................................... 18
2.1.1.3
Período de postura ................................................................................. 19
2.1.1.4
Período de incubação ............................................................................ 19
2.1.1.5
Período larval ......................................................................................... 20
2.1.2
Fase Parasitária ......................................................................................... 21
2.2 RESISTÊNCIA DO BOVINO AO RHIPICEPHALUS (B.) MICROPLUS ................................ 22
2.2.1
Fatores que Afetam a Resistência dos Bovinos ao Carrapato ................... 22
2.2.1.1
Raça ....................................................................................................... 22
2.2.1.2
Autolimpeza............................................................................................ 23
2.2.1.3
Pelame ................................................................................................... 24
2.2.1.4
Sexo ....................................................................................................... 25
2.2.1.5
Idade ...................................................................................................... 25
2.2.1.6
Nutrição .................................................................................................. 25
2.2.1.7
Mastócitos dérmicos ............................................................................... 26
2.2.1.8
Estresse ................................................................................................. 26
2.3 MÉTODOS DE CONTROLE ..................................................................................... 26
2.3.1
Acaricidas ................................................................................................... 26
2.3.2
Rotação de Pastagem ................................................................................ 27
2.3.3
Controle Biológico ...................................................................................... 28
2.3.4
Controle Estratégico ................................................................................... 28
2.3.5
Vacinas ....................................................................................................... 29
2.3.6
Outros Métodos .......................................................................................... 30
2.4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE BOVINOS AO CARRAPATO. ................ 31
2.5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 32
3
REFERÊNCIAS ........................................................................................ 34
4
OBJETIVO ................................................................................................ 40
4.1 GERAL................................................................................................................ 40
4.2 ESPECÍFICO ........................................................................................................ 40
5
ARTIGO .................................................................................................... 41
RESUMO ..................................................................................................................... 41
ABSTRACT................................................................................................................... 41
INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 42
MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 43
Local do Estudo......................................................................................................... 43
Dados Climáticos ...................................................................................................... 43
Animais ................................................................................................................... 44
Contagem dos Carrapatos Rhipicephalus (Boophilus) microplus.............................. 44
Análise Estatística ..................................................................................................... 45
RESULTADOS .............................................................................................................. 46
Dados Climáticos ...................................................................................................... 46
Contagem de Carrapatos .......................................................................................... 47
Número de Gerações ................................................................................................ 47
Distribuição Anatômica dos Carrapatos .................................................................... 48
Total de Carrapatos x Carrapatos por Região Corporal ............................................ 48
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES ......................................................................................... 49
REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 52
6
CONCLUSÕES ......................................................................................... 61
7
ANEXOS................................................................................................... 62
8
APÊNDICES ............................................................................................. 63
15
1
INTRODUÇÃO
Encontramos
carrapatos
parasitando
animais
em
todos
os
continentes do mundo (LABRUNA, 2005), existem hoje registradas mais de 800
espécies de carrapato, dentre as quais pelo menos 700 possuem especificidade de
hospedeiro, e 680 pertencem a espécie Ixodidae (CORDOVÉS, 1997; BRITO et al.,
2006). Dentre os artrópodes hematófagos, os carrapatos são responsáveis pela
transmissão do maior número de variedades de agentes patogênicos, sendo a maioria
destes transmitidas aos vertebrados pela saliva (BRITO et al., 2006).
O Rhipicephalus (Boophilus) microplus é comumente conhecido como
“carrapato de boi” (FORTES, 2004), segundo Gonzales (1975), a sua entrada no Brasil
pode ter ocorrido com a vinda de animais comprados do Chile, no início do século
XVIII, via Rio Grande do Sul.
O R. (B.) microplus é o responsável por significativas perdas
econômicas em todo o mundo. Um bovino, por exemplo, se parasitado por mais de
200 carrapatos por um período de seis semanas, pode vir a óbito, devido aos danos
causados pela espoliação (MARTINS, 2009). O carrapato do boi também é
transmissor de dois gêneros de agentes patogênicos de importância na pecuária, o
Anaplasma e a Babesia, que juntos formam o complexo denominado “Tristeza
Parasitária Bovina” (TPB) (MATIAS et al., 2011).
Horn et al. (1983), em seu estudo dizem: “Carrapatos. A parasitose de
um bilhão de dólares”, este título foi atribuído, em seu levantamento, graças a
quantificação das perdas por diminuição da produção de leite, mortalidade, diminuição
da natalidade, consumo de carrapaticidas, investimentos em banheiros e aspersores,
perdas de peso, mão de obra, qualidade do couro, doenças e ensino no Brasil, no ano
de 1983. Este mesmo trabalho relata a ocorrência de carrapatos em 95,6% dos
municípios brasileiros, sendo que em 80% a infestação foi considerada alta. Desde
então, nenhum outro estudo econômico sobre as perdas causadas pelo carrapato foi
realizado no Brasil, mas baseando-se nos dados do Sindicato Nacional da Industria
de Produtos para a Saúde Animal (SINDAN) (2014) sobre o comércio de produtos
veterinários farmacêuticos e biológicos no Brasil, que movimentou em 2013 quase R$
4 bilhões de reais, sendo destes R$ 989 milhões (25%) em antiparasitários, é possível
afirmar que nos dias atuais as perdas são maiores do 1 bilhão de dólares.
16
O controle convencional do carrapato baseia-se principalmente na
aplicação de acaricidas, realizado sem o devido conhecimento do comportamento e
aspectos biológicos da espécie, fazendo com que a resistência aos princípios ativos
mais utilizados apareça precocemente (PEREIRA, 2008). Com a crescente
valorização dos produtos sem resíduos químicos e que não poluem o ambiente, o uso
indiscriminado dos carrapaticidas tem se tornado um motivo de preocupação
permanente (CATTO, ANDREOTTI e KOLLER, 2010). Métodos alternativos, como
fitoterápicos e controle biológico com o uso de fungos, tem sido empregados mas sem
grandes êxitos (PEREIRA, 2008).
O prolongamento da vida de um princípio ativo acaricida no mercado
é possível através do seu uso adequado, ou seja, do controle estratégico. Neste, os
produtos são aplicados em épocas apropriadas, impedindo que ocorra um aumento
do número de carrapatos no ambiente (PEREIRA, 2008).
O controle no ambiente é importante, uma vez que 95% dos
carrapatos existentes em uma propriedade encontram-se na fase de vida livre
(FURLONG e MARTINS, 2000). Para esse controle, no entanto, é necessário o
conhecimento da biologia do carrapato em cada região (PEREIRA, 2008).
Aliado ao uso racional dos princípios ativos comerciais, a seleção de
animais mais resistentes pode contribuir de modo positivo, econômico e rápido no
problema do controle do R. (B.) microplus (VILLARES, 1941).
A identificação dos animais mais resistentes pode ser feita através da
contagem do número de carrapatos sobre o animal. A contagem manual de fêmeas
com mais de 4 mm de comprimento em um dos lados do animal (VILLARES, 1941), é
o método mais utilizado. No entanto, a sua execução demanda tempo e oferece risco
ao executor, por ser necessário tocar diversas regiões de difícil acesso do corpo do
animal.
O objetivo deste estudo foi determinar a dinâmica populacional do R.
(B.) microplus no município de Óleo, estado de São Paulo, com a identificação dos
seus picos de infestação e número de gerações anuais, além de verificar a
possibilidade de uso de regiões anatômicas para determinar o número total de
carrapatos e assim selecionar os animais resistentes do rebanho com mais facilidade.
17
2
2.1
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
BIOLOGIA DO RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS
O Rhipicephalus (Boophilus) microplus é um parasito obrigatório, que
tem o bovino como o seu hospedeiro primário. Todas as suas ecdises são feitas sobre
um só hospedeiro, classificando-o como ixodídeo monóxeno (FORTES, 2004).
Suas principais características morfológicas são: gnatossoma com
base hexagonal, rostro e palpos curtos, achatados e rugosos, escudo sem
ornamentação, presença de olhos, peritremas arredondados ou ovais, e machos
apresentando duplo par de placas adanais e extremidade posterior com apêndice
caudal. Os machos medem de 1,75 a 2 mm de comprimento por 1 a 1,2 mm de largura
e as fêmeas medem de 2,35 a 2,85 mm de comprimento por 1,4 a 1,5 mm de largura.
As fêmeas ingurgitadas podem atingir até 13 mm de comprimento por 9 mm de largura
(FORTES, 2004).
O ciclo de vida do carrapato do boi é dividido em 2 fases: a de vida
livre, que ocorre no solo, e a parasitária, sobre o hospedeiro (GONZALES, 1975;
VERÍSSIMO, 1991).
Sabe-se que 95% dos carrapatos se encontram em vida livre, ou seja,
no ambiente, estando sob a forma de fêmeas ingurgitadas em pré-postura e postura,
ovos em incubação e larvas esperando um hospedeiro. Os demais 5% estão em fase
parasitária, sobre os bovinos, e são larvas, ninfas e adultos (CHAGAS, FURLONG e
NASCIMENTO, 2001).
2.1.1 Fase de Vida Livre
A fase de vida livre se inicia após a queda da teleógina, com o período
de pré-postura, e estende-se até que as larvas infestantes tenham acesso a um
hospedeiro (CHAGAS, FURLONG e NASCIMENTO, 2001).
Essa fase é a que sofre mais influência dos fatores climáticos, como
temperatura máxima, umidade relativa do ar, temperatura mínima, luminosidade e
precipitação pluviométrica (CHAGAS, FURLONG e NASCIMENTO, 2001; FARIAS et
al., 1995; GLÓRIA et al., 1993).
Devido a essa influência climática, é necessário um período de tempo
18
mais longo nos meses de junho-julho para que a fase de vida livre do carrapato se
complete, o que determina um espaço entre gerações maior e uma redução da
capacidade reprodutiva do parasita, devido a menor eclodibilidade das larvas (FARIAS
et al., 1995).
2.1.1.1
Queda da fêmea ingurgitada (teleógina)
O comportamento de queda das fêmeas ingurgitadas apresenta
diferenças significativas entre verão/outono e inverno. No verão/outono a queda
ocorre em maior volume nas primeiras horas da manhã, continuando ao longo de todo
o dia e inclusive a noite, porém em menor quantidade. Já no inverno a queda ocorre
em dois picos durante o dia, das 6h às 9h e das 14h às 17h (PAULA e FURLONG,
2002).
O principal determinante da queda das teleóginas é o ingurgitamento,
seguido do fotoperíodo. Entretanto outros fatores como as condições físicas externas,
o estado fisiológico e movimento do animal, como o relacionado ao pastejo, também
exercem influência (PAULA e FURLONG, 2002).
2.1.1.2
Período de pré-postura
Considera-se período de pré-postura o tempo que se passa desde a
queda da fêmea ingurgitada até a expulsão do primeiro ovo, que em boas condições
climáticas dura de dois a quatro dias (VERÍSSIMO, 1991).
As fêmeas ingurgitadas podem se deslocar desde quando caem no
solo até o início da oviposição, em busca de locais sombreados e com menor
temperatura para a incubação de seus ovos. Este movimento é intensamente
influenciado pela luminosidade, umidade e cobertura vegetal, sendo que quanto maior
for a cobertura vegetal menor será o deslocamento. As temperaturas mais elevadas
estimulam um maior deslocamento em busca de um local mais adequado, enquanto
que em dias nublados e úmidos as fêmeas quase não se movimentam, e em
temperaturas abaixo de 15 °C com umidade em torno de 95% elas ficam imóveis
(CHAGAS, FURLONG e NASCIMENTO, 2001).
Maiores períodos de pré-postura foram constatados nos meses mais
frios (de maio até outubro) e menores nos meses quentes (de novembro a abril),
19
variando inversamente com a temperatura, a umidade relativa do ar e a precipitação
pluviométrica (SANTARÉM e SARTON, 2003; FARIAS et al., 1995). Para a
temperatura de 27,2 °C espera-se de 2 a 4 dias de pré-postura, enquanto para 32,2
°C somente 2 dias (GLORIA et al., 1993).
2.1.1.3
Período de postura
O período de postura é a fase entre a liberação do primeiro e o último
ovo da teleógina (VERÍSSIMO, 1991).
Glória et al. (1993) relataram período de postura de 9 a 42 dias à 17
°C, de 3 a 16 dias à 27 °C e de 4 a 17 dias à 32 °C. No entanto, há divergências sobre
a influência da temperatura no período de postura.
Farias et al. (1995) e Santarém e Sarton (2003) afirmam que nesta
fase a temperatura irá influenciar mais na dinâmica de postura dos ovos do que no
volume da massa desses, ou seja, a capacidade de postura das teleóginas não é
alterada, mas tem-se uma postura mais rápida no verão e mais lenta no inverno,
concordando com os achados acima. Enquanto que Borges et al. (2001) obtiveram
maiores índices de eficiência reprodutiva - IER (IER= peso da massa de ovos / peso
inicial da fêmea x 100) no período seco, de abril a setembro, e menores no período
das chuvas, de outubro a março, e Glória et al. (1993) obtiveram relação direta entre
o peso médio da massa de ovos e a temperatura.
Outro fator que interfere na quantidade de ovos postos é o peso das
fêmeas. Quanto maior for o peso da fêmea, mais ovos essa conseguirá produzir
(BORGES et al, 2001; SANTOS e FURLONG, 2002).
Contrariando o que se pensava, as quenóginas (fêmeas que
terminaram a postura) podem viver por até 78 dias, sendo que a duração da vida póspostura é inversamente proporcional a temperatura ambiente, ou seja, menores
temperaturas tendem a prolongar o período (GLÓRIA et al., 1993).
2.1.1.4
Período de incubação
É o período embrionário, vai desde a postura do primeiro ovo até a
eclosão da primeira larva ( VERÍSSIMO, 1991). O ovo sofre grande influência da
precipitação pluviométrica, da temperatura mínima e máxima (FARIAS et al., 1995).
20
Conforme há um aumento da temperatura, considerando o intervalo
de 16 °C a 33 °C, há uma diminuição do tempo de incubação do ovos, que pode variar
de 16 a 98 dias (GLÓRIA et al., 1993; PEREIRA, 2008). Os maiores períodos de
incubação foram encontrados nos meses de junho a setembro (FARIAS et al, 1995;
SANTARÉM e SARTON, 2003) e os menores entre fevereiro e abril (PEREIRA, 2008).
No entanto, temperaturas baixas e umidade abaixo de 60%, proporcionam a
dessecação dos ovos e morte desse estágio do carrapato (SANTARÉM e SARTON,
2003), que é o mais sensível as intempéries climáticas (PEREIRA, 2008).
A eclodibilidade das larvas também sofre grande influência ambiental,
principalmente da temperatura mínima, máxima e precipitação pluviométrica,
atingindo os maiores índices nos meses de outubro a janeiro e os menores nos meses
de junho a agosto (FARIAS et al., 1995; PEREIRA, 2008). Hitchcock (1955 apud
VERÍSSIMO, 1991) comprovou que algumas larvas, apesar de terem se desenvolvido,
não conseguem eclodir em temperaturas abaixo de 15 °C, e, mesmo mantendo-se
viáveis dentro dos ovos, contribuem para uma baixa eclodibilidade.
2.1.1.5
Período larval
As larvas recém-eclodidas são chamadas de neo-larvas e não
possuem poder infestante, o qual é alcançado 4 a 6 dias mais tarde (FORTES, 2004;
GONZALES, 1975). Após tornar-se larva infestante, ela inicia a subida na vegetação.
Esta subida sofre influência da temperatura ambiental, pois ocorre nas primeiras e
últimas horas do dia, quando a temperatura é mais amena, diminuindo assim a perda
de água para o meio (FURLONG, CHAGAS E NASCIMENTO, 2002).
Apesar das larvas subirem uma a uma, elas se agrupam na
vegetação, afim de ficarem mais protegidas da exposição direta aos raios solares,
ventos e por consequência da dessecação. Esses grupos vão variar de tamanho de
acordo com a estação do ano, sendo que no verão são menores, para facilitar a
ventilação, e no inverno, maiores, para se protegerem das baixas temperaturas
(FURLONG, CHAGAS E NASCIMENTO, 2002).
Também nota-se uma diferença na atividade dessas larvas, ficando
mais agitadas no inverno e mais letárgicas no verão, quando devem evitar a perda de
água para o ambiente (FURLONG, CHAGAS E NASCIMENTO, 2002).
Quando estimuladas pelo dióxido de carbono, odores e sombra do
21
hospedeiro, as larvas deixam o local da folha onde se abrigam das condições
climáticas adversas para se voltar à extremidade desta, assumindo uma postura de
busca do hospedeiro (FURLONG, CHAGAS E NASCIMENTO, 2002).
Quanto a sobrevivência das larvas, há uma menor longevidade
daquelas nascidas nos meses quentes, de dezembro a março, como consequência
da influências das altas temperaturas, e maior nos meses de abril a junho (PEREIRA,
2008; SANTARÉM e SARTON, 2003).
Também pode-se observar que a duração dos períodos de prépostura e eclosão são inversamente proporcionais à sobrevida da larva, ou seja, larvas
que passaram por longos períodos de pré-postura e eclosão tem baixa longevidade
(PEREIRA, 2008).
2.1.2 Fase Parasitária
A fase parasitária é caracterizada por apresentar evoluções
morfológicas sobre o hospedeiro, onde se pode diferenciar os estádios de larva, ninfa
e adulto, e pela alimentação sanguínea (BRITO et al., 2006). Tem duração de
aproximadamente 22 dias (GONZALES, 1975).
O desenvolvimento dessa fase sofre pouca influência dos fatores
climáticos, já que o microclima que envolve o parasito está intimamente relacionado
com a fisiologia do bovino (CORDOVÉS, 1997).
Verificou-se um tropismo dos parasitos por algumas regiões do corpo
do animal que possuem maior vascularização e sombreamento, pele de menor
espessura e maior dificuldade de acesso às lambidas do animal (PAIVA NETO, 2004),
são elas: entrepernas, tábua do pescoço, barbela, base da cauda (GONZALES, 1975;
SANTOS e FURLONG, 2002), períneo, ânus, vulva, axila, úbere, peito e face interna
da orelha (PAIVA NETO, 2004; VERÍSSIMO, 1991).
Os carrapatos não se distribuem uniformemente pelas regiões
corpórea do animal, há uma maior infestação na região posterior (todo o quarto
traseiro), seguida da região mediana (da pós-escapular à pré-crural) e por último a
região anterior (da cabeça à região por trás da escápula) (CARDOSO, FRIES E
ALBUQUERQUE, 2000; OLIVEIRA E ALENCAR, 1990).
Uma fêmea pode ingerir até 2 mililitros de sangue no período que fica
sobre o hospedeiro e ficar 10 vezes maior do que o macho (GOMES, 2009; MARTINS,
22
2009). Ao longo do dia é relativamente baixo o crescimento das fêmeas semiingurgitadas. No entanto, durante a noite as fêmeas tornam-se mais ativas e as que
encontram-se quase totalmente ingurgitadas, aumentam rapidamente de tamanho,
completando o ingurgitamento ao amanhecer do dia seguinte (WHARTON e UTECH,
1970).
2.2
RESISTÊNCIA DO BOVINO AO RHIPICEPHALUS (B.) MICROPLUS
A resistência ao carrapato consiste na habilidade de um animal limitar
o número de carrapatos que se tornam maduros sobre ele. Esta habilidade depende
de fatores ambientais, fisiológicos, comportamentais, imunológicos e anatômicos, que
caracterizam as raças (SUGUISAWA, 2004).
São descritos dois tipos de resistência: a resistência inata, que já está
presente quando ocorre a primeira infestação; e a resistência adquirida, que começa
a ser notada após o animal ser exposto a algumas infestações por carrapatos
(O’KELLY e SPIERS, 1976).
O que diferencia um animal resistente de um susceptível é a
velocidade de reação do organismo à fixação da larva, sendo a hipersensibilidade
mediada por anticorpos a mais importante (VERÍSSIMO, 1991).
2.2.1 Fatores que Afetam a Resistência dos Bovinos ao Carrapato
2.2.1.1
Raça
Vários autores comprovaram a maior susceptibilidade dos taurinos ao
R. (B.) microplus quando comparados aos zebuínos. (GONZALES, 1975; MORAES et
al., 1986; O´KELLY e SPIERS, 1976; OLIVEIRA e ALENCAR, 1990; SILVA et al.,
1993; SANTOS JÚNIOR, FURLONG e DAEMON, 2000; VERÍSSIMO, 1991;
VILLARES, 1941).
Já na primeira exposição aos carrapatos, o zebu mostra uma melhor
resposta imunológica do que o taurino, evidenciando as diferenças na resposta inata
entre as espécies. Entretanto, é possível que os anticorpos maternos, transmitidos de
forma passiva através do colostro, sejam um importante componente nos mecanismos
de resistência no animal jovem (O´KELLY e SPIERS, 1976).
23
O estudo de Villares (1941) mostra essa maior resistência dos
zebuínos. Comparando o número de carrapatos encontrados nos bovinos de diversas
raças, foi encontrado 5% do total dos carrapatos em animais de raças zebus, 7% em
animais de raças nacionais ou crioulas e 88% nas raças europeias, que também
possuíam os maiores carrapatos. Houve também diferença entre as raças indianas,
sendo o Nelore mais resistente do que o Gir e Guzerá, sendo esta última a detentora
dos maiores carrapatos.
Moraes et al. (1986) comparou a susceptibilidade natural de animais
da raça Gir (zebuínos) e Holandesa (taurinos) quando submetidos a um ambiente com
alta infestação de carrapatos. Já na segunda semana do início do experimento, foi
observado uma carga parasitária maior nos taurinos. Na sexta semana, a contagem
média de partenóginas nos taurinos era 15 vezes maior do que nos zebuínos,
enquanto que estes apresentavam uma quantidade de larvas e ninfas equivalentes a
1/4 da carga nos taurinos. Durante o estudo, o número de carrapatos adultos
permaneceu próximo de zero nos zebuínos mas não nos taurinos. Além disso, entre
a 6ª e a 8ª semana os dois taurinos mais susceptíveis morreram, e o mais resistentes
morreram no 63º e 110º dia, enquanto que todos os zebuínos sobreviveram,
apresentando apenas emagrecimento e dermatite.
Oliveira e Alencar (1990) com animais de seis graus de sangue
Holandês x Guzerá, e O´Kelly e Spiers (1976) com animais britânicos (1/2 Shorthorn
x ½ Hereford) e zebuínos (1/2 Brahman x 1/2 British), observaram que a resistência
diminui à medida que aumenta o grau de sangue europeu.
Deve-se esperar que bovinos de raça europeia, criados e
selecionados há várias gerações no Brasil, sejam mais resistentes ao R. (B.) microplus
do que aqueles recém introduzidos no país ou que nunca tiveram uma infestação, uma
vez que essa característica é adquirida, herdável e influi na sobrevivência do bovino
nos trópicos (morte dos mais susceptíveis) (VERÍSSIMO, 1991).
É importante lembrar que dentro da mesma raça há variações,
fazendo com que cada indivíduo tenha as suas próprias características de
susceptibilidade e resistência (VILLARES, 1941).
2.2.1.2
Autolimpeza
A autolimpeza, defesa por lambedura, pelo ato de se coçar, ou pela
24
fricção contra paredes ou outras superfícies, é um dos componentes mais importantes
da resistência do bovino, diminuindo o número de carrapatos no animal (MORAES et
al., 1986; VERÍSSIMO, 1991).
Para uma boa autolimpeza é necessário que o animal atinja locais de
difícil acesso, como períneo, virilha, saco escrotal, face interna e externa da perna,
base da caudal e região perivulvar, que são os locais de predileção do carrapato. Ao
observar o animal no pasto nota-se não somente um contorcionismo para atingir os
locais infestados, como também posturas e atitudes não usuais a espécie bovina,
como por exemplo, coçar a orelha com a pata traseira, para se livrar de carrapatos
que estejam dentro e fora do pavilhão auricular. Como o bovino não consegue lamber
a região da cabeça e pescoço, normalmente a autolimpeza nessa região é feita
roçando em troncos de árvores, paus e cercas (VERÍSSIMO, 1991).
Veríssimo (1991) sugere que quanto mais áspera for a língua do
bovino, mais eficiente será a sua autolimpeza, e por consequência a retirada das
larvas. A autora também salienta que não há estudos relacionando a aspereza da
língua de bovinos com a resistência a carrapatos, sendo necessário investigar essa
hipótese.
Boa parte da resistência dos zebus ao carrapato pode ser atribuída
ao fato da sua autolimpeza ser mais eficiente do que a dos taurinos. A anatomia dos
zebuínos, por ser mais longilínea, lhe confere mais flexibilidade e, portanto, maior área
de pele passível de lambedura (MORAES et al., 1986).
2.2.1.3
Pelame
A tentativa de associar as características da pele e do pelame com a
resistência do bovino ao carrapato já é bem antiga (VERÍSSIMO, 1991). Em 1941,
Villares observou que as raças mais resistentes, Gir, Nelore, Guzerá, Caracu e Mocha
Nacional, tem pelo mais curto do que as raças europeias em geral. Assim como nas
raças Aberdeen-Angus, Holandesa e Flamenga, os animais mais resistentes possuem
os pelos mais curtos, e os mais sensíveis mais longos.
A espessura do pelame é um fator importante na infestação de
carrapatos, sendo tanto maior a infestação quanto maior for a espessura do pelame.
Pelos mais espessos e compridos estabelecem um microclima mais adequado ao
desenvolvimento do parasito, além de dificultarem o ato da autolimpeza, tão
25
importante na diminuição da carga parasitária (FRAGA et al., 2003).
Outro ponto importante é a adaptação do animal ao ambiente.
Animais de pelos curtos são mais apropriados para regiões tropicais, enquanto que
os de pelagem mais densa sofrem mais estresse térmico, por causa das condições
climáticas (FRAGA et al., 2003).
2.2.1.4
Sexo
O sexo do animal afeta a resistência ao R. (B.) microplus,
independente da raça (zebuínos, taurinos ou mestiços), sendo as fêmeas mais
resistentes do que os machos (VERÍSSIMO, 1991).
2.2.1.5
Idade
No estudo da Veríssimo (1991) com animais mestiços leiteiros, os
animais de até seis meses de idade foram os mais resistentes ao carrapato. À medida
que eles cresceram foram se tornando menos resistentes, passando por uma fase de
suscetibilidade na época de puberdade. A resistência se estabilizou quando os
animais estavam completamente maduros.
Um elevado nível sérico de glicocorticoides explicaria o porquê da
resistência do carrapato diminuir na puberdade, pois os potentes efeitos antiinflamatório e antialérgico que possuem esse hormônio atenuam a reação inflamatória
que acontece nos locais de fixação da larva, facilitando a permanência desta no
hospedeiro, semelhante ao que ocorre quando se administra anti-histamínicos
(VERÍSSIMO, 1991).
2.2.1.6
Nutrição
Estudos com bovinos de corte, associaram o peso corporal com a
resistência a carrapatos. Eles observaram que os animais de maior peso corporal
eram os mais resistentes e os que obtiveram o maior ganho, proporcional, de peso
(LABRUNA e VERÍSSIMO, 2001; SILVA et al., 1993). Os autores sugerem que a maior
resistência pode estar associada à maior competência do sistema imune dos animais
com melhor estado nutricional.
26
2.2.1.7
Mastócitos dérmicos
A importância da concentração de mastócitos dérmicos na resistência
a infestação por carrapatos é relatada por Moraes et al. (1992), que encontrou uma
concentração duas vezes maior em zebuínos, quando comparada com taurinos. A
maior concentração de mastócitos favorece uma melhor resposta imune à picada do
carrapato.
2.2.1.8
Estresse
O estresse causa um aumento na secreção de glicocorticoides na
corrente sanguínea, e seu efeito anti-inflamatório e antialérgico pode atenuar a reação
inflamatória que ocorre no local de fixação da larva, diminuindo a reação de
autolimpeza, o que contribui para a permanência do parasito no hospedeiro, ou seja,
diminui a resistência do animal de forma indireta (VERÍSSIMO, 1991).
2.3
MÉTODOS DE CONTROLE
2.3.1 Acaricidas
A aplicação de acaricidas passou a ser rotineira a partir de 1896 com
o uso do arsênico no controle de carrapatos em bovinos. A evolução da resistência,
assim como a preocupação com a saúde e os resíduos, incentivou o desenvolvimento
de novas moléculas, levando a existência do grande número de produtos hoje
disponíveis (ANDREOTTI, 2010).
Os carrapaticidas podem ser classificados em famílias/grupos
químicos ou de acordo com a sua forma de ação, em carrapaticidas “de contato” ou
“sistêmicos”. Os de contato são aplicados por meio de pulverização, imersão ou “pour
on”, e como o nome indica, é necessário o contato do produto com o carrapato para
que, penetrando pelos orifícios naturais ou mesmo pela cutícula, haja intoxicação e
morte. Os sistêmicos são aplicados por meio de injeções subcutâneas ou
intramusculares, por derrame dorsal no lombo do bovino, ou pulverização em ambos
os lados da linha mediana dorsal. Os princípios ativos dos produtos são metabolizados
pelo organismo e distribuídos por todo o corpo do animal, chegando, através da
27
circulação, aos carrapatos, que então são intoxicados (ANDREOTTI, 2010; CATTO,
ANDREOTTI e KOLLER, 2010).
A resistência do carrapato ao carrapaticida nada mais é do que os
mecanismos que ele encontra para sobreviver à aplicação do carrapaticida. Os mais
utilizados são: redução da taxa de penetração do produto, mudanças no metabolismo,
no armazenamento e na eliminação do produto químico, e alterações no local de ação
do produto (FURLONG, MARTINS e PRATA, 2007). Em ambientes de forte pressão
seletiva, o aparecimento de carrapatos resistentes é inevitável (CATTO, ANDREOTTI
e KOLLER, 2010).
Estudos realizados por todo o território brasileiro mostram uma
enorme variação da resistência dos carrapatos aos princípios ativos mais usados.
Observando esses dados podemos ver como o cenário é preocupante, pois apenas
11 dos 32 testes de eficácia (34,4%) obtiveram valores satisfatórios segundo a
legislação brasileira, ou seja, mais de 95% de eficácia (BRASIL, 1997). Dentre os
princípios ativos utilizados, somente o amitraz, a cipermetrina e os organofosforados,
sozinhos ou em associação, obtiveram eficácia satisfatória. (CAMILO et al., 2009;
FARIAS, RUAS e SANTOS, 2008; GOMES, KOLLER e BARROS, 2011; MARQUES,
ARANTES e SILVA, 1995; MENDES et al., 2001; MERLINI e YAMAMURA, 1998;
SANTOS et al., 2008; UENO et al., 2012; VITA et al., 2012).
No estado de São Paulo, o cenário é ainda pior. Mendes et al. (2001)
só obtiveram eficácia acima de 95% para o amitraz e a associação de
organofosforados + piretróides. Já Ueno et al. (2012) avaliando a eficácia da
cipermetrina (17%), deltametrina (27%), amitraz (73%), clorpirifós + cipermetrina
(79%) e clorpirifós + diclorfós (76%), não obtiveram nenhum valor satisfatório.
2.3.2 Rotação de Pastagem
Outro método de controle, que pode ou não ser associado aos
demais, é a rotação de pastagem. O método baseia-se na retirada dos bovinos das
pastagens até que o período de longevidade dos carrapatos seja ultrapassado. Para
um bom resultado é necessário o conhecimento do tempo de sobrevivência das larvas
na pastagem utilizada e na região, para assim estabelecer o tempo adequado de
descanso das pastagens (PEREIRA, 2008).
São necessários, em média, 60 dias de vedação do pasto para que o
28
nível de infestação seja reduzido a 10 ou menos larvas infestantes por metro
quadrado, possibilitando uma higienização significativa (FURLONG, 1998b; GOMES,
2009). Esse período de vedação é bem maior do que os 30 a 45 dias, normalmente
utilizados para a recuperação da pastagem nos sistemas de produção de bovino
leiteiro (FURLONG, 1998b). A descontaminação do pasto em menor tempo pode ser
obtida em épocas de temperatura mais elevada (SOUZA et al., 1993).
2.3.3 Controle Biológico
Uma forma de controle biológico é a utilização de animais resistentes
como “aspiradores de larvas” da pastagem, afim de diminuir a infestação nos
susceptíveis. Isso pode ser feito introduzindo animais da mesma raça, porém com
maior resistência, de raças mais adaptadas ao carrapato (VERÍSSIMO, 1991), ou de
animais recém tratados com carrapaticidas de contato (GOMES, 2009).
Outra alternativa é a troca recíproca de pastos entre espécies
diferentes, como bovinos e ovinos, uma vez que os ovinos atrairiam as larvas, e estas
morreriam presas no velo desses animais (VERÍSSIMO, 1991).
2.3.4 Controle Estratégico
O controle estratégico consiste na aplicação do acaricida correto, de
forma e em momento adequados (CATTO, ANDREOTTI e KOLLER, 2010; PEREIRA,
2008). Desta forma, a primeira geração de carrapatos será combatida eficientemente
e no final haverá poucos indivíduos sobreviventes que darão origem a poucos
carrapatos nas gerações subsequentes, não sendo necessário mais tratamentos ao
longo do ano (FURLONG, 1998b; CATTO, ANDREOTTI e KOLLER, 2010).
A determinação do acaricida a ser utilizado deve ser feita através da
realização de biocarrapaticidograma, evitando o uso de princípios para os quais a
população local de carrapatos tenha resistência (FURLONG, 1998a; PEREIRA, 2008).
A correta aplicação do produto é garantida com o treinamento da mão
de obra e a utilização da dose e via de administração recomendada pelo fabricante.
(CATTO, ANDREOTTI e KOLLER, 2010; FURLONG, 1998a; PEREIRA, 2008)
As datas das aplicações devem ser estabelecidas de acordo com o
efeito residual do produto utilizado e o período de início do tratamento. No entanto, o
29
momento adequado da aplicação consiste no maior entrave para a aplicação do
controle estratégico, uma vez que este consiste na administração do acaricida antes
da presença de infestações mais intensas, ou seja, no início do aumento da
temperatura e pluviosidade, atingindo os carrapatos que sobreviveram ao período de
frio e seca. O que vai de encontro ao hábito dos proprietários (CATTO, ANDREOTTI
e KOLLER, 2010; FURLONG, 1998a; PEREIRA, 2008).
Com o uso do controle estratégico o produtor reduz os prejuízos
causados pelo carrapato com um controle viável economicamente, além de reduzir os
riscos de contaminação do ambiente, da carne, do leite e dos demais produtos
(CATTTTO, ANDREOTTI e KOLLER, 2010).
A estratégia de combate sempre deve ser revisada, buscando a
redução da frequência de uso de carrapaticidas. Recomenda-se que registros de
manejo sanitário sejam feitos, afim de que avanços e retrocessos sejam percebidos
(GOMES, 2009).
2.3.5 Vacinas
Dentre os métodos não químicos utilizados, um dos mais promissores
é o imunológico, ou seja, o uso de vacinas. Esta técnica apresenta um bom custo
benefício, é segura, não causa danos no ambiente e nem resíduo na carne e leite.
(VAZ JÚNIOR, 2000).
Os primeiros estudos tentaram fazer uma vacina com antígenos
contra as proteínas presentes na saliva dos carrapatos. No entanto esta não foi muito
eficaz, uma vez que os carrapatos possuem mecanismos de escape das respostas do
sistema imune do hospedeiro (PEREIRA, SOUZA e BAFFI, 2010).
Então surgiu um conceito totalmente novo, o “antígeno oculto”
(concealed antigen), que é uma ou mais proteínas imunogênicas do parasita, que
durante uma infestação não entram em contanto com o sistema imunológico do
hospedeiro, e portanto, não induzem uma resposta imunológica. No entanto, quando
são utilizadas como antígenos vacinais, geram uma resposta imune no hospedeiro, e,
o parasita, ao realizar o parasitismo, ingere tais anticorpos juntamente com outros
elementos efetores do sistema imune, fazendo com que tais anticorpos interajam com
as proteínas utilizadas na imunização, causando danos ao parasita. Os estudos veem
buscando descobrir proteínas que causem danos na função fisiológica, capacidade
30
de produzir descendente ou à vários desses processos. O problema dos “anticorpos
ocultos”, é que como o animal não sobre estímulo do ambiente, são necessárias
revacinações periódicas para a manutenção do nível de anticorpos protetores (VAZ
JÚNIOR et al., 2000)
Outro tipo de vacina em pesquisa, é a “vacina altruísta”, que consiste
em uma vacina que não traz nenhum benefício ao hospedeiro imunizado, no entanto,
ela interfere na propagação do parasita, como por exemplo, a diminuição da postura
de ovos, favorecendo as gerações seguintes. No entanto, para que a vacina seja
eficaz é necessário que não só todo o rebanho seja imunizado, como que a entrada
de animais não vacinados seja evitada (VAZ JÚNIOR et al., 2000).
Atualmente as vacinas existentes no mercado são baseadas na
proteína Bm86, presente no intestino de fêmeas de R.(B.) microplus. Testes inicias
mostraram que estas vacinas são capazes de induzir uma resposta imune que reduz
90% da viabilidade de uma nova geração de carrapatos, e sua eficácia tem variado
de 51 a 91% (VAZ JÚNIOR et al., 2000).
Outras proteínas, como a Bm91 e a BMA7, também isoladas de
membrana intestinal, vem sendo testadas, mas quando utilizadas isoladamente não
induzem resposta imune eficiente. Uma alternativa a essas proteínas é o uso em
vacinas polivalentes, sendo inoculadas juntamente com a Bm86, o que faz com o
efeito imunológico de ambas sejam potencializado. Apesar destes achados, essas
proteínas ainda não são utilizadas comercialmente (VAZ JÚNIOR et al., 2000).
Estudos também vem demostrando que a criação de peptídeos
sintéticos anticarrapatos, pode induzir mecanismos de resposta imune, chegando até
a conferir imunidade protetora. No entanto, mais estudos nesta área são necessários
para que estas possam ser utilizadas comercialmente (PATARROYO e LOMBANA,
2004).
2.3.6 Outros Métodos
Devido ao aumento da resistência aos acaricidas tradicionais e da
preocupação com os resíduos nos alimentos, o desenvolvimento e uso de fontes
alternativas de controle do carrapato vem sendo estimulados (PEREIRA, 2008).
Exemplo disto é a seleção dos animais mais resistentes do rebanho
(MARTINS, 2009), uma vez que os animais susceptíveis são considerados “fábricas
31
de carrapatos”, por permitirem que completem o seu ciclo. Apesar de somente 20%
do rebanho ser considerado susceptível ao carrapato, estes animais possuem cerca
de 50% dos carrapatos do rebanho (FURLONG, 1998a).
Efeitos nocivos sobre os diversos estágios do parasita R. (B.)
microplus foram obtidos com o uso de extratos do fruto do Cinamomo (Melia
azedarach L.) (BORGES, LOSS e NEVES, 1993), de Capim-cidreira (Cybopogon
citratus) (HEIMERDINGER et al., 2006), de fumo de corda (OLIVO et al., 2009) e de
casca do caule de Sapindus saponária (árvore típica dos estados do Amazonas,
Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, conhecida popularmente como “Árvoredo-Sabão) (FERNANDES et al., 2005), além da tintura e óleo de citronela (Cybogon
nardus) (SANTOS, VOGEL e MONTEIRO, 2012), e do extrato de semente e óleo de
nim (Azadirachta indica) (BROGLIO-MICHELETTI et al., 2010). Além disso também
tem-se empregados patógenos contra os carrapatos, como é o caso do fungo
Cedecea lapagei (CORDOVÉS, 1997).
2.4
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE BOVINOS AO CARRAPATO.
A avaliação da resistência dos bovinos foi realizada ao longo de
muitos anos através da contagem do número de carrapatos sobre eles.
O método mais utilizado para a contagem dos carrapatos foi o
preconizado por Villares (1941) e modificado por Wharton e Utech (1970). Como seria
praticamente impossível contar todas as ninfas, larvas, e formas adultas sobre o
animal e como as fêmeas adultas do Rhipicephalus (Boophilus) microplus são as
únicas formas parasitárias que atingem mais de 4 mm de comprimento, são fixas e de
atividade parasitária intensa, estabeleceu-se a contagem somente destas (VILLARES,
1941). A modificação proposta por Wharton e Utech (1970) consiste na utilização de
equipamentos ou acessórios que facilitem a mensuração das fêmeas.
Devido à dificuldade de acesso à algumas regiões do corpo do animal
e também do tempo gasto na contagem de todo o seu lado esquerdo, Cardoso, Fries
e Albuquerque (2000) avaliaram a correlação do número total de carrapatos com as
quantidades existentes nas regiões anterior (cabeça e orelha), mediana (pescoço,
membro anterior e tórax, incluindo a região inferior até o quarto traseiro), posterior
(traseiro, membro posterior e cauda) e de entrepernas (região entre os membros
posteriores). Nestas regiões também foram contadas somente as fêmeas com mais
32
de 4mm de comprimento, existentes no lado esquerdo do animal, com exceção da
entrepernas, que abrange os dois lados. As regiões mediana, posterior e entrepernas
apresentaram uma forte correlação positiva com o número total de carrapatos, sendo
os valores obtidos, respectivamente, 0,82, 0,70 e 0,60. Apesar da região entrepernas
obter somente o terceiro melhor valor de correlação, este é o mais indicado para uso
rotineiro, por ser a região de acesso mais fácil e seguro.
Um dos exames reprodutivos utilizados com frequência para avaliar a
qualidade dos reprodutores, é a mensuração do perímetro escrotal. Como o acesso
para a contagem de carrapatos na região da entrepernas é o mesmo da avaliação do
perímetro escrotal, Martins (2009), sugeriu o uso de fotografia digital tirada na região
da entrepernas, e posteriormente inserida em software de análise de imagem, como
um método para avaliar a infestação pelo parasito. No entanto, o estudo obteve baixos
valores de correlação para as contagens obtidas através das imagens.
Tentativas de estabelecer o grau de infestação através de escores
visuais também foram realizadas, no entanto não obtiveram resultados satisfatórios
(CARDOSO, FRIES e ALBUQUERQUE, 2000; FRAGA et al., 2003; MARTINS, 2009).
Com o avanço das tecnologias moleculares, estudos mais recentes
buscam identificar quais são os genes responsáveis pela resistência ao carrapato
(MARTINS, 2009). No entanto, esta correspondência ainda não está bem elucidada.
2.5
CONCLUSÃO
O Rhipicephalus (Boophilus) microplus é um parasito obrigatório, que
tem o bovino como o seu hospedeiro primário (FORTES, 2004). O seu ciclo de vida é
dividido em 2 fases: a de vida livre, que ocorre no solo, e a parasitária, sobre o
hospedeiro (GONZALES, 1975; VERÍSSIMO, 1991).
A fase de vida livre é a que sofre mais influência dos fatores
climáticos, tais como temperatura máxima, umidade relativa do ar, temperatura
mínima, luminosidade e precipitação pluviométrica (CHAGAS, FURLONG e
NASCIMENTO, 2001; FARIAS et al., 1995; GLÓRIA et al., 1993).
A resistência ao carrapato consiste na habilidade de um animal limitar
o número de carrapatos que se tornam maduros sobre ele. Esta habilidade depende
de fatores ambientais, fisiológicos, comportamentais, imunológicos e anatômicos, que
caracterizam as raças (SUGUISAWA, 2004).
33
São muitos os fatores que interferem na resistência dos bovinos ao R.
(B.) microplus, sendo os mais importantes: raça, autolimpeza, pelame, sexo, idade,
estado nutricional, concentração de mastócitos dérmicos e estresse.
O método mais comum de controle do carrapato-do-boi é o uso de
acaricidas. No entanto, devido ao aparecimento da resistência dos carrapatos aos
princípios mais utilizados, a eficácia da sua utilização vem sendo comprometida.
Como alternativa a esta técnica temos a rotação de pastagem, o controle biológico, o
controle estratégico, a seleção de animais resistentes, o uso de vacinas, de princípios
extraídos de plantas e até mesmo de patógenos, como os fungos.
Novos métodos de estimar a infestação por carrapatos no bovino vem
sendo testados, como o uso de escores de infestação e de marcadores moleculares,
afim de facilitar a seleção de animais mais resistentes. No entanto, a contagem manual
de fêmeas com mais de 4 mm de comprimento em um dos lados do animal ou em
uma região específica, como por exemplo, a entrepernas, se mantém como o método
mais confiável e de mais fácil execução.
34
3
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40
4
4.1
OBJETIVO
GERAL
Determinar a distribuição anatômica e a dinâmica populacional do Rhipicephalus
(Boophilus) microplus em bovinos do município de Óleo, São Paulo.
4.2
ESPECÍFICO

Identificar os meses de picos de infestação do R. (B.) microplus.

Determinar o número de gerações anuais do carrapato do boi para o município de
Óleo, São Paulo.

Identificar a distribuição topográfica dos carrapatos em bovinos.

Verificar a associação entre as regiões anatômicas e o número total de carrapatos.
41
5
ARTIGO
DISTRIBUIÇÃO ANATÔMICA E DINÂMICA POPULACIONAL
DO RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS EM
BOVINOS DO MUNICÍPIO DE ÓLEO, SÃO PAULO.
RESUMO
A infestação pelo Rhipicephalus (Boophilus) microplus é responsável por significativas
perdas econômicas na pecuária. Formas de diminuir esse prejuízo são: o uso dos
carrapaticidas em épocas específicas e a seleção de animais mais resistentes. O
objetivo deste estudo foi determinar a distribuição anatômica e a dinâmica
populacional do carrapato em bovinos do município de Óleo, SP. O estudo foi
conduzido com 08 bovinos machos, mestiços zebu-taurino (conforme rebanho
regional). Foram contadas as fêmeas de R.(B.) microplus, maiores que 4 mm,
existentes do lado direito no animal, a cada 4 semanas, no período entre abril de 2012
e março de 2013. Obteve-se o maior número de carrapatos por animal em outubro
(128,25), e o menor em abril (35,5), com a existência de 3 picos de infestação, sendo
eles nos meses de maio, outubro e dezembro. Verificou-se a existência de três
gerações anuais de carrapatos, que foram influenciadas pela precipitação
pluviométrica e temperatura média, mínima e máxima. Das regiões Crânio-caudal
(anterior, mediana e posterior), a posterior obteve o maior número médio de
carrapatos e a anterior o menor. A temperatura mínima, a pluviosidade e a radiação
solar interferiram nas infestações das regiões Dorso-ventral, nos meses frios as
menores infestações foram encontradas na área mista (orelha e cauda) e nos meses
quentes na alta (cabeça, pescoço, costado alto, flanco e garupa). A região baixa
(barbela, membro cranial, costado baixo, ventre, prepúcio, membro caudal e bolsa
escrotal) se manteve sempre com a maior média. Das diferentes regiões anatômicas
propostas pela autora, o número de carrapatos do membro caudal e da entrepernas
mostraram ter forte correlação com o total, +0,88 e +0,70, respectivamente. Esses
mesmos dados, agrupados segundo regiões previamente estabelecidas obtiveram
correlação mais forte com o total de carrapatos, sendo +0,96 (mediana), +0,90
(posterior) e +0,70 (entrepernas).
Palavras Chave: bovinos; carrapatos; dinâmica populacional; distribuição anatômica;
Rhipicephalus (Boophilus) microplus.
ABSTRACT
The Rhipicephalus (Boophilus) microplus infestation is responsible for significant
economic losses in livestock. Modes to reduce this losses are: the use of the acaricides
in specifics times and the selection of the more resist animals. The objective of this
study was to determine the anatomical distribution and population dynamics of
Rhipicephalus (Boophilus) microplus in the municipality of Óleo, estate of São Paulo.
This study was conduzed with 08 male cattle, crossbred zebu-taurine (with breed
42
varying in accordance with the regional herd). Count of females R. (B.) microplus,
greater than 4mm, the existing right side of the animal was perform between April 2012
and March 2013. The highest ticks number per animal happened in October (128.25),
and the lowest in April (35.5), with three infestation peaks during the study, in May,
October and in December. We verified the existence of three ticks annual generation,
with were influenced by the minimum and maximum mean temperature and rainfall.
Cranio-caudal regions (anterior, median and posterior), the posterior had the highest
ticks mean and the anterior the lowest. The minimum temperature, the rainfall and the
solar radiation interfered in dorsal-ventral regions infestation, in cold months the lowest
infestations was found in the mixed area (ear and tail) and in the warm months in the
high region (head, neck, high ribbing, flank and rump). The lower region (dewlap,
cranial limb, lower ribbing, abdomen, prepuce, scrotum and lower limb) has always
had the highest averages. The ticks number of the caudal limb and crotch presented
strong correlation with the ticks total number, +0.88 and +0.70, respectively. These
same data, grouped according to previously established regions have a stronger
correlation with the total ticks, being +0.96 (median), +0.90 (posterior) and +0.70
(crotch).
Keywords: anatomical distribution; cattle; population dynamics; Rhipicephalus
(Boophilus) microplus; ticks.
INTRODUÇÃO
O Rhipicephalus (Boophilus) microplus, comumente conhecido como
“carrapato de boi” (FORTES, 2004), é o responsável por significativas perdas
econômicas em todo o mundo. Horn et al. (1983), em seu estudo dizem: “Carrapatos.
A parasitose de um bilhão de dólares”. Este título foi atribuído, em seu levantamento,
graças a quantificação das perdas por diminuição da produção de leite, mortalidade,
diminuição da natalidade, uso de carrapaticidas, investimentos em banheiros e
aspersores, perdas de peso, mão de obra, qualidade do couro, doenças e ensino no
Brasil, no ano de 1983. Este mesmo trabalho relata a ocorrência de carrapatos em
95,6% dos municípios brasileiros, sendo que em 80% a infestação era considerada
alta. Desde então, nenhum outro estudo econômicos sobre as perdas causadas pelo
carrapato foi realizado, mas baseando-se nos dados do Sindicato Nacional da
Industria de Produtos para a Saúde Animal (SINDAN) (2014) sobre o comércio de
produtos veterinários farmacêuticos e biológicos no Brasil, que movimentou em 2013
quase R$ 4 bilhões de reais, sendo destes R$ 989 milhões (25%) em antiparasitários,
é possível afirmar que nos dias atuais as perdas são maiores do 1 bilhão de dólares.
O controle desse carrapato baseia-se principalmente na aplicação de
acaricidas, realizado sem o devido conhecimento do comportamento e aspectos
biológicos da espécie. Isto faz com que a resistência aos princípios ativos mais
43
utilizados apareça precocemente. Métodos alternativos, como fitoterápicos e controle
biológico com o uso de fungos, tem sido empregados, mas sem grandes êxitos
(PEREIRA, 2008).
Um prolongamento da vida útil dos acaricidas é possível através do
seu uso adequado, ou seja, do controle estratégico. Neste, os produtos são aplicados
em épocas apropriadas, impedindo que ocorra um aumento do número de carrapatos
no ambiente (PEREIRA, 2008). Esse controle no ambiente é importante, uma vez que
95% dos carrapatos existentes em uma propriedade se encontram na fase de vida
livre (FURLONG e MARTINS, 2000).
O objetivo deste estudo foi determinar a distribuição anatômica e a
dinâmica populacional do Rhipicephalus (B.) microplus em bovinos do município de
Óleo, SP.
MATERIAIS E MÉTODOS
Local do Estudo
O estudo foi conduzido entre abril de 2012 e março de 2013, na
Chácara Óleo, localizada no município de Óleo, estado de São Paulo (coordenadas
geográficas: 22°56’40,5’’S 49°20’37,4’’O), que possui o clima tropical de altitude e está
localizado a 625,86 metros em relação ao nível do mar (IBGE, 2010) (Figura 1).
Dados Climáticos
Foram consideradas 4 estações do ano, outono, inverno, primavera e
verão. Os dados de temperatura máxima, média e mínima foram obtidos na estação
do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (CIIAGRO) de Santa Cruz
do Rio Pardo, subunidade Guacho, enquanto os pluviométricos foram obtidos na sede
da Casa da Agricultura de Óleo, distantes, respectivamente, 15 km e 1,65 km do local
do estudo. As medições da radiação solar foram obtidas junto ao Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE), e foram aferidas na capital do estado.
44
Animais
Os 34 bovinos participantes do estudo eram mestiços zebu-taurino
(com grau de sangue variável, conforme rebanho regional), machos, com idade entre
16 e 20 meses, clinicamente saudáveis.
A seleção dos animais foi feita de forma randômica, através de sorteio.
Caso o animal sorteado apresentasse comportamento incompatível com o
procedimento necessário para a contagem dos carrapatos, era excluído do estudo já
na primeira contagem e substituído por outro, também através de sorteio.
Na primeira triagem, cada animal foi cadastrado através de formulário
especifico, que continha o número marcado em sua paleta esquerda, idade, coloração
e fotos, além do código de identificação a ele atribuído durante o estudo.
Antes da inclusão dos animais no estudo o proprietário foi informado
dos procedimentos e riscos inerentes a estes. Estando de acordo com os
procedimentos e após a assinatura do “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”
os animais foram incluídos e passaram a ser observados. O proprietário tinha
liberdade para retirar seus animais do estudo a qualquer momento.
Selecionou-se 08 (oito) bovinos, que ficaram em 42,35 hectares de
Brachiara brizantha, sob pastejo extensivo, com oferta de sal mineral e água ad
libitum. Durante os meses do estudo, os animais participantes receberam medicação
anti-helmíntica injetável a base de Levamisol, de acordo com as recomendações de
bula do produto comercial escolhido (Ripercol L® - Fort Dodge Saúde Animal Ltda.).
Nenhum animal foi substituído.
Buscando controlar o estresse, os animais foram mantidos em sua
rotina normal. Todos os bovinos do rebanho ficaram sem receber drogas
carrapaticidas nos 45 dias antecedentes ao início das contagens, como recomenda
Furlong e Martins (2000) e também durante o estudo.
Contagem dos Carrapatos Rhipicephalus (Boophilus) microplus
Os carrapatos foram contados como preconizado por Villares (1941)
e modificado por Wharton e Utech (1970), sendo contabilizadas apenas as fêmeas
adultas de Rhipicephalus (Boophilus) microplus com mais de 4 mm de comprimento
existentes em um dos lados dos animais. Devido a maior facilidade de acesso ao
45
tronco pelo lado direito, optou-se pela contagem deste lado do animal, diferentemente
de Villares (1941) que realizou a contagem do lado esquerdo. Buscando uma maior
padronização da contagem, foi utilizado um gabarito com um recorte de 4mm.
Os
carrapatos
de
outras
espécies
e
tamanhos
foram
desconsiderados, portanto todas as vezes que, neste trabalho, se fizer menção ao
número de carrapatos, significa simplesmente o número de fêmeas R.(B.) microplus
com mais de 4mm de comprimento.
Neste estudo dividiu-se o corpo do animal em 15 regiões anatômicas,
que estão descritas na Tabela 1 e mostradas na Figura 2. Os dados obtidos foram
reagrupados de 2 formas distintas afim de avaliar a distribuição dos carrapatos pelo
corpo do animal.
1. Regiões Crânio-caudal: Anterior (cabeça, orelha, pescoço, barbela e
membro cranial), Mediana (costado alto, costado baixo, flanco, ventre,
prepúcio e bolsa escrotal) e Posterior (garupa, membro caudal e cauda),
segundo a proposta de Oliveira e Alencar (1990);
2. Regiões Dorso-ventral: Alta (cabeça, pescoço, costado alto, flanco e
garupa), Mista (Orelha e Cauda) e Baixa (barbela, membro cranial,
costado baixo, ventre, prepúcio, membro caudal e bolsa escrotal).
Os dados das contagens assim como a identificação do animal foram
registrados
em
formulário
próprio
para
posteriormente
serem
analisados
estatisticamente. Nenhum dos animais observados possuía cupim.
Análise Estatística
Como os dados obtidos na avaliação do número de carrapatos se
referem apenas aos existentes no lado direito do animal, o valor obtido foi multiplicado
por 2, afim de expressar o número total de carrapatos existentes. Exceção a isto se
fez com o valor do índice entrepernas, que já expressa o valor em ambos os lados da
região.
Os valores foram analisados através do teste de T-student e ANOVA,
ambos com nível de segurança de 95%, para que as variações no decorrer dos meses
e das estações do ano pudessem ser avaliadas. Para que o conjunto de dados
46
atendessem os requisitos básicos de normalidade, como pedem os testes estatísticos,
estes foram transformados em log10(2x+1), onde: “x” representa o valor obtido na
avaliação da área, portanto “2x” o valor de carrapatos na referida área em ambos os
lados do animal; e “+1” a correção padrão para os valores nulos. (FRAGA et al., 2003).
No entanto, para a melhor visualização, os números são apresentados no decorrer do
texto sem esta transformação.
A relação entre as variáveis climáticas e a população de carrapatos
sobre o animal foi obtida através da correlação de Pearson, assim como a
correspondência de ambos os métodos de contagem. O coeficiente (ρ) obtido foi
classificado de acordo com o proposto por Callegari-Jacques (2003):

Se 0,00 < │ρ│< 0,30, existe fraca correlação linear;

Se 0,30 ≤ │ρ│< 0,60, existe moderada correlação linear;

Se 0,60 ≤ │ρ│< 0,90, existe forte correlação linear;

Se 0,90 ≤ │ρ│< 1, existe correlação linear muito forte;

Se │ρ│= 1, existe correlação linear perfeita;
RESULTADOS
Dados Climáticos
A variação da temperatura média foi de 21,45 ± 4,05 °C, sendo a
menor temperatura registrada em julho e a maior em dezembro. A média das
temperaturas mínimas registradas foi 14,8 ± 4,8 °C enquanto que as máximas
marcaram 27,15 ± 4,15 °C.
Para os meses avaliados observou-se uma pluviosidade média
mensal de 113,9 ± 113,3 mm, ou 1411,8 mm anual, com concentração das chuvas
nos meses de janeiro a março, caracterizando o verão como uma estação chuvosa e
úmida, enquanto os meses de inverno, de julho a setembro, foram os mais secos do
período. A chuva acumulada nestas estações foram, respectivamente, 649,8 mm
(46%) e 84,2 mm (6%).
47
Contagem de Carrapatos
Encontrou-se carrapatos nos animais em todos os meses do ano,
obtendo-se uma média mensal de 81,88 ± 46,38 carrapatos por animal. Entre os
meses do ano foram constatadas diferenças significativas no número de carrapatos
(Tabela 2). A menor média mensal foi a do mês de abril, com 35,5 carrapatos por
animal, sendo o animal E1PL24, o menos infestado, com apenas 2 carrapatos. Já o
mês de Outubro obteve a maior média, com 128,25 carrapatos por animal, sendo que
o animal E1PL07 apresentou a maior carga, com 238 carrapatos. Os valores médios
mensais obtidos podem ser observados na Figura 3.
A média mensal de carrapatos sobre o animal com os índices de
temperatura média, mínima, máxima e pluviometria mensal, não mostram ter forte
correlação, sendo seus índices, respectivamente, +0,59, +0,56, +0,56 e +0,37. No
entanto, como podemos observar na Figura 4, as variáveis climáticas influíram sobre
o comportamento da infestação, sendo cada variável mais influente em uma
determinada época do ano.
Neste estudo, a estação do ano com maior média de incidência de
carrapatos foi a primavera (meses de outubro, novembro e dezembro), com uma
média de 92,92 carrapatos/animal, sendo também a estação com maior temperatura
média (24,4 °C). Já o outono (meses de abril, maio e junho) obteve a menor
temperatura média (19,6 °C) e a menor taxa de infestação, com média de 55,67
carrapatos por animal. Apesar disto, a variação do número médio de carrapatos entre
as estações do ano não foi significativa, tanto no teste de T-student quanto no ANOVA.
Observando isoladamente o número médio de carrapatos nas estações do ano,
verificou-se alta influência da pluviosidade no inverno, enquanto que nas demais
estações foram as temperaturas que interferiram, sendo menor o efeito da
temperatura máxima no verão, da mínima na primavera e da média em ambas (Tabela
3).
Número de Gerações
Baseado nas médias mensais de carrapatos por animal, foi possível
determinar o número de gerações por ano e o período de início destas gerações,
determinando-se que, na cidade de Óleo, a primeira geração (G1) ocorre em Outubro,
48
a segunda (G2) em Dezembro e a terceira (G3) em Maio, totalizando 3 gerações
anuais (Figura 3).
Distribuição Anatômica dos Carrapatos
Nas 15 regiões anatômicas propostas, houve variação significativa no
número de carrapatos ao longo do ano (p <0,0001). O membro caudal, a entrepernas,
o ventre e o prepúcio obtiveram maior taxa de infestação, com, respectivamente,
22,85, 12,90, 8,94 e 8,25 carrapatos em média. Enquanto que a cabeça (0,46), flanco
(0,46), garupa (0,85) e costado alto (1,33), obtiveram as menores médias de
carrapatos.
Dentre as regiões Crânio-caudal, a posterior obteve maior média
(32,42 carrapatos – 45,9%), enquanto que a mediana e a anterior alternaram ao longo
do ano a menor infestação, sendo que a anterior obteve a menor média anual (17,73
carrapatos – 23,4%) (Figura 5).
Nas regiões Dorso-ventral, o maior número de carrapatos se
concentrou nas áreas baixas (média de 60,96 carrapatos – 83,5%). E a menor média
anual ocorreu nas áreas mistas (Figura 6).
Total de Carrapatos x Carrapatos por Região Corporal
Os maiores coeficientes de correlação entre o total de carrapatos e as
regiões anatômicas propostas neste estudo, foram membros caudais, entrepernas,
ventre, membro cranial e prepúcio, respectivamente, +0,88, +0,71, +0,65, +0,64 e
+0,63. As regiões: costado baixo (0,59), bolsa escrotal (0,49), garupa (0,48), orelha
(0,46), cauda (0,38), barbela (0,34) e pescoço (0,32), apresentaram correlação
positiva moderada e o costado alto (0,29), o flanco (0,23) e a cabeça (0,19), correlação
positiva baixa com o total de carrapatos. Distribuindo esses mesmos dados nas
regiões anatômicas propostas por Cardoso, Fries e Albuquerque (2000), temos as
regiões mediana, posterior e de entrepernas (EP) com forte correlação positiva, 0,96,
0,90 e 0,71, respectivamente, e a região anterior com correlação positiva moderada.
49
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
Neste estudo, o número de carrapatos teve três picos. O primeiro e
menor, ocorreu em maio, o segundo e mais evidente em outubro e um intermediário
em dezembro. Já os meses de abril, julho e novembro apresentaram as menores
infestações. Santarém e Sarton (2003) em Botucatu/SP (distante 130km de Óleo),
tiveram picos de infestação de maio à outubro, assim como Silva et al. (1993) e Pereira
(2008), respectivamente, nas cidades de Ponta Grossa/PR e Franca/SP, alcançaram
os maiores valores no mês de maio. Contudo picos foram relatados nos meses de
setembro e novembro, em Planaltina/DF (SAUERESSIG e HONER, 1993), em junho,
no Rio de Janeiro (SANTOS JÚNIOR, FURLONG e DAEMON, 2000) e em
junho/agosto, em Colina/SP (LABRUNA e VERÍSSIMO, 2001).
Divergência também é encontrada no mês de ocorrência das menores
infestações, que são relatadas deste janeiro até novembro (FARIAS et al., 1995;
LABRUNA e VERÍSSIMO, 2001; PEREIRA, 2008; SANTARÉM e SARTON, 2003;
SANTOS JÚNIOR, FURLONG e DAEMON, 2000; SAUERESSIG e HONER, 1993;
SILVA et al., 1993). Corroboram com este estudo Farias et al. (1995) e Santarém e
Sarton (2003), que obtiveram as menores contagens, respectivamente, nos meses de
julho/agosto e novembro/abril.
Apesar de outros autores (FARIAS et al., 1995; LABRUNA e
VERÍSSIMO, 2001, SANTOS JÚNIOR, FURLONG e DAEMON, 2000; SILVA e
ROCHA, 2004; VERÍSSIMO, 1991), terem encontrado influência das estações do ano
sobre o número de carrapatos no animal, neste estudo a oscilação da infestação ao
longo das estações não mostrou-se significativa.
Farias et al. (1995) relata que, em seus estudos in vitro e in vivo, os
fatores que mais influenciaram na eclosão de larvas e na fase de vida livre do R.(B.)
microplus foram, em ordem decrescente, a pluviosidade, a temperaturas mínima e a
máxima. A influência climática também foi notada nos estudos de Labruna e Veríssimo
(2001), Pereira (2008), Santarém e Sarton (2003), Santos Júnior, Furlong e Daemon
(2000), Saueressig e Honer (1993). Labruna e Veríssimo (2001) justificam a
ocorrência dos 3 picos, sendo um devido ao aumento da pluviosidade e temperatura
no início da primavera, diminuindo o ciclo, o segundo causado pelas condições
favoráveis ao desenvolvimento dos carrapatos do primeiro ciclo, e o terceiro causado
por um clima mais adequado a sobrevivência das larvas no solo e diminuição da
50
imunidade dos animais. A queda do número de carrapatos no verão foi atribuída ao
aumento excessivo da temperatura.
Cada variável climática foi mais influente em uma determinada época
do ano. No mês de maio ocorreu o primeiro pico de carrapatos, causa disto pode ser
a diminuição das temperaturas médias, criando um ambiente mais propício à
sobrevivência das larvas no ambiente. Entre o primeiro e segundo pico, que ocorreu
no mês de outubro, a menor média de carrapatos e as menores temperaturas foram
registradas, com mínima de 10 °C. Hitchcock (1955 apud VERÍSSIMO, 1991)
observou que em temperaturas menores de 15 °C as teleóginas não realizaram
oviposição, enquanto Santarém e Sarton (2003), que os ovos provenientes de maio a
agosto apresentavam características de infertilidade. Ambos os fatores devem ter
colaborado para a diminuição dos carrapatos sobre os animais. A temperatura e a
queda brusca no volume de chuvas também influíram no prolongamento do ciclo neste
período, uma vez que entre o primeiro e o segundo pico se passaram 4 meses.
A partir de setembro houve um aumento das chuvas e da temperatura,
fato que culminou com a ocorrência do segundo pico de infestação no mês de outubro.
Este segundo pico foi mais pronunciado do que o primeiro, devido a temperatura mais
adequada à sobrevivência das larvas, e portanto maior número delas na pastagem,
somada à queda da imunidade dos animais, causada pela baixa oferta e diminuição
do valor nutricional das pastagens, semelhante ao encontrado por Santarém e Sarton
(2003).
Com o aumento das temperaturas e aumento da pluviosidade, a
duração do ciclo do R.(B.) microplus diminuiu e o terceiro pico ocorreu em dezembro.
No entanto, essa elevação da temperatura fez com que o ambiente nas pastagens
não ficasse tão favorável à sobrevivência das larvas, por facilitar sua dessecação, o
que deve ter levado a um terceiro pico, menor do que o segundo. Santarém e Sarton
(2003) concluíram que, na região de Botucatu, os meses quentes não são favoráveis
à sobrevivência das larvas. Esse clima menos favorável a larva, somado à diminuição
das pastagens e consequente diminuição do sombreamento feito por estas no solo,
pode ter ocasionado a queda progressiva do número de carrapatos no período entre
janeiro e março.
Os dados da ocorrência destes três picos ao longo do estudo,
permitem determinar a ocorrência de 3 geração de carrapatos por ano no município
de Óleo, fato este que concorda com os relatos de Silva et al. (1993) em Ponta
51
Grossa/PR, de Saueressig e Honer (1993) em Planaltina/DF, e de Pereira (2008) na
região sul, discordando somente no período de ocorrência destes. Silva et.al (1993)
determinou o início das gerações nos meses de dezembro, fevereiro e maio,
Saueressig e Honer (1993), em novembro, março/abril, maio/junho. Diferentemente,
Farias et al. (1995) e Pereira (2008), ambos no estado de São Paulo, verificaram a
ocorrência de 4 gerações, sendo, segundo o último autor, a primeira no início do verão,
a segunda no fim do verão e início do outono, a terceira entre o outono e inverno e a
última entre o inverno e a primavera.
Na análise das regiões Crânio-caudal, a região posterior, seguida das
regiões mediana e anterior, mostrou-se com maior taxa de infestação, fato que
concorda com os achados de Oliveira e Alencar (1990) e Cardoso, Fries e
Albuquerque (2000).
Quando compara-se as 5 regiões anatômicas com maior e menor
média de infestação, respectivamente, 4 (membro caudal, ventre, membro cranial e
bolsa escrotal) e 2 (cabeça e cauda) destas concordam com o estudo de Paiva e Neto
(2004) realizado com animais das raças Nelore, Holandês e Curraleira. Apesar das
regiões utilizadas pelo autor apresentarem pequenas diferenças de nomenclatura e
topografia com as regiões utilizadas neste, os dados reforçam o conceito de que
ocorre maior fixação de carrapatos nas regiões mais baixas e que possuem contato
mais fácil com as pastagens e, por consequência, com as larvas infectantes.
Quanto as regiões Dorso-ventral, verificou-se ao longo de todo o
estudo maior infestação nas regiões baixas (60,96%), e, apesar da média anual ser
menor nas áreas mistas, houve alternância entre local de menor infestação de acordo
com a época do ano, sendo, nos meses frios, menor nas regiões mistas e nos quentes,
nas regiões altas. Estes achados mostram ter forte correlação com as variáveis
climáticas: temperatura mínima (0,70), pluviosidade (0,69) e radiação solar (0,60), no
entanto esta correlação é positiva para as regiões mistas e negativa para as regiões
altas. A “migração” pode estar associada à pequena diminuição na temperatura
superficial da pele do hospedeiro quando há queda na temperatura ambiente, fazendo
com que o carrapato se posicione em regiões de maior incidência solar para
compensar tal perda.
A contagem do total de fêmeas de R.(B.) microplus de um lado do
animal mostrou-se um trabalho demorado e por vezes perigoso, pois é preciso
visualizar e tocar locais do corpo do animal de difícil acesso. Devido a isto, o número
52
de carrapatos de cada região corporal foi confrontado a contagem do total. No entanto,
somente o membro caudal e a entrepernas tiveram forte correlação positiva com o
total de carrapatos, respectivamente, 0,88 e 0,70, podendo assim ser utilizadas em
substituição ao preconizado por Villares (1941) e posteriormente alterado por Wharton
e Utech (1970).
Cardoso, Fries e Albuquerque (2000), dividiram o corpo do animal em
4 regiões: anterior, mediana, posterior e entrepernas, e obtiveram índices de
correlação diferentes das encontradas com as regiões determinadas neste estudo,
sendo, respectivamente, +0,35, +0,82, +0,70 e +0,60. Conquanto, quando os dados
obtidos nas contagens deste estudo em discussão, foram divididos segundo o
proposto por aqueles autores, as correlações foram mais fortes, sendo, anterior
(+0,46), mediana (+0,96), posterior (+0,90) e entrepernas (+0,70).
Apesar da região mediana, definida por Cardoso, Fries e Albuquerque
(2000), possuir uma correlação positiva mais forte do que a entrepernas, proposta nos
dois trabalhos, esta última região pode ser recomendada em substituição ao método
tradicional, devido ao seu acesso ser mais fácil e seguro.
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55
Tabela 1 - Descrição das regiões anatômicas, utilizadas para a contagem
de carrapatos, propostas por Ana Helena Ferrazzini Marvullo.
NOME DA REGIÃO
ANATÔMICA
POSICIONAMENTO ANATÔMICO
Orelha
Face externa e interna da orelha.
Cabeça
Exclui-se apenas as áreas que compõe a orelha.
Pescoço
No plano horizontal, vai do atlas até a espinha da escápula e,
no plano vertical, da cervical até a face ventral da traquéia.
Barbela
Pele pendular abaixo do pescoço.
Cupim
Região proeminente acima da linha dorsal da coluna cervical e
torácica.
Membro Cranial
Toda a extensão do membro cranial, incluindo face lateral e
medial.
Costado Alto
Abrange da espinha da escápula até a última costela, e das
vértebras torácicas até a linha imaginária.
Costado Baixo
Entre a linha imaginária traçada e o esterno, e entre o membro
cranial e a o último arco costal.
Flanco
Entre a coluna lombar e linha imaginária, e entre o último arco
costal e o osso íleo.
Ventre
Entre o último arco costal e o membro caudal e entre a linha
imaginária e linha ventral central. Exclui-se o umbigo, o
escroto (em machos) e úbere (em fêmeas).
Umbigo
Em machos: Pele pendular que envolve o umbigo e prepúcio e
segue até o início da bolsa escrotal. Em fêmeas: pele pendular
que envolve o umbigo e segue até o úbere.
Garupa
Região entre os ossos íleo, ísquio e fêmur.
Membro Caudal
Toda a extensão do membro caudal, começando abaixo da
linha do fêmur. Incluí a face lateral e medial do membro.
Rabo
Inicia-se na primeira vértebra coccígea. Inclui a face dorsal e
ventral.
Bolsa Escrotal ou Úbere
Em machos: área da bolsa escrotal. Em fêmeas: úbere.
Entrepernas
Área entre os membros caudal, até a articulação tíbio-fíbulotarsal. Esta região não entra na somatória da contagem do lado
direito do animal.
Fonte: A própria autora.
56
Tabela 2 - Número total de R. (B.) microplus por bovino, no município de
Óleo, estado de São Paulo, no período de abril de 2012 a março de 2013.
CÓDIGO DO
ANIMAL NO
ESTUDO
E1PL01 E1PL02 E1PL07 E1PL10 E1PL20 E1PL24 E1PL30 E1PL34
MÉDIA
35,50 a
Abril/12
8
40
60
28
14
2
68
64
Maio/12
110
112
96
46
22
6
74
102
71,00 abc
Junho/12
62
72
52
38
72
52
78
58
60,50 bd
Julho/12
10
34
48
36
38
36
40
44
35,75 a
Agosto/12
40
62
58
76
44
28
30
70
51,00 ade
Setembro/12
30
84
158
136
46
40
110
98
87,75 bef
Outubro/12
48
200
194
138
152
90
98
106
Novembro/12
16
24
40
96
4
30
78
40
41,00 adh
Dezembro/12
22
88
238
202
50
46
140
90
109,50 befg
Janeiro/13
28
120
174
132
64
24
140
100
97,75 befg
Fevereiro/13
36
142
110
84
56
14
154
106
87,75 befgh
Março/13
12
40
98
166
70
38
58
70
69,00 abeh
128,25 cf
Fonte: A própria autora.
Nota: Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente (p < 0,05), a um
nível de confiança de 95%, pelo teste de T-student.
Tabela 3 – Temperatura, pluviometria e número total de R.(B.) microplus
por bovino, de acordo com as estações do ano, no município de Óleo, SP,
no período de abril de 2012 a março de 2013.
ESTAÇÃO DO ANO
Temperatura
Máxima (°C)
Temperatura
Mínima (°C)
Temperatura
Média (°C)
Precipitação
Pluviométrica
Variação no
Número de
Carrapatos
OUTONO/12
27,9 (-0,815)*
12,5 (-0,926)*
19,6 (-0,869)*
359,1 (-0,004)
57 ± 55
INVERNO/12
29,5 (0,907)*
10,0 (0,957)*
20,0 (0,929)*
84,2 (0,785)*
84 ± 74
PRIMAVERA/12
31,3 (0,946)*
17,0 (0,246)
24,4 (0,576)
318,7 (0,418)
121 ± 117
VERÃO/13
29,3 (0,55)
17,6 (0,845)*
23,6 (0,642)*
649,8 (0,002)
93 ± 81
Fonte: A própria autora.
Nota: Entre parênteses o coeficiente de correlação com o número médio de carrapatos.
* forte correlação entre os parâmetros.
57
Figura 1 - Localização do município de Óleo, no estado de São Paulo,
Brasil.
Minas
Gerais
Mato
Grosso
do Sul
Óleo
Rio de
Janeiro
Paraná
Fonte: Wikimedia Commons, adaptado pela autora.
Figura 2 - Regiões anatômicas para a contagem de carrapatos em bovinos,
propostas por Ana Helena Ferrazzini Marvullo.
Orelha
Cauda
Cupim
Pescoço
Costado
Alto
Flanco
Garupa
Cabeça
Membro
Cranial
Costado
Baixo
Membro
Caudal
Ventre
Costado
Alto
Barbela
Prepúcio
Bolsa
Escrotal
Entrepernas
Costado
Alto
Fonte: Imagem retirada do endereço http://www.jonatasbueno.com/2011/03/em-buscado-boi.html e adaptada pela autora.
58
250
200
150
100
50
0
Fonte: A própria autora.
T° Média
N° Médio de Carrapatos
140,00
120,00
200
100,00
150
100
80,00
60,00
40,00
50
20,00
0
Fonte: A própria autora.
0,00
Número de Carrapatos
Temperatura (°C)
Precipitação Pluviométrica (mm/m²)
250
Precipitação
64
Apêndice C - Formulário para cadastro e identificação dos animais
participantes do estudo.
65
Apêndice D - Formulário para registro das contagens de R. (B.) microplus
em bovinos nas diversas regiões anatômicas propostas.
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MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE E PRODUÇÃO DE