MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE E PRODUÇÃO DE RUMINANTES UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA ANA HELENA FERRAZZINI MARVULLO DISTRIBUIÇÃO ANATÔMICA E DINÂMICA POPULACIONAL DO RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS EM BOVINOS DO MUNICÍPIO DE ÓLEO, SÃO PAULO. Orientador: Prof. Dr. Odilon Vidotto D ARAPONGAS - LONDRINA 2014 ANA HELENA FERRAZZINI MARVULLO DISTRIBUIÇÃO ANATÔMICA E DINÂMICA POPULACIONAL DO RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS EM BOVINOS DO MUNICÍPIO DE ÓLEO, SÃO PAULO. Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação Strictu Sensu em Saúde e Produção de Ruminantes da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) em associação com a Universidade Estadual de Londrina (UEL) como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Saúde e Produção de Ruminantes. Orientador: Prof. Dr. Odilon Vidotto. ARAPONGAS - LONDRINA 2014 AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. Dados Internacionais de catalogação na publicação Universidade Norte do Paraná Biblioteca Central Setor de Tratamento da Informação M354d Marvullo, Ana Helena Ferrazzini Distribuição anatômica e dinâmica populacional do Rhipicephalus (Boophilus) microplus em bovinos no município de Óleo, São Paulo / Ana Helena Ferrazzini Marvullo. Arapongas: [s.n], 2014. 65f. Dissertação (Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes) Saúde de Ruminantes. Universidade Norte do Paraná e Universidade Estadual de Londrina. Orientador: Prof. Dr. Odilon Vidotto 1-Medicina veterinária - dissertação de mestrado - UNOPAR /UEL 2-Bovinos 3-Carrapatos 4-Dinâmica populacional 5-Distribuição anatômica 6-Rhipicephalus (Boophilus) microplus I-Vidotto, Odilon, orient. II-Universidade Norte do Paraná. III-Universidade Estadual de Londrina CDU 619:636.2 ANA HELENA FERRAZZINI MARVULLO DISTRIBUIÇÃO ANATÔMICA E DINÂMICA POPULACIONAL DO RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS EM BOVINOS DO MUNICÍPIO DE ÓLEO, SÃO PAULO. Dissertação apresentada ao programa de pósgraduação Strictu Sensu em Saúde e Produção de Ruminantes da Universidade Norte do Paraná em Associação com a Universidade Estadual de Londrina. COMISSÃO EXAMINADORA ________________________________ Prof. Dr. Odilon Vidotto Universidade Estadual de Londrina ________________________________ Prof. Dr. João Luis Garcia Universidade Estadual de Londrina ________________________________ Prof. Dr. José da Silva Guimarães Júnior Londrina, 30 de maio de 2014. Dedico este trabalho à minha mãe, Ana Narcisa, que sempre incentivou os filhos a alçar voos cada vez mais longos. Mas sempre nos garantiu um porto seguro para retornar. AGRADECIMENTOS A Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Universidade Norte do Paraná (Unopar) por me acolherem e pela base educacional que me proporcionaram. Ao meu orientador, por ter acreditado em mim, ter entendido minhas dificuldades e sumiços, e principalmente pelo incentivo para que eu valorizasse as descobertas deste estudo. Aos professores da graduação, do mestrado e aos que fizeram parte das bancas de defesa e qualificação, pelas contribuições generosas a este trabalho, por entenderem minhas falhas e ajudar na minha formação. Por formarem a profissional que sou e ensinarem os valores de ética e profissionalismo que vou carregar por toda a minha vida. A todos os mestres e professores que passaram pela minha vida escolar. Não se pode começar a construir uma casa pelo telhado, e graças a todos vocês pude construir uma vida profissional estruturada, resguardada pelos ensinos e aprendizados desde a pré-escola. Além do conhecimento transmitido, não posso deixar de agradecer por se preocuparem e comemorarem junto comigo cada conquista alcançada. Ao meu noivo, Gilmar, por me incentivar a cursar o mestrado e a crescer na vida profissional, pelos puxões de orelhas (algumas vezes não compreendidos), por me acalmar, me entender, me perdoar e me fazer voltar ao eixo. Gil, muito do meu crescimento pessoal e profissional eu devo a você! Sou muito feliz por ter o teu colo para me aninhar. T.A. Aos meus avós Helena e Tomaz. Vô, o senhor é exemplo de honestidade, hombridade, caráter e amor, que mesmo sendo quieto, fala e ensina tanta coisa pra gente. Vó Lena, que além do nome, me deu as unhas compridas e esse jeito “estabanada” e falante. A senhora traduz muito bem a palavra generosidade e carinho. Os senhores são o melhor exemplo que alguém pode ter do que é ser um casal perfeito. Que Deus os abençoe muito e espero ainda poder dizer “‘Bença’, vó!, ‘Bença’, vô!” e contar com a sabedoria dos senhores por muitos anos. À minha avó Anita e meu avô Vitório, que mesmo não estando fisicamente presentes, pude senti-los guiando cada passo de minha vida. Queria ter desfrutado de mais balas “Iogurte 100”.... À minha madrinha Maria Aparecida, a Tia Cida, que quando tudo parecia que não ia acabar bem, quando pouquíssimas pessoas se faziam presentes, mostrou o significado das palavras: madrinha, amor e família. Se não fosse o seu apoio, junto com o do Tio Camilo e do Rô, eu não teria chegado até aqui. Mais do que jeitos e trejeitos, a Senhora me ensinou muito de lealdade. Espero poder contar com a Senhora ao meu lado, amparando meus passos, como faz desde que me conheço por gente. Ao meus pais, por terem me dado uma base educacional sólida, me valorizar, correr atrás dos meus sonhos e nunca desistir. Por vibrarem com as minhas conquistas e, principalmente, por não me cobrarem pelas batalhas perdidas. Posso falhar em não demostrar o quanto vocês são importantes na minha vida, mas saibam que são responsáveis por eu ter chegado até aqui, e que os amo, apesar de tudo. Aos meus irmãos, Grazziela e Tomaz Victório, que como todos os irmãos, são chatos, mas não saberia viver sem eles. Certa vez me disseram, que ser filho único é horrível, pois só os irmãos sabem realmente o que o outro sente. E vejo isto no nossos encontros... Brigamos feito cão e gato, mas na hora da conversa e de aprontar, é entre nós que nos entendemos. Amo muito vocês!! (Apesar das suas chatices, e são elas que fazem vocês ser o que são...). Aos meus familiares e agregados por me ensinarem o valor do amor, e o quanto é importante ter família. Ensinar que apesar das diferenças, dos desentendimentos (presentes em toda boa família), o amor e o carinho sempre prevalecem. Aos meus amigos, que são os irmãos que escolhi. Obrigada pelas horas no telefone discutindo casos clínicos, matérias de concurso, resultados de experimentos e mesmo casos amorosos. Obrigada pelas cervejas com espetinho de quarta-feira (que muitas vezes me fizeram parar com os estudos para relaxar), pelas traduções simultâneas de músicas, ou mesmo por um abraço amigo para me aninhar. Obrigada pelos conselhos jurídicos e por entenderem minha ausência, e mesmo com a distância se manterem presentes. Enfim, obrigada pelo risos, choros, aprendizados e ressacas. A família é um presente que Deus nos deu, os amigos são vestígios de Deus na nossa vida. Amo muito, todos vocês... À equipe da Casa da Agricultura que se revezou para me ajudar nas contagens, auxiliando com as anotações, dando risadas, contando “causos” e se preocupando quando coices apareceram. À Prefeitura Municipal de Óleo, pela colaboração e disponibilização para que a minha presença nas aulas do mestrado e a realização do meu estudo fossem possíveis. Ao Senhor Aparecido de Oliveira (Seu Cido Correia), por ter a paciência de me acompanhar em todas as contagens, levando e trazendo o gado, separando e recontando os animais. Sem o Sr., este trabalho teria sido impossível. Ao Edinho, Carlão e Eliano, pela disponibilização dos animais, dos locais para a realização do estudo e pela confiança no meu trabalho. A Deus, que colocou cada “coisa” em minha vida, no momento e no lugar certo. Por ter paciência comigo e entender minha impaciência, minha revolta (por vezes presente) e toda a minha incompreensão. Por nos momentos mais angustiantes mandar alguém com palavras de conforto. Por escrever nas linhas tortas de minha vida, e, no momento certo, me fazer entender que não era a linha que estava torta e sim minha visão que estava turva. E também, por carinhosamente ter colocado cada uma dessas pessoas, que citei acima, para tornar minha jornada mais leve e prazerosa. “A ti a glória, a honra e o poder”. “E ainda se vier, noite traiçoeira. Se a cruz pesada for, Cristo estará contigo. O mundo pode até te fazer chorar, Mas Deus te quer sorrindo...” (Carlos Papae) MARVULLO, Ana Helena Ferrazzini. Distribuição anatômica e dinâmica populacional do Rhipicephalus (Boophilus) microplus em bovinos do município de Óleo, São Paulo. 2014. 65 fls. Dissertação (Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes) – Universidade Norte do Paraná, Universidade Estadual de Londrina, Arapongas-Londrina. 2014. RESUMO A infestação pelo Rhipicephalus (Boophilus) microplus é responsável por significativas perdas econômicas na pecuária mundial, que estão relacionadas com emagrecimento, diminuição da produção de leite, miíases secundárias e transmissão de agentes patogênicos, destacando-se os gêneros Anaplasma e Babesia. O objetivo deste estudo foi determinar a distribuição anatômica e a dinâmica populacional do Rhipicephalus (B.) microplus na cidade de Óleo, estado de São Paulo, com a identificação dos seus picos de infestação e número de gerações anuais, visando fornecer subsídios para a implementação do controle estratégico. Verificou-se também, a associação entre as regiões anatômicas e o número total de carrapatos sobre o animal. O estudo foi conduzido com 08 bovinos machos, mestiços zebutaurino (com grau de sangue variável, conforme rebanho regional). Foi realizada a contagem das fêmeas de R.(B.) microplus, maiores que 4 mm, existentes do lado direito no animal, a cada 4 semanas, no período entre abril de 2012 e março de 2013. Obteve-se o maior número de carrapatos por animal em outubro (128,25), e o menor em abril (35,5), com a existência de 3 picos de infestação no período do estudo, sendo o primeiro em maio, o segundo em outubro e o último em dezembro. Verificou-se a existência de três gerações anuais de carrapatos, que foram influenciadas pela temperatura média, mínima e máxima, e precipitação pluviométrica. As regiões anatômicas com maior média de carrapatos foram membro caudal (22,85), entrepernas (12,90), ventre (8,94), prepúcio (8,25) e membro cranial (7,33), e as menores infestações médias ocorreram na cabeça (0,46), flanco (0,46), costado alto (0,85), garupa (1,33) e cauda (2,15). Das regiões Crânio-caudal, a posterior obteve o maior número médio de carrapatos (32,42 – 45,9%) e a anterior o menor (17,73 – 23,4%). A temperatura mínima, a pluviosidade e a radiação solar interferiram nas infestações das regiões dorso-ventral, nos meses frios as menores infestações foram encontradas nas áreas mistas e nos meses quentes nas altas. A região baixa se manteve sempre com a maior média (60,96 – 83,5%). Das diferentes regiões anatômicas propostas pela autora, o número de carrapatos do membro caudal e da entrepernas mostraram ter forte correlação com o total, +0,88 e +0,70, respectivamente. Esses mesmos dados, agrupados segundo regiões previamente estabelecidas obtiveram correlação mais forte com o total de carrapatos, sendo +0,96 (mediana), +0,90 (posterior) e +0,70 (entrepernas).No presente estudo a região entrepernas não foi o melhor espelho do número total de carrapatos, no entanto é a região recomendada para estimativas de infestação, visto a sua facilidade de acesso. Palavras Chave: bovinos; carrapatos; dinâmica populacional; distribuição anatômica; Rhipicephalus (Boophilus) microplus. MARVULLO, Ana Helena Ferrazzini. Anatomical distribution and population dynamics of Rhipicephalus (Boophilus) microplus in cattle in the municipality of Óleo, São Paulo. 2014. 65 p. Dissertation (Mestrado em Saúde e Produção de Ruminantes) – Universidade Norte do Paraná, Universidade Estadual de Londrina, Arapongas - Londrina. 2014. ABSTRACT The Rhipicephalus (Boophilus) microplus infestation is responsible for significant economic losses in livestock worldwide, that are relate to weight reduce, decreased milk production, secondary myiasis and disease transmission, especially the genera Anaplasma and Babesia. The objective of this study was to determine the anatomical distribution and population dynamics of Rhipicephalus (Boophilus) microplus in the municipality of Óleo, estate of São Paulo, with the identification of its peak infestation and number of annually generation, to provide input for the implementation of strategic control. It was also research the association between anatomical regions and ticks total on the animal. This study was conduzed with 08 male cattle, crossbred zebu-taurine (with breed varying in accordance with the regional herd). Count of females R. (B.) microplus, greater than 4mm, the existing right side of the animal was perform between April 2012 and March 2013. The highest ticks number per animal happened in October (128.25), and the lowest in April (35.5), with three infestation peaks during the study, the first in May, the second in October and the last in December. We verified the existence of three ticks annual generation, with were influenced by the minimum and maximum mean temperature and rainfall. The anatomical regions with highest average ticks were caudal limb (22.85), crotch (12.90), abdomen (8.94), foreskin (8.25) and cranial limb (7.33), and smaller infestations averages occurred in the head (0.46), flank (0.46), high ribbing (0.85), rump (1.33) and tail (2.15). Cranio-caudal regions, the posterior had the highest ticks mean (32.42 – 45.9%) and the anterior the lowest (17.73 – 23.4%). The minimum temperature, the rainfall and the solar radiation interfered in dorsal-ventral regions infestation, in cold months the lowest infestations was found in the mixed areas and in the warm months in the high regions. The lower region has always had the highest averages (60.96 – 83.5%). The ticks number of the caudal limb and crotch presented strong correlation with the ticks total number, +0.88 and +0.70, respectively. These same data, grouped according to previously established regions have a stronger correlation with the total ticks, being +0.96 (median), +0.90 (posterior) and +0.70 (crotch). In the present study, the crotch region was not the best mirror of the ticks’ total number, however the region is recommended for estimates infestation, as its ease of access. Keywords: anatomical distribution; cattle; population dynamics; Rhipicephalus (Boophilus) microplus; ticks. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Localização do município de Óleo, no estado de São Paulo, Brasil. ........ 57 Figura 2 - Regiões anatômicas para a contagem de carrapatos em bovinos, propostas por Ana Helena Ferrazzini Marvullo. ........................................................ 57 Figura 3 - Variação do número de R. (B.) microplus em bovinos, não tratados, no município de Óleo, estado de São Paulo, entre abril de 2012 e março de 2013. ........................................................................................................ 58 Figura 4 - Valores de pluviometria, temperatura média mensal e média de R. (B.) microplus por bovino não tratado, no município de Óleo, estado de São Paulo, no período de abril de 2012 a março de 2013. .............................. 58 Figura 5 - Número de R.(B.) microplus por região Crânio-Caudal de bovinos para o município de Óleo, SP, no período de abril de 2012 a março de 2013. ... 59 Figura 6 - Número de R.(B.) microplus por região Dorso-ventral de bovinos não tratados, temperatura mínima e radiação solar, para o município de Óleo, SP, no período de abril de 2012 a março de 2013. .................................. 60 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Descrição das regiões anatômicas, utilizadas para a contagem de carrapatos, propostas por Ana Helena Ferrazzini Marvullo. ..................... 55 Tabela 2 - Número total de R. (B.) microplus por bovino, no município de Óleo, estado de São Paulo, no período de abril de 2012 a março de 2013. ................. 56 Tabela 3 –Temperatura, pluviometria e número total de R.(B.) microplus por bovino, de acordo com as estações do ano, no município de Óleo, SP, no período de abril de 2012 a março de 2013. ........................................................... 56 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 17 2.1 BIOLOGIA DO RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS ........................................ 17 2.1.1 Fase de Vida Livre ...................................................................................... 17 2.1.1.1 Queda da fêmea ingurgitada (teleógina) ................................................ 18 2.1.1.2 Período de pré-postura .......................................................................... 18 2.1.1.3 Período de postura ................................................................................. 19 2.1.1.4 Período de incubação ............................................................................ 19 2.1.1.5 Período larval ......................................................................................... 20 2.1.2 Fase Parasitária ......................................................................................... 21 2.2 RESISTÊNCIA DO BOVINO AO RHIPICEPHALUS (B.) MICROPLUS ................................ 22 2.2.1 Fatores que Afetam a Resistência dos Bovinos ao Carrapato ................... 22 2.2.1.1 Raça ....................................................................................................... 22 2.2.1.2 Autolimpeza............................................................................................ 23 2.2.1.3 Pelame ................................................................................................... 24 2.2.1.4 Sexo ....................................................................................................... 25 2.2.1.5 Idade ...................................................................................................... 25 2.2.1.6 Nutrição .................................................................................................. 25 2.2.1.7 Mastócitos dérmicos ............................................................................... 26 2.2.1.8 Estresse ................................................................................................. 26 2.3 MÉTODOS DE CONTROLE ..................................................................................... 26 2.3.1 Acaricidas ................................................................................................... 26 2.3.2 Rotação de Pastagem ................................................................................ 27 2.3.3 Controle Biológico ...................................................................................... 28 2.3.4 Controle Estratégico ................................................................................... 28 2.3.5 Vacinas ....................................................................................................... 29 2.3.6 Outros Métodos .......................................................................................... 30 2.4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE BOVINOS AO CARRAPATO. ................ 31 2.5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 32 3 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 34 4 OBJETIVO ................................................................................................ 40 4.1 GERAL................................................................................................................ 40 4.2 ESPECÍFICO ........................................................................................................ 40 5 ARTIGO .................................................................................................... 41 RESUMO ..................................................................................................................... 41 ABSTRACT................................................................................................................... 41 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 42 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 43 Local do Estudo......................................................................................................... 43 Dados Climáticos ...................................................................................................... 43 Animais ................................................................................................................... 44 Contagem dos Carrapatos Rhipicephalus (Boophilus) microplus.............................. 44 Análise Estatística ..................................................................................................... 45 RESULTADOS .............................................................................................................. 46 Dados Climáticos ...................................................................................................... 46 Contagem de Carrapatos .......................................................................................... 47 Número de Gerações ................................................................................................ 47 Distribuição Anatômica dos Carrapatos .................................................................... 48 Total de Carrapatos x Carrapatos por Região Corporal ............................................ 48 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES ......................................................................................... 49 REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 52 6 CONCLUSÕES ......................................................................................... 61 7 ANEXOS................................................................................................... 62 8 APÊNDICES ............................................................................................. 63 15 1 INTRODUÇÃO Encontramos carrapatos parasitando animais em todos os continentes do mundo (LABRUNA, 2005), existem hoje registradas mais de 800 espécies de carrapato, dentre as quais pelo menos 700 possuem especificidade de hospedeiro, e 680 pertencem a espécie Ixodidae (CORDOVÉS, 1997; BRITO et al., 2006). Dentre os artrópodes hematófagos, os carrapatos são responsáveis pela transmissão do maior número de variedades de agentes patogênicos, sendo a maioria destes transmitidas aos vertebrados pela saliva (BRITO et al., 2006). O Rhipicephalus (Boophilus) microplus é comumente conhecido como “carrapato de boi” (FORTES, 2004), segundo Gonzales (1975), a sua entrada no Brasil pode ter ocorrido com a vinda de animais comprados do Chile, no início do século XVIII, via Rio Grande do Sul. O R. (B.) microplus é o responsável por significativas perdas econômicas em todo o mundo. Um bovino, por exemplo, se parasitado por mais de 200 carrapatos por um período de seis semanas, pode vir a óbito, devido aos danos causados pela espoliação (MARTINS, 2009). O carrapato do boi também é transmissor de dois gêneros de agentes patogênicos de importância na pecuária, o Anaplasma e a Babesia, que juntos formam o complexo denominado “Tristeza Parasitária Bovina” (TPB) (MATIAS et al., 2011). Horn et al. (1983), em seu estudo dizem: “Carrapatos. A parasitose de um bilhão de dólares”, este título foi atribuído, em seu levantamento, graças a quantificação das perdas por diminuição da produção de leite, mortalidade, diminuição da natalidade, consumo de carrapaticidas, investimentos em banheiros e aspersores, perdas de peso, mão de obra, qualidade do couro, doenças e ensino no Brasil, no ano de 1983. Este mesmo trabalho relata a ocorrência de carrapatos em 95,6% dos municípios brasileiros, sendo que em 80% a infestação foi considerada alta. Desde então, nenhum outro estudo econômico sobre as perdas causadas pelo carrapato foi realizado no Brasil, mas baseando-se nos dados do Sindicato Nacional da Industria de Produtos para a Saúde Animal (SINDAN) (2014) sobre o comércio de produtos veterinários farmacêuticos e biológicos no Brasil, que movimentou em 2013 quase R$ 4 bilhões de reais, sendo destes R$ 989 milhões (25%) em antiparasitários, é possível afirmar que nos dias atuais as perdas são maiores do 1 bilhão de dólares. 16 O controle convencional do carrapato baseia-se principalmente na aplicação de acaricidas, realizado sem o devido conhecimento do comportamento e aspectos biológicos da espécie, fazendo com que a resistência aos princípios ativos mais utilizados apareça precocemente (PEREIRA, 2008). Com a crescente valorização dos produtos sem resíduos químicos e que não poluem o ambiente, o uso indiscriminado dos carrapaticidas tem se tornado um motivo de preocupação permanente (CATTO, ANDREOTTI e KOLLER, 2010). Métodos alternativos, como fitoterápicos e controle biológico com o uso de fungos, tem sido empregados mas sem grandes êxitos (PEREIRA, 2008). O prolongamento da vida de um princípio ativo acaricida no mercado é possível através do seu uso adequado, ou seja, do controle estratégico. Neste, os produtos são aplicados em épocas apropriadas, impedindo que ocorra um aumento do número de carrapatos no ambiente (PEREIRA, 2008). O controle no ambiente é importante, uma vez que 95% dos carrapatos existentes em uma propriedade encontram-se na fase de vida livre (FURLONG e MARTINS, 2000). Para esse controle, no entanto, é necessário o conhecimento da biologia do carrapato em cada região (PEREIRA, 2008). Aliado ao uso racional dos princípios ativos comerciais, a seleção de animais mais resistentes pode contribuir de modo positivo, econômico e rápido no problema do controle do R. (B.) microplus (VILLARES, 1941). A identificação dos animais mais resistentes pode ser feita através da contagem do número de carrapatos sobre o animal. A contagem manual de fêmeas com mais de 4 mm de comprimento em um dos lados do animal (VILLARES, 1941), é o método mais utilizado. No entanto, a sua execução demanda tempo e oferece risco ao executor, por ser necessário tocar diversas regiões de difícil acesso do corpo do animal. O objetivo deste estudo foi determinar a dinâmica populacional do R. (B.) microplus no município de Óleo, estado de São Paulo, com a identificação dos seus picos de infestação e número de gerações anuais, além de verificar a possibilidade de uso de regiões anatômicas para determinar o número total de carrapatos e assim selecionar os animais resistentes do rebanho com mais facilidade. 17 2 2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA BIOLOGIA DO RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS O Rhipicephalus (Boophilus) microplus é um parasito obrigatório, que tem o bovino como o seu hospedeiro primário. Todas as suas ecdises são feitas sobre um só hospedeiro, classificando-o como ixodídeo monóxeno (FORTES, 2004). Suas principais características morfológicas são: gnatossoma com base hexagonal, rostro e palpos curtos, achatados e rugosos, escudo sem ornamentação, presença de olhos, peritremas arredondados ou ovais, e machos apresentando duplo par de placas adanais e extremidade posterior com apêndice caudal. Os machos medem de 1,75 a 2 mm de comprimento por 1 a 1,2 mm de largura e as fêmeas medem de 2,35 a 2,85 mm de comprimento por 1,4 a 1,5 mm de largura. As fêmeas ingurgitadas podem atingir até 13 mm de comprimento por 9 mm de largura (FORTES, 2004). O ciclo de vida do carrapato do boi é dividido em 2 fases: a de vida livre, que ocorre no solo, e a parasitária, sobre o hospedeiro (GONZALES, 1975; VERÍSSIMO, 1991). Sabe-se que 95% dos carrapatos se encontram em vida livre, ou seja, no ambiente, estando sob a forma de fêmeas ingurgitadas em pré-postura e postura, ovos em incubação e larvas esperando um hospedeiro. Os demais 5% estão em fase parasitária, sobre os bovinos, e são larvas, ninfas e adultos (CHAGAS, FURLONG e NASCIMENTO, 2001). 2.1.1 Fase de Vida Livre A fase de vida livre se inicia após a queda da teleógina, com o período de pré-postura, e estende-se até que as larvas infestantes tenham acesso a um hospedeiro (CHAGAS, FURLONG e NASCIMENTO, 2001). Essa fase é a que sofre mais influência dos fatores climáticos, como temperatura máxima, umidade relativa do ar, temperatura mínima, luminosidade e precipitação pluviométrica (CHAGAS, FURLONG e NASCIMENTO, 2001; FARIAS et al., 1995; GLÓRIA et al., 1993). Devido a essa influência climática, é necessário um período de tempo 18 mais longo nos meses de junho-julho para que a fase de vida livre do carrapato se complete, o que determina um espaço entre gerações maior e uma redução da capacidade reprodutiva do parasita, devido a menor eclodibilidade das larvas (FARIAS et al., 1995). 2.1.1.1 Queda da fêmea ingurgitada (teleógina) O comportamento de queda das fêmeas ingurgitadas apresenta diferenças significativas entre verão/outono e inverno. No verão/outono a queda ocorre em maior volume nas primeiras horas da manhã, continuando ao longo de todo o dia e inclusive a noite, porém em menor quantidade. Já no inverno a queda ocorre em dois picos durante o dia, das 6h às 9h e das 14h às 17h (PAULA e FURLONG, 2002). O principal determinante da queda das teleóginas é o ingurgitamento, seguido do fotoperíodo. Entretanto outros fatores como as condições físicas externas, o estado fisiológico e movimento do animal, como o relacionado ao pastejo, também exercem influência (PAULA e FURLONG, 2002). 2.1.1.2 Período de pré-postura Considera-se período de pré-postura o tempo que se passa desde a queda da fêmea ingurgitada até a expulsão do primeiro ovo, que em boas condições climáticas dura de dois a quatro dias (VERÍSSIMO, 1991). As fêmeas ingurgitadas podem se deslocar desde quando caem no solo até o início da oviposição, em busca de locais sombreados e com menor temperatura para a incubação de seus ovos. Este movimento é intensamente influenciado pela luminosidade, umidade e cobertura vegetal, sendo que quanto maior for a cobertura vegetal menor será o deslocamento. As temperaturas mais elevadas estimulam um maior deslocamento em busca de um local mais adequado, enquanto que em dias nublados e úmidos as fêmeas quase não se movimentam, e em temperaturas abaixo de 15 °C com umidade em torno de 95% elas ficam imóveis (CHAGAS, FURLONG e NASCIMENTO, 2001). Maiores períodos de pré-postura foram constatados nos meses mais frios (de maio até outubro) e menores nos meses quentes (de novembro a abril), 19 variando inversamente com a temperatura, a umidade relativa do ar e a precipitação pluviométrica (SANTARÉM e SARTON, 2003; FARIAS et al., 1995). Para a temperatura de 27,2 °C espera-se de 2 a 4 dias de pré-postura, enquanto para 32,2 °C somente 2 dias (GLORIA et al., 1993). 2.1.1.3 Período de postura O período de postura é a fase entre a liberação do primeiro e o último ovo da teleógina (VERÍSSIMO, 1991). Glória et al. (1993) relataram período de postura de 9 a 42 dias à 17 °C, de 3 a 16 dias à 27 °C e de 4 a 17 dias à 32 °C. No entanto, há divergências sobre a influência da temperatura no período de postura. Farias et al. (1995) e Santarém e Sarton (2003) afirmam que nesta fase a temperatura irá influenciar mais na dinâmica de postura dos ovos do que no volume da massa desses, ou seja, a capacidade de postura das teleóginas não é alterada, mas tem-se uma postura mais rápida no verão e mais lenta no inverno, concordando com os achados acima. Enquanto que Borges et al. (2001) obtiveram maiores índices de eficiência reprodutiva - IER (IER= peso da massa de ovos / peso inicial da fêmea x 100) no período seco, de abril a setembro, e menores no período das chuvas, de outubro a março, e Glória et al. (1993) obtiveram relação direta entre o peso médio da massa de ovos e a temperatura. Outro fator que interfere na quantidade de ovos postos é o peso das fêmeas. Quanto maior for o peso da fêmea, mais ovos essa conseguirá produzir (BORGES et al, 2001; SANTOS e FURLONG, 2002). Contrariando o que se pensava, as quenóginas (fêmeas que terminaram a postura) podem viver por até 78 dias, sendo que a duração da vida póspostura é inversamente proporcional a temperatura ambiente, ou seja, menores temperaturas tendem a prolongar o período (GLÓRIA et al., 1993). 2.1.1.4 Período de incubação É o período embrionário, vai desde a postura do primeiro ovo até a eclosão da primeira larva ( VERÍSSIMO, 1991). O ovo sofre grande influência da precipitação pluviométrica, da temperatura mínima e máxima (FARIAS et al., 1995). 20 Conforme há um aumento da temperatura, considerando o intervalo de 16 °C a 33 °C, há uma diminuição do tempo de incubação do ovos, que pode variar de 16 a 98 dias (GLÓRIA et al., 1993; PEREIRA, 2008). Os maiores períodos de incubação foram encontrados nos meses de junho a setembro (FARIAS et al, 1995; SANTARÉM e SARTON, 2003) e os menores entre fevereiro e abril (PEREIRA, 2008). No entanto, temperaturas baixas e umidade abaixo de 60%, proporcionam a dessecação dos ovos e morte desse estágio do carrapato (SANTARÉM e SARTON, 2003), que é o mais sensível as intempéries climáticas (PEREIRA, 2008). A eclodibilidade das larvas também sofre grande influência ambiental, principalmente da temperatura mínima, máxima e precipitação pluviométrica, atingindo os maiores índices nos meses de outubro a janeiro e os menores nos meses de junho a agosto (FARIAS et al., 1995; PEREIRA, 2008). Hitchcock (1955 apud VERÍSSIMO, 1991) comprovou que algumas larvas, apesar de terem se desenvolvido, não conseguem eclodir em temperaturas abaixo de 15 °C, e, mesmo mantendo-se viáveis dentro dos ovos, contribuem para uma baixa eclodibilidade. 2.1.1.5 Período larval As larvas recém-eclodidas são chamadas de neo-larvas e não possuem poder infestante, o qual é alcançado 4 a 6 dias mais tarde (FORTES, 2004; GONZALES, 1975). Após tornar-se larva infestante, ela inicia a subida na vegetação. Esta subida sofre influência da temperatura ambiental, pois ocorre nas primeiras e últimas horas do dia, quando a temperatura é mais amena, diminuindo assim a perda de água para o meio (FURLONG, CHAGAS E NASCIMENTO, 2002). Apesar das larvas subirem uma a uma, elas se agrupam na vegetação, afim de ficarem mais protegidas da exposição direta aos raios solares, ventos e por consequência da dessecação. Esses grupos vão variar de tamanho de acordo com a estação do ano, sendo que no verão são menores, para facilitar a ventilação, e no inverno, maiores, para se protegerem das baixas temperaturas (FURLONG, CHAGAS E NASCIMENTO, 2002). Também nota-se uma diferença na atividade dessas larvas, ficando mais agitadas no inverno e mais letárgicas no verão, quando devem evitar a perda de água para o ambiente (FURLONG, CHAGAS E NASCIMENTO, 2002). Quando estimuladas pelo dióxido de carbono, odores e sombra do 21 hospedeiro, as larvas deixam o local da folha onde se abrigam das condições climáticas adversas para se voltar à extremidade desta, assumindo uma postura de busca do hospedeiro (FURLONG, CHAGAS E NASCIMENTO, 2002). Quanto a sobrevivência das larvas, há uma menor longevidade daquelas nascidas nos meses quentes, de dezembro a março, como consequência da influências das altas temperaturas, e maior nos meses de abril a junho (PEREIRA, 2008; SANTARÉM e SARTON, 2003). Também pode-se observar que a duração dos períodos de prépostura e eclosão são inversamente proporcionais à sobrevida da larva, ou seja, larvas que passaram por longos períodos de pré-postura e eclosão tem baixa longevidade (PEREIRA, 2008). 2.1.2 Fase Parasitária A fase parasitária é caracterizada por apresentar evoluções morfológicas sobre o hospedeiro, onde se pode diferenciar os estádios de larva, ninfa e adulto, e pela alimentação sanguínea (BRITO et al., 2006). Tem duração de aproximadamente 22 dias (GONZALES, 1975). O desenvolvimento dessa fase sofre pouca influência dos fatores climáticos, já que o microclima que envolve o parasito está intimamente relacionado com a fisiologia do bovino (CORDOVÉS, 1997). Verificou-se um tropismo dos parasitos por algumas regiões do corpo do animal que possuem maior vascularização e sombreamento, pele de menor espessura e maior dificuldade de acesso às lambidas do animal (PAIVA NETO, 2004), são elas: entrepernas, tábua do pescoço, barbela, base da cauda (GONZALES, 1975; SANTOS e FURLONG, 2002), períneo, ânus, vulva, axila, úbere, peito e face interna da orelha (PAIVA NETO, 2004; VERÍSSIMO, 1991). Os carrapatos não se distribuem uniformemente pelas regiões corpórea do animal, há uma maior infestação na região posterior (todo o quarto traseiro), seguida da região mediana (da pós-escapular à pré-crural) e por último a região anterior (da cabeça à região por trás da escápula) (CARDOSO, FRIES E ALBUQUERQUE, 2000; OLIVEIRA E ALENCAR, 1990). Uma fêmea pode ingerir até 2 mililitros de sangue no período que fica sobre o hospedeiro e ficar 10 vezes maior do que o macho (GOMES, 2009; MARTINS, 22 2009). Ao longo do dia é relativamente baixo o crescimento das fêmeas semiingurgitadas. No entanto, durante a noite as fêmeas tornam-se mais ativas e as que encontram-se quase totalmente ingurgitadas, aumentam rapidamente de tamanho, completando o ingurgitamento ao amanhecer do dia seguinte (WHARTON e UTECH, 1970). 2.2 RESISTÊNCIA DO BOVINO AO RHIPICEPHALUS (B.) MICROPLUS A resistência ao carrapato consiste na habilidade de um animal limitar o número de carrapatos que se tornam maduros sobre ele. Esta habilidade depende de fatores ambientais, fisiológicos, comportamentais, imunológicos e anatômicos, que caracterizam as raças (SUGUISAWA, 2004). São descritos dois tipos de resistência: a resistência inata, que já está presente quando ocorre a primeira infestação; e a resistência adquirida, que começa a ser notada após o animal ser exposto a algumas infestações por carrapatos (O’KELLY e SPIERS, 1976). O que diferencia um animal resistente de um susceptível é a velocidade de reação do organismo à fixação da larva, sendo a hipersensibilidade mediada por anticorpos a mais importante (VERÍSSIMO, 1991). 2.2.1 Fatores que Afetam a Resistência dos Bovinos ao Carrapato 2.2.1.1 Raça Vários autores comprovaram a maior susceptibilidade dos taurinos ao R. (B.) microplus quando comparados aos zebuínos. (GONZALES, 1975; MORAES et al., 1986; O´KELLY e SPIERS, 1976; OLIVEIRA e ALENCAR, 1990; SILVA et al., 1993; SANTOS JÚNIOR, FURLONG e DAEMON, 2000; VERÍSSIMO, 1991; VILLARES, 1941). Já na primeira exposição aos carrapatos, o zebu mostra uma melhor resposta imunológica do que o taurino, evidenciando as diferenças na resposta inata entre as espécies. Entretanto, é possível que os anticorpos maternos, transmitidos de forma passiva através do colostro, sejam um importante componente nos mecanismos de resistência no animal jovem (O´KELLY e SPIERS, 1976). 23 O estudo de Villares (1941) mostra essa maior resistência dos zebuínos. Comparando o número de carrapatos encontrados nos bovinos de diversas raças, foi encontrado 5% do total dos carrapatos em animais de raças zebus, 7% em animais de raças nacionais ou crioulas e 88% nas raças europeias, que também possuíam os maiores carrapatos. Houve também diferença entre as raças indianas, sendo o Nelore mais resistente do que o Gir e Guzerá, sendo esta última a detentora dos maiores carrapatos. Moraes et al. (1986) comparou a susceptibilidade natural de animais da raça Gir (zebuínos) e Holandesa (taurinos) quando submetidos a um ambiente com alta infestação de carrapatos. Já na segunda semana do início do experimento, foi observado uma carga parasitária maior nos taurinos. Na sexta semana, a contagem média de partenóginas nos taurinos era 15 vezes maior do que nos zebuínos, enquanto que estes apresentavam uma quantidade de larvas e ninfas equivalentes a 1/4 da carga nos taurinos. Durante o estudo, o número de carrapatos adultos permaneceu próximo de zero nos zebuínos mas não nos taurinos. Além disso, entre a 6ª e a 8ª semana os dois taurinos mais susceptíveis morreram, e o mais resistentes morreram no 63º e 110º dia, enquanto que todos os zebuínos sobreviveram, apresentando apenas emagrecimento e dermatite. Oliveira e Alencar (1990) com animais de seis graus de sangue Holandês x Guzerá, e O´Kelly e Spiers (1976) com animais britânicos (1/2 Shorthorn x ½ Hereford) e zebuínos (1/2 Brahman x 1/2 British), observaram que a resistência diminui à medida que aumenta o grau de sangue europeu. Deve-se esperar que bovinos de raça europeia, criados e selecionados há várias gerações no Brasil, sejam mais resistentes ao R. (B.) microplus do que aqueles recém introduzidos no país ou que nunca tiveram uma infestação, uma vez que essa característica é adquirida, herdável e influi na sobrevivência do bovino nos trópicos (morte dos mais susceptíveis) (VERÍSSIMO, 1991). É importante lembrar que dentro da mesma raça há variações, fazendo com que cada indivíduo tenha as suas próprias características de susceptibilidade e resistência (VILLARES, 1941). 2.2.1.2 Autolimpeza A autolimpeza, defesa por lambedura, pelo ato de se coçar, ou pela 24 fricção contra paredes ou outras superfícies, é um dos componentes mais importantes da resistência do bovino, diminuindo o número de carrapatos no animal (MORAES et al., 1986; VERÍSSIMO, 1991). Para uma boa autolimpeza é necessário que o animal atinja locais de difícil acesso, como períneo, virilha, saco escrotal, face interna e externa da perna, base da caudal e região perivulvar, que são os locais de predileção do carrapato. Ao observar o animal no pasto nota-se não somente um contorcionismo para atingir os locais infestados, como também posturas e atitudes não usuais a espécie bovina, como por exemplo, coçar a orelha com a pata traseira, para se livrar de carrapatos que estejam dentro e fora do pavilhão auricular. Como o bovino não consegue lamber a região da cabeça e pescoço, normalmente a autolimpeza nessa região é feita roçando em troncos de árvores, paus e cercas (VERÍSSIMO, 1991). Veríssimo (1991) sugere que quanto mais áspera for a língua do bovino, mais eficiente será a sua autolimpeza, e por consequência a retirada das larvas. A autora também salienta que não há estudos relacionando a aspereza da língua de bovinos com a resistência a carrapatos, sendo necessário investigar essa hipótese. Boa parte da resistência dos zebus ao carrapato pode ser atribuída ao fato da sua autolimpeza ser mais eficiente do que a dos taurinos. A anatomia dos zebuínos, por ser mais longilínea, lhe confere mais flexibilidade e, portanto, maior área de pele passível de lambedura (MORAES et al., 1986). 2.2.1.3 Pelame A tentativa de associar as características da pele e do pelame com a resistência do bovino ao carrapato já é bem antiga (VERÍSSIMO, 1991). Em 1941, Villares observou que as raças mais resistentes, Gir, Nelore, Guzerá, Caracu e Mocha Nacional, tem pelo mais curto do que as raças europeias em geral. Assim como nas raças Aberdeen-Angus, Holandesa e Flamenga, os animais mais resistentes possuem os pelos mais curtos, e os mais sensíveis mais longos. A espessura do pelame é um fator importante na infestação de carrapatos, sendo tanto maior a infestação quanto maior for a espessura do pelame. Pelos mais espessos e compridos estabelecem um microclima mais adequado ao desenvolvimento do parasito, além de dificultarem o ato da autolimpeza, tão 25 importante na diminuição da carga parasitária (FRAGA et al., 2003). Outro ponto importante é a adaptação do animal ao ambiente. Animais de pelos curtos são mais apropriados para regiões tropicais, enquanto que os de pelagem mais densa sofrem mais estresse térmico, por causa das condições climáticas (FRAGA et al., 2003). 2.2.1.4 Sexo O sexo do animal afeta a resistência ao R. (B.) microplus, independente da raça (zebuínos, taurinos ou mestiços), sendo as fêmeas mais resistentes do que os machos (VERÍSSIMO, 1991). 2.2.1.5 Idade No estudo da Veríssimo (1991) com animais mestiços leiteiros, os animais de até seis meses de idade foram os mais resistentes ao carrapato. À medida que eles cresceram foram se tornando menos resistentes, passando por uma fase de suscetibilidade na época de puberdade. A resistência se estabilizou quando os animais estavam completamente maduros. Um elevado nível sérico de glicocorticoides explicaria o porquê da resistência do carrapato diminuir na puberdade, pois os potentes efeitos antiinflamatório e antialérgico que possuem esse hormônio atenuam a reação inflamatória que acontece nos locais de fixação da larva, facilitando a permanência desta no hospedeiro, semelhante ao que ocorre quando se administra anti-histamínicos (VERÍSSIMO, 1991). 2.2.1.6 Nutrição Estudos com bovinos de corte, associaram o peso corporal com a resistência a carrapatos. Eles observaram que os animais de maior peso corporal eram os mais resistentes e os que obtiveram o maior ganho, proporcional, de peso (LABRUNA e VERÍSSIMO, 2001; SILVA et al., 1993). Os autores sugerem que a maior resistência pode estar associada à maior competência do sistema imune dos animais com melhor estado nutricional. 26 2.2.1.7 Mastócitos dérmicos A importância da concentração de mastócitos dérmicos na resistência a infestação por carrapatos é relatada por Moraes et al. (1992), que encontrou uma concentração duas vezes maior em zebuínos, quando comparada com taurinos. A maior concentração de mastócitos favorece uma melhor resposta imune à picada do carrapato. 2.2.1.8 Estresse O estresse causa um aumento na secreção de glicocorticoides na corrente sanguínea, e seu efeito anti-inflamatório e antialérgico pode atenuar a reação inflamatória que ocorre no local de fixação da larva, diminuindo a reação de autolimpeza, o que contribui para a permanência do parasito no hospedeiro, ou seja, diminui a resistência do animal de forma indireta (VERÍSSIMO, 1991). 2.3 MÉTODOS DE CONTROLE 2.3.1 Acaricidas A aplicação de acaricidas passou a ser rotineira a partir de 1896 com o uso do arsênico no controle de carrapatos em bovinos. A evolução da resistência, assim como a preocupação com a saúde e os resíduos, incentivou o desenvolvimento de novas moléculas, levando a existência do grande número de produtos hoje disponíveis (ANDREOTTI, 2010). Os carrapaticidas podem ser classificados em famílias/grupos químicos ou de acordo com a sua forma de ação, em carrapaticidas “de contato” ou “sistêmicos”. Os de contato são aplicados por meio de pulverização, imersão ou “pour on”, e como o nome indica, é necessário o contato do produto com o carrapato para que, penetrando pelos orifícios naturais ou mesmo pela cutícula, haja intoxicação e morte. Os sistêmicos são aplicados por meio de injeções subcutâneas ou intramusculares, por derrame dorsal no lombo do bovino, ou pulverização em ambos os lados da linha mediana dorsal. Os princípios ativos dos produtos são metabolizados pelo organismo e distribuídos por todo o corpo do animal, chegando, através da 27 circulação, aos carrapatos, que então são intoxicados (ANDREOTTI, 2010; CATTO, ANDREOTTI e KOLLER, 2010). A resistência do carrapato ao carrapaticida nada mais é do que os mecanismos que ele encontra para sobreviver à aplicação do carrapaticida. Os mais utilizados são: redução da taxa de penetração do produto, mudanças no metabolismo, no armazenamento e na eliminação do produto químico, e alterações no local de ação do produto (FURLONG, MARTINS e PRATA, 2007). Em ambientes de forte pressão seletiva, o aparecimento de carrapatos resistentes é inevitável (CATTO, ANDREOTTI e KOLLER, 2010). Estudos realizados por todo o território brasileiro mostram uma enorme variação da resistência dos carrapatos aos princípios ativos mais usados. Observando esses dados podemos ver como o cenário é preocupante, pois apenas 11 dos 32 testes de eficácia (34,4%) obtiveram valores satisfatórios segundo a legislação brasileira, ou seja, mais de 95% de eficácia (BRASIL, 1997). Dentre os princípios ativos utilizados, somente o amitraz, a cipermetrina e os organofosforados, sozinhos ou em associação, obtiveram eficácia satisfatória. (CAMILO et al., 2009; FARIAS, RUAS e SANTOS, 2008; GOMES, KOLLER e BARROS, 2011; MARQUES, ARANTES e SILVA, 1995; MENDES et al., 2001; MERLINI e YAMAMURA, 1998; SANTOS et al., 2008; UENO et al., 2012; VITA et al., 2012). No estado de São Paulo, o cenário é ainda pior. Mendes et al. (2001) só obtiveram eficácia acima de 95% para o amitraz e a associação de organofosforados + piretróides. Já Ueno et al. (2012) avaliando a eficácia da cipermetrina (17%), deltametrina (27%), amitraz (73%), clorpirifós + cipermetrina (79%) e clorpirifós + diclorfós (76%), não obtiveram nenhum valor satisfatório. 2.3.2 Rotação de Pastagem Outro método de controle, que pode ou não ser associado aos demais, é a rotação de pastagem. O método baseia-se na retirada dos bovinos das pastagens até que o período de longevidade dos carrapatos seja ultrapassado. Para um bom resultado é necessário o conhecimento do tempo de sobrevivência das larvas na pastagem utilizada e na região, para assim estabelecer o tempo adequado de descanso das pastagens (PEREIRA, 2008). São necessários, em média, 60 dias de vedação do pasto para que o 28 nível de infestação seja reduzido a 10 ou menos larvas infestantes por metro quadrado, possibilitando uma higienização significativa (FURLONG, 1998b; GOMES, 2009). Esse período de vedação é bem maior do que os 30 a 45 dias, normalmente utilizados para a recuperação da pastagem nos sistemas de produção de bovino leiteiro (FURLONG, 1998b). A descontaminação do pasto em menor tempo pode ser obtida em épocas de temperatura mais elevada (SOUZA et al., 1993). 2.3.3 Controle Biológico Uma forma de controle biológico é a utilização de animais resistentes como “aspiradores de larvas” da pastagem, afim de diminuir a infestação nos susceptíveis. Isso pode ser feito introduzindo animais da mesma raça, porém com maior resistência, de raças mais adaptadas ao carrapato (VERÍSSIMO, 1991), ou de animais recém tratados com carrapaticidas de contato (GOMES, 2009). Outra alternativa é a troca recíproca de pastos entre espécies diferentes, como bovinos e ovinos, uma vez que os ovinos atrairiam as larvas, e estas morreriam presas no velo desses animais (VERÍSSIMO, 1991). 2.3.4 Controle Estratégico O controle estratégico consiste na aplicação do acaricida correto, de forma e em momento adequados (CATTO, ANDREOTTI e KOLLER, 2010; PEREIRA, 2008). Desta forma, a primeira geração de carrapatos será combatida eficientemente e no final haverá poucos indivíduos sobreviventes que darão origem a poucos carrapatos nas gerações subsequentes, não sendo necessário mais tratamentos ao longo do ano (FURLONG, 1998b; CATTO, ANDREOTTI e KOLLER, 2010). A determinação do acaricida a ser utilizado deve ser feita através da realização de biocarrapaticidograma, evitando o uso de princípios para os quais a população local de carrapatos tenha resistência (FURLONG, 1998a; PEREIRA, 2008). A correta aplicação do produto é garantida com o treinamento da mão de obra e a utilização da dose e via de administração recomendada pelo fabricante. (CATTO, ANDREOTTI e KOLLER, 2010; FURLONG, 1998a; PEREIRA, 2008) As datas das aplicações devem ser estabelecidas de acordo com o efeito residual do produto utilizado e o período de início do tratamento. No entanto, o 29 momento adequado da aplicação consiste no maior entrave para a aplicação do controle estratégico, uma vez que este consiste na administração do acaricida antes da presença de infestações mais intensas, ou seja, no início do aumento da temperatura e pluviosidade, atingindo os carrapatos que sobreviveram ao período de frio e seca. O que vai de encontro ao hábito dos proprietários (CATTO, ANDREOTTI e KOLLER, 2010; FURLONG, 1998a; PEREIRA, 2008). Com o uso do controle estratégico o produtor reduz os prejuízos causados pelo carrapato com um controle viável economicamente, além de reduzir os riscos de contaminação do ambiente, da carne, do leite e dos demais produtos (CATTTTO, ANDREOTTI e KOLLER, 2010). A estratégia de combate sempre deve ser revisada, buscando a redução da frequência de uso de carrapaticidas. Recomenda-se que registros de manejo sanitário sejam feitos, afim de que avanços e retrocessos sejam percebidos (GOMES, 2009). 2.3.5 Vacinas Dentre os métodos não químicos utilizados, um dos mais promissores é o imunológico, ou seja, o uso de vacinas. Esta técnica apresenta um bom custo benefício, é segura, não causa danos no ambiente e nem resíduo na carne e leite. (VAZ JÚNIOR, 2000). Os primeiros estudos tentaram fazer uma vacina com antígenos contra as proteínas presentes na saliva dos carrapatos. No entanto esta não foi muito eficaz, uma vez que os carrapatos possuem mecanismos de escape das respostas do sistema imune do hospedeiro (PEREIRA, SOUZA e BAFFI, 2010). Então surgiu um conceito totalmente novo, o “antígeno oculto” (concealed antigen), que é uma ou mais proteínas imunogênicas do parasita, que durante uma infestação não entram em contanto com o sistema imunológico do hospedeiro, e portanto, não induzem uma resposta imunológica. No entanto, quando são utilizadas como antígenos vacinais, geram uma resposta imune no hospedeiro, e, o parasita, ao realizar o parasitismo, ingere tais anticorpos juntamente com outros elementos efetores do sistema imune, fazendo com que tais anticorpos interajam com as proteínas utilizadas na imunização, causando danos ao parasita. Os estudos veem buscando descobrir proteínas que causem danos na função fisiológica, capacidade 30 de produzir descendente ou à vários desses processos. O problema dos “anticorpos ocultos”, é que como o animal não sobre estímulo do ambiente, são necessárias revacinações periódicas para a manutenção do nível de anticorpos protetores (VAZ JÚNIOR et al., 2000) Outro tipo de vacina em pesquisa, é a “vacina altruísta”, que consiste em uma vacina que não traz nenhum benefício ao hospedeiro imunizado, no entanto, ela interfere na propagação do parasita, como por exemplo, a diminuição da postura de ovos, favorecendo as gerações seguintes. No entanto, para que a vacina seja eficaz é necessário que não só todo o rebanho seja imunizado, como que a entrada de animais não vacinados seja evitada (VAZ JÚNIOR et al., 2000). Atualmente as vacinas existentes no mercado são baseadas na proteína Bm86, presente no intestino de fêmeas de R.(B.) microplus. Testes inicias mostraram que estas vacinas são capazes de induzir uma resposta imune que reduz 90% da viabilidade de uma nova geração de carrapatos, e sua eficácia tem variado de 51 a 91% (VAZ JÚNIOR et al., 2000). Outras proteínas, como a Bm91 e a BMA7, também isoladas de membrana intestinal, vem sendo testadas, mas quando utilizadas isoladamente não induzem resposta imune eficiente. Uma alternativa a essas proteínas é o uso em vacinas polivalentes, sendo inoculadas juntamente com a Bm86, o que faz com o efeito imunológico de ambas sejam potencializado. Apesar destes achados, essas proteínas ainda não são utilizadas comercialmente (VAZ JÚNIOR et al., 2000). Estudos também vem demostrando que a criação de peptídeos sintéticos anticarrapatos, pode induzir mecanismos de resposta imune, chegando até a conferir imunidade protetora. No entanto, mais estudos nesta área são necessários para que estas possam ser utilizadas comercialmente (PATARROYO e LOMBANA, 2004). 2.3.6 Outros Métodos Devido ao aumento da resistência aos acaricidas tradicionais e da preocupação com os resíduos nos alimentos, o desenvolvimento e uso de fontes alternativas de controle do carrapato vem sendo estimulados (PEREIRA, 2008). Exemplo disto é a seleção dos animais mais resistentes do rebanho (MARTINS, 2009), uma vez que os animais susceptíveis são considerados “fábricas 31 de carrapatos”, por permitirem que completem o seu ciclo. Apesar de somente 20% do rebanho ser considerado susceptível ao carrapato, estes animais possuem cerca de 50% dos carrapatos do rebanho (FURLONG, 1998a). Efeitos nocivos sobre os diversos estágios do parasita R. (B.) microplus foram obtidos com o uso de extratos do fruto do Cinamomo (Melia azedarach L.) (BORGES, LOSS e NEVES, 1993), de Capim-cidreira (Cybopogon citratus) (HEIMERDINGER et al., 2006), de fumo de corda (OLIVO et al., 2009) e de casca do caule de Sapindus saponária (árvore típica dos estados do Amazonas, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, conhecida popularmente como “Árvoredo-Sabão) (FERNANDES et al., 2005), além da tintura e óleo de citronela (Cybogon nardus) (SANTOS, VOGEL e MONTEIRO, 2012), e do extrato de semente e óleo de nim (Azadirachta indica) (BROGLIO-MICHELETTI et al., 2010). Além disso também tem-se empregados patógenos contra os carrapatos, como é o caso do fungo Cedecea lapagei (CORDOVÉS, 1997). 2.4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE BOVINOS AO CARRAPATO. A avaliação da resistência dos bovinos foi realizada ao longo de muitos anos através da contagem do número de carrapatos sobre eles. O método mais utilizado para a contagem dos carrapatos foi o preconizado por Villares (1941) e modificado por Wharton e Utech (1970). Como seria praticamente impossível contar todas as ninfas, larvas, e formas adultas sobre o animal e como as fêmeas adultas do Rhipicephalus (Boophilus) microplus são as únicas formas parasitárias que atingem mais de 4 mm de comprimento, são fixas e de atividade parasitária intensa, estabeleceu-se a contagem somente destas (VILLARES, 1941). A modificação proposta por Wharton e Utech (1970) consiste na utilização de equipamentos ou acessórios que facilitem a mensuração das fêmeas. Devido à dificuldade de acesso à algumas regiões do corpo do animal e também do tempo gasto na contagem de todo o seu lado esquerdo, Cardoso, Fries e Albuquerque (2000) avaliaram a correlação do número total de carrapatos com as quantidades existentes nas regiões anterior (cabeça e orelha), mediana (pescoço, membro anterior e tórax, incluindo a região inferior até o quarto traseiro), posterior (traseiro, membro posterior e cauda) e de entrepernas (região entre os membros posteriores). Nestas regiões também foram contadas somente as fêmeas com mais 32 de 4mm de comprimento, existentes no lado esquerdo do animal, com exceção da entrepernas, que abrange os dois lados. As regiões mediana, posterior e entrepernas apresentaram uma forte correlação positiva com o número total de carrapatos, sendo os valores obtidos, respectivamente, 0,82, 0,70 e 0,60. Apesar da região entrepernas obter somente o terceiro melhor valor de correlação, este é o mais indicado para uso rotineiro, por ser a região de acesso mais fácil e seguro. Um dos exames reprodutivos utilizados com frequência para avaliar a qualidade dos reprodutores, é a mensuração do perímetro escrotal. Como o acesso para a contagem de carrapatos na região da entrepernas é o mesmo da avaliação do perímetro escrotal, Martins (2009), sugeriu o uso de fotografia digital tirada na região da entrepernas, e posteriormente inserida em software de análise de imagem, como um método para avaliar a infestação pelo parasito. No entanto, o estudo obteve baixos valores de correlação para as contagens obtidas através das imagens. Tentativas de estabelecer o grau de infestação através de escores visuais também foram realizadas, no entanto não obtiveram resultados satisfatórios (CARDOSO, FRIES e ALBUQUERQUE, 2000; FRAGA et al., 2003; MARTINS, 2009). Com o avanço das tecnologias moleculares, estudos mais recentes buscam identificar quais são os genes responsáveis pela resistência ao carrapato (MARTINS, 2009). No entanto, esta correspondência ainda não está bem elucidada. 2.5 CONCLUSÃO O Rhipicephalus (Boophilus) microplus é um parasito obrigatório, que tem o bovino como o seu hospedeiro primário (FORTES, 2004). O seu ciclo de vida é dividido em 2 fases: a de vida livre, que ocorre no solo, e a parasitária, sobre o hospedeiro (GONZALES, 1975; VERÍSSIMO, 1991). A fase de vida livre é a que sofre mais influência dos fatores climáticos, tais como temperatura máxima, umidade relativa do ar, temperatura mínima, luminosidade e precipitação pluviométrica (CHAGAS, FURLONG e NASCIMENTO, 2001; FARIAS et al., 1995; GLÓRIA et al., 1993). A resistência ao carrapato consiste na habilidade de um animal limitar o número de carrapatos que se tornam maduros sobre ele. Esta habilidade depende de fatores ambientais, fisiológicos, comportamentais, imunológicos e anatômicos, que caracterizam as raças (SUGUISAWA, 2004). 33 São muitos os fatores que interferem na resistência dos bovinos ao R. (B.) microplus, sendo os mais importantes: raça, autolimpeza, pelame, sexo, idade, estado nutricional, concentração de mastócitos dérmicos e estresse. O método mais comum de controle do carrapato-do-boi é o uso de acaricidas. No entanto, devido ao aparecimento da resistência dos carrapatos aos princípios mais utilizados, a eficácia da sua utilização vem sendo comprometida. Como alternativa a esta técnica temos a rotação de pastagem, o controle biológico, o controle estratégico, a seleção de animais resistentes, o uso de vacinas, de princípios extraídos de plantas e até mesmo de patógenos, como os fungos. Novos métodos de estimar a infestação por carrapatos no bovino vem sendo testados, como o uso de escores de infestação e de marcadores moleculares, afim de facilitar a seleção de animais mais resistentes. No entanto, a contagem manual de fêmeas com mais de 4 mm de comprimento em um dos lados do animal ou em uma região específica, como por exemplo, a entrepernas, se mantém como o método mais confiável e de mais fácil execução. 34 3 REFERÊNCIAS ANDREOTTI, R. Situação atual da resistência do carrapato-do-boi Rhipicephalus (Boophilus) microplus aos acaricidas no Brasil. Documentos Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, n.180, dez. 2010. BORGES, L.M.F.; LOSS, A.C.S.; NEVES, B.P. 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Formas de diminuir esse prejuízo são: o uso dos carrapaticidas em épocas específicas e a seleção de animais mais resistentes. O objetivo deste estudo foi determinar a distribuição anatômica e a dinâmica populacional do carrapato em bovinos do município de Óleo, SP. O estudo foi conduzido com 08 bovinos machos, mestiços zebu-taurino (conforme rebanho regional). Foram contadas as fêmeas de R.(B.) microplus, maiores que 4 mm, existentes do lado direito no animal, a cada 4 semanas, no período entre abril de 2012 e março de 2013. Obteve-se o maior número de carrapatos por animal em outubro (128,25), e o menor em abril (35,5), com a existência de 3 picos de infestação, sendo eles nos meses de maio, outubro e dezembro. Verificou-se a existência de três gerações anuais de carrapatos, que foram influenciadas pela precipitação pluviométrica e temperatura média, mínima e máxima. Das regiões Crânio-caudal (anterior, mediana e posterior), a posterior obteve o maior número médio de carrapatos e a anterior o menor. A temperatura mínima, a pluviosidade e a radiação solar interferiram nas infestações das regiões Dorso-ventral, nos meses frios as menores infestações foram encontradas na área mista (orelha e cauda) e nos meses quentes na alta (cabeça, pescoço, costado alto, flanco e garupa). A região baixa (barbela, membro cranial, costado baixo, ventre, prepúcio, membro caudal e bolsa escrotal) se manteve sempre com a maior média. Das diferentes regiões anatômicas propostas pela autora, o número de carrapatos do membro caudal e da entrepernas mostraram ter forte correlação com o total, +0,88 e +0,70, respectivamente. Esses mesmos dados, agrupados segundo regiões previamente estabelecidas obtiveram correlação mais forte com o total de carrapatos, sendo +0,96 (mediana), +0,90 (posterior) e +0,70 (entrepernas). Palavras Chave: bovinos; carrapatos; dinâmica populacional; distribuição anatômica; Rhipicephalus (Boophilus) microplus. ABSTRACT The Rhipicephalus (Boophilus) microplus infestation is responsible for significant economic losses in livestock. Modes to reduce this losses are: the use of the acaricides in specifics times and the selection of the more resist animals. The objective of this study was to determine the anatomical distribution and population dynamics of Rhipicephalus (Boophilus) microplus in the municipality of Óleo, estate of São Paulo. This study was conduzed with 08 male cattle, crossbred zebu-taurine (with breed 42 varying in accordance with the regional herd). Count of females R. (B.) microplus, greater than 4mm, the existing right side of the animal was perform between April 2012 and March 2013. The highest ticks number per animal happened in October (128.25), and the lowest in April (35.5), with three infestation peaks during the study, in May, October and in December. We verified the existence of three ticks annual generation, with were influenced by the minimum and maximum mean temperature and rainfall. Cranio-caudal regions (anterior, median and posterior), the posterior had the highest ticks mean and the anterior the lowest. The minimum temperature, the rainfall and the solar radiation interfered in dorsal-ventral regions infestation, in cold months the lowest infestations was found in the mixed area (ear and tail) and in the warm months in the high region (head, neck, high ribbing, flank and rump). The lower region (dewlap, cranial limb, lower ribbing, abdomen, prepuce, scrotum and lower limb) has always had the highest averages. The ticks number of the caudal limb and crotch presented strong correlation with the ticks total number, +0.88 and +0.70, respectively. These same data, grouped according to previously established regions have a stronger correlation with the total ticks, being +0.96 (median), +0.90 (posterior) and +0.70 (crotch). Keywords: anatomical distribution; cattle; population dynamics; Rhipicephalus (Boophilus) microplus; ticks. INTRODUÇÃO O Rhipicephalus (Boophilus) microplus, comumente conhecido como “carrapato de boi” (FORTES, 2004), é o responsável por significativas perdas econômicas em todo o mundo. Horn et al. (1983), em seu estudo dizem: “Carrapatos. A parasitose de um bilhão de dólares”. Este título foi atribuído, em seu levantamento, graças a quantificação das perdas por diminuição da produção de leite, mortalidade, diminuição da natalidade, uso de carrapaticidas, investimentos em banheiros e aspersores, perdas de peso, mão de obra, qualidade do couro, doenças e ensino no Brasil, no ano de 1983. Este mesmo trabalho relata a ocorrência de carrapatos em 95,6% dos municípios brasileiros, sendo que em 80% a infestação era considerada alta. Desde então, nenhum outro estudo econômicos sobre as perdas causadas pelo carrapato foi realizado, mas baseando-se nos dados do Sindicato Nacional da Industria de Produtos para a Saúde Animal (SINDAN) (2014) sobre o comércio de produtos veterinários farmacêuticos e biológicos no Brasil, que movimentou em 2013 quase R$ 4 bilhões de reais, sendo destes R$ 989 milhões (25%) em antiparasitários, é possível afirmar que nos dias atuais as perdas são maiores do 1 bilhão de dólares. O controle desse carrapato baseia-se principalmente na aplicação de acaricidas, realizado sem o devido conhecimento do comportamento e aspectos biológicos da espécie. Isto faz com que a resistência aos princípios ativos mais 43 utilizados apareça precocemente. Métodos alternativos, como fitoterápicos e controle biológico com o uso de fungos, tem sido empregados, mas sem grandes êxitos (PEREIRA, 2008). Um prolongamento da vida útil dos acaricidas é possível através do seu uso adequado, ou seja, do controle estratégico. Neste, os produtos são aplicados em épocas apropriadas, impedindo que ocorra um aumento do número de carrapatos no ambiente (PEREIRA, 2008). Esse controle no ambiente é importante, uma vez que 95% dos carrapatos existentes em uma propriedade se encontram na fase de vida livre (FURLONG e MARTINS, 2000). O objetivo deste estudo foi determinar a distribuição anatômica e a dinâmica populacional do Rhipicephalus (B.) microplus em bovinos do município de Óleo, SP. MATERIAIS E MÉTODOS Local do Estudo O estudo foi conduzido entre abril de 2012 e março de 2013, na Chácara Óleo, localizada no município de Óleo, estado de São Paulo (coordenadas geográficas: 22°56’40,5’’S 49°20’37,4’’O), que possui o clima tropical de altitude e está localizado a 625,86 metros em relação ao nível do mar (IBGE, 2010) (Figura 1). Dados Climáticos Foram consideradas 4 estações do ano, outono, inverno, primavera e verão. Os dados de temperatura máxima, média e mínima foram obtidos na estação do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (CIIAGRO) de Santa Cruz do Rio Pardo, subunidade Guacho, enquanto os pluviométricos foram obtidos na sede da Casa da Agricultura de Óleo, distantes, respectivamente, 15 km e 1,65 km do local do estudo. As medições da radiação solar foram obtidas junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e foram aferidas na capital do estado. 44 Animais Os 34 bovinos participantes do estudo eram mestiços zebu-taurino (com grau de sangue variável, conforme rebanho regional), machos, com idade entre 16 e 20 meses, clinicamente saudáveis. A seleção dos animais foi feita de forma randômica, através de sorteio. Caso o animal sorteado apresentasse comportamento incompatível com o procedimento necessário para a contagem dos carrapatos, era excluído do estudo já na primeira contagem e substituído por outro, também através de sorteio. Na primeira triagem, cada animal foi cadastrado através de formulário especifico, que continha o número marcado em sua paleta esquerda, idade, coloração e fotos, além do código de identificação a ele atribuído durante o estudo. Antes da inclusão dos animais no estudo o proprietário foi informado dos procedimentos e riscos inerentes a estes. Estando de acordo com os procedimentos e após a assinatura do “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” os animais foram incluídos e passaram a ser observados. O proprietário tinha liberdade para retirar seus animais do estudo a qualquer momento. Selecionou-se 08 (oito) bovinos, que ficaram em 42,35 hectares de Brachiara brizantha, sob pastejo extensivo, com oferta de sal mineral e água ad libitum. Durante os meses do estudo, os animais participantes receberam medicação anti-helmíntica injetável a base de Levamisol, de acordo com as recomendações de bula do produto comercial escolhido (Ripercol L® - Fort Dodge Saúde Animal Ltda.). Nenhum animal foi substituído. Buscando controlar o estresse, os animais foram mantidos em sua rotina normal. Todos os bovinos do rebanho ficaram sem receber drogas carrapaticidas nos 45 dias antecedentes ao início das contagens, como recomenda Furlong e Martins (2000) e também durante o estudo. Contagem dos Carrapatos Rhipicephalus (Boophilus) microplus Os carrapatos foram contados como preconizado por Villares (1941) e modificado por Wharton e Utech (1970), sendo contabilizadas apenas as fêmeas adultas de Rhipicephalus (Boophilus) microplus com mais de 4 mm de comprimento existentes em um dos lados dos animais. Devido a maior facilidade de acesso ao 45 tronco pelo lado direito, optou-se pela contagem deste lado do animal, diferentemente de Villares (1941) que realizou a contagem do lado esquerdo. Buscando uma maior padronização da contagem, foi utilizado um gabarito com um recorte de 4mm. Os carrapatos de outras espécies e tamanhos foram desconsiderados, portanto todas as vezes que, neste trabalho, se fizer menção ao número de carrapatos, significa simplesmente o número de fêmeas R.(B.) microplus com mais de 4mm de comprimento. Neste estudo dividiu-se o corpo do animal em 15 regiões anatômicas, que estão descritas na Tabela 1 e mostradas na Figura 2. Os dados obtidos foram reagrupados de 2 formas distintas afim de avaliar a distribuição dos carrapatos pelo corpo do animal. 1. Regiões Crânio-caudal: Anterior (cabeça, orelha, pescoço, barbela e membro cranial), Mediana (costado alto, costado baixo, flanco, ventre, prepúcio e bolsa escrotal) e Posterior (garupa, membro caudal e cauda), segundo a proposta de Oliveira e Alencar (1990); 2. Regiões Dorso-ventral: Alta (cabeça, pescoço, costado alto, flanco e garupa), Mista (Orelha e Cauda) e Baixa (barbela, membro cranial, costado baixo, ventre, prepúcio, membro caudal e bolsa escrotal). Os dados das contagens assim como a identificação do animal foram registrados em formulário próprio para posteriormente serem analisados estatisticamente. Nenhum dos animais observados possuía cupim. Análise Estatística Como os dados obtidos na avaliação do número de carrapatos se referem apenas aos existentes no lado direito do animal, o valor obtido foi multiplicado por 2, afim de expressar o número total de carrapatos existentes. Exceção a isto se fez com o valor do índice entrepernas, que já expressa o valor em ambos os lados da região. Os valores foram analisados através do teste de T-student e ANOVA, ambos com nível de segurança de 95%, para que as variações no decorrer dos meses e das estações do ano pudessem ser avaliadas. Para que o conjunto de dados 46 atendessem os requisitos básicos de normalidade, como pedem os testes estatísticos, estes foram transformados em log10(2x+1), onde: “x” representa o valor obtido na avaliação da área, portanto “2x” o valor de carrapatos na referida área em ambos os lados do animal; e “+1” a correção padrão para os valores nulos. (FRAGA et al., 2003). No entanto, para a melhor visualização, os números são apresentados no decorrer do texto sem esta transformação. A relação entre as variáveis climáticas e a população de carrapatos sobre o animal foi obtida através da correlação de Pearson, assim como a correspondência de ambos os métodos de contagem. O coeficiente (ρ) obtido foi classificado de acordo com o proposto por Callegari-Jacques (2003): Se 0,00 < │ρ│< 0,30, existe fraca correlação linear; Se 0,30 ≤ │ρ│< 0,60, existe moderada correlação linear; Se 0,60 ≤ │ρ│< 0,90, existe forte correlação linear; Se 0,90 ≤ │ρ│< 1, existe correlação linear muito forte; Se │ρ│= 1, existe correlação linear perfeita; RESULTADOS Dados Climáticos A variação da temperatura média foi de 21,45 ± 4,05 °C, sendo a menor temperatura registrada em julho e a maior em dezembro. A média das temperaturas mínimas registradas foi 14,8 ± 4,8 °C enquanto que as máximas marcaram 27,15 ± 4,15 °C. Para os meses avaliados observou-se uma pluviosidade média mensal de 113,9 ± 113,3 mm, ou 1411,8 mm anual, com concentração das chuvas nos meses de janeiro a março, caracterizando o verão como uma estação chuvosa e úmida, enquanto os meses de inverno, de julho a setembro, foram os mais secos do período. A chuva acumulada nestas estações foram, respectivamente, 649,8 mm (46%) e 84,2 mm (6%). 47 Contagem de Carrapatos Encontrou-se carrapatos nos animais em todos os meses do ano, obtendo-se uma média mensal de 81,88 ± 46,38 carrapatos por animal. Entre os meses do ano foram constatadas diferenças significativas no número de carrapatos (Tabela 2). A menor média mensal foi a do mês de abril, com 35,5 carrapatos por animal, sendo o animal E1PL24, o menos infestado, com apenas 2 carrapatos. Já o mês de Outubro obteve a maior média, com 128,25 carrapatos por animal, sendo que o animal E1PL07 apresentou a maior carga, com 238 carrapatos. Os valores médios mensais obtidos podem ser observados na Figura 3. A média mensal de carrapatos sobre o animal com os índices de temperatura média, mínima, máxima e pluviometria mensal, não mostram ter forte correlação, sendo seus índices, respectivamente, +0,59, +0,56, +0,56 e +0,37. No entanto, como podemos observar na Figura 4, as variáveis climáticas influíram sobre o comportamento da infestação, sendo cada variável mais influente em uma determinada época do ano. Neste estudo, a estação do ano com maior média de incidência de carrapatos foi a primavera (meses de outubro, novembro e dezembro), com uma média de 92,92 carrapatos/animal, sendo também a estação com maior temperatura média (24,4 °C). Já o outono (meses de abril, maio e junho) obteve a menor temperatura média (19,6 °C) e a menor taxa de infestação, com média de 55,67 carrapatos por animal. Apesar disto, a variação do número médio de carrapatos entre as estações do ano não foi significativa, tanto no teste de T-student quanto no ANOVA. Observando isoladamente o número médio de carrapatos nas estações do ano, verificou-se alta influência da pluviosidade no inverno, enquanto que nas demais estações foram as temperaturas que interferiram, sendo menor o efeito da temperatura máxima no verão, da mínima na primavera e da média em ambas (Tabela 3). Número de Gerações Baseado nas médias mensais de carrapatos por animal, foi possível determinar o número de gerações por ano e o período de início destas gerações, determinando-se que, na cidade de Óleo, a primeira geração (G1) ocorre em Outubro, 48 a segunda (G2) em Dezembro e a terceira (G3) em Maio, totalizando 3 gerações anuais (Figura 3). Distribuição Anatômica dos Carrapatos Nas 15 regiões anatômicas propostas, houve variação significativa no número de carrapatos ao longo do ano (p <0,0001). O membro caudal, a entrepernas, o ventre e o prepúcio obtiveram maior taxa de infestação, com, respectivamente, 22,85, 12,90, 8,94 e 8,25 carrapatos em média. Enquanto que a cabeça (0,46), flanco (0,46), garupa (0,85) e costado alto (1,33), obtiveram as menores médias de carrapatos. Dentre as regiões Crânio-caudal, a posterior obteve maior média (32,42 carrapatos – 45,9%), enquanto que a mediana e a anterior alternaram ao longo do ano a menor infestação, sendo que a anterior obteve a menor média anual (17,73 carrapatos – 23,4%) (Figura 5). Nas regiões Dorso-ventral, o maior número de carrapatos se concentrou nas áreas baixas (média de 60,96 carrapatos – 83,5%). E a menor média anual ocorreu nas áreas mistas (Figura 6). Total de Carrapatos x Carrapatos por Região Corporal Os maiores coeficientes de correlação entre o total de carrapatos e as regiões anatômicas propostas neste estudo, foram membros caudais, entrepernas, ventre, membro cranial e prepúcio, respectivamente, +0,88, +0,71, +0,65, +0,64 e +0,63. As regiões: costado baixo (0,59), bolsa escrotal (0,49), garupa (0,48), orelha (0,46), cauda (0,38), barbela (0,34) e pescoço (0,32), apresentaram correlação positiva moderada e o costado alto (0,29), o flanco (0,23) e a cabeça (0,19), correlação positiva baixa com o total de carrapatos. Distribuindo esses mesmos dados nas regiões anatômicas propostas por Cardoso, Fries e Albuquerque (2000), temos as regiões mediana, posterior e de entrepernas (EP) com forte correlação positiva, 0,96, 0,90 e 0,71, respectivamente, e a região anterior com correlação positiva moderada. 49 DISCUSSÃO E CONCLUSÕES Neste estudo, o número de carrapatos teve três picos. O primeiro e menor, ocorreu em maio, o segundo e mais evidente em outubro e um intermediário em dezembro. Já os meses de abril, julho e novembro apresentaram as menores infestações. Santarém e Sarton (2003) em Botucatu/SP (distante 130km de Óleo), tiveram picos de infestação de maio à outubro, assim como Silva et al. (1993) e Pereira (2008), respectivamente, nas cidades de Ponta Grossa/PR e Franca/SP, alcançaram os maiores valores no mês de maio. Contudo picos foram relatados nos meses de setembro e novembro, em Planaltina/DF (SAUERESSIG e HONER, 1993), em junho, no Rio de Janeiro (SANTOS JÚNIOR, FURLONG e DAEMON, 2000) e em junho/agosto, em Colina/SP (LABRUNA e VERÍSSIMO, 2001). Divergência também é encontrada no mês de ocorrência das menores infestações, que são relatadas deste janeiro até novembro (FARIAS et al., 1995; LABRUNA e VERÍSSIMO, 2001; PEREIRA, 2008; SANTARÉM e SARTON, 2003; SANTOS JÚNIOR, FURLONG e DAEMON, 2000; SAUERESSIG e HONER, 1993; SILVA et al., 1993). Corroboram com este estudo Farias et al. (1995) e Santarém e Sarton (2003), que obtiveram as menores contagens, respectivamente, nos meses de julho/agosto e novembro/abril. Apesar de outros autores (FARIAS et al., 1995; LABRUNA e VERÍSSIMO, 2001, SANTOS JÚNIOR, FURLONG e DAEMON, 2000; SILVA e ROCHA, 2004; VERÍSSIMO, 1991), terem encontrado influência das estações do ano sobre o número de carrapatos no animal, neste estudo a oscilação da infestação ao longo das estações não mostrou-se significativa. Farias et al. (1995) relata que, em seus estudos in vitro e in vivo, os fatores que mais influenciaram na eclosão de larvas e na fase de vida livre do R.(B.) microplus foram, em ordem decrescente, a pluviosidade, a temperaturas mínima e a máxima. A influência climática também foi notada nos estudos de Labruna e Veríssimo (2001), Pereira (2008), Santarém e Sarton (2003), Santos Júnior, Furlong e Daemon (2000), Saueressig e Honer (1993). Labruna e Veríssimo (2001) justificam a ocorrência dos 3 picos, sendo um devido ao aumento da pluviosidade e temperatura no início da primavera, diminuindo o ciclo, o segundo causado pelas condições favoráveis ao desenvolvimento dos carrapatos do primeiro ciclo, e o terceiro causado por um clima mais adequado a sobrevivência das larvas no solo e diminuição da 50 imunidade dos animais. A queda do número de carrapatos no verão foi atribuída ao aumento excessivo da temperatura. Cada variável climática foi mais influente em uma determinada época do ano. No mês de maio ocorreu o primeiro pico de carrapatos, causa disto pode ser a diminuição das temperaturas médias, criando um ambiente mais propício à sobrevivência das larvas no ambiente. Entre o primeiro e segundo pico, que ocorreu no mês de outubro, a menor média de carrapatos e as menores temperaturas foram registradas, com mínima de 10 °C. Hitchcock (1955 apud VERÍSSIMO, 1991) observou que em temperaturas menores de 15 °C as teleóginas não realizaram oviposição, enquanto Santarém e Sarton (2003), que os ovos provenientes de maio a agosto apresentavam características de infertilidade. Ambos os fatores devem ter colaborado para a diminuição dos carrapatos sobre os animais. A temperatura e a queda brusca no volume de chuvas também influíram no prolongamento do ciclo neste período, uma vez que entre o primeiro e o segundo pico se passaram 4 meses. A partir de setembro houve um aumento das chuvas e da temperatura, fato que culminou com a ocorrência do segundo pico de infestação no mês de outubro. Este segundo pico foi mais pronunciado do que o primeiro, devido a temperatura mais adequada à sobrevivência das larvas, e portanto maior número delas na pastagem, somada à queda da imunidade dos animais, causada pela baixa oferta e diminuição do valor nutricional das pastagens, semelhante ao encontrado por Santarém e Sarton (2003). Com o aumento das temperaturas e aumento da pluviosidade, a duração do ciclo do R.(B.) microplus diminuiu e o terceiro pico ocorreu em dezembro. No entanto, essa elevação da temperatura fez com que o ambiente nas pastagens não ficasse tão favorável à sobrevivência das larvas, por facilitar sua dessecação, o que deve ter levado a um terceiro pico, menor do que o segundo. Santarém e Sarton (2003) concluíram que, na região de Botucatu, os meses quentes não são favoráveis à sobrevivência das larvas. Esse clima menos favorável a larva, somado à diminuição das pastagens e consequente diminuição do sombreamento feito por estas no solo, pode ter ocasionado a queda progressiva do número de carrapatos no período entre janeiro e março. Os dados da ocorrência destes três picos ao longo do estudo, permitem determinar a ocorrência de 3 geração de carrapatos por ano no município de Óleo, fato este que concorda com os relatos de Silva et al. (1993) em Ponta 51 Grossa/PR, de Saueressig e Honer (1993) em Planaltina/DF, e de Pereira (2008) na região sul, discordando somente no período de ocorrência destes. Silva et.al (1993) determinou o início das gerações nos meses de dezembro, fevereiro e maio, Saueressig e Honer (1993), em novembro, março/abril, maio/junho. Diferentemente, Farias et al. (1995) e Pereira (2008), ambos no estado de São Paulo, verificaram a ocorrência de 4 gerações, sendo, segundo o último autor, a primeira no início do verão, a segunda no fim do verão e início do outono, a terceira entre o outono e inverno e a última entre o inverno e a primavera. Na análise das regiões Crânio-caudal, a região posterior, seguida das regiões mediana e anterior, mostrou-se com maior taxa de infestação, fato que concorda com os achados de Oliveira e Alencar (1990) e Cardoso, Fries e Albuquerque (2000). Quando compara-se as 5 regiões anatômicas com maior e menor média de infestação, respectivamente, 4 (membro caudal, ventre, membro cranial e bolsa escrotal) e 2 (cabeça e cauda) destas concordam com o estudo de Paiva e Neto (2004) realizado com animais das raças Nelore, Holandês e Curraleira. Apesar das regiões utilizadas pelo autor apresentarem pequenas diferenças de nomenclatura e topografia com as regiões utilizadas neste, os dados reforçam o conceito de que ocorre maior fixação de carrapatos nas regiões mais baixas e que possuem contato mais fácil com as pastagens e, por consequência, com as larvas infectantes. Quanto as regiões Dorso-ventral, verificou-se ao longo de todo o estudo maior infestação nas regiões baixas (60,96%), e, apesar da média anual ser menor nas áreas mistas, houve alternância entre local de menor infestação de acordo com a época do ano, sendo, nos meses frios, menor nas regiões mistas e nos quentes, nas regiões altas. Estes achados mostram ter forte correlação com as variáveis climáticas: temperatura mínima (0,70), pluviosidade (0,69) e radiação solar (0,60), no entanto esta correlação é positiva para as regiões mistas e negativa para as regiões altas. A “migração” pode estar associada à pequena diminuição na temperatura superficial da pele do hospedeiro quando há queda na temperatura ambiente, fazendo com que o carrapato se posicione em regiões de maior incidência solar para compensar tal perda. A contagem do total de fêmeas de R.(B.) microplus de um lado do animal mostrou-se um trabalho demorado e por vezes perigoso, pois é preciso visualizar e tocar locais do corpo do animal de difícil acesso. Devido a isto, o número 52 de carrapatos de cada região corporal foi confrontado a contagem do total. No entanto, somente o membro caudal e a entrepernas tiveram forte correlação positiva com o total de carrapatos, respectivamente, 0,88 e 0,70, podendo assim ser utilizadas em substituição ao preconizado por Villares (1941) e posteriormente alterado por Wharton e Utech (1970). Cardoso, Fries e Albuquerque (2000), dividiram o corpo do animal em 4 regiões: anterior, mediana, posterior e entrepernas, e obtiveram índices de correlação diferentes das encontradas com as regiões determinadas neste estudo, sendo, respectivamente, +0,35, +0,82, +0,70 e +0,60. Conquanto, quando os dados obtidos nas contagens deste estudo em discussão, foram divididos segundo o proposto por aqueles autores, as correlações foram mais fortes, sendo, anterior (+0,46), mediana (+0,96), posterior (+0,90) e entrepernas (+0,70). Apesar da região mediana, definida por Cardoso, Fries e Albuquerque (2000), possuir uma correlação positiva mais forte do que a entrepernas, proposta nos dois trabalhos, esta última região pode ser recomendada em substituição ao método tradicional, devido ao seu acesso ser mais fácil e seguro. REFERÊNCIAS CALLEGARI-JACQUES, S.M. Bioestatística: princípios e aplicações. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. 255p. CARDOSO, V.; FRIES, L.A.; ALBUQUERQUE, L.G. Comparação de diferentes Métodos de avaliação da resistência genética de bezerros F1 Angus x Nelore desmamados ao carrapato Boophilus microplus. In: Simpósio Nacional de Melhoramento Animal, Belo Horizonte, p.460-463, 2000, Anais..., Belo Horizonte, 2000. FARIAS, N.A. et al. Influência das condições climáticas da região noroeste do estado de São Paulo, Brasil, sobre os estágios não-parasitários do carrapato Boophilus microplus (Canestrini, 1887) (Acari:Ixodidae). Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, Jaboticabal, v.4, n.2, p.67-77, 1995. FORTES, E. Artropodologia. In:______. Parasitologia Veterinária. 4ª ed. São Paulo: Ícone, 2004. p.381-547. FRAGA, A.B. et al. Análise de fatores genéticos e ambientais que afetam a infestação de fêmeas bovinas da raça Caracu por carrapatos (Boophilus microplus). Revista Brasileira de Zootecnia, Brasília, v.32, n.6, p.1578-1586, 2003 (Supl.1). 53 FURLONG, J.; MARTINS, J.R.S. Resistência dos carrapatos aos carrapaticidas. Juiz de Fora, MG: Embrapa Gado de Leite, 2000. 25p. (Embrapa Gado de Leite, Circular Técnica, 59) HORN, S.C. Prováveis prejuízos causados pelos carrapatos no Brasil. Boletim de Defesa Sanitária Animal. Brasília: Ministério da Agricultura, 1983. nº especial. IBGE. Cadastro das Localidades Selecionadas. 2010. Disponível em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/organizacao_territorial/localidades/>. Acesso em 20 maio 2014. LABRUNA, M.B.; VERÍSSIMO, C.J. Observações sobre a infestação por Boophilus microplus (ACARI:IXODIDAE) em bovinos mantidos em rotação de pastagem sob alta densidade animal. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.68, p.115-120, 2001. PAIVA NETO, M.A. Estudo da Incidência e Localização de Carrapato (Boophilus microplus) em Bovinos Nelore, Holandês e Curraleiro no Distrito Federal. Circular Técnica Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília, n.34, 2004. PEREIRA, A.A. Aspectos ecológicos de Boophilus microplus (Canestrini, 1887) (Acarina:Ixodidae) no município de Franca, nordeste de São Paulo. 2008. 106p. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, 2008. SANTARÉM, V.A.; SARTON, I.F. Fase de vida livre e flutuação sazonal do Boophilus microplus em Botucatu, São Paulo, Brasil. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v.24, n.1, p.11-20, jan-jun, 2003. SANTOS JÚNIOR, J.C.B.; FURLONG, J.; DAEMON. E. Controle do carrapato Boophilus microplus (Acari:Ixodidae) em sistemas de produção de leite da microrregião fisiográfica fluminense do Grande Rio-Rio de Janeiro. Ciência Rural, Santa Maria, v.30, n.2, p.305-311, 2000. SAUERESSIG, T.M.; HONER, M.R. Dinâmica populacional do carrapato Boophilus microplus nos cerrados do Distrito Federal: análise e simulações. In: VIII Simpósio Brasileiro de Parasitologia Veterinária, Londrina, 1993. Anais..., CBP:Londrina, p.A3, 1993. SILVA, N.L. et al. Modelo Populacional do Boophilus microplus (Canestrini, 1887) em bovinos de corte, na região sul do estado do Paraná. In: VIII Simpósio Brasileiro de Parasitologia Veterinária, Londrina, 1993. Anais..., CBP:Londrina, p.A1, 1993. SILVA, C.R.; ROCHA, E.F. Estudo sazonal da dinâmica populacional dos estágios parasitários de Boophilus microplus (Canestrini) (Acari:ixodidae) na pele de hospedeiros da Raça Gir. A Hora Veterinária, Porto Alegre, v.24, n.142, p.19-22, 2004. 54 VERÍSSIMO, C.J. Resistência e suscetibilidade de bovinos leiteiros mestiços ao carrapato Boophilus microplus. Jaboticabal:Universidade Estadual de São Paulo, 1991. 170p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Estadual de São Paulo, 1991. VILLARES, J.B., Climatologia zootécnica. III. Contribuição ao estudo da resistência e susceptibilidade genética dos bovinos ao Boophilus microplus. Boletim Indústria Animal, Nova Odessa, v.4, n.1, p.60-86, 1941. WHARTON, R.H.; UTECH, K.B.W. The relation between engorgement and dropping of Boophilus microplus (Canestrini) (Ixodidae) to the assessment of tick numbers on cattle. Journal of the Australian Entomological Society, v.9, p.171-182, 1970. 55 Tabela 1 - Descrição das regiões anatômicas, utilizadas para a contagem de carrapatos, propostas por Ana Helena Ferrazzini Marvullo. NOME DA REGIÃO ANATÔMICA POSICIONAMENTO ANATÔMICO Orelha Face externa e interna da orelha. Cabeça Exclui-se apenas as áreas que compõe a orelha. Pescoço No plano horizontal, vai do atlas até a espinha da escápula e, no plano vertical, da cervical até a face ventral da traquéia. Barbela Pele pendular abaixo do pescoço. Cupim Região proeminente acima da linha dorsal da coluna cervical e torácica. Membro Cranial Toda a extensão do membro cranial, incluindo face lateral e medial. Costado Alto Abrange da espinha da escápula até a última costela, e das vértebras torácicas até a linha imaginária. Costado Baixo Entre a linha imaginária traçada e o esterno, e entre o membro cranial e a o último arco costal. Flanco Entre a coluna lombar e linha imaginária, e entre o último arco costal e o osso íleo. Ventre Entre o último arco costal e o membro caudal e entre a linha imaginária e linha ventral central. Exclui-se o umbigo, o escroto (em machos) e úbere (em fêmeas). Umbigo Em machos: Pele pendular que envolve o umbigo e prepúcio e segue até o início da bolsa escrotal. Em fêmeas: pele pendular que envolve o umbigo e segue até o úbere. Garupa Região entre os ossos íleo, ísquio e fêmur. Membro Caudal Toda a extensão do membro caudal, começando abaixo da linha do fêmur. Incluí a face lateral e medial do membro. Rabo Inicia-se na primeira vértebra coccígea. Inclui a face dorsal e ventral. Bolsa Escrotal ou Úbere Em machos: área da bolsa escrotal. Em fêmeas: úbere. Entrepernas Área entre os membros caudal, até a articulação tíbio-fíbulotarsal. Esta região não entra na somatória da contagem do lado direito do animal. Fonte: A própria autora. 56 Tabela 2 - Número total de R. (B.) microplus por bovino, no município de Óleo, estado de São Paulo, no período de abril de 2012 a março de 2013. CÓDIGO DO ANIMAL NO ESTUDO E1PL01 E1PL02 E1PL07 E1PL10 E1PL20 E1PL24 E1PL30 E1PL34 MÉDIA 35,50 a Abril/12 8 40 60 28 14 2 68 64 Maio/12 110 112 96 46 22 6 74 102 71,00 abc Junho/12 62 72 52 38 72 52 78 58 60,50 bd Julho/12 10 34 48 36 38 36 40 44 35,75 a Agosto/12 40 62 58 76 44 28 30 70 51,00 ade Setembro/12 30 84 158 136 46 40 110 98 87,75 bef Outubro/12 48 200 194 138 152 90 98 106 Novembro/12 16 24 40 96 4 30 78 40 41,00 adh Dezembro/12 22 88 238 202 50 46 140 90 109,50 befg Janeiro/13 28 120 174 132 64 24 140 100 97,75 befg Fevereiro/13 36 142 110 84 56 14 154 106 87,75 befgh Março/13 12 40 98 166 70 38 58 70 69,00 abeh 128,25 cf Fonte: A própria autora. Nota: Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente (p < 0,05), a um nível de confiança de 95%, pelo teste de T-student. Tabela 3 – Temperatura, pluviometria e número total de R.(B.) microplus por bovino, de acordo com as estações do ano, no município de Óleo, SP, no período de abril de 2012 a março de 2013. ESTAÇÃO DO ANO Temperatura Máxima (°C) Temperatura Mínima (°C) Temperatura Média (°C) Precipitação Pluviométrica Variação no Número de Carrapatos OUTONO/12 27,9 (-0,815)* 12,5 (-0,926)* 19,6 (-0,869)* 359,1 (-0,004) 57 ± 55 INVERNO/12 29,5 (0,907)* 10,0 (0,957)* 20,0 (0,929)* 84,2 (0,785)* 84 ± 74 PRIMAVERA/12 31,3 (0,946)* 17,0 (0,246) 24,4 (0,576) 318,7 (0,418) 121 ± 117 VERÃO/13 29,3 (0,55) 17,6 (0,845)* 23,6 (0,642)* 649,8 (0,002) 93 ± 81 Fonte: A própria autora. Nota: Entre parênteses o coeficiente de correlação com o número médio de carrapatos. * forte correlação entre os parâmetros. 57 Figura 1 - Localização do município de Óleo, no estado de São Paulo, Brasil. Minas Gerais Mato Grosso do Sul Óleo Rio de Janeiro Paraná Fonte: Wikimedia Commons, adaptado pela autora. Figura 2 - Regiões anatômicas para a contagem de carrapatos em bovinos, propostas por Ana Helena Ferrazzini Marvullo. Orelha Cauda Cupim Pescoço Costado Alto Flanco Garupa Cabeça Membro Cranial Costado Baixo Membro Caudal Ventre Costado Alto Barbela Prepúcio Bolsa Escrotal Entrepernas Costado Alto Fonte: Imagem retirada do endereço http://www.jonatasbueno.com/2011/03/em-buscado-boi.html e adaptada pela autora. 58 250 200 150 100 50 0 Fonte: A própria autora. T° Média N° Médio de Carrapatos 140,00 120,00 200 100,00 150 100 80,00 60,00 40,00 50 20,00 0 Fonte: A própria autora. 0,00 Número de Carrapatos Temperatura (°C) Precipitação Pluviométrica (mm/m²) 250 Precipitação 64 Apêndice C - Formulário para cadastro e identificação dos animais participantes do estudo. 65 Apêndice D - Formulário para registro das contagens de R. (B.) microplus em bovinos nas diversas regiões anatômicas propostas.