Anais do I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido IIS SS SN N:: 2 22 23 36 6--2 27 74 46 6 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. FICHA CATALOGRÁFICA S474a Seminário Florestal do Sudoeste da Bahia (1. : 2009 : Vitória da Conquista, BA) Anais do I Seminário Florestal do Sudoeste da Bahia / Valdemiro Conceição Júnior (org.). – Vitória da Conquista: Edições UESB, 2010. 1 CD ROM: il.; color. Vários colaboradores. Tema: Recursos florestais para o semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 1. Silvicultura – Semi-árido nordestino – Congressos. 2. Recursos florestais – Sudoeste da Bahia - Congressos. 3. Produção florestal – Desenvolvimento econômico – Sudoeste da Bahia – Congressos. I. Conceição Júnior, Valdemiro. II. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. III.T. CDD: 634.95098142 Elinei Carvalho Santana – CRB-5/1026 Bibliotecária – UESB - Campus de Vitória da Conquista-BA I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 2 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. COMISSÃO ORGANIZADORA Cordenador: Valdemiro Conceição Júnior Professores colaboradores: Alessandro de Paula Daise Cardoso de Souza Bernadino Gilmar Correia Silva Rita de Cássia Antunes Lima de Paula Discentes colaboradores: Adilson Almeida dos Santos Alcides Pereira Santos Neto Andressa Mota Rios Barreto Cássio Maggi Sailvia Maciel Deborah Santos Moreira Gileno Brito de Azevedo Giovanni Correia Vieira Helane França Silva Higaro Gobira Iury Costa Oliveira José Alvim Pinto Júnior Lais Caetano de Oliveira Lais Ribeiro Lima Lacerda Lorena de Cassia Souza Caires da Silva Mabel Oliveira Santos Mariana de Carvalho Aguiar Ribas Mauricio santos souza Regileide Santana Franco Candido Roger Luiz da Silva Almeida Filho Valdereis Correia Souza I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 3 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. APRESENTAÇÃO A crescente exigência dos mercados por novos padrões de qualidade para os bens produzidos, a preocupação com a conservação dos recursos naturais e com a autosustentabilidade da produção agrícola, colocam o conhecimento do meio ambiente, a geração e a transferência de conhecimentos, como fatores estratégicos para um desempenho competitivo das atividades envolvendo os recursos florestais. Assim, a importância técnico-científica do Seminário focado nos aspectos silviculturais da região do semi-árido têm como base a difusão e sistematização do conhecimento dos elementos que constituem esse ecossistema, bem como, suas espécies, solo, sistemas de manejo e conservação, além da adequação de sistemas de produção e exploração dos recursos como potencial econômico. O presente evento teve como proposta a realização palestras, mesas-redondas e minicursos, além da apresentação de trabalhos em painéis e oral na área de abrangência da silvicultura voltada para condições do semi-árido. O evento proporcionará a troca de experiências e a integração de diferentes Instituições de ensino, além da comunidade do entorno, através da exposição, discussão e atualização da situação de manejo, produção e conservação dos recursos advindos da região semi-árida, tão escassamente discutida considerando sua importante relevância para realidade de diversas Para comunidades, nos seus aspectos sociais, ambientais ou econômicos. O evento foi realizado com foco no fortalecimento e desenvolvimento da Região Sudoeste da Bahia, a partir do incremento da produção florestal. Espera-se que ao final deste os participantes estejam preparados para elaborar e executar projetos florestais, tão necessários para a consolidação da Cadeia produtiva da madeira. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 4 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. OBJETIVOS Objetivo Geral Discutir temas atuais e perspectivas para o setor florestal da região do semi-árido nordestino, considerando aspectos sociais, ambientais e técnicos. As inovações trazidas pelos técnicos e pesquisadores do setor florestal e sua disseminação para estudantes e produtores certamente assegurarão ganhos contínuos de competitividade da silvicultura e perspectivas na adequação de manejo e conservação de seus recursos. Objetivos específicos - Promover o intercâmbio técnico-científico entre estudantes, profissionais e instituições que atuam na área florestal; - Debater questões essenciais ligadas ao desenvolvimento do setor florestal, especialmente a silvicultura do semi-árido; - Divulgar resultados de pesquisa e inovações tecnológicas; - Discutir perspectivas para o manejo e conservação dos recursos do semi-árido; - Realizar um evento regional capaz de inserir a discussão sobre a produção florestal nos processos de desenvolvimento da Região Sudoeste da Bahia I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 5 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. SUMÁRIO ATENÇÃO: Todo conteúdo e formatação dos resumos é de responsabilidade de seus autores. A educação ambiental na zona rural do município de Vitória da Conquista – Bahia Daniel Amorim Vieira Aleixo, Renan Rodrigues Souza, Ivana Paula Ferraz Santos de Brito, Valdemiro Conceição Júnior......................................................................................................................Página 11 Antagonismo in vitro de Trichoderma spp. á Pestalotiopsis sp., agente causal de mancha foliar em Macadamia integrifólia. Gileno Brito de Azevedo, Poliana Coqueiro Dias, Quelmo Silva de Novaes..................... Página 14 Ataque de Lampetis nigerrima (Kerremans) (Coleoptera: Buprestidae) e poda de correção na produção de eucalipto Janaína De Nadai; Norivaldo dos Anjos........................................................................................................ Página 19 Atributos físicos do solo da reserva florestal do Poço Escuro/BA Risely Ferraz de Almeida, Diego Queiroz de Sousa, Carlos Henrique Farias Amorim, Luciana Gomes Castro.................................................................................................................................................. Página 24 Atuação do Recicluesb frente às problemáticas ambientais da região Sudoeste da Bahia Mary Anne Assis Lopes de Oliveira, Alcides Pereira Santos Neto, Siléia Oliveira Guimarães............................................................................................................................................................................... Página 30 Avaliação da germinação de sementes de Adenanthera pavonina l. em diferentes tratamentos para a quebra de dormência João Paulo Silva, Juliano Lima Correia, Alex Pimentel Cesar, Rita de Cassia Antunes de Paula........................................................................................................................................................................................... Página 34 Avaliação da sanidade de sementes de pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link.) Glauce Taís de Oliveira Sousa, Gileno Brito de Azevedo, Jamille da Silva Amorim, Quelmo Silva de Novaes.............................................................................................................................................. Página 38 Biometria e germinabilidade de sementes de Caesalpinia ferrea Mart. Ex Tul (Caesalpiniaceae) Arlete da Silva Bandeira, Kátia Dias Carvalho, Simone Vieira, Débora Leonardo dos Santos.......................................................................................................................................................................................... Página 42 Características químicas do solo da reserva florestal Poço Escuro/BA Risely Ferraz de Almeida, Vinícius Santos Sousa, Carlos Henrique Farias Amorim, Luciana Gomes Castro.................................................................................................................................................. Página 47 I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 6 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Características químicas dos solos do município de Barra da Estiva – Bahia Dilson Sousa Rocha Júnior; Helane França Silva; Daíse Cardoso de Souza Bernardino; Carlos Henriques Farias Amorim......................................................................................................................... Página 51 Caracterização biométrica das sementes de Spondias tuberosa arruda (umbu) Kátia Dias Carvalho, Arlete da Silva Bandeira, Rita de Cássia Silva Carneiro, Débora Leonardo dos Santos....................................................................................................................................................... Página 56 Caracterização do comércio madeireiro na cidade de Seabra – BA Poliana Coqueiro Dias, Alcides Pereira Santos Neto, Mariana de Carvalho Aguiar Ribas, Giovanni Correia Vieira ............................................................................................................................................. Página 60 Caracterização do consumo de lenha no Polo Cerâmico de Ibiassucê-BA Gileno Brito de Azevedo, Glauce Taís de Oliveira Sousa, Gilmar Correia Silva.............................................................................................................................................................................................. Página 63 Caracterização macroscópica da madeira de Neoxythece elegans (A.DC.) Aubret Pedro Henrique Alcântara, Diego Oliveira Rocha, Lucas Moreno Sousa Nolasco, Gilmar Correia Silva.......................................................................................................................................................................... Página 66 Comercialização de produtos madeireiros no município de Barra do Choça – BA Mariana de Carvalho Aguiar Ribas, Alcides Pereira Santos Neto, Giovanni Correia Vieira, Gilmar Correia Silva..................................................................................................................................... Página 69 Consumo familiar em diferentes classes sociais do município de Vitória da Conquista – Bahia Mary Anne Assis Lopes de Oliveira, Andrêssa Mota Rios Barreto, Anne Mota Vinhas, Laís Caetano de Oliveira......................................................................................................................................................... Página 73 Desenvolvimento sustentável, senso crítico e habilidade de pensamento: a filosofia ambiental Déborah Santos Moreira, Alcides Pereira Santos Neto, Siléia Oliveira Guimarães............................................................................................................................................................................... Página 76 Estoque de serrapilheira como bioindicador em Mata de Cipó e plantio de eucaliptos Alcides Pereira Santos Neto, Heloísa Cintra Pinto, Ana Carolina Dantas Moreira, Marayana Prado Pinheiro.......................................................................................................................................... Página 79 Estudo de serrapilheira em dois fragmentos de caatinga com diferentes graus de degradação no município de Seabra, BA Lais Ribeiro Lima Lacerda, Élen Vilaronga De Jesus, Alcides Pereira Santos Neto, Aguiberto Ranulfo Amaral.......................................................................................................................................... Página 82 Frações oxidáveis do carbono orgânico de um planossolo sobre dois manejos florestais Giovanni Correia Vieira, Alcides Pereira Neto, Marcos Gervasio Pereira², Arcângelo Loss............................................................................................................................................................................................... Página 85 I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 7 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Geração de resíduos e obtenção da matéria-prima no setor madeireira: o caso do município de Seabra, BA Poliana Coqueiro Dias, Alcides Pereira Santos Neto, Mariana de Carvalho Aguiar Ribas, Giovanni Correia Vieira.............................................................................................................................................. Página 89 Gestão ambiental e universidade: o caso dos cursos promovidos pelo projeto Recicluesb, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Andrêssa Mota Rios Barreto, Alcides Pereira Santos Neto, Anne Mota Vinhas, Laís Caetano de Oliveira......................................................................................................................................................... Página 92 Identificação e quantificação das espécies arbóreas do campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- Vitória da Conquista Bahia Warlei Souza Campos, Flavia Maria Silva Brito, Theotônio Ângelo de Oliveira, Nayane Ameral Santos....................................................................................................................................................................... Página 95 Impactos da utilização da madeira nativa na industrialização de produtos florestais Mabel de Oliveira Santos, Regileide Santana Franco Cândido, Raoni Sousa Botelho,Gilmar Correia Silva............................................................................... ................................................ Página 99 Impactos gerados pela atividade ceramista e consumo de lenha nos municípios de Piatã e Abaíra Edmar de Souza Araújo, Juliana Gomes Messias, Elton Rodrigo Pereira Veiga, Gilmar Correia Silva....................................................................................................................................................................... Página 103 Levantamento da arborização urbana do bairro Santa Rita, município de Poções, Bahia Catia Dias do Carmo, Danusia Valeria Porto da Cunha, João Paulo Silva........................................................................................................................................................................................... Página 107 Manejo e conservação dos recursos naturais em comunidades quilombolas na microregião de Vitória da Conquista Adilson Almeida dos Santos, Laís Ribeiro Lima Lacerda, Ivana Paula Ferraz Santos de Brito, Valdemiro Conceição Júnior.................................................................................................................. Página 111 Matéria-prima e resíduos na industrialização de produtos madeireiros no município de Barra do Choça – BA Giovanni Correia Vieira, Mariana de Carvalho Aguiar Ribas, Alcides Pereira Neto, Gilmar Correia Silva................................................................................................................................................... Página 114 Matéria-prima florestal em olarias nos municípios de Piatã e Abaíra na Chapada Diamantina – Bahia Edmar de Souza Araújo, Magno Pacheco Fraga, Diego Oliveira Rocha, Gilmar Correia Silva........................................................................................................................................................................................... Página 117 Matéria-prima, setor florestal e resíduo na indústria madeireira do município de Planalto – BA Mariana de Carvalho Aguiar Ribas, Giovanni Correia Vieira, Alcides Pereira Neto, Gilmar Correia Silva................................................................................................................................................... Página 121 I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 8 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Morfologia de Lampetis nigerrima (Kerremans, 1897) (Coleoptera: Buprestidae) Janaína De Nadai; Norivaldo dos Anjos........................................................................................................ Página 126 O uso dos recursos naturais na zona rural do território de Vitória da Conquista – Bahia Jusciária Aragão Vieira, Samilla Joana Santos de Deus, Ivana Paula Ferraz Santos de Brito, Valdemiro Conceição Júnior................................................................................................................... Página 131 Ocorrência de antracnose em mudas de teca (Tectona grandis) no estado de Mato Grosso Marina Nunes Rondon, Solange Maria Bonaldo..................................................................................... Página 135 Ocorrência de Nasutitermes sp. (Isoptera – Termitidae) em Pterogyne nitens tull., (Leguminosae – Caesalpinioideae) em Vitória da Conquista – BA Poliana Coqueiro Dias, Rita de Cássia Antunes Lima de Paula................................................. Página 139 Os estudantes de engenharia florestal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e o consumo consciente - a importância da educação ambiental para a formação do consumidor Siléia Oliveira Guimarães, Helane França Silva, Alcides Pereira Santos Neto, Daíse Cardoso de Souza Bernardino............................................................................................................................... Página 143 Percepção ambiental na área do entorno do parque urbano Lagoa das Bateias, Vitória da Conquista/BA Lícia Priscila Azevedo; Mariana Lemos Santana; Mariana de Carvalho Aguiar Ribas.......................................................................................................................................................................................... Página 147 Praga da seringueira, Tapuruia felisbertoi Lane (Coleoptera: Cerambycidae) em plantios comerciais no município de Sinop-MT Ronaldo Augusto Dreher Ferrare, Janaína De Nadai, Jacqueline Jesus N. da Silva, Bianca J. Fruet Dacroce ............................................................................................................................................................. Página 151 Presença de cupim de montículo e custos de remoção do cupinzeiro em plantios de teca Ronaldo Augusto Dreher Ferrari, Janaína De Nadai, Evandro Mauro Tibola, Fábio Ferreira de Azevedo...................................................................................................................................................... Página 155 Qualidade sanitária de sementes de madeira nova (Pterogyne nitens Tull.) Jamille da Silva Amorim, Gileno Brito de Azevedo, Glauce Taís de Oliveira Sousa, Quelmo Silva de Novaes............................................................................................................................................ Página 160 Quantificação de lipídios, proteínas e carboidratos em sementes de angico vermelho (Anadenanthera peregrina) Helane França Silva; Warlei Souza Campos; Daíse Cardoso de Souza Bernardino; Eduardo Euclydes de Lima e Borges........................................................................................................... Página 164 I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 9 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Superação da dormência tegumentar de sementes de surucucu por meio de imersão em acido sulfúrico Isaac Santos da Luz, Sylvana Naomi Matsumoto; Lucialdo Oliveira D’arede, Jerffson Lucas Santos....................................................................................................................................................................... Página 168 OBS: Os resumos estão apresentados de acordo o título em ordem alfabética. O conteúdo e a formatação de cada resumo é de responsabilidade de seus autores. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 10 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA - BAHIA Daniel Amorim Vieira Aleixo1, Renan Rodrigues Souza1, Ivana Paula Ferraz Santos de Brito2, Valdemiro Conceição Júnior3 Discente do curso de Engenharia Agronômica da UESB, Vitória da Conquista1; Engenheira Agrônoma, UESB, Vitória da Conquista2; Docente do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia da UESB, Vitória da Conquista3 E-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO Este trabalho discute os níveis de educação ambiental de produtores em comunidades rurais do município de Vitória da Conquista Bahia, desenvolvendo um estudo baseado na metodologia descrita, bem como através de comparações do grau de educação ambiental existente nas regiões da Caatinga, Mata e Mata de Cipó. Desta forma, foi possível a obtenção de informações em relação ao modo de exploração da agricultura local, com o que nota-se que na maioria dos casos essas práticas não condizem com os princípios propostos pela educação ambiental, visto que ainda são realizada queimadas, derrubada de mata nativa e na maioria das propriedades não tem presença da reserva legal. Palavras-chave: Agricultura, Educação ambiental, Práticas agrícolas INTRODUÇÃO A partir do final da década de 1980 e início da de 1990 surgiram grandes preocupações e ações no sentido de fortalecer a educação ambiental. A partir disso, houve uma conscientização de que os recursos do planeta Terra são finitos e limitados, a constatação de que os sistemas naturais são frágeis e interdependentes e a gravidade dos problemas ambientais (ANDRADE, 2003), Extremamente integrada ao contexto atual, a Educação Ambiental, em sua definição mais modesta, visa o desenvolvimento de novas formas de relação dos homens entre si e com a natureza, a preservação dos recursos naturais e a redução das desigualdades sociais em prol de uma sociedade mais justa e sustentável (SOARES, 2007). Dessa forma, o método mais eficaz de conscientizar as pessoas da importância de preservar o meio em que vivem é através da educação ambiental, utilizando formas de educar e de agir coletivamente em prol de um objetivo, buscando soluções para os problemas da sociedade. O município de Vitória da Conquista possui sua população rural distribuída em 284 povoados, e está localizado em uma região de transição entre a Mata Atlântica e a Caatinga, com altitude variando de 857 a 950 (PMVC, 2008) metros acima do nível do mar e pluviosidade variando de 500 a 1000 mm/ano, aproximadamente. Esta grande diversidade ambiental gera realidades diferentes de disponibilidade dos recursos naturais e, conseqüentemente, das formas de exploração das atividades agrícolas bem como da consciência ambiental por parte dos produtores. O presente trabalho tem por objetivo discutir através de um estudo comparativo entre os distritos do município as ações/grau de educação ambiental. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 11 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. MATERIAIS E MÉTODOS Foram realizadas, entre os meses de março a outubro de 2009, visitas de campo aos distritos do município de Vitória da Conquista - Ba, para o levantamento de dados e leituras de paisagem, tendo por base a metodologia Análise Diagnóstico de Sistemas Agrários, sistematizada por Garcia Filho (1999). Nessas visitas foram aplicados 160 questionários pré-estruturados individualmente a agricultores familiares com a finalidade de observar algumas práticas e características dos sistemas de produção dos entrevistados, tais como a realização de queimadas, o uso da terra, a preocupação com os recursos naturais disponíveis e as ações desenvolvidas neles. Foram identificadas três realidades ambientais distintas, sendo possível a criação de tipologias para uma melhor análise dos dados coletados. Na região da Caatinga foram amostradas as localidades de José Gonçalves e Bate Pé; na região da mata de cipó Cercadinho, Dantilândia, Inhobim e Veredinha; e na mata úmida, Capinal. Após este procedimento inicial, utilizando-se de planilhas de Excel as informações foram tabuladas e analisadas quantitativa e qualitativamente. RESULTADOS E DISCUSSÃO A realização de queimadas no preparo do solo para a agricultura é uma técnica antiga e da forma que é realizada não condiz com ações ambientalmente corretas. Por ser uma técnica comumente passada de geração após geração, por obter resposta rápida e ser de baixo custo em relação às outras técnicas agrícolas, continua sendo ainda realizada por 43% dos entrevistados, sendo que 75% destes estão situados na região da caatinga. Do ponto de vista agrícola, o ato de queimar áreas para o desenvolvimento da agricultura é uma ação totalmente negativa, uma vez que o solo perde nutrientes, além de exterminar todos os microrganismos presentes no mesmo que garante a fertilidade, dessa forma, a fina camada da superfície fica empobrecida e ao decorrer de consecutivos plantios a situação se agrava gradativamente resultando na infertilidade (FREITAS, 2009) . Outro dado importante é a utilização de lenha com diversas finalidades, sendo a principal delas a utilização na cozinha, aumentando assim o grau de desmatamento. Na região da caatinga 13% dos que responderam ao questionário realizam derrubadas de mata nativa. Já na região da mata não existe praticamente o desmatamento, pois menos de 1% dos que ainda possuem mata em sua propriedade estão nesta região, o mesmo acontece na mata de cipó, onde apenas 8% realiza essa prática. Além da utilização no consumo doméstico o desmatamento é praticado para aquisição de madeiras para construção de cercas, comercialização, e no preparo do solo para a agricultura, caracterizando assim um contexto marcado pela degradação permanente do ambiente e do seu ecossistema. Devido à concentração das chuvas em apenas algumas épocas do ano, 32% dos agricultores entrevistados na região da caatinga realizam o plantio nos períodos chuvosos e deixam o solo em repouso nas épocas de estiagens. Por outro lado, o solo em repouso sob essas condições não indica exatamente uma prática de educação ambiental, pois ficará descoberto e exposto a condições desfavoráveis tais como, ventos, sol e mesmo chuvas fora de época, podendo causar erosão, perdas de nutrientes e da vida microbiana do solo. Dos entrevistados na região da mata, onde as chuvas são mais freqüentes e em maior quantidade em relação à caatinga e mata de cipó, apenas 3% deixam o solo em repouso, sendo que os demais não realizam essa prática considerando que o plantio pode ser efetuado durante todo o ano. Para produzir bem, a terra, assim como os seres humanos, I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 12 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. precisa de descanso. A prática do pousio não é usada dentre a grande maioria (PEREIRA et al., 2005). Segundo Assis (2008), a micro fauna presente no solo também pode sofrer uma grave redução pelo uso de agrotóxicos (pesticidas e herbicidas), comprometendo o funcionamento normal do ecossistema. Na região estudada os maiores índices de uso estão na mata, com 44% e na mata de cipó com 46%. Esse fato não condiz com o percentual de entrevistados sobre o acesso a algum tipo de assistência técnica prestada por órgãos e instituições públicas existentes no município, como a UESB, EBDA e PMVC. Destes, 5% estão na região da mata, 35% na mata de cipó e 60% na região da caatinga. Nota-se assim na maioria dos casos o maior uso de agrotóxicos nas localidades que não receberam assistência técnica. Entretanto pode-se observar que a utilização é feita sem o devido acompanhamento técnico para orientação da dosagem correta, devolução e tríplice lavagem das embalagens, bem como não foi notado a utilização de Equipamentos de Proteção Individual – EPI. CONCLUSÃO Diante dos dados obtidos observa-se que a realização de algumas práticas, tais como o uso de queimadas, a utilização de agrotóxicos, aparentemente da forma incorreta, demonstram a existência de um menor grau de educação ambiental nos distritos aos quais densenvolveu-se a pesquisa. Observa-se também, nas três regiões, a necessidade de um programa de educação ambiental que conscientize para realização de práticas mais ambientalmente corretas. REFERÊNCIAS ANDRADE, L. A. de; Gestão e Conservação de Recursos Naturais: Uma abordagem técnica dos seus desafios e concepções. Agropecuária Técnica, CCA-UFPB, Areia – PB, 2003. ASSIS, K. M. S. Agrotóxicos: a agressão a saúde humana e ao meio. Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFIDAM), Universidade Federal do Ceará, Limoeiro do Norte – Ceará, 2009. FREITAS, E.de; Queimadas. Disponível em<http://www.alunosonline.com.br/geografia/queimada > Acesso em: 19 de outubro de 2009. GARCIA FILHO, D. P. Análise e Diagnóstico de Sistemas Agrários - Guia Metodológico. INCRA/FAO, 1999.65 p. PEREIRA, E. D. G. et al.; Desenvolvimento Local e Manejo da Caatinga no Assentamento Hipólito, em Mossoró/RN, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Rio Grande do Norte, 2005. PMVC - Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista, Caracterização municipal. Vitória da Conquista, BA, 2008 SOARES, N. B.; Educação Ambiental no Meio Rural: Estudo das Práticas Ambientais da Escola Dario Vitorino Chagas – Comunidade Rural do Umbu - Cacequi/RS. Universidade Federal de Santa Maria; Centro de Ciências Rurais; Curso de Pós-Graduação em Educação Ambiental - Monografia de Especialização, Santa Maria, RS, 2007. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 13 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. ANTAGONISMO in vitro DE Trichoderma spp. À Pestalotiopsis sp., AGENTE CAUSAL DE MANCHA FOLIAR EM Macadamia integrifolia. Gileno Brito de Azevedo¹, Poliana Coqueiro Dias ², Quelmo Silva de Novaes ³ Graduando em Engenharia florestal pela UESB, 2Mestranda em Silvicultura clonal, Universidade Federal de Viçosa – Viçosa-MG, 3Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, UESB - Vitória da Conquista-BA. E-mail: [email protected] 1 RESUMO A macadâmia (Macadamia integlifolia), ainda pouco cultivada no Brasil, tem como principais produtores: São Paulo, Espírito e Bahia. No Brasil, ainda não há relatos de Pestalotiopsis sp. em cultivos de macadâmia, no entanto, alguns autores já descrevem esse fungo como agente patogênico em algumas culturas, inclusive na cultura do eucalipto. Com este trabalho, objetivou-se iniciar estudos que visam o controle alternativo para Pestalotiopsis sp., avaliando-se o efeito antagonista in vitro de Trichoderma spp. à Pestalotiopsis sp.. Foram utilizadas quatro espécies de Trichoderma (T. viride, T. virens, T. stromaticum e T. harzianum) e um isolado de Pestalotiopsis sp. coletado em uma árvore de macadâmia localizada na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Vitória da Conquista-BA. Todos os fungos foram isolados em BDA, do qual, retirou-se discos de 7 mm de diâmetro dos antagonistas, separadamente, e de Pestalotiopsis sp.,com os quais fezse o pareamento de colônias em placas contendo BDA. As placas foram colocadas em BOD a 25 ± 1ºC, com fotoperíodo de 12 h e avaliadas de 2 em 2 dias, até o 6º dia, quando as placas estavam totalmente tomadas pelo antagonista. Os isolados de Trichoderma spp. demonstraram efeito significativo na inibição do crescimento micelial de Pestalotiopsis sp., sendo que os fungos T.virens e T. stromaticum apresentaram maior e menor antagonismo à Pestalotiopsis sp., respectivamente. Palavras-chave: Controle biológico; doenças fúngicas; manchas foliares INTRODUÇÃO A macadâmia (Macadamia integrifolia) é uma planta arbórea de clima subtropical, pertencente à família botânica Proteaceae, e é apreciada principalmente pelas suas nozes. É originária da Austrália, onde é encontrada em florestas naturais. No Brasil, foi introduzida em 1931, entretanto, o cultivo comercial foi modesto e só a partir do final da década de 90, com a estabilização econômica, a cultura consolidou-se e vem apresentando perspectivas de crescimento. Atualmente, estima-se uma área de aproximadamente 6.000 ha plantados, com produção anual de 3.200 toneladas de noz em casca, sendo que os principais Estados produtores são: São Paulo (33%), Espírito Santo (31%) e Bahia (18%). Nos últimos anos, esta fruteira vem sendo considerada como alternativa de investimento ou como fonte de diversificação de renda na propriedade. Isto, em função de o mercado externo apresentar demanda crescente pelo produto e pelo fato de as processadoras e exportadoras brasileiras encontrarem-se consolidadas neste mercado. Além disso, há um imenso mercado interno inexplorado, que pode ser fator de incremento no agronegócio nacional (PIMENTEL, 2007). A produtividade de várias culturas, seja ela agrícola ou florestal, se torna prejudicada pela ação dos patógenos que agem afetando a sua produtividade, qualidade e muitas vezes devastando totalmente ou parcialmente a cultura. Fungos do gênero Pestalotiopsis são muito freqüentes, porém são poucos citados na literatura. Para alguns autores, são considerados como oportunistas ou secundários, porém podem ser relevantes em alguma fase do desenvolvimento das plantas. Já foram relatados em viveiros de mudas de eucalipto (FILHO, 2008), causando I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 14 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. manchas foliares em palmeiras ornamentais (RUSSOMANNO et al., 2007), e podridão no caule de goiabeira (CARDOSO, 2002). Batista et al. (2007) relatou o fungo em 13 espécies arbóreas, com um nível de ocorrência de 100% na área estudada. Mesquita (2006) relatou Pestalotiopsis sp. como manchador de madeiras em Eucalyptus grandis, durante o processo de secagem da madeira. O manejo integrado de doenças em plantas contempla varias medidas para reduzir a severidade e manter o potencial produtivo das culturas agronômicas. Dentre essas medidas destaca-se o controle biológico, o qual utiliza microrganismos antagônicos, como o fungo do gênero Trichoderma. O uso do controle biológico em substituição ao químico é dependente da disponibilidade e da efetividade dos agentes de controle, bem como dos produtos comerciais contendo estes microorganismos. Entretanto, até o momento, são poucos os produtos biológicos disponíveis no mercado para essa modalidade de controle. Além disso, a maioria não é devidamente registrada para uso em escala comercial (LOPES, 2001). Segundo Chet et al. (1997), o sucesso no uso de Trichoderma no biocontrole de fitopatógenos é devido a sua alta capacidade reprodutiva, capacidade de sobreviver em condições desfavoráveis, eficiência na mobilização e absorção de nutrientes, capacidade de modificar a rizosfera (pela produção de ácidos orgânicos), altamente agressivos contra fungos fitopatogênicos e eficiência como promotor no desenvolvimento de plantas. Os mecanismos de ação pelos quais o Trichoderma pode atuar são: antibiose, hiperparasitismo, competição e também em alguns casos através de promoção de crescimento (MELO, 1996). O controle biológico, com o uso de fungos antagonistas, tem sido utilizado com êxito em algumas culturas, como uma alternativa ao controle químico. Com este trabalho objetivou-se avaliar o efeito antagonista in vitro de Trichoderma spp. ao fungo Pestalotiopsis sp., em condições de laboratório. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Laboratório de Fitopatologia, Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), campus de Vitória da Conquista, BA. Como antagonistas, utilizou-se os fungos Trichoderma viride (TVD), T. virens (TVN), T. harzianum (TH) e T. stromaticum (TS). O isolado de Pestalotiopsis sp. foi obtido, no campus da UESB, em plantas de Macadamia integrifolia com manchas foliares, e posteriormente transferido para placas contendo BDA, o qual foi repicado para a manutenção do isolado sempre viável e patogênico. Para avaliar o antagonismo de Tricoderma spp. contra o isolado de Pestalotiopsis sp. realizou- se o confronto direto através do pareamento de colônias em placas de Petri, onde cada fungo antagonista foi utilizado contra o isolado de Pestalotiopsis sp.. Retirou-se discos de sete milímetros de diâmetro das colônias dos fungos antagonistas contidas em placas com BDA, separadamente, e colocou-se a três cm da borda em placas de Petri de nove cm de diâmetro, contendo BDA. Eqüidistante do fungo antagonista e da outra extremidade da placa foi colocado um segundo disco de igual tamanho, contendo o Pestalotiopsis sp., formando assim, o pareamento das colônias. Como testemunha, usou-se o patógeno cultivado isoladamente, colocando-se um disco de micélio no centro de cada placa.O delineamento experiental foi inteiramente casualizado, com 05 repetições. As placas foram mantidas em BOD a 25 ± 1ºC e fotoperíodo de 12 horas. As avaliações foram realizadas de dois em dois dias, sendo as colônias dos fungos medidas com uma régua milimetrada pela parte superior da placa. As avaliações foram encerradas no sexto dia, pois as placas já estavam completamente tomadas pelos fungos. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 15 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. RESULTADOS E DISCUSSÃO O pareamento das espécies de Trichoderma spp. com os isolados de Pestalotiopsis sp. demonstrou efeito antagônico significativo do primeiro sobre o crescimento micelial do segundo. As colônias de Pestalotiopsis sp. quando pareadas com Trichoderma spp. apresentaram tamanho médio bem menor quando comparado com a cultura pura de Pestalotioppsis sp.. Esses valores foram mais significativos a partir do 4º dia, conforme pode ser observado na figura 1. Figura 1. Tamanho médio das colônias de Pestalotiopsis sp. sozinhas (P) quando pareadas com Trichoderma viride (P x TVD), T.virens (P x TVN), T. harsianum (P x TH) e T. stromaticum (P x TS). Os percentuais de inibição estão apresentados na Tabela 1. Pode-se observar que isolados de T. virens e T. viride foram os que apresentaram maior antagonismo à Pestalotiopsis sp., em relação à inibição do crescimento micelial. Tabela 1 - Inibição do crescimento micelial de isolados de Pestalotiopsis sp., pareados com espécies de Trichoderma spp. após 2, 4 e 6 dias. Pestalotiopsis sp. Antagonistas 2 dias 4 dias 6 dias Diâmetro (mm) % inibição Diâmetro (mm) % inibição Diâmetro (mm) % inibição Sem antagonista 32,2 a 0 59,8 a 0 90 a 0 T. stromaticum 30,1ab 32,3 47,9 b 63,4 48,9 b 82 T. harzianum 31,4 ab 23,3 48,7 b 65,5 43,8 bc 87 T. viride 26,5 b 12,6 36,2 c 35,8 38,2 cd 70,5 T. virens 28,2 ab 4,9 35,1 c 33,7 32,4 d 71,2 Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukei, a 5% de probabilidade. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 16 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Também se observou que no 6º dia a colônia de Pestalotiopsis sp estava toda colonizada por Trichoderma, com exceção do T. stromaticum, ou seja, este último não apresentou hiperparasitismo. A total colonização se deve ao alto potencial de hiperparasitismo das espécies de Trichoderma, fato este que não tem ocorrido com o T. stromaticum. Condições de temperatura e umidade podem está associada à esta característica. Embora Santos et al. (2008) não revelou quais foram as espécies de Trichoderma utilizadas em sua pesquisa, também foi observado a capacidade de Trichoderma spp. em causar redução no crescimento micelial de Pestalotiopsis sp. Silva (2008), utilizando os mesmos antagonistas para Phytophthora citrophthora obteve maior hiperparasitismo com T. stromaticum, diferindo dos resultados encontrados neste trabalho Os resultados obtidos apontam um grande potencial de controle de Pestalotiopsis sp. da Macadamia integrifolia utilizando-se espécies de Trichoderma. O antagonismo observado in vitro aponta para um possível sucesso no controle in vivo. CONCLUSÃO Todas as espécies de Trichoderma mostraram efeito antagônico sobre o isolado de Pestalotiopsis sp., embora nas condições que o estudo foi realizado, tenha sido as espécies T. virens e T. viride que apresentaram maior taxa de inibição. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BATISTA, T. F. C. et al. Ocorrência De Fungos e Nematóides Fitopatogênicos em Áreas Reflorestadas pela Petrobrás Oriundas da Exploração Petrolífera no Município de Coari (Am). Revista Ciências Agrárias, Belém, n. 47, p. 163-171, jan/jun. 2007. CARDOSO,J.E.,MAIA, C.B.,PESSOA M.N.G. Ocorrência de Pestalotiopsis psidii e Lasiodiplodia theobromae causando podridão no caule da goiabeira no ceará. Fitopatologia Brasileira. vol.27 nº3. Brasília May/June. 2002. CHET, I.; IMBAR, J.; HADAR, I. Fungal antagonists and mycoparasites. In: WICKLOW D.T., SODERSTROM B. (eds) The Mycota IV: Environmental and mycrobial relationships. Springer-Verlag, Berlin, p.165-184. 1997. FILHO, M. R. C. Atividade antagônica in vitro de isolados de Trichoderma spp. ao fungo Phytophthora citrophthora. Dissertação (mestrado), Universidade de Brasília / Departamento de Fitopatologia. Brasília-DF. 86f. 2008. LOPES, E. A. G. L. Controle biológico de Botrytis cinera in vitro em mudas de Eucalyptus sp. 2001. Dissertação (Mestrado em Fitopatologia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG. MELO, I. S. Trichoderma e Gliocladium como bioprotetores de plantas. Revisão Anual de Patologia de Plantas, Passo Fundo, v. 4, p. 261-295, 1996. MESQUITA, J.B.; LIMA, J.T.; TRUGILHO, P.F. Micobiota associada a madeira serrada de Eucalyptus grandis HILL EX MAIDEN durante a secagem ao ar livre. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 16, n. 1, p. 45-50. 2006. PIMENTEL, L.D. A cultura da Macadâmia. Revista Brasileira De Fruticultura. v. 29, n. 3, p. 414-716. Jaboticabal-SP.2007. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 17 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. RUSSOMANO, O.M.R., KRUPPA P.C., COUTINHO L.N. Doenças fúngicas em palmeiras ornamentais. Biológico, São Paulo, v.69, n.1, p.9-15, jan./jun., 2007. SANTOS, M.S. dos; SILVA,; B.da; LUSTOSA, D.C. Avaliação in vitro Trichoderma spp. a diferentes isolados fúngicos da região Amazônica. IN: VI Seminário de Iniciação Científica da UFRA e XII Seminário de Iniciação Científica da EMBRAPA Amazônia Oriental/2008. SILVA. K.S. et al. Atividade antagônica in vitro de isolados de Trichoderma spp. ao fungo Phytophthora citrophthora. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 29, n. 4, p. 749-754, out./dez. 2008. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 18 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. ATAQUE DE Lampetis nigerrima (KERREMANS) (COLEOPTERA: BUPRESTIDAE) E PODA DE CORREÇÃO NA PRODUÇÃO DE EUCALIPTO Janaína De Nadai1; Norivaldo dos Anjos2 1 Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop; 2 Universidade Federal de Viçosa, Viçosa e-mails: [email protected]; [email protected] RESUMO: Objetivou-se avaliar os efeitos do ataque de L. nigerrima sobre eucaliptos com três meses de idade e da poda de correção do crescimento, aplicada cinco meses depois do ataque. O experimento foi conduzido em plantação de híbridos de eucaliptos clonados (Eucalyptus grandis vs E. urophylla), no município de Grão Mogol, MG, utilizando-se um delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições de 100 árvores por tratamento. Os tratamentos consistiram em “Árvores não atacadas por L. nigerrima e não podadas”; “Árvores atacadas por L. nigerrima e que receberam poda de correção” e em “Árvores atacadas pelo besouro e que não receberam poda de correção”. O crescimento das árvores foi avaliado até os 32 meses de idade. Observou-se que árvores não atacadas por besouros de L. nigerrima e não podadas apresentaram, 29 meses após o ataque do besouro, volume de madeira maior do que árvores atacadas e não podadas. A poda de correção fez diminuir as perdas em crescimento e aumentar a qualidade dos fustes de árvores atacadas em comparação com aquelas sem poda. O ataque de L. nigerrima a plantios de eucalipto prejudicou a produção de madeira. Palavras-chave: Eucalipto, entomologia, besouro desfolhador, poda, madeira ABSTRACT: This work deals to the effect of tree damage by Lampetis nigerrima (Kerremans, 1897) and the correction pruning on the tree development under field conditions. Activities was conducted in a commercial eucalypt plantation of cloned hybrid (Eucalyptus grandis vs E. urophylla), in the Grão Mogol, Minas Gerais. A randomized experimental 4-block design was used; each experimental unity had 100 trees randomly marked. Treatments were “Trees damaged by beetles, but receiving a correction pruning 5 months latter”; “Damaged, but not pruned trees” and “Trees with no damage and no pruning” (=Control). Trees’ growing were evaluated 29 months after insect outbreak and two years after tree pruning. As results, we found control trees got higher wood production than damaged trees. Correction pruning improved the wood production in relation to that observed on damaged/not pruned trees. It is concluded that L. nigerrima beetle is capable to cause significant losses to the wood production in which control is merited. Key-words: Forest entomology, leaf eating beetle, eucalypt, tree pruning INTRODUÇÃO O ataque de insetos desfolhadores a plantações florestais resulta, entre outras conseqüências, na diminuição da área foliar, implicando em reduções na taxa fotossintética (SHEPHERD 1994). Como a produção de madeira depende da fotossíntese ocorrente nas folhas, qualquer fator que altere a extensão da área foliar nas árvores pode afetar a produção do material lenhoso (CEULEMANS & SAUGIER, 1991). Entre os principais besouros desfolhadores de eucaliptais no Brasil, destacam-se os da família Buprestidae, que atacam as folhas novas, roem os galhos tenros e decepam o ponteiro principal de árvores em plantações comerciais (ANJOS & MAJER, 2003 e DE I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 19 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. NADAI, 2005). Apenas um inseto adulto é capaz de destruir o ramo principal de uma árvore de até dois metros de altura (RIBEIRO et al., 2001). Entre os vários buprestídeos de interesse florestal no Brasil, os do gênero Lampetis vem alcançando posição de destaque em plantações comerciais de eucalipto (RIBEIRO et al., 2001, ANJOS & MAJER, 2003 e DE NADA,I 2005). Lampetis nigerrima (Kerremans, 1897), ou besouro “Cai-cai-depintas-brancas”, é uma destas espécies destacadas como importantes para a eucaliptocultura brasileira. Ataques de Lampetis nigerrima em plantações comerciais de eucaliptos foram registrados por Anjos & Majer (2003), Anjos et al. (2004), De Nadai et al. (2004) e De Nadai (2005). As conseqüências do ataque de L. nigerrima às árvores de eucalipto ainda são mal conhecidas limitando a tomada de decisão em casos de surtos. Algumas técnicas de manejo, como adubação e poda controlada ou desrama artificial, são empregadas como forma de melhorar a produtividade da cultura do eucalipto (PIRES et al., 2000; SCHNEIDER, 1993) e poderiam ser usadas para auxiliar na recuperação de árvores danificadas pelo ataque de insetos-praga. No presente estudo objetivou-se avaliar os efeitos do ataque de L. nigerrima e da poda de correção em cultivos comerciais de clones eucalipto sobre a produção de madeira com casca. MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi realizado em um povoamento de clone de Eucalyptus grandis vs E. urophylla localizado no município de Grão Mogol, MG, com espaçamento 3 x 3 m. Nos arredores do referido povoamento haviam culturas antigas de eucalipto, pastagens e fragmentos nativos da região. O local foi utilizado devido à ocorrência de um surto populacional do besouro Cai-cai-de-pintas-brancas [Lampetis nigerrima (KERREMANS, 1897)], quando as plantas tinham três meses de idade. Antes e após este surto não houve registro de outro surto de insetos desfolhadores no local. Foram utilizadas 1200 árvores em delineamento experimental de blocos casualizados, com três tratamentos e quatro repetições e 100 árvores por unidade experimental. Como bordadura, foram utilizadas as dez primeiras árvores a partir da margem do talhão. Os tratamentos avaliados foram: T1 = árvores não atacadas pelo besouro L. nigerrima e não podadas (testemunha); T2 = árvores atacadas pelo besouro L. nigerrima e que receberam poda de correção (com poda) e T3 = árvores atacadas pelo besouro L. nigerrima e que não receberam poda de correção (sem poda). A poda de correção foi realizada cinco meses após o surto, coincidindo com a época mais fria do ano, sendo aplicada na porção da copa onde aconteceu o ataque dos besouros. Com uso de serrote, foram retirados apenas os galhos anormalmente grossos e retidos na base da árvore e os fustes secundários que se desenvolveram pela dominância de galhos laterais, deixando-se somente um fuste dominante, de maneira a interferir o mínimo possível na arquitetura da copa. As coletas de dados ocorreram aos 5, 17, 23 e 29 meses após o surto, nas idades de 8, 20, 26 e 32 meses, respectivamente. O diâmetro foi obtido a partir da leitura da circunferência a altura do peito, medida a 1,30 m do terreno. A produção volumétrica de madeira em pé com casca por hectare foi calculada à partir da fórmula: Vcc = (π (DAP2/10000))/4xHxFF, utilizando fator de forma 0,46. Foram ajustadas equações de regressão, através do modelo Logístico, utilizando-se o software CURVE EXPERT 1.3 (HYAMS 2001), para estimar volume de madeira com casca por hectare em função da idade. Para avaliar diferenças entre as equações geradas para cada tratamento, foi aplicado o Teste L&O, proposto por Leite & Oliveira (2002), em nível de 1% de probabilidade. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 20 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. RESULTADOS E DISCUSSÃO As equações ajustadas para estimar o volume de madeira com casca (Vcc), em função da idade em meses (I), de árvores de eucalipto híbrido (clone de Eucalyptus grandis vs E. urophylla), em local de ocorrência de ataque por Lampetis nigerrima (Kerremans, 1897) foram Vcc=117,07375(1+452,55966e-0,22964781I)-1; Vcc=113,67369(1+472,02889e0,23074128I -1 ) ; e Vcc=111,0383(1+463,65245e-0,2274755I)-1 para os tratamentos testemunha; atacadas e que receberam poda de correção e árvores atacadas e que não receberam poda de correção, respectivamente. À partir das equações foi possível estimar a produção de volume de madeira com casca (Figura 1). Figura 1. Curvas de crescimento em volume de madeira com casca (Vcc), em função da idade (I), de árvores de eucalipto híbrido em local de ocorrência de ataque por Lampetis nigerrima (Kerremans, 1897). Grão Mogol, MG. Os resultados obtidos ao aplicar o teste L&O, em nível de 1% de probabilidade, demonstram que houve alteração prejudicial do ataque do besouro desfolhador sobre a taxa de crescimento em volume de madeira com casca, em plantios de clone de eucalipto dos 8 aos 32 meses de idade. Para cada uma dessas variáveis, o teste L&O indicou diferença significativa ao correlacionar Testemunhas vs Atacadas e submetidas à poda de correção (T2 vs T1); Testemunhas vs Atacadas e sem poda (T1 vs T3); e Atacadas e submetidas à poda de correção e Atacadas sem poda (T2 vs T3). Pode-se perceber que existe uma grande tendência de distanciamento entre as curvas de crescimento volumétrico das árvores nos três tratamentos analisados, à medida que avança a idade das árvores. Esta constatação está de acordo com aquela apontada por Mendes (2004), que estudando as consequências do ataque de Costalimaita ferruginea (Coleoptera: Chrysomelidae) constatou efeitos adversos altamente relevantes no crescimento das árvores de eucalipto, principalmente em relação ao crescimento das árvores que perderam o ponteiro principal. Para Anjos & Majer (2003), a perda em altura a partir do ataque de besouros desfolhadores no primeiro ano de idade nunca será recuperada por ser esta a fase de desenvolvimento da árvore que determina seu potencial de crescimento. Isto ficou muito bem evidenciado no presente trabalho, uma vez que o ataque do besouro desfolhador não permitiu que, com o aumento da idade em árvores atacadas e não podadas, fosse possível I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 21 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. recuperar a produção volumétrica perdida, em relação às árvores testemunhas. Além de aproximar árvores atacadas às testemunhas em termos de volume, é possível sugerir que a poda utilizada neste trabalho, assim como acontece com a desrama artificial (PIRES et al., 2000), melhorou substancialmente a qualidade da madeira podendo ser adotada no manejo de povoamento de eucaliptos. O potencial nocivo de insetos do gênero Lampetis, como o aqui demonstrado para L. nigerrima, já havia sido sugerido como importante por Ribeiro et al. (2001) em eucaliptos no Brasil. As constatações do presente trabalho apresentam-se de acordo, também, com aquelas registradas por Fernandes (2004), ao investigar a repercussão produtiva em sistema agroflorestal decorrente do ataque do besouro desfolhador Metaxyonycha angusta (PERTY, 1832) (Coleoptera: Chrysomelidae), cujas injúrias são predominantemente localizadas nas extremidades dos ramos laterais e na extremidade superior da copa de eucaliptos jovens. Semelhante ratificação dos resultados aqui obtidos pode ser encontrada nos trabalhos de Mendes (2004). CONCLUSÃO O ataque do besouro desfolhador Lampetis nigerrima (KERREMANS, 1897) (Coleoptera: Buprestidae) prejudicou a produção de madeira, em plantações comerciais clonadas do híbrido Eucalyptus grandis vs E. urophylla, em até 32 meses de idade. A poda de correção quando aplicada aos cinco meses após o ataque deste besouro desfolhador, permite reduzir as perdas no volume de madeira produzida até os 32 meses de idade. REFERENCIAS ANJOS, N.; DE NADAI, J. RODRIGUES, L.A.L. Ocorrência de buprestídeos em eucaliptais de Minas Gerais. In: XX Congresso Brasileiro de Entomologia, 2004. Anais... Gramado, RS, 05 a 10 de setembro de 2004, p.453. ANJOS, N.; MAJER, J.D. Leaf-eating beetles in Brazilian eucalypt plantations. School of Environmental Biology. Austrália. n.23, 2003. p.10-11, (Boletim de pesquisa). CEULEMANS, R.J.; SAUGIER, B. Photosynthesis. In: RAGHAVENDRA, A.S. Physiology of Trees. Hyderabad: John Wiley & Sons, 1991. p.21-50. DE NADAI, J.; ANJOS, N.; CORDEIRO, G. Catação manual no controle populacional de buprestídeos. In: XIV Simpósio de Iniciação Científica (SIC) IV Mostra Científica da Pósgraduação e o II Simpósio de Extensão Universitária, Viçosa, MG, 20 a 23 de outubro de 2004, 73p. DE NADAI. Biologia de Lampetis nigerrima (Kerremans, 1897) (Coleoptera: Buprestidae) em eucalipto. 44p. Dissertação (Mestrado em Entomologia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG. 2005. FERNANDES, L.C. Biologia de Metaxyonycha angusta (Perty) (Coleoptera: Chrysomelidae) e efeitos do seu ataque em eucaliptos, num sistema agroflorestal. Dissertação (Mestrado em Entomologia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG. 86f. 2004. HYAMS, D. CURVE EXPERT 1.3: A comprehensive curve fitting system for Windows. Copyright ©. 2001 I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 22 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. LEITE, H.G., OLIVEIRA, F.H.T. Statistical procedure to test the identity of analytical methods. Communications in Soil Science Plant Analysis. New York. v.33. n.78, p.1105-1118, 2002. MENDES, J.E.P. Efeitos do ataque de Costalimaita ferruginea (Fabr.) (Coleoptera: Chrysomelidae) sobre crescimento e produção de Eucalyptus grandis Hill ex Maiden. Dissertação (Doutorado em Entomologia)-Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG. 49f. 2004. 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ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO DA RESERVA FLORESTAL DO POÇO ESCURO/BA Risely Ferraz de Almeida1, Diego Queiroz de Sousa1, Carlos Henrique Farias Amorim2, Luciana Gomes Castro2 1 Graduando do curso de Agronomia da UESB, Vitória da Conquista/BA; 2 Professor Adjunto da UESB/DEAS, Vitória da Conquista/BA e-mails: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] RESUMO: Estudos de caracterização geoespacial da granulometria da camada superficial de solo e espessura do horizonte orgânico da Reserva do Poço Escuro, município de Vitória da Conquista/BA, foram realizados por meio da coleta de material em 68 locais, distribuídos aleatoriamente, em uma área de 17 ha. Análises físicas da textura e enquadramento da classe textural foram realizadas no Laboratório de Física do Solo da UESB, enquanto medidas diretas da espessura de material orgânico foram efetuadas diretamente no local. As variáveis foram avaliadas por quantitativo de classe e espacializadas pela técnica krigagem. Concluiu-se que a reserva possui solo predominantemente arenoso, com influencia de urbanismo e a manutenção da Reserva se dá pela reciclagem de nutrientes oriundos das maiores profundidades do solo. Palavras-chave: física do solo; granulometria; matéria orgânica. ABSTRACT: Studies of geoespacial characterization of the particle-size of the soil surface and thickness of the organic horizon of the Reserva do Poço Escuro, of the city Vitória da Conquista/BA, had been carried through by means of the collection of 68 places, distributed randomly, in 17 ha. Physical analyses of the particle-size and textural classe had been carried through in the Laboratório de Física do Solo da UESB, while measured direct of the thickness of organic material had been effected directly in the place. The variable had been evaluated by quantitative of classroom and presented in the map by with use of the krigagem technique. It was concluded that the Reserve is had soil with sand predominantly therefore influences of urbanism. The reserve if keeps for the recycling of nutrients brought of deep layers of the soil. Key-words: soil physics; particle size; organic residue. INTRODUÇÃO A Reserva do Poço Escuro é uma área, protegida por Lei (Vitória da Conquista, 1999), com 17 hectares de Mata Ciliar, situada na Serra do Periperi, perímetro urbano do Município de Vitória da Conquista, Sudoeste da Bahia, que abriga a nascente do Rio Verruga, afluente do Rio Pardo, e a única mata remanescente na zona urbana caracterizada por um bioma próprio de cobertura vegetal típica de transição entre a Mata Atlântica e a Caatinga, localmente conhecida como Mata de Cipó (FAM, 2009; LOUREIRO, 2008). O Poço Escuro, assim como é conhecido, oferece momentos de tranqüilidade em ambientes para contemplação da natureza, aliado alta diversidade biológica (vegetal e animal) e a beleza da paisagem natural. Fatos que atraem visitas da comunidade em geral e a curiosidade de pesquisadores, estudantes do entorno e região (OLIVEIRA et al., 2006; SILVA, 2007). I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 24 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. A busca de alternativas que garantam a proteção é uma prioridade dos educadores, pesquisadores, ambientalistas e políticos locais. Neste contexto, a mata urbana torna-se um referencial para o processo de conscientização da comunidade do entorno da reserva quanto ao seu valor ambiental, histórico e cultural. Portanto, objetivou-se avaliar a variabilidade de alguns atributos físico-químicos da superfície do solo da Reserva do Poço Escuro. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado na Reserva do Poço Escuro, em uma área de 17 ha. Esta se localiza na região central do município de Vitória da Conquista/BA, entre as coordenadas 14º50’S e 14º50’W. Efetuaram-se análises físicas da superfície do solo que foram confrontadas com o levantamento exploratório de variações de altitude na Reserva. A amostragem de solo nas camadas de 0-10 cm e de 10-20 cm, foram georreferenciadas por meio do aparelho GPS Garmin Etrex HCx, seguindo um caminhamento aleatório desde a porção superior até a mais inferior das encostas da Reserva, percorrendo toda sua extensão, totalizando 34 unidades experimentais e 68 amostras. Em cada local amostrado também foi medida e registrada a altura do horizonte orgânico, também chamado de serrapilheira, com auxílio de régua. Para fins de construção de condições de contorno para o mapeamento foram utilizadas as coordenadas do entorno do Poço Escuro obtidas pelo programa “Google Earth” (2009), disponível gratuitamente na Internet. A granulometria foi avaliada segundo o método da pipeta (GEE & OR, 2002) e a classe textural caracterizada conforme recomendação da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo - SBCS para condições brasileiras (SANTOS et al., 2005). Estas foram confrontadas com o registro da altitude que se encontravam. Os dados foram avaliados por quantitativo de classe e krigagem para interpolação de níveis e apresentação gráfica. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Reserva do Poço Escuro possui relevo ondulado (8-20 %) a fortemente ondulado (20 a 45 %) que abriga a nascente difusa do rio Verruga, caracterizada pela captação de água translocada interna e lateralmente pelo perfil do solo, transformando-se em dois veios de água que acabam se juntando a medida que o terreno adquire uma redução de sua largura pela conformação do relevo local (Figura 1). N Figura 1. Perímetro e conformação altimétrica da Reserva do Poço Escuro. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 25 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. O solo apresentou textura arenosa nas duas camadas estudadas (0 a 10 cm e de 10 a 20 cm), alto desvio padrão e coeficiente de variação para a argila e silte e baixo para a areia em ambas as camadas de solo. Os valores brutos de argila, silte e areia não tiveram variação granulométrica até 20 cm de profundidade. Tabela 1. Caracterização granulométrica do solo do Poço Escuro. Granulometria (%) Variável Média Desv. Pad. Coef. Var. Argila 14.5 Camada de 0-10 cm Silte 16.1 Areia 69.4 7.3 10.4 13.1 6.2 9.7 11.0 0,50 0,65 0,19 0,44 0,65 0,16 Argila 14.1 Camada de 10-20 cm Silte Areia 15.0 70.9 A concentração de áreas mais arenosas situa-se na porção superior do relevo pela presença de grande quantidade de material de origem de difícil intemperismo e em alguns locais individualizados da porção leste e inferior sul, provavelmente pela contribuição de depósito de entulho urbano e/ou assoreamento (Figura 1). 90 85 80 75 70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 85 80 75 70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 14.84 14.84 14.835 14.835 40.84 40.845 40.85 40.855 40.86 40.865 40.87 40.875 40.84 40.845 40.85 40.855 40.86 40.865 40.87 40.875 Figura 1. Avaliação espacial granulométrica da areia (%) presente na Reserva do Poço Escuro, nas camadas de 0 a 10 cm (direita) e de 10 a 20 cm (esquerda). A concentração de silte e de argila tiveram comportamentos semelhantes em profundidade, porém em localização inversa da areia (Figura 2). Ressalta-se que estas duas classes de tamanho de partículas tiveram os maiores valores para coeficiente de variação, ou seja, os valores obtidos para argila variaram em torno de 50 % em relação as suas médias na camada de 0 a 10 cm e 45 % para a camada de 10 a 20 cm, enquanto o silte variou mais (65 %) nas duas camadas estudadas. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 26 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Silte Argila N 32 30 28 26 24 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 42 40 38 36 34 32 30 28 26 24 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 14.84 14.84 14.835 14.835 40.84 40.845 40.85 40.855 40.86 40.865 40.87 40.84 40.875 40.85 40.855 40.86 40.865 40.87 40.875 40.87 40.875 28 26 24 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 40 38 36 34 32 30 28 26 24 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 14.84 40.845 14.84 14.835 14.835 40.84 40.845 40.85 40.855 40.86 40.865 40.87 40.875 40.84 40.845 40.85 40.855 40.86 40.865 Figura 2. Avaliação espacial granulométrica (%) do silte e argila presente na Reserva do Poço Escuro, nas camadas de 0 a 10 cm (superior) e de 10 a 20 cm (inferior). A classe textural predominante foi a franco arenosa, seguida da areia franca, compostas com um mínimo de 45 % e 70 % de areia, respectivamente, o que pode ser observado também na tabela 1. 14,7 2,9 23,5 Areia franca 11,4 2,9 25,7 Areia franca 60,0 58,8 a b Figura 3. Distribuição da classe textural nas camadas de 0 a 10 cm (a) e de 10 a 20 cm (a). Apesar da falta de nutrientes presente em textura arenosa predominantemente formada por minerais tectossilicatados tipo quartzo, a Reserva possui um elevado potencial I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 27 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. de formação e depósito de material orgânico sobre a superfície do solo, facilmente visualizado pela figura 3, provavelmente pela reciclagem de nutrientes oriundos de maiores profundidades do solo, uma vez que a estrutura cristalina do mineral quartzo é basicamente formada pelos elementos oxigênio, silício e alumínio, não considerados essenciais às plantas. Este fato ressalta a importância de manutenção da floresta para a preservação das características naturais do recurso solo. 20 19 18 17 16 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 14.84 N 14.835 40.84 40.845 40.85 40.855 40.86 40.865 40.87 40.875 Figura 3. Avaliação espacial da espessura do horizonte orgânico (cm) da Reserva do Poço Escuro. CONCLUSÃO Conclui-se que a textura predominante é a arenosa oriunda de características do material de origem aliada a depósitos de resíduos minerais urbanos de elevada resistência. REFERÊNCIAS GEE, G. & OR, D. Paticle-Size Analysis. In: Methods of Soil Analysis - Part 4: Physical Methods, Madison: Soil Science Society of America. 2002. p. 255-289. FUNDO CONQUISTENSE DE APOIO AO MEIO AMBIENTE (FAM). Poço Escuro. http://www.semmapmvc.com.br/interface/conteudo_local.asp?cod=62. Acessado em outubro de 2009. LOUREIRO, A.L.C.; SILVA, S.L.C.; SILVA, D.C. Parque Municipal da Serra do Periperi: uma contribuição à Unidade de Conservação. Enciclopédia Biosfera: Instituto Construir e Conhecer: Goiânia N.05, 2008. 9 pp. OLIVEIRA, M.F.S.; OLIVEIRA, O.J.R.; BARTHOLO, R. Da Representação Simbólica ao Princípio da Responsabilidade: Linguagem Fotográfica e Educação Ambiental. II Encontro da ANPPAS, Brasília-DF, 2006. SANTOS, R.D.; LEMOS, R.C.; SANTOS, H.G. et al. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 5ª Ed. Viçosa: SBCS. 2005. 100p. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 28 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. SILVA, I.S. A Serra do Periperi impactada pela ação humana. Monografia do Curso de Especialização em Ciências Ambientais da UESB. Vitória da Conquista: UESB, 2007 VITÓRIA DA CONQUISTA. Decreto Municipal n.º 9.480/99. Vitória da Conquista, BA. 1999. AGRADECIMENTOS À Prefeitura do Município de Vitória da Conquista pela colaboração quanto a liberação da área para o presente estudo. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 29 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. ATUAÇÃO DO RECICLUESB FRENTE ÀS PROBLEMÁTICAS AMBIENTAIS DA REGIÃO SUDOESTE DA BAHIA Mary Anne Assis Lopes de Oliveira¹, Alcides Pereira Santos Neto², Siléia Oliveira Guimarães³ ¹Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários – Proex, Estrada do Bem Querer, Km 4 – Caixa Postal 95, mestre em Desenvolvimento Sustentável. ²Estudante de Engenharia Florestal, ex-bolsista de extensão da UESB, Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários – Proex, Estrada do Bem Querer, Km 4 – Caixa Postal 95. ³Estudante de Engenharia Florestal. RESUMO O projeto Gestão Ambiental e Cidadania/RECICLUESB é uma atividade extensionista de caráter contínuo, cujo enfoque é dado à temática meio ambiente e desenvolvimento sustentável, com atuação no Município de Vitória da Conquista – junto à comunidade acadêmica da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, professores e alunos da rede pública de ensino, representantes de entidades, associações de bairros, e demais interessados – com vistas à geração de multiplicadores, sensibilizados, conscientes e atuantes, principalmente, no que diz respeito ao descarte adequado do lixo e o estímulo para a não geração e a minimização de resíduos. Com mais de três anos de existência, o RECICLUESB tem contribuído para o desenvolvimento sustentável regional. PALAVRAS-CHAVE Desenvolvimento sustentável, meio ambiente, reciclagem. ENVIRONMENTAL ACTION PROJECT MANAGEMENT AND CITIZENSHIP RECICLUESB PROMOTION OF SUSTAINABLE DEVELOPMENT IN REGIONAL ABSTRACT The project Environmental Management and Citizenship / RECICLUESB is a continuous activity extensionista of character, whose thematic focus is given to environment and sustainable development, with activities in the city of Vitoria da Conquista - with the academic community at the State University of Southwest Bahia, teachers students and the public network of education, representatives of organizations, associations of districts, and other stakeholders - in order to generate multiplier, aware, conscious and engaged mainly in regard to the proper disposal of garbage and encouragement for not and minimization of waste generation. With more than three years of existence, the RECICLUESB has contributed to regional sustainable development. KEYWORDS Sustainable development, environment, recycling. INTRODUÇÃO I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 30 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. De acordo com Loureiro (2003), a questão ambiental constitui uma das mais importantes dimensões de atenção e análise por parte dos múltiplos segmentos, grupos e classes sociais que compõem a sociedade contemporânea. Para o autor, por diferentes motivações e necessidades, praticamente todo sujeito individual e coletivo menciona e reconhece o ambiente como dimensão indissociável da vida humana e base para a manutenção e perpetuação da vida na Terra. Atentos a essas reflexões e conscientes da capacidade da extensão universitária em contribuir significativamente para a discussão e o apontamento de alternativas e soluções que atendam às necessidades e às demandas da sociedade, surge, em caráter contínuo, o projeto Gestão Ambiental e Cidadania. A proposta expressa-se, assim, na responsabilidade da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia em estar sinalizada para com os problemas sócio-ambientais vivenciados pela comunidade, contribuindo para que a relação indivíduo-natureza seja consciente, responsável e atuante. Tudo isso a partir de uma sensibilização contínua com os seguintes objetivos: buscar indicadores de políticas corretas para as questões ambientais e da sustentabilidade econômica e social; propor alternativas referentes à eliminação de desperdícios e à triagem de resíduos sólidos na fonte; articular ações de incentivo à reutilização e à reciclagem de materiais, entre outros. DESENVOLVIMENTO Para promover o processo de conscientização ambiental junto ao público diverso – professores e alunos da rede pública, acadêmicos e egressos, representantes da sociedade civil e de entidades variadas –, o projeto empregou como metodologia a realização de oficinas e palestras, apresentação de banner e painel, distribuição de material informativo e exposição de material reciclado, entrevistas concedidas à mídia televisiva e aplicação de questionário sobre a temática ambiental. No ano de 2006 várias atividades foram realizadas, entre elas Oficinas de Reciclagem de Papel e Confecção de Caixas, executadas no Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima, em três etapas (25 a 27 de julho; 11 a 13 de dezembro e 18 a 20 de dezembro). A Creche Bem Querer também foi beneficiada com oficinas de reaproveitamento de papel (09 e 16 de outubro de 2006). Ainda durante o ano de 2006, o projeto Gestão Ambiental e Cidadania/RECICLUESB realizou palestras e oficinas nos eventos: Semana de Agronomia (12 a 15 de novembro); Semana do Biólogo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (29 de novembro a 03 de dezembro); II Congresso Brasileiro de Medicina e Arte (apresentação de banner); Expo Brasil 2006 e outros. Também deve ser considerado como resultado do Projeto a sensibilização promovida junto à administração da UESB quanto à necessidade da aquisição de coletores de resíduos sólidos, os quais, no ano de2006, foram distribuídos no Campus de Vitória da Conquista. Além disso, houve uma eficaz sensibilização do quadro técnico dos três campi da Uesb por meio da distribuição de calendários educativos. O ano de 2007 também foi marcado por muitas ações promovidas pelo Projeto, o que reafirmou a relevância do mesmo para a consolidação do desenvolvimento sustentável regional. Merece destaque a produção de marcas-texto em papel reciclado para ser distribuído junto ao X Congresso de Pesquisa e Extensão /CONPEX da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB. Nesta ocasião estabeleceu-se parceria com o projeto Juventude Cidadã de Vitória da Conquista. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 31 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. FIGURA 1: Realização de Oficina para confecção de caixas com papel reciclado. No mês de março de 2008 foi realizada oficina de reciclagem durante a Semana do Calouro no campus de Jequié. Em maio do mesmo ano foi a vez da Escola Poliana receber oficinas de papietagem, ocasião que envolveu alunos, professores e comunidade escolar. Ainda em maio no campus de Jequié, ocorreu outra oficina, desta vez de papietagem. A Semana Nacional do Meio Ambiente em Vitória da Conquista no mês de junho foi marcada com uma grande oficina de papietagem em Praça pública, envolvendo alunos da Escola Fernando Spínola. A Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista foi parceira nessa ação. A associação de Moradores do Bairro Vila América foi também beneficiada com a mesma oficina, assim como os calouros do curso de Engenharia Florestal no campus de Vitória da Conquista (agosto de 2008). FIGURA 2: jarros artesanais produzidos em oficina do projeto Gestão Ambiental e Cidadania/RECICLUESB. CONCLUSÕES As diversas ações do projeto Gestão Ambiental e Cidadania/RECICLUESB promovem um processo de sensibilização e intervenção ambiental – junto aos professores e alunos da rede pública de ensino e a comunidade interna e externa da UESB. Assim, aspectos como o I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 32 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. tratamento adequado aos resíduos sólidos, o incentivo à reciclagem de materiais, os cuidados com a água e outros são enfatizados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. GONÇALVES, P. A Reciclagem Integradora dos Aspectos Ambientais, Sociais e Econômicos. Rio de Janeiro: Fase, 2003. 2. LOUREIRO, C. F. B. O Movimento Ambientalista e o Pensamento Crítico: uma abordagem política. Rio de Janeiro: Quartel Editora & Comunicação Ltda, 2003. 3. MEDINA, N. M.; SANTOS, E. da C. Educação participativa de formação. Petrópolis: Vozes, 2001. Ambiental: uma metodologia 4. VIDAL, José Walter Batista. In LEITE, Joaquina Lacerda. Problemas-Chave do Meio Ambiente. Salvador: Instituto de Geociências da UFBA, Espaço Cultural EXPOGEO,1995. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 33 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. AVALIAÇÃO DA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Adenanthera pavonina L. EM DIFERENTES TRATAMENTOS PARA A QUEBRA DE DORMENCIA João Paulo Silva1, Juliano Lima Correia1, Alex Pimentel Cesar1, Rita de Cassia Antunes de Paula2. 1 Graduandos do Curso de Engenharia Florestal – UESB, 2Docente do DFZ – UESB. [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]. RESUMO: Neste trabalho, objetivou-se avaliar o desempenho de diferentes tratamentos para a quebra de dormência na germinação de sementes de Adenanthera pavonina L. Para o tratamento 01 foi feito a imersão das sementes em água por 1 hora. Para o tratamento 02 foi feito a escarificação das sementes com lixa. E o tratamento 03 foi feito a escarificação com lixa e imersão em água por 1 hora. Tendo como testemunha sementes sem nenhum tratamento. As sementes foram postas pra germinar em papel filtro sobre placas de Petri e levadas a câmara de germinação a temperatura de 30° C. O experimento foi acompanhado diariamente por um período de oito dias. Após 08 dias de acompanhamento, os tratamentos T02 e T03 apresentaram melhor desempenho com 100 % de sementes germinadas, tendo os demais tratamentos 0,0% germinação nesse período. PALAVRAS-CHAVE: Germinação; quebra de dormência; sementes. INTRODUÇÃO Adenanthera pavonina L., espécie pertencente à família Fabaceae, subfamília Mimosoideae, conhecida popularmente como tento-vermelho, carolina ou olho-dedragão é uma leguminosa arbórea, originária da Índia e Malásia, encontrada em todo o litoral brasileiro. Sua utilização estende-se desde fins ornamentais, arborização de ruas e praças, para sombreamento, artesanato etc. Árvore semidecídua, de 15-20 metros de altura, possui um crescimento rápido, sendo um bom dossel para plantas herbáceas, arbustivas e trepadeiras que não toleram altas intensidades luminosas, segundo revisões de Fonseca & Perez (2001). O tronco caracteriza-se por possuir uma casca parda e lisa enquanto que a ramagem é longa e esparsa formando copa aberta. As inflorescências de pedúnculos longos, axilares ou terminais, em racemos curtos, com flores amarelas, formadas principalmente em março-abril. Os frutos são vagens estreitas, achatadas, marrons, espiraladas quando se abrem, expondo as sementes globosas, achatadas, duras, vermelhobrilhantes. As sementes apresentam o tamanho médio de 10x12mm, e podem variar de tonalidade, tamanho e formato. Segundo Cardoso et al. (2005) as sementes de A. pavonina apresentam dormência em razão da impermeabilidade do tegumento à água e, para superação dessa dormência, é necessária a aplicação de tratamento pré-germinativo. Apresentam em média, 89% de germinação e velocidade de germinação de 0 a 180 dias (FONSECA & PEREZ, 2001). A temperatura e o substrato são dois fatores importantes que afetam o comportamento germinativo das sementes (ALVES et al., 2002). Santos et al. (2004), em sua revisão, observaram que espécies florestais tropicais com sementes duras representam problemas para os viveiristas porque os tegumentos duros e impermeáveis restringem a entrada de água e oxigênio e oferecem alta resistência física ao crescimento do embrião. Esse processo retarda a germinação das sementes, I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 34 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. submetendo-as por longo tempo à exposição a fatores adversos no solo. Essa impermeabilidade do tegumento pode ser superada escarificando as sementes com ácido sulfúrico, solventes orgânicos como álcool, acetona ou éter, ou escarificação mecânica (BRUNO et al., 2001). Os objetivos deste trabalho foram determinar o melhor tratamento para a quebra de dormência, bem como avaliar a velocidade de germinação das sementes de A. pavonina em condições de laboratório. MATERIAIS E MÉTODOS Este experimento foi realizado no laboratório de silvicultura da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, no período de 29/06/2009 a 06/07/2009. Foram coletadas sementes de A. pavonina que apresentavam frutos maduros. Estas sementes foram provenientes de árvores do campus da UESB, diretamente colhidas da planta. Após a coleta, as sementes foram lavadas e imersas em solução 70% de hipoclorito de sódio para evitar a proliferação de fungos. Em sequencia, foram secas, divididas em 04 lotes de 30 sementes e expostas aos seguintes tratamentos: T01 – Imersão em água por 1 hora, T02 – Escarificação com lixa; T03 – Escarificação com lixa e imersão em água por 1 hora e T4 a testemunha. Para cada tratamento houve 03 repetições sendo 10 sementes para cada repetição. Após a exposição aos tratamentos as sementes foram colocadas em placas de Petri forradas com papel filtro, este umidecido e posteriormente colocadas para germinar em câmara de germinação a uma temperatura de 30° graus centígrados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 01 encontram-se os valores da germinação total e a quantidade de sementes germinadas nos diferentes tratamentos no período de oito dias. TABELA 01 – Valores da germinação total e a quantidade de sementes germinadas nos diferentes tratamentos no período de oito dias. Quantidade de sementes germinadas Repetições/Tratamentos Testemunha T01 T02 T03 0,0 0,0 10,0 10,0 R01 0,0 0,0 10,0 10,0 R02 0,0 0,0 10,0 10,0 R03 Total (%) 0,0 0,0 100,0 100,0 Os dados apresentados na tabela acima, mostram que não ocorreu germinação daquelas sementes que não foram escarificadas e as que ficaram imersas na água por 1 hora. Por outro lado, os tratamentos T02 e T03 (escarificação com lixa e escarificação com lixa e imersão em água por 1 hora respectivamente) obtiveram uma maior germinação que os demais tratamentos. Tal resultado provavelmente deve-se ao fato de que a escarificação feita nestes dois tratamentos favoreceu a entrada de água, permitindo a quebra de dormência das sementes. Santos et al. (2004) obteve uma maior germinação de sementes de chicá (Sterculia foetida L.) quando da escarificação mecânica em relação a outros tratamentos submetidos às sementes desta espécie. Na tabela 02 encontram-se os valores do tempo de germinação para cada tratamento no período de oito dias. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 35 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. TABELA 02 - Valores do tempo de germinação para cada tratamento no período de oito dias. Quantidade de sementes germinadas Tempo (dias) Testemunha T01 T02 T03 0,0 0,0 0,0 0,0 0–2 0,0 0,0 26,0 12,0 3–4 0,0 0,0 30,0 21,0 5–6 0,0 0,0 30,0 30,0 7–8 Total (%) 0,0 0,0 100,0 100,0 Os resultados apresentados mostram que sementes desta espécie florestal, nestas condições, tiveram início a germinação a partir do terceiro dia que foi posta para germinar. O tempo de germinação no tratamento T02 foi menor que nos demais tratamentos e germinou uma quantidade maior de sementes num período menor de tempo. O tratamento T03 também demonstrou um bom desempenho, com 100% de germinação, mas com uma velocidade de germinação menor que o tratamento T02. Tal fato provavelmente se explica devido ao tempo de imersão em água, o que provocou uma maior embebição da semente fazendo com que a mesma ficasse mais túrgida em relação às demais, favorecendo assim, os mecanismos existentes na realização da germinação. Kissmann et. al (2008) para estudos com sementes de A. pavonina L. em escarificação com ácido sulfúrico e semeadura sobre papel em placa de Petri, dentre outros tratamentos, observaram que o valor de D50 (tempo em dias para alcançar 50% de germinação) foi maior que em outros tratamentos. CONCLUSÕES Os tratamentos T02 e T03 (escarificação com lixa e escarificação com lixa e imersão em água por 1 hora respectivamente) se mostraram eficientes para a quebra de dormência das sementes de A. pavonina L. com 100% de germinação no período de oito dias, nestas condições. O tratamento T02 (escarificação com lixa) foi o que apresentou maior velocidade de germinação para sementes de A. pavonina L. O tratamento T02 (escarificação com lixa) é o melhor para a quebra de dormência de sementes de A. pavonina L. REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA ALVES, E. U.; PAULA, R. C.; OLIVEIRA, A. P.; BRUNO, R. L. A.; DINIZ, A. A. Germinação de sementes e Mimosa caesalpiniaefolia Benth. em diferentes substratos e temperaturas. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v. 24, n. 1, p. 169-178, 2002. BRUNO, R. L. A.; ALVES, E. U.; OLIVEIRA, A. P.; PAULA, R. C. Tratamentos prégerminativos para superar a dormência de sementes de Mimosa caesalpiniaefolia Benth. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v. 23, n. 2, p. 136-143, 2001. CARDOSO, S. S.; PEREIRA, I. da S.; RODRIGUES, V. L. F.; MORAES, E. da C.; GAIA, J. M. D. Métodos para superação da dormência de sementes de tento-vermelho (Adenanthera pavonina L.). Disponível em: <http://www.adaltech.com.br/evento/museugoeldi/resumoshtm/ resumos/R0187-2.htm>. Acesso em: 18 jun. 2009. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 36 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. FONSECA, S. C. L.; PEREZ, S. C. J. G. de A. Germinação de sementes de olho-de dragão (Adenanthera pavonina L.): ação de poliaminas na atenuação do estresse salino. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v. 23, n. 2, p. 14- 20, 2001. KISSMANN, C.; SCALON, S. de P. Q.; FILHO, H. S.; RIBEIRO, N. Tratamentos para quebra e dormência, temperaturas e substratos na germinação de Adenanthera pavonina L. Ciência e agrotecnologia, Lavras, v. 32, n. 2, p. 668-674, mar./abr., 2008 SANTOS, T. O.; MORAIS, T. G. O.; MATOS, V. P. Escarificação mecânica em sementes de chicá (Sterculia foetida L.). Revista Àrvore, Viçosa, v. 28, n. 1, p. 1-6, jan./ fev. 2004. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 37 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. AVALIAÇÃO DA SANIDADE DE SEMENTES DE PATA-DE-VACA (Bauhinia forficata Link.) Glauce Taís de Oliveira Sousa¹, Gileno Brito de Azevedo¹, Jamille da Silva Amorim¹, Quelmo Silva de Novaes2 ¹ Graduandos em Engenharia florestal pela Universidade Estadual do Sudoeste da BahiaUESB. Vitória da Conquista-BA. ² Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, UESB - Vitória da Conquista-BA. E-mails: ¹ [email protected];¹ [email protected]; ¹ [email protected];² [email protected] RESUMO: A Bauhinia forficata apresenta características ideais para o paisagismo urbano, recuperação de áreas degradadas, além de ser utilizada na medicina popular. No entanto, há carência de estudos científicos relacionados à espécie. O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade sanitária das sementes de B. forficata coletadas em árvores da arborização urbana da cidade de Vitória da Conquista-BA. A avaliação da sanidade foi feita utilizandose o “Blotter-test”, acondicionando-se 100 sementes de B. forficata em 04 placas de Petri de 150mm, contendo duas folhas de papel filtro em cada uma delas, as quais foram umedecidas com quatro mililitros de água esterilizada. Em seguida, as placas foram incubadas em B.O.D. com temperatura de 25 ± 1 ºC, com fotoperíodo de 12 horas, por um período de 7 dias. A qualidade sanitária foi avaliada pela identificação dos microorganismos associados às sementes, bem como pela porcentagem de ocorrência destes. Os fungos encontrados nas sementes foram Aspergillus niger, Penicillium sp., Curvularia sp., Aspergillus sp., Cladosporium sp. e Alternaria sp., sendo que A. niger e Penicillium sp. foram os que apresentaram maior incidência, 24% e 23% respectivamente. Palavras-chave: qualidade sanitária; arborização urbana; fungos. INTRODUÇÃO A Bauhinia forficata Link pertence à família Leguminosae, subfamília Caesalpinoideae. É uma espécie nativa da América do Sul distribuída na Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Brasil. Neste último, se distribui nos Estados de Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo (VAZ & TOZZI 2005). É conhecida popularmente por pata-de-vaca ou unha-de-vaca, pois apresenta folha fendida no meio, formando dois lobos ou folíolos, que a assemelham a uma pata de bovino. Seus frutos são legumes - ou vagens - achatados e deiscentes (LORENZI & MATOS 2002). Possui porte médio, até 10 metros de altura, presença de folhas grandes, copa de largura moderada e flores com bom aspecto visual. A pata-de-vaca apresenta boas características paisagísticas, sendo por isso, amplamente utilizada na arborização urbana. É uma espécie de rápido crescimento e recomendada para plantios mistos destinados a recuperação de áreas degradadas. É também largamente utilizada na medicina popular como diurético e em casos de diabetes, visto que possui propriedades hipogliceminantes, comprovada através de diversas pesquisas na área farmacológica. A observação acurada da época ideal para a colheita das sementes é uma tarefa imprescindível, pois o grau de maturação fisiológica e sanidade das sementes são fatores limitantes para se obter uma boa germinação (POPINIGIS, 1977). A interferência dos I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 38 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. patógenos associados às sementes pode promover a redução da população de plantas, a debilitação das mesmas e o desenvolvimento de epidemias (MENTEN, 1991). O teste de sanidade tem como objetivo determinar a condição sanitária de um lote de sementes, fornecendo informações para programas de certificação, serviços de vigilância vegetal, tratamento de sementes, melhoramento de plantas e outros (MACHADO, 2000). Sendo assim o teste de sanidade é de fundamental importância tanto nos programas de quarentena quanto no sistema de produção de semente melhorada. Esses testes devem fornecer informações confiáveis acerca da qualidade sanitária da semente destinada à semeadura ou aos serviços de quarentena (HENNING, 2004). Na área florestal brasileira, poucos estudos têm sido feitos sobre a transmissão de fungos por sementes (SANTOS et al., 2000). A crescente importância, em diversas áreas, sobre a pata-de-vaca torna necessário que estudos sobre detecção de patógenos em sementes sejam conduzidos a fim de garantir a sanidade e a identificação de patógenos associados às suas sementes. Desta forma, este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade sanitária de sementes de B. forficata. MATERIAL E MÉTODOS Os frutos de B. forficata foram coletados, antes da deiscência, direto em plantas da arborização urbana do município de Vitória da Conquista, BA. O teste de sanidade foi realizado no Laboratório de Fitopatologia, Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB no campus da referida cidade. Primeiramente, os frutos foram beneficiados para a obtenção de sementes, gerando um lote de onde se retirou 100 sementes, que foram submetidas a um pré-tratamento para desinfecção em solução de hipoclorito de sódio a 1% por um minuto e solução de álcool 70% por um minuto, e em seguida lavadas em água destilada e secas em papel toalha, sendo essas operações realizadas em câmara de fluxo laminar. A avaliação da sanidade foi feita utilizando-se o “Blotter-test”, acondicionando-se 100 sementes de B. forficata em 04 placas de Petri de 150mm, contendo duas folhas de papel filtro em cada uma delas, as quis foram umedecidas com quatro mililitros de água esterilizada. Em seguida, as placas foram incubadas em B.O.D. com temperatura de 25 ± 1 ºC, com fotoperíodo de 12 horas, por um período de 7 dias. As avaliações foram feitas utilizando-se microscópio estereoscópico, com o qual se analisou cada semente, para verificar a presença de estruturas fúngica e, quando necessário, foram feitas lâminas para observação em microscópio óptico. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na avaliação sanitária das sementes de B. forficata detectaram-se cinco gêneros de fungos. As espécies encontradas e suas respectivas incidências estão dispostas na Tabela 1. A maior porcentagem de infecção se deu pelos fungos dos gêneros Aspergillus e Penicillium que, segundo citação de Seneme et al. (2006), podem afetar a germinação, causar perda dos constituintes químicos essenciais e diminuir o crescimento das plântulas. O Aspergillus niger tem sua patogenicidade confirmada por Mital (1983), sendo prejudicial à germinação e ao desenvolvimento das plântulas de Cedrus deodora. Estes fatos foram constatados também em sementes e plântulas de Eucalyptus (hibrido) (MITAL & WANG, 1986). Já Munjal & Sharma (1976) constataram Aspergillus niger e Penicillium sp. causando danos de pré-emergência em espécies de Pinus. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 39 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Tabela 1. Incidência de fungos (%) associadosàs sementes de frutos de Bauhinia forficata em Vitória da Conquista-BA. (2009). FUNGOS INCIDÊNCIA (%) Aspergillus Níger Penicillium sp. Curvularia sp. Aspergillus sp. Cladosporium sp. Alternaria sp. 24 23 10 9 5 2 Segundo Carneiro (1986), Curvularia sp. e Alternaria sp. são patógenos de várias culturas e causam podridão de sementes, desfolhamento e curvatura de ponteiros em mudas de espécies florestais. Santos et al (2001), além desses fungos, também observou Cladosporium sp. associado às sementes de canafístula, timbaúva, coração-de-negro e pata-de-vaca. Seneme et al. (2006) detectou os fungos Trichothecium sp., Aspergillus sp., Cladosporium sp., Coletotrichum sp., Fusarium sp., Penicillium sp. e Rhizopus sp. em sementes de Bauhinia variegata, porém não exerceram efeitos na germinação e vigor das sementes. Para B. forficata, devido à quantidade e incidência de fungos nas sementes, é necessário a realização de trabalhos para verificar a patogenicidade e os efeitos dos fungos encontrados na germinação e vigor das sementes. CONCLUSÃO Os fungos Aspergillus niger, Aspergillus sp., Penicillium sp., Curvularia sp., Cladosporium sp. e Alternaria sp. foram encontrados associados às sementes de Bauhinia. forficata. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARNEIRO, J.S. Microflora associada a sementes de essências florestais. Fitopatologia Brasileira, v.11, p.557-566, 1986. HENNING, A. A. Patologia e tratamento de sementes: Noções gerais. Londrina: Embrapa Soja, 2004, 51 p. (Embrapa Soja, Documentos 235). LORENZI, H. & MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas cultivadas. Nova Odessa, Instituto Plantarum. 2002. MACHADO, J. da C. Tratamento de sementes no controle de doenças. Lavras: LAPS/UFLA/FAEPE, 2000. 138p. MENTEN, J.O.M. Patógenos em sementes: detecção, danos e controle químico. Piracicaba: ESALQ / FEALQ, 1991. 312p. MITTAL, R.K. Studies on the mycoflora and its control on the seeds of some Forest trees: I Cedrus deodora. Journal of Botany, v.61, p.197-201, 1983. 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BIOMETRIA E GEMINABILIDADE DE SEMENTES DE Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul (CAESALPINIACEAE) Arlete da Silva Bandeira1, Kátia Dias Carvalho2, Simone Vieira3, Débora Leonardo dos Santos4. 1,2,3 Graduanda do Curso de Engenharia Agronômica da UESB, Vitória da Conquista, BA; 4Professora Adjunta do DCN da UESB, Vitória da Conquista, BA. E-mails: [email protected]; [email protected] RESUMO: Sementes de Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul., conhecida como pau-ferro foram caracterizadas biométrica e fisiologicamente. As sementes foram retiradas de frutos maduros coletados de matrizes selecionadas no Campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista - BA. O experimento foi conduzido no Laboratório de Biodiversidade do Semi-árido - LABISA. Após o beneficiamento, o lote de sementes foi avaliado através de medidas de comprimento, largura e espessura, determinando o teor de umidade, peso de mil sementes e quantidade média de sementes por quilo. A qualidade fisiológica foi avaliada através da porcentagem e velocidade de germinação em sementes intactas e escarificadas. Os testes de germinação foram realizados em caixas tipo Gerbox transparentes utilizando como substrato vermiculita e mantidas à 25ºC. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado. O tamanho médio das sementes foi de 9,9 mm de comprimento, 6,9 mm de largura e 4,0 mm de espessura. Sementes intactas tiveram porcentagem de germinação de 3,75 e as sementes escarificadas 81,25%. A escarificação mecânica favoreceu a porcentagem e a velocidade de germinação. Palavras-chave: Caesalpinia ferrea; biometria; dormência; sementes. BIOMETRIC AND GERMINATION OF SEEDS OF Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul (CAESALPINIACEAE) Abstract - Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul., known as ironwood was characterized physiologically and biometrics. The seeds were removed from ripe fruits collected from selected matrices of the University Estadual of the Sudoeste of the Bahia, Vitória da Conquista - BA. The experiment was conducted at the Laboratory of Biodiversity in the Semi-arid – LABISA. After processing, the seed lot was assessed through measurements of length, width and thickness determining the moisture content, thousand seed weight and average amount of seeds per pound. The physiological quality was evaluated by the percentage and speed of germination in intact seeds and scarified. Germination tests were performed in gerbox transparent using as vermiculite and kept at 25 ºC. The experimental design was completely randomized. The average size of seeds was 9.9 mm length, 6.9 mm width and 4.0 mm thickness. Intact seeds had germination of 3.75 and 81.25% scarified seeds. Mechanical scarification favored the percentage and germination rate. Key-words: Caesalpinia ferrea; biometrics; dormancy; seeds. INTRODUÇÃO Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul., popularmente conhecida como pau-ferro, pertence à família Caesalpiniaceae, é uma árvore de grande porte, atingindo cerca 30 metros de altura, nativa do Brasil com ocorrência na caatinga nordestina. Possui manchas claras nos troncos, folíolos pequenos, flores amarelas e legumes lisos, duros e aromáticos (RIZZINI, I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 42 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. 1995). É uma espécie de relevante importância econômica, ecológica e medicinal, com múltiplos usos: as folhas servem para forragem; a madeira muita pesada é aplicada na construção civil, obras externas e marcenaria; pode ser também utilizada para recuperação de áreas degradadas e paisagismo. Na medicina natural a madeira é anticatarral e cicatrizante; a casca é desobstruente; as raízes são debrífugas e antidiarréicas; os frutos têm propriedades béquicas e antidiabéticas (TIGRE, 1976; DUCKE, 1979; PIO CORREIA, 1984; LORENZI, 1998; BRAGA, 2001). A caracterização biométrica de sementes pode fornecer importantes informações à cerca de diferenças entre espécies do mesmo gênero no campo, como ocorre com Hymenaea courbaril, que tem sementes cerca de duas vezes mais pesadas que as de H. parvifolia (CARPANEZZINI & MARQUES, 1981). Durante o amadurecimento, as sementes desenvolvem-se até atingirem a dimensão característica para a espécie, mas devido às influências ambientais durante a maturação das sementes e da variabilidade genética entre as matrizes, ocorre variação individual dentro da mesma espécie (TURNBULL, 1975). A biometria de sementes constitui um instrumento importante para detectar a variabilidade dentro de populações de uma mesma espécie e está relacionada a características de estabelecimento e de disseminação de plântulas, além de ser utilizadas para distinguir espécies pioneiras e não pioneiras em florestas tropicais (BASKIN & BASKIN, 1998). Muitas sementes de espécies tropicais, embora sendo viáveis e tendo todas as condições consideradas adequadas, deixam de germinar. Isso ocorre porque seus tegumentos duros e impermeáveis impedem a entrada de água e oxigênio, oferecendo alta resistência física ao desenvolvimento do embrião. Assim, a dormência passa a ser um contratempo quando as sementes são usadas para cultivo de mudas, em virtude do longo tempo que leva para ocorrer à germinação, ficando as mesmas sujeitas às condições adversas (BORGES et al., 1982). A escarificação mecânica é um tratamento eficiente no rompimento ou abrasão do tegumento da semente, tornando-o permeável, permitindo a germinação. É uma técnica freqüentemente utilizada e constitui a opção mais prática entre os procedimentos utilizados para superação da dormência tegumentar. Além de ser um método de baixo custo, simples e segura, é eficaz para promover uma germinação acelerada e uniforme. No entanto, deve ser efetuada com muito cuidado para evitar que a escarificação excessiva possa causar danos ao tegumento e diminuir a germinação (MCDONALD & COPELAND, 1997). O objetivo do presente trabalho foi avaliar as características biométricas e a germinabilidade em sementes de Caesalpinia ferrea, com a finalidade de caracterizar o lote de sementes utilizadas no projeto. MATERIAL E MÉTODOS Frutos maduros de pau-ferro (Caesalpinia férrea Mart. ex Tul.) foram coletados de matrizes existentes no campus da UESB. Após a coleta, os frutos ficaram armazenados em ambiente natural, no LABISA, onde os experimentos foram conduzidos. Para a remoção das sementes foi necessário quebrar os frutos com auxílio de martelo, após o beneficiamento as sementes foram armazenadas em vidros âmbar na geladeira. Foram determinados comprimento, largura e a espessura de 100 sementes, com auxilio de paquímetro digital. A determinação do grau de umidade foi realizada em quatro repetições de 25 sementes, adotando-se o método de estufa a 105°C, durante 24 horas, conforme Brasil (1992). O peso de mil foi determinado utilizando-se oito repetições de 100 sementes. Os testes de germinação foram realizados com sementes intactas e escarificadas I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 43 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. com lixa número 4, até o desgaste do tegumento, no lado oposto à micrópila, atritando o tegumento sem ferir o embrião. Após a escarificação, as sementes foram semeadas em caixas tipo Gerbox (11 cm x 11 cm) transparentes, o substrato utilizado foi vermiculita, previamente esterilizada em estufa a 200C°. A umidade do substrato foi mantida com regas a cada dois dias. O experimento foi conduzido em câmara de germinação tipo BOD regulada para temperatura constante de 25ºC e luz branca continua. Os testes de germinação foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado com dois tratamentos e quatro repetições de 20 sementes. A germinabilidade foi avaliada através da percentagem, tempo médio e freqüência relativa de germinação. O acompanhamento da germinação foi diário, sendo consideradas germinadas as sementes que apresentaram protusão radicular, o experimento foi finalizado quando a germinação permaneceu nula por três dias seguidos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O lote de sementes de Caesalpinia férrea Mart. ex Tul., coletada no Campus da UESB em abril de 2009 apresentou teor de umidade de 7,22% e o tamanho das sementes variou de 8,0 a 11,5 mm de comprimento; 4,0 a 9,1 mm de largura e 3,0 a 5,7 mm de espessura (Figura 1), sendo que a maioria das sementes apresentou comprimento variando entre 9,2 a 10,3 mm; largura de 5,8 a 7,9 mm e espessura de 3,6 a 5,7mm. O tamanho médio das sementes em comprimento, largura e espessura foram 9,9 ±0,6 mm, 6,9 ±0,7 mm e 4,0 ±0,6 mm respectivamente, a massa média de mil sementes foi 183,1±0,18, o que permite calcular que um quilograma de pau ferro pode conter 5.461 sementes. 40 80 35 70 30 25 20 15 10 B 60 50 Quantidade de sementes 90 Quantidade de sementes Quantidade de sementes A 45 60 50 40 30 20 40 30 20 10 5 10 0 0 8,0 - 8,5 8,6 - 9,1 9,2 - 9,7 9,8 - 10,3 10,4 - 10,9 11,0 - 11,5 Comprimento (mm) 0 4,0 - 4,5 4,6 - 5,1 5,2 - 5,7 5,8 - 6,3 6,4 - 7,9 8.0 - 8,5 8,6 - 9,1 Largura (mm) 3,0 - 3,5 3,6 - 4,1 4,2 - 5,7 Espessura (mm) C Figura 1. Comprimento (A), largura (B) e espessura (C) de Caesalpinia ferrea. A porcentagem de germinação das sementes intactas foi muito baixa (3,75) e das sementes escarificadas mecanicamente atingiu 81,25% em 13 dias (Figura 2A). A baixa germinação das sementes ocorre devido a um baixo ganho de água durante a embebição, uma vez que as sementes de pau-ferro apresentam dormência tegumentar, indicando que naturalmente poucas sementes germinam logo após a dispersão, e que de alguma maneira o tegumento deve ser rompido para que ocorra a emergência das plântulas. As sementes com tegumento impermeável à água que apresentam resistência a germinação, torna-se indesejável ao manejo agrícola, mas o mesmo é reconhecidamente importante por proteger a semente das oscilações de temperatura, umidade e da incidência de microorganismos. A dormência é um processo que impede a germinação em condições desfavoráveis a seu desenvolvimento, implicando num mecanismo satisfatório à perpetuação das espécies em seu habitat natural (MOHAMED - YASSEEN et al, 1994). As sementes intactas iniciaram a germinação no terceiro dia, mas poucas sementes germinaram. As escarificadas iniciaram a germinação no quinto dia, atingindo o pico I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 44 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. máximo no sétimo dia e decrescendo lentamente ate o décimo dia. O polígono de freqüência apresentado na figura 2B, mostra uma distribuição unimodal para as sementes escarificadas e polimodal para as sementes intactas, indicando que a escarificação promove a uniformidade da distribuição das germinações, concentrando a maioria no início do experimento, enquanto que as intactas germinam irregularmente. Na agricultura a sincronização da germinação é importante para o crescimento homogêneo das plantas, enquanto que na natureza a distribuição irregular da germinação pode representar uma vantagem, pois muitas sementes permanecem no banco de sementes do solo e podem germinar em épocas mais favoráveis para o estabelecimento das plântulas. A B 100 100 Frequencia relativa (%) Germinação (%) 80 60 40 80 60 40 20 20 0 0 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Tempo (dias) 9 10 11 12 1 2 3 4 5 13 6 7 8 9 10 11 12 13 Tempo (dias) Figura 2. Porcentagem de germinação (A) e Polígonos de freqüência relativa (B) da germinação de sementes de Caesalpinia ferrea escarificadas mecanicamente (▲) n=3 e intactas (■) n=65. Grus et al. (1984), através da lixação, obteve um alto porcentual de germinação em um menor período de tempo, para sementes de Caesalpinia leiostachya. Resultados semelhantes foram obtidos por Barbosa et al. (1996), ao utilizarem a escarificação mecânica com lixa para superação de dormência de três espécies leguminosas. Entretanto, Antônio et al. (1985) indicam a escarificação manual com lixa somente para pouca quantidade de sementes, visto tratar-se de sementes pequenas, de casca dura e escorregadia e recomendam o uso do método equivalente mecanizado, quando a quantidade de sementes a ser beneficiada fosse grande. CONCLUSÃO O lote de sementes estudado apresentou sementes com tamanho médio de comprimento, largura e espessura de 9,9 ±0,6 mm, 6,9 ±0,7 mm e 4,0 ±0,6 mm, respectivamente. O teor de umidade de 7,22 confirmou que as sementes são ortodoxas. Para avaliar o vigor e viabilidade das sementes através da porcentagem de germinação, é recomendada a utilização de tratamento para quebra da dormência. A escarificação mecânica foi um tratamento eficaz na quebra de dormência, favorecendo a porcentagem e a velocidade de germinação. REFERÊNCIAS ANTÔNIO, F. G.; PENTEADO, M. I. O.; SEIFFERT, N. 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CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DO SOLO DA RESERVA FLORESTAL DO POÇO ESCURO/BA Risely Ferraz de Almeida1, Vinícius Santos Sousa1, Carlos Henrique Farias Amorim2, Luciana Gomes Castro2 1 Graduando do curso de Agronomia da UESB, Vitória da Conquista/BA; 2 Professor Adjunto da UESB/DEAS, Vitória da Conquista/BA e-mails: [email protected], [email protected] RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar os atributos químicos da camada superficial e as quantidades de matéria orgânica da Reserva do Poço Escuro, município de Vitória da Conquista/BA. A área foi dividida em três parcelas nas quais foram coletadas 68 amostras, distribuídas aleatoriamente, as amostras foram homogeneizadas em amostras compostas. As mesmas foram analisadas no Laboratório de Química do Solo da Universidade Estadual da Bahia/UESB. Concluiu-se que a reserva possui o solo infértil, apresentando teores altos de alumínio, porém a ação de toxidez deste não afeta a floresta, graças a ação da material orgânica que tem a habilidade em formar complexos estáveis do Al. Palavras-chave: química do solo; reserva; matéria orgânica. ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the chemical properties of the surface layer and the quantities of organic material in the Poço escuro reserve, located in of Vitoria da Conquista / BA. The area was divided into three portions in which 68 samples were collected, randomly distributed, the samples were homogenized in composite samples. The samples were analyzed at the Laboratory of Soil Chemistry at UESB. It was concluded that the reservation has the soil infertile, with high levels of aluminum, but the action of this toxicity does not affect the forest, through the action of organic material that has the ability to form stable complexes of Aluminum Key-words: soil physics; reserve; organic residue. INTRODUÇÃO A fertilidade do solo é capacidade da manutenção de nutrientes para a planta através da absorção dos elementos essenciais. O pH é um dos fatores que altera a disponibilidade de elementos como Cálcio, Magnésio e fósforo do solo-planta alem de tornar disponível o Alumínio que é altamente tóxico para a planta. Segundo MALAVOLTA (1985). Localizada no perímetro urbano do município de Vitória da Conquista, Sudoeste da Bahia, a Reserva do Poço Escuro possui uma área protegida por Lei (Vitória da Conquista, 1999), com 17 hectares de Mata Ciliar, abriga a nascente do Rio Verruga, afluente do Rio Pardo, e a única mata remanescente na zona urbana caracterizada por um bioma próprio de cobertura vegetal típica de transição entre a Mata Atlântica e a Caatinga, localmente conhecida como Mata de Cipó (FAM, 2009; LOUREIRO, 2008). Devido a sua beleza da paisagem natural e diversidade biológica (vegetal e animal) o local oferece momentos de tranqüilidade e contemplação da natureza. Fatos que atraem, além da comunidade, a atenção de estudantes e pesquisadores do entorno e região (OLIVEIRA et al., 2006; SILVA, 2007). I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 47 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. A crescente mobilização de pesquisadores, ambientalistas, órgão de proteção e políticos locais, buscando alternativas que garantam a proteção da reserva, uma vez que esta possui valore ambientais, histórico e cultural. Desta forma, o presente trabalho tem o objetivo de apresentar algumas características químicas, macro e micronutrientes, pH e matéria orgânica, da superfície do solo da Reserva do Poço Escuro. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado na Reserva do Poço Escuro, em uma área de 17 ha. Esta se localiza na região central do município de Vitória da Conquista/BA, entre as coordenadas 14º50’S e 14º50’W. Efetuaram-se análises físicas da superfície do solo que foram confrontadas com o levantamento exploratório de variações de altitude na Reserva. A amostragem de solo nas camadas de 0-10 cm e de 10-20 cm, foram georreferenciadas por meio do aparelho GPS Garmin Etrex HCx, seguindo um caminhamento aleatório desde a porção superior até a mais inferior das encostas da Reserva, percorrendo toda sua extensão, totalizando 34 unidades experimentais e 68 amostras. Em cada local amostrado também foi medida e registrada a altura do horizonte orgânico, também chamado de serrapilheira, com auxílio de régua. As análises químicas foram realizadas no Laboratório de Química do Solo, da Universidade do Sudoeste da Bahia/UESB, Vitória da Conquista. As amostras foram divididas em três grupos, levando em consideração as características do local, cada um foi homogeneizado em amostras compostas –A1, A2 eA3-, e foram feitas as determinações do pH (SMP), Ca, Mg e Al (KCl) e K, P e H (N/C) todas as metodologias preconizadas pela EMBRAPA. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das análises químicas de ambas as do solo encontrados na Tabela 1 permitem determinar que o solo da Reserva Poço Escuro tenha caráter álico, uma vez que os valores de alumínio representam mais de 50% da CTC efetiva do solo. No entanto as plantas não apresentavam sintomas de intoxicação. A matéria orgânica tem acentuado efeito sobre a fertilidade do solo. Sendo fonte de nutrientes, principalmente N, S e P, além de possuir cargas elétricas de superfície e contribuir para a capacidade de troca de cátions, 20 a 70% na maioria dos solos tropicais (Meurer, 2006). Esta exerce tamanha função no solo da Reserva, pois o solo apresenta baixos teores de bases, cálcio, magnésio, aliados os altos teores de alumínio e íons de hidrogênio, conferindo valores bastante elevados de acidez, ou seja, pH baixo. Foi observado que o fósforo apresentou concentrações médias, valores superiores aos solos brasileiros que são pobre neste nutriente, provavelmente por ação da matéria orgênica. Evidenciando que as substancias húmicas tem a habilidade em formar complexos estáveis do Al com os grupos funcionais que contem oxigênio, como fenóis, ácidos carboxílicos (Vance et al, 1995; Cambry,2004). I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 48 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Tabela 1: Valores dos atributos químicos do Solo da Reserva do Poço Escuro, Vitória da Conquista - BA. Características Químicas A1 A2 A3 pH (SMP) 4,7 4,6 4,3 9 8 10 0,14 0,12 0,1 0,7 0,7 0,6 Magnésio (cmolc.dm ) 0,5 0,5 0,6 Alumínio (cmolc.dm-3) 2,8 3,4 4 16,8 18,5 24,5 1,34 1,32 1,3 4,14 4,72 5,3 CTC (cmolc.dm ) 17,94 19,82 25,8 Saturação por bases (%) 7,47 6,66 5,04 Saturação por alumínio (%) 67,63 72,03 75,47 6,82 6,59 6,92 Fósforo (mgc.dm-3) -3 Potássio (cmolc.dm ) -3 Cálcio (cmolc.dm ) -3 -3 Al + H (cmocc.dm ) -3 Soma das bases (cmolc.dm ) -3 CTCe (cmolc.dm ) -3 -3 Matéria ongânica (g.dm ) O solo da Reserva apresentou índice de bases trocáveis (%V) baixos, caracterizando-o como distrófico e também valores baixos de Ca e Mg, elementos que possuem relação direta com o alumínio e o pH do solo, geralmente solo ácidos apresentam baixos teores destes elementos. De acordo a soma das bases à fertilidade das as três amostras apresenta um solo infértil, com baixa disponibilidade de elementos essenciais à planta. Na Figura 1 é possível observar que mais de 70% das cargas positivas do solo é preenchida por cátions de hidrogênio e mais de 15% de cátions de alumínio, caracterizado com uma acidez total ou parcial muito alta, o que limita muito a disponibilidade de nutrientes às plantas. A1 A2 A3 2,5% 3,5% 2,8% 3,9% 0,8% Potássio 15,5% 0,6% 76,9% Hidrogênio 2,3% 2,3% 17,2% 15,6% Alumínio Cálcio 0,4% 76,2% Magnésio Hidrogênio Potássio Alumínio Cálcio 79,5% Magnésio Hidrogênio Potássio Alumínio Cálcio Figura 1. Distribuição dos elementos H, K, Al, Ca e Mg. (%) nas três amostras compostas. CONCLUSÃO Concluiu-se que o solo do Poço-Escuro é distrófico, apresenta grande quantidade de alumínio, álico, todavia encontra-se imobilizado por ação da matéria orgânica, que confere a esse solo uma CTC alta. Portanto o que mantém a nutrição das plantas nesse solo é a reciclagem das plantas. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 49 Magnésio UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. REFERÊNCIAS FUNDO CONQUISTENSE DE APOIO AO MEIO AMBIENTE (FAM). Poço Escuro. http://www.semmapmvc.com.br/interface/conteudo_local.asp?cod=62. Acessado em outubro de 2009. LOUREIRO, A.L.C.; SILVA, S.L.C.; SILVA, D.C. Parque Municipal da Serra do Periperi: uma contribuição à Unidade de Conservação. Enciclopédia Biosfera: Instituto Construir e Conhecer: Goiânia N.05, 2008. 9 pp MALVOLTA, E. Manual de química agrícola: adubos e adubação. 3.ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1981 ... Agrícola, 1985 OLIVEIRA, M.F.S.; OLIVEIRA, O.J.R.; BARTHOLO, R. Da Representação Simbólica ao Princípio da Responsabilidade: Linguagem Fotográfica e Educação Ambiental. II Encontro da ANPPAS, Brasília-DF, 2006. SANTOS, R.D.; LEMOS, R.C.; SANTOS, H.G. et al. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 5ª Ed. Viçosa: SBCS. 2005. 100p. SILVA, I.S. 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Estrada do Bem Querer, Km 04, Caixa Postal 95, Vitória da Conquista, BA. Email: [email protected] (2) Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Curso de Engenharia Florestal. Estrada do Bem Querer, Km 04, Caixa Postal 95, Vitória da Conquista, BA. Email: [email protected] (3) Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Departamento de Fitotecnia e Zootecnia. Estrada do Bem Querer, Km 04, Caixa Postal 95, Vitória da Conquista, BA. Email: [email protected] (4) Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Departamento de Engenharia Agrícola e Solos. Estrada do Bem Querer, Km 04, Caixa Postal 95, Vitória da Conquista, BA. Email: [email protected] (1) RESUMO Com o objetivo de caracterizar quimicamente os solos do município de Barra da Estiva, Bahia, visando diagnosticar a situação em que se encontram e oferecer subsídios que possibilitem a recomendação de manejo mais adequado dos mesmos, foram utilizadas 252 amostras de horizontes superficiais de solos do município e encaminhadas ao Laboratório de Solos do Departamento de Engenharia Agrícola e Solos da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, as quais foram avaliadas as seguintes características: pH, acidez potencial (H + Al), alumínio trocável (Al3+), Cálcio (Ca2+) e Magnésio (Mg2+) trocáveis, potássio (K+) e fósforo (P) disponíveis, CTC efetiva (t) e a pH 7,0 (T), soma de bases (SB), saturação por bases (V) e saturação por alumínio (m). Os resultados foram avaliados por meio das seguintes medidas descritivas: média, mediana, desvio padrão, valores máximos e mínimos e coeficiente de variação. Após a análise dos dados, concluiu-se que predominam na área estudada solos com reação de média acidez. Apresentaram baixa saturação por bases (V) e por alumínio (m), médio teor de fósforo, cálcio, CTC efetiva (t) e soma de bases (SB), e alto teor de potássio, magnésio, alumínio, CTC a pH 7 (T) e acidez potencial (H + Al). Diferentes graus de variabilidade foram verificados nas propriedades químicas consideradas. PALAVRAS-CHAVE Fertilidade, reação do solo, acidez do solo SOILS CHEMICAL CHARACTERISTCS FROM BARRA DA ESTIVA – BAHIA ABSTRACT The purpose of this study was the soils chemical characterization from Barra da Estiva, Bahia, intending to diagnose the real situation that they are found and to present some support that make possible a correct management recommendation for its soils, it was used 252 samples from soils surface horizons from that city and they were sent to the Laboratório de Solos of the Departamento de Engenharia Agrícola e Solos from Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. It was valued the following characteristics: pH, potential acidity (H + Al), changeable aluminum (Al3+), interchangeable bases (Ca2+ e Mg2+), available potassium (K+), available phosphorus (P), effective CTC (t) and at pH 7 (T), bases sum (SB), base saturation (V) and aluminum saturation (m). The results were appraised by the following measures: average, median, standard deviation, maximum I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 51 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. values and minimal values and variation coefficient. After the data analysis, it was deduced that in the studied area predominates soils medium acidity reaction. The samples revealed low base saturation (V) and calcium, medium percentage of bases sum (SB), and high percentage of, phosphorus, potassium, magnesium, aluminum, CTC at pH 7 (T), aluminum saturation (m) and potential acidity (H + Al). Different variability rates were checked in the observed chemical properties. KEYWORDS Fertility, soil reaction, soil acidity. INTRODUÇÃO A fertilidade do solo caracteriza-se por apresentar boas características físicas e fornecer às plantas os nutrientes que dele são absorvidos em quantidades razoáveis, convenientemente balanceadas. (MACIEL, 1983). No estado da Bahia predominam solos ácidos e de baixa fertilidade, cujo aproveitamento racional, com médios a altos rendimentos, só é conseguido com o emprego de corretivos e fertilizantes, em quantidades adequadas e variáveis conforme as exigências específicas de cada cultura e tipo de solo (CORRÊA & MORAES FILHO, 2001). Segundo Brady (1989) a acidez é um processo natural, característico de solos onde a ação do intemperismo é mais intensa, sendo comum em todas as regiões onde a precipitação é suficientemente elevada para lixiviar quantidades apreciáveis de bases trocáveis do solo. Para Quaggio (2000), o comportamento diferencial entre culturas quanto ao grau de tolerância às condições de acidez do solo e resposta à calagem deve ser considerado quando se pretende racionalizar o uso de corretivos de acidez, uma vez que a dose mais econômica de calcário depende fundamentalmente da magnitude de respostas das culturas à prática. Geralmente, a perda da potencialidade produtiva do solo ocorre devido à baixa disponibilidade de nutrientes no solo e à elevada concentração de alumínio em solução. A presença de alumínio tóxico em níveis elevados provoca menor crescimento e engrossamento das raízes (TAYLOR, 1988). A adoção de certo modelo de recomendação da necessidade e da dosagem de calcário é inerente às características do solo da região, aliado aos princípios adotados pelos pesquisadores, para eleger o procedimento que mais se adapta às condições de acidez do local (NOLLA & ANGHINONI, 2004). A calagem, além de elevar o pH do solo, neutraliza ou reduz os efeitos tóxicos do alumínio e manganês, fornecem os nutrientes cálcio e magnésio para as plantas, e ainda, propicia melhor estruturação dos solos e maior desenvolvimento radicular, o que favorece a disponibilidade e absorção dos outros nutrientes e a maior resistência ao estresse hídrico (CORRÊA & MORAES FILHO, 2001). Objetivou-se, com este trabalho, caracterizar quimicamente os solos de Barra da Estiva, Bahia, visando diagnosticar a situação em que se encontram e oferecer subsídios que possibilitem a recomendação de manejo mais adequado do mesmo. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi conduzido no município de Barra da Estiva com área de 1.401,979 km², situado a 13°14’ de latitude Sul e 41°02’ de longitude Oeste, região fisiográfica da Chapada Diamantina (SILVA & AZEVEDO, 2000). I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 52 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Foram utilizadas 252 amostras coletadas aleatoriamente, de horizontes superficiais de solos do município de Barra da Estiva – BA, e encaminhadas ao Laboratório de Solos do Departamento de Engenharia Agrícola e Solos da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, onde, depois de secas ao ar e classificadas em peneira com malha de 2 mm de diâmetro, foram analisadas quimicamente. Os métodos e técnicas empregados na extração e determinação dos elementos de interesse no estudo, foram desenvolvidas segundo padrões da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA (1979). Para proceder a extração dos macronutrientes foi utilizado um erlenmeyer de 125 ml, onde foi adicionado 10 cm³ de terra fina seca ao ar (TFSA) e 100 ml de solução extratora, agitando-se por cinco minutos e deixando-a em repouso por uma noite. A partir disso, foi avaliada a acidez ativa: com auxílio do potenciômetro com eletrodo combinado esta foi determinada através do pH na suspensão solo-água na proporção 1:2,5; também foram determinados cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) e alumínio trocáveis (Al3+) os quais foram extraídos com solução de KCl 1 mol/l, sendo determinados por complexação com EDTA dissódico 0,0125 mol/l e titulação com NaOH 0,025 mol/l, respectivamente; o potássio (K+) e fósforo disponíveis (P) que foram extraídos por solução Mehlich 1 e procedida à leitura em fotometro de chama e fotocalorímetro, respectivamente; e o pH SMP o qual foi determinado segundo Raij & Quaggio (1983). Para análise de solos foram adicionados, então, em frasco plástico de 50 ml, 10 cm3 de TFSA, 25 ml de solução de CaCl2 0,01 mol/l e 5 ml da solução-tampão SMP, agitando-se por 15 minutos a 220 rpm em agitador orbital horizontal, após o repouso de uma hora, procedeu-se a leitura em potenciômetro com eletrodo combinado. O comportamento das variáveis do solo foi avaliado por meio das seguintes medidas descritivas: média, mediana, desvio padrão, valores máximos e mínimos e coeficiente de variação. Avaliou-se também a distribuição de frequência para acompanhamento gráfico das distribuições das amostras frente aos seus teores. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados químicos dos solos foram comparados segundo padrões de classificação descritas por Maciel (1983). Na Tabela 1 é apresentado o resumo das medidas descritivas dos macronutrientes P, K, Ca, Mg, da acidez ativa e trocável, pH, soma de bases trocáveis (SB), capacidade de troca catiônica efetiva (t) e potencial (T), e saturação de bases (V) e de alumínio (m). De acordo com os valores, mínimo (3,30) e máximo (8,20), de pH (Tabela 1), constatou-se que as amostras de solo apresentaram reação variando de acidez elevada a elevada alcalinidade. No entanto, de acordo com os valores da média e mediana, predominam na área estudada, solos com reação de média acidez, quanto a classificação química de Maciel (1983). Em relação aos teores de P, foram considerados altos, em relação ao valor médio. Os teores de K nas amostras de solo variaram de 0,02 a 2,10 cmolc/dm3 (Tabela 1), sendo classificado como de muito baixo a muito alto. Entretando, a partir dos valores da média e mediana, o teor de K foi considerado alto e médio, respectivamente. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 53 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Tabela 1 – Dados descritivos das propriedades químicas de 252 amostras de solo do município de Barra da Estiva - BA. pH Medida Média P K+ Ca2+ Mg2+ Al3+ H+ SB t T (H2O) mg/dm3 _______________ cmolc/dm3 _______________ 5,25 V m ___ % ___ 16,80 0,30 1,88 1,08 1,16 5,89 3,27 4,42 10,31 35,68 28,59 Mediana 5,10 5,00 0,24 1,60 0,90 0,60 4,85 2,96 4,02 8,87 33,08 18,73 D.P. 29,36 0,25 1,46 0,71 1,45 3,77 2,21 1,90 4,55 22,90 28,05 Máximo 8,20 170,00 2,10 8,20 5,80 7,10 21,00 13,66 13,66 29,16 89,73 88,77 Mínimo 3,30 1,00 0,02 0,10 0,20 0,00 0,90 C.V. % 14,15 174,77 82,21 77,58 65,25 125,21 64,01 67,57 43,06 44,07 64,18 98,10 0,74 0,34 1,57 3,84 3,26 0,00 D.P. = Desvio Padrão; C.V. = Coeficiente de Variação Os teores de cálcio trocável foram considerados como baixos e os de magnésio apresentaram nível bom para os solos avaliados, conforme a classificação descrita por Maciel (1983), embora tenha ocorrido uma grande amplitude de variação, como pode ser observado pelos valores máximo e mínimo (Tabela 1). Mediante os valores mínimo (0,00 cmolc/dm3) e máximo (7,10 cmolc/dm3) de Al, foram classificados de baixo a alto os seus teores. De acordo a média dos solos analisados, o teor de Al foi considerado alto, evidenciando a necessidade da correção da acidez antes da implantação das culturas. Para a CTC a pH 7, foi classificada como alta, mediante valor médio. A característica soma de bases (SB) foi classificada como média, apresentando uma saturação por bases classificada como baixa, reforçando a necessidade da prática da calagem nos solos analisados. CONCLUSÃO A partir dos dados obtidos na área estudada, é possível afirmar quanto à classificação química, a predominâcia de solos com reação de média a elevada acidez, indicando presença de alumínio e deficiência de bases trocáveis. Para tanto, faz-se necessário a utilização adequada de calcário, a fim de neutralizar o alumínio, elevar o pH, fornecer cálcio e magnésio e melhorar as disponibilidades dos nutrientes essenciais ao bom desenvolvimento vegetal. Com isso, é evidente a grande importância do conhecimento da variabilidade das propriedades químicas do solo, principalmente para definir o manejo mais adequado a ser utilizado na área de estudo. REFERÊNCIAS BRADY, N.C. Natureza e propriedades dos solos. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1989. 878p. BRAUNER, J.L., GARCEZ, J.R.B. Lixiviação de potássio, cálcio e magnésio em solos do Rio Grande do Sul submetidos à calagem, avaliada em condições de laboratório. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.6, p.89-93, 1982. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 54 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. CORRÊA, P.R.S., MORAES FILHO, O. Síntese das necessidades de calcário para os solos dos estados da Bahia e Sergipe. Superintendência Regional de Salvador. Informe de Recursos Minerais, Série Insumos Minerais para Agricultura, n.6, 2001. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Serviço Nacional de Levantamento e Classificação de Solos. Manual de métodos de análise de solo. Rio de Janeiro: Embrapa-SNLCS, 1979. 255p. MACIEL, C.A.C. Métodos de Análise Química de Solos. Espírito Santo do Pinhal: Faculdade de Agronomia e Zootecnia Manoel Carlos Gonçalves, 1983. 26p. (mimeografado) NOLLA, A., ANGHINONI, I. Métodos utilizados para a correção da acidez do solo no Brasil. Revista Ciências Exatas e Naturais. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v.6, n.1, p.97-111, jan./jun. 2004. QUAGGIO, J.A. Acidez e calagem em solos tropicais. Campinas: Instituto Agronômico, 2000. 111p. SILVA, G.B.; AZEVEDO, P.V. Potencial edafoclimático da “Chapada Diamantina” no estado da Bahia para o cultivo de citrus. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v.8, n.1, p,133-139, mar. 2000. TAYLOR, G.J . The physiology of aluminum phytotoxicity. In: SIEGAL, H., SIEGAL, A. (Eds.) Metals Ions in Biological Systems. New York: Marcel Dekker, p.123-163, 1988. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 55 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. CARACTERIZAÇÃO BIOMÉTRICA DAS SEMENTES DE Spondias tuberosa arruda (umbu) Kátia Dias Carvalho1, Arlete da Silva Bandeira 1, Rita de Cássia Silva Carneiro2, Débora Leonardo dos Santos3. 1 Graduanda do Curso de Engenharia Agronômica da UESB, Vitória da Conquista, BA; 2 Engenheira Agrônoma, mestranda em Agronomia pela UESB, área de concentração em Fitotecnia, Vitória da Conquista, BA; 3 Professora Adjunta do DCN da UESB, Vitória da Conquista, BA. e-mails: [email protected] [email protected] RESUMO: Uma das principais características do semi-árido nordestino é a escassez de recursos naturais assim como de água. No entanto algumas plantas conseguem sobreviver e produzir em diversas áreas dessa região, entre estas se encontra o umbuzeiro, (Spondias tuberosa Arruda), frutífera nativa de grande importância socioeconômico e ambiental. O objetivo deste trabalho foi a caracterização biométrica das sementes de umbu no intuito de subsidiar futuros trabalhos relacionados à espécie. Determinou-se medidas de comprimento, largura, espessura, teor de umidade, peso de mil e número de sementes/kg. O comprimento variou de 1,94 a 2,92; a largura de 1,25 a 2,28 e a espessura de 0,53 a 1,89; sendo que a media foi de 2,34, 1,75 e 1,44cm para comprimento, largura e espessura respectivamente. O peso de mil sementes foi de 2105,4 g, um quilograma contem 474,97 sementes e o teor de umidade foi de 6,81%. Palavras-chave: umbu; sementes; biometria; ABSTRACT: One of the main features of the semi-arid region is the scarcity of natural resources like water. However some plants can survive and produce in various parts of the region, among these is the umbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda), native fruit of major socio-economic and environmental. The objective of this study was to characterize biometric seeds of unripe (Spondias tuberosa Arruda) in order to support future work related to the species. Determined measures of length, width, thickness, moisture content, weight of thousand and the number of seeds per kg. The length ranged from 1.94 to 2.92, the width of 1:25 to 2:28 and thickness of 0.53 to 1.89, while the average was 2.34, 1.75 and 1.44cm in length, width and thickness respectively. The thousand seed weight was 2105.4 g, the number of seeds / kg was 474.97, and the moisture content is 6.81%. Word-keys: umbu, seed, biometrics INTRODUÇÃO Uma das principais características do semi-árido nordestino é a escassez de recursos naturais assim como de água. No entanto algumas plantas conseguem sobreviver e produzir em diversas áreas dessa região, entre estas se encontra o umbuzeiro, (Spondias tuberosa Arruda), frutífera nativa de grande importância socioeconômico e ambiental. Essa xerófila pertence à família Anacardiaceae e seus frutos são fonte de alimentação para os habitantes e animais da caatinga. Ainda durante a florada as flores alimentam inúmeras abelhas e vespas que habitam na região. Todavia, a ocorrência de plântulas de imbuzeiro é I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 56 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. pouco registrada o que põem em risco a sobrevivência desta planta e a sua contribuição para a região. (CAVALCANTI, 2006). Segundo Oliveira e Pereira, (1984) o conhecimento da morfologia das sementes é imprescindível para a identificação e certificação do material empregado nas análises de sementes. Além disso, esses conhecimentos podem auxiliar na conservação da fauna e da flora e colaborar nos estudos de sucessão ecológica e regeneração dos ecossistemas (BELTRATI, 1994). A caracterização biométrica de sementes pode ser fonte para diferenciar espécies de mesmo gênero e até mesmo variedades diferentes. Na natureza, diversos fatores contribuem para a variabilidade da forma e tamanho de frutos e sementes (AMARO et al., 2006). Vários autores ressaltam a importância dos caracteres estruturais externos e internos dos diásporos vegetais, uma vez que o tamanho dessas estruturas é indispensável para que se possa conhecer melhor determinada espécie (RAVEN et al., 1996). O objetivo deste trabalho foi a caracterização biométrica das sementes de umbu (Spondias tuberosa Arruda) no intuito de subsidiar futuros trabalhos relacionados à espécie. MATERIAIS E MÉTODOS Este trabalho foi realizado no Laboratório de Biodiversidade do Semi-árido LABISA, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. As sementes utilizadas no trabalho foram provenientes de frutos maduros coletados no chão ou na parte aérea da árvore, em fevereiro de 2009 na zona rural de Caraíbas. A coleta foi manual, aleatória e de varias matrizes. Em seguida os frutos foram postos num balde com água para fermentação, e retirados a polpa para extração das sementes. Após isso foram secadas ao sol e levadas ao laboratório, onde foram armazenas em vasilhas plásticas na geladeira. Biometria das sementes: Foram utilizadas 100 sementes. O comprimento, a largura e a espessura das sementes foram determinados com auxílio de um paquímetro digital com precisão 0,1; sendo o comprimento medido do ápice até a base, e a largura e espessura medidas na linha mediana da semente, conforme metodologia de Ferreira et al., (2001), os resultados foram expressos em cm. Determinação do Peso de mil sementes: Foram retiradas aleatoriamente oito amostras de 100 sementes cada. Logo após calculou-se a média das amostras e o peso/Kg. Determinação do Grau de umidade: Segundo BRASIL (1992), utilizando 4 amostras com 20 sementes secas em estufa à 105ºC por 24 horas. RESULTADOS E DISCUSSÃO As sementes de umbu apresentaram valores médios para comprimento, largura e espessura, de 2,34; 1,75 e 1,44 cm, respectivamente (Tabela1). Sendo que o comprimento variou de 1,94 a 2,92, a largura de 1,25 a 2,28 e a espessura de 0,53 a 1,89. Em comprimento, a maior parte das sementes se encontra no intervalo de 2,11 a 2,4; em largura de 1,71 a 1,9; e em espessura no intervalo de 1,31 a 1,6.(Figura1). Resultados semelhantes foram encontrados por Amaral et.al., (2007) em sementes da mesma espécie. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 57 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. A 30 Frequencia (%) 25 20 15 10 5 0 Comprimento (cm) B 30 Frequencia (%) 25 20 15 10 5 0 Largura (cm) C 35 Frequencia (%) 30 25 20 15 10 5 0 Espessura (cm) Figura 1. Comprimento (A), largura (B) e espessura (C) de sementes de Spondias tuberosa. O peso de mil sementes foi de 2105,4 g, e o número de sementes/kg foi de 474,97, sendo que o desvio padrão foi de 10,38g. Já o teor de umidade foi de 6,81% com desvio padrão de 1,76%, como indicado na Tabela 1. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 58 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Tabela 1. Valores médios e desvio padrão de algumas características de Spondias tuberosa Arruda Característica Massa de 100 sementes(g) Peso de mil (g) Nº de sementes/kg Teor de umidade Comprimento Largura Espessura Media 210,54 2105,4 474,97 6,81 2,34 1,75 1,44 Desvio Padrão 10,38 1,76 0,21 0,19 0,18 CONCLUSÃO As sementes de umbu apresentam comprimento de 2,34; 1,75 de largura e 1,44cm de espessura. Sendo que o peso de mil sementes foi de 2105,4g; o número de sementes/kg foi de 474,97; o peso médio de cada semente é de 2,10 g e o teor de umidade é de 6,81%, que mostra que a semente é ortodoxa, podendo ser armazenada. REFERÊNCIAS AMARAL, V.B.; SOUZA, S.C.A.; MORAIS, F.; BARBOSA, C.M.; SALES, H.R.; VELOSO, M.D.M & Y.F.R. Biometria de frutos e sementes de umbuzeiro, Spondias tuberosa A. Camara(Anacardiaceae) do Norte de Minas Gerais-MG, Montes Claros, MG. In: VIII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, Caxambu-MG. Anais..., Minas Gerais: 2007. AMARO, M. S.; FILHO, S M.; GUIMARAES, S. M.; TEÓFILO, E. M. Morfologia de frutos, sementes e de plântulas de janaguba (Himatanthus drasticus (Mart.) Plumel. – Apocynaceae). Pelotas, Brasil. Revista Brasileira de Sementes, v.28, 2006. BELTRATI, C.M. Morfologia e anatomia de sementes In: CURSO DE PÓSGRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, ÁREA DE BIOLOGIA VEGETAL. Apostila. Rio Claro: Departamento de Botânica / Instituto de Biociências / UNESP, 1994. 112p. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 362p CAVALCANTI, N. de B.; RESENDE, G.M.; DRUMOND, M.A. Período de Dormência de Sementes de Imbuzeiro, Mossoró,Brasil. Revista Caatinga, v.19, p. 135-139, 2006. OLIVEIRA, E.C.; PEREIRA, T.S. Myrtaceae: morfologia da germinação de algumas espécies. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 2., 1984. Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: SBB, p.501-520 RAVEN, P.H; EVERT, R.F.; EICHHORN, S.E. Biologia vegetal. 6.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S/A, 2001. 928p I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 59 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. CARACTERIZAÇÃO DO COMÉRCIO MADEIREIRO NA CIDADE DE SEABRA – BA Poliana Coqueiro Dias¹, Alcides Pereira Santos Neto², Mariana de Carvalho Aguiar Ribas², Giovanni Correia Vieira² ¹Mestranda em Ciência Florestal, UFV, Avenida Peter Henry Rolfs, s/n Campus Universitário, CEP: 36570-000, VIÇOSA – MG. ²Discente do Curso de Engenharia Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04, Vitória da Conquista – BA. RESUMO: O presente trabalho apresenta o perfil da comercialização dos produtos madeireiros do município de Seabra, localizado na região da Chapada Diamantina, no estado da Bahia. A cidade apresenta pleno desenvolvimento econômico e social, fazendose necessários a utilização de materiais cuja origem é a árvore. Por meio da aplicação de questionários, percebeu-se um elevado número de funcionários, em relação ao início da atividade comercial, assim como uma a comercialização de diversas espécies, oriundas principalmente do estado do Pará. Evidencia-se a necessidade de utilização de florestas plantadas e manejadas adequadamente, para que se minimize impacto às florestas nativas. As empresas mostram-se interessadas em consumir madeiras originadas de plantios homogêneos, alegando, entretanto, ausência de orientação para realizarem tal atividade. ABSTRACT: This paper presents the profile of the marketing of wood products in the city of Seabra, located in the Chapada Diamantina, in Bahia state. The city has full economic and social development, making it necessary the use of materials whose origin is the tree. Through questionnaires, we noticed a large number of employees at the start of commercial activity, as well as the marketing of various species, mostly from the state of Pará This study highlights the need for use of planted forests and appropriately managed, so that they minimize impact to native forests. The companies express an interest in consuming timber originating from homogeneous stands, saying, however, no guidance to carry out such activity. Palavras-chave: Setor madeireiro; Comercialização de produtos madeireiros; Industrialização de produtos florestais. INTRODUÇÃO O setor florestal possui uma grande importância como fornecedor de energia ou matéria-prima para a indústria da construção civil e de transformação, apresentando no Brasil, características mais singulares em razão do país contar com recursos florestais abundantes (BUAINAIN & BATALHA, 2007). Assim, o consumo de madeira para uso industrial no Brasil passou de 66 milhões de metros cúbicos (m³), em 1990, para 156 milhões de m³, em 2006. Carvalho et al. (2006) consideram que as principais características da indústria madeireira brasileira são: grande número de pequenas unidades de produção, localização geográfica bastante descentralizada, as tecnologias e equipamentos utilizados são nacionais, geralmente remunera atributos de qualidade e têm baixos investimentos anuais, além de possuir carência de mão-de-obra qualificada. O objetivo deste trabalho foi realizar um diagnóstico sobre perfil do setor madeireiro da cidade de Seabra - Bahia, baseado na comercialização dos produtos de origem madeireira através da identificação e descrição dos pontos comerciais registrados e em atividade no ano de 2008. MATERIAL E MÉTODOS I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 60 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. As informações referentes ao diagnóstico da atividade comercial de madeiras foram levantadas no município de Seabra – BA. Localizada no centro do estado da Bahia e às margens de importante rodovia federal (BR-242), a cidade de Seabra consolidou-se como o mais importante centro regional da Chapada Diamantina, tornando-se sede das representações locais dos órgãos governamentais. O município conta também com a maioria dos estabelecimentos prestadores de serviços, industriais, comerciais e financeiros da região. O presente estudo foi realizado em seis empresas regularizadas e cadastradas na atividade que envolve a comercialização de produtos madeireiros seja na transformação primária, secundária ou no beneficiamento e produção de peças para diferentes finalidades. Os dados foram obtidos por meio de entrevista e preenchimento de um questionário sistemático, o qual possuía um conjunto de dados referentes aos processos e procedimentos adotados pela empresa, bem como, a sua movimentação visando à comercialização dos produtos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com os dados obtidos através dos questionários sistemáticos preenchidos junto aos proprietários ou responsáveis pelos pontos comerciais, pode-se observar uma expansão na geração de empregos diretos associados ao mercado madeireiro, onde no início da atividade havia, em média, três funcionários, e atualmente há, em média, 16 funcionários o que corresponde um aumento de 400% no número de funcionários. Nos estabelecimentos madeireiros estudados, 50% trabalham com madeira serrada e 50% com movelaria, sendo que os produtos comercializados compõem-se de produtos com alto valor agregado (portas, janelas, caixotes, etc.) sendo comercializados em 100% dos pontos comerciais. A madeira serrada para construção civil é utilizada em 66,66% dos estabelecimentos consultados, os compensados são utilizados em 50% dos estabelecimentos, já os laminados são comercializados em menos pontos comerciais (33,33%). Quanto à origem destes produtos verificou-se que a madeira serrada, compensados e os laminados são advindos 100% do Estado do Pará, já os produtos com alto valor agregado (portas, janelas, caixotes, etc.) 50% vem Estado do Pará e 50% da Bahia. Devido a grande distância existente entre os pontos comerciais e o local de origem da matéria-prima o custo com transporte acaba onerando o custo final dos produtos para os consumidores. Em 100% dos pontos comerciais a matéria-prima é transportada via transporte rodoviário, sendo que 70% dos estabelecimentos alugam veículos para efetuar o transporte da madeira e em 30% a madeira é transportada por veículos das próprias empresas. De acordo com os estabelecimentos entrevistados os consumidores dos produtos finais são a construção civil, marcenarias e varejo, sendo que 50% dos produtos comercializados são destinados ao consumo dos moradores da própria cidade e os 50% restantes são vendidos para os consumidores da região. Dentre os itens que preocupam os comerciantes estão a oferta de matéria-prima, custo da matéria-prima e defeito no produto comercializado. No entanto, com a intenção de oferecer produtos de melhor qualidade para os consumidores 66,66% dos comerciantes pretendem investir com a utilização de recursos próprios na melhoria da qualidade de seus produtos principalmente, na compra de equipamentos que conferem melhor acabamento. O custo médio do m³ da madeira, incluindo o valor do frete, para o consumidor final em Seabra é de R$ 230,00. O consumo de madeira em 2008 nos estabelecimentos I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 61 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. consultados somou 993m³ e segundo 66,66% dos comerciantes se houvesse maior disponibilidade de madeira, as mesmas seriam vendidas. O consumo previsto até o final de 2009, não supera àquele obtido no ano anterior, e para os proprietários, a maior dificuldade está relacionada à obtenção da matéria-prima e em virtude da regularização da documentação para a compra e transporte, a fiscalização, necessidade de mão-de-obra, preço, acesso e distância da origem. De acordo com 66,66% dos entrevistados em épocas mais chuvosas (novembro a dezembro) a oferta de matéria-prima é menor devido as dificuldades de transporte e corte da madeira no local de origem. Há um equilíbrio na entrada e saída do produto, seja de madeira serrada ou de produtos industrializados. Estes últimos referem-se principalmente à produção de portas, esquadrias, caixetas, móveis, laminados, treliças e materiais para construção civil. Para tanto, foi verificado a presença de um setor de transformação secundária e acabamento, com a presença de equipamentos como serra circular, torno, lixadeira, furadeira, utilizando fonte de energia fornecida pela companhia elétrica do Estado. Dentre as espécies florestais comercializadas estão roxinho (Peltogyne sp.), copaíba (Copaifera sp.), guajará (Neoxythece sp.), angelim (Dinizia sp.), madeira nova (Pterogyne nitens), jatobá (Hymenaea courbaril), maçaranduba (Manilkara sp.), eucalipto (Eucalyptus sp.), pinus (Pinus sp.) e madeira mista (composta por espécies de menor valor comercial e com propriedades físicas inferiores as demais). O pinus e o eucalipto são utilizados apenas na composição de laminados e compensados, não sendo utilizados para fins de construção civil. Pode-se observar que as espécies nativas estão sendo utilizadas em maior quantidade. A relação custo/benefício é considerada significativa apenas para aquelas espécies nativas de maior valor em função de suas propriedades tecnológicas e consequente diversidade de usos e aplicações. Os principais critérios observados na estocagem da matéria-prima estão relacionados diretamente à limitação de capital e a presença de defeitos que ocorrem na madeira entre o transporte e o armazenamento. Quanto à comercialização dos produtos, regulam os preços em função da lei da procura e oferta e utilizam-se dos meios de comunicação para realizar propaganda. CONCLUSÃO O setor de comercialização de produtos de madeira no município de Seabra, tem como fatores limitantes à sua expansão e incremento de seus produtos, a falta de fornecimento de matéria-prima de origem local e a falta de informação sobre as propriedades tecnológicas e possibilidades de utilização da madeira proveniente de florestas plantadas, bem como, seu manejo e adequação das condições de armazenamento. REFERÊNCIAS BUAINAIN, A. M. & BATALHA, M. O. Cadeia produtiva de madeira. Brasília: IICA: MAPA/SPA, 2007. 84p. CARVALHO, R. M. M. A.; SOARES, T. S.; VALVERDE, S. R. Setor florestal é destaque na economia brasileira. Revista da madeira. Curitiba, n.95, 2006. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 62 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. CARACTERIZAÇÃO DO CONSUMO DE LENHA NO POLO CERÂMICO DE IBIASSUCÊ-BA Gileno Brito de Azevedo1, Glauce Taís de Oliveira Sousa2, Gilmar Correia Silva3 1,2,3 UESB, Vitória da Conquista e-mails: [email protected] RESUMO: Ibiassucê, município localizado na região Sudoeste da Bahia, limitando com os municípios de Caetité, Caculé, Lagoa Real e Rio do Antônio e área de 384 km² vive a mesma realidade da Caatinga, onde o uso da terra é principalmente para a agricultura e pecuária, nas quais as áreas são desmatadas para a extração de madeira e lenha. O tipo de vegetação predominante em Ibiassucê é a caatinga, com presença de algumas áreas que apresentam transição da caatinga com o cerrado. No município, juntamente com seus vizinhos Caculé e Caetité, são mais de 200 estabelecimentos que usam a lenha como fonte de energia para fabricar seus produtos. Só em Ibiassucê, são 11 cerâmicas que utilizam lenha, e isso, exige uma alta demanda pelo produto com um intenso consumo, para um município de área geográfica pequena. A realização deste estudo objetivou caracterizar o consumo de lenha pelo Pólo Cerâmico do município de Ibiassucê-BA. Para tanto, foi verificada a demanda de lenha pelo Pólo Cerâmico do município; a origem da lenha consumida; e a produção nos fornos. Palavras-chave: Madeira; Lenha; Cerâmica. INTRODUÇÃO A prática extrativista de produtos florestais, principalmente madeira foi aumentando a medida que foram surgindo novas atividades econômicas que necessitavam de madeira, como é o caso da produção de açúcar, das locomotivas a lenha, das cerâmicas, das siderúrgicas e dentre outras. Conforme Goldemberg & Villanueva (2003), a causa mais importante do corte das árvores é a necessidade de tornar acessível uma maior quantidade de terras para a agricultura e pecuária, seguido do uso das árvores para uso comercial pelos usuários urbanos e industriais, como as cerâmicas e siderúrgicas. Em conseqüência destas práticas, que pouco se preocupavam com a preservação dos recursos naturais, não há mais florestas nativa heterogênea suficiente para atender a demanda de madeira e lenha para todas as finalidades de interesse do homem. Como efeito, a sociedade exige pressa, para que se plantem árvores de crescimento rápido e que possa ser colhidas o mais rápido possível (em torno de 6 ou 7 anos de idade) e que possam ser utilizadas imediatamente. A preferência para atender essa demanda tem sido principalmente por Eucaliptus e Pinus. Mas há autores, que se manifestam contra esse tipo de prática silvicultural. Quanto menos se produzem por unidade de tempo e por área plantada, mais áreas rurais serão exigidas, culminando com desmatamentos e destruição de ecossistemas (DE PAULA &ALVES, 1997). No semi-árido, a área de cobertura florestal varia de 30 a 50%, e as terras usadas para fins agrícolas representam apenas de 5 a 10%. As demais terras são transformadas em pastagens naturais ou vegetação rasteira. No Brasil, de acordo com SÁ (2006), o Nordeste concentra-se os casos mais graves de degradação ambiental. 70% dessa região é composta pelo bioma Caatinga (LEAL et al, 2003) e esse bioma tem um potencial econômico pouco valorizado e encontra-se ameaçado pela exploração extrativista, de forma irracional, desde o processo de ocupação local, com mais de três séculos de uso I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 63 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. inadequado da terra, transformando a Caatinga em um dos biomas mais degradados do Brasil. A Caatinga, com vegetação de rara biodiversidade, vem sustentando a economia da região Nordeste ao longo dos anos por meio de duas vertentes: a) pelo fornecimento de energia, onde 33% da matriz energética é obtida de lenha por meio não sustentável, e b) pelo fornecimento de uma série de produtos florestais não madeireiros. Ibiassucê, município localizado na região Sudoeste da Bahia, limitando com os municípios de Caetité, Caculé, Lagoa Real e Rio do Antonio e área de 384 km² vive a mesma realidade da Caatinga, onde o uso da terra é principalmente para a agricultura e pecuária, nas quais as áreas são desmatadas para a extração de madeira e lenha. Utilizamse estas áreas durante algum tempo com a agricultura de subsistência e depois as transformam em pastagens, ou então as usam diretamente para a implantação de pastos, onde geralmente alguns anos depois passam a terem como cobertura vegetal as “capoeiras” ou matas secundárias. O tipo de vegetação predominante em Ibiassucê é a caatinga, com presença de algumas áreas que apresentam transição da caatinga com o cerrado. No município, juntamente com seus vizinhos Caculé e Caetité, são mais de 200 estabelecimentos que usam a lenha como fonte de energia para fabricar seus produtos. Só em Ibiassucê, são 11 cerâmicas que utilizam lenha, e isso, exige uma alta demanda pelo produto com um intenso consumo, para um município de área geográfica pequena. Segundo dados do Censo Agropecuário 2006 (IBGE, 2006) no município, no mesmo ano, havia somente 28% de áreas cobertas por matas e florestas, enquanto que as pastagens chegavam a 36%. Ainda em 2006, a produção de lenha chegou à ordem de 120 mil m³, que foi consumida nos estabelecimentos domésticos e pelos estabelecimentos que utilizam a lenha na fabricação de seus produtos, principalmente as cerâmicas. A realização deste estudo teve como objetivo caracterizar quantitativa e qualitativamente o consumo de lenha pelo Pólo Cerâmico do município de Ibiassucê-BA. MATERIAIS E MÉTODOS A área de estudos foi o Pólo Cerâmico localizado no município de Ibiassucê, constituído de 11 cerâmicas, cujos produtos principais são telhas e blocos. Esse município possui uma área geográfica de aproximadamente 384 km2, localizado na Região Sudoeste da Bahia. Inicialmente foi verificado junto ao órgão competente de registro, o endereço de cada uma das cerâmicas, com a finalidade de não deixar nenhum estabelecimento de estudo sem ser visitado. Em seguida foi realizada uma visita a cada uma das cerâmicas, onde foi entregue uma cópia do projeto, explicado a importância do mesmo tanto para os ceramistas quanto para o desenvolvimento da região. Também foi agendada uma data para entrevista com o objetivo de observar em loco e para realizar a coleta de dados. A coleta de dados foi realizada por aplicação de um questionário sistemático, preenchido por um entrevistador mediante as informações prestadas pelos ceramistas. O questionário foi composto de questões visando caracterizar quantitativamente e qualitativamente o consumo de lenha na área de estudo, principalmente quanto a sua origem. RESULTADOS E DISCUSSÃO A média de empregos diretos nos estabelecimentos visitados é de 33,78, sendo o número mínimo de 15 e o máximo de 72 empregados. A atuação na linha de produção I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 64 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. concentra-se em dois tipos de produtos, quais sejam: telhas e cerâmicas. No primeiro, a média é de 214.000 unidades e a segunda, de 141.429 unidades, com tempo médio entre o enchimento e esvaziamento dos fornos de quatro a oito dias, não havendo estoque de lenha para produção, sendo, portanto, a aquisição da lenha feita de acordo a necessidade de consumo. Para atender a produção, o consumo anual de lenha é de 14.040m3, ressaltando que uma das onze cerâmicas não apresentou este dado, e que 39% são oriundas de florestas plantadas pelos próprios ceramistas. 93% informaram que a lenha consumida é proveniente de floresta plantada, oriunda de municípios como Lagoa Real, Licínio de Almeida, Vitória da Conquista e Barra do Choça, sendo as duas últimas principalmente de cultivos de café e eucalipto. 7% representam, portanto, madeiras de florestas nativas, tais como jurema, tatarena, sete cascas, joão danta e jurema preta, oriundas dos municípios de Lagoa Real, Caculé, Guajerú e Licínio de Almeida. Com relação à preocupação com a escassez da matéria-prima e/ou incremento de produção através de florestas manejadas, observou-se que a ausência de informações técnicas e presença de assistência, são fatores significativos que interferem no planejamento e operação dos estabelecimentos. A aquisição da lenha é basicamente voltada para a demanda imediata na região, sem perspectivas para incremento da mesma, especialmente por limitação existente na aquisição da matéria-prima. Os dados apresentados neste trabalho devem ser considerados com uma margem de erro, considerando que nem todas as informações prestadas pelos proprietários, podem corresponder à 100% da realidade. CONCLUSÃO - A atividade é responsável pela geração direta de empregos no município, responsável pelo sustento de famílias de baixa renda; - O consumo médio anual de lenha está em torno de 14.040 m3, oriundas de diferentes municípios circunvizinhos; - 39% da lenha consumida é proveniente de florestas do próprio ceramista; - A maior parte da matéria-prima é oriunda de florestas plantadas; - A ausência de planejamento, falta de assistência técnica interferem diretamente nas operações e produção das cerâmicas. REFERÊNCIAS Censo Agropecuário 2006 - Resultados Preliminares. Disponível em: <http: www.ibge.gov.br/cidadesat/xtras/perfilwindowat.php?codmun=291200>. Acesso em 16 out 2008. DE PAULA, J.E. & ALVES, J.L.H. Madeiras Nativas. Anatomia, dendrologia, dendrometria, produção e uso. Fundação Mokiti Okada. Brasília-DF. 1997. GOLDEMBERG, J. & VILLANUEVA, L. D. Energia, meio ambiente & desenvolvimento, São Paulo, 2° Edição rev., Editora da Universidade de São Paulo, 226p, 2003. LEAL, I. R., TABARELLI, M., & SILVA, J. M. C. (ed.). Ecologia e conservação da caatinga. Vol. 1. Recife, Editora Universitária UFPE. 2003 SÁ, I.B. Ambiente: Teoria e Prática. 2º Reimpressão . Rio de Janeiro, 2006. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 65 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. CARACTERIZAÇÃO MACROSCÓPICA DA MADEIRA DE Neoxythece elegans (A.DC.) Aubret Pedro Henrique Alcântara1, Diego Oliveira Rocha1, Lucas Moreno Sousa Nolasco1, Gilmar Correia Silva1 1 UESB, Vitória da Conquista e-mail: [email protected] RESUMO: Para o entendimento do comportamento tecnológico da madeira, em suas inúmeras aplicações, é fundamental a aquisição de conhecimento sobre as suas propriedades mecânicas, físicas, químicas e, principalmente, anatômicas. A estrutura anatômica do xilema secundário das gimnospermas e das angiospermas é rica em detalhes que muitas vezes revelam características que as tornam absolutamente inconfundíveis. A observação macroscópica do cerne do xilema secundário é uma técnica eficiente, rápida e que não utiliza equipamentos de custo elevado. O objetivo do presente trabalho foi caracterizar a madeira de Neoxythece elegans através da descrição da macroscópica. Palavras-chave: Anatomia da madeira; Descrição macroscópica; Neoxythece elegans. INTRODUÇÃO Os estudos anatômicos de madeiras têm sido realizados na sua grande maioria, como respaldo e subsídio à taxonomia e em pequena escala relacionados com a fisiologia e ecologia. Em alguns casos, são puramente anatômicos, ou seja, sem correlacionar as características anatômicas com as funções biológicas e o uso adequado da madeira (BURGER & RICHTER, 1991). Atualmente a madeira tem grande valor comercial no setor moveleiro, com isso é de fundamental importância o estudo de novas espécies que apresentem as características potenciais para geração de um produto de qualidade. Zenid & Ceccantini (2007), citam que a identificação de uma árvore depende, portanto, da disponibilidade dessas características morfológicas. Porém, a presença dos órgãos reprodutores da árvore é efêmera, o que dificulta, por exemplo, a sua identificação nos trabalhos de inventário florestal. No processo de extração e de transformação da árvore em madeira serrada, obviamente, as características morfológicas do vegetal, necessárias para a identificação, são eliminadas. É nesse contexto que anatomia de madeiras tem demonstrado ser uma excelente ferramenta alternativa para se obter uma identificação científica de uma madeira ou árvore, com bom grau de confiabilidade. A madeira de Neoxythece elegans, popularmente conhecida como guajará-pedra, abiurana, caramurí, maparajuba do igapó, é uma das principais madeiras utilizadas na comercialização de produtos industrializados no município de Vitória da Conquista e região. Pertencente à família Sapotaceae e originária da Região Amazônica, apresenta como principal atrativo, a durabilidade natural, tonalidade comercial atrativa e resistência mecânica, o que permite sua utilização como material estrutural e voltado para produção de peças para uso externo. As características anatômicas da madeira influenciam na qualidade final do produto, como, por exemplo, nos desenhos, em propriedades ocasionadas durante e depois do processamento e no acabamento. Deste modo, com o conhecimento correto da espécie é possível um melhor aproveitamento da madeira com a utilização de técnicas adequadas e específicas(MARCHIORE, 1984). A identificação microscópica é um processo preciso, porém apresenta certa demanda de tempo, onde se confecciona uma lâmina histológica e observa-se a estrutura da madeira minuciosamente avaliando a estrutura anatômica da madeira. Já a identificação I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 66 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. macroscópica é um método rápido e seguro, o qual permite a identificação da maioria das madeiras comerciais, sendo realizada com vista desarmada ou com auxílio de uma lupa conta-fios (10x), sob a superfície polida nas três seções de corte (MUNIZ & CORADIN, 1992). Assim, o objetivo desse trabalho foi caracterizar a madeira de N. elegans através da descrição da macroscópica. MATERIAIS E MÉTODOS Foram utilizadas cinco amostras de madeira da espécie N. elegans, com dimensões nominais de 5 x 2,5 x 10 cm (largura, espessura e comprimento), provenientes de diferentes serrarias do município de Vitória da Conquista. Para a observação da estrutura da madeira fez-se uso, quando necessário, de lupa profissional de 10 vezes de aumento com escala milimétrica. A análise macroscópica teve como base as Normas de Procedimento para Identificação de Madeiras do IPT. Das amostras retiraram-se lascas de madeira no sentido longitudinal, tangencial e radial para a observação de características como cor e brilho. O brilho foi observado no plano longitudinal e radial, constatando o contraste com a luz. Ainda no plano longitudinal identificaram-se os desenhos produzidos pela presença de elementos constituintes do lenho, anéis de crescimento, agentes biológicos, grã, entre outros. Para a definição da inclinação da grã, realizou-se a abertura da amostra, no sentido longitudinal. No corte transversal, detectou-se a resistência ao corte manual, com o auxilio de estilete. Verificou-se a textura, analisando a dimensão dos poros e visibilidade do parênquima. Para esta etapa, foi utilizada a lupa, que confirmaria ou não as observações feitas a vista desarmada. A massa específica da madeira foi definida através da comparação de pesos com uma amostra de água de mesmo volume, apenas com o auxilio das mãos. Ainda no plano transversal observou-se a visibilidade dos anéis de crescimento, a existência ou não de parênquima, classificando-o de acordo com sua disposição. Da mesma forma realizaram-se as observações de raios e poros. Os raios foram classificados segundo sua visibilidade, largura e frequência. Os poros, segundo sua visibilidade, agrupamento e distribuição no lenho. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir das características gerais da madeira de N. elegans foi observada a cor do cerne, cuja coloração observada em superfície longitudinal foi classificada como castanho amarelado a castanho rosado. O contraste de luz no plano longitudinal verificou que os raios apresentaram brilho moderado tendendo a acentuado. Com relação ao odor, este foi definido de forma muito moderada a indistinta, não sendo considerado como perceptível. Para determinar a grã, foi realizada a comprovação nas cinco amostras, sendo definidas como direita. A textura observada foi média a fina. A resistência ao corte manual foi considerada grande no plano transversal, podendo ser considerada como dura. A massa específica, porém, foi considerada como média. Quanto a visibilidade dos vasos, foi possível observá-los com vista desarmada, classificados como distintos a olho nu, com diâmetro médio e numerosos. Com relação à distribuição dos poros, observaram-se os mesmos de forma difusa no lenho, dispersos de forma aproximadamente uniforme, agrupados de forma diagonal e/ou radial, dispostos de forma paralela aos raios ou de forma intermediária entre radial e tangencial. A I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 67 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. maioria dos vasos foram múltiplos e poucos solitários. Apresentaram ainda, obstrução parcial por tilos. A espécie apresentou parênquima axial pouco contrastado, visível apenas sob lente de aumento de 10 vezes, em finíssimas linhas, sinuosas, aproximadas, regularmente espaçadas e reticuladas. Os raios parenquimáticos, feixes de células alongados, formados por células dispostas horizontalmente, orientados do centro para a periferia da árvore, foram vistos somente com lente de aumento de 10 vezes, como linhas muito finas e frequentes. Quanto a presença de estratificação, causada pela ocorrência de ordenação dos elementos celulares, observando-se a seção tangencial percebeu-se a ocorrência de listras horizontais As camadas de crescimento podem ser mais ou menos demarcadas, ocorrendo concentricamente nos troncos. Elas demarcam os inícios e as paradas do crescimento das árvores que são determinados pelas condições ambientais. Para N. elegans foi classificada sem o auxílio de lupa como indistintas. Todavia observaram-se zonas tangenciais mais escuras. CONCLUSÕES A análise dos resultados obtidos no presente estudo permite concluir que a espécie apresentara características semelhantes àquelas madeiras comumente classificadas como potenciais para o mercado moveleiro e da construção civil, especialmente por apresentar características organolépticas aceitáveis, padrão de cor uniforme, grã direita indicando maior homogeneidade na sua estrutura mecânica, além da densidade com elevada resistência ao corte manual. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BURGER, L.M. & RICHTER, H.G. Anatomia da Madeira, Editora Nobel, São Paulo 1991.154p. CORADIN, V.T.R.; MUNIZ, G.I.B. Normas e procedimentos em estudos de anatomia da madeira: I – Angiospermae, II- Gimnospermae. Brasília. IBAMA, DIRPED, LPF. 19p. 1992. (Série Técnica, 15). MARCHIORI, J.N.C. Anatomia descritiva da madeira de B Neoxythece elegans. Ciência e Natura, Santa Maria, v. 9, p. 113-120, 1987. ZENID, G.J. & CECCANTINI, G.C.T. Identificação Macroscópica de Madeiras. IPT INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. São Paulo: IPT, 2007. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 68 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS MADEIREIROS NO MUNICÍPIO DE BARRA DO CHOÇA - BA Mariana de Carvalho Aguiar Ribas1, Alcides Pereira Santos Neto1, Giovanni Correia Vieira1, Gilmar Correia Silva2 1 Discente do Curso de Engenharia Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04, Vitória da Conquista - BA 2 Docente do Curso de Engenharia Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04, Vitória da Conquista – BA. e-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO: No Brasil o setor florestal tem se expandido devido à grande demanda, porém a escassez de matéria-prima que não seja proveniente da mata nativa dificulta o processo de maior ampliação do setor madeireiro. O município de Barra do Choça caracteriza-se por sua economia baseada principalmente na cultura cafeeira. Em alguns casos tem-se o consorcio do café com a grevílea (Grevillea robusta), assim, depois do eucalipto (Eucalyptus sp.), a grevílea é a espécie mais utilizada na região destinada principalmente para construção civil e confecção de móveis. Os dados foram obtidos através de questionários aplicados com os donos dos estabelecimentos que trabalham no setor madeireiro do município. O consumo de madeira para o ano de 2009 tende a ser menor em relação ao de 2008, devido a dificuldade de se obter a matéria-prima, além de outros fatores avaliados. Palavras-chave: Produtos florestais; Comercialização; Matéria-prima florestal. INTRODUÇÃO No Brasil, o setor florestal contribui com uma parcela importante para a economia, gerando produtos para consumo direto ou para exportação, agregando para economia, recursos provenientes de impostos, além de postos de emprego e renda, atuando também na conservação e preservação dos recursos naturais (LADEIRA, 2002). Contudo, as estimativas sobre o consumo interno de madeira no Brasil revelam o caráter predominantemente imediatista da exploração florestal já que 300 milhões de m3 de madeira são consumidos anualmente no país, nos quais 110 milhões provêm de florestas plantadas e 190 milhões, de florestas nativas. Nota-se com esses dados que as florestas nativas têm sofrido grandes impactos devido a esse caráter imediatista (TONELLO et al., 2009). A importância de saber sobre o perfil da atividade comercial dos produtos madeireiros de uma região baseia-se na expansão do crescimento do setor florestal que proporcionam o surgimento de vários segmentos no seu entorno. Esse trabalho teve como objetivo realizar um diagnóstico do setor madeireiro do município de Barra do Choça- BA, baseado na comercialização dos produtos de origem madeireira através da identificação e descrição dos pontos comerciais em atividade no ano de 2008. MATERIAL E MÉTODOS Área de Estudo I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 69 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. O município de Barra do Choça fica a leste da cidade de Vitória da Conquista, localizado no Planalto Sul Baiano, mais precisamente sobre a Serra Geral. O município faz parte da região de clima Tropical Sub-úmido, representando uma área de transição entre o clima úmido, localizado à leste, e o clima semi-árido, localizado a oeste. Sua economia é centrada na lavoura cafeeira, que corresponde a 83% da atividade econômica do município e da ocupação da mão-de-obra (PREFEITURA MUNICIPAL DE BARRA DO CHOÇA, 2009). Coleta de Dados O levantamento das informações referentes ao diagnóstico da atividade comercial de madeiras foi realizado em outubro de 2009. Para o levantamento dessas informações entrevistou-se os proprietários de oito empresas (serrarias, madeireiras, movelaria, marcenarias), aplicando-se um questionário contendo questões abordando desde a caracterização da matéria-prima (origem, transporte), caracterização do processo industrial (planejamento da produção), caracterização da comercialização (produtos comercializados e o destino do produto final), e também, informações gerais do mercado madeireiro na região. RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir dos dados coletados notou-se que, a maioria dos estabelecimentos que trabalham no setor madeireiro no município de Barra do Choça estão relacionados principalmente com a atividade da marcenaria, seguido pelas madeireiras, observando-se apenas a presença de uma serraria e uma movelaria no município. A marcenaria é o trabalho de transformação da madeira em um objeto útil ou então decorativo (WIKIPÉDIA, 2009). O recurso humano existente nos estabelecimentos é muito restrito numericamente, sendo que na maior parte do tempo, a mesma pessoa que trabalha no setor administrativo, trabalha também, no setor industrial e no processamento da madeira. Verificou-se que não ocorrem mudanças desde a abertura dos estabelecimentos, quanto ao quantitativo de pessoal contratado devido, principalmente, demanda de serviços e atividades ligadas ao setor. Nos estabelecimentos avaliados, a espécie mais trabalhada é o eucalipto (Eucalyptus sp.) proveniente principalmente da região de Vitória da Conquista, seguido da grevílea (Grevillea robusta). Isso pode ser compreendido com a análise da figura 1, onde foi feito o somatório da freqüência de cada individuo, obtendo assim a participação percentual de cada espécie utilizada. Portanto, as espécies mais utilizadas em termos de freqüência foi o eucalipto com 25%, seguido da grevílea com 20%. Resultado semelhante foi encontrado num trabalho realizado na cidade de Londrina- PR, onde 37,5% era proveniente de Eucalipto e 22,5% grevílea( IPARDES, 1993). O uso de Eucalipto pode ser explicado devido aos projetos de reflorestamento que vêem sendo executados em áreas degradadas da região. E a utilização da grevílea pode ser elucidada devido ao consórcio existente entre grevílea e café, sendo este a principal atividade econômica da região. O jatobá (Hymenaea courbaril) e jequitibá (Cariniana sp.), também aparecem com relativa importância, 15% e 10% respectivamente, seguidos por: vinhático, angelim. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 70 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Espécies mais utilizadas no munícipio de Barra do Choça5% 5% Bahia 5% 5% 5% 5% 10% 15% Eucalipto Grevilea 25% Jatobá Jequiiiba Oiti 20% Maçaranduba Vinhático Figura 1 – Espécies mais utilizadas no município de Barra do Choça- Bahia A Figura 2 ilustra o consumo de madeira em 2008 e o consumo esperado para o ano de 2009. 400 312,5 m3 300 234,5m 200 3 100 0 Consumo total de madeira em 2008 Consumo esperado de madeira para 2009 Figura 2. Consumo de madeira em 2008 e o consumo esperado para o ano de 2009 no município de Barra do Choça – BA. Pode-se prever com a análise da Figura 2 que o consumo de madeira esperado para o ano de 2009 teve um decréscimo significativo, isto decorre principalmente do previsto fechamento da única serraria existente na cidade. Porém nos outros estabelecimentos, notase um avanço no setor, embora um fator limitante para o desenvolvimento do mesmo é principalmente em virtude da dificuldade de obtenção da madeira que é um fator preocupante na região, já que essa juntamente com a necessidade de mão-de-obra qualificada e florestas com baixo volume de madeira constituem em um problema no trabalho com madeira. Dificuldades essas também mencionadas em estudo do Plano Nacional de Conservação e Desenvolvimento Florestal (s/d), Santos & Hummel (1987) citado por Hummel et al. (1994), onde as principais dificuldades citadas foram: mão de obra, dificuldade de ampliar o suprimento de matéria prima, falta de integração floresta indústria, baixo aproveitamento de resíduos e subprodutos, falta de modernização, equipamentos obsoletos, matéria prima de baixa qualidade, baixo rendimento de madeira serrada entre outros. A qualidade da tora processada influencia as operações de desdobro gerando madeira serrada com defeitos, principalmente empenamento, rachadura e broca, especialmente devido ao processo de secagem e estocagem. A estocagem inadequada das toras resulta em perdas devido aos danos causados por insetos e por rachaduras. Após um período de estocagem típica, de várias semanas a um mês, aproximadamente 15% do volume de madeira é danificado por insetos. O rachamento das toras, devido à secagem não uniforme entre o centro e as extremidades do tronco durante a estocagem, também causa perda de madeira em algumas espécies diminuindo seu rendimento (VIDAL et al., 1997). I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 71 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. O processo de industrialização é limitado também, devido à ausência de capacitação da mão-de-obra qualificada. Em relação a mão-de-obra, Gonçalves (2000) mostra que a pouca qualificação desta acarreta sérios entraves na produção, tais como queda na eficiência na entrada e na saída, baixa eficácia, e por isso é sem duvida alguma um fator limitante já que a utilização de mão de obra com falta de qualificação gera altos índices de desperdício afetando a lucratividade. Não ocorre a estocagem de madeira pelos estabelecimentos, percebendo-se certa preocupação dos entrevistados em relação a oferta da matéria-prima menor no período de chuvas devido as condições das estradas e a dificuldade de colheita no campo. Sendo o principal destino dos produtos a confecção de móveis e a construção civil e na comercialização da madeira serrada. Quanto à expansão da atividade, não foi verificado possibilidades por parte dos proprietários, o desejo de investir no negócio ou de inovar a produção, devido principalmente, a falta de matéria-prima e custos decorrentes. CONCLUSÕES - Não existe planejamento quanto à expansão na comercialização dos produtos florestais; - As espécies mais utilizadas nas madeireiras são Eucalipto e grevílea. - A principal finalidade da comercialização é na construção civil e confecção de moveis. - Fator limitante no desenvolvimento do setor na região é a dificuldade em obter a matéria - prima. REFERÊNCIAS GONÇALVES, S. L. F. Indústria e Mercado Madeireiro no Amazonas: Uma breve Reflexão. Revista da Universidade do Amazonas, série Ciências Tecnológicas, nº especial Manaus/AM, v 2,p 107-113, jan-dez 2000. HUMMEL, A. C. et al. Diagnóstico do Subsetor Madeireiro do Estado do Amazonas. Série Estudos Setoriais. Ed. SEBRAE, Manaus/AM, 1994. IPARDES. Instituto Paranaense de desenvolvimento Economico e Social. Cobertura Vegetal e consumo de Madeira, lenha e carvão nas microregioes de Londrina, Maringá e Paranavaí: subsidio pra uma politica florestal no estado do Paraná / Instituto Paranaense de desenvolvimento Economico e Social. Curitiba: IPARDES, 1993. 44p. LADEIRA, H. Quatro décadas de Engenharia Floresta no Brasil. Viçosa: Sociedade de Investigações Florestais, 2002. 207p. PREFEITURA MUNICIPAL DE BARRA DO CHOÇA. Disponível em: <http://www.barradochoca.ba.gov.br>. Acessado em: 12 fr out. de 09. TONELLO, K. C.; COTTA, M. K.; ALVES, R.R.; RIBEIRO, C.F. A. ;POLLI, H.J.; O destaque econômico do setor florestal brasileiro. Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. VIDAL, E.; GERWING, J.; BARRETO, P.; AMARAL, P.; JOHNS, J. Redução de Desperdício na Produção de Madeira na Amazônia. Série Amazônia 5. Belém/PA, Imazon, 20p., 199 REVISTA DA MADEIRA. Brasil Começa a Marcar Presença. Ano 3, nº 19, 1994. WIKIPÉDIA. Marcenaria. Acesso em: 12 de out. de 09 Disponivel em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcenaria I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 72 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. CONSUMO FAMILIAR EM DIFERENTES CLASSES SOCIAIS DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA - BAHIA Mary Anne Assis Lopes de Oliveira¹, Andrêssa Mota Rios Barreto², Anne Mota Vinhas³, Laís Caetano de Oliveira4, ²Mestre em Desenvolvimento Sustentável Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB, Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários – Proex, Estrada do Bem Querer, Km 4 – Caixa Postal 95. ¹Estudantes do curso de Engenharia Florestal, UESB. [email protected], [email protected], [email protected] , [email protected] RESUMO: Este trabalho foi realizado entre os meses de maio e julho de 2009 no município de Vitória da Conquista, Sudoeste baiano e caracteriza os resíduos domésticos gerados por duas classes sociais distintas (média e baixa renda) da cidade de Vitória da Conquista, assim como apontar a percepção dos mesmos sobre coleta seletiva. Entrevistouse um total de 36(trinta e seis) pessoas, escolhendo como amostra uma rua de cada bairro e para a obtenção dos dados, aplicou-se um questionário constituído por 12 (doze) tópicos. Percebe-se também que entre os moradores com renda mais baixa fazem menos coletas seletivas, além de consumirem mais lixo orgânico, diferentemente daquelas classes com maior renda familiar. Palavras-chave: Geração de resíduos; Coleta Seletiva; Consumo sustentável. ABSTRACT: This study was conducted between May and July 2009 in Vitória da Conquista, Bahia Southwest and features domestic waste generated by two different social classes (low and middle income) from the city of Vitoria da Conquista, as well as point to their perception about collection. We interviewed a total of 36 (thirty six) people, choosing to sample a street in each neighborhood and to obtaining the data, we applied a questionnaire consisting of twelve (12) topics. It is also evident that among residents with lower income are less selective samples, and consume more organic waste, unlike those classes with higher family income. INTRODUÇÃO A criação das cidades e a crescente ampliação das áreas urbanas têm contribuído para o crescimento de impactos ambientais negativos. No ambiente urbano, determinados aspectos culturais como o consumo de produtos industrializados influencia diretamente no meio ambiente (VIOLA, 1987). A problemática dos resíduos sólidos gera bastante polêmica e preocupação, todavia pode também gerar oportunidades de emprego, sustentabilidade ambiental e econômica. O lixo doméstico, por sua vez, merece atenção especial, fazendo-se necessário compreender o que se produz e qual a visão dos residentes acerca do lixo. É neste contexto que nasce o presente estudo, o qual visa caracterizar os resíduos domésticos gerados por duas classes sociais distintas (média e baixa renda) da cidade de Vitória da Conquista, assim como apontar a percepção dos mesmos sobre coleta seletiva. MATERIAL E MÉTODOS I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 73 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. O presente trabalho foi realizado entre os meses de maio e julho de 2009, no município de Vitória da Conquista, Sudoeste baiano. Para definir as populações analisadas, utilizou-se o critério de renda por residência, separando dois grupos aqui definidos como moradores de bairro de classe média (média de quatro salários mínimos) e classe baixa (média de dois salários mínimos). Para obtenção dos dados, aplicou-se um questionário constituído por 12 (doze) tópicos: número de moradores por residência; a casa é própria ou não; sexo do entrevistado; renda familiar (em salários mínimos); profissão do entrevistado (a); como analisa questões relativas ao consumo sustentável; existência de coleta seletiva na residência do entrevistado (a); se considera que há desperdício no consumo (alimento) doméstico do entrevistado; quem é o responsável pela administração (preparo) dos alimentos para consumo; qual a percepção sobre o lixo; quanto a casa gera de lixo por dia (Kg); qual o resíduo (alimento) descartado com mais freqüência (orgânico ou industrial). Entrevistou-se um total de 36 pessoas, escolhendo como amostra uma rua de cada bairro. RESULTADOS E DISCUSSÃO Há poucas diferenças acerca da percepção do lixo nas diferentes classes sociais estudadas. No que tange a coleta seletiva, na classe média 70% dos entrevistados declaram realizá-la, enquanto na classe baixa 85,5 realizam coleta seletiva. Os dados, quando comparados com médias brasileiras, chamam atenção, sendo maiores. Isto pode ser decorrente da existência de cooperativas de reciclagem existentes no município de Vitória da Conquista. A coleta seletiva que separa o lixo reciclável (vidro, agulhas, latas, madeiras) ganha cada vez mais espaço entre os mais variados segmentos sociais. O lixo, visto como resíduo desprezado, passa a ser considerado matéria-prima, podendo ser transformado e reutilizado pela população. Das residências com maior renda, 77 % analisam as questões relativas a o consumo sustentável como significativas, 7% consideram não significativas, e o restante não opinou. Tais dados não são semelhantes quando se analisa a outra classe: 85,5 % acreditam ser significativas, e 9% não significativa, sendo 5,5% indiferentes. Tais dados corroboram com as respostas obtidas a partir do questionamento “de que forma você vê o lixo”, uma vez que para 100% dos entrevistados da classe média e 95,5% da classe baixa o lixo é visto como reutilizável, reaproveitável ou reciclável, e apenas 4,5% da classe baixa são indiferentes. No entanto, percebem-se maiores diferenças quando se analisa as quantidades e origem do lixo. Antes, vale informar que as residências de classe média possuem cerca de três moradores por residência, enquanto a classe baixa tem média de cinco moradores. As primeiras declaram como resíduo (alimento) descartado com mais freqüência o industrial (57%), seguido pelo orgânico (43%); enquanto na classe baixa 100% dos resíduos são principalmente orgânicos. Em termos quantitativos, esta última classe gera menos lixo (0,360 Kg/pessoa), enquanto a classe média produz 67,9% a mais (0,530 Kg/pessoa) em relação a classe baixa. Os resíduos domésticos possuem um potencial muito grande para a reciclagem, pois contém em sua composição muita matéria orgânica compostável, além de substâncias que possuem mercado comprador, tais como: papel e papelão, metais ferrosos e não ferrosos, plásticos e vidros. CONCLUSÃO I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 74 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. As diferenças acerca da produção de lixo ficam evidentes ao analisar as duas classes, como o a quantidade maior de lixo industrializado e maior produção de lixo por pessoa. No entanto, a percepção a respeito da coleta seletiva e do reaproveitamento de lixo é bastante similar entre as classes analisas, as quais demonstram interesse em práticas ecologicamente corretas. Para tornar o lixo um aliado da humanidade, não bastam apenas políticas públicas. É preciso sensibilizar cada cidadão, no sentido de reduzir o consumo desenfreado, reutilizar e reciclar os resíduos gerados. REFERÊNCIAS DEL RIO, V. Cidade da mente, cidade real: percepção ambiental e revitalização na área portuária do Rio de Janeiro. In: Percepção Ambiental: a experiência brasileira. São Carlos: Studio Nobel: Universidade Federal de São Carlos, 1999, p. 21. VIOLA, E. et al. Ecologia e Política no Brasil. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo: IUPERJ, 1987. p. 57. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 75 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, SENSO CRÍTICO E HABILIDADE DE PENSAMENTO: A FILOSOFIA AMBIENTAL Déborah Santos Moreira*, Alcides Pereira Santos Neto*, Siléia Oliveira Guimarães* *Discente do Curso de Engenharia Florestal, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista – BA RESUMO: Atualmente, torna-se cada vez mais necessário o envolvimento das mais variadas formas de pensamento e atitudes na busca do desenvolvimento sustentável. A filosofia mostra-se como importante ferramenta. Sua disseminação deve envolver diversos segmentos sociais: de professores a alunos, leigos a técnicos, crianças a adultos, enfim, toda a comunidade. O presente estudo visa relacionar os benefícios da filosofia no debate de questões de ordem ambiental. Têm-se um enfoque no filósofo Martin Buber, o qual contribui com a filosofia do diálogo entre ser humano e natureza. Assim, o homem deve aprender sobre o seu meio para saber interpretá-lo e utilizar de maneira sustentável dos recursos naturais. A filosofia ambiental, encontra-se em crescimento no Brasil, assim o presente trabalho vem contribuir também como acervo para esta área. Pesquisas posteriores são sugeridas, à proporção que se espera o envolvimento e engajamento principalmente do meio pedagógico. Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável. Filosofia. Comunicação e Meio ambiente. ABSTRACT: Currently, it is increasingly necessary to involve a variety of ways of thinking and attitudes in the pursuit of sustainable development. The philosophy shows itself as an important tool. Its spread to involve various segments of society: teachers to students, lay the technical, children to adults, in short, the whole community. This study aims to relate the benefits of philosophy in the discussion of environmental considerations. There has been a focus on the philosopher Martin Buber, which contributes to the philosophy of dialogue between humans and nature. Thus, man must learn about their environment to learn to interpret it and sustainably use natural resources. The environmental philosophy, is growing in Brazil, so this work contributes as well as the acquis in this area. Further research is suggested, as we expected the involvement and engagement primarily through the teaching. INTRODUÇÃO A filosofia na condição de instrumento racional do ser humano tem contribuição direta na resolução de diversas problemáticas sociais, uma vez que leva o indivíduo à reflexão de si e do seu meio. As questões de ordem ambiental, aliadas a filosofia, representam importante alternativa para a busca do desenvolvimento sustentável. Assim, surge à “Filosofia Ambiental”, a qual se ocupa em promover o progresso a partir da reflexão e do bom senso. Segundo LOUREIRO (2003), a temática ambiental constitui uma das mais importantes dimensões de atenção e análise por parte dos múltiplos segmentos, grupos e classes sociais que compõem a sociedade contemporânea. De acordo com BOFF (1999), para que se possa cuidar do planeta é preciso que todos passem por uma alfabetização ecológica capaz de rever os hábitos do consumo, desenvolvendo a ética do cuidado, fazendo-se necessário o binômio senso crítico e reflexão, mecanismos estes que embasam a filosofia. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 76 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Este trabalho tem como objetivo apresentar a filosofia como ferramenta eficaz para a promoção do desenvolvimento sustentável, sobretudo na ótica do filósofo Martin Buber. MATERIAL E MÉTODOS Realizou-se revisão de literatura acerca dos fundamentos da filosofia ambiental e da vida de Martin Buber. Grande parte do acervo foi consultado na biblioteca da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus da cidade de Vitória da Conquista, Bahia. Procurou-se contextualizar este trabalho a partir de pesquisas atualizadas e observação da realidade global e local. Além disto, profissionais e estudantes de áreas diversas como ciências humanas e engenharias participam da execução deste resumo expandido. RESULTADOS E DISCUSSÃO A história da humanidade é marcada pelas dificuldades e desafios, desde o seu surgimento a cinco milhões de anos. De acordo com BARROS (2001), a sobrevivência estava intrinsecamente relacionada ao ambiente. O conhecimento ambiental era extremamente necessário para a proteção contra ataques da natureza e aproveitamento de suas riquezas. Este conhecimento foi passado de geração para geração, acrescido de novas descobertas, inspirações artísticas, míticas e religiosas, na construção de valores internos e perenes. O Ministério da Educação orienta que a temática ambiental, seja introduzida em todas as disciplinas do ensino básico, caracterizando-a como tema transversal. No entanto, a aplicação da filosofia não deve restringir-se apenas às salas de aula. A discussão de questões ambientais pode representar uma forma instigante de socialização da filosofia. Diversos filósofos e sociólogos pensaram a respeito das problemáticas ambientais, chegando-se as suas raízes e propondo soluções. Entre este grupo de pensadores, o vanguardista Martin Buber (1878 – 1965) contribui com a “Filosofia do Diálogo”, a qual afirma a necessidade de uma comunicação inteligente entre ser humano e os recursos bióticos e abióticos. Martin Buber nasceu em Jerusalém. Era filósofo, escritor e pedagogo, judeu de origem austríaca, e de inspiração sionista. Suas pesquisas se aprofundaram em estudo sobre o diálogo interpessoal e com a natureza (BUBER, 2006). FIGURA 01: Martin Buber Segundo Buber, quando uma árvore é observada, acontece o contato do ser humano com a natureza, no processo exclusivo da força utilizada, transformando o valor do isso em fator emotivo, podendo então surgir o valor da conservação. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 77 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Buber cita ainda o exemplo do homem que tem poder para domar os animais, e este, por sua vez, sabe discernir as manifestações de ternura recebida. A natureza pode ser vista pelo homem com dotes espirituais, tentado corresponder e ser correspondido. Desta forma, o filósofo propõe o diálogo como forma de desenvolver a afetividade e reciprocidade humana, e a harmonia com a natureza. CONCLUSÃO O combate às problemáticas ambientais exige o envolvimento e integração de diversas áreas do conhecimento. A filosofia representa importante ferramenta para a promoção do desenvolvimento sustentável, uma vez que estimula o ser humano a formular conjuntos de idéias e atitudes conscientes. O filósofo Martin Buber tem relevante contribuição para a filosofia ambiental, propondo um diálogo entre ser humano/natureza capaz de observar as especificidades de cada membro envolvido, pautado no bom senso. REFERÊNCIAS BARROS, M. I. M. S. A educação no contexto do desenvolvimento sustentável. In: OLIVEIRO, M. F. S.; OLIVEIRA, O. J. R. De olho na mata: fotografia, educação ambiental e sustentabilidade. Vitória da Conquista: Brasil, 2001. p. 89-101. BOFF, L. Ecologia grito da terra grito dos povos. SP: Ática, 1999. p. 51. BUBER, M. EU e TU, Introdução e tradução de Neuton Aquiles Von Zuben. 10ª ed. Centauro: São Paulo, 2006. p. 45-53. LOUREIRO, C. F. B. O movimento ambentalista e o pensamento crítico: uma abordagem política. Rio de Janeiro: Quartel Editora & e Comunicação Ltda, 2003. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 78 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. ESTOQUE DE SERRAPILHEIRA COMO BIOINDICADOR EM MATA DE CIPÓ E PLANTIO DE EUCALIPTOS. Alcides Pereira Santos Neto¹, Heloísa Cintra Pinto¹, Ana Carolina Dantas Moreira¹, Marayana Prado Pinheiro² ¹ Discente do Curso de Engenharia Florestal, Laboratório de Ecologia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Estrada do Bem Querer, km 04, Vitória da Conquista – BA. ²Bióloga, especialista em Biologia de Florestas Tropicais e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. RESUMO: A serrapilheira é um componente florestal imprescindível no equilíbrio de qualquer bioma. Ela constitui-se de matéria orgânica de origem vegetal e animal que é depositada sobre o solo, sob diferentes estágios de decomposição, representando assim, uma forma de entrada e posterior incremento da matéria orgânica do solo.Por meio de coletas aleatórias, percebeu-se que a floresta nativa apresenta maior estoque e diversidade de frações de serrapilheira. A fração cascas e ramos é a principal constituinte da serrapilheira de mata de cipó, enquanto as folhas prevalecem no plantio de eucalipto. A presença de subosque no eucaliptal parece melhorar as condições de estocagem de serrapilheira, surgindo como relevante componente neste sistema. Assim, nota-se que a diversidade de espécies melhora as condições da floresta. Palavras-chave: Serrapilheira. Indicador Biológico. Mata de cipó. Eucalipto. ABSTRACT: The litter is an essential component of forestry in the balance of any biome. It is made up of organic matter of plant and animal that is on the soil under different stages of decomposition, thus representing a form of entry and subsequent increase in organic matter solo.Por means of random samples, we noticed that the native forest is more stock and variety of litter fractions. The fraction of bark and branches is the main constituent of litter of forest vines, while the leaves prevail in eucalyptus. The presence of the plantation understory seems to improve the conditions of storage of litter, emerging as important component in this system. Thus, it is noted that the species diversity improves the conditions of the fores INTRODUÇÃO A serrapilheira é formada por folhas, caules, ramos, frutos, flores e outras partes da planta, bem como restos de animais e material fecal. Uma vez depositada sobre o solo ela é submetida a um processo de decomposição com a liberação eventual dos elementos minerais que compõem os tecidos orgânicos (GOLLEY, 1975). Os principais mecanismos responsáveis pela transferência de nutrientes da biomassa de espécies arbóreas para o solo são a lavagem da vegetação pela chuva, que extrai substâncias minerais e orgânicas das estruturas da parte aérea, e a decomposição da biomassa morta, que inclui a serrapilheira, troncos e galhos caídos e raízes mortas (SANCHEZ, 1976; GONZALEZ & GALLARDO, 1986). Desta forma, a quantidade e diversidade da composição de serrapilheira em um determinado sistema é indicativo biológico, merecendo estudo apurado. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 79 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Bioindicadores são empregados para monitorar alterações ambientais (KLUMPP, 2001) e, por serem capazes de determinar o grau de degradação ou recuperação de um ecossistema, podem ser utilizados na comparação de diferentes sistemas de revegetação. Assim, esta pesquisa tem como objetivo realizar avaliação e inferências do estoque e composição de serrapilheira em Floresta Estacional Latifoliada Caducifólia não-Espinhosa (Mata de Cipó) e plantio de eucalipto, na cidade de Vitória da Conquista. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido durante os meses de abril a julho de 2009, em um fragmento de Floresta Estacional Latifoliada Caducifólia não-Espinhosa (Mata de Cipó), no município de Vitória da Conquista (40° 48’W; 14° 53), Sudoeste da Bahia, cuja altitude média é de 915m e plantio de Eucalyptus spp, cujo espaçamento é de 3m x 3m. Primeiramente, demarcou-se em cada sistema uma área de 50m x 100m (5.000m²). Para a amostragem da serrapilheira lançou-se, aleatoriamente 10 bambolês com área se 0,328 m² cada, coletando o material ali contido. Através de cálculos, estimou-se a quantidade de serrapilheira por hectare em cada sistema, e também a porcentagem da composição de folhas, ramos e cascas, material reprodutivo (frutos, sementes e flores) e restos (solos, excrementos de animais e resíduos) contida neste total, realizando-se a triagem destes materiais. O material coletado em cada sistema foi misturado e levado para estufa de ventilação forçada de ar a 65°C até atingir massa constante. Submeteu-se os dados obtidos a análise de normalidade (Lilliefors, 5%) e de homogeneidade de variância do erro (Cochran, 5%). RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve diferenças entre a quantidade de serrapilheira estocada nos dois sistemas estudados, sobretudo na proporção de cada uma das frações. No sistema florestal nativo há maior estoque de serrapilehira, além frações mais eqüitativas em relação a uma floresta com predominância de espécies exóticas e ou/ homogêneos. Para Vital et al. (2004), é mediante a produção de serapilheira que ocorre parte do processo de retorno de matéria orgânica e de nutrientes para o solo florestal, sendo ela considerada o meio mais importante de transferência de elementos essenciais da vegetação (nutrientes) para o solo. Assim, a mata de cipó sugere um ambiente com maior equilíbrio ecológico. A floresta nativa apresentou um total de 4,75 t/ha de serrapilheira, enquanto a sistema exótico 3,56 t/ha. O total obtido na mata de cipó é representado principalmente pela fração ramos e cascas (48,4%), seguido pela fração folha (36,2%), material reprodutivo (9,3%) e restos (6,1%). Ao analisar o estoque de serrapilheira em Mata Atlântica, GAMARODRIGUES et al. (1997) encontraram valores próximos (total de 5,3 /ha), e com proporções de frações semelhantes. Das 3,56 t/ha estocadas de serrapilheira no plantio de eucalipto, 45,8% é constituído da fração folha, enquanto 36,3% é representada por ramos e cascas, seguida por 14,3% de material reprodutivo (flor, fruto, casca) e 3,6% de restos. GAMA-RODRIGUES (1997), ao analisar plantio de eucaliptos, encontrou /um estoque médio de 2,5 t/ha. A diferença pode ser explicada pelo fato de que o plantio estudado neste trabalho apresenta subosque bastante desenvolvido, contribuindo assim para uma maior deposição e acúmulo do material. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 80 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. O conhecimento da estrutura de tais comunidades pode ser utilizado como um indicador do funcionamento do subsistema do solo, fornecendo informações sobre o grau de degradação ou recuperação de uma área (LAVELLE & KOHLMANN, 1984). CONCLUSÃO A floresta nativa apresenta maior estoque e diversidade de frações de serrapilheira, o que indica um ambiente mais equilibrado ecologicamente em relação ao sistema exótico. A fração cascas e ramos é a principal constituinte da serrapilheira de mata de cipó, enquanto as folhas prevalecem no plantio de eucalipto. REFERÊNCIAS CARAMORI, P. H.; ANDROCIOLO FILHO, A.; BAGGIO, A. J. Arborização do cafezal com Grevílea robusta no norte do estado do Paraná. Arquivos de Biologia e Tecnologia., v.38, p.1031-1037, 1995. R. Árvore, Viçosa-MG, v.31, n.5, p.812, 2007. GAMA-RODRIGUES, A. C. da. Ciclagem de nutrientes por espécies florestais em povoamentos puros e mistos, em solo de Mabuleiro da Bahia, Brasil. Viçosa, UFV, 1997, 107p. (Tese de Doutorado). GOLLEY, F.B. Ciclagem de minerais em um ecossistema de floresta tropical úmida; tradução de Eurípides Malavolta. São Paulo: EPU. Ed. da Universidade de São Paulo, 1975. 256p. KLUMPP, A. Utilização de bioindicadores de poluição em condições temperadas e tropicais. In: MAIA, N. B.; MARTOS, H. L.; BARRELLA, W. (Eds.). Indicadores ambientais: conceitos e aplicações. São Paulo: EDUC/COMPED/INEP, 2001. p.77-94. LAVELLE, P. & KOHLMANN, B. Étude quantitative de la macrofaune du sol dans une forêt tropicale humide du Mexique (Bonampak, Chiapas). Pedobiologia, Jena, p.377 1984. VITAL, A. R. T. et al. Produção de serrapilheira e ciclagem de nutrientes de uma floresta estacional semidecidual em zona ripária. Revista Árvore, v.28, n.6, p.793, 2004. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 81 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. ESTUDO DE SERRAPILHEIRA EM DOIS FRAGMENTOS DE CAATINGA COM DIFERENTES GRAUS DE DEGRADAÇÃO NO MUNICÍPIO DE SEABRA, BA LAIS RIBEIRO LIMA LACERDA*, ÉLEN VILARONGA DE JESUS *, ALCIDES PEREIRA SANTOS NETO*, AGUIBERTO RANULFO AMARAL* * Discente do Curso de Engenharia Florestal, Laboratório de Ecologia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, Estrada do Bem Querer, km 04, Vitória da Conquista – BA. RESUMO: A serrapilheira é formada por folhas, caules, ramos, frutos, flores e outras partes da planta, bem como restos de animais e material fecal. Uma vez depositada sobre o solo ela é submetida a um processo de decomposição com a liberação eventual dos elementos minerais que compõem os tecidos orgânicos. A Caatinga representa área de atenção no que diz respeito a sua degradação, o que ressalta a necessidade de estudos neste relevante bioma. O estudo da serrapilheira do bioma agrega valor às ciências florestais e possibilita várias inferências. Percebeu-se que a área mais degradada apresenta menor estoque de serrapilheira. Assim, a quantidade do material parece ser proporcional ao nível de conservação e equilíbrio da área florestal. Palavras-chave: Serrapilheira. Caatinga. Antropização. ABSTRACT: The litter consists of leaves, stems, branches, fruit, flowers and other plant and animal remains and fecal material. Once deposited on the soil it undergoes a decomposition process with the eventual release of mineral elements that make up tissues. The Caatinga is the area of focus in regard to their degradation, which emphasizes the need for relevant studies in this biome. The study of the biome litter adds value to forest science and allows several inferences. It was noticed that the area has less deteriorating stock of litter. Thus, the amount of material appears to be proportional to the level of conservation and balance of the forest area. INTRODUÇÃO A caatinga constitui-se na cobertura vegetal típica do semi-árido nordestino. É uma mistura de ervas, arbustos e árvores de pequeno porte, de folhas caducas e pequenas, tortuosas, espinhentas e de elevada resistência às secas. Nas caatingas também são encontradas algumas espécies arbóreas e arbustivas de folhas perenes (Mendes, 1992). A serrapilheira é um componente florestal imprescindível no equilíbrio de qualquer bioma. Os principais mecanismos responsáveis pela transferência de nutrientes da biomassa de espécies arbóreas para o solo são a lavagem da vegetação pela chuva, que extrai substâncias minerais e orgânicas das estruturas da parte aérea, e a decomposição da biomassa morta, que inclui a serrapilheira, troncos e galhos caídos e raízes mortas (SANCHEZ, 1976; GONZALEZ & GALLARDO, 1986). O estudo qualitativo e quantitativo da serrapilheira é importante para a compreensão do funcionamento dos ecossistemas florestais. De acordo com CÉSAR (1991) a qualidade I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 82 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. do sítio florestal é a soma total de todos os fatores que afetam a capacidade produtiva do local, incluindo os fatores climáticos, edáficos e biológicos. A ciclagem de nutrientes em florestas pode ser analisada através da compartimentalização da biomassa acumulada nos diferentes estratos e a quantificação das taxas de nutrientes que se movimentam entre seus compartimentos, através da produção de serrapilheira, sua decomposição, lixiviação e outros. Esta pesquisa tem como objetivo realizar avaliações e inferências do estoque e frações de serrapilheira em duas áreas com diferentes níveis de degradação da Mata de Caatinga. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi conduzido durante os meses junho e julho de 2009, em dois fragmentos de mata de caatinga, no município de Seabra, Centroeste da Bahia. A primeira área é pouco antropizada, possuindo uma maior diversidade e densidade florestal em relação à segunda área, notória a degradação. Primeiramente, demarcou-se uma área de 50m x 50m (2.500 m²) dentro de cada um dos sistemas. Para a amostragem da serrapilheira lançou-se aleatoriamente 5 bambolês com área se 0,328 m² cada. Através de cálculos, estimou-se a quantidade de serrapilheira por hectare em cada sistema, e também a porcentagem da composição de folhas, ramos e cascas, material reprodutivo (frutos, sementes e flores) e restos (solos, excrementos de animais e resíduos) contida neste total, realizando-se a triagem destes materiais. O material coletado em cada sistema foi misturado e levado para estufa de ventilação forçada de ar a 65°C até atingir massa constante. Submeteu-se os dados obtidos a análise de normalidade (Lilliefors, 5%) e de homogeneidade de variância do erro (Cochran, 5%). Quando necessário, os dados foram transformados em Ln. Por fim, realizaram-se comparações e inferências com os resultados obtidos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O estado de equilíbrio de um determinado sistema é atingido quando as taxas de adição e de perdas se equivalem (ADDISCOT, 1992). Houve diferenças entre a quantidade de serrapilheira estocada nas duas áreas. No sistema florestal com menor degradação há maior estoque de serrapilehira, além frações mais equivalentes em relação a uma floresta com níveis mais altos de degradação. De acordo com Vital et al. (2004), é mediante a produção de serapilheira que ocorre parte do processo de retorno de matéria orgânica e de nutrientes para o solo florestal, sendo ela considerada o meio mais importante de transferência de elementos essenciais da vegetação (nutrientes) para o solo. A área com menor nível de antropização apresentou um total de 3,78 t/ha de serrapilheira estocada, enquanto a floresta mais antropizada totalizou 1,55 t/ha. O total obtido na primeira área é represento principalmente pela fração ramos e cascas (43,6%), seguido pela fração folha (22,8%), material reprodutivo (18,2%) e restos (15,4%). Ao analisar o estoque de serrapilheira na área mais antropizada, chega-se a 42,5% de folhas, 29,8% de cascas e ramos, 23, 3% de restos (incluindo excrementos e material não identificado) e 4,4% de materiais reprodutivos. A menor quantidade se serrapilheira encontrada na área mais antropizada é decorrente, sobretudo, da baixa densidade vegetal. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 83 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Outro destaque consiste no fato de que a porcentagem da fração restos é considerável, o que é justificado pela presença de animais na área, como caprinos e bovinos. O conhecimento da estrutura de tais comunidades pode ser utilizado como um indicador do funcionamento do subsistema do solo, fornecendo informações sobre o grau de degradação ou recuperação de uma área (LAVELLE & KOHLMANN, 1984). CONCLUSÃO A área de caatinga mais antropizada apresenta menor estoque de serrapilheira e é representada principalmente pela fração folha, possuindo também considerável nível de excrementos. Por sua vez, a área menos antropizada possui mais serrapilheira acumulada, sendo os ramos e galhos seus principais representantes. Desta forma, a quantidade de serrapilheira parece ser proporcional ao nível de conservação e equilíbrio da área florestal. REFERÊNCIAS GAMA-RODRIGUES, A. C. da. Ciclagem de nutrientes por espécies florestais em povoamentos puros e mistos, em solo de Mabuleiro da Bahia, Brasil. Viçosa, UFV, 1997, 107p. (Tese de Doutorado). GOLLEY, F.B. Ciclagem de minerais em um ecossistema de floresta tropical úmida; tradução de Eurípides Malavolta. São Paulo: EPU. Ed. da Universidade de São Paulo, 1975. 256p. LAVELLE, P. & KOHLMANN, B. Étude quantitative de la macrofaune du sol dans une forêt tropicale humide du Mexique (Bonampak, Chiapas). Pedobiologia, Jena, p.377, 1984. MENDES, B. V. O semi-árido brasileiro. Revista do Instituto Florestal, v. 4, n. único, edição especial, 1992, p.394. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 84 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. FRAÇÕES OXIDÁVEIS DO CARBONO ORGÂNICO DE UM PLANOSSOLO SOBRE DOIS MANEJOS FLORESTAIS Giovanni Correia Vieira1, Alcides Pereira Neto1, Marcos Gervasio Pereira², Arcângelo Loss². 1 UESB, Vitória da Conquista – BA ²UFRRJ, Departamento de Solos, Seropédica – RJ e-mail: [email protected]; [email protected] RESUMO: O fracionamento do carbono orgânico total (COT) do solo pode contribuir no entendimento da dinâmica da matéria orgânica em áreas sob manejos florestais distintos. O objetivo desse trabalho foi avaliar o grau de oxidação do carbono orgânico de um planossolo háplico sobre dois manejos florestais no município de Seropédica- RJ. Uma área reflorestada com Floresta Ombrófila Densa, em estádio secundário, e outra área com Eucalyptus urophylla. O clima segundo Köppen, é tropical chuvoso (As) com estação seca no inverno. Possui temperatura e precipitação média dos últimos dez anos, respectivamente, 25 °C e 1.279,91 mm (Estação Meteorológica da PESAGRO Seropédica- RJ). A área reflorestada com Eucalyptus urophylla apresentou maior teor de carbono orgânico que a Floresta Ombrófila Densa, em estádio secundário. Palavras chave: matéria orgânica; carbono orgânico; fertilidade do solo. INTRODUÇÃO A matéria orgânica é de fundamental importância na manutenção e equilíbrio dos processos químicos, físicos e biológicos nos solos. Ela contribui para a biodiversidade dos organismos no solo, atuando como reservatório de nutrientes e criando um ambiente mais favorável a vida. Melhora a estrutura aumentando a taxa de infiltração e formação dos agregados, reduzindo a compactação e erosão. Os agregados resultam do rearranjo das partículas, floculação e cimentação. Esses processos são mediados pelo C orgânico do solo, biota, ponte iônica, argila e carbonatos, sendo o C agente de ligação e núcleo na formação dos agregados (Bronick & Lal, 2005). Segundo Roscoe & Machado (2002), desequilíbrios na sua quantidade, qualidade e taxas de decomposição podem provocar degradação. Com o objetivo de avaliar diferentes frações de oxidação do carbono do solo, Chan et al. (2001) modificou o método clássico de determinação do C desenvolvido por Walkley & Black (1934). No método clássico, o C era determinado pela utilização de uma única concentração de ácido sulfúrico (12 mol L-1) e, com a modificação proposta por Chan et al. (2001), foi possível separar quatro frações com graus decrescentes de oxidação, por meio da utilização de quantidades crescentes de ácido sulfúrico. Um entrave ao uso dessa metodologia é a dificuldade de se comparar os valores obtidos com os determinados pelos métodos descritos por Blair et al. (1995) e Shang & Tiessen (1997), pois é evidente que, com a mudança nas concentrações de ácidos e dos oxidantes, determinadas formas de carbono, antes não afetadas, serão oxidadas pela solução oxidante proposta por Chan et al. (2001). MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado no município de Seropédica- RJ em duas áreas reflorestada: uma área com Eucalyptus urophylla e outra com Floresta Ombrófila Densa secundária I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 85 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. (com idade de 80 anos, aproximadamente). O clima segundo Köppen, tropical chuvoso (As) com estação seca no inverno. Possui temperatura e precipitação média dos últimos dez anos, respectivamente, 25 °C e 1.279,91 mm (Estação Meteorológica da PESAGRO Seropédica- RJ). Possui Planossolo Háplico distrófico (Embrapa, 2006). Foram coletadas em cada área três amostras compostas de dez simples, nas profundidades de 0 – 0,05 e 0,05 – 0,10m. Foram quantificados os teores de carbono orgânico total (COT) do solo segundo (Yeomans & Bremner, 1988) e realizado o fracionamento do carbono por graus de oxidação (Chan et al., 2001; Freitas et al., 2004). Amostras de 0,5 g de solo foram acondicionadas em erlenmeyer de 250 mL, onde adicionaram-se 10 mL K2Cr2O7,0,167 mol L-1 e quantidades de H2SO4, correspondentes às concentrações de 3, 6, 9 e 12 mol L-1. A oxidação foi realizada sem fonte externa de calor e a titulação dos extratos foi feita com uma solução de Fe(NH4)2(SO4)2.6H2O 0,5 mol L-1, utilizando-se como indicador a fenantrolina. O fracionamento do carbono produziu quatro frações, com graus decrescentes de oxidação: -Fração 1(F1): C oxidado por K2Cr2O7 em meio ácido de 3 mol L-1 de H2SO4; -Fração 2 (F2): diferença do C oxidado por K2Cr2O7 em meio ácido com 6 e 3 mol L-1 de H2SO4; -Fração 3 (F3): diferença do C oxidado por K2Cr2O7 em meio ácido com 9 e 6 mol L-1 de H2SO4; -Fração 4 (F4): diferença do C oxidado por K2Cr2O7 em meio ácido com 12 e 9 mol L-1 de H2SO4. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, sendo realizadas análises estatísticas entre as áreas, com 6 repetições. Os dados obtidos foram submetidos ao teste de Lilliefors (normalidade dos dados) e testes de Cochran e Bartlett (homogeneidade de variâncias). RESULTADOS E DISCUSSÃO A área com Eucalyptus urophylla apresentou maior teor de carbono orgânico total nas duas profundidades estudadas quando comparada com F. Ombrófila Densa secundária. Esse comportamento pode ser em função da maior quantidade de serrapilheira nesse sistema, gerado pelo desenvolvimento acelerado dessa espécie. Outra hipótese é que essa área foi mais degradada, o que levou a uma perda maior da fertilidade, com isso perdeu a diversidade dos microorganismos que realiza a decomposição dos compostos orgânicos. Entretanto, a área com F. Ombrófila Densa secundária, tende a possuir compostos orgânicos de maior qualidade devido à maior biodiversidade e equilíbrio do sistema. A fração F1(lábil) é a que representa a maior parte do COT nas duas profundidades estudadas, principalmente na profundidade de 0-5 cm. Geralmente as florestas possuem esse comportamento, devido à grande quantidade de resíduos vegetais resultantes da cobertura da floresta. Segundo Blair et al. (1995); Chan et al. (2001), áreas onde possui boa quantidade matéria orgânica vindo de resíduos vegetais possui esse comportamento. A F. Ombrófila Densa secundaria apresentou um maior valor para as frações F2 e F3, na profundidade de 0,05 – 0,10m. Segundo Stevenson (1994), isso pode ocorrer devido ao acúmulo de compostos orgânicos mais estáveis e de peso molecular alto, gerados pela decomposição e humificação da matéria orgânica. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 86 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Frações oxidáveis de carbono (g kg-1) Áreas avaliadas 0 - 0,05m Eucalyptus urophylla F1 14,38(61%) F2 3,50(15%) F3 4,80(20%) F4 COT 1,00(4%) 23,68 F. Ombrófila Densa secundaria 10,34(62%) 2,5(15%) 2,9(18%) 0,9(5%) 16,64 0,05 - 0,10m Eucalyptus urophylla 3,50(27%) 2,30(18%) 4,00(31%) 3,00(24%) 12,80 F. Ombrófila Densa secundaria 1,50(18%) 2,60(30%) 2,90(34%) 1,50(18%) 8,50 CONCLUSÕES - A área com Eucalyptus urophylla apresentou maior carbono orgânico que a área de F. Ombrófila Densa secundária; - A fração F1 apresentou maior teor de carbono orgânico total; - A camada de 0 - 0,05m apresentou maior carbono orgânico total que a de 0,05 – 0,10m; - A fração F2 e F3, na camada 0,05 – 0,10m da F. Ombrófila Densa secundária apresentou maior valor que a fração F1. REFERÊNCIAS BLAIR, G. J.; LEFROY, R. D. B.; LISLE, L. Soil carbon fractions based on their degree of oxidation, and the development of a carbon management index for agricultural systems. Australian Journal of Agricultural Research, 46: 1459-1466, 1995. BRONICK, C.J. & LAL, R. Soil structure and management: A review. Geoderma, 124:322, 2005. CHAN, K. Y.; BOWMAN, A.; OATES, A. Oxidizidable organic carbon fractions and soil quality changes in an oxic paleustalf under different pasture ley. Soil Science, 166: 61-67, 2001. EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2ª Edição. Rio de Janeiro, Embrapa Solos, 2006. 306p. FREITAS, A. G.; MATOS, E. S.; MENDONÇA, E. S. Matéria orgânica e estabilidade de agregados em diferentes sistemas de adubação. In: FERTBIO, 2004, Lages. Anais... Lages: UDESC/SBCS, 2004. CD-ROM. ROSCOE, R. & MACHADO, P. L. O. A. Fracionamento físico do solo em estudos da matéria orgânica. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 86p. 2002. SHANG, C.; TIESSEN, H. Organic matter lability in a tropical oxisol: evidence from shifting cultivation, chemical oxidation, particle size, density and magnetic fractionations. Soil Science, 162: 795-807, 1997. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 87 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. STEVENSON, F. J. Humus chemistry: genesis, composition, reactions. 2. ed. New York: J. Wiley & Sons, 1994. 496 p. WALKLEY, A.; BLACK, A. An examination of the Degtjareff method for determining soil organic matter and a proposed modification of the chromic acid titration method. Soil Science, Baltimore, v. 37, p. 29-38, 1934. YEOMANS, J.C. & BREMNER, J. M. A rapid and precise method for routine determination of organic carbon in soil. Commun. in Soil Sci. Plant Anal., 19:1467-1476, 1988 AGRADECIMENTO À Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) pela oportunidade de estágio no Departamento de Solos, na pessoa do Prof. Dr.º Marcos Gervasio Pereira. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 88 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. GERAÇÃO DE RESÍDUOS E OBTENÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA NO SETOR MADEIREIRA: O CASO DO MUNICÍPIO DE SEABRA Poliana Coqueiro Dias¹, Alcides Pereira Santos Neto², Mariana de Carvalho Aguiar Ribas², Giovanni Correia Vieira² ¹Mestranda em Ciência Florestal, UFV, Avenida Peter Henry Rolfs, s/n Campus Universitário, CEP: 36570-000, VIÇOSA – MG. ² Discente do Curso de Engenharia Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04, Vitória da Conquista – BA. RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar a relação da comercialização dos produtos madeireiros no município de Seabra – BA com potenciais de impactos gerados pela utilização de florestas nativas e a caracterizar a geração dos resíduos do processamento ou beneficiamento dos produtos com base nos aspectos legais da política ambiental do município. Assim, foram realizadas visitas nos pontos comerciais cadastrado no órgão público municipal responsável pelo licenciamento destes estabelecimentos e foram coletadas informações através de entrevistas e a partir de questionários aplicados aos proprietários e/ou responsáveis pelo local. Foram observados os aspectos relacionados à obtenção da matéria-prima e a utilização de seus resíduos, bem como, a sua destinação final além de verificar a presença ou não de práticas relacionadas a práticas ambientais no local. De acordo com os resultados, foi possível concluir que o consumo de espécies de florestas nativas agregam valor aos produtos embora não haja grandes expansões em função de fatores como a distância. Também pôde-se averiguar que os resíduos geralmente não agregam valor aos produtos. Palavras chave: Comercialização de produtos madeireiros, Impactos ambientais, Resíduo madeireiro. ABSTRACT: The purpose of this study was to evaluate the marketing of wood products in the city of Seabra - BA with potential impacts arising from the use of native forests and characterize the generation of waste processing or processing of products based on the legal aspects of policy environmental council. Thus, visits were made in commercial locations registered with local public agency responsible for licensing of such establishments, information was collected through interviews and from questionnaires to the owners and / or responsible for the site. We observed the aspects related to the acquisition of raw materials and the use of waste materials, as well as their final destination in addition to verifying the presence or absence of practices related to environmental practices on site. According to the results, we concluded that the consumption of species of native forests add value to products but there are no major expansions in terms of factors such as distance. It was possible to verify that the waste does not generally add value to products. INTRODUÇÃO Os aspectos legais para comercialização e industrialização dos produtos madeireiros devem seguir padrões de conformidade ambiental que são estipulados principalmente quando na fase de seu licenciamento. As legislações locais, também são parâmetros para execução plena dessas atividades, uma vez que os resíduos gerados, quando não são bem destinados, potencialmente são causadores de impactos ambientais locais ou regionais (MARTINE et al., 1993). Em muitas empresas de base florestal, os resíduos dos processos produtivos, I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 89 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. principalmente de serrarias, por serem materiais sólidos e que não sofreram severos tratamentos químicos capazes de causar impacto ambiental no ecossistema, tem a possibilidade de serem aproveitados com sucesso, tanto na devolução de parte dos nutrientes retirados do povoamento por ocasião da colheita, como no reaproveitamento do material na criação de novos produtos (FRUMHOLF, 1995). Percebendo a necessidade de obter o padrão de consumo e origem da matéria-prima e a destinação dos resíduos gerados pelos estabelecimentos que atuam na comercialização de produtos madeireiros no município de Seabra – BA, este trabalho teve como objetivo, discutir sobre o potencial do impacto gerado nas florestas de origem da matéria-prima e a destinação dos resíduos no processamento ou beneficiamento dos produtos e relacioná-los com os aspectos legais da política ambiental do município. MATERIAL E MÉTODOS As informações referentes à obtenção da matéria-prima e geração de resíduos na comercialização de produtos madeireiros foram levantadas na cidade de Seabra – BA localizada no centro do estado da Bahia e às margens de importante rodovia federal (BR242), a cidade de Seabra consolidou-se como o mais importante centro regional da Chapada Diamantina, tornando-se sede das representações locais dos órgãos governamentais. O município conta também com a maioria dos estabelecimentos prestadores de serviços, industriais, comerciais e financeiros. O presente estudo foi realizado em 6 empresas regularizadas e cadastradas na atividade que envolve a comercialização de produtos madeireiros seja na transformação primária, secundária ou no beneficiamento e produção de peças para diferentes finalidades. Os dados foram obtidos por meio de entrevista e preenchimento de um questionário sistemático, o qual possuía um conjunto de dados referentes aos processos e procedimentos adotados pela empresa, bem como, a sua movimentação visando à comercialização dos produtos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação ao tipo de matéria-prima, verificou-se que 90% são provenientes de florestas nativas, sendo que 85% vêm do estado do Pará e 15% da Bahia. Considerando a aquisição anual de 975m3 de madeira e considerando-se ainda os dados de exploração nos estados de origem, poderia-se inferir sobre a participação de Seabra no processo de exploração florestal. Entretanto, a ausência ou dados não oficiais poderia incidir em suposições errôneas. Porém, é possível verificar que pelo valor médio apresentado, o município possui uma participação não muito significativa e esse parâmetro está associado, especialmente à distância da origem que onera os custos com transporte e a regularização com documentos para justificar sua procedência. Outro fator averiguado foi a ausência do interesse comercial pelas espécies de floresta plantada, que tem ainda uma pequena participação, cerca de 10%. Comparando com outros municípios de outras regiões, pode-se considerar um valor extremamente baixo, visto as possibilidades e qualidade do material dessas espécies. Os principais órgãos ambientais que realizam a fiscalização anual são: IBAMA, Secretaria Estadual de Meio Ambiente SEMA e o setor responsável da Prefeitura Municipal. O papel destes órgãos de acordo com os proprietários está pautado em processos de licenciamento e fiscalização do cumprimento de condicionantes, além de observar o consumo de madeira proveniente das origens já citadas para fins de controle do desmatamento ilegal. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 90 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Na cidade de Seabra ainda não existe uma legislação ambiental municipal em vigor, assim a produção e destinação de resíduos sólidos de empreendimentos é responsabilidade do proprietário, o que implica em destinos variáveis para os resíduos, sendo comumente praticado no município o abandono em lixões, reuso e reciclagem dos mesmos. Quanto à geração de resíduos foi possível observar que o destino deste subproduto dos processos de beneficiamento da madeira nos estabelecimentos é voltado para o descarte em lixões em 50% das empresas consultadas, são vendidos para abastecer fornos da região por 33,33% dos locais entrevistados e doados para produtores rurais por 16,66% dos entrevistados. Assim, parte significativa dos resíduos é vendida para outros setores comerciais para utilização do material em fornos e ainda há locais que descartam totalmente o material como rejeito. Associado a este aspecto, embora o cumprimento de condicionantes seja um fator determinante para funcionamento da atividade, não foi verificado a adoção de plano de gerenciamento de resíduos sólidos, bem como, a adoção de critérios que considerem fatores ambientais no processo de produção. De acordo com os dados coletados 428 Kg de resíduos são gerados mensalmente pelo setor madeireiro de Seabra. Destes 300kg (70%) são aproveitados e 128 Kg (30%) são descartados em lixões. Pode-se perceber que os estabelecimentos que geram maior quantidade de resíduos realizam o aproveitamento, principalmente para abastecer fornos locais, enquanto os menores produtores descartam os resíduos em lixões. CONCLUSÕES A utilização de espécies de florestas nativas influencia na baixa expansão do comércio madeireiro em função da distância de origem, o que teoricamente, gera uma participação relativamente menor na atividade de sua exploração. Os resíduos gerados dos processos não incrementam a produção e, em sua maioria, é repassado para outros setores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FRUMHOLF, P. C. Conserving wildlife in tropical forests managed for timber. Bioscience, 1995, n.45, p.456-464 MARTINI, A., ROSA, N., UHL, C. Espécies Madeireiras: Primeira Tentativa de Avaliar a Resistência aos Impactos da Exploração.Ciência Hoje, 1993, n.16, p.11-13. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 91 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. GESTÃO AMBIENTAL E UNIVERSIDADE: O CASO DOS CURSOS PROMOVIDOS PELO PROJETO RECICLUESB, DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA Andrêssa Mota Rios Barreto², Alcides Pereira Santos Neto², Anne Mota Vinhas², Laís Caetano de Oliveira². ²Estudantes do curso de Engenharia Florestal, UESB. [email protected], [email protected], [email protected] e [email protected] RESUMO:Este trabalho relata as contribuições sócio-ambientais do projeto de extensão Gestão Ambiental e Cidadania, focalizando os cursos realizados nos anos de 2008 e 2009 na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e ministrados pelos professores desta instituição. Em termos de quantidade de participantes, totalizaram-se 125, sendo 30 no curso intitulado Percepção Ambiental, 50 em Legislação Ambiental, 30 em Identificação Macroscópica de Madeiras e 15 em Programas Computacionais Voltados ao Meio Ambiente. As ações demonstram a relevância do Projeto na região, o qual desempenha papel na formação de indivíduos conscientes. Palavras-chave: Geração de resíduos. Coleta Seletiva. Consumo sustentável. ABSTRACT: This paper describes the social and environmental contributions of the extension project Environmental Management and citizenship, focusing on the courses taken in the years 2008 and 2009 at the University of Southwest Bahia and taught by teachers of this institution. In terms of number of participants amounted to 125, with 30 in the course entitled Environmental Perception, 50 in Environmental Law, 30 in Macroscopic Identification of Wood and 15 Computer Oriented Programs in the Environment. The actions demonstrate the relevance of the project in the region, which plays a role in the formation of conscious individuals. INTRODUÇÃO O projeto Gestão Ambiental e Cidadania (RECICLUESB) é uma atividade extensionista de caráter contínuo, cujo enfoque é dado à temática meio ambiente e desenvolvimento sustentável, com atuação no município de Vitória da Conquista, junto à comunidade acadêmica da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, professores e alunos da rede pública de ensino, representantes de entidades, associações de bairros, e demais interessados. Nesta perspectiva, acontece a geração de multiplicadores sensibilizados, conscientes e atuantes, principalmente, no que diz respeito ao descarte adequado do lixo e o estímulo para a não geração e a minimização de resíduos. A extensão universitária é uma ferramenta de grande importância, como política pública, para ser usada como inserção social, aproximando a academia das comunidades que a envolve. Das diversas ações promovidas pelo Projeto, destaca-se a realização de cursos com temáticas ambientais voltados à comunidade como um todo, aproximando muitos segmentos sociais da Universidade. O presente trabalho destaca quatro destes cursos: Percepção Ambiental, Legislação Ambiental, Identificação Macroscópicos de Madeiras e Programas Computacionais Voltados ao Meio Ambiente. Assim, este trabalho objetiva relatar as contribuições sócio-ambientais do projeto de extensão Gestão Ambiental e Cidadania, focalizando os cursos de capacitação promovidos junto à sociedade em geral. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 92 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. MATERIAL E MÉTODOS Os cursos, realizados nos anos de 2008 e 2009, foram promovidos pelo projeto de extensão denominado Gestão Ambiental e Cidadania (RECICLUESB), pertencente a PróReitoria de Extensão e Assuntos Comunitários – Proex da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), localizada na Estrada do Bem Querer, Km 4, município de Vitória da Conquista Bahia. Estudantes de graduação em Engenharia Florestal e Ciências Biológicas, além de funcionários e docentes da Universidade, envolveram-se na organização de cada curso. Os quatro cursos oferecidos possuíam carga-horária variando entre quatro e 8 horas, sendo ministrado por docentes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Tendo como público alvo a sociedade em geral, os cursos e respectivos ministrantes, datas, local e público alvo são os seguintes: A. Percepção Ambiental – Professor Doutor em Ecologia e Recursos Naturais Alessandro de Paula, realizado em agosto de 2008, no Centro de Extensão da UESB. B. Legislação Ambiental – Professora Mestre em Ciências Florestais, Daíse Cardoso Bernardino, realizado em novembro de 2008, no Centro de Extensão da UESB. C. Identificação Macroscópica de Madeira – Professor Mestra em Ciências Florestais e Ambientais, Gilmar Correia Silva, realizado em abril de 2009, no Laboratório de Ecologia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. D. Programas Computacionais Voltados ao Meio Ambiente – Professor Doutor em Ciências Florestais Luis Carlos Freiras,, realizado em junho de 2009, no Laboratório de Geoprocessamentos da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Realizou-se a divulgação dos cursos por meio de cartazes, além da divulgação de toda a programação no site da Universidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ações direcionadas ao uso sustentável dos recursos naturais mostram relevância cada vez maior, uma vez que à medida que a humanidade aumenta sua capacidade de intervir na natureza para satisfação de necessidades e desejos crescentes, surgem tensões e conflitos quanto ao uso do espaço e dos recursos. De acordo com Loureiro (2003), a questão ambiental constitui uma das mais importantes dimensões de atenção e análise por parte dos múltiplos segmentos, grupos e classes sociais que compõem a sociedade contemporânea. Os resultados alcançados pelo Projeto, através dos cursos oferecidos, traduzem-se na formação de uma sociedade mais consciente do seu papel como protagonista na promoção do desenvolvimento sustentável. Em termos de quantidade de participantes, totalizaram-se 125, sendo 30 no curso intitulado Percepção Ambiental, 50 em Legislação Ambiental, 30 em Identificação Macroscópica de Madeiras e 15 em Programas Computacionais Voltados ao Meio Ambiente. Observou-se a grande participação de educadores da rede de Ensino Básico, sobretudo nos dois primeiros cursos. A presença de pessoas de cidades vizinhas também, chama atenção o sucesso alcançado pelos cursos. A extensão universitária é uma forma de interação existente entre a universidade e a sociedade e seus diversos setores. Funciona como uma via de duas mãos, em que a Universidade leva conhecimentos e/ou assistência à comunidade, e recebe dela influxos I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 93 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. positivos como retroalimentação tais como suas reais necessidades, seus anseios, aspirações e também aprendendo com o saber dessas comunidades. CONCLUSÃO A universidade, através da Extensão, influencia e também é influenciada pela comunidade, ou seja, possibilita uma troca de valores entre a universidade e o meio. Assim, os conhecimentos ligados à temática ambiental não se traduzem em privilégio apenas da minoria que é aprovada no vestibular, mas difundido pela comunidade, consoante os próprios interesses dessa mesma comunidade. REFERÊNCIAS LOUREIRO, C. F. B. O Movimento Ambientalista e o Pensamento Crítico: uma abordagem política. Rio de Janeiro: Quartel Editora & Comunicação Ltda, 2003. p.35. PROEXT. Programa de Extensão Universitária Trabalha Inclusão Social MEC / PROEXT, Brasília, DF. 2005 . p. 24. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 94 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. IDENTIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES ARBÓREAS DO CAMPUS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA- VITÓRIA DA CONQUISTA BAHIA Warlei Souza Campos¹, Flavia Maria Silva Brito², Theotônio Ângelo de Oliveira³, Nayane Ameral Santos4 1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- Vitória da Conquista-BA - Estudante do Curso de Engenharia Florestal - [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; ²Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Vitória da Conquista - BA RESUMO: O campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia em Vitória da Conquista situa-se em uma área de 278 ha. Sua estrutura física soma um total de 22.311 m² de salas de aulas, laboratórios, biblioteca, auditórios, módulos administrativos e acadêmicos e ginásio de esportes, além de jardins e áreas arborizadas. Estas áreas são utilizadas constantemente por estudantes em aulas práticas do curso de Engenharia Florestal. Para auxiliar a realização destas aulas, objetivou-se então realizar um inventário das árvores do campus, fazendo-se a identificação e quantificação dessas espécies. No levantamento, foram inventariadas 354 árvores, dessas, 47,4% são nativas e 48,5 exóticas e 4,1% não foram identificadas. A espécie Ficus benjamina L. popularmente conhecida como fícus, foi a que apresentou maior ocorrência, com 65 indivíduos, seguida da Caesalpinia. peltophoroides Benth. com 59 indivíduos. Essas espécies estão distribuídas em 24 famílias caracterizando uma grande diversidade no local. Palavras-chave: inventário florestal; arborização; planejamento 1. INTRODUÇÃO A vegetação, pelos vários benefícios que pode proporcionar ao meio urbano, tem um papel muito importante no restabelecimento da relação entre o homem e o meio natural, garantindo uma melhor qualidade de vida. Nas últimas décadas, foram realizados trabalhos científicos abordando a preocupação com a arborização urbana, dessa forma produzindo novos conhecimentos a respeito do comportamento das árvores nesse ambiente. Grey & Deneke (1978), definem a arborização urbana como o conjunto de árvores que se desenvolvem em áreas públicas e privadas em uma cidade, visando o bem estar sócio-ambiental, fisiológico e econômico da sociedade local. Fernandes (2002) ressalta que a vegetação urbana desempenha funções muito importantes sob vários aspectos: proporcionam bem estar psicológico ao homem, melhor efeito estético, sombra aos pedestres e veículos, direcionam o vento, amortecem o som, amenizando a poluição sonora, reduzem o impacto da água de chuva e seu escorrimento superficial, auxiliam também na diminuição da temperatura, pois, absorvem os raios solares e refrescam o ambiente pela grande quantidade de água transpirada pelas folhas, melhoram a qualidade do ar, preservam a fauna silvestre. Dessa forma faz-se necessário um bom planejamento da arborização urbana levando em consideração todas as condicionantes técnicas tais como, condições do ambiente, características das espécies, largura das calçadas e rua, fiação aérea e subterrânea, asfaltamentos, diversificação das espécies além do plantio e manejo das espécies. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 95 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Moura et al. (1997), realizou um levantamento da arborização no campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, e foram registradas 212 árvores, pertencentes a 16 famílias e 37 espécies dessas onze são leguminosas que constituíram a predominância dessa arborização. Paiva et al. (2002) conclui que no canteiro central da Universidade Federal de Lavras - MG, existem 46 espécies de árvores que foram plantadas aleatoriamente com objetivo de embelezamento e uso em aulas práticas. Com o presente trabalho objetivou-se fazer a identificação e quantificação das espécies arbóreas localizadas no campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia em Vitória da Conquista BA, para auxiliar a realização de aulas práticas. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Descrição da área de estudos Esse trabalho foi realizado no campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, localizado na Estrada do Bem-querer, Km 04 - Bairro Universitário, Vitória da Conquista, situada no sudoeste da Bahia. Localizada a 14º 50'19"S e 44º 50'19"W, a uma altitude de 921 metros, o clima é semi-árido e considerado ameno em função da altitude, a precipitação varia de 700 a 1100 mm anuais e a temperatura média anual é de 21 ºC. De acordo com a prefeitura de campi da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia o campus de Vitória da Conquista situa-se em uma área de 278 ha. Sua estrutura física soma um total de 22.311 m² de salas de aulas, laboratórios, biblioteca, auditórios, módulos administrativos e acadêmicos e ginásio de esportes. Para fins do levantamento da arborização existente a área de estudo foi subdividida em blocos de observação delimitados por módulos, esses módulos correspondem a: 1) Módulo I e II; 2) Módulo Biblioteca; 3) Módulo Luizão; 4) Módulo laboratórios. 2.2. Levantamento de dados Realizou-se um inventário florestal 100%. Foram avaliadas todas as árvores com DAP acima de 10 cm e as árvores bifurcadas com essa mesma medida logo abaixo da primeira bifurcação (caso não atinja 1,30 m) que estavam situadas ao longo dos passeios ou em canteiros centrais dos referidos módulos. Nesse levantamento foram coletados dados morfológicos das espécies tais como; aspecto geral (hábito), tronco, raízes, ramificações, folhas, flores, frutos, sementes. As espécies foram fotografadas e as que por ventura não foram identificadas no local conforme Tabela 1 foram coletadas exsicatas e estas levadas ao herbário deste campus para posterior identificação. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO No inventário, foram avaliadas 354 árvores, dessas, 47,4% são nativas e 48,5 exóticas e 4.1% não identificadas. A espécie, Ficus benjamina popularmente conhecida como fícus, foi a que apresentou maior ocorrência, com 65 indivíduos, seguida da Caesalpinia. peltophoroides com 59 indivíduos. Na Tabela 1 são apresentados os nomes comuns, científico, família, origem e o número de indivíduos de cada espécie arbórea localizada nos módulos do campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em Vitória da Conquista - BA. TABELA 1- Espécies arbóreas presentes no campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Vitória da Conquista. BA I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 96 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Nome comum Nome científico Familia Origem Ficus Ficus Benjamina Moraceae Exótica Nº de indivíduos 65 Sibipiruna Caesalpinia. peltophoroides Caesalpinaceae Brasil 59 Casuarina Casuarina equisetifolia Casuarinaceae Exótica 23 Palmeira Imperial Roystonia regia Palmae Exótica 21 Madeira nova Pterogyne nitens Caesalpinaceae Brasil 20 Oiti Licani tomentosa Rosaceae Brasil 16 Pata de vaca Bauhinia forficata Caesalpinaceae Brasil 11 Sombreiro Clitoria fairchildiana Fabaceae Brasil 10 Ipê-amarelo Tabebuia serratifolia Bignoniaceae Brasil 9 Flamboyant Delonix regia Fabaceae Exótica 8 Ipê-roxo Tabebuia impetiginosa Bignoniaceae Brasil 8 Boguevilhe Bougainvillea sp. Nyctaginaceae Brasil 8 Palmerinha Dypsis lutescens Arecaceae Exótica 8 Murta Murraya paniculata Rutacea Exótica 6 Jacarandá mimoso Jacaranda mimosifolia Bignoniaceae Exótica 5 Pau-Ferro Caesalpinia ferrea Caesalpinioideae Brasil 5 Bisnagueira Spathodea campanulata Bignoneaceae Exótica 5 Sete cascas Astronium fraxinifolium Anacardiaceae Brasil 4 Cassia Cassia grandis Fabacea Brasil 4 Manga Mangifera indica Anacardiaceae Exótica 3 Pau-brasil Caesalpinia echinata Fabaceae Brasil 3 Quaresmeira Tibouchina granulosa Melastomataceae Brasil 3 Castanheiro Terminalia catappa Combretaceae Exótica 3 Macadâmia Macadamea integrifolia Proteaceae Exótica 3 Monguba Pachira aquatica Bombacaceae Exótica 3 Cedro Australiano Toona ciliata Miliaceae Exótica 3 Salgueiro colunar Salix nigra Salicaceae Exótica 3 Tento -carolina Adenanthera pavolina Fabaceae Exótica 3 Jacarandá da baía Dalbergia nigra Fabaceae Brasil 2 Tamarindo Tamarindus indica Fabaceae Exótica 2 Nespera Eriobotrya japônica Rosaceae Exótica 2 Algaroba Prosopis juliflora Mimosaceae Brasil 2 Acácia Acacia mangium Mimosaceae Exótica 1 Pinheiro-do- Parana Araucaria angustifolia Araucariaceae Brasil 1 Cipreste Cupressus sp. Cupressaceae Exótica 1 Abacate Persea americana . Lauraceae Exótica 1 Jaca Artocarpus interglifolia Moraceae Brasil 1 Amora Norus nigra Moraceae Exótica 1 Chuva de ouro Cassia fistula Caesalpinaceae Exótica 1 Bico de papagaio Euphorbia pulcherrima Euforbiacea Exótica 1 Espirradeira Chorisia speciosa Malvaceae Brasil 1 I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 97 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Nome comum Nome científico Familia Origem Boleira Joanesia princeps Euphorbiaceae Brasil Nº de indivíduos 1 Não Identificada Myrtaceae sp Myrtaceae - 2 Não Identificada Prosops sp Prosops - 3 Não Identificadas Palmae Palmae - 3 Não Identificadas - - - 6 4. CONCLUSÃO Com a realização deste trabalho, concluiu-se que existem 354 indivíduos arbóreos com DAP acima de 10 cm, distribuídos em 42 espécies identificadas e em 24 famílias. O que caracteriza uma grande diversidade de espécies. A identificação e quantificação dessas árvores facilitarão um novo planejamento para o plantio de novas árvores, que poderão ser utilizadas em aulas práticas e no embelezamento do campus. 5. REFERÊNCIAS FERNANDES Kathia,D.F.S. Arborização Urbana. Boletim Acadêmico. Arborização Urbana. UNESP/FCAV/FUNEP.Jaboticabal, SP – 2002.69p Serie GREY, G.; DENEKE, F. J. Urban forestry. New York: Wiley,1978. 279 p. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, v.1, 1992. 352p. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, v.2, 1998. 352p LUIS, D.K.; IMANÂ, J.C.; ELIAS, J.P. Levantamento da arborização do campus da Universidade de Brasília. Cerne, v. 11, n. 2, p. 127-136, abr./jun. 2005. MILANO, M. S. Arborização urbana. Curitiba: UFPR, 1995. 120 p (Apostila) MOURA, F. A. E.; OLIVEIRA, R. T.; MAGALHÃES, L. M.S.; SOBRINHO, J. A. Mapeamento, identificação botânica e caracterização plástica das árvores do campus da UFRRJ/quadra dos alojamentos. Revista Floresta e Ambiente, v. 4, 1997.60p PAIVA, P. D. de O. et al. Identificação e caracterização das espécies arbóreas do canteiro central da Universidade Federal de Lavras/MG. Ciênc. agrotec., v. 28, n. 3, p. 515-519, maio/jun. 2004. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 98 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. IMPACTOS DA UTILIZAÇÃO DA MADEIRA NATIVA NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS FLORESTAIS Mabel de Oliveira Santos1, Regileide Santana Franco Cândido1, Raoni Sousa Botelho1,Gilmar Correia Silva2 1 UESB, Vitória da Conquista e-mail: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] RESUMO: Este trabalho foi desenvolvido com base em informações prestadas por estabelecimentos que utilizam a madeira como matéria-prima na industrialização de seus produtos comercializados no município de Vitória da Conquista – BA. Foi verificado que a grande maioria da matéria-prima, cerca de 88%, é oriunda da exploração de florestas nativas das regiões norte ou sul do país, e apenas 12% proveniente de plantios de eucalipto ou pinus. Sendo assim, percebe-se que os impactos ambientais oriundos da exploração, industrialização e comercialização de produtos madeiráveis quando não manejados tecnicamente, tendem a reduzir gradativamente a fonte principal de matéria-prima, interferindo diretamente na dinâmica ambiental, econômica e social de uma região. Assim, objetivo deste trabalho, foi avaliar os potenciais impactos causados e limitações de mercado em função da utilização maciça de espécies nativas no município. Palavras-chave: Floresta nativa; Industrialização de produtos florestais; Impactos. INTRODUÇÃO O método que tradicionalmente se explora as florestas nativas é economicamente rentável, não considerando os princípios de sustentabilidade da produção florestal. Os impactos da utilização da madeira e de produtos madeiráveis, tanto nos ecossistemas quanto para a sociedade, devem ser levados em consideração, sejam eles positivos ou negativos. Sendo positivos, saber explorá-lo de maneira eficaz, sendo negativos, procurar utilizá-lo de maneira sustentável promovendo a redução dos impactos em função da exploração, tais como, a compactação do solo, alteração das características físicas, dificultando a regeneração natural da floresta. Carvalho et al. (2006) consideram que as principais características da indústria madeireira brasileira são: grande número de pequenas unidades de produção, localização geográfica bastante descentralizada, as tecnologias e equipamentos utilizados são nacionais, geralmente remunera atributos de qualidade e têm baixos investimentos anuais, além de possuir carência de mão-de-obra qualificada. O setor florestal tem uma grande importância como fornecedor de energia ou matéria-prima para a indústria da construção civil e de transformação, apresentando no Brasil, características mais singulares em razão do país contar com recursos florestais abundantes (BUAINAIN & BATALHA, 2007). Assim, o consumo de madeira para uso industrial no Brasil passou de 66 milhões de metros cúbicos (m³), em 1990, para 156 milhões de m³, em 2006. Este trabalho tem como objetivo analisar os impactos gerados pela utilização da madeira nativa na industrialização e a comercialização de produtos florestais no município de Vitória da Conquista - BA, analisando os impactos positivos e negativos gerados. 1 Discente do Curso de Engenharia Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04, Vitória da Conquista – BA. Docente do Curso de Engenharia Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04, Vitória da Conquista – BA. 2 I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 99 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. MATERIAIS E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado no município de Vitória da Conquista -BA, região que possui um clima tropical de altitude, amenizado pela altitude elevada (mais de 1.000 metros) predominantemente, sendo uma das cidades mais frias do Norte/Nordeste do país registrando temperaturas inferiores a 7°C em vários dias do ano. Possui um relevo geralmente pouco acidentado na parte mais elevada, suavemente ondulada, com pequenas elevações de topos arredondados. Seus vales são largos, desproporcionais aos finos cursos d'água que aí correm, de fundo chato e com cabeceiras em forma de anfiteatro. Ocorrem no platô elevações geralmente de encostas suaves (embora existam aquelas com encostas íngremes), que podem atingir 1.000m ou mais. A vegetação da região é caracterizada por apresentar diferentes faixas: Faixa A - Caatinga ou cobertura acatingada - Vegetação típica de áreas com deficiências hídricas acentuadas, incompatíveis com a cafeicultura. Seus solos são em geral rasos, pedregosos e acidentados. Faixa B - Carrasco, também conhecido como "campos gerais” ou cerrado - É uma vegetação baixa, mais aberta, típica de terra muito pobre e seca. Encontra-se em solos arenosos. Faixa C - Mata de Cipó. Esta cobertura parece ser a predominante no platô. Vem em geral logo abaixo do carrasco. É uma vegetação alta, fechada com muitas lianas, ou cipós, epífitas (orquídeas) e musgos (barba de mono). Encontram-se muitas madeiras de lei, como pau-de-leite, jacarandá, angico, etc. Também farinha-seca, ipê (pau-d'arco) são frequentes. Faixa D - Mata-de-Larga. É mais baixa e mais aberta que a de Cipó. Apresenta muita samambaia, sapé, capim Andrequicé e muitas leguminosas. São também encontradas muitas palmeiras, planta que falta na Mata-de-Cipó. As áreas de Mata-de-Larga são mais úmidas. Faixas E e F - Mata Fria e Mata Fluvial Úmida - São as vegetações que aparecem nas bordas e nas escarpas sudeste do platô, logo depois da Mata-de-Larga. São áreas úmidas que estão sob influência das correntes aéreas frias e úmidas vindas do oceano. A mata não apresenta praticamente nenhuma madeira de lei. Predomina a madeira branca."(MEDEIROS, Ruy H. A., 1996 ). A comercialização de produtos madeireiros é voltada especialmente para construção civil na região, cuja demanda apresenta-se em uma curva positiva a pelo menos alguns anos. O município não apresenta unidade de produção comercial para desdobro primário da madeira, sendo obtidas peças oriundas das regiões norte e sul, na sua grande maioria, onde se procede o processamento secundário e acabamento de peças. Neste estudo foram levantadas informações através da aplicação de alguns instrumentos, tais como: - Aplicação de Questionários: este caracteriza como técnica de pesquisa direta, onde foi utilizado como um tipo de observação. - Entrevista: realizada com proprietários das madeireiras, sendo fundamental para a compreensão do processo de utilização e industrialização dos produtos florestais. - Levantamento Bibliográfico: foi realizada uma pesquisa buscando material bibliográfico que caracterizasse a atividade comercial envolvendo a utilização de madeira como matéria-prima I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 100 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Foram coletadas informações referentes às empresas do setor florestal, com a intenção de se analisar os procedimentos e identificar os impactos causados pela utilização de espécies nativas na comercialização de produtos industrializados. 14 pontos comerciais cadastrados na Prefeitura Municipal, cujas atividades envolvem a comercialização de produtos madeireiros, seja na transformação primária, secundária ou no beneficiamento e produção de peças para diversos fins foram analisadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO A comercialização dos produtos madeireiros em Vitória da Conquista tem como base a utilização de matéria-prima oriunda de florestas nativas, cujas espécies apresentam maior valor comercial. Esta representa cerca de 88%, enquanto 12% são oriundas de plantios de eucaliptos ou pinus, provenientes da própria região ou do sul do país. Considerando a aquisição média anual de 1.760,04m3 de madeira e ainda os dados de exploração nos estados de origem, pode-se inferir sobre a participação do Município de Vitória da Conquista no processo de exploração florestal no país. Um fator averiguado foi a ausência do interesse comercial pelas espécies de floresta plantada, que tem ainda uma pequena participação. Comparando com outros municípios de outras regiões, pode-se considerar um valor extremamente baixo, visto as possibilidades e qualidade do material dessas espécies. O maior entrave observado refere-se ao conhecimento das propriedades tecnológicas de espécies como o eucalipto. Por outro lado, a centralização na utilização de espécies nativas oriundas de outras regiões, interferem na expansão da atividade comercial, uma vez que se faz necessário o transporte a longas distâncias, interferindo no custo final, na qualidade da madeira, e também na regularização junto a órgãos fiscalizadores. Estes têm o papel pautado em processos de licenciamento e fiscalização, além de observar o consumo de madeira e a sua origem. A Tabela 1 apresenta os impactos potenciais gerados pela utilização de espécies nativas, sem a utilização de técnicas de manejo adequado, na comercialização de produtos madeireiros pelo município. Tabela 1. Impactos potenciais gerados pela utilização de espécies nativas sem manejo adequado. Impactos Potenciais Negativos Comprometimento da diversidade de espécies da fauna e da flora Redução da capacidade produtiva das florestas Alteração na qualidade de vida da população do entorno Predisposição à queimadas Erosão e empobrecimento do solo Alteração na qualidade do ar e das águas Impactos Potenciais Positivos Geração de empregos Obtenção de matéria-prima pré-industrializada reduzindo custo com energia Redução de área para estocagem Maior valor do produto comercializado Comercialização de acordo com a demanda da região Manutenção das áreas na região de destino Os impactos ambientais oriundos da exploração, industrialização e comercialização de produtos madeiráveis quando não manejados tecnicamente, tendem a reduzir gradativamente a fonte principal de matéria-prima, interferindo diretamente na dinâmica ambiental, econômica e social de uma região. Em princípio, a perspectiva no incremento I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 101 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. da atividade em Vitória da Conquista, depende atualmente, de acordo com a maioria dos proprietários, de um pólo florestal, associada a uma assistência técnica que propicie a industrialização de uma madeira de qualidade, capaz de satisfazer as demandas da região. CONCLUSÃO A utilização de madeiras nativas no município de Vitória da Conquista, voltada para a industrialização e comercialização dos seus produtos, teve como fator limitante a carência de matéria-prima de origem local, a falta de informação sobre o manejo adequado para as condições de armazenamento, a utilização e propriedades tecnológicas de madeiras provenientes de florestas plantadas. REFERÊNCIAS BUAINAIN, A. M.; BATALHA, M. O. Cadeia produtiva de madeira. Brasília: IICA: MAPA/SPA, 2007. 84p. CARVALHO, R. M. M. A.; SOARES, T. S.; VALVERDE, S. R. Setor florestal é destaque na economia brasileira. Revista da madeira. Curitiba, n.95, 2006. GOMES, F. P.; GARCIA, C. H. Estatística aplicada a experimentos agronômicos e florestais: exposição com exemplos e orientações para uso de aplicativos. Piracicaba: FEALQ, 2002. 309p. MARTINS, S. S et al. Impactos da exploração madeireira em florestas nativas sobre alguns atributos físicos do solo. Revista Árvore. Viçosa, v.22, n.1, p.69-76, 1998 MEDEIROS, R. H. Notas Críticas ao livro "O Município da Vitória"de Tranquilino Torres. Vitória da Conquista: Museu Regional; UESB, 1996. 87p. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 102 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. IMPACTOS GERADOS PELA ATIVIDADE CERAMISTA E CONSUMO DE LENHA NOS MUNICÍPIOS DE PIATÃ E ABAÍRA Edmar de Souza Araújo1, Juliana Gomes Messias2, Elton Rodrigo Pereira Veiga3, Gilmar Correia Silva4 1,2,3,4 UESB, Vitória da Conquista e-mail: [email protected] RESUMO: O desmatamento gerado pela implantação de culturas agrícolas e outras práticas exploratórias para atender a demandas econômicas, tem gerado grande desequilíbrio ambiental em várias regiões do país. A atividade relacionada a fabricação de produtos cerâmicos demanda uma grande área de florestas nativas ou exóticas. Esta atividade é uma das principais fontes propulsoras da economia nos municípios de Piatã e Abaíra, localizadas na região da Chapada Diamantina na Bahia. O município de Piatã e Abaíra ficam a 24km de distância, apresentam clima e vegetação distintas, porém assemelham-se nos impactos gerados pela atividade ceramista na região. O presente trabalho vem a analisar os impactos ambientais gerados com o consumo de lenha para a produção de tijolos e blocos nos município de Piatã e Abaíra. Palavras-chave: Lenha, Impactos, Cerâmica. INTRODUÇÃO O município de Piatã e Abaíra estão situados na Chapada Diamantina no centro da Bahia, onde nascem quase todos os rios das bacias do Paraguaçu, do Jacuípe e do Rio das Contas. Compõe a unidade geológica conhecida como a serra do espinhaço. Apresenta-se em geral como um altiplano extenso, com altitude média entre 800 e 1.200m. Os dois pontos mais altos da Bahia estão na Chapada: o Pico do Barbado com 2.080m (o mais alto do nordeste) e o Pico das Almas com 1.958m. Sistemas de manejos empregados em biomas localizados na região nordeste deveriam ser mais frequentes, a fim de reduzir possíveis impactos ambientais gerados pela falta de um planejamento adequado de extração de madeira. Geralmente é praticado através de desmatamentos e queimadas oriundas de práticas agrícolas, principal atividade da região. A demanda por madeira foi aumentando à medida que foram surgindo novas atividades econômicas no Brasil e não diferente nos municípios de Piatã e Abaíra. Essa demanda é mais frequente e mais remota quando se refere às padarias da região, que há décadas utilizam a madeira como principal fonte de energia, e que atualmente os olhos da sociedade estão voltados para a fábrica de telhas e blocos. Em decorrência dessas atividades que pouco se preocupava com a preservação de recursos naturais, as florestas nativas heterogênea ficaram mais escassas não podendo atender a demanda de lenha para todos os interesses. A busca pelo desenvolvimento sustentável está diretamente ligada ao grau de satisfação da sociedade em relação às suas expectativas. Essas expectativas são consideradas por Flores & Nascimento (1994) como relacionadas ao estádio de desenvolvimento sob os aspectos social, econômico, ecológico e político. A garantia da reprodução de um sistema produtivo é manter a renovação de seus elementos constitutivos e das funções que garantem esta renovação. A retirada de florestas e vegetações nativas para a construção de infra-estrutura agrícola e pecuária, em geral, fraciona e reduz o espaço dos ecossistemas naturais, provocando a diminuição considerável da fauna local. De acordo com Alvarenga (1996) no tocante a indicadores de impactos, observa-se que alguns I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 103 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. parâmetros são bastante sensíveis às alterações provocadas pelos diferentes manejos adotados em diferentes atividades. Este trabalho teve como objetivo, analisar os impactos ambientais gerados pelo consumo de lenha para a produção de tijolos e blocos nos município de Piatã e Abaíra. MATERIAIS E MÉTODOS Coleta de dados sobre o ecossistema da região Segundo o IBGE (2008) o município de Piatã apresenta área geográfica de 1.508,036km2 sendo que a maior parte da sua superfície é constituída por áreas íngremes que diminui a área disponível para a técnica de plantio florestal. Já o município de Abaíra de acordo com o IBGE (2008) apresenta área geográfica de 179, 906km² de acordo com os dados levantados a pequena umidade da localidade é que diminui a técnica de plantio de árvores. Exploração madeireira na região A atividade relacionada à extração de madeira na região da Chapada Diamantina é constante, mesmo com todas as adversidades relacionada com o seu relevo, clima e o tipo de vegetação. A época do ano que a região é mais propícia para a ocorrência de incêndios florestais é no início de setembro, por causa do calor. Passada a época de incêndios, a vegetação existente é de total destruição o que resta são cinza e pedras e algumas árvores queimadas e mortas que resistem em ficar em pé. Justamente essas árvores que mais tarde são extraídas para serem utilizadas para diversas formas de obtenção de energia. Outra maneira de obtenção de madeira morta é quando a árvore por algum motivo deixa de realizar sua atividade fisiológica e acaba morrendo. A atividade de reflorestamento florestal na região ainda é muito pequena tanto com mudas nativas como mudas exótica. A falta de iniciativas e incentivos fiscais a técnica de reflorestamento são requisitos para a baixa quantidade de hectares plantados. O município de Seabra é uma das primeiras cidades a aderir o sistema de reflorestamento com mudas exóticas na Chapada, visando assim, atender as necessidades do fornecimento de energia para a produção de produtos cerâmicos e atividades afins. Dados das Cerâmicas O trabalho foi realizado em duas unidades distintas, onde se realiza a atividades de fabricação de produtos cerâmicos. A primeira olaria avaliada localiza-se no município de Piatã e a segunda olaria no município de Abaíra. A coleta de dados foi realizada pela verificação local e interpretação de dados obtidos através de questionário sistemático, incluindo informações que fosse possível diagnosticar os impactos gerados pelo consumo de lenha como fonte de energia para produção da cerâmica. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi verificado que nos dois municípios, a única fonte de energia utilizada na produção de blocos e telhas de cerâmica é a madeira, classificada como lenha. A Figura 1 apresenta as principais fontes de extração da matéria-prima nos dois municípios desde a sua implantação. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 104 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Figura 1. Fontes de obtenção de matéria-prima para geração de energia nas cerâmicas. Pode-se verificar que a principal fonte de extração da matéria-prima é oriunda de remanescentes de florestas nativas, cujo material retirado é considerado madeira morta, ou seja, troncos e galhos mortos ou com aspecto de baixa atividade fisiológica devido à prática de queimadas, representando, assim, 40% do total. A extração da matéria-prima pelo corte de árvores vivas nos remanescentes representa 30%, seguida de árvores de reflorestamento com 20% e de outras formas, como resíduos que representam 10%. A Tabela 1 apresenta a matriz de impactos potenciais gerados pela atividade ceramista, especialmente em relação à utilização de matéria-prima florestal na região. Tabela 1. Impactos potenciais causadores de degradação do meio ambiente. Impactos ambientais potenciais Redução da diversidade de espécies da fauna e da flora. Contaminação dos recursos naturais. Aumento da velocidade do vento devido ao desmatamento. Poluição do ar e liberação de material particulado devido à queimada. Erosão e empobrecimento do solo especialmente próximo à bacia do Rio de Contas. Mudanças climáticas. Contaminação das áreas e dos animais, devido ao uso inadequado de produtos químicos. Medidas mitigadoras e/ou compensatórias Praticar a conservação da paisagem natural, mantendo os principais biótopos, considerando a necessidade de manutenção da Reserva Legal e das demais áreas protegidas por lei. Selecionar culturas de acordo com o princípio da vocação do local. Utilizar práticas conservacionistas no sistema de produção e manejo do solo. Utilizar rotação de culturas, favorecimento do controle biológico e integrado de pragas. Buscar sempre assistência de profissional qualificado para utilização de produtos. Implantação de quebra-ventos. Implantação de sistemas como a agrossilvivultura. Banir a prática de queimada, especialmente em grandes áreas, buscando sempre a orientação e autorização de órgão competente. Adotar práticas de conservação que permitam a manutenção da cobertura e proteção do solo contra intempéries. Cultivos integrados e pousio. Formação de faixas de proteção contra erosão, utilizando curvas de nível e terraços. Adoção do cultivo mínimo e plantio direto evitando a utilização de máquinas pesadas. Reflorestamento de áreas mais pobres e com alto declive. Adubação orgânica incrementando o teor de matéria orgânica do solo. Planejamento e organização das áreas de produção. Utilização de cultivares resistentes às variações climáticas. Evitar o uso de insumos que possam contaminar as áreas de pastoreio, assim como, produtos veterinários que produzam resíduos potencialmente perigosos. Utilização de métodos de controle biológico e/ou integrado de pragas, visando a redução de agrotóxicos. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 105 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. CONCLUSÃO É possível constatar que a utilização dos recursos florestais para atividade ceramista, pode provocar, sem prévio planejamento e manejo das áreas, impactos negativos ao ambiente, promovendo numa escala temporal, consequente perda da capacidade produtiva do solo, especialmente pelas práticas de queimadas na região. Prevê-se ainda, uma possível expansão de áreas de extração a fim de atender a demanda comercial das cerâmicas localizadas nos dois municípios. REFERÊNCIAS ALVARENGA, M. I. N. Propriedades físicas, químicas e biológicas de um Latossolo Vermelho-Escuro em diferentes ecossistemas. Lavras: UFLA, 1996. 211p. Tese (Doutorado). Universidade Federal de Lavras, 1996. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (Rio de Janeiro, RJ). Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura. IBGE, 2007. MAILHO, M.L. & CAVANAGHI, V. Gestão de Estoque no Processo de Fabricação: Um estudo de caso na indústria de processamento de madeira. IV Congresso Nacional de Excelência em Gestão. 2008. SIDERSKY, P. Agricultura familiar: uma opção para o Brasil. Rio de Janeiro: AS-PTA, 1994. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 106 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. LEVANTAMENTO DA ARBORIZAÇÃO URBANA DO BAIRRO SANTA RITA, MUNICÍPIO DE POÇÕES, BAHIA Catia Dias do Carmo1, Danusia Valeria Porto da Cunha1, João Paulo Silva1 1 Uesb, Vitória da Conquista e-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO: Realizou-se inventário do tipo censo das árvores existentes no bairro Santa Rita, município de Poções/BA, visando conhecer sua composição florística. Foram encontrados 131 indivíduos distribuídos em dez espécies sendo que destes 58,8% pertencem à espécie Ficus benjamina e 21,8% a espécie Licania tomentosa. Verificou-se a maior incidência de podas do tipo topiaria sendo a mesma subsidiada pela prefeitura do município. O vandalismo apesar de pouco significativo em termos percentuais foi detectado na avaliação qualitativa dos indivíduos. Palavras-chave: Arborização urbana; Inventário; podas; vandalismo. INTRODUÇÃO Rezende (1997) citado por Gonçalves et al. (2004) em consonância com Fiedler, et al. (2006) descreve como vantagens da arborização urbana a melhoria na qualidade do ar; efeito quebra-vento; absorção de poeira; aumento do prazer contemplativo, por meio da melhoria do aspecto estético e visual; estabilidade microclimática e, por conseguinte, conforto térmico; redução de poluição sonora; valorização de espaços; abrigo e alimento para pássaros. Dessa forma, a arborização urbana contribui enormemente para a qualidade de vida e o bem-estar da população, seja de um grande centro urbano ou de pequenas cidades. Para Pedrosa (1983) citado por Fiedler et al. (2006), o planejamento na implantação de novas áreas arborizadas é de extrema importância, pois caso se escolha espécies de porte compatível não há necessidade de qualquer tipo de poda de manutenção. Entretanto, em muitas situações o planejamento urbano deixa de incluir a arborização como prática a ser devidamente planejada, permitindo, muitas vezes, que iniciativas particulares pontuais e desprovidas de conhecimento técnico atualizado tomem espaço com plantios irregulares de espécies sem compatibilidade com o planejamento anterior havendo, portanto perda de eficácia na arborização. A avaliação da arborização é realizada por meio de inventário qualitativo, quantitativo ou ainda qualiquantitativo com vistas à manutenção das áreas arborizadas, prevenção de acidentes e depreciação das vias públicas e ainda visando a inclusão de novas áreas. Em relação à composição florística, Santos & Teixeira citados por Pires et al (2007) coloca que a maioria das cidades brasileiras apresenta-se pouco diversificadas com predomínio das espécies exóticas em detrimento das possibilidades de se explorar a riqueza da flora local. Ainda segundo o mesmo autor a uniformização da vegetação nos centros urbanos constitui um dos maiores perigos para o equilíbrio ecológico devendo ser evitada. Objetivou-se com este trabalho conhecer a composição arbórea e arbustiva das vias públicas do bairro Santa Rita como instrumento para seu planejamento. MATERIAIS E MÉTODOS I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 107 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. O estudo foi realizado no bairro Santa Rita no município de Poções, Bahia em detalhe no mapa (Figura 1). A cidade possui uma área total de 962,86 km2 com 44.759 habitantes e está inserida nos biomas Caatinga e Mata (IBGE, 2009). O bairro Santa Rita foi implantado há mais ou menos 26 anos e possui características de ocupação de padrão médio com 95% da pavimentação já concluída e 100% da rede de esgotamento implantada. Predominantemente residencial, o bairro possui 16 ruas apresentando lotes pequenos, traçado irregular e ruas estreitas com ocupação da população de baixa renda (PDDU2). Figura 01: Mapa político da cidade de Poções. Fonte IBGE modificado (2009). O clima na região do Planalto Conquista onde a cidade está inserida é classificado como C 1 wB’3 a’ (Tornthwait) e Bswh (Koppen), variando de semi-úmido na borda leste a semi-árido da borda oeste da região do Planalto Conquistense, com temperatura média de 19,5 ºC (BARRETO et al., 1998 apud SOARES FILHO, 2000). Realizou-se inventário do tipo censo nas dezesseis ruas do referido bairro entre os meses de junho e julho de 2008. A identificação das espécies foi realizada através de morfologia comparada, usando bibliografia especializada e consultas a especialistas. Observou-se a presença ou ausência de podas classificadas em: de formação, drástica ou prática de topiaria. As podas de formação são aquelas relativas à condução da árvore geralmente realizadas no viveiro, mas passíveis de se realizar quando do indivíduo estabelecido na via pública. A poda drástica é bastante prejudicial ao desenvolvimento da planta utilizada para rebaixar a copa. E temos ainda a topiaria utilizada para formação de figuras. A presença ou ausência de vandalismo também foi observada sendo considerado como ato de vandalismo as seguintes práticas: injúrias ao tronco provocadas por cortes de qualquer tipo de lâmina; presença de ramos arrancados; utilização do tronco ou galhos como suporte para qualquer finalidade como placas de propaganda, cestas de lixo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas ruas do bairro foram encontradas 131 árvores apresentadas na Tabela 01. Foram encontradas ainda três mudas não identificadas e uma árvore morta excluídas do processamento dos dados, por conta do seu não estabelecimento. 2 O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano se encontra em processo de conclusão. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 108 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Tabela 01: Relação das espécies encontradas no bairro. ESPÉCIES Nome Vulgar N.º de ind. % Ficus benjamina L. Sempre verde 77 58,8 Licania tomentosa (Benth) Oiti 28 21,4 Ficus benjamina variegata Ficus (branco) 10 7,6 Pachira aquatica Aubl. Falso cacau 09 6,9 Bougainvillea sp. Bougainvillia 02 1,5 Malpighia sp. L. Acerola 01 0,8 Psidium guajava L. Goiabeira 01 0,8 Bauhinia sp. Pata de vaca 01 0,8 Eucalyptus sp. Eucalipto 01 0,8 Senna splendida (Vog) H.S. Irtum & Barnely Canjõao 01 0,8 Total 131 Mais de 58% dos indivíduos são da espécie F. benjamina e 21,4% da L. Tomentosa totalizando 82% dos indivíduos encontrados pertencentes apenas a duas espécies. Os resultados estão em consonância com os encontrados por Rocha et al. (2004) que apresentam as espécies F. benjamina e L. tomentosa entre as três primeiras espécies mais frequentes. Segundo o mesmo autor a espécie F. Benjamina é inadequada para a arborização de vias públicas devido à incompatibilização com as estruturas urbanas. Como previsto a prática de topiaria compreende a maioria das atividades de podas no bairro (Gráfico 01) sendo subsidiada pela prefeitura. Em 22% dos indivíduos não há vestígios de podas não significando, entretanto que a mesma não foi realizada. Ocorência de Podas 1% 22% Drástica Topiaria Formação Inexistente 8% 70% Gráfico 01: Ocorrência de podas em porcentagem das espécies encontradas. O vandalismo foi detectado em 30% dos indivíduos indicando a necessidade de interferência junto à população no sentido de conscientizar sobre a importância da arborização urbana e sua manutenção. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 109 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Ocorrência de Vandalismo 30% Ausente Exixtente 70% Gráfico 02: Ocorrência de vandalismo em porcentagem das espécies encontradas. CONCLUSÃO A quantidade de espécies encontradas no levantamento e sua inadequação com as vias públicas indicam a ocorrência de plantio indiscriminado no bairro. O vandalismo apesar de existente não foi apontado como fator de risco à arborização do bairro, porém deve ser combatido por meio de conscientização da população. A topiaria, prática mantida pela secretaria de obras do município pode ser entendida como medida de prevenção a possíveis danos causados pelos indivíduos arbóreos. REFERÊNCIAS FIEDLER, N. C.; SONE, E. H.; VALE, A. T.; JUVÊNCIO; J. de F.; MINETTE. L. J.; Avaliação dos Riscos de Acidentes em Atividades de Poda de Árvores na Arborização Urbana do Distrito Federal. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.30, n.2, p.223-233, 2006. GONÇALVES, S.; ROCHA, F.T. Caracterização da Arborização Urbana do Bairro de Vila Maria Baixa Com SCIENTIAE SAÚDE. Revista Cientifica, UNINOVE – São Paulo. v.2, p. 67-75. 2004. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1> Acesso em: Jul 2008. PIRES, N. A M. T.; MELO, M da S.; OLIVEIRA, D. E de; Xavier-Santos, S. Diagnóstico da Arborização Urbana do Município de Goiandira, Goiás. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 537-539, jul. 2007 . ROCHA, R. T., LELES, P. S. S.; NETO, S. N. O. Arborização de Vias Públicas em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro: O Caso dos Bairros Rancho Novo e Centro. Revista Árvore, Viçosa-MG, v.28, n.4, p.599-607, 2004. SOARES FILHO, A. O. Estudo Fitossociológico de Duas Florestas em Região Ecotonal no Planalto de Vitória da Conquista. Dissertação (Mestrado) Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo – Departamento de Ecologia. São Paulo, 2000. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 110 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. MANEJO E CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS NA MICRO-REGIÃO DE VITÓRIA DA CONQUISTA Adilson Almeida dos Santos1, Laís Ribeiro Lima Lacerda1, Ivana Paula Ferraz Santos de Brito2, Valdemiro Conceição Júnior3 Discente do curso de Engenharia Florestal, UESB, Vitória da Conquista1; Engenheira Agrônoma, UESB, Vitória da Conquista2; Docente do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, UESB, Vitória da Conquista3. e-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO Este trabalho buscou demonstrar o manejo e conservação dos recursos naturais realizado pelos agricultores nas comunidades remanescentes de quilombos da micro-região de Vitória da Conquista – Bahia. Para tal, foram realizadas etapas de acordo com metodologia descrita, como revisão de literatura, leitura de paisagem e entrevistas direcionadas a 176 agricultores remanescentes de quilombo. Dessa forma foi possível perceber que os existem uma grande valorização das terras pelos quilombolas, tendo em vista que a terra é o principal meio de sobrevivência destes. No entanto, é observado um manejo incorreto dos recursos naturais sendo que estes usam de técnicas que não garantem uma conservação dos recursos naturais. Palavras-chave: Conservação ambiental; Quilombolas; Recursos naturais. INTRODUÇÃO Na micro-região de Vitória da Conquista a agricultura familiar predomina na zona rural, sendo incluídas neste universo as comunidades remanescentes de quilombos. Comunidades tradicionais, de acordo com a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (BRASIL, 2007) são grupos diferenciados, que se reconhecem como tais, que se organizam socialmente de formas próprias, que ocupam e usam territórios e recursos naturais para sua reprodução cultural, social, religiosa e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. Na cidade de Vitória da Conquista há uma forte presença histórico-cultural afrobrasileira, e identificadas Fundação Cultural Palmares mais de 25 comunidades quilombolas (FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES, 2009). Este trabalho teve por objetivo fazer um diagnóstico do uso e da conservação dos recursos naturais praticados em comunidades quilombolas na micro-região de Vitória da Conquista. MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi realizado utilizando-se por base alguns aspectos descritos por Garcia Filho (1999) na metodologia Análise Diagnóstico de Sistemas Agrários, sendo as informações levantadas através de questionários. No período compreendido entre março e I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 111 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. agosto de 2009 foram realizadas leitura de paisagem e aplicação de 176 questionários préestruturados a agricultores de comunidades remanescentes de quilombo, como Água Doce, Antero, Baixa Seca, Baixão, Bate-pé, Bomba, Boqueirão, Campo Formoso, Cinzento, Corta Lote, Esconço, Furadinho, Guaribas, Lagoa de Maria Clemência, Lagoa de Melquiades, Lajinha, Lamarão, Ribeirão dos Paneleiros, São Joaquim, Velame, e, na micro-região de Vitória da Conquista - Bahia, que permitiram obter informações a respeito do manejo e da conservação dos recursos naturais. Para melhor compreensão, e complementação das informações realizadas entrevistas com lideranças das comunidades que permitiram também conhecer um pouco mais da história de cada local. Os dados tabulados foram analisados em planilhas do sistema Microsoft Excel tanto quantitativa como qualitativamente. RESULTADOS E DISCUSSÃO As comunidades quilombolas costumam conservar recursos por dependerem e aprenderem, ao longo das gerações a lidar com a natureza. Como dependem do meio, buscam trabalhar a propriedade em paralelo à manutenção da qualidade ambiental, muito influenciada por serem sociedades de consumo reduzido e limitados à pequena produção agrícola e extração de produtos. O uso dos recursos pelos quilombolas visa à necessidade de permitir às gerações futuras a qualidade das propriedades que herdarão e terão como principal meio de sobrevivência. Mas isto não significa que essas populações sempre conservem o meio e os recursos disponíveis. A categoria comunidades remanescentes de quilombos tem como característica uma herança cultural muito forte, herdada anteriormente à herança da terra (FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES, 2009). Essa forma de aquisição de terras é a declarada por 77% dos entrevistados. Nesta herança cultural estão presentes práticas de uso e manejo dos recursos naturais consideradas incorretas e que certamente diminuirão a qualidade e a quantidade dos recursos disponíveis a cada geração. Quando perguntados se efetuam derrubada de mata nativa, apenas 22% afirmaram fazer. Já quando tratamos no uso de lenha na propriedade 91% responderam que usam este tipo de energia, sendo que desses, a maioria, 78% usam lenha retirada na propriedade e 22% lenha comprada. Essa utilização justifica em muito o fato da realização da derrubada da mata nativa, assim como pela necessidade de maior quantidade de terra para produzir, tendo em vista a exaustão do solo com o uso de determinada práticas e depois de longos períodos produzindo. Na região 47% dos entrevistados realizam queimadas e 48% não costumam deixar a terra em repouso. Segundo Sampaio & Sampaio (2009), a agricultura itinerante, que depois da derrubada e da queima, aproveitando o aumento da fertilidade do solo com as cinzas e a pouca presença de ervas daninhas, cultiva a terra por alguns anos e depois, em nos poucos casos em que há o abandono para o pousio, este freqüentemente mais curto que o necessário, tem efeitos tão drásticos quanto a retirada da lenha. No entanto, no que diz respeito à consorciação de culturas, 70% dos agricultores a fazem, visando terras com uma maior vida produtiva, melhorando a utilização da terra, a exploração de água e nutrientes, a proteção do solo contra erosão, além de aumentar a eficiência no controle de predadores. Outra informação importante diz respeito à presença de recursos hídricos na propriedade, 37% responderam possuir, sendo que 49% estão protegidos. A preocupação I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 112 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. com a conservação dos recursos hídricos aparenta-se pequena, no entanto é maior que em outras comunidades não inseridas na categoria remanescentes de quilombos. CONCLUSÃO Os dados permitem perceber que da forma como são usados atualmente, os recursos naturais das propriedades de comunidades remanescentes de quilombos estão perdendo qualidade e quantidade, por conta de algumas práticas incorretas de uso e manejo destes recursos. É portanto, necessário desenvolver ações que permitam unir as atuais formas de conservação com a recuperação dos recursos existentes. REFERÊNCIAS BRASIL, Decreto Presidencial Nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6040.htm >. Acesso em 17 de outubro de 2009. FUNDAÇÃO CULTURAL QUILOMBOLAS, 2009. PALMARES, MANIFESTO PELOS DIREITOS GARCIA FILHO, D. P. Análise e Diagnóstico de Sistemas Agrários - Guia Metodológico. INCRA/FAO, 1999.65 p. SAMPAIO, E. V. S. B.; SAMPAIO, Y.; Preservação da vegetação nativa, especialmente da caatinga: custos e responsabilidades. Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, 2009. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 113 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. MATÉRIA-PRIMA E RESÍDUOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS MADEIREIROS NO MUNICÍPIO DE BARRA DO CHOÇA – BA Giovanni Correia Vieira1, Mariana de Carvalho Aguiar Ribas1, Alcides Pereira Neto1, Gilmar Correia Silva1 1 UESB, Vitória da Conquista e-mail: [email protected] RESUMO: O objetivo desse trabalho foi caracterizar a matéria-prima e os resíduos gerados pelo processamento ou beneficiamento dos produtos madeireiros comercializados no município de Barra do Choça. Os dados foram obtidos através de entrevistas com aplicação de questionários aos responsáveis em todas as madeireiras do município. Os aspectos observados foram a origem da matéria prima, a finalidade da madeira e a utilização de seus resíduos, bem como, a sua destinação final. Foi observado o consumo médio de 312,5 m3 de madeira no ano de 2008, sendo essa, na maioria de florestas plantadas. Também pôde-se observar um baixo aproveitamento dos resíduos gerados nos estabelecimentos. Palavras chave: Produtos madeireiros; Matéria-prima florestal; Resíduo madeireiro. INTRODUÇÃO O setor florestal é responsável pelo fornecimento de energia, matéria-prima para a indústria de construção civil e de transformação, sendo o Brasil, um país privilegiado por estar entre os principais detentores de recursos florestais, possuindo uma extensa área de florestas tropicais (BUAINAIN & BATALHA, 2007). A Sociedade Brasileira de Silvicultura estima que o consumo de madeira é de 400 milhões de m3/ano. Desse total, 100 milhões de m3/ano, referem-se ao consumo florestas plantadas para uso industrial e 300 milhões de m3/ano a florestas nativas e plantadas para diversos fins. Acredita-se que a produção de madeira serrada deverá continuar apresentando taxas de crescimento positivas, e que o principal responsável pelo aumento da produção de madeira serrada deverá ser originado de florestas plantadas (eucalipto e pinus). Já a produção de madeira serrada de florestas naturais deverá estabilizar e sequencialmente apresentar quedas nas próximas décadas, devido a pressões ambientais, perda de competitividade em virtude de aspectos regulatórios sobre a matéria-prima (ABIMCI, 2007). Estima-se que no processamento de uma tora seja aproveitado apenas 35% da madeira. Os volumes de perdas são muito grandes, mesmo em pequenas serrarias (MADY, 2000). A maioria das serrarias não aproveita os resíduos e possui baixa eficiência no beneficiamento da madeira. Segundo Leeuwstein (2001), a Legislação Brasileira aponta a responsabilidade das empresas na estocagem, tratamento de resíduos gerados pelos processos de produção e descarte final, a partir de procedimentos adequados para a conservação do meio ambiente. O planejamento correto do corte, uso de maquinários adequados, investimentos na qualificação dos funcionários podem reduzir os desperdícios. O aproveitamento dos resíduos, assim, pode reverter-se em lucro para a pequena e média empresa, além de diminuir o impacto ambiental gerado por essa atividade. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 114 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a matéria-prima e os resíduos gerados na industrialização de produtos florestais no município de Barra do Choça – BA. MATERIAL E MÉTODOS Os dados foram obtidos através de observação “in loco” e aplicação de questionários aos estabelecimentos comerciais e/ou transformação de produtos madeireiros do município da Barra do Choça. Foram avaliados oito estabelecimentos: 1 serraria; 1 movelaria; 2 madeireiras e 4 marcenarias. Observou-se e registrou-se os seguintes aspectos: volume médio de madeira utilizado no ano de 2008; origem da matéria-prima; as dificuldades na obtenção de matéria-prima; e o destino final dos resíduos gerados no processamento da madeira. RESULTADOS E DISCUSSÃO O volume médio de madeira em 2008 foi de 312,5 m3, valor considerado baixo quando se considera o porte do município. Os motivos mais citados pelos responsáveis são: dificuldade de documentação para obtenção da matéria-pirma, floresta com baixo volume de madeira e o custo da madeira. Cerca de 75% da madeira vem de florestas plantadas, isso ocorre devido aos plantios de eucaliptos em áreas degradadas próxima da cidade, ao plantio de grevíleas no sombreamento de café na região e forte fiscalização na região pelo IBAMA e Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Os resíduos, como mostra a Figura 1, não são reutilizados no local como incremento da produção. Cerca de 78% são vendidos para serem queimados, 11% são doados, 10% são descartados nos lixões da cidade. Isso ocorre pela baixa qualificação profissional dos trabalhadores e administradores das madeireiras e a cultura da população local. Esses resíduos podem ser utilizados de diversas formas, como: na geração de energia, pois segundo Woods & Hall (1994) estimam em 35 EJ/ano (10GW) o potencial energético dos resíduos da extração florestal, no mundo; em usina de compostagem para produzir adubo orgânico; artigos doméstico, decorativo, brinquedo, uso pessoal, esportivo, artesanato, proporcionando renda e diminuindo o desperdício da matéria-prima (STERNARD, 2002). Opções como transformar a serragem em cilindros compactos denominados “briquetes”, facilita o manuseio e o transporte, agregando maior valor aos resíduos, pois substitui diretamente a lenha nos equipamentos onde esta é queimada (LIMA, 1998). Destino final dos resíduos Doados para fornos Vendidos para serem queimados Descartado nos lixões da cidade 10% 9% Pó é doado para baia de cavalo 10% 0% 3% 68% Figura 1. Destinação dos resíduos gerados no processamento da madeira. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 115 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. CONCLUSÕES - No município de Barra do Choça, foram consumidas pela indústria de industrialização de madeira, um volume médio de 312,5 m3 no ano de 2008; - A dificuldade na documentação para obtenção da matéria-prima, a indisponibilidade de madeira e o seu custo, limitam o crescimento do mercado na região; - A maioria da madeira consumida é proveniente de florestas plantadas; - Os resíduos não são aproveitados no local do beneficiamento da madeira. REFERÊNCIAS ABIMCI - Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada mecanicamente. Estudo setorial. 2007. Disponível em:<http://www.abimci.com.br>. Acessado em: 12 de out. de 2009. BUAINAIN, A.M. & BATALHA, M.O. Cadeia produtiva de madeira. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Política Agrícola, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura. Brasília: IICA: MAPA/ SPA. Agronegócios, v.6 84p, 2007. LEEUWSTEIN, J.M.Gerenciamento Ambiental, São Paulo: v. 3, n. 13, p. 52-53, jan./fev.2001. LIMA, C.R. de. Viabilidade econômica da produção de briquetes a partir da serragem de Pinus sp. Trabalho apresentado no 3 Congresso Brasileiro de Planejamento Energético, São Paulo,1998, 4p. MADY, F.T.M. Conhecendo a madeira: informações sobre 90 espécies comerciais. Programa de Desenvolvimento Tecnológico. Manaus: SEBRAE, 2000. 212p. STERNADT, G. H. Pequenos objetos de madeira - POM, compostagem de serragem de madeira. Brasília, DF: Ibama-Laboratório de Produtos Florestais, 2002. Woods, J. & Hall, D.O. Bioenergy for Development: Technical and Environmental Dimensions, FAO. Environment and Energy Paper 13, 1994. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 116 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. MATÉRIA-PRIMA FLORESTAL EM OLARIAS NOS MUNICÍPIOS DE PIATÃ E ABAÍRA NA CHAPADA DIAMANTINA - BAHIA Edmar de Souza Araújo1, Magno Pacheco Fraga2, Diego Oliveira Rocha3, Gilmar Correia Silva4 1,2,3,4 UESB, Vitória da Conquista e-mail: [email protected] RESUMO: A sociedade, como todo, busca espécies florestais de crescimento rápido para suprir a falta de lenha gerada pelo espaço ocupado por atividades agropecuárias em diversas regiões do país. Uma das alternativas é o plantio de Eucalyptus sp. que apresenta espécies resistentes a déficits hídricos severos e solos de baixa fertilidade, entre outras espécies também bem adaptadas a essas condições, em estudo. Entretanto, em muitos municípios do estado da Bahia, as atividades que demandam a utilização de energia, utilizam à matéria-prima oriunda de florestas remanescentes nativas, causando impactos e reduzindo a capacidade produtiva dos ecossistemas. O presente trabalho teve como objetivo realizar um diagnóstico da utilização de madeira em olarias nos municípios de Piatã e Abaíra, localizados na Chapada Diamantina na Bahia. Palavras-chave: Matéria-prima florestal, Olaria, Lenha. INTRODUÇÃO A Chapada Diamantina está situada no centro da Bahia é uma região serrana onde nascem quase todos os rios das bacias do Paraguaçu, do Jacuípe e do Rio das Contas. Compõe a unidade geológica conhecida como a serra do espinhaço. Apresenta-se em geral como um altiplano extenso, com altitude média entre 800 e 1.200m. Os dois pontos mais altos da Bahia estão na Chapada: o Pico do Barbado com 2.080m (o mais alto do nordeste) e o Pico das Almas com 1.958m. O município de Piatã apresenta características edafoclimáticas diferenciadas em relação às demais cidades circunvizinhas. Seu clima tropical de altitude propicia um índice pluviométrico considerável ao bom desenvolvimento de técnicas de plantio florestal. O município de Abaíra apresenta vegetação variada em virtude do relevo acentuado, predominando a caatinga, interrompida por formações de cerrado, conhecidos como gerais ou carrascos. Em certos trechos a vegetação se adensa com características de florestas surgindo a Mata cipó. A região, assim como as várias outras localidades vem padecendo com o avanço desordenado do desmatamento ilegal, causada pela agricultura e pela extração da madeira. Esta última visa atender o comércio, principalmente padarias, consumo doméstico e mais recentemente as fábricas de cerâmica. O fato mostrado vem constatando a urgência de medidas e soluções em relação ao processo de desmatamento da mata nativa. Projetos relacionados à implantação de mudas nativas e exóticas devem ser considerados, pois a principal fonte de energia desses estabelecimentos, certamente poderá vim a desaparecer interrompendo a cadeia produtiva. Aspecto negativo relacionado à falta de projetos e incentivos ao reflorestamento, vem a causar vários impactos ambientais, sociais e econômicos. Com relação ao planejamento logístico MAILHO & CAVENAGHI (2008) fazem referência ao envolvimento e determinação do número, tamanho e localização das instalações. Sendo que, o objetivo do planejamento é encontrar a melhor forma de distribuir os produtos aos clientes e este planejamento gira em torno de um triângulo de decisões de localização, de estoque e de transporte chegando ao destino final. Assim, o I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 117 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. presente trabalho teve como objetivo realizar um diagnóstico da utilização de madeira como matéria-prima em olarias, nos municípios de Piatã e Abaíra, localizados na Chapada Diamantina na Bahia. MATERIAIS E MÉTODOS Coleta de dados sobre o ecossistema da região O presente trabalho foi desenvolvido utilizando-se ferramentas teóricas e metodológicas associadas ao ecossistema da região. Os dados foram obtidos através de entrevistas diretas e indiretas. Segundo o IBGE (2008) o município de Piatã apresenta área geográfica de 1.508,036 km2 sendo que a maior parte da sua superfície é constituída por áreas íngremes que diminui a área disponível para a técnica de plantio florestal. Já o município de Abaíra de acordo com o IBGE (2008) apresenta área geográfica de 179, 906 km² de acordo com os dados levantados a pequena umidade da localidade é que diminui a técnica de plantio de árvores. Dados sobre o processo de exploração madeireira na região A atividade relacionada à extração de madeira na região da Chapada Diamantina é constante, mesmo com todas as adversidades relacionada com o seu relevo, clima e o tipo de vegetação. A época do ano que a região é mais propícia para a ocorrência de incêndios florestais é no início de setembro, por causa do calor. Passada a época de incêndios, a vegetação existente é de total destruição o que resta são cinza e pedras e algumas árvores queimadas e mortas que resistem em ficar em pé. Justamente essas árvores que mais tarde são extraídas para serem utilizadas para diversas formas de obtenção de energia. Outra maneira de obtenção de madeira morta é quando a árvore por algum motivo deixa de realizar sua atividade fisiológica e acaba morrendo. A atividade de reflorestamento florestal na região ainda é muito pequena tanto com mudas nativas como mudas exótica. A falta de iniciativas e incentivos fiscais a técnica de reflorestamento são requisitos para a baixa quantidade de hectares plantados. O município de Seabra é uma das primeiras cidades a aderir o sistema de reflorestamento com mudas exóticas na Chapada, visando assim a atender as necessidades do fornecimento de energia para a produção de produtos cerâmicos e outras atividades afins. Coleta de dados das empresas através de questionários O trabalho foi realizado em duas unidades distintas, onde se realiza a atividades de fabricação de produtos cerâmicos. A primeira olaria avaliada localiza-se no município de Piatã e a segunda olaria no município de Abaíra que fica equidistante 24 km. A coleta de dados foi mediante aplicação de um questionário, com diversos itens necessários para realização deste estudo. Com as informações foi possível diagnosticar a cadeia produtiva destas atividades, além de analisar a demanda de lenha necessária para a fabricação dos produtos. RESULTADOS E DISCUSSÃO I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 118 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. A atividade de produção de tijolos no município de Abaíra teve início no ano de 1999, com a construção do primeiro forno com capacidade de produzir mil tijolos mês, que geralmente é consumido 2m3 de lenha por mês. No ano de 2001 foi construído mais um forno com a mesma capacidade de produção e no ano de 2003 repetiu-se a iniciativa com a construção de mais um forno com a mesma demanda de produção. Com o aumento da demanda pelo produto, associado ao crescente desenvolvimento das cidades da região, os proprietários em 2005 construíram mais um forno com capacidade de produzir dois mil tijolos mês, consumindo em média 3m3 de lenha por mês. E por fim, no início do ano de 2008, foi construído outro forno com a mesma demanda de produção do último forno. No município de Piatã, a ideia de construir uma olaria teve início na década de 80, até mesmo com a obtenção do CMPJ da fábrica. Mas, a instalação da olaria só veio a se concretizar no ano de 2007. A olaria possui dois fornos, sendo que cada forno produz 20 mil tijolos mês e consomem 25m3 de lenha e no mês a olaria produz 60 mil tijolos. No primeiro ano de funcionamento da olaria eram produzidos apenas 40 mil tijolos por mês com consumo médio de 50m3 de lenha e nos anos seguintes são queimados três fornos por mês. A Figura 1 mostra um comparativo entre os dois municípios na atividade da produção de cerâmicas nos últimos anos. Comparativo de consumo de madeira entre as olarias de Piatã e de Abaíra nos últimos 11 anos. 2000 1000 0 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 total Abaíra Piatã Figura 1. Comparação de consumo entre os dois municípios na atividade de produção de cerâmicas. Pela análise da Figura 1, é possível constatar que a fabricação de produtos cerâmicos no município de Abaíra, mesmo tendo iniciado antes, apresenta característica de produção artesanal, pela quantidade de produtos cerâmicos ou pela quantidade de matériaprima (lenha) para a queima dos fornos. A olaria de Piatã em termos industriais ainda está abaixo da média, comparando com uma grande olaria que produz 5 mil tijolos diários, de acordo com Diário do Grande ABC (2007). Contudo, já apresenta requisitos de uma média empresa. Com relação à obtenção da matéria-prima para o fornecimento de energia aos fornos foi feito uma análise da demanda de lenha na região e observou-se que a quantidade de produtos madeireiros utilizados pelos fornos é relativamente baixa e observa-se que a madeira utilizada nos fornos de Abaíra é oriunda 100% da mata nativa do município. A Figura 2 mostra a quantidade e sua origem no fornecimento de energia aos fornos da outra olaria em questão. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 119 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Origem da madeira utilizada na olaria de Piatã outros materiais queimados Seabra (reflorestamento eucalipto) mata nativa 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% madeira utilizada nos fornos Figura 2. Produtos madeireiros e não madeireiros utilizados nos fornos para fornecimento de energia. Pelo fato da empresa necessitar, na grande maioria, de produtos madeireiros, houve por parte dos seus proprietários, uma falta de planejamento em relação a reflorestamento, onde viesse a suprir a demanda de madeira para o fornecimento de energia aos fornos. A falta de um bom planejamento, qualquer que seja a atividade, o retorno do capital à empresa é comprometido. Um planejamento bem feito evita que a empresa fique sem alternativas para a falta de fornecimento da matéria-prima para produção além de saber como buscar o cliente. CONCLUSÃO É possível constatar que a falta de um planejamento adequado para suas instalações, pode acarretar possíveis problemas de produção futura. Iniciativas de incentivos a implantação do sistema de reflorestamento com mudas nativas e exóticas, devem ser implantadas e manejadas nas localidades. A produção nos municípios, ainda é considerado baixo e sem planejamento adequado para expansão. REFERÊNCIAS DIÁRIO DO GRANDE ABC. Olarias o fim das mais antigas industrias do ABC. Disponível em: http://blog.controversia.com.br. 2007. Acesso em: 20 set 2009. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (Rio de Janeiro, RJ). Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura. IBGE, 2007. LEANDRO, P. Queimadas causam desolação entre habitantes da Chapada Diamantina. Disponível em: http://www.coreiodabahia.com.br/parking. Acesso em set 2009. MAILHO, M.L. & CAVANAGHI, V. Gestão de Estoque no Processo de Fabricação: Um estudo de caso na indústria de processamento de madeira. IV Congresso Nacional de Excelência em Gestão. 2008. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 120 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. MATÉRIA-PRIMA, SETOR FLORESTAL E RESÍDUO NA INDÚSTRIA MADEIREIRA DO MUNICÍPIO DE PLANALTO – BA Mariana de Carvalho Aguiar Ribas1, Giovanni Correia Vieira1, Alcides Pereira Neto1, Gilmar Correia Silva2 1 Discente do Curso de Engenharia Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04, Vitória da Conquista - BA 2 Docente do Curso de Engenharia Florestal, UESB, Estrada do Bem Querer, km04, Vitória da Conquista – BA. e-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO: O município de Planalto, localizado próximo da cidade de Vitória da Conquista, enfrenta problemas devido à utilização de espécies nativas da região para a construção civil e confecção de móveis, o que torna essa situação ainda mais agravante é o desmatamento ilegal de extensas áreas para que haja destinação da madeira para estes fins. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a origem da matéria-prima, a situação do setor florestal na região e a geração de resíduos na atividade industrial de transformação da madeira no município de Planalto – BA. Muitos municípios caracterizaram-se pela falta de mão-de-obra qualificada, equipamentos obsoletos e alto índice de desperdício nas indústrias de transformação da madeira. As serrarias integram grande parte deste setor, e trabalham sem mecanismos para inserção de tecnologia no pátio de desdobro ou de otimização da produção, o que gera um baixo rendimento no processamento da madeira. Palavras-chave: Setor florestal; Resíduos; Industrialização da madeira. INTRODUÇÃO A cobertura vegetal do estado da Bahia encontra-se atualmente numa situação muito critica, tendo em vista a devastação que as florestas vêm sofrendo ao longo dos anos através da atividade madeireira e do avanço da fronteira agrícola, as quais são estimuladas pelo rápido crescimento populacional. A atividade madeireira contribui com o desmatamento, quando não planejada, já que a maioria das madeiras, tanto madeira serrada como para geração de energia, utilizadas são provenientes de mata nativa (CAF, 2008) O resíduo que é gerado pela indústria madeireira é um material que constitui uma ameaça para o meio ambiente quando é disposto de forma inadequada, porém pode ser utilizado para fortalecer a economia de algumas cidades (FRANCESCHINI, 2004). A questão do resíduo florestal na indústria é muito importante já que gera algumas perdas no processo, estima-se que do volume total de uma tora, seja aproveitado cerca de 40% a 60%, significando que a cada 10 árvores cortadas, apenas 5 serão aproveitadas comercialmente (FEITOSA, 2008). Segundo Vianez (2008) a perda média, em serrarias, chega a 50%, ou seja, metade da madeira vira resíduo, isso mostra que uma grande quantidade de resíduos é gerada pelo processamento inadequado da madeira pela indústria, porém essa percentagem poderia ser aumentada através da manutenção de maquinas e no treinamento de mão-de-obra. No processo de desdobro de uma tora de madeira que ocorre na serraria, a geração de resíduos é inevitável, sendo que o volume e tipos de pedaços de fragmentos gerados são dependentes de vários fatores, então, o planejamento correto do tipo de corte, uso de serras I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 121 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. e maquinário adequado, podem ser utilizados para diminuir os resíduos (CAF, 2008). A maioria das serrarias não aproveita os resíduos, repassando-os para a utilização em fábricas de compensados, olarias e caldeiras. O aproveitamento de resíduos tem proporcionado uma alternativa socioeconômica às empresas, ambientalmente adequadas ao gerenciamento de resíduos sólidos industriais (FEITOSA, 2008). O presente trabalho teve como objetivo avaliar a origem da matériaprima, o diagnóstico do setor florestal e a geração de resíduos na atividade industrial de transformação da madeira no município de Planalto – BA. MATERIAIS E MÉTODOS Área de estudo O município de Planalto é cortado pela Rio-Bahia/BR 116, com uma área de aproximadamente 815 km2. Apresenta clima variado com períodos do ano frio e chuvoso e períodos muito quentes. A vegetação é formada pela zona da mata e a zona da caatinga. A zona da mata apresenta vegetação alta e viçosa. Lá se encontram árvores como o jacarandá, o cedro, a sucupira, pau-d’arco, entre outras. A Zona da Caatinga com vegetação rasteira, arbustos e quando não chove é de difícil produtividade. Coleta de Dados O levantamento das informações da atividade industrial de processamento da madeira, origem da matéria-prima e geração de resíduos foi realizado através de visita e avaliação in loco, entrevista com os proprietários de quatro empresas do setor, aplicando-se ainda, um questionário contendo questões desde a caracterização da matéria-prima (origem, transporte), caracterização do processo industrial (planejamento da produção), caracterização da comercialização (produtos comercializados, e o destino do produto final), rendimento de madeira processada e resíduos gerados, contendo também algumas informações gerais sobre o mercado madeireiro na região. RESULTADOS E DISCUSSÃO A matéria-prima utilizada na região é proveniente principalmente de florestas nativas dos estados da Região Norte do Brasil (Rondônia e Pará), correspondendo a 87,5% da origem da matéria-prima, conforme o ilustrado na Figura 1. Origem da Matéria - Prima 80% 75% 60% 40% 20% 12,5 % 0% Pará Rondônia 12,5 % Bahia Figura 1. Origem da matéria-prima madeireira no município de Planalto – BA. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 122 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Dados semelhantes ao da Figura 1 podem ser observados em um trabalho realizado na cidade de Seabra, onde 85% da madeira é proveniente do Pará e 15% do estado da Bahia. Observa-se que um pequeno percentual de madeira é oriundo do próprio estado, onde apesar da distância e do custo do frete, considera-se viável a aquisição de determinadas espécies de locais distantes, em função do valor final da madeira processada. Outros fatores que influência na utilização da madeira oriunda de florestas nativas são: a falta de tecnologia para produzir madeira de boa qualidade em florestas plantadas, a cultura da população local e a estética das madeiras. A falta de matéria prima florestal para suprir de maneira sustentável as demandas locais e regionais do setor madeireiro da Região Sudoeste da Bahia tem contribuído para intensificar o processo de desmatamento com intensa retirada de madeira de áreas de mata nativa. No quadro 1, é apresentado o consumo anual de madeira em m3 em 2008 e o esperado para o ano de 2009. Quadro 1. Consumo de madeira em 2008 e o esperado em 2009 pela indústria madeireira de Planalto. Consumo total de Madeira (m3) Consumo por tipo florestal (%) Floresta Nativa Floresta Plantada Ano de 2008 75 100 0 Esperado para 2009 94 100 0 O consumo refere-se ao somatório de madeira serrada de cada estabelecimento consumido pelas quatro empresas da cidade. Dados semelhantes foram encontrados num estudo realizado na região de Londrina, Maringá e Paranavaí. Um fator verificado ao analisar o consumo por tipo de floresta foi à ausência da utilização de espécies oriundas de floresta plantada, que ainda não tem participação nesse mercado, isso mostra a necessidade de projetos nessa área para diminuir a demanda por produtos da floresta nativa e aumentar as florestas plantadas, que possuem material também de qualidade quando bem manejadas. Os entrevistados quando questionados se por acaso no ano de 2008 existisse uma oferta maior de madeira se esse consumo seria ascendente, 100% dos proprietários, afirmaram que sim, já que a principais dificuldades de se trabalhar com a mesma estão relacionados com a obtenção do material e principalmente a indisponibilidade de mão-deobra qualificada. As principais espécies utilizadas para fins mais nobres (portas, portões, movéis) são o jatobá(Hymenaea courbaril), angelim(Andira sp.), favinha(Macrosamanea Pedicellaris), vinhático(Plathymenia reticulata). As madeiras mistas são utilizadas principalmente na construção civil. Os principais defeitos que essas madeiras apresentam são a presença de rachaduras e empenamento causados por defeitos de secagem. A madeira como material higroscópico e anisotrópico favorece durante o processo de secagem o surgimento de deformações e tensões. Essas alterações verificadas na estrutura da madeira são chamadas de defeitos de secagem. Estes defeitos além de dificultarem o processo de industrialização dos serrados e lâminas de madeira, também geram perda de produtividade. As rachaduras que se desenvolvem durante o processo de secagem, são decorrentes da formação de gradientes de umidade acentuados em uma mesma peça. Elas são formadas no início do processo, e acentuadas durante a secagem. Empenamentos são distorções no comprimento I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 123 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. da peça. São decorrentes de tensões internas da madeira, grã irregular e, principalmente, devido a problemas de empilhamento(ABIMCI, 2008). Essas empresas realizam somente o beneficiamento, ou seja, já compram a madeira serrada e realizam apenas as transformações nos estabelecimentos. Nessas transformações há uma geração de residuos considerável. O resíduo é um subproduto dos processos de beneficiamento da madeira, nos estabelecimentos pesquisados nota-se que 50% desses resíduos são destinados para a venda (abastecimento de fornos) e que 50% é doado principalmente para abastecer fornos e forrar caminhão de gado da região. A utilização dos resíduos para geração de energia é uma alternativa ideal para evitar o destino inadequado desse material no ambiente. A doação desse material foi justificada pelo espaço que esse material ocupa. Isso mostra a necessidade de projetos na área para que esses resíduos possam ser utilizados totalmente para a venda, maximizando assim, os ganhos e agregando valor na cadeia produtiva. No Brasil, uma grande quantidade de resíduos florestais são gerados anualmente pelas diversas indústrias de base florestal, um exemplo pode ser dado pela geração de resíduos na cadeia produtiva de serrados de Pinus que é da ordem de 75%, ou seja, apenas 25% do volume total de uma árvore é colocado no mercado na forma de tábuas, caibros, ripas (CAF, 2008). Observando que o Brasil tem hoje um índice de aproveitamento de madeira tropical que não ultrapassa os 42% na indústria, com o restante dividido em 30% nas caldeiras e queima de carvão e 28% de desperdício (UFPR, 2008). Portanto, para diminuir os impactos nas florestas nativas e ter um desenvolvimento sustentável faz necessário: a utilização de madeiras de florestas plantadas, principalmente em áreas degradadas; otimização dos processos de produção; aproveitamento dos resíduos; qualificação dos profissionais do setor. CONCLUSÃO - A região adquire 100% da madeira de florestas nativas; - 87,5% da madeira utilizada vêm da região norte do país, Rondônia e Pará; - As principais espécies utilizadas para fins mais nobres são: jatobá Hymenaea courbaril, angelim(Andira sp.), favinha(Macrosamanea Pedicellaris), vinhático(Plathymenia reticulata); - As madeireiras da região não possui tecnologia e mão-de-obra qualificada para aproveitar o resíduo e incrementar a receita. REFERÊNCIAS ABIMCI, Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente. Defeitos de secagem. Dez 2004- 15-Artigo Técnico 28 CAF. Energia a partir de resíduos florestais. Consultoria agroflorestal. Disponível em: <www.cafltda.com.br/01/2005_01.htm > Acesso em: 13 set. 2009. FEITOSA, C. B. Aproveitamento econômico dos resíduos de madeira como alternativa para minimização de problemas sócio-ambientais no estado do Pará. Rev. Madeira. nº 114. FRANCESCHIN, G. L. Biomassa de madeira pode gerar 28 MW de energia. GM, 20/04/2004, Saneamento & Meio Ambiente, p. A25. Disponivel em: <pib.socioambiental.org/c/noticias?id=32081> Acesso em: 10 set. 2009 I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 124 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. UFPR. Projeto da Engenharia Florestal da UFPR visa eliminar o desperdício na indústria madeireira. Universidade Federal do Paraná. Disponível em: <www.bastaclicar.com.br/noticias/noticia_mostra.asp?id=8551> Acesso em: 10 set. 2009. Uso de resíduos madeireiros na economia e ecologia amazônicas IBICT. Canal Ciência. Disponível em: <www.canalciencia.ibict.br/pesquisas/pesquisa.php?ref_pesquisa=4> Acesso em: 13 set. 2009. VIANEZ, F. B. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 125 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. MORFOLOGIA DE Lampetis nigerrima (KERREMANS, 1897) (COLEOPTERA: BUPRESTIDAE) 1 Janaína De Nadai1; Norivaldo dos Anjos2 2 Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop; Universidade Federal de Viçosa, Viçosa e-mails: [email protected]; [email protected] RESUMO: Objetivou-se definir caracteres e estado de caracteres para diagnose e descrições da a morfologia de adultos de Lampetis nigerrima. Foram utilizados insetos coletados em povoamento de Eucalyptus grandis vs E. urophylla de Grão Mogol-MG. Os estudos foram realizados no Laboratório de Entomologia da Universidade Federal de Viçosa. Os desenhos foram realizados com o auxílio de estereomicroscópio e microscópio, ambos acoplados a câmara-clara. L. nigerrima tem como caracteres diagnósticos o corpo fortemente quitinizado e alongado, tegumento com pontuações na região ventral; élitros de cor verde-escura metálica, longos e estreitando-se gradativamente na parte posterior, margem posterior apical bilobada contendo cerdas brancas inseridas em depressões circulares. Cabeça hipognata, dorsalmente mais larga do que longa, não ultrapassando a maior largura do pronoto. Pernas perfeitamente livres e desenvolvidas, fêmur, tíbia e tarsomêros sem modificações nos três pares de pernas. Abdome com coloração pretoviolácea brilhante, com cincos esternitos visíveis em ambos os sexos. Quilha mediana presente do primeiro ao quinto segmento, apresentando-se muito saliente no primeiro. A forma da margem posterior do sétimo uroesternito é arredondada nas fêmeas e há uma projeção pontiaguda no centro da margem posterior do sétimo uroesternito nos machos. Palavras-chave: Entomologia, taxonomia, besouro desfolhador, eucalipto, Brasil ABSTRACT: Objective was to define characters and character state for diagnosis and descriptions of the morphology of adults of Lampetis nigerrima (Kerremans, 1897) in order to find out important characters which can be used in this specie identification. Field activities were carried out in a commercial eucalypt plantation of cloned hybrid trees (Eucalyptus grandis vs E. urophylla), in the Grão Mogol, Minas Gerais. Lab works were developed at the Federal University of Viçosa. Redescriptions of the species L. nigerrima is made. The main structures used in species differentiation were body strongly chitinized and elongated, tegument covered by visible punctuations with the naked eye in ventral view; elytra dark-green -, long and being narrowed in the subsequent part, margin subsequent apical 2-lobed, containing white bristles inserted in circular depressions, indicating strong evidence to this species identification. Head hypognathous, wider than long, not surpassing the largest width of the pronotum. Abdomen black with violacea diamond, with five visible sternites in both sexes. First to the fifth segment with a keel medium, very salient in the first. The form of the subsequent margin of the seventh round urosternites in females and a sharp projection in the center of the subsequent margin of the seventh urosternites in males. These structures could be used for discrimination of male and female. Key-words: Entomology, taxonomy, leaf eating beetle, eucalypt, Brazil INTRODUÇÃO I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 126 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. A família Buprestidae compreende besouros de tamanho variado com muitas espécies de ocorrência no território brasileiro. Entre estas, há Lampetis nigerrima (KERREMANS 1897) apontado como importante besouro desfolhador de essências florestais e classificado como Família Buprestidae Leach, 1815; Subfamília Chrysochroinae Laporte, 1835; Tribo Dicercini Gistel, 1848; Subtribo Dicercina Gistel, 1848; Gênero Lampetis Dejean, 1833 e espécie Lampetis nigerrima (KERREMANS, 1897). O primeiro registro e descrição dessa espécie no Brasil foram realizados por Kerremans em 1897 que o descreveu ocorrendo no estado da Bahia. Ao realizar a primeira descrição, o autor classificou a espécie como subgênero de Psiloptera solier, conforme constatou Kurosawa (1993). Segundo De Nadai (2005), os adultos de L. nigerrima podem atingir até 28 mm (21,8 ± 0,4 mm), de comprimento. Machos e fêmeas têm estruturas, morfologicamente, distintas no esternitos abdominais (DE NADAI et al. 2005). Considerando que são limitadas as informações sobre insetos desfolhadores de ocorrência no Brasil objetivou-se definir caracteres e estado de caracteres para diagnose e descrições da morfologia de adultos de Lampetis nigérrima. MATERIAIS E MÉTODOS Foram coletados espécimes adultos de L. nigerrima em novembro de 2005 em plantio comercial de eucaliptos híbridos (Eucalyptus grandis vs E. urophylla), no município de Grão Mogol, MG, a 42048’30’’W e 16012’30’’S de longitude e latitude, respectivamente, em região de Cerrado, plano e com 829 m de altitude. Os trabalhos foram realizados nos laboratórios de Entomologia da Universidade Federal de Viçosa e da Universidade Federal do Paraná. A identificação da espécie foi realizada pelo Dr. Maurízio Gigli, da Universitá di Lècce, Roma – Itália. Foram utilizados dez besouros de cada sexo para caracterização e desenho das estruturas. Para as observações o material foi preparado de acordo com Lima (1992) sendo (i) hidratação em água destilada; (ii) dissecação do corpo em cabeça, tórax e abdome; e (iii) hidratação e clarificação em KOH do abdome para o estudo da genitália. Cabeça, tórax, abdome e élitros foram acomodados em placas de Petri contendo areia do mar, fina e branca, imersa em água destilada. Outras estruturas como pernas e antenas foram montadas em lâminas com glicerina ou água destilada. Peças bucais e asas foram montadas entre lâmina e lamínula em glicerina. Os estudos de morfologia externa e genitália foram feitos utilizando-se estereomicroscópio Zeiss Stemi SV6 e para as demais estruturas o microscópio Standard 20, acoplados à câmara-clara (LIMA, 1992). As estruturas foram registradas em desenhos obtidos em estereomicroscópio com ocular duplicada. A genitália foi observada e desenhada em lâminas escavadas contendo glicerina e os desenhos foram escaneados e editados com o programa Adobe Photoshop 7.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO A morfologia do adulto de L. nigérrima confere corpo fusiforme, fortemente esclerotizado, tegumento coberto por pontuações na região ventral. Élitros verde-escuros com margens externas contendo cerdas brancas inseridas em depressões circulares na região dorsal. Cabeça hipognata. Pronoto, região ventral do tórax, pernas e esternitos abdominais, preto-violácea metálica. Parte superior dos tarsômeros azul-violácea, com I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 127 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. intenso brilho metálico. Região ventral do abdome com cerdas muito finas, no sentido longitudinal, nas margens e no centro de cada segmento abdominal e no centro da quilha. Quanto a descrição da cabeça apresenta região dorsal duas vezes mais larga do que longa, não ultrapassando a maior largura do pronoto. Olhos compostos ocupando a maior parte das margens laterais da cabeça. Clípeo estreito com margens retilíneas. Frontalmente presença nítida de um sulco preenchido com pubescências brancas, observadas quando o inseto encontra-se seco. Ventralmente sutura gular não fusionada. Antenas serreadas e inseridas ventralmente azul-violácea; com 11 artículos não ultrapassando o comprimento do pronoto; escapo mais longo e mais largo que o pedicelo. A presença de um nítido sulco localizado na fronte da cabeça é uma característica observada também em espécies de outras tribos da família Buprestidae, como em Pachyschelini e Aphanisticini, segundo Kogan (1964) e Hornburg (2003), respectivamente. Segundo o primeiro autor, Pachyschelus mimus Obenberger, além de possuir cabeça nitidamente sulcada apresenta ainda pubescências brancas adensadas em ambos os lados do sulco frontal. Certos tipos de antenas apresentam estruturas especializadas, como sensilas ou pêlos, que são responsáveis por diversas modalidades sensoriais (CARVALHO et al. 1977). Na superfície de cada artículo antenal de L. nigerrima foram constatados apenas pêlos curtos, os quais devem servir para detecção sensorial, como já demonstrado na família por Volkovitsh (2001). A porção do tórax apresenta pronoto vista dorsal mais largo que longo; convexo; bordas - ângulos laterais- com extremidades arredondadas; mais largo que a cabeça e o mais largo entre os segmentos torácicos; tegumento com sulco abrupto evidente no centro, em sentido longitudinal. Pernas livres e desenvolvidas. Fêmur, tíbia e tarsomêros sem modificações nos três pares de pernas. Fórmula tarsal 5-5-5; o primeiro e segundo tarsômeros iguais em comprimento; parte superior de todos os tarsômeros de coloração azul-violácea e com intenso brilho metálico; parte inferior de coloração marrom. Élitros longos; duas vezes mais longo que largo. Asa membranosa quase três vezes mais longa que larga. Quanto a sua venação apresenta veia subcostal forte e não ramificada unindo-se à veia radial ao final do terço inicial do comprimento da asa, estendendo-se apicalmente ao longo da margem anterior. Presença de veias transversais, oriundas da união de duas outras veias, apresentando as veias 2A-3A1, cúbito-anal, radial-subcostal, radial-mediana. A presença de um sulco muito evidente no pronoto e pontuações no tegumento também foram evidenciadas por Volkovitsh & Kalashian (2003) para algumas espécies do gênero Sphenoptera, mesma família de L. nigerrima. Uma característica muito marcante em machos e fêmeas da espécie em estudo é a presença aleatória, nas margens externas dos élitros, de depressões preenchidas com cerdas brancas, em formato de manchas com coloração branca. Não foi encontrada nenhuma evidência de que esta característica de L. nigerrima ocorra em outros insetos do mesmo grupo, de forma que pode ser mesmo considerada como uma característica externa muito importante na identificação da espécie, como concluiu De Nadai (2005). De acordo com Good (1925), coalescência de veias pode ser considerada como condição evolutiva, como das veias 2A2 e 2A1 que se separaram da veia 2A e a veia 2A4 que se coalesceu com a 3A1, constatados em L. nigerrima. Elas são fundidas apicalmente em coleópteros primitivos e se tornam extensamente divergentes nos mais especializados, como em Buprestidae, permitindo caracterizar L. nigerrima como uma espécie bastante evoluída. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 128 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. A avaliação do abdome evidencou parte ventral com cincos esternitos visíveis, em ambos os sexos. Quilha mediana presente do primeiro ao quinto esternito, apresentando-se muito saliente no primeiro. Na fêmea, o quinto uroesternito é mais largo e convexo no ápice; a margem posterior do sétimo uroesternito apresenta-se arredondada. Genitália com coxitos arredondados e medianamente desenvolvidos. Espermateca globosa e muito flexível, em vista ventral. No macho, o quinto uroesternito é côncavo e o sétimo apresenta uma projeção pontiaguda no centro da margem posterior. Genitália com lobos laterais bem desenvolvidos, arredondados na região apical e esta, com pontuações, cerdas longas e esparsas. Lobos laterais quase do mesmo tamanho que o lobo médio (pênis ou sifão), com o ápice afilado. As estruturas dispostas em torno do lobo mediano de L. nigerrima servem para proteção (SCUDDER 1971) e se apresentaram dentro dos padrões da família Buprestidae, como registrado por Volkovitsh & Liberto (2002) em A. guayarmina. A forma dos parâmeros, bilobada em L. nigerrima, contradiz o que Gardner (1989) registrou como característica da família, a qual deveria ser trilobada. CONCLUSÃO A espécie Lampetis nigerrima foi redescrita de forma detalhada pela primeira vez sendo evidenciadas características importantes para sua identificação. As novas informações morfológicas obtidas são, principalmente, as descrições morfológicas das antenas, olhos, peças bucais, pernas, élitros, asas membranosas, superfície external, área uroesternal e as descrições morfológicas das genitálias de machos e fêmeas. REFERÊNCIAS CARVALHO, M.B.; ARRUDA, E.C.; ARRUDA, G.P.A. Glossário de Entomologia. 2. d. Rev. Recife: UFRPE- Departamento de Biologia, 1977. 342p. DE NADAI, J. Biologia de Lampetis nigerrima (Kerremans, 1897) (Coleoptera: Buprestidae) em eucalipto.. Dissertação (Mestrado em Entomologia Florestal)Universidade Federal de Viçosa, 44f. 2005. DE NADAI, J.; ANJOS, N.; SOUZA, R.M.; SILVEIRA, R.D. Dimorfismo sexual em Lampetis spp. (Coleoptera: Buprestidae). Acta Biológica Leopoldensia, v. 27, n.1, p.4346, 2005. ERICHSON, W.F. De fabrica et usu antennarum in Insectis, p.7, fig. D et E, Ι-3. 1857. GARDNER, J.A. Revision of the genera of the tribe Stigmoderini (Coleoptera: Buprestidae) with a discussion of phylogenetic relationships- Invertebrate Taxonomy v.3, p.291-361, 1989. GOOD, H.G. Wing venation of the Buprestidae. Annals of the Entomological Society of America, v.38, p.251-272, 1925. HORNBURG. A new Cylindromorphoides Kerremans, 1903 from the “Gran Sabana” in Venezuela (Coleoptera: Buprestidae). Zootaxa v.130, p.1-6, 2003. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 129 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. KOGAN, M. Estudos taxonômicos e biológicos sobre buprestídeos minadores do gênero Pachyschelus solier, 1833, com a descrição de uma espécie nova (Insecta, Coleoptera). Memória do Instituto Oswaldo Cruz, 62 (fasc. Único), p.63-76, 1964. LIMA, I.M.M. Morfologia ultra-estrutural de Zagloba beaumonti Casey, 1899 (Coleoptera, Coccinellidae), predador de Diaspis echinocacti (Bouché, 1833) (Coleoptera, Diaspididae), Cochonilha-da-palma-forrageira, no nordeste do Brasil.. Dissertação (Mestrado em Ciências)- Universidade Federal Rural de Pernambuco- PE. 124f. 1992. SCUDDER, G.G.E. Comparative morphology of insect genitalia. Annual Review of Entomology, v.16, p.379-406, 1971. VOLKOVITSH, M.G. & KALASHIAN, M.Yu. A new species of Sphenoptera (Subgenus Chrysoblemma) from Iran with taxonomic notes on some Palaearctic species of Sphenoptera from subgenera Chrysoblemma, hoplistura and Tropeopeltis (Coleoptera: Buprestidae), Zoological Institute, StPetersburg, ZOOSYSTEMATIC ROSSICA, v.11, p.331-342, 2003. VOLKOVITSH, M.G. A new subgenus and new species of the buprestid tribe Acmaeoderini (Coleoptera: Buprestidae: Polycestinae) from the Palaearctic and Oriental regions. Proceedings of the Russian Entomological Society. v.77, p.34-43, 2006. VOLKOVITSH, M.G.; & LIBERTO, A. A new species of Acmaeodera Schscholtz, 1829 from Gran Canaria and Tenerife and notes on Acmaeodera (Acmaeotethya) cisti Wollaston, 1862 (Coleoptera: Buprestidae), Vieraea, v.30, p.9-17, 2002. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 130 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. O USO DOS RECURSOS NATURAIS NA ZONA RURAL DO TERRITÓRIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA – BAHIA Jusciária Aragão Vieira1, Samilla Joana Santos de Deus1, Ivana Paula Ferraz Santos de Brito2, Valdemiro Conceição Júnior3 Discente do curso de Engenharia Agronômica da UESB, Vitória da Conquista1; Engenheira Agrônoma, UESB, Vitória da Conquista2; Docente do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia da UESB, Vitória da Conquista 3. E-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO Este trabalho discute a relação de produtores rurais do município de Vitoria da Conquista Bahia com os recursos naturais em suas propriedades. Nesse sentido foram realizadas etapas de acordo à metodologia descrita, tais como revisão de literatura, leitura de paisagem e aplicação de questionários a 336 agricultores familiares locais. Dessa forma foi possível perceber a não existência de grandes preocupações com os aspectos ambientais, visto que dos entrevistados, poucos possuem reserva legal e que apesar da grande importância da preservação dessas, uma parcela expressiva, dos que ainda possuem mata nativa, continua a realizar derrubada, seja para preparo do solo para agricultura, para uso doméstico ou para fins comerciais da madeira. O inadequado uso do solo associado a poucas práticas de conservação, bastante ligado à disponibilidade de capital e áreas, além da quantidade limitada de chuvas, acarreta na sua baixa fertilidade e uma conseqüente diminuição da produção. Palavras-chave: Agricultura Familiar, Desmatamento, Recursos naturais, Reserva legal. INTRODUÇÃO Em razão do alto consumo, do progresso tecnológico e do crescimento demográfico aliados à despreocupação com a limitada disponibilidade dos recursos naturais, os problemas ambientais passaram a apresentar cada vez maiores proporções. Considerar que os aspectos econômicos da agricultura são mais importantes e ter como objetivos cada vez maiores áreas cultivadas e alta produtividade, levaram à degradação e à geração de impactos irreversíveis em curto prazo. A grande perda de solos agricultáveis através da erosão e da sua redução da capacidade produtiva, o assoreamento dos cursos de água e represas e, conseqüentemente, o empobrecimento do produtor rural, (MORAES et al., 2009) são problemas que geram reflexos ambientais, na produção agrícola, e também nas áreas sociais e econômicas de uma região. Vitória da Conquista é o terceiro maior município do estado da Bahia e segundo o IBGE (1996) a agricultura familiar é predominante em seus estabelecimentos rurais, sendo a principal responsável por grande parte da produção de alimentos e ocupação da população local. Esse modelo de agricultura segundo Gasson & Errington (1993) I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 131 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. caracteriza-se pela gestão e trabalho serem realizados pela família, o que acaba criando uma relação direta entre produtor e ambiente, havendo assim a necessidade de maior conscientização e preservação dos recursos naturais. Esse trabalho teve por objetivo identificar a relação de agricultores familiares do território de Vitória da Conquista com os recursos naturais disponíveis em suas propriedades. MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi realizado utilizando-se por base alguns aspectos descritos por Garcia Filho (1999) na metodologia Análise Diagnóstico de Sistemas Agrários, sendo as informações levantadas através de questionários. Entre os meses de março e agosto de 2009 foram realizadas leitura de paisagem e aplicação de 336 questionários a produtores familiares nos municípios de Anagé, Belo Campo, Planalto, Piripá, e no município de Vitória da Conquista - Bahia distritos de Bate-pé, Capinal, Cercadinho, Dantilândia, Inhobim, José Gonçalves e Veredinha, que permitiram obter informações a respeito da disponibilidade e do uso dos recursos naturais das propriedades. Para melhor compreensão, e complementação das informações obtidas nas entrevistas foram realizados estudos bibliográficos sobre o uso permitido da reserva legal, populações tradicionais e a proteção dos recursos naturais. Os dados foram tabulados em planilhas do sistema Microsoft Excel para análise quantitativa, o que permitiu maiores subsídios para a posterior análise qualitativa. RESULTADOS E DISCUSSÃO A lei número 4.771 de 15 de setembro de 1965 que institui o novo Código Florestal Brasileiro (BRASIL, 2009) visa proteger a vegetação nativa do país, e entre outras providências estabelece o percentual mínimo da área a ser destinada à reserva legal, variando de acordo com as diferentes regiões políticas do país. Apesar do estado da Bahia se enquadrar nos parâmetros que estabelecem que sejam mantidos, a título de reserva legal, 20% da área total, entre os agricultores entrevistados apenas 36% a possuem nas suas propriedades. A reserva legal é fundamental para o uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas (BRASIL, 2009). Mesmo com toda essa importância, com a lei impedindo a supressão dessa vegetação, e com as sanções fortemente aplicadas a quem realiza desmatamento ilegal, 23% declararam continuar ainda hoje a fazer derrubadas da mata nativa, por vários motivos. A principal justificativa está relacionada à ampliação da área agricultável e conseqüentemente da possibilidade de geração de renda agrícola. Dos que declararam a área da propriedade, 42% disseram ser esta de até 3 ha, sendo assim, torna-se necessário utilizá-la ao máximo para que seja mantida a propriedade e as necessidades da família sejam atendidas. Também vinculada à ampliação da renda obtida na propriedade, a comercialização da madeira como lenha representa uma possibilidade concreta de renda em épocas de estiagem, onde a agricultura de sequeiro fica impossibilitada (OLIVEIRA & VALERY, 2007), além de gerar economia para grande parte dos 93% de entrevistados que afirmaram utilizá-la, no processamento agroindustrial, e principalmente para fins domésticos. Uma informação importante e preocupante é que a não derrubada da mata, em muitos dos casos, não significa consciência ou responsabilidade ecológica. Essa retirada na I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 132 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. realidade é impossibilitada pela ausência de áreas com mata. A respeito da utilização da área, dos que sabem informá-la, 64% declararam ser de no máximo 80% do total, porém, isso não significa que possuem vegetação nativa, visto a existência de áreas não cultivadas e as destinadas às estradas e à infra-estrutura da propriedade, como casas e benfeitorias. No que se refere à preocupação do produtor com a utilização de técnicas de conservação da qualidade do solo, 63% afirmaram utilizar a consorciação de culturas, também relacionada à máxima utilização da área disponível e a cobertura do solo, evitando o surgimento de ervas daninhas e diminuindo os custos de produção. O consórcio comumente realizado é o de culturas alimentares básicas, como o feijão que ainda tem a vantagem de fixar o nitrogênio, o milho e a mandioca, espécies com sistemas radiculares diferentes que permitem a exploração de diversas faixas do solo. Essa realidade poderia cumprir melhor seus objetivos se fosse ainda associada à rotação das culturas, porém apenas 9% dos entrevistados a fazem, o que poderia também reduzir possíveis usos de produtos químicos para o controle de pragas e doenças Deixar a terra em repouso para a conservação e manutenção dos solos é recomendado e de fundamental importância para que seja possível a recuperação natural da sua capacidade produtiva. Na região estudada 55% dos produtores costumam deixar a terra sem cultivar, porém o período de pousio está relacionado à disponibilidade ou não de chuva durante o ano. Um forte motivo para a não utilização dessa técnica é também ligado à extensão das propriedades, visto que áreas pequenas limitam a possibilidade de rotação das áreas de plantio. Com isso, a tendência é a redução das produtividades, e como solução amplamente difundida pela agricultura “moderna”, a aplicação de cada vez mais insumos para o desenvolvimento das atividades. Matas ciliares, de acordo com Kageyama (1986) e Lima (1989), atuam como barreira física, regulam os processos de troca entre os ecossistemas terrestres e aquáticos, e desenvolvem condições propícias à infiltração da água, além de reduzir a possibilidade de contaminações por resíduos de produtos químicos e do assoreamento dos cursos d’água. Dos entrevistados que possuem algum recurso hídrico nas propriedades, como riachos, nascentes e aguadas, 53% não mantêm mata ciliar e não os protegem da degradação. A ausência dessa proteção gera prejuízos ambientais como as alterações na qualidade e quantidade da água disponível, na biodiversidade e no microclima local e regional, na freqüência e na intensidade das chuvas, que resultam em prejuízos diretos também para a produção da unidade agrícola. CONCLUSÃO Os dados permitem perceber que da forma como são usados atualmente, os recursos naturais das propriedades agrícolas da região amostrada estão perdendo qualidade, e no caso da vegetação nativa, por causa do desmatamento, ficando cada vez mais escassa. É portanto, de fundamental importância o desenvolvimento de ações que visem a recuperação e a preservação dos recursos existentes. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965. Presidência da República, Casa Civil. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L4771compilado.htm >. Acesso em: 10 de outubro de 2009. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 133 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. GARCIA FILHO, D. P. Análise e Diagnóstico de Sistemas Agrários - Guia Metodológico. INCRA/FAO, 1999.65 p. GASSON, R. ERRINGTON, A. - The farm family business - Wallingford, Cab International (1993). KAGEYAMA. P.Y. Estudo para implantação de matas de galeria na bacia hidrográfica do Passa Cinco visando à utilização para abastecimento público. Piracicaba: Universidade de São Paulo, 1986. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Censo Agropecuário, Brasília, 1996. LIMA, W.P. Função hidrológica da mata ciliar. In: Simpósio sobre Mata Ciliar, 1., 1989, Campinas. Anais... Campinas: Fundação Cargil, 1989. MORAES, A. R. et al; Recursos Naturais Programa Educ@r – USP. Disponível em < http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/solo.html > Acesso em: 10 de outubro de 2009. OLIVEIRA, L. C. S.; VALERY, F. D.; Discutindo as Questões do Ambiente Urbano e Rural na Cidade de Governador Dix Sept Rosado/RN. Periódico eletrônico do III Fórum Ambiental da Alta Paulista, ANAP, 2007 I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 134 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. OCORRÊNCIA DE ANTRACNOSE EM MUDAS DE TECA (Tectona grandis) NO ESTADO DE MATO GROSSO Marina Nunes Rondon1, Solange Maria Bonaldo1 1 Universidade Federal de Mato Grosso/Campus Sinop, Sinop,MT e-mail: [email protected] RESUMO: A teca (Tectona grandis) é uma árvore de grande porte, originária da Birmânia, Tailândia e algumas partes da Índia. No Brasil está presente em diversas regiões do Mato Grosso onde é cultivada para a extração da madeira utilizada em construções navais, pontes, decorações, carpintaria e principalmente para móveis, devido a excelente qualidade, resistência, durabilidade e beleza. Em visita a um viveiro de mudas de espécies florestais em Sinop (MT) observou-se a presença de lesões necróticas nas folhas de mudas de teca (T. grandis). Amostras foram recolhidas para realizar a identificação do patógeno em laboratório. O isolamento do patógeno foi realizado através de isolamento indireto que consiste na transferência, para o meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Ágar), de fragmentos infectados de tecido do hospedeiro. Após incubação de sete dias observou-se a formação de colônias fúngicas. Na análise do material ao microscópio óptico (aumento final: 400x) observou-se conídios oblongos e hialinos. Para o teste de patogenicidade, cinco mudas sadias de teca foram inoculadas com suspensão de esporos de 1,0x105 esporos/mL e após quatro dias, verificou-se nas folhas a presença de sintomas, semelhantes aos observados a campo. Para completar os postulados de Koch o patógeno foi reisolado. O patógeno encontrado foi identificado pelos sintomas típicos que causa nas folhas, pelas características das colônias formadas em meio de cultura BDA e, pelas características dos conídios, concluindo-se de que se trata do fungo do gênero Colletotrichum, causador da antracnose em diversas culturas e ainda não relatado para a cultura da teca no Estado do Mato Grosso. Palavras-chave: Tectona grandis; patogenicidade; antracnose. Abstract: Teak (Tectona grandis) is a large tree, originally from Burma, Thailand and some parts of India. In Brazil is present in various regions of the Mato Grosso where is cultivated for the extraction of wood used in naval constructions, bridges, carpentry, and mainly for furniture, because of excellent quality, strength, durability and beauty. Visiting a nursery seedlings of forest species in Sinop (MT) it was observed the presence of necrotic lesions on leaves of seedlings of teak (T. grandis). Samples were collected to perform the identification of the pathogen in the laboratory. The isolation of the pathogen was performed by indirect isolation which consists in the transfer, to the culture medium (Potato-Dextrose-Agar), fragments of infected host tissue. After incubation for seven days showed the formation of fungal colonies. In the analysis of the material under an optical microscope (final magnification: 400x) it was observed oblong conidia and hyaline. For the pathogenicity test, five healthy teak seedlings were inoculated with spores´s suspension of 1.0 x105 spores/mL and after four days, were found in the leaves the presence of symptoms similar to those observed in the field. To complete Koch's postulates, the pathogen was reisolated. The pathogen found was identified by the typical symptoms that cause in leaves, characteristics of colonies formed in culture medium and the characteristics of conidia, concluding that it is the fungus Colletotrichum, the causal agent of anthracnose in various cultures and not yet reported to the culture of teak in the State of Mato Grosso. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 135 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Keywords: Tectona grandis; pathogenicity; anthracnose. INTRODUÇÃO A teca (Tectona grandis Linn. F.) é uma espécie arbórea de grande porte com origem asiática bastante utilizada para áreas de reflorestamento. Possui tronco retilíneo o que facilita os tratos culturais e também é uma planta rústica, com grande rendimento, rápido crescimento e certa tolerância ao calor, pragas e doenças. Sua madeira é muito valorizada no mercado internacional devido à sua excelente qualidade para utilização em móveis finos e na construção naval (DELGADO et al., 2008; MACEDO et al., 2005; POLTRONIERI et al., 2008). Nos últimos anos aumentou-se a demanda dessa espécie pelo setor madeireiro, tornando-a uma alternativa viável para a região Matogrossense, onde a produção tem se destacado (CALDEIRA et al., 2000). Segundo Caldeira & Oliveira (2008) os primeiros plantios comerciais de teca no estado de Mato Grosso foram realizados em 1970 e que atualmente apresenta mais de 50 mil hectares destinados a essa espécie. Poltronieri et al. (2008) relataram a ocorrência do patógeno Rhizoctonia solani em plantas de teca no estado do Pará e comentam que por ser uma espécie relativamente resistente não há registros de doenças que provoquem danos econômicos aos povoamentos no Brasil. Em observações em um viveiro de mudas de espécies florestais, localizado no município de Sinop (MT), verificou-se a presença de lesões foliares em mudas de teca. As lesões encontradas na superfície abaxial acompanhavam as nervuras das folhas assemelhando-se a sintomas de antracnose (Colletotrichum sp.). Até o momento nenhum registro foi realizado sobre a patogenicidade de Colletotrichum sp. em teca no Estado do Mato Grosso, portanto, pela falta de maiores informações, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de confirmar a sua patogenicidade. MATERIAIS E MÉTODOS Amostras de folhas de teca que apresentavam os sintomas da doença foram coletadas para realização de análises no laboratório de Microbiologia/Fitopatologia da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop. A partir das folhas coletadas a campo retirou-se pequenos fragmentos de tecido da região de transição da lesão. Estes fragmentos foram desinfestados em solução de álcool 70% por 30 segundos e, em seguida, em uma solução de hipoclorito de sódio (0,5%) por 2 minutos para então ser transferido, em condições assépticas, para placas de Petri contendo meio de cultura batata-dextrose-ágar (BDA). As placas foram incubadas por sete dias em temperatura ambiente com fotoperíodo de 12 h luz/12 h escuro. Para a realização do teste de patogenicidade inoculou-se cinco plantas sadias de teca com discos de micélio da colônia do patógeno com dez dias de idade (Figura 1 - A), enquanto que outras cinco plantas, utilizadas como testemunha, não foram inoculadas. Depois de realizada a inoculação, todas as plantas foram submetidas a uma câmara úmida durante 24 horas, período necessário para a germinação dos esporos e penetração na folha do hospedeiro (Figura 1 - B). I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 136 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Figura 2: (A) Muda de teca inoculada com um disco de micélio do patógeno; (B) Mudas de teca inoculadas em câmara úmida. RESULTADOS E DISCUSSÃO Quatro dias após a inoculação observou-se o desenvolvimento dos primeiros sintomas de necrose nas nervuras centrais e adjacentes das folhas de teca (Figura 2) que se assemelharam aos sintomas vistos inicialmente em campo. A B Figura 3: Primeiros sintomas observados quatro dias após a inoculação, na superfície adaxial (A) e abaxial (B). Para confirmar a patogenicidade do isolado nas plantas inoculadas em que se observou o sintoma da doença procedeu-se o reisolamento do patógeno em meio BDA para completar o postulado de Koch, verificando-se tratar do mesmo patógeno. A identificação do fungo se deu através dos sintomas apresentados nas folhas, típicos de antracnose, das características da colônia e, também, por meio de preparações em lâminas e observações ao microscópio. As colônias formadas a partir do patógeno reisolado apresentaram as mesmas características das colônias obtidas do fungo encontrado no campo, como coloração rósea, rápido crescimento e intensa esporulação. Em observações ao microscópio verificou-se a presença de grande quantidade de esporos de Colletotrichum sp. os conídios, apresentando conídios de formato oblongo, coloração hialina e uninucleados. CONCLUSÃO I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 137 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Pelos resultados obtidos neste trabalho concluiu-se que os sintomas encontrados nas mudas de teca a campo e confirmados pelo teste de patogenicidade são causados pelo fungo do gênero Colletotrichum, sendo necessários outros estudos a cerca do assunto para identificação da espécie do mesmo. REFERÊNCIAS CALDEIRA, S.F.; CALDEIRA, S.A.F.; MENDONÇA, E.A.F.M.; DINIZ, N.N. Caracterização e avaliação da qualidade dos frutos de teca (Tectona grandis L.f.) produzidos no Mato Grosso. Revista Brasileira de Sementes, vol. 22, n.1, p.216-224, 2000. CALDEIRA, S.F.; OLIVEIRA, D.L.C. Desbaste seletivo em povoamentos de Tectona grandis com diferentes idades. Acta Amazônica, vol. 38, n.2, p.223-228, 2008. DELGADO, L.G.M.; GOMES, J.E.; ARAUJO, H.B. Análise do sistema de produção de teca (Tectona grandis L.f.) no Brasil. Revista científica eletrônica de engenharia florestal. ISSN 1678-3867. n.11, fev. 2008. MACEDO, R.L.G.; GOMES, J.E.; VENTURIN, N.; SALGADO, B.G. Desenvolvimento inicial de Tectona grandis L.f. (teca) em diferentes espaçamentos no município de Paracatu, MG. Revista Cerne, Lavras, v.11, p.61-69, jan./mar. 2005. POLTRONIERI, L.S.; VERZIGNASSI, J.R.; BENCHIMOL, R.L. Tectona grandis, nova hospedeira de Rhizoctonia solani no Pará. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.34, n.2, p.291, 2008. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 138 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. OCORRÊNCIA DE Nasutitermes sp. (ISOPTERA – TERMITIDAE) EM Pterogyne nitens TULL., (LEGUMINOSAE – CAESALPINIOIDEAE) EM VITÓRIA DA CONQUISTA – BA Poliana Coqueiro Dias¹, Rita de Cássia Antunes Lima de Paula ² ¹ Mestranda em Silvicultura, UFV, Viçosa – MG ²Docente do Curso de Engenharia Florestal, UESB – Vitória da Conquista - BA e-mail: [email protected] RESUMO: Pterogyne nitens Tull. é uma espécie nativa na região sudoeste da Bahia. Sua madeira é normalmente utilizada para produção de carvão, lenha, mourões, peças estruturais e estacas. Árvores desta espécie foram constatadas, em campo, com presença de biodegradadores. Desta forma, objetivou-se neste trabalho identificar e descrever as injúrias provocadas por agentes xilófagos associados à P. nitens no município de Vitória da Conquista – BA. Realizou-se, no mês de novembro de 2008, a avaliação de um plantio de 500 árvores de P. nitens, quanto à presença de ataque de xilófagos nesta espécie arbórea. Os insetos coletados, foram acondicionados em potes, etiquetados ,contendo álcool 70% e enviados para identificação em nível de espécie. Após observar cada árvore verificou-se a presença de quatro termiteiros em plena atividade, atacando 11 árvores deste plantio. As injúrias provocadas na madeira foram detalhadamente descritas. Após análise dos insetos, pode se afirmar a ocorrência de Nasutitermes sp. (Ordem Isoptera, Família Termitidae) associados a biodegradação da madeira de P. nitens. Este xilófago broqueou a madeira de 11 indivíduos, provocando a morte de 45% destas e nas outras 55% havia total colonização com presença de galerias e caminhos ao longo do tronco. Com isto, conclui-se neste breve trabalho que a P. nitens é uma espécie que se mostrou degradante pelos xilófagos do gênero Nasutitermes, salientando-se a necessidade de estudos nesta área para que se possam contribuir futuros trabalhos que viabilizem o uso correto da madeira desta essência florestal. Palavras-chaves: Cupim-de-solo; amendoim-do-mato; biodegradação INTRODUÇÃO O amendoim-bravo, como também é conhecido a madeira nova (Pterogyne nitens Tull., Leguminosae – Caesalpinioideae) é uma planta nativa desta região da Bahia. A madeira desta espécie é normalmente utilizada para diferentes fins, como exemplo na construção de móveis, construção civil (como vigas, caibros, ripas, tacos e tábuas para assoalhos), construção de carrocerias, interiores de embarcações, vagões, barris e mourões (LORENZI 2002), estando inclusive, com risco de extinção no estado de São Paulo (ITOMAN et al., 1992). No Estado da Bahia de acordo com Novaes et al. (1992) P. nitens pode ser aproveitada com finalidade econômica na região de Vitória da Conquista possuindo múltiplos usos da madeira e sendo utilizada em sistemas agroflorestais. Carvalho (1994) afirmou que a grande utilização da madeira desta espécie florestal é pelo fato das características da madeira moderadamente densa e resistente. A madeira, entretanto, apresenta algumas desvantagens como a biodegradação por agentes biológicos, como microorganismos (fungos e bactérias) e alguns animais, dentre estes da classe Insecta, merecendo destaque para os cupins-de-solo e besouros (LEPAGE et al. 1986). I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 139 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Cupins ou térmitas constituem a ordem Isoptera, e são insetos sociais e predominantemente tropicais (BERTI FILHO, 1993). Assim, climas quentes e úmidos como o do Brasil lhes são favoráveis. Atualmente estão descritas no mundo 2.861 espécies de cupim, das quais 290 ocorrem no Brasil (CONSTANTINO, 1999 citado por TREVISAN et al., 2007) sendo os mais severos agentes destruidores da madeira (PAES & VITAL, 2000), contudo, os de solos, ou subterrâneos, são responsáveis pelos maiores volumes de perdas de madeira no mundo (RICHARDSON, 1993 citados por DUARTE et al., 2008). Até o momento, em plantios de P. nitens ainda não havia relatos sobre a incidência de biodegradadores, desta forma, objetivou-se neste trabalho identificar e descrever as injúrias provocadas por agentes xilófagos associados à P. nitens no município de Vitória da Conquista – BA. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado no município de Vitória da Conquista – BA, no campus da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em novembro de 2008. Durante este mês, realizou-se um caminhamento na área experimental de Pterogyne nitens observando cada árvores de um plantio de 500 indivíduos. Em cada árvore, buscaram-se vestígios de broqueadores (orifícios, serragem, galerias e caminhos) e ou presença de termiteiro na área. Ao detectar a presença dos insetos, os indivíduos foram coletados com a ajuda de um pincel e armazenados em frascos de vidro, contendo álcool 70% e identificados segundo a chave taxonômica de Constantino (1999), além da análise da madeira danificada. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi constatado, num plantio de 500 arvóres de Pterogyne nitens ,11 indivíduos com presença de cupim-de-solo do gênero Nasutitermes (Classe Insecta, Ordem Isoptera, Família Termitidae, Subfamília: Nasutitermitinae) (Figura 1). Observou-se a presença de quatro ninhos deste indivíduos, sendo três destes localizados dentro do plantio e um fora, a aproximadamente a 10m do plantio. Segundo Polato & Alves-Jùnior (2009) Nasutitermes sp. constroem ninhos do tipo arborícula e são encontrados com freqüência em locais que possuam alimento em abundancia. Das árvores atacadas 45% encontraram-se mortas com o tronco já se desfazendo, com grande quantidade de galerias e caminhos, mas ainda em pé. As outras 55% ainda estavam vivas, mas com caminhos (ativos) ao longo de todo o tronco. Na Figura 2 pode-se observar as galerias e caminhos construídos nas paredes da madeira de Pterogyne nitens . FIGURA 1: Amostra de soldado de Nasutirmes sp. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 140 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. A B FIGURA 2: Amostra de P. nitens coletada em campo apresentando galerias (A) e caminhos (B) construídos por Nasutirmes sp. em Vitória da Conquista –Ba. A madeira de P. nitens é de resistência moderada a ataques de organismos xilófagos o que foi comprovado com o ataque de Nasutitermes sp., em árvores ainda em campo. A ocorrência destes insetos associados P. nitens poderá ser um dos fatores que limitarão a utilização da madeira desta espécie para diferentes utilidades, havendo necessidade de se ter um maior conhecimento ao ataque deste xilófago. Cavalcante et al. (1982).salientou, inclusive que estacas de cerne desta espécie florestal é dita como resistente ao ataque de fungos e cupins. Diante desta constatação recomendam-se mais estudos nesta área, no intuito de se obter mais informações sobre a relação deste biodegradador e a madeira de P. nitens para fornecer subsídios que possam viabilizar o uso correto da madeira desta essência florestal. CONCLUSÃO A madeira nova (P. nitens) pode ser atacada por cupins do gênero Nasutitermes, broqueando toda árvore e podendo, inclusive levar alguns indivíduos a morte, necessitando portanto de maiores estudos nesta área para que se possa viabilizar a utilização correta da madeira desta espécie. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVAREZ,G;GATTI,A.B. Influência da temperatura de condicionamento osmótico na viabilidade e no vigor de sementes de Pterogyne nitens Tull.Rev. Bras. Sementes. v.27 n.2 Pelotas dez. 2005.. BERTI FILHO, E. (Coord.) Manual de pragas em florestas – Cupins ou Térmitas. São Paulo: IPEF/SIF, 1993. v. 3. CAVALCANTE, M. S. Métodos para aumentar a durabilidade da madeira. Boletim da Associação Brasileira de Preservadores de Madeira, São Paulo, n. 36, p. 159-170, 1985. DUARTE, F. G.; SANTOS, G. A.; ROSADO, F. R.; DELARIVA, R. L.; SAMPAIO, A. C. F. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 141 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. CAVALCANTE, M.S.; MONTAGNA, R.G. LOPEZ, G.A.A.; MUCCI, E.S.F. Durabilidade natural de madeiras em contato com o solo. Silvicultura em São Paulo, São Paulo, são Paulo, v.6, 16ª PT.2, p.1383 -1389, 1982. CARVALHO, P.E.R. Espécies Florestais Brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e uso de madeira. Colombo: Embrapa CNPF, 1994, 640p. CONSTANTINO, R. Chave ilustrada para identificação dos gêneros de cupins (Insecta: Isoptera) que ocorrem no Brasil. Papéis avulsos de Zoologia, v.40, p.387-448, 1999. ITOMAN, M.K.; SIQUEIRA, A.C.M. de F.; CAVASSAN, O. Descrição de quinze espécies arbóreas de mata mesófila do estado de São Paulo ameaçadas de extinção. Salusvita, Bauru, v.11, n.1, p.1-38, 1992. Lepage, E. S., F. C. Geraldo, P.A. Zanotto & S. Milano. 1986a. Métodos de tratamento In: Manual de preservação de madeiras. E.S. Lepage, A.M.F Oliveira, A T de Lelis, G.AC Lopez, J.P Chimelo, L.C. de S Oliveira, M.D. Cañedo, M.S. Cavalcante, P.K.Y Lelo, P.A Zanoto & S. Milano. Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo Capítulo VII; Vol. I; p.380-2. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. 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OS ESTUDANTES DE ENGENHARIA FLORESTAL DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA E O CONSUMO CONSCIENTE - A Importância da Educação Ambiental Para a Formação do Consumidor Siléia Oliveira Guimarães¹, Helane França Silva¹, Alcides Pereira Santos Neto², Daíse Cardoso de Souza Bernardino² ¹ Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista - BA, Discentes do Curso de Engenharia Florestal ² Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conuqista - BA, Departamento de Fitotecnia e Zootecnia RESUMO - O reconhecimento da degradação causada ao meio ambiente pelo consumo exagerado de bens e serviços é o que torna possível a diminuição deste consumo. Durante o curso de Engenharia Florestal os estudantes são colocados a par dos efeitos de nossas ações sobre o meio ambiente graças à transdisciplinariedade da Educação Ambiental, que não existe no curso na forma de disciplina formal, mas se expressa dentro do conteúdo curricular de outras. Para avaliar o impacto da educação ambiental na transformação destes alunos em consumidores conscientes foi aplicado um questionário de acordo com a metodologia adotada por Akatu (2007) em todas as turmas de Engenharia Florestal da UESB sendo que 75% dos alunos matriculados responderam a avaliação. Destes 30% podem ser considerados consumidores conscientes e outros 56% engajados nesta questão, comparativamente aos resultados de Akatu (2007) os estudantes de Engenharia Florestal estão muito acima da média nacional. Ademais, a maioria dos estudantes que se preocupam com o que estão consumindo e como estão consumindo são aqueles que possuem renda média familiar abaixo de cinco salários mínimos. Com isso podemos concluir que consumo consciente está ligado à consciência ambiental e que quanto maior o acesso a educação ambiental em todas as classes e todos os níveis de escolaridade menores serão os impactos do consumo desenfreado sobre o meio ambiente. Palavras-chave: Consumo consciente, educação ambiental, educação para o consumo. 1. INTRODUÇÃO Segundo Layrargues (1997) no inicio do ambientalismo existia uma necessidade de se escolher entre desenvolvimento e proteção ao meio ambiente, atualmente a escolha a ser feita é a respeito do tipo de desenvolvimento que se pretende implementar uma vez que desenvolvimento e meio ambiente deixaram de ser antagônicos e passaram a ser complementares. Hoje quando se fala em justiça social planetária há sempre uma referência a aumento de consumo médio de energia per capita para melhorar o padrão de vida de países pobres, considerando-se o estado atual de desenvolvimento tecnológico, elevar o consumo para o padrão dos países de primeiro mundo é definitivamente insustentável e não-generalizável ao conjunto da humanidade. O conceito “sociedade sustentável” parece ser o mais adequado uma vez que permite a cada cidade definir seu padrão de consumo e bem-estar levando em conta sua cultura, história e ambiente natural (Diegues, 1992). Em geral entendemos que as I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 143 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. sociedades de consumo impuseram o fim das “comunidades tradicionais” e que deveríamos buscar novas formas de consumo e produção baseadas em tradições perdidas (Rocha, 2005). Atualmente fala-se em consumidor “verde” ou ecológico que pode ser definido como aquele que busca para consumo apenas produtos que causem menores ou nenhum prejuízo ao meio ambiente. Ou seja: “aqueles que buscam conscientemente produzir, através do seu comportamento de consumo, um efeito nulo ou favorável sobre o meio ambiente e a sociedade como um todo. Uma questão recorrente nos estudos que tentam identificar o perfil destes consumidores é a ausência de relação direta entre consciência ecológica e o comportamento de compra, indicando que nem sempre o conhecimento das questões ambientais signifique um comportamento de compra ecologicamente correto obrigatoriamente (Lages & Neto, 2002). Com base em todas estas informações este trabalho visou verificar se o conhecimento das questões ambientais por meio da educação ambiental aplicada as disciplinas constantes na grade curricular do curso de Engenharia Florestal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia pode ser considerada como fator determinante na formação de consumidores conscientes. 2. METODOLOGIA Com base no trabalho de Akatu (2007) foi elaborado um questionário que foi aplicado aos alunos regularmente matriculados no curso de Engenharia Florestal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 94 no total, sendo 47 moças e 47 rapazes. As perguntas foram utilizadas como critérios para a segmentação do consumidor, tal segmentação foi estruturada de acordo com a Tabela 1, tendo como base o trabalho de Akatu (2007). Tabela 1. Segmentação dos resultados obtidos com a tabulação dos dados dos questionários. Segmento Indiferentes Iniciantes Engajados Conscientes Critério 0 a 2 comportamentos 3 a 6 comportamentos 7 a 9 comportamentos 10 ou 11 comportamentos 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Apenas 72,3% dos estudantes responderam aos questionários, e em sua grande maioria foram enquadrados nos segmentos mais conscientes (engajados e conscientes) e destes a maioria foi do sexo feminino. Tais resultados diferem em muito dos dados encontrados por Akatu (2007) onde apenas cinco por cento dos jovens podem ser considerados conscientes e 28% como engajados, e de acordo com a pesquisa original a escolaridade não é um fator limitador, pois a maioria dos consumidores conscientes possuía apenas o nível fundamental de ensino. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 144 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Avaliando a renda dos estudantes também há uma diferença entre a população geral e os estudantes avaliados, enquanto entre a população geral brasileira encontramos 7% de classe A, 23% de classe B, 37% de classe C e 33% das classes D/E, entre os estudantes avaliados encontramos 63% entre as classes D/E, 30% de classe C e 7% na classe A, corroborando com os dados de Akatu (2007) que diz que o consumo consciente não é exclusividade das classes de maior renda. A diferença de comportamento avaliada entre os estudantes conscientes/engajados é significativa quando comparada aos estudantes indiferentes/iniciantes, quando o grupo de estudantes menos conscientes tem algum comportamento positivo em geral ele está relacionado a economia seja de água ou energia elétrica, o que enfatiza o fato de que o consumo consciente está diretamente relacionado com a educação. Desde a mais tenra idade os pais sempre lembram aos filhos que não devem deixar a luz ou as torneiras abertas não para poupar os recursos do planeta mas para poupar dinheiro, são comportamento intrínsecos que acabam sendo executados de forma mecânica sem analisar o por quê de tal ato. Entretanto quando comparamos os diferentes comportamentos entre os estudantes conscientes e os engajados fica evidente uma preocupação com o meio ambiente, já que os comportamentos mais divergentes tem a ver com a reciclagem de materiais e o consumo de produtos orgânicos (Figura 1). Figura 1. Diferença de comportamento entre os diferentes grupos de consumidores observados entre os estudantes de Engenharia Florestal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. 4. CONCLUSÕES - Os estudantes do curso de Engenharia Florestal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia podem ser considerados consumidores mais conscientes que a média nacional. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 145 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. - Ao contrário da média nacional os estudantes de baixa renda se apresentaram mais conscientes que aqueles com maior poder aquisitivo. - O envolvimento feminino nas questões ambientais parece maior que o envolvimento masculino uma vez que há mais consumidoras conscientes. - Pode-se concluir que o contato dos estudantes com a educação ambiental aplicada transdisciplinarmente ao longo do curso contribui para a formação de consumidores mais conscientes. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Akatu, I. Como e por quê os brasileiros praticam o consumo consciente? São Paulo: Instituto Akatu: 2007, 80p. Diegues, A. C. Desenvolvimento sustentável ou sociedades sustentáveis – da critica dos modelos aos novos paradigmas. São Paulo em perspectiva. São Paulo: v.6, n.1-2, p.22-29, jan./jun. 1992. Layrargues, P. P. Do ecodesenvolvimento ao desenvolvimento sustentável: evolução de um conceito? Proposta. São Paulo, v. 25, n.71, p.5-10, 1997. Lages, N. & Neto, A. V. Mensurando a consciência ecológica do consumidor: um estudo realizado na cidade de Porto Alegre. Anais do 26º ENANPAD. Salvador, BA, 2002 (CDROM). Rocha, S. P. V. O homem sem qualidades: modernidade, consumo e identidade cultural. Comunicação, mídia e consumo. São Paulo: v. 2, n.3, p. 111-122, mar. 2005. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 146 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. PERCEPÇÃO AMBIENTAL NA ÁREA DO ENTORNO DO PARQUE URBANO LAGOA DAS BATEIAS, VITÓRIA DA CONQUISTA/BA Lícia Priscila Azevedo1; Mariana Lemos Santana1; Mariana de Carvalho Aguiar Ribas1; 1 UESB, Vitória da Conquista e-mail: [email protected] RESUMO: Estudos de percepção ambiental vêm sendo incluídos em projetos de educação ambiental que visam subsidiar ações educativas que propiciem maior envolvimento da população local na conservação e proteção do ambiente natural. Dentro desse contexto este trabalho teve como objetivo avaliar a percepção ambiental da comunidade do entorno (bairro Santa Cruz) a respeito do Parque Urbano Lagoa das Bateias. Os dados foram coletados por meio de um questionário aplicados aos moradores do entorno do Parque. A análise dos resultados permitiu concluir que maioria dos habitantes entrevistados (42,9%) reside a mais de 20 anos no bairro; 72,8% dos efluentes domésticos são lançados diretamente na lagoa por falta de infra-estrutura sanitária; a grande maioria dos entrevistados (84,4%) desconhecia o conceito de Unidade de Conservação; e 78,9% não tinham conhecimento que o Parque é uma área de preservação. Palavras–chave: Unidades de conservação; percepção ambiental; Parque Urbano Lagoa das Bateias. INTRODUÇÃO A criação de unidades de conservação é uma estratégia política que vem sendo adotada em termos globais como uma das maneiras de possibilitar a conservação dos ecossistemas naturais, sendo, portanto, considerada uma via essencial à proteção dos processos ecológicos fundamentais (SÃO PAULO, 1998). Entretanto, a criação de unidades de conservação não é o bastante para assegurar a proteção dos recursos naturais, culturais e históricos. Segundo Milano (2000) citado por Bezerra et al. (2008) a criação, por força de lei, de parques, reservas ecológicas e outras áreas naturais protegidas, não têm conseguido solucionar os problemas decorrentes das pressões antrópicas, que por sua vez comprometem a conservação dos recursos naturais e culturais dessas áreas. Segundo Bezerra et al. (2008) citado por Jesus (1993), projetos de conservação de áreas naturais devem ter como base um estudo do estado inicial da área, em que sejam consideradas suas dimensões ecológicas, culturais e socioeconômicas, visando assim, compreender melhor as relações existentes entre os diferentes componentes dos ecossistemas, inclusive o ser humano. De acordo com Santos et al. (2000), pesquisas de percepção ambiental podem ser instrumentos educativos e transformadores desde que propiciem condições para reflexão do próprio indivíduo. O Parque Urbano Lagoa das Bateias está localizado no perímetro urbano e vem sofrendo constantes processos de degradação, principalmente por parte da população do entorno, que, em sua maioria, não possui o conhecimento acerca da importância ecológica da área. A falta de esclarecimento da comunidade dos bairros adjacentes contribui com a degradação do local através de pesca predatória, disposição inadequada do lixo, captura de aves, lançamento de efluentes residenciais na lagoa, dentre outras formas de agressão. Diante desses problemas, verifica-se a necessidade de utilizar instrumentos que possibilitem a compreensão das interações homem-ambiente, bem como, as necessidades e expectativas da população local com relação ao Parque. A descrição dos conhecimentos e sentimentos da população em relação ao ambiente em que vive pode representar uma I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 147 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. ferramenta estratégica para monitorar e promover mudanças de atitudes nos grupos socioculturais (moradores e proprietários de terra do entorno), considerando o pressuposto de que a sensibilização, por meio do conhecimento do sistema ambiental, é condição básica para o envolvimento efetivo dos mesmos. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a percepção ambiental da comunidade do entorno (bairro Santa Cruz) a respeito do Parque Urbano Lagoa das Bateias, visando subsidiar ações educativas que propiciem maior envolvimento da população local na conservação e proteção do ambiente natural. MATERIAL E MÉTODOS Caracterização da área de estudo A unidade de conservação Parque Urbano Lagoa das Bateias localiza-se na zona oeste de Vitória da Conquista/BA, entre os bairros Santa Cruz, Bateias, Loteamento Terras do Remanso, Cidade de Serrinha, Urbis II e Urbis III, compreendendo uma área de aproximadamente 53 ha que representa 0,4% da bacia do córrego Santa Rita. O mesmo faz parte da bacia do Rio Pardo e encontra-se a 900 m acima do nível do mar (LIMA et al., 1999). A lagoa se caracteriza em três tipos de ambientes: o espelho d’água (26 ha); o litoral (13 ha) e a zona alagada com taboas (14 ha). Essas áreas podem sofrer alterações em suas dimensões em virtude das mudanças nos níveis das chuvas. A heterogeneidade de habitat e a variação sazonal possibilitam uma grande diversidade biológica (VITÓRIA DA CONQUISTA, 2006). O bairro Santa Cruz foi escolhido para coleta de dados por possuir maior proximidade com o Parque, localiza-se na zona oeste da cidade e abrange uma área de 35,11ha, trata-se de uma invasão urbana. A população que reside neste bairro não dispõe de infra-estrutura adequada, principalmente, esgotamento sanitário e rede drenagem. Coleta dos dados Os dados foram coletados por meio da aplicação de um questionário no período de 30 de março a 08 de abril de 2009. Os moradores foram selecionados de forma aleatória simples. RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram entrevistados 147 moradores do bairro, sendo que 103 do sexo feminino e 44 do sexo masculino. Em relação ao grau de instrução, 10,2% dos entrevistados são analfabetos, 57,2% concluíram o ensino fundamental, 17,7% possuem o ensino médio e nenhum dos entrevistados completou o ensino superior. Os resultados apontam o baixo grau de escolaridade da comunidade do bairro Santa Cruz. O tempo de residência foi uma questão levantada, uma vez que poderia trazer maiores esclarecimentos sobre as relações da população com a área de estudo. Dos entrevistados 6,1% declaram que vivem no bairro há menos de um ano, 11,6% entre 1 a 5 anos, 19% entre 5 e 10 anos, 20,4% entre 10 a 20 anos e 42,9% residem no local há mais de 20 anos. No tocante ao esgotamento sanitário, 87,8% dos entrevistados afirmaram que não existe rede de esgoto. Já com relação ao destino do esgoto, 72,8% dos moradores responderam que é lançado diretamente na lagoa e apenas 18,4% é destinado para fossa I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 148 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. séptica. A falta de esgotamento sanitário é um dos fatores cruciais para a degradação do Parque, pois leva os residentes a lançarem os efluentes domésticos na lagoa. A maioria da população se mostra satisfeita com a obra de urbanização do Parque, conforme mostra a Figura 1. A proteção da Lagoa das Bateias, com a criação do Parque, promoveu um conjunto de benefícios sociais, ambientais, sanitários e econômicos para as comunidades do entorno, visto que, a criação da unidade de conservação tem promovido um foco constante de atenção do poder público para estes locais por meio da instalação de estruturas e serviços públicos (VITÓRIA DA CONQUISTA, 2006). Opinião em relação a obra de urbanização do Parque: Boa 94 entrevistados 9,50% Ótima 15 entrevistados 6,10% Exelente 2 entrevistados 8,80% 1,40% 10,20% Ruim 13 entrevistados 64% Regular 9 entrevistados Péssima 14 entrevistados Figura 1. Opinião dos moradores em relação à obra de urbanização do Parque. Quando questionados em relação às visitas ao Parque, 68% dos entrevistados afirmaram freqüentar a unidade. No que diz respeito à finalidade da utilização, 42,2% afirmaram utilizar o espaço como área de lazer, seguido de 38,7% que utilizam para a prática de exercícios físicos, 17,7% para outras finalidades e 1,4% utilizam apenas com trajeto para o trabalho. Malavasi & Malavasi (2004) citado por Rempel et al. (2008), entrevistando a população urbana próxima a uma unidade de conservação no Paraná, constataram que a maioria da população tem conhecimento da existência desse local. Porém, apenas 59,3% dos entrevistados responderam que já visitaram ou fizeram alguma atividade na área. No que se refere ao conhecimento com a relação à Unidade de Conservação, 78,9% das pessoas questionadas não sabiam que o Parque é uma área preservação. Em relação ao termo Unidade de Conservação, 84,4% do total de entrevistados desconheciam o conceito, e dos 16,6% dos que afirmaram saber, a maioria definiu de forma equivocada. A falta de conhecimento dos moradores do entorno do Parque pode ser reflexo da falta de programas de divulgação a respeito desta unidade. Autores como Santos et al. (2000), Rempel et al.(2008) afirmam que a percepção ambiental de populações do entorno de áreas relevantes à conservação é uma importante ferramenta que serve de subsidio para orientar no planejamento, tanto dos usos e conservação do local como também de atividades para a educação ambiental. CONCLUSÃO As áreas urbanas próximas a Unidade de conservação constituem efetivamente vetores de pressão para a conservação deste importante fragmento ambiental. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 149 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. Considerando-se que o objetivo maior da Educação Ambiental é contribuir para as mudanças de atitudes humanas em relação ao meio, os resultados adquiridos com a presente pesquisa servirão de base para ações com vistas à educação ambiental tanto na comunidade do entorno como no próprio Parque. Verifica-se a necessidade de um trabalho conjunto entre o órgão gestor e a comunidade a fim de promover a sensibilização ambiental em relação à preservação do Parque, sua importância ambiental enquanto Unidade de Conservação, bem como implementar alternativas de lazer e entretenimento para atender a demanda desta população. REFERÊNCIAS ALVES, A.L. Identificação de Impactos Ambientais no Curso Inferior do Rio Pratagy – AL: Imediações do Parque Residencial Benedito Bentes. Recife, 2004. 65 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. BEZERRA, T. M. de O.; FELICIANO, A. L. P.; ALVES, A. G. C. Percepção ambiental de alunos e professores do entorno da Estação Ecológica de Caetés – Região Metropolitana do Recife – PE. Biotemas, v. 21, n. 1, p. 147-160, mar. 2008. LIMA, E.M.; MAIA, M. R.; SOARES FILHO, A. O. S.; SOUZA, A. O.; L.B.; JUNIOR, W. D.; LIMA, E. C. VIII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada. Anais... vol. 1. Belo Horizonte. UFMG. 1999. JESUS, T. P.; SANTOS, J. E.; HENKE-OLIVEIRA, C.; BALLESTER, M. V. R. Caracterização perceptiva da Estação Ecológica de Jataí (Luiz Antônio, SP) por diferentes grupos sócio-culturais de interação. In: SANTOS, J. E. & PIRES, J. S. R. (eds.) Estação Ecológica de Jataí. Volume I, São Carlos: Rima. p.163-206. SÃO PAULO - Secretaria do Meio Ambiente. 1998. Proposta para discussão do Sistema Estadual de Unidades de Conservação. SMA, Série PROBIO/SP – Documentos Ambientais, São Paulo, Brasil, 266pp REMPEL, C.; MÜLLER, C. C.; CLEBSCH, C. C.; DALLAROSA, J.; RODRIGUES, M. S.; CORONAS, M. V.; RODRIGUES,G. G.; GUERRA,T.; HALTZ, S. M. Percepção Ambiental da Comunidade Escolar Municipal sobre a Floresta Nacional de Canela, RS. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 6, n. 2, p. 141-147, abr./jun. 2008. VITÓRIA DA CONQUISTA – Secretaria Municipal do Meio Ambiente. 2006. Diagnóstico da Lagoa das Bateias e Educação Ambiental e Sanitária. Documentos Ambientais, Vitória da Conquista/BA, 27p. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 150 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. PRAGA DA SERINGUEIRA, Tapuruia felisbertoi LANE (COLEOPTERA: CERAMBYCIDAE) EM PLANTIOS COMERCIAIS NO MUNICÍPIO DE SINOP-MT Ronaldo Augusto Dreher Ferrari1, Janaína De Nadai1, Jacqueline Jesus N. da Silva1, Bianca J. Fruet Dacroce1 1 Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop e-mails:[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO: Objetivou-se registrar a presença do inseto Tapuruia felisbertoi e as injúrias causadas pelo seu ataque em árvores de seringueira no município de Sinop-MT. Foi realizado monitoramento da área no período de abril a outubro de 2009, através de inspeções mensais, para notificação da presença ou não de insetos praga no plantio. A partir da observação da presença de larvas dos insetos foram coletadas exemplares para identificação taxonômica no ao Laboratório de Biologia Animal da UFMT-Sinop. A coleta dos insetos adultos foi realizada através de gaiolas de “Voil” e armadilhas com atrativos. O registro da presença da forma jovem dos insetos praga ao plantio ocorreu em maio de 2009. O inseto pertence à família Cerambycidae e espécie Tapuruia felisbertoi Lane. O ataque ocorreu em todas as árvores do plantio. O inseto adulto realiza a postura entre a casca e o lenho da árvore. A presença de Tapuruia felisbertoi Lane dificulta o processo de extração do látex. Palavras-chave: Proteção Florestal; Sinop; Besouro; Praga Florestal ABSTRACT: Was aimed at to register the presence of the insect Tapuruia felisbertoi and the damages caused by your attack in seringueira trees Sinop-MT. The area was accompanied in the period of April to October of 2009, through monthly inspections, for notification of the presence or not, of insects curse in the planting. Starting from the observation of the presence of larvas of the insects copies were collected for taxonomic identification in the Laboratory of Animal Biology of UFMT-Sinop. The collection of the adult insects was accomplished through cages of " Voil " and traps with attractions. The registration of the presence in the young way of the insects curse to the planting happened in May of 2009. The insect belongs to the family Cerambycidae and specie Tapuruia felisbertoi Lane. The attack happened in all the trees of the planting. The adult insect accomplishes the posture between the peel and the log of the tree. The presence of Tapuruia felisbertoi Lane hinders the process of extraction of the latex. Key-words: Forest protection; Sinop; Beetle; Forestry Prague Introdução A Seringueira, Hevea brasiliensis (Euphorbiaceae) é uma árvore originária da bacia hidrográfica do Rio Amazonas, do seu tronco extrai-se o látex que por coagulação espontânea ou por processos químico-industriais, se transforma no produto comercial denominado de borracha. Embora tenha sido extraída bem antes do descobrimento do Brasil pelos indígenas latino-americanos (CIIAGRO 2005), a borracha ganhou grande importância na economia nacional entre 1880 e 1910, quando constituiu o segundo produto na pauta de exportações brasileiras (VIRGENS FILHO, 1983, apud GASPAROTTO et al., 1997). I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 151 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. A área plantada com seringueira no Brasil ocupa atualmente 150 mil hectares, o que representa apenas 1,50% da área Nacional, segundo dados de 2008 do grupo Internacional de Estudos da borracha (IRSG, 2009). Tapuruia felisbertoi é um inseto nativo do Brasil, apresenta distribuição geográfica relacionada à Floresta Amazônica e região central do Brasil nas florestas de galeria (GONÇALVES et al., 2009). Ainda, segundo o mesmo autor, o inseto adulto é caracterizado por apresentar coloração preta com a metade apical dos élitros avermelhada e uma mancha esbranquiçada no meio da metade anterior. Levantamentos realizados por DALL’OGLIO & FILHO (1997) a plantios de seringueira no estado de Mato Grosso, não relatam a ocorrência desse inseto no ano em que foi realizado o estudo. O primeiro relato e descrição desta espécie foram realizados por Lane (1973) no município de Fordlândia, no estado do Pará e nas margens do Rio Tapajós, no estado do Amazonas. No estado de Mato Grosso, o primeiro registro foi feito por GONÇALVES et al. (2009) no município de Nova Xavantina. Este estudo tem objetivo de registrar pela primeira vez a presença de Tapuruia felisbertoi e as injurias causadas a árvores de seringueira no município de Sinop-MT. Materiais e Métodos O estudo foi realizado em monocultura de seringueira, localizado no município do Sinop-MT, (21° 19’S e 43° 06’ W) em região plana de transição entre cerrado e floresta amazônica, com cerca de 384 metros de altitude, precipitação pluviométrica média de 2000mm/ano e temperatura média anual entre 24 e 26° C (INMET, 2009). O povoamento compreende área de seis hectares composto por mudas produzidas por enxerto e semente, com espaçamento 3,5 x 7,0 m entre linhas e plantas, com 19 anos de idade, entretanto a extração de látex vem sendo realizado nos últimos três anos. Nas áreas adjacentes ao plantio havia culturas antigas de eucalipto, pastagens, milho, cana de açúcar e fragmentos florestais nativos da região. Foi realizado monitoramento da área no período de abril a outubro de 2009, através de inspeções mensais, para notificação da presença ou não de insetos praga no plantio. A partir da observação da presença de larvas dos insetos foram coletadas exemplares para identificação taxonômica. A coleta foi realizada manualmente com auxílio de canivete e a amostra foi enviada ao laboratório de Biologia Animal da UFMT-Sinop para identificação em nível de família. A coleta dos insetos adultos foi realizada a partir da captura dos exemplares que emergiam do tronco das árvores e daqueles que já estavam no ambiente. Para a primeira forma de captura foram confeccionadas gaiolas de “Voil” com dimensões de 1,5 m de altura x 1,0 m de largura e instaladas em cinco árvores de forma a envolver os troncos das árvores infestadas, assim, quando os insetos adultos saíssem da casca seriam apreendidos na gaiola. Para segunda forma de captura do inseto adulto foram confeccionadas dez armadilhas atrativas com garrafa tipo pet, sendo cinco contendo como atrativo caldo de cana e cinco contendo álcool 70% de acordo com metodologia descrita por CORDEIRO (2005). As armadilhas foram vistoriadas semanalmente para coleta e caracterização do inseto adulto. Resultados e Discussão I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 152 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. O registro da presença da forma jovem dos insetos praga ao plantio ocorreu no mês de maio de 2009, no entanto, a forma adulta foi observada no mês de setembro de 2009, logo após a ocorrência das primeiras chuvas na região, caracterizando o fim da estação seca. A captura dos insetos adultos só foi possível através das armadilhas de gaiolas, pois as armadilhas contendo atrativo não foram eficazes para atrair o inseto praga. Entretanto, a forma adulta era facilmente coletada utilizando catação manual dos insetos adultos quando estavam ainda entre a casca e o lenho da seringueira. Os insetos adultos coletados no mês de setembro de 2009 foram identificados como pertencentes à família Cerambycidae e a espécie Tapuruia felisbertoi Lane (Coleoptera: Cerambycidae). Durante o monitoramento, através da vistoria detalhada da área foi possível constatar que todas as árvores do plantio foram atacadas por T. felisbertae, e que houve maior incidência de injúrias àquelas oriundas de mudas produzidas por sementes. GONÇALVES et al. (2009) ao relatar o ataque desse mesmo coleóptero em cultura de seringueira, no município de Goianésia-GO, registrou ataque em apenas 5% das árvores. Observou-se que o inseto adulto realiza a postura entre a casca e o lenho da árvore viva, as larvas ao eclodirem permanecem embaixo da casca se alimentado da madeira e produzindo serragem. Esta tarefa realizada pelos insetos, quando em conjunto, produz sons característicos audíveis ao ouvido humano, quando a pessoa se aproxima do tronco da árvore. No entanto, apesar da presença de serragem não foram observadas perfurações no tronco das árvores ocasionado pela forma jovem. A presença da larva de Tapuruia felisbertoi na seringueira torna sua casca flexível. A pupa do inseto fica aderida entre o súber e lenho em casulo construído com a própria casca da árvore. Assim, forma-se crescimento anormal de lenho, conhecido popularmente como “ferida” que, quando se desenvolve em grandes infestações, como na registrada neste trabalho, dificulta o processo de sangria do látex, pois reduz a área de corte e quando este é realizado sobre a área afetada impede o direcionamento da seiva para o pote coletor, diminuindo o volume de extração e por conseqüência, a produtividade do povoamento. Em plantas muito atacadas, as alterações de lenho ocasionadas pelas larvas provocaram excessiva transpiração, diminuindo seu teor de umidade, o que pode levá-las à morte, especialmente no período de seca. A espécie Tapuruia felisbertoi pode ser considerado uma praga existente há pouco tempo no estado de Mato Grosso. Em uma pesquisa realizada em janeiro de 1992 a maio de 1993, por DALL’OGLIO & FILHO (1997), o inseto não foi registrado no estado, mas no ano de 2008 houve registro no município de Nova Xavantina-MT (GONÇALVES et al., 2009). Conclusão A praga da seringueira, Tapuruia felisbertoi LANE (COLEOPTERA: CERAMBYCIDAE) foi registrado pela primeira vez no mês de maio de 2009 em plantio comercial em Sinop-MT. A presença de Tapuruia felisbertoi Lane dificulta o processo de extração do látex. Referências I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 153 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. CIIAGRO. Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas. http://ciiagro.iac.sp.gov.br/ciiagroonline, acessada em 07/10/2005. CORDEIRO,G. Aspectos biológicos de Oncideres saga (Dalman) (Coleoptera: Cerambycidae) e efeitos de seus danos em Acacia mangium Willd. (MESTRADO), UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. 82f. 2005 DALL.OGLIO & O.T.; FILHO. O. Levantamento e flutuação populacional de coleobrocas em plantios homogêneos de seringueira em Itiquira – MT. SCIENTIA FORESTALIS n. 51, p. 49-58, 1997 GASPAROTTO, L.; SANTOS, A. F.; PEREIRA, J. C. R.; FERREIRA, F. A. Doenças da Seringueira no Brasil. EMBRAPA: Brasília, 1997. GONÇALVES, E.C.P.; PEREIRA, J.M.; BENESI, J.F.C.; FURTADO, E.L. Tapuruia felisbertoi LANE (Coleoptera: Cerambycidae) nova praga na cultura da seringueira. In: I simpósio em proteção de plantas, são paulo, 2009, Anais... São Paulo: SIMPROT, 2009. INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA. Previsão Climática, Normais Climatológicas: 2009. Disponível em: http://www.inmet.gov.br/html/clima/mapas/. Acesso em: 29 março 2009. INTERNATIONAL RUBBER STUDY (IRSG). Disponível em: http://www.rubberstudy.com/; acesso em março17/10/09 I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 154 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. PRESENÇA DE CUPIM DE MONTÍCULO E CUSTOS DE REMOÇÃO DO CUPINZEIRO EM PLANTIOS DE TECA Ronaldo Augusto Dreher Ferrari1, Janaína De Nadai1, Evandro Mauro Tibola1, Fábio Ferreira de Azevedo1 1 Universidade Federal de Mato Grosso, Sinop e-mails: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] RESUMO: A incidência de cupins semi-arborícolas (Nasutiterme sp.) na cultura da Teca (Tectona grandis L. f.) tem causado prejuízos quanto à colheita da madeira devido ao custo de remoção dos cupinzeiros. Foi realizado um estudo com o objetivo de relatar pela primeira vez o prejuízo ocasionado por cupins semi-arborícolas a plantios de Teca. Foram selecionadas aleatoriamente 200 árvores em um talhão de Teca com aproximadamente quatro hectares em Sinop-MT. 61 árvores apresentaram pelo menos um montículo em seu fuste. A partir destes dados e com um nível de significância de 5%, foi construído estatisticamente um intervalo de confiança para a proporção de plantas atacadas, considerando uma população finita. O referido intervalo ficou entre [24,22%; 36,78%] de plantas atacadas por hectare. Palavras-chave: Proteção Florestal; Sinop; Engenharia Florestal; Praga Florestal ABSTRACT: The incidence of semi arboricolous termite’s (Nasutitermes sp.)in Teca cultivation (Tectona grandis l. f.) has caused damage at harvest of wood due to the cost of removal of the nests. A study was conducted to report for the first time the damage caused by semi-arboreal termites on forest’s teca. Was selected randomly 200 trees in a block of teak with approximately four acres in Sinop-MT. 61 trees had at least one mound in its trunk. From these data and with a significance level of 5% was statistically constructed a confidence interval for the proportion of plants attacked, considering a finite population. This range was between [24.22%, 36.78%] of damaged plants per hectare. Key-words: Forest protection; Sinop; Forestry; Forestry Prague INTRODUÇÃO A Teca, Tectona grandis L. f. (Lamiaceae), é uma árvore de grande porte, nativa das florestas tropicais situadas entre 10° e 25°N no subcontinente índico e no sudeste asiático, principalmente na Índia, Burma, Tailândia, Laos, Camboja, Vietnã e Java (IPEF 2009). Devido sua dispersão geográfica e a variedade de ambientes onde ocorre naturalmente, pode ser considerada uma espécie de alta adaptabilidade, com dispersão vertical entre 0 e 1.300m acima do nível do mar, ocorrendo em áreas com precipitação anual de 800 a 2500 mm, e temperaturas extremas variando de 2°a 42°C, porém não resiste à geada (IPEF 2009). Esta essência florestal tem sido cultivada desde o século XVIII, quando os britânicos demandavam grandes quantidades de madeira para construção naval. No sul da Ásia, a cultura de Teca é tradicional, sendo a espécie cultivada em grande escala. Atualmente a área mundial plantada excede os três milhões de hectares, incluindo, além dos asiáticos, outros países tropicais, como Togo, Camarões, Zaire, Nigéria, Trinidad, Honduras, Brasil, entre outros (IPEF 2009). O reflorestamento praticado na Amazônia tornou-se um desafio para os utilizadores de matéria-prima florestal, por serem incipientes os estudos e pesquisas capazes de subsidiar a adoção de procedimentos técnicos adaptados às condições regionais. O tempo I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 155 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. comprovou que o comportamento de algumas espécies nativas implantadas em reflorestamento não apresentou desempenho satisfatório, passando, a maioria delas, por severos ataques de pragas e doenças, outras não resistiram às práticas silviculturais inadequadas, a exemplo dos reflorestamentos com Mogno (Swietenia macrophylla King.) e Cedro (Cedrella odorata L.), ambos atacados por Hypsipyla grandella (Zeller) (Lepidoptera: Pyralidae), que destrói o meristema apical, promovendo um crescimento irregular do tronco e não permitindo seu aproveitamento comercial. Por outro lado, espécies exóticas como a Teca, adaptaram-se muito bem, isto é explicado pelo rápido crescimento inicial e rusticidade (FIGUEIREDO, 2009) . Apesar de poder ser cultivada apenas em regiões tropicais, a madeira de Teca é muito procurada, principalmente, no continente Europeu, onde o preço por metro cúbico supera o do próprio Mogno (IPEF 2009). Mundialmente, a Teca é apreciada pela qualidade de sua madeira, bem como pela sua durabilidade. No Brasil, existem alguns plantios experimentais com Teca, entretanto, o mais antigo e expressivo reflorestamento foi implantado em Cáceres, no Mato Grosso. Em 1968, a Cáceres Florestal testou espécies madeireiras que pudessem impulsionar o reflorestamento daquela região. Dentre estas, a Teca se destacou pelo rápido crescimento e pelo alto valor da madeira, principalmente, no mercado internacional. No estado do Mato Grosso a área cultivada com Teca ultrapassa 50 mil hectares (IPEF 2009). No Brasil, a Teca tem sido manejada em ciclos de corte de 25 anos, enquanto nos demais países de cultivo, esse ciclo varia de 60 a 80 anos. Apesar da diferença de idade no ponto de corte, as propriedades físicas e mecânicas são semelhantes às madeiras de Teca oriundas do sudeste asiático (IPEF 2009). A principal praga da Teca tem sido a Hyblaea puera Cramer. (Lepidoptera: Hyblaeidae), larva desfolhadora que já ocasionou perdas de 44% do volume, em plantios na África e Ásia (FIGUEIREDO et al., 2005). No Estado de Mato Grosso, constatou-se a ocorrência dessa praga em plantios homogêneos de Teca nos Municípios de Cáceres e Rosário Oeste, em 1997 e 1998, respectivamente, no início da estação chuvosa. No entanto, os danos causados pela praga no Brasil não foram considerados de importância econômica (FIGUEIREDO et al., 2005). Outro inseto que comumente é encontrado em plantios homogêneos de Teca é o cupim de montículo, Nasutiterme sp. (Isoptera: Nasutitermitidae). Esses insetos vivem em estruturas denominadas de ninho, cupinzeiro ou montículo, que servem de moradia e segurança contra inimigos naturais e contra as adversidades do meio ambiente. No entanto, os montículos muitas vezes encontram-se aderidos na base do fuste da árvore de Teca, apesar de não causar prejuízo direto à madeira, por não se alimentar da árvore viva, ele causa prejuízo indireto ao silvicultor, pois ao construir seu ninho aderido na base do fuste, exatamente onde é realizado o corte da árvore, impossibilita a colheita. Assim, o silvicultor necessita remover os montículos para posteriormente realizar o corte raso da árvore. Nessa contribuição objetiva-se relatar, pela primeira vez, a ocorrência de cupins de montículo, Nasutiterme sp. em Teca e o prejuízo ocasionado por eles ao silvicultor dessa essência florestal. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo foi realizado em um plantio de quatro hectares de Teca com treze anos de idade, plantada em espaçamento 3x2m entre linhas e plantas. A área fica situada na estrada Ruth s/n lote 69 na cidade de Sinop, estado de Mato Grosso, em região plana de transição entre cerrado e floresta amazônica, com cerca de 384 metros de altitude, precipitação I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 156 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. pluviométrica média de 2000mm/ano e temperatura média anual entre 24 e 26° C (INMET 2009). O plantio, constituído de 6600 árvores, foi vistoriado nas seguintes datas, 27/03/2009; 17/04/2009; 08/05/2009; 22/05/2009 e 05/06/2009. A amostragem de árvores contendo montículos aderidos na base do fuste foi realizada de forma aleatória, selecionando-se 200 árvores. Para isto, foi construída uma matriz em que cada árvore foi codificada em função da combinação linha-coluna. Para calcular o valor gasto em remover os montículos aderidos na base de cada árvore foi considerado o custo de um trabalhador diarista, bem como a quantidade de montículos capaz de retirar da base do fuste das árvores em um dia. A partir dos dados coletados a campo e com um nível de significância de 5%, foi construído estatisticamente um intervalo de confiança para a proporção de plantas atacadas, considerando uma população finita, conforme o seguinte modelo matemático: IC = [ p̂ e ]; e Z . 2 ˆ .qˆ p n . N n N 1 ; p̂ x n ; q̂ =1- p̂ Onde: IC = intervalo de confiança; e = erro p̂ = proporção amostral; x = número de sucessos ocorridos em n tentativas; n = tamanho da amostra q̂ = proporção de fracasso amostral; Z = é a estatística definida em função de (valor tabelado); = Nível de significância N = tamanho da população RESULTADOS E DISCUSSÃO Das 200 árvores analisadas 61 apresentaram em seu fuste pelo menos um montículo aderido, portanto com 95% de confiança, a probabilidade de ocorrência de cupins associados à base do fuste das árvores está compreendida no intervalo entre [24,22% ; 36,78%] de plantas atacadas no talhão de quatro hectares, que corresponde as 6600 árvores. O custo do combate para a retirada dos montículos aderidos ao fuste é 10 % do salário mínimo (DE NADAI, 2005), que para o ano de 2009 foi de R$ 47,00/homem/dia, que consegue nesse período retirar aproximadamente 100 montículos, deste modo para o caso aqui apresentado, no cenário positivo (24,22% de plantas atacadas), são 399 plantas atacadas/ha o que representa um custo de R$187,53/ha correspondendo a 40,33% do salário mínimo vigente em 2009 e, no cenário negativo (36,78% de plantas atacadas) são 607 plantas atacadas/ha o que representa um custo de R$285,29/ha ou 61,35% do salário mínimo. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 157 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. JUAREZ et al. (2007) ao submeterem a madeira da Teca à ação de Nasutitermes corniger (Isoptera: Nasutitermitidae) em condições de laboratório, registraram que apenas a parte externa da madeira foi atacada. Entretanto, nesse estudo, os cupinzeiros localizados na base do fuste das árvores avaliadas não estavam provocando injúria direta à plantação, mas, como o cupinzeiro está localizado na base das árvores, exatamente onde se realiza o corte para colheita da madeira, o silvicultor necessita remove-lo antes, gerando gastos. Até o presente momento, poucos trabalhos de pesquisa foram realizados no sentido de elucidar as relações ecológicas entre cupins semi-arborícolas associados a plantios homogêneos de Teca. Os trabalhos publicados e disponíveis à consulta, na grande maioria têm por objetivo quantificar e qualificar danos causados por cupins à madeira serrada (JUAREZ et al., 2007) e a mudas recém plantadas no campo (SILVA et al., 2008), mas trabalhos que relatem os prejuízos ocasionados por cupim de montículo, não foi encontrado na literatura. Na cultura de Teca, não existe relatos quanto aos danos econômicos causados aos silvicultores pela incidência excessiva de montículos aderidos a base do fuste dessa árvore. CONCLUSÃO A incidência de montículos de Nasutiterme sp. associados a base do fuste da Teca pode, quando em proporções iguais ou superiores que 399 plantas por hectare, causar prejuízos econômicos ao silvicultor, sem contudo prejudicar diretamente as plantas. Os cupins de montículo aderidos à base do tronco das árvores de Teca não estavam causando injúria às árvores. Este é o primeiro relato da presença e do prejuízo ocasionado por Nasutiterme sp. a árvores de Teca em Sinop, Mato Grosso. REFERENCIAS FIGUEIREDO, E. O. Perspectivas dos plantios de Teca no Acre: 2009. Disponível em: http://www.cpafac.embrapa.br/chefias/cna/artigos/teca.htm. Acesso em: 27 março 2009. FIGUEIREDO, E. O.; OLIVEIRA L. C. de; BARBOSA, L. K. F. Teca (Tectona grandis L.f.): Principais Perguntas do Futuro Empreendedor Florestal, Embrapa Acre Documentos 97; 2005. 87pg il. INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA. Previsão Climática, Normais Climatológicas: 2009. Disponível em: http://www.inmet.gov.br/html/clima/mapas/. Acesso em: 29 março 2009. INSTITUTO DE PESQUISAS E ESTUDOS FLORESTAIS. Identificação de espécies florestais: Teca (Tectona grandis L.f.). 2009. Disponível em: http://www.ipef.br/identificacao/tectona.grandis.asp. Acesso em: 20 março 2009. NADAI. J. de; Biologia de Lampetis nigerrima (Kerremans, 1897) (Coleoptera: Buprestidae) em eucalipto. Dissertação (mestrado), Universidade Federal de Viçosa/PPGEntomologia. Viçosa-MG. 44f. 2005. JUAREZ, B. P.; RAFAEL, R. M. de; CARLOS, R. L. de; Resistência natural de sete madeiras a fungos e cupins xilófagos em condições de laboratório, Cerne, Lavras, v. 13, n. 2, p. 160-169, abr./jun. 2007. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 158 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. SILVA, J. M. S.; FERREIRA, R. A.; TOSTA, W. F. G.; GIACOMETTI, V. G.; SOUZA, G. O. Entomofauna Observada na Cultura da Teca (Tectona grandis L. f.), no campo, Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal – ISSN: 1678-3867, Ano VII – Número 12 – Agosto de 2008 – Periódico Semestral. AGRADECIMENTOS A Profa Dr. Janaína De Nadai Corassa pelas orientações e ao Eng° Florestal Jaldes Langer, proprietário do viveiro Flora Sinop, por disponibilizar a área estudada. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 159 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. QUALIDADE SANITÁRIA DE SEMENTES DE MADEIRA NOVA (Pterogyne nitens Tull.). Jamille da Silva Amorim¹, Gileno Brito de Azevedo¹, Glauce Taís de Oliveira Sousa¹, Quelmo Silva de Novaes² ¹ Graduandos em Engenharia florestal pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) - Vitória da Conquista-BA. ² Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, UESB - Vitória da Conquista-BA. e-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected]; ²[email protected] RESUMO: Surge cada vez mais a necessidade de utilização de espécies que apresentam rápido crescimento, e ideais para a recuperação de áreas degradadas e para plantios comerciais. Neste contexto, a madeira nova (Pterogyne nitens) apresenta potencial para ser utilizada, no entanto, tem seu uso limitado pela falta de informações científicas sobre a espécie. Com esse trabalho, objetivou-se avaliar a qualidade sanitária das sementes de P. nitens coletadas em árvores localizadas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus de Vitória da Conquista-BA. A avaliação da sanidade foi feita utilizando-se o “Blotter-test”, acondicionando-se 100 sementes de P. nitens em quatro placas de Petri de 150mm, contendo duas folhas de papel filtro em cada uma delas, as quais foram umedecidas com quatro mililitros de água esterilizada. Em seguida, as placas foram incubadas em B.O.D. com temperatura de 25 ± 1 ºC, com fotoperíodo de 12 horas, por um período de 7 dias. A qualidade sanitária foi avaliada pela identificação dos microorganismos associados às sementes, bem como pela porcentagem de ocorrência destes. Os fungos encontrados nas sementes foram Penicillium sp. e Cladosporium sp., apresentando incidências de 5% e 2%, respectivamente. Palavras-chave: sanidade; reflorestamento; fungos. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, o Brasil vem apresentando uma crescente demanda por produtos florestais, principalmente a madeira, e isso, tem proporcionado um grande aumento das áreas reflorestadas com espécies de rápido crescimento. Na região do Planalto da Conquista (BA), as atividades de reflorestamento com espécies exóticas vêm se intensificando. Portanto, a utilização de uma espécie florestal adaptada às condições ambientais da região é de fundamental importância em um programa de reflorestamento. Pterogyne nitens, conhecida vulgarmente na região como madeira nova, é uma espécie que apresenta potencial para ser utilizada em áreas de reflorestamento, no entanto, faltam estudos sobre a espécie, o que dificulta a sua utilização. A espécie pertence à família Fabaceae, tem como origem a Mata Atlântica e ocorre desde o Nordeste do Brasil até o Paraná (LORENZI, 2002). Segundo Carvalho (1994) é uma árvore com alto valor ornamental, sendo recomendada para vias urbanas e arborização de rodovias. Também apresenta valor ambiental sendo recomendada para reposição de mata ciliar em locais com I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 160 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. inundações periódicas e para revegetação em solos arenosos e degradados. Ainda segundo aquele autor, sua madeira possui diversos usos, além de produzir lenha de boa qualidade. O uso de espécies para reflorestamento é limitado devido à falta de informações sobre o comportamento fitossanitário e exigências ecológicas, bem como pela carência de reservas florestais de produção de sementes que sejam manejadas de forma adequada. Uma das principais causas da perda de viabilidade das sementes é a falta de informação a respeito da qualidade sanitária e fisiológica destas, quando são levadas para o campo (DUBOIS, 1970). A sanidade da semente refere-se, à presença ou ausência de agentes patogênicos, tais como fungos, bactérias, vírus e nematóides (BRASIL, 1992). Entre os organismos presentes nas sementes e que podem ser transmitidos para plântulas, o grupo dos fungos é o mais numeroso, seguido das bactérias, vírus e alguns nematóides (MACHADO, 1988). Sementes infectadas são as melhores formas de transmissão e disseminação de doenças (ANSELME, 1987), podendo servir como meio de introdução e acúmulo de patógenos em novas áreas de cultivo. As sementes contendo patógenos não são facilmente reconhecidas e são distribuídas aleatoriamente no campo, constituindo um foco primário de infecção na fase inicial da cultura. Sabe-se que sementes de baixa qualidade sanitária são capazes de comprometer a sustentabilidade do plantio, causando prejuízos muitas vezes irreparáveis aos agroecossistemas, pois elas são portadoras de grande variedade fúngica. Por essa razão, torna-se importante conhecer a sanidade das sementes para auxiliar na execução dos testes de germinação em laboratório e na formação de mudas em viveiro. Diante do exposto, com este trabalho objetivou-se avaliar a qualidade sanitária de sementes de P. nitens coletadas na planta, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus de Vitória da Conquista,BA. MATERIAL E MÉTODOS Frutos de P. nitens foram coletados a partir de árvores localizadas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus de Vitoria da Conquista-BA, os quais foram beneficiados manualmente para a obtenção das sementes. O teste de sanidade foi realizado no Laboratório de Fitopatologia, Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, da referida Universidade. As sementes obtidas foram submetidas a um pré-tratamento para desinfecção em solução de hipoclorito de sódio a 1% por um minuto e solução de álcool 70% por um minuto, e em seguida lavadas em água destilada e secas em papel toalha, sendo estas operações realizadas dentro da câmara de fluxo laminar. A avaliação da sanidade foi feita utilizando-se o “Blotter-test”, acondicionando-se 100 sementes de P. nitens em 04 placas de Petri de 150mm, contendo duas folhas de papel filtro em cada uma delas, as quais foram umedecidas com quatro mililitros de água esterilizada. Em seguida, as placas foram incubadas em B.O.D. com temperatura de 25 ± 1 ºC, com fotoperíodo de 12 horas, por um período de 7 dias. As avaliações foram feitas utilizando-se microscópio estereoscópico, com o qual se analisou cada semente, para verificar a presença de estruturas fúngica e, quando necessário, foram feitas lâminas para observação em microscópio óptico. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na avaliação das sementes de P. nitens detectou-se dois gêneros de fungos, Penicillium e Cladosporium, cuja incidência encontram-se na Tabela 1. Apesar de as I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 161 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. sementes terem baixa incidência de fungos, o conhecimento da ocorrência desses patógenos é necessário para o armazenamento e uso posterior das mesmas. Tabela 1. Incidência de fungos em sementes de Pterogyne nitens.Vitória da Conquista-BA. (2009). FUNGOS INCIDÊNCIA (%) Penicillium sp. Cladosporium sp. 5 2 Nascimento (2006) detectou Cladosporium sp e Penicillium sp. sendo fungos freqüentes em sementes de P. nitens, juntamente com Aspergillus sp. Martins (1991), além de encontrar fungos do gênero Fusarium, Phoma, Phomopsis, Alternaria, Aspergillus, Chaetomium e Trichoderma em sementes de barbatimão, ipê-roxo e ipê-amarelo, encontrou Penicillium e Cladosporium com freqüência. Medeiros et al. (1996) também encontrou esses dois gêneros em sementes de aroeira do sertão (Myracrodruon urundeuva). Os fungos associados às sementes podem ser considerados saprófitas ou potencialmente patogênicos. O gênero Penicillium está entre os gêneros de fungos saprófitas que ocorrem mais freqüentemente associados às sementes de espécies florestais e o gênero Cladosporium está entre os potencialmente patogênicos (SANTOS et al., 2000). Segundo Machado (1988), a associação de sementes com fungos do gênero Penicillium, ocorre após a colheita, durante o beneficiamento e armazenamento das mesmas. Esse gênero é citado com freqüência na literatura em sementes de espécies florestais. Ávila et al. (2005) verificaram que Cladosporium sp., em pitangueira (Eugenia uniflora), inicia a contaminação das semente a partir da infecção de frutos e folhas. Rego (2008) verificou uma baixa transmissão de Cladosporium sp. das sementes para as plântulas de Blepharocalyx salicifolius (Mirtaceae), mesmo tendo um alto índice de emergência. Para P. nitens é necessário que se realize trabalhos para verificar o potencial patogênico dos fungos encontrados em suas sementes. CONCLUSÃO Os fungos Penicillium sp. e Cladosporium sp. foram encontrados associados às sementes de Pterogyne nitens. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANSELME, C.L. The importance of inoculum on seeds in relation to other sources. In: NASSER, L.C; WETZEL, M.M.; FERNANDES; J.M. 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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Curso de Engenharia Florestal. Estrada do Bem Querer, Km 04, Caixa Postal 95, Vitória da Conquista, BA. Email: [email protected]; [email protected] (3) Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, Departamento de Fitotecnia e Zootecnia. Estrada do Bem Querer, Km 04, Caixa Postal 95, Vitória da Conquista, BA. Email: [email protected] (4) Universidade Federal de Viçosa – UFV, Departamento de Engenharia Florestal. Viçosa – MG. Email: [email protected] (1) e (2) RESUMO Este trabalho teve como objetivo a extração dos compostos químicos lipídios, proteínas e carboidratos nas sementes de angico vermelho (Anadenanthera peregrina), bem como a quantificação dos mesmos. A extração e quantificação do teor de lipídios foram realizados em aparelho tipo Soxhlet, pelo método de extração a frio com éter de petróleo por 24 horas, conforme Silva (1990). A extração de proteínas foi feita conforme Alfenas et al. (1991), utilizando-se o tampão TRIS-HCL, 0,1 M, pH 7,5 como solução de extração. Já a quantificação foi feita pelo método de Bradford (1976), utilizando-se albumina sérica bovina (BSA) como padrão. A extração de açúcares solúveis foi feita em banho-maria por 30 min. a 75 ºC (BUCKERIDGE & DIETRICH, 1990). Os açúcares solúveis e o amido foram quantificados pelo método fenol-sulfúrico (DUBOIS et al., 1956), usando-se glicose como padrão. Dentre os compostos químicos quantificados, o lipídio foi o que teve o maior teor nas sementes de Angico Vermelho. PALAVRAS-CHAVES: fisiologia de sementes, sementes florestais, angico vermelho. INTRODUÇÃO De acordo com o Sistema de Classificação de Cronquist, o gênero Anadenanthera pertence á família Mimosaceae. Esse gênero possui quatro espécies arbóreas denominadas popularmente como angico. Segundo Lorenzi (2002) a espécie Anadenanthera peregrina possui fruto tipo folículo (vagem com uma única fenda longitudinal) achatado e deiscente, contendo sementes circulares, achatadas, brilhantes e de coloração escura (marrom escura a preta). A semente desde os primórdios da humanidade até os dias atuais se apresenta como um material de grande importância para a tranqüilidade e prosperidade dos povos. Uma das características da semente que a faz ser a grande responsável pela perpetuação das espécies vegetais, sendo o principal veículo de reprodução das plantas, é a sua capacidade de distribuir a germinação no tempo por meio dos mecanismos de dormência. As sementes têm sido estudadas quanto à composição química de suas reservas, e tal interesse não se dá apenas por seu teor nutritivo, mas por serem úteis na confecção de produtos industrializados (BUCKERIDGE et al., 2004), entre diversos fins. I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 164 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. As principais substâncias de reserva nas sementes são carboidratos, proteínas e lipídios. A proporção dessa composição pode variar de espécie para espécie e até entre espécies de uma mesma família (BORGES & RENA, 1993; BEWLEY & BLACK, 1994). O estudo da composição química é do interesse prático da tecnologia de sementes, porque tanto o vigor quanto o potencial de armazenamento de sementes são influenciados pelo teor dos compostos presentes (CARVALHO & NAKAGAWA, 2000). Para tanto, este trabalho teve como objetivo quantificar os compostos químicos lipídios, proteínas e carboidratos em sementes de angico vermelho. MATERIAL E MÉTODOS A extração e quantificação do teor de lipídios foram realizados em aparelho tipo Soxhlet, pelo método de extração a frio com éter de petróleo por 24 horas, conforme Silva (1990). A extração de proteínas foi feita conforme Alfenas et al. (1991), utilizando-se o tampão TRIS-HCL, 0,1 M, pH 7,5 como solução de extração. A quantificação dos teores de proteínas foi feita pelo método de Bradford (1976), utilizando-se albumina sérica bovina (BSA) como padrão. A extração de açúcares solúveis foi feita em banho-maria por 30 min. a 75 ºC (BUCKERIDGE & DIETRICH, 1990) e repetida três vezes. Após cada extração, a mistura foi centrifugada, retirando-se o sobrenadante. O precipitado foi seco em estufa a 45 ºC, por 48h, e submetido à digestão do amido com um mL de ácido perclórico 35% (PASSOS, 1996). Os açúcares solúveis e o amido foram quantificados pelo método fenol-sulfúrico (DUBOIS et al., 1956), usando-se glicose como padrão. RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 1- Resultados da quantificação de lipídios em sementes de angico vermelho. Repetições Amostra Óleo Óleo % R1 0,6560 g 1g 0,3440 g 34,4 R2 0,6380 g 1g 0,362 g 36,2 R3 0,650 g 1g 0,350 g 35,0 R4 0,533 g 1g 0,467 g 46,7 Tabela 2 – Resultados da quantificação de proteína solúvel em sementes de angico vermelho. Concentração Absorvância Repetições Leitura 1 Leitura 2 Leitura 3 0,05 0,528 R1 1,450 1,399 1,398 0,1 0,676 R2 1,569 1,596 1,494 0,2 0,776 R3 1,549 1,547 1,526 0,4 1,457 R4 1,358 1,398 1,408 0,6 1,957 0,8 2,022 1 2,049 Média 1,416 1,553 1,541 1,388 Carboidrato Tabela 3 – Resultados da quantificação de carboidrato solúvel em sementes de angico vermelho. Concentração Absorvância Repetições Leitura 1 Leitura 2 Leitura 3 Média I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 165 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. 0,2 0,4 0,6 0,8 1 0,357 0,646 0,954 1,211 1,568 R1 R2 R3 1,398 1,137 1,376 1,143 1,154 1,468 1,402 1,194 1,57 1,314333 1,161667 1,471333 Amido Tabela 4 – Resultados da quantificação de amido em sementes de angico vermelho. Concentração 0,2 0,4 0,6 0,8 1 Absorvância 0,413 0,698 1,002 1,334 1,66 Repetições R1 R2 R3 Leitura 1 0,798 0,761 0,853 Leitura 2 0,869 0,841 0,901 Leitura 3 0,879 0,97 0,935 Média 0,84867 0,85733 0,89633 As sementes de angico vermelho apresentaram por grama de massa seca em média 38,1% de teor de óleo (lipídio). Comparando o presente trabalho com um estudo feito com sementes de sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides Benth) por Corte at al. (2006), no qual foi avaliado a mobilização das reservas (lipídio, proteína e carboidratos) durante a germinação e crescimento das plântulas utilizando o mesmo método de extração e quantificação destes compostos químicos empregado nas sementes de angico vermelho, observa-se que estas duas leguminosas apresentaram características semelhantes quanto ao teor de compostos químicos presentes em suas sementes, sendo que ambas tiveram um maior teor de lipídios, seguidos de carboidratos solúveis, proteínas solúveis e amido. CONCLUSÃO A partir dos resultados obtidos pode-se inferir que dentre os compostos químicos quantificados, o lipídio foi o que apresentou maior teor nas sementes de Angico Vermelho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALFENAS, A.C. et al. Eletroforese de proteínas e isoenzimas de fungos e essências florestais. Viçosa, MG: SIF, 1991. 242 p. BEWLEY, J.D.; BLACK, M. Seeds: Physiology of development and germination. 2. ed. New York: Plenum Press, 1994. 445 p. BORGES, E.E.L.; RENA, A.B. 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Isaac Santos da Luz3, Sylvana Naomi Matsumoto2; Lucialdo Oliveira D’arede3, Jerffson Lucas Santos.4 UESB, Vitória da Conquista e-mails: [email protected] RESUMO: O trabalho teve como objetivo investigar a duração do período de exposição das sementes de surucucu a escarificação química em acido sulfúrico (H2SO4) concentrado, para otimização da superação de dormência. As sementes de surucucu (Piptadenia viridiflora (Kunth) Benth) foram submetidos a tratamentos variando o tempo de exposição destas ao ácido sulfúrico concentrado (98%) os períodos foram de 15, 30, 45, 60 minutos e a testemunha. Posteriormente foram mantidas em câmera BOD com temperatura de 25 º C e fotoperiodo de 8 horas. As avaliações realizadas durante dez dias foram porcentagens de germinação (GERM), sementes mortas (MOR) e sementes duras (DUR) e índice de velocidade de germinação (IVG). Os valores máximos de germinação e índice de velocidade de germinação, IVG (98% e 35,5) foram obtida com a exposição das semente a H2SO4 por um período de 35 e 38 minutos, respectivamente. Palavras-chave: Piptadenia viridiflora; Sementes; Escarificação química. INTRODUÇÃO O surucucu (Piptadenia viridiflora (Kunth) Benth) é uma leguminosa arbórea, nativa da região Semi-árida do Nordeste brasileiro da família Mimosaceae. É uma planta rústica, que apresenta madeira de alta densidade, utilizada como lenha no setor ceramista da região Sudoeste do Estado da Bahia. Além da utilização como fonte de energia, diante dos crescentes problemas ambientais, resultante do desmatamento de áreas nativas, o surucucu é visto por ambientalistas, como uma alternativa para o reflorestamento destas regiões (PESSOA, 2007). A propagação dessa espécie arbórea é via semente, e a dormência é um dos problemas que restringe a produção de mudas. A dormência se caracteriza pela incapacidade de germinação das sementes, mesmo estando expostas a condições ambientais favoráveis. Este fenômeno pode ser primário, quando já presente na semente logo que colhida, ou secundário, quando desenvolvida pela exposição da semente a algum fator negativo à germinação após a colheita. (VIEIRA & FERNANDES, 1997). A dormência é um importante mecanismo de adaptação ecológica para sobrevivência das espécies, pois proporciona a sincronia entre as condições ambientais favoráveis e a germinação das sementes. Entretanto, por restringir a germinação, torna-se uma dificuldade para a produção de mudas por via sexuada. (KRANER & KOSLOWSKI, 1972). 3 Graduando do Curso de Agronomia, Bolsista Fapesb Professora Titular, Departamento de Fitotecnia e Zootecnia UESB 3 Graduando do Curso de Agronomia, Bolsista PIBIC 4 Graduando do Curso de Agronomia, Bolsista Fapesb 2 I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 168 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. O trabalho teve como objetivo investigar a duração do período de exposição das sementes de surucucu a escarificação química em acido sulfúrico, para otimização da superação de dormência. MATERIAIS E MÉTODOS As vagens de surucucu foram coletadas manualmente a partir de 20 arvores, localizadas na fazenda Riacho D’antas, município de Riacho de Santana, Bahia. Após a coleta, o material foi levado ao Laboratório de Fisiologia Vegetal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- UESB, campus de Vitória da Conquista, onde foram realizadas as análises. Para a determinação da umidade das sementes, foi adotado o método da estufa, conforme descrito por Brasil (1992), com alteração do período de permanência em estufa para 24 horas. Para análise da condutividade elétrica, foi determinada a massa umidade para 200 sementes e, em seguida foram submetidas imersão em 50 ml de água deionizada, sendo mantidas em BOD a 25° C. Depois de 24 horas procedeu-se a leitura da conduitividade da solução (condutivímetro, modelo DM31, Digimed, São Paulo) (Tabela 1) Tabela 1-Peso de massa úmida (g), massa seca (g), teor de água (%) e condutividade elétrica μC.cm-1.g-1 ) em sementes de surucucu (Piptadenia viridiflora). Vitória da Conquista, Bahia, 2009. MEDIA* MASSA UMIDA (g) MASSA SECA (g) UMIDADE (%) CONDUTIVIDADE( μC.cm1 -1 .g ) 2,004 1,841 8,133 44,376 *Média de quatro repetições constituídas de 50 sementes cada. Para o tratamento de quebra de dormência por escarificação química, as sementes foram imersas em acido sulfúrico concentrado (98%) por períodos de 15, 30, 45, 60 minutos. Posteriormente as sementes tratadas assim como a testemunha foram submetidas à água corrente por 2 horas a temperatura ambiente de aproximadamente 25°C. O experimento seguiu o delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições, sendo a parcela experimental constituída por placa de Petri (145 mm de diâmetro) contendo 50 sementes. as avaliações de sementes germinadas foram feitas a cada 24 horas, durante 10 dias. A partir dos dados obtidos foi estimada a porcentagem de sementes germinadas, duras e moras e IVG. Os valores foram submetidos à analise de variância (p<0,05), teste de Tukey (p<0,05) e análise de variância da regressão (p<0,05) utilizando-se o Programa de Análises Estatísticas e Genéticas, Saeg, versão 9.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi observado o efeito dos diferentes períodos de exposição ao ácido sulfúrico quando foi avaliada a porcentagem de sementes germinadas (GERM) e duras (DUR) e IVG (Tabela 2). Para GERM foi ajustado o modelo polinomial raiz quadrática, verificando-se valor máximo de 98,19% no período de imersão de 35’24’’ em ácido sulfúrico. Os valores de GERM verificados para sementes não expostas à imersão em ácido sulfúrico concentrado foram (aproximadamente 4%). Portanto, a semelhança de outras leguminosas arbóreas nativas da região Semi-árida, foi caracterizada a dormência tegumentar para as sementes de surucucu. Para a otimização de ações de manejo I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 169 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. relacionadas à propagação, o tratamento de imersão em acido sulfúrico foi um excelente agente químico para superação de dormência,. LULA et al., (2000) verificou para o capim marmelada um aumento de 400% na germinação, quando as sementes foram submetidas à tratamento com ácido sulfúrico. Para o IVG, foi ajustado o modelo quadrático o valor máximo foi de 35,5, quando as sementes foram submetidas ao acido sulfúrico por um período de 38’53’’. Até o período de 35 a 38 minutos de exposição ao ácido sulfúrico, foi verificada uma elevação semelhante para GER e IVG (Figura 1 e 2). Entretanto, a intensidade dos decréscimos verificados para períodos de exposição maiores foram maiores para IVG em relação a GERM. De acordo com Alves et al. (2009), períodos prolongados de exposição ao ácido sulfúrico podem promover danos aos tecidos internos das sementes, resultando em desuniformidade do processo germinativo. Tabela 2. Resumo da análise de variância referente a porcentagem de sementes de surucu, (Piptadenia viridiflora (Kunth) Benth)) germinadas (GERM), mortas (MOR) e duras (DUR) e Índice de Velocidade de Germinação (IVG), submetidas á escarificação química com H2SO4 concentrado em diferentes períodos de tempo de exposição. Vitória da Conquista, Bahia, 2009. Causa da variação TRATAMENTO RESÍDUO TOTAL CV(%) 120 GL 4 15 19 QM GERM 6327,700** 17,933 IVG 743,750** 5,834 MOR 10,700 15,533 DUR 6492,000** 2,933 5,639 10,277 66,801 9,014 Germinação (%) 100 80 60 40 20 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 Tempo (minutos) ŷ** =4,82197 +31,4740x 0,5 - 2,65219x (R2=0,9882) Figura 1: Porcentagem de germinação em sementes de surucu, (Piptadenia viridiflora (Kunth) Benth)) submetidas a diferentes períodos de exposição á escarificação química com H2SO4 concentrado. Vitória da Conquista, Bahia, 2009. **Significativo a 1%, pela análise de variância da regressão I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. ISSN: 2236 - 2746 Página 170 UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – Vitória da Conquista-BA, 29 e 30 de outubro de 2009. 40 35 30 IVG 25 20 15 10 5 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Tempo (minutos) 45 50 55 60 ŷ** =1,18893 + 1,76493x – 0,0226913x2 (R2=0,9831) Figura 2: Índice de Velocidade de Germinação (IVG) em sementes de surucu, (Piptadenia viridiflora (Kunth) Benth)) submetidas a diferentes períodos de exposição á escarificação química com H2SO4 concentrado. Vitória da Conquista, Bahia, 2009. **Significativo a 1%, pela análise de variância da regressão CONCLUSÃO A germinação das sementes de surucucu é restringida pela presença da dormência tegumentar. A porcentagem de germinação e o Índice de velocidade de germinação (IVG) das sementes de surucucu foram influenciadas pelo período ao qual foram submetidas ao acido sulfúrico. A otimização do processo de germinação foi obtida para as sementes de surucucu quando estas foram submetidas a um período de 35 a 38 minutos de exposição ao ácido sulfúrico concentrado. REFERÊNCIAS ALVES, E. U.,BRUNO, R. L.,OLIVEIRA, A. P., ALVES, A. U., ALVES, A. U. Escarificação ácida na superação da dormência de sementes de pau ferro (Caesalpinea ferrea mart.ex tu. Var. leiostachya Benth.). Caatinga (Mossoró,Brasil), v.22, n.1, p.37-47, janeiro/março de 2009 BRASIL. Ministério da Agricultura. Regras para analises de sementes. Brasília: 1992. 365 p. LULA, A. de A.; ALVARENGA, A. A. de; ALMEIDA, L. P. de; ALVES, J. D.; MAGALHÃES, M. M. Estudos de agentes químicos na quebra da dormência de sementes de Paspalum paniculatum l. Ciênc. agrotec., v.24, n.2, p.358-366, abr./jun., 2000 I SEMINÁRIO FLORESTAL DO SUDOESTE DA BAHIA Recursos Florestais para o Semi-árido. 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ISSN: 2236 - 2746 Página 173