Universidade Estadual de Londrina CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO No pain, no gain: análise da percepção de instrutores de musculação sobre a transformação corporal e o uso de farmacológicos anabólicos em academias de Londrina-Pr Gabriel Bento Ladeia LONDRINA – PARANÁ 2010 2 GABRIEL BENTO LADEIA NO PAIN, NO GAIN: ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DE INSTRUTORES DE MUSCULAÇÃO SOBRE A TRANSFORMAÇÃO CORPORAL E O USO DE FARMACOLÓGICOS ANABÓLICOS EM ACADEMIAS DE LONDRINA-PR Trabalho apresentado como requisito parcial para a Conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina, sob orientação do Professor Doutorando Márcio Alessandro Neman do Nascimento. COMISSÃO EXAMINADORA ________________________________________________ Prof. Dto. Márcio Alessandro Neman do Nascimento Universidade Estadual de Londrina ______________________________________ Prof. Ms. Mathias Roberto Loch Universidade Estadual de Londrina ______________________________________ Prof. Dr. Ernani Xavier Filho Universidade Estadual de Londrina Londrina, ____ de____________ de 2010 3 LADEIA, Gabriel Bento.No pain, no gain: análise da percepção de instrutores de musculação sobre a transformação corporal e o uso de farmacológicos anabólicos em academias de Londrina-pr.Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2010. RESUMO O corpo é, e sempre foi, objeto de estudo de várias sociedades distintas, passando por varias definições e transformações de conceito. Inclusive as suas concepções de corpo belo e feio, também tiveram suas modificações ao longo do tempo. Atualmente há uma preocupação exacerbada com a construção do corpo ideal, imposta pela mídia e pela sociedade, isto é, de acordo com os padrões atuais a definição de um corpo belo, seria ele, composto por uma baixa porcentagem de gordura e alta porcentagem de massa muscular. Com isso a indústria lança cada vez mais produtos no mercado prometendo para o consumidor o corpo tão desejado. Entre esses produtos estão os farmacológicos anabolizantes, que são vendidos de modo irregular e ilegal, pois a venda sem receita medica no Brasil é proibida. Porém o fascinante resultado atingido por essas substancias, levam cada vez mais pessoas a se utilizarem desses procedimentos. Dentre desse contexto, da busca do corpo perfeito, insere-se mais intensamente o profissional da área da Educação Física e Esporte por estes terem a função de orientar a atividade física e que, por sua vez, essa, pode estar diretamente relacionada ao uso desses farmacológicos anabólicos. Portanto, o presente estudo tem como objetivo analisar a percepção de instrutores de musculação sobre o a transformação corporal e o uso de farmacológicos anabólicos nas academias do Município de Londrina - Pr. Para essa pesquisa foi aplicado um questionário misto, de múltipla escolha, com instrutores de musculação de 13 academias de Londrina. A análise dos resultados obtidos indica que esses profissionais estão mais vulneráveis ao uso desses fármacos. Uma vez que, existe uma “pressão” social para que esses profissionais sejam modelos e representantes de uma estética “saudável”, “bela” e padronizada. Também analisa-se o déficit na formação acadêmica, tanto na Educação Física quanto no Esporte, em relação a informações sobre essas substancias. Sugere-se uma maior abordagem acadêmica sobre farmacológicos, já que é um assunto que consta presente no ambiente de trabalho desses profissionais. Palavras-chave:. Anabolizantes. Corpo. Educação Física. Estética. Musculação. 4 LADEIA, Gabriel Bento.No pain, no gain: análise da percepção de instrutores de musculação sobre a transformação corporal e o uso de farmacológicos anabólicos.Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2010. ABSTRACT The body is, and always has been the object of study of several distinct societies, through several transformations and definitions of the concept. Including their conceptions of the body beautiful and ugly, had their changes over time. Currently there is an exaggerated concern with the construction of the ideal body, imposed by the media and by society, that is, according to current standards the definition of a beautiful body, would it be composed of a low-fat percentage and high percentage of mass muscle. With this, the industry launched more products in the market promising to the consumer´s body as desired. Among these products are the pharmacological anabolic steroids, which are sold on an irregular and unlawful, for sale without a prescription in Brazil is prohibited. But the fascinating results achieved by these substances, leading more and more people to use these procedures. Within this context, the search for the perfect body, it fits more closely the professional in the field of Physical Education and Sports because they have the function of guiding the physical activity and that, in turn this can be directly related to the use of anabolic pharmacology. Therefore, this study aims to examine the perception of fitness instructors on the body transformation and the use of anabolic pharmacology at the academies of Londrina – Pr. For this research a mixed questionnaire was applied, multiple choice, with bodybuilding instructors of 13 gyms of Londrina. The results obtained indicate that these professionals are most vulnerable to these drugs. Since there is a social "pressure" for these professionals to be models and representatives of an aesthetic "healthy" "beautiful" and standardized. It also analyzes the deficit academic training, both in Physical Education and in Sport for information on these substances. It is suggested that a better approach academic about pharmacological, since it is a subject appearing in this work environment for these professionals. Keywords: Steroids, Body, Physical Education, Aesthetics, Bodybuilding. 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... .06 2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 14 3 MÉTODOS ............................................................................................................................ 15 3.1 Caracterização do estudo ................................................................................................. 15 3.2 População e amostra ........................................................................................................ 15 3.3 Local ................................................................................................................................ 15 3.4 Procedimentos para a coleta dos dados ........................................................................... 16 3.5 Análise dos dados ............................................................................................................ 16 4 RESULTADO E DISCUSSÃO............................................................................................18 4.1 Caracterização da amostra..............................................................................................18 4.2 Relação corpo e farmacológicos.....................................................................................21 4.3 Conhecimento sobre farmacológicos..............................................................................26 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................34 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 35 7 ANEXOS...............................................................................................................................38 ANEXO I - Termo de consentimento..................................................................................39 ANEXO II - Questionário....................................................................................................40 ANEXO III- Matrizes Curriculares dos Cursos de Ed. Física e Esporte de Londrina-Pr....42 6 1 INTRODUÇÃO Na atualidade, a visão sobre o corpo se transformou e extrapolou a simplificada visão biologizante, adquirindo valoração e expressões amplas tanto na esfera da vida pública quanto no privado. O conceito de corpo, assim, circunscreve-se em diversos patamares ideológicos observados cotidianamente nas práticas sociais em diferentes momentos históricos. Abordar essa temática sobre o corpo nas sociedades contemporâneas requer necessariamente a observação sobre a construção sócio-histórica pautada pelo capitalismo, ou seja, orientado pela ordem econômica, consumista e efêmera (GOLDENBERG, 2007). Desse modo, nos primórdios, o homem era um ser extremamente ativo fisicamente, uma vez que para sobreviver, precisava se proteger de predadores e fenômenos naturais, assim como providenciar sua subsistência (caçar, pescar, subir em árvores para colheitas de frutas, entre outros). Coletivamente, migravam para outros territórios em busca de proteção, moradia e alimentos, realizando assim, longas caminhadas em busca de moradia, sem contar em suas caçadas que o faziam saltar, lutar, correr, ou seja, a atividade física era constante em sua vida. Para tanto, suas ações diárias resultavam em um desenvolvimento corporal apresentado sob a forma de atividades de força física, de resistência e velocidade (PITANGA, 2002, p.50; MORRIS, 1975). A atividade física antes praticada instintivamente, motivada pelas necessidades primitivas do homem, é vista hoje, como uma ferramenta que pode ser utilizada ou não em prol da saúde. Ao mesmo ritmo da evolução do homem, cresceu também o sedentarismo na sociedade. Dentre vários aspectos sociais como o excesso de trabalho, violência nas grandes cidades, privatização de espaços públicos direcionados para a prática de atividade física, etc., o homem também foi motivado por um mundo de facilidades tecnológicas e disponibilidade de alimentos. Meios de locomoção, robótica nas linhas de produção, indústrias de alimentos “fast food”, lazer sedentário por meio de eletrodomésticos, lazer este que a pessoa é estimulada a ser mero espectador da atividade (por ex: controle remoto, comunicação virtual, automóveis, celular entre outros), fazem a sociedade atual se acomodar, sugerindo a idéia de que o ser humano precisa de pouca ou quase nenhuma atividade física para conseguir sobreviver e viver em sociedade (ALVES, 2007, p.466). Essa inatividade física gera problemas para o homem contemporâneo, no que tange a sua saúde global. Relações com a corporalidade, entre outros, torna a atividade física, qualquer atividade que tenha um gasto energético maior do que o gasto de repouso (CASPERSEN; POWELL; CHRISTENSON, 1985), objeto de pesquisas, surgindo assim o 7 exercício físico. Este entendido ainda como subcategoria da atividade física, esta por sua vez planejada, estruturada e repetitiva que tem como objetivo aumentar ou manter um ou mais variáveis da aptidão física (CASPERSEN; POWELL; CHRISTENSON, 1985). O exercício físico é visto nos dias atuais, como um importante fator de controle e prevenção de doenças crônico-degenerativas (produto muitas vezes da inatividade física), tais como: doença arterial coronariana, diabetes, hipertensão, osteoporose (PITANGA, 2002, p.50). Matsudo e colaboradores (2001, p.11) apontam o exercício físico como uma importante ferramenta na promoção da saúde e qualidade de vida durante o processo de envelhecimento. Sugere ainda que a atividade física seja estimulada também na fase adulta, para a prevenção dessas doenças crônicas não transmissíveis (por ex: diabetes), que surgem com mais freqüência durante a terceira idade. A saúde envolve não somente os aspectos físico-biológicos, mas adentra nas discussões do bem-estar psicológico, emocional, mental e cognitivo. (ARAÚJO & ARAÚJO, 2000, p.195). Além da preocupação com a saúde, alguns autores sugerem que um dos principais motivos que levam os indivíduos ao inicio da prática de atividades físicas é a insatisfação com o próprio corpo ou com a imagem que se tem dele (DAMASCENO, 2006 apud FERMINO at al, 2010 p.19 ). Cria-se uma apreciação demasiada do corpo, visto como objeto mutável, que pelos seus excessos, essa apreciação pode ser também denominada de “culto ao corpo”. Esse “culto ao corpo” não nos remete somente a idéia de um corpo biológico, visto como uma célula autônoma, ou constituído por várias células que funcionam de modo integrado, com uma harmonia entre órgãos no desempenho de suas funções como sugeria Émile Durkheim, citado por Azevedo (2007, p.70). Diferentemente do proposto por Durkheim, a celebração do “culto ao corpo” deve ser analisada mais profundamente na idéia da construção social dos corpos e suas transformações, e da relação homem-corpo dada ao longo da história da civilização. Desde a Grécia antiga o corpo recebe uma grande importância, visto que as figuras de divindades da mitologia grega tinham na sua maioria formas humanas. Essa preocupação com o corpo era observada também na relação do corpo como uma ferramenta, pois o grego antigo fazia de uso da agricultura e trabalhos braçais, sem contar o uso do corpo para a guerra, tendo assim que utilizar de atividades físicas para uma busca de uma perfeição corporal. Logo depois surgiram filósofos que abordaram o temas como: corpo, mente, alma entre outros. Platão por exemplo citava que a alma seria preexistente ao corpo e a ele sobrevive. Já Aristóteles colocava que todo organismo é a síntese de dois princípios: matéria e forma. (CASTRO; ANDRADE; MULLER, 2006; SANTOS, 1997) 8 Na Idade média, o corpo era considerado instrumento de consolidação das relações sociais, sagrado, separação do corpo profano, espírito-mente. As características físicas do individuo, era determinante em suas funções sociais junto ao feudo. A moral cristã repreendia qualquer tipo de manifestação de culto ao corpo, por julgar que o mesmo poderia transformar a alma sagrada em impura. (AZEVEDO & GONÇALVES, 2007, p.70) Logo após a “Idade das trevas”, na Renascença, o corpo passou a ser estudado cientificamente, porém ainda anatomicamente, sem a dualidade, que defendiam Platão e Descartes, do corpo como objeto, que carregava uma alma pensante. (AZEVEDO & GONÇALVES, 2007, p.70) Já na idade moderna, impulsionado pelo capitalismo exacerbado e pela revolução Industrial, o corpo do “homem-máquina” era somente visto como meio de ganho econômico, socialmente oprimido e manipulável; exigia-se o máximo do trabalhador, sem mesmo respeitar seus limites biológicos. (AZEVEDO & GONÇALVES, 2007, p.71) Somente na contemporaneidade que o dualismo citado por Platão (corpo separado da mente) e Descartes (corpo separado da alma) é analisado de maneira mais ampla. Porém, o corpo se torna um produto, um acessório, uma construção a ser moldada, e desse modo, a aparência, deduzida da feição do rosto e/ou das formas do seu corpo. (BRETON, 2006, p. 9, apud AZEVEDO & GONÇALVES, 2007, p.71) O corpo então se transforma em um “grande canteiro de obras” que pode ser modificado de acordo com o desejo e a condição social do seu próprio dono, visto que, a preocupação com a aparência e a forma física aparece de forma inflacionada, no Brasil, especialmente entre camadas mais sofisticadas dos grandes centros urbanos (GOLDENBERG & RAMOS, 2007, p.20). Atualmente, o corpo vai se formando como um objeto obscuro e confuso, em razão do discurso da modernidade, que em primeiro lugar tem a apologia do corpo como um objeto, sustentado em uma materialidade física, logo o transformando como forma de mercadoria (BRETON, 2006, p. 9, apud AZEVEDO & GONÇALVES, 2007, p.67). Como toda mercadoria, o corpo-objeto é explorado pelo mundo capitalista. Essa valorização e valoração da aparência física idealizada abrem portas para a grande indústria da beleza, pois o culto ao corpo não se limita a prática de exercícios físicos somente, mas também a dietas, cirurgias plásticas, uso de produtos cosméticos, uso de farmacológicos, enfim, tudo que responda à preocupação de se ter um corpo próximo do ideal de belo e aparentemente saudável e jovial (CASTRO, 2003, p.15 apud FIGUEIREDO, 2008, p.172). Essa visão de corpo como um objeto mutável, remete a uma super valorização para os indivíduos que se apropriam de tal corpo “perfeito”, e com isso surge o chamado 9 fisiculturismo ou “Body building”, que de acordo com a definição da Confederação Brasileira de Culturismo e Musculação é o “esporte que visa desenvolver o tamanho muscular entre definição, proporção, simetria estética e harmonia”,1 os praticantes desse esporte se apresentam em campeonatos, regionais, nacionais, e internacionais. Fazem coreografias de apresentação, exibindo seus músculos, destacando-se quem tiver melhor definição muscular, beleza e simetria corporal. O físico alcançado por esses atletas de fisiculturismo é conseguido com séries de exercícios de musculação intensos, prescrito de acordo com o objetivo estético do atleta. Juntamente com esse treino, os atletas devem ter um acompanhamento nutricional adequado para seu tipo específico de treinamento. O referido treinamento regrado, também ocorre com pessoas que usam a prática de musculação, no caso, para atingir um corpo belo e passar a ser admirado por uma estética dentro do padrão de beleza contemporâneo. O padrão estético atual é motivado e/ou estipulado pela mídia, que não influencia somente freqüentadores de academias, mas também milhões de pessoas que por intermédio do cinema, televisão, moda, publicidade, jornais e revistas (que exibem corpos e rostos ditos “perfeitos”) são levados a procurar uma construção da boa forma e da saúde (SABINO, 2000, p.141). O auto-controle exigido para que se obtenha a aparência física estimulada pela mídia, faz com que muitos recorram a privações alimentares de produtos hipercalóricos, assim como requer uma disciplina e disposição rotineira para a prática de exercícios. A gordura surge assim, como maior inimiga da boa forma, e não obstante, não estar gordo não é o suficiente, pois exige-se que o corpo seja construído firme, musculoso e tonificado, livre de qualquer moleza e de aparência jovial (GOLDENBERG & RAMOS, 2007, p.26-27). Essa busca pelo corpo perfeito pode ser um dos fatores principais que leva pessoas a buscarem auxílio em procedimentos rápidos de modificação corporal, como por exemplo, o uso e, muitas vezes, o abuso de esteróides anabólicos. De acordo com Sabino (2000, p.143) o baixo percentual de gordura, e alto percentual de massa muscular tornou-se, atualmente, culturalmente positiva, fazendo com que mulheres e homens, adultos e adolescentes utilizem anabolizantes, outros hormônios e produtos para alcançar a forma física almejada, que por sua vez representa uma melhor posição e aceitação social. No ambiente da academia o conhecimento aplicado com esse tipo de assunto pode ser, possivelmente, levado para o lado empírico, ou seja, conhecimento produzido através de experimentação intuitiva, imitação a 1 www.cbcm.com.br. 10 outros usuários, reproduzido teoricamente e/ou na pratica, já que o uso de anabolizantes para fins estéticos é proibido por lei. De acordo com os critérios da Resolução n.2 de 05 de maio de 2004, do Ministério do Esporte (BRASIL, 2004). Dentre o meio esportivo brasileiro é considerado dopping o uso de Esteróides Andrógenos Anabólicos (EAA), substâncias estimulantes e narcóticos. A regulamentação sobre a comercialização dessas substâncias é dada pela portaria 344 de 12 de maio de 1998 (BRASIL, 1999). Então, para adquirir os EAA nas farmácias o indivíduo deve ter em mãos um receituário que contenha a orientação e prescrição para o paciente por um profissional legalmente habilitado, quer seja de formulação magistral (medicamento, o qual é prescrito pelo médico, especificando todos os seus componentes pelo nome químico, delimitando a sua concentração estabelecendo qual o veículo apropriado e a quantidade necessária para o tratamento completo, por exemplo: medicamentos manipulados) ou de produto industrializado. No sentido apresentado acima, nenhum profissional ou usuário de academia poderia indicar, obter, prescrever e, muito menos utilizar esteróides anabólicos. O Conselho Nacional de Educação (Câmara de Educação Superior), Resolução Nº7, 31 de março de 2004 (BRASIL, 2004), institui nas diretrizes curriculares nacionais para os cursos de graduação em Educação Física, em nível superior de graduação plena, de acordo com o artigo 3º que: A Educação Física é uma área de conhecimento e de intervenção acadêmicoprofissional que tem como objeto de estudo e de aplicação o movimento humano, com foco nas diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da dança, nas perspectivas da prevenção de problemas de agravo da saúde, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e da reeducação motora, do rendimento físicoesportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e esportivas. Partindo da citação acima, compreende-se que o profissional de Educação Física ao sair da universidade estaria apto a esclarecer questões relacionadas à saúde, que são constantemente presentes no ambiente de trabalho, inclusive sobre o uso de anabolizantes. Iriart, Chaves e Orleans, (2009, p.733) destacam que, atualmente, o aumento do consumo de anabolizantes entre jovens tem sido relatado por pesquisadores de vários países, logo os autores sugerem que constituiria assim, o uso dessas drogas, um problema de saúde pública. 11 Levando em consideração os impactos decorrentes do uso de anabolizantes, podemos considerar que além de um problema individual, seria também social. Tendo em vista seus vários relatos do consumo dessas substancias e também pelo produto ser responsável por eventuais efeitos colaterais, esses efeitos causados na pessoa interferiria também no seu ambiente familiar e social consequentemente. O artigo 4º da Resolução nº7 do CNE cita (BRASIL,2004): O curso de graduação em Educação Física deverá assegurar uma formação generalista, humanista e crítica, qualificadora da intervenção acadêmicoprofissional, fundamentada no rigor científico, na reflexão filosófica e na conduta ética. Essa conduta ética, deve ser assegurada pelo sistema CONFEF/CREFs (órgão regente do Código de Ética da Educação Física), onde se evidencia as responsabilidades e deveres do profissional de Educação Física. Sendo assim, é previsto por este código de ética no artigo 9º, parágrafo IV que “os profissionais devem denunciar aos órgãos competentes as irregularidades no exercício da profissão...”. Logo, o descumprimento do disposto neste código constitui em infração disciplinar sujeito a penalidades, que vão desde advertência escrita até o cancelamento do registro profissional e divulgação do fato (BRASIL, 2003), visto que na resolução CONFEF nº 046/2002 a Educação Física é integrada a área da saúde: Também, por determinação da Lei nº 9696/98, que regulamentou essa profissão, é prerrogativa do profissional graduado em Curso Superior de Educação Física (Licenciatura ou Bacharelado), com registro no Sistema CONFEF/CREFs, a prestação de serviços à população em todas as atividades relacionadas à Educação Física e nas suas diversas manifestações e objetivos. É, portanto, um campo profissional legalmente organizado, integrado a área da saúde e da educação, sendo necessário que, em todas as ocupações profissionais do campo de Educação Física, se considere esta nova realidade. Partimos então, da idéia que o profissional de educação física tem uma clara obrigação com a saúde na sociedade atual, e evidenciados os possíveis efeitos que anabolizantes poderiam causar ao ser humano, reitera-se a importância do conhecimento deste profissional sobre este tipo de fármaco. O papel do profissional da saúde é também mostrar que há desenvolvimento muscular sem que precise do uso de esteróides anabólicos (SANTARÉM, 2001 apud SANTOS et al 2006, p.378 ) 12 Os esteróides anabólicos são farmacológicos, e foram criados para o tratamento de sarcopenias2, hipogonoidismo3, câncer de mama4, osteoporose5 e deficiências androgênicas6, déficits no crescimento corporal, dentre outras (COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA ESPORTIVA, 1977; TOKISH; KOCHER & HAWINS, 2004; SILVA, D. & CZEPIELEWSKI, 2002). Como qualquer farmacológico, os esteróides anabólicos tendem a ter seus efeitos adversos: no sistema cardiovascular pode acontecer à elevação da pressão arterial, redução do HDL(lipoproteína de alta densidade) arritmia e trombose. Problemas também dermatológicos como acne, e estrias, além de alterações importantes no sistema reprodutor, causando hipertrofia da próstata7, ginecomastia8. e impotência sexual nos homens. Nas mulheres correm o excesso de pêlos, engrossamento da voz, hipertrofia do clitóris9 e irregularidades nos ciclo menstrual. (COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA ESPORTIVA, 1977; BAHRKE & YESALIS, 2004; EVANS, 2004; LUIS, et al. 2001; MARAVELIAS, et al. 2005; TOKISH et al. 2004). Na parte psicológica há relatos de mudança de humor, hostilidade, agressividade, depressão, surtos psicóticos, e ocorrendo por vezes um quadro de síndrome de abstinência. (COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA ESPORTIVA, 1977; EVANS, 2004; PAGONIS, et al. 2005; PAGONIS, et al. 2006; PELUSO, et al. 2000). O uso de esteróides anabólicos está relacionado em nossa sociedade a transformações corporais, tanto em aparência, quanto em desempenho. Através do aumento da síntese protéica no músculo, inibição do catabolismo da proteína muscular, do aumento da retenção de nitrogênio e da estimulação da eritropoiese (processo de produção de hemácias ou glóbulos vermelhos do sangue), todos esses mecanismos acarretam no aumento da massa muscular. Logo, o aumento do desempenho e da tão buscada “beleza” corporal, levando em consideração os padrões atuais de nossa sociedade. Temos que levar em conta também que 2 Do Grego, "pobreza de carne", é a perda degenerativa de massa e força nos músculos com o envelhecimento. Cerca de um terço da massa muscular perde-se com a idade avançada (cerca de 1% ao ano, a partir dos 65 anos de idade). Essa perda de massa reduz força muscular. Devido ao aumento da expectativa de vida da população mundial e consequentemente da população idosa, a sarcopenia vem se tornando uma questão de saúde bastante relevante no mundo desenvolvido. 3 Defeito no sistema reprodutor que resulta na diminuição da função das gônadas (ovários ou testículos). 4 Câncer do tecido da mama. Mundialmente, é a forma mais comum de câncer em mulheres 5 Doença que atinge os ossos. Caracteriza-se quando a quantidade de massa óssea diminui substancialmente e desenvolve ossos ocos, finos e de extrema sensibilidade, mais sujeitos a fraturas. 6 Deficiência do corpo em produzir determinado tipo de hormônio. 7 Aumento no tamanho da próstata. 8 Nome dado ao crescimento das mamas nos homens devido a patologias, geralmente associadas a desbalanços hormonais. 9 Aumento no tamanho do clitóris. 13 dentre os efeitos psicológicos provocados pelo o uso de esteróides anabólicos, a agressividade poderia ser utilizada, em uma sessão de treinamento, como motivação e assim aumentando também o desempenho do usuário. (SILVA; DANIELSKI & CZEPELEWSKI, 2002, p.238) Visto a relação e o compromisso do profissional de Educação Física com a saúde e a sociedade atual, o objetivo primeiro deste estudo investiu na análise de conhecimento dos profissionais atuantes em academias do Município de Londrina sobre farmacológicos, especificamente esteróides anabólicos e a relação do mesmo em seu uso para a transformação corporal. Ainda, trouxe como objetivos específicos: a) Verificar onde e como a população pesquisada obteve e/ou busca conhecimentos e atualizações sobre esteróides anabólicos; b) Analisar as condições pedagógicas e informativas ofertadas pelos cursos de formação desses profissionais sobre o uso de esteróides anabólicos. 14 2 JUSTIFICATIVA Ao longo da história, o corpo foi (é) um aparato biológico que se modificou e adquiriu formas e sentidos de acordo com a vivência de cada período histórico e de cada cultura ao redor do mundo. Atualmente, a sociedade capitalista ocidental configurou novas formas em lançar corpos socialmente aceitos e desejados, produzindo estratégias de controle e disciplina apresentados pela mídia sob o modelo de padrões comportamentais e necessidades que devem ser aderidas pela maioria da população. Entretanto, na contemporaneidade, também se observa a quebra de paradigmas rígidos e estanques em relação a estilos de vida e corporalidades singulares, permitindo assim, o aparecimento de estéticas até então não visibilizadas. Desse modo, nota-se uma busca incansável do culto a beleza, especificado pelo corpo atlético, viril e potente para os homens e silhuetas impossíveis em se alcançar para a maioria das mulheres, sugerindo a soma de esforços da cultura fitness, da cirurgia plástica e da moda para realçar o que se determinou como ideal, assim como a mercantilização e uso informal e irrestrito de anabolizantes que, de algum modo, sugerem a rapidez de resultados em curto espaço de tempo em detrimento de atividades físicas orientadas, acompanhadas e sistematizadas realizadas por um profissional no desenvolvimento de suas atribuições e conhecimentos, em específico, o educador físico e o graduado em esporte. 15 3 MÉTODO 3.1 Caracterização do estudo Partindo dos objetivos elencados neste trabalho, foi proposto por Minayo (2000) que uma das condições importantes para a escolha do método se refere ao público-alvo pesquisado, sendo mais usualmente a pesquisa quantitativa utilizada para campos de pesquisa e contingente populacional numeroso. Entretanto, sabe-se também que, a análise qualitativa de dados quantitativos (pesquisa mista) quando aplicada, trata os dados trazidos pelos questionários mais enfáticos, valorizando a qualidade e descrição da relação objeto-pesquisa realizados, sugere-se assim, produzir análises e conclusões mais elaboradas. 3.2 População e amostra Foram selecionados como população-alvo desta pesquisa, 54 instrutores de musculação formados no curso de Educação Física e/ou Esporte, de ambos os gêneros e atuantes em academias da cidade de Londrina - Pr. Sendo que desses 54 instrutores houve uma perda amostral por simples negação de sua participação de 4 indivíduos, caracterizando assim um total de 50 instrutores que participaram do estudo. 3.3 Local O campo selecionado para a execução da coleta de dados foi distribuído por 13 academias escolhidas intencionalmente. Academias consideradas de grande porte (com mais de 300 alunos matriculados) do município de Londrina. De forma que abrangesse profissionais que lidavam diariamente com um alto numero de alunos, dado que aumenta a responsabilidade de atuação desse profissional. 3.4 Procedimentos para coleta de dados Foi aplicado um questionário contendo 14 perguntas de múltipla escolha (ver anexo II), com possibilidade de justificativa para algumas delas, portanto, sendo caracterizada como um instrumento de coleta de dados misto (perguntas objetivas e subjetivas), conciliando assim a análise qualitativa e quantitativa dos dados. A convergência desses dois tipos de análises 16 auxilia na produção na extração potencializada das questões respondidas (THOMAS; NELSON & SILVERMAN, 2007, p.306). Os participantes responderam voluntariamente ao questionário. Anterior a aplicação do instrumento da pesquisa, foi feito contato com os responsáveis (donos e/ou coordenadores) pelas academias, solicitando permissão para que a coleta pudesse ser realizada. Com o aval do responsável da academia os participantes responderam o questionário mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (Ver anexo I). O anonimato dos participantes e da academia foi garantido explicitamente, de acordo com as normas éticas vigentes para pesquisas acadêmicas realizadas com humanos. Após o preenchimento do questionário, o próprio participante colocava o questionário imediatamente em uma pasta onde continha os demais questionários preenchidos sem qualquer identificação, de modo que uma vez colocado na pasta era misturado com os demais questionários, sendo assim impossível a identificação do sujeito que participou do estudo. 3.5 Análise dos dados: Para realizar a análise dos dados, foram considerados alguns aspectos relevantes para o desdobramento da pesquisa, como por exemplo: visão de corpo do profissional de academia; conhecimentos específicos sobre fármacos (efeitos esperados, efeitos adversos); a utilização desse tipo de substância por instrutores; produtos usados em associação com o exercício físico; visão do instrutor sobre o uso de fármaco; descrição da fonte de informação sobre fármacos (como obter fármacos anabólicos e no ponto de vista desse profissional analisar os fatores que podem influenciar no uso dessas substâncias pela sociedade), entre outros aspectos salientados no questionário. Os dados coletados foram analisados partindo do conjunto de respostas agrupadas por três categorias: 1- Caracterização da amostra: Esta categoria foi usada para revelar características da amostra, como idade, comportamentos de risco, formação acadêmica, etc. Fazem parte dessa categoria as letras “a”, “b”, “c”, “d” e “e” do questionário; 2- Relação corpo e farmacológicos: Categoria utilizada para relacionar a percepção de corpo, ao uso de farmacológicos relacionado também a sociedade atual. Fazem parte dessa categoria as perguntas “1”, “2”, “3”, “4”, “5” e “6”; 17 3- Conhecimento sobre farmacológicos. Essa categoria buscou analisar o conhecimento especifico sobre farmacológicos (tanto anabólicos, quanto farmacológicos em geral), e também a fonte desse conhecimento. Fazem parte dessa categoria as perguntas “7”, “8”, “9”, “10”, “11”, “12”, “13” e “14”. O referencial teórico adotado partiu das teorias e análises trazidas pelos autores constantes nas referencias bibliográficas. Foi utilizado a analise descritiva, optando-se a apresentar os dados de forma de freqüência relativa, analise que aumenta a especificidade da resposta do individuo (THOMAS; NELSON & SILVERMAN, 2007). 18 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Caracterização da amostra Do total de 54 instrutores que atuavam nas 13 academias, somente 50 participaram do estudo. Sendo desses, 28 homens e 22 mulheres, dado que revela um equilíbrio em relação ao gênero da amostra (Ver gráfico 1.1). 44% Mas c ulino 56% F eminino Gráfico 1.1 – Gênero da amostra. A maioria dos participantes tem a idade de 26 a 30 anos, sendo esses 56% de todos os participantes. Esse dado sugere que dentre o ambiente de academias os mais jovens tenham preferência, um dos fatores possíveis seria a estética. Como já citado por Castro e Figueiredo (2003, p15) que hoje em dia há uma valorização sobre a jovialidade corporal (Ver gráfico 1.2). 19 Gráfico 1.2 – Idade da amostra. Em relação a formação dos participantes, foi visto que a maioria se formou recentemente, entre os anos de 2007 e 2010 (Ver gráfico 1.3). É perceptível que grande parcela dos profissionais atuantes nas academias de Londrina - PR são recém formados. Gráfico 1.3 – Ano de conclusão acadêmica. Como a pesquisa foi realizada na cidade de Londrina- PR, teve como conseqüência, a maioria ter se formado em instituições de ensino superior da própria cidade, sendo que apenas 1 participante se formou em outra cidade e estado, representando assim 2% da amostra (Ver quadro 1.4). 20 Gráfico 1.4 – Instituição de ensino superior de formação. Visto que a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) tiveram maior expressão, pois são cursos que estão a mais tempo em funcionamento, ao contrario da Universidade Filadelfia de Londrina (UNIFIL) que teve seu curso de Ed. Física aberto recentemente, talvez, por isso não teve tanta relevância em termos de quantidades de profissionais atuantes em academias. Questionados pelo curso que se formaram, maior parte dos participantes responderam Ed. Física plena (46%), que dava habilitação ao profissional atuar tanto em escolas quanto em demais áreas do curso. Seguido de perto pelo curso de Educação Física Bacharelado (44%). E finalmente 8% dos instrutores são formados no curso de Esporte. De acordo com os currículos atuais desses cursos, não é ofertada nenhuma matéria que poderia abordar em especificidade o assunto sobre farmacológicos (Ver gráfico 1.5 e anexo III). 21 50% 46% 44% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 8% 10% 5% 2% 0% E d. F ís ic a P lena E s porte E d. F ís ic a B ac harel Não R es pondeu Gráfico 1.5 – Curso de formação superior. 4.2 Relação corpo e farmacológicos Quando questionados sobre qual maneira o participante utilizaria para mudar seu corpo houve preferência pelos itens “exercício físico” e “alimentação controlada”, nesta pergunta os participantes poderiam responder mais de uma opção. Salienta-se que a terceira e quarta opções mais indicadas foram o uso de “farmacológicos anabolizantes” e “farmacológicos para emagrecimento”, superando assim as opções de “cirurgia estética” e “body modification” e “outros” (Ver gráfico 2.1). Mesmo tendo em mente que o uso de farmacológicos desse gênero sem receita médica é ilegal no Brasil (BRASIL, 1999), e as demais opções da questão não tem o seu uso proibido. 22 100% 90% 96% 84% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 16% 14% 8% 10% 6% 2% 0% E x erc íc io F ís ic o A limentaç ão F armac ológic oF armac ológic o C ontrolada A nabólic o para E magrec imento C irurgia E s tétic a B ody Modific ation O utros Gráfico 2.1 – Maneiras de intervenção corporal preferidas. Logo na questão seguinte, indagados pelas possíveis influencias dos fármacos sobre o exercício físico, os 50 participantes disseram saber da influencia sobre o exercício físico dessas substancias, pedido para citar três farmacológicos e seus efeitos, 22 citaram os remédios como exemplo, e 28 não citaram. Dos 22 que citaram, 7 conseguiram explicar seus efeitos e 15 não souberam explicar ou simplesmente não explicaram, sugerindo assim, a falta de conhecimento desses instrutores sobre o assunto. Gráfico 2.2 – Influencia de fármacos sobre o exercício e citação dos exemplos. 23 Com a preocupação da percepção corporal desse profissional atuante em academias, questionou-se sobre a importância dessa imagem corporal, perante a sociedade, relacionada ao seu trabalho. Podemos analisar na pergunta 3, quando questionados se um profissional atuante em academias deveria se preocupar com a imagem corporal se quisesse se manter no mercado de trabalho, a maioria dos casos (92%) optaram por afirmar que o corpo teria importância para essa manutenção no mercado de trabalho ( Ver gráfico 2.3). Gráfico 2.3 – Percepção dos instrutores sobre imagem corporal em relação ao mercado de trabalho. Quando questionados sobre o porquê da afirmação da importância de uma boa imagem corporal para se manter no mercado de trabalho, foram vistos relatos como: “se ele não sabe cuidar nem do próprio corpo, imagine o dos outros” ou “ não compro roupas numa loja que as pessoas se vestem mal por exemplo”. Relatos que retratam a maioria e deixam a mostra a percepção de corpo como uma mercadoria manipulável aos moldes dos padrões de cada sociedade, visão essa já mencionada por Breton e Azevedo & Gonçalves, (2006,2007). Como os profissionais de Ed. Física e Esporte estão diretamente em contato com exercícios físicos, e esses, por sua vez estão ligados ao uso de fármacos anabolizantes, perguntamos aos instrutores se conheciam alguém que fazia uso de anabólicos, e citamos exemplos como: Decadurabolin, Durateston e Winstron. Percebeu-se que a grande maioria conhece alguém que faz uso dessas substancias (Ver gráfico 2.4) 24 Gráfico 2.4 – Quantidade de instrutores que conhecem alguém que faz uso de fármacos anabolizantes. Esta situação nos remete a uma relação com o achado de outros autores como Iriart, Chaves e Orleans, (2009, p.733), que identificaram o uso de anabolizantes em grandes quantidades em outros lugares do mundo, atenuando assim, a preocupação com esse tipo substancias. Preocupados com essa imagem corporal padronizada, os profissionais da área procuram meios de aperfeiçoar os resultados que os exercícios físicos proporcionam. Além de hoje em dia, sabe-se que legalmente pode-se utilizar da ação de uma dieta equilibrada, suplementação alimentar, acompanhamento médico regular e outros meios sem precisar “apelar” para o uso de fármacos anabólicos. Perguntamos então para os instrutores se já haviam utilizado de algum tipo de complementação em relação ao corpo (ver gráfico 2.5) 25 Gráfico 2.5 – Uso de complementos ao exercício físico utilizados por instrutores. Visto que poderiam colocar mais de uma opção, a maioria optou pelo o “uso de suplementos alimentares” e “alimentação balanceada” 66% e 64 % respectivamente. Já o “uso de farmacológicos anabólicos” teve quase metade dos participantes que fizeram o uso dessas substancias, representando 24% da amostra. Esse dado mostra que a adesão a esse tipo de substancia sobre os próprios profissionais está relativamente alta, levando em conta o nível de instrução em relação à saúde que esses profissionais deveriam ter. Partindo desses dados que os próprios profissionais estão utilizando desses artifícios para aumentar o rendimento físico, perguntamos então, qual seria o ponto de vista deste sobre o uso de fármacos anabolizantes, tendo opções de descordar do uso ou não, e descordar em partes ou concordar em partes ( Ver gráfico 2.6) 50% 45% 44% 40% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 10% 6% 5% 0% A favor em P artes C ontra em P artes A favor C ontra Gráfico 2.6 – Concordância do profissional sobre o uso de Fármacos anabolizantes. 26 A maioria dos participantes (44%) disse ser contra o uso de fármacos anabolizantes. Em seguida 20 instrutores (40 %) concordaram com o uso de anabolizantes em partes, sendo que, quando questionados o porquê do “em partes” oito participantes justificaram o uso, desde que seja com orientação. Quanto aos profissionais lembrados para dar essa orientação foram citados: médicos, nutricionistas ou uma equipe multidisciplinar. Quatro justificaram dizendo que o usuário teria que saber usar corretamente a substancia. Três afirmaram, porém, desde que seja com cautela citando os termos: “moderação”, “prudência”, “que não exceda o próprio limite”. Outros dois são a favor, porém somente para o aumento de desempenho esportivo. Um participante colocou que deve ser usado para o aumento de força e massa muscular e outro citou “depende do objetivo”. E por fim, um desses vinte que são a favor do uso não justificou o porquê de sua afirmação. Dos que foram “Contra em partes”, dois justificaram a negativa citando que: apesar de ser contra não tem nada contra quem usa. Outros dois responderam que: depende da “finalidade” e “objetivo” para quais essas substancias seriam utilizadas. Um desses instrutores citou: “Sabendo usar...”, e outro colocou “faltam pesquisas”. Com o menor percentual três instrutores (6%) são a favor do uso de anabolizantes. Podemos notar com esses dados que a maioria dos instrutores foi contra o uso de anabolizantes farmacológicos. Também uma grande parte é a favor em partes, com várias justificativas. Podemos verificar que essas justificativas não tiveram muito aprofundamento sobre a ação que a droga poderia causar nos indivíduos, tanto para os que foram a favor em partes, quanto que são contra em partes. Sugere-se que a falta desse conhecimento seria pelo fato desses profissionais não saberem ao certo os benefícios e os malefícios dessas drogas, questão esta, já observada anteriormente, quando os profissionais foram perguntados sobre a influência de farmacológicos sobre o exercício físico, pois sabiam que os fármacos influenciavam no exercício, mas quando pedido a justificativa a maioria não soube fazê-la corretamente. 4.3 Conhecimento sobre farmacológicos Partindo de que atualmente não há nenhuma disciplina específica de farmacologia na grade curricular dos cursos de Educação Física e o mesmo para o curso de Esporte (Ver anexo III), perguntamos se os profissionais tiveram em seu processo de formação acadêmica a 27 discussão sobre o assunto sobre farmacológicos anabólicos, e se a resposta fosse afirmativa, em quais disciplinas houve esse tema discutido (Ver Gráfico 3.0) Gráfico 3.0 – Discussão sobre farmacológicos anabólicos na formação acadêmica. Verifica-se nas respostas um equilíbrio sobre se teve ou não a discussão desse tema na formação acadêmica. Dos que responderam que sim 25 citaram a disciplina de Nutrição, 5 Fisiologia do Exercício, 4 Fisiologia Humana, 2 Treinamento Personalizado e 3 somente na Pós Graduação. Lembrando que nesta questão era possível colocar mais de uma disciplina. É destacável também, que destes que responderam “sim” quando foram citar as disciplinas observamos citações como: “Sim, Muito pouco em Nutrição...”, “Se tive foi bem superficial...”, “Sim, porém foi pouco discutido na graduação...”. E nos que responderam negativamente 3 colocaram que só tiveram essas discussões na pós graduação, e 1 citou: “Não, Infelizmente”. Com esses resultados é possível verificar que não houve uma discussão específica sobre o assunto de farmacológicos anabólicos, somente alguns apontamentos durante a graduação desses profissionais. Para podermos identificar qual a fonte dessas informações sobre fármacos anabólicos, perguntamos se o assunto era encontrado fora do ambiente universitário, podendo o instrutor citar mais de um lugar. (Ver gráfico 3.1) 28 Gráfico 3.1 – Lugares mais encontrados informações sobre farmacológicos anabólicos. Analisando os dados encontrados, a grande maioria dessas informações são encontradas pelos instrutores na “Internet”, com 66% de respostas, seguido por “usuários”, com 50%, logo depois “colegas de profissão”, com 46%, aparecendo a “literatura” somente em 4º lugar, com 44%. As opções menos destacadas foram “academia”, com 18%, “farmácia”, com 2% e “outros”, com 2%. Os “outros” foi citado “professores acadêmicos” por um dos instrutores que responderam a questão. Dos 44% que responderam a opção “literatura”, 3 citaram livros do professor Waldemar Guimarães, 4 citaram apenas a palavra “livros”, 1 colocou “artigos” e o restante não citaram referencia nenhuma. Nota-se que os instrutores tiveram como base de seu conhecimento sobre o assunto referencias informais como internet, usuários, colegas de profissão, a não ser, os que citaram os livros publicados pelo Professor Waldemar Guimarães.10 Na pergunta seguinte, sabendo agora a origem e o ponto de vista do profissional atuante nas academias sobre o uso de anabolizantes, questionamos o instrutor se ele indicaria ou prescreveria esse tipo de substancia para alguém (Ver gráficos 3.2 e 3.3). 10 Livros citados: Anabolismo Total, Além do Anabolismo e Guerra Metabólica. 29 Gráfico 3.2 – Indicação de farmacológicos anabólicos para alunos. Gráfico 3.3 – Prescrição de farmacológicos anabólicos para alunos. Primeiro é valido informar que de acordo com Rocha (1995, p.337) indicar é “1 Dar a entender uma coisa mediante emprego de indícios ou sinais. 2 Apontar. 3 Revelar. 4 aconselhar”. Prescrever segundo Rocha (1995, p.493) é “1 Determinar de antemão; regulamentar; receitar. 2 Ficar sem efeito ou validade por passar o prazo legal”. Logo, o primeiro gráfico mostra, que perguntados sobre a indicação de fármacos anabólicos somando os instrutores responderam que não indicariam e não prescreveriam e nunca indicariam chegou-se no total de 86%. Dos que responderam positivamente a indicação (14%) 8% já indicou esse tipo de substancia para alunos. Perguntados sobre a prescrição desses fármacos a 30 resposta foi parecida, 94% responderam negativamente dizendo que não prescreveriam (40%) e não prescreveu e não prescreveria (54%). Somente 6% responderam positivamente a prescrição sendo que desses, 4% já prescreveram anabolizantes para alunos. Verifica-se com esses dados que a maior parte dos instrutores dessa amostra não tem como habito indicar nem prescrever farmacológicos anabólicos. Porém ainda há uma pequena parcela desses profissionais indicando ou prescrevendo esse tipo de substancia. Como já citado anteriormente, o profissional da Eucação física tem como dever zelar pela saúde e o desenvolvimento humano agindo de acordo com o codgo de ética que que rege a conduta durante sua atuação profissional (BRASIL,2004; BRASIL,2003). Da mesma forma, indicar e/ou prescrever esse tipo de substancia para algum aluno seria uma atividade realizada ilegalmente, talvez, feita hoje, justamente pela falta de conhecimento sobre essas drogas, dos maleficios que o uso dessas substancias podem acarretar. Como esse tipo de droga tem sua venda proibida sem prescrição médica, procuramos saber onde seria o local de compra desses produtos, e quais os meios usados para adquirir essas substancias (Ver gráfico 3.4) 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 50% 30% 26% 20% 16% 16% 0% F armác ia, c om F armác ia, s em L ojas de O utros C om pratic antesO utros C ontatos Não tenho rec eita Médic a rec eite Médic a S uplementos E s tabelec imentosde Mus c ulaç ão c onhec imento A limentares Gráfico 3.4 – Locais de compra de Farmacológicos Anabólicos. Foram colocadas 7 opções de respostas, das quais dessas a mais assinalada foi “ Com praticantes de musculação” com 50%, seguida das lojas de suplementos alimentares com 30% de indicações, 26% dos instrutores disseram não ter esse conhecimento, 20% assinalaram nas Farmácias com receita médica e 16% Farmácia, sem receita médica. Obtiveram-se também 16% assinalados “outros contatos”, desses destacam-se os “muambeiros”, pessoas que trazem produtos ilegalmente do Paraguai, sendo que sete instrutores os citaram. Quatro citaram os próprios profissionais da área, como: personais, instrutores e professores de ginástica. Um 31 desses citou a internet como meio de compra desses produtos e o ultimo indicou o nutricionista. Mostra o presente dado que mesmo ilegal no país a compra desses produtos é feita de forma indiscriminada e por diversos meios. Para tentar verificar o grau de conhecimento desses instrutores sobre essas substancias questionamos se o uso desses fármacos causaria algum efeito colateral no usuário (Ver gráfico 3.5) Gráfico 3.5 – Existência de efeitos colaterais após o uso de Fármaco anabólico. De todos os participantes 96% responderam que há sim efeito colateral vindo de encontro com os estudos que já previam que o uso dessas substancias causariam diversos efeitos adversos (COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA ESPORTIVA, 1977; TOKISH; KOCHER & HAWINS, 2004; SILVA, D. & CZEPIELEWSKI, 2002). Os 4% restantes responderam não conhecer sobre o assunto. Desses 96%, perguntou-se sobre os efeitos colaterais, se poderiam ser evitados e como poderia, se sim, ser feito (Ver gráfico 3.6). 32 30% 24% 25% 20% 20% 20% 16% 15% 12% 10% 5% 4% 0% Us ar em menor quantidade Não Us ar O utro Medic amento Não tem c omoA c ompanhamento evitar c om E ndoc rinologis ta Não S abe Gráfico 3.6 – Como evitar efeitos colaterais. A maioria (24%) respondeu não saber a possibilidade de evitar efeitos adversos. 20% responderam que evitariam os efeitos colaterais com outro medicamento. Outros 20% responderam que para evitar os efeitos colaterais somente não usando anabolizantes. 16% afirmaram não ser possível evitar os efeitos adversos. Já 12% indicaram o acompanhamento com endocrinologistas. E por fim 4% colocaram que era só usar em menor quantidade. Logo é perceptível que os profissionais atuantes em academia sabem que os riscos de efeitos adversos existem, porém existe uma confusão quando questionados se esses efeitos são controláveis ou não. Feito a identificação da percepção corporal e do nível de conhecimento desse profissional, questionou-se para o mesmo quanto a inclusão de uma disciplina especifica em seu curso de graduação (Ver gráfico 3.7) 33 Gráfico 3.7 – Sobre a implantação da disciplina de Farmacologia na graduação. A maior parte dos instrutores (80%) se mostraram a favor da implantação da disciplina no curso de graduação, sendo que 20% se mostraram contra. Verifica-se a preocupação desse profissional com a questão de fármacos anabolizantes, talvez por ser um assunto que esteja ligado ao ambiente de sua atuação profissional. Porém a falta acessibilidade do instrutor de atividade física sobre o assunto pode limitar seus conhecimentos, resultando em respostas empíricas sem nenhum embasamento teórico sobre farmacológicos. De acordo com os dados expressados no estudo, o uso de farmacológicos anabolizantes é presente no ambiente de academias. Dados esses que seguem vários estudos encontrados no Brasil sobre o uso de anabolizantes. (SANTOS e Colaboradores; 2006, SILVA; DANIELSKI, & CZEPIELEWSKI; 2002, IRIART; CHAVES & ORLEANS, 2009). 34 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao fim desse estudo, podemos verificar que, os profissionais de Educação Física e Esporte estão ligados não somente com a saúde da população, mas também estão ligados a estética. Com isso, de acordo com os dados apresentados observa-se que esse profissional tem a preocupação de ter um corpo “belo”, seja para se sentir bem ou para conquistar mais clientes por uso de sua imagem corporal. Em meio dessa valorização social do corpo os instrutores recorrem não somente a pratica de exercício, mas também ao uso de fármacos anabólicos, mesmo, na maioria dos casos, sem ter o conhecimento necessário para tal feito. Então esses profissionais usam de meios informais para adquirirem conhecimentos sobre o assunto, como internet, outros usuários etc. Meios esses não considerados confiáveis e tornando assim o uso desses farmacológicos perigosos. Ressaltamos também, que essas substancias não tem legalidade no Brasil e não devem ser usadas em hipótese alguma para fins estéticos, somente poderia ser utilizado com receita médica para a reabilitação de doenças. Além desse estudo existem vários outros relatando a existência desse tema no cotidiano das academias no Brasil. Desse modo, verificado que em nenhuma instituição de ensino superior dos cursos de Educação Física e Esporte, do município de Londrina, tem uma abordagem mais especifica sobre o assunto, sugere-se uma maior atenção ao tema Farmacológico em específico Farmacológico anabólicos. De modo que o profissional da área tenha o conhecimento prévio sobre essas substancias, para que não haja nenhum tipo de uso ou orientação equivocada por parte dos mesmos. 35 5 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 1. ALVES, Ubiratan Silva, Não ao sedentarismo, sim à saúde: contribuições da Educação Física escolar e dos esportes. O mundo da saúde, São Paulo,v.31, n.4, p.464-469, out/dez 2007. 2. ARAÚJO, D. S. M. & ARAÚJO, C. G. S., Aptidão física, saúde e qualidade de vida relacionada à saúde em adultos, v.6, nº5, p. 194-203.Set/out. 2000. 3. 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The American Journal of Sports Medicine, v.6, p.8, 2004. 38 ANEXOS 39 ANEXO I UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA Centro de Educação Física e Esporte TERMO DE CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO Responsáveis: Gabriel Bento Ladeia Márcio Alessandro Neman do Nascimento Este é um convite especial para você participar voluntariamente do estudo: “NO PAIN, NO GAIN: ANÁLISE DA PERCEPÇÃO DE INSTRUTORES DE MUSCULAÇÃO SOBRE A TRANSFORMAÇÃO CORPORAL E O USO DE FARMACOLÓGICOS ANABÓLICOS”. Por favor, leia com atenção as informações abaixo antes de dar seu consentimento para participar do estudo. Qualquer dúvida pode ser esclarecida diretamente com o pesquisador Gabriel Bento Ladeia(Fone: 043-9938 6526). OBJETIVO E BENEFÍCIOS DO ESTUDO O objetivo é analisar a percepção de instrutores de musculação sobre o a transformação corporal e o uso de farmacológicos anabólicos nas academias da área central de Londrina - Pr. Desse modo buscaremos analisar a maneira que este assunto vem sendo abordado no ambiente das academias, isso relacionado também, com a formação acadêmica desses profissionais. Verificaremos assim a importância de uma disciplina específica deste assunto no âmbito acadêmico. Caso seja de interesse do participante acompanhar os resultados preliminares desta pesquisa, um relatório com os achados mais importantes poderá ser encaminhado ao participante. Assim, o participante deverá fornecer algum endereço eletrônico (e-mail) para que este relatório possa ser encaminhado. PROCEDIMENTOS Para essa pesquisa será aplicado um questionário misto, de múltipla escolha, com instrutores de musculação em 26 academias da área central do Município de Londrina. Este questionário será preenchido em uma sessão somente, com um tempo aproximado de 15 a 20 minutos, acompanhado do pesquisador para qualquer eventual duvida, lembrando que o pesquisador estará em uma distancia considerável do individuo, somente ira se aproximar se solicitado. DESPESAS/ RESSARCIMENTO DE DESPESAS DO VOLUNTÁRIO Todos os sujeitos envolvidos nesta pesquisa são isentos de custos. PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA A sua participação neste estudo é voluntária e o(a) senhor(a) terá plena e total liberdade para desistir do estudo a qualquer momento, sem que isso acarrete qualquer prejuízo. GARANTIA DE SIGILO E PRIVACIDADE As informações relacionadas ao estudo são confidenciais e qualquer informação divulgada em relatório ou publicação será feita sob forma codificada, para que a confidencialidade seja mantida. O pesquisador garante que seu nome e o da academia que atua não serão divulgados sob hipótese alguma. Diante do exposto acima eu, ___________________________________________, declaro que fui esclarecido sobre os objetivos, procedimentos e benefícios do presente estudo. Participo de livre e espontânea vontade do estudo em questão. Foi-me assegurado o direito de abandonar o estudo a qualquer momento, se eu assim o desejar. Declaro também não possuir nenhum grau de dependência profissional ou educacional com os pesquisadores envolvidos nesse projeto (ou seja, os pesquisadores desse projeto não podem me prejudicar de modo algum no trabalho ou nos estudos), não me sentindo pressionado de nenhum modo a participar dessa pesquisa. Londrina, ______ de ______________ de _________. ________________________________ Responsável RG __________________ ___________________________________ Pesquisador RG ____________________ 40 ANEXO II Questionário – Instrutores de Academia Este questionário possui caráter acadêmico e constitui-se no instrumento de coleta de dados de monografia para a conclusão do curso de Educação Física da Universidade Estadual de Londrina (UEL). A pesquisa é de preenchimento voluntário e não existe qualquer forma de identificação, mantendo assim o anonimato do participante. Visa verificar a percepção de instrutores de academia sobre a relação entre corpo e uso de farmacológicos. Muito obrigado por sua colaboração! a-Gênero: M ( ) F ( ) b-Idade:__________________________________________ c- Você se formou em que ano?________________________ d- Em qual universidade?_____________________________ _________________________________________________ e- Em qual curso?___________________________________ 1- Para mudar seu corpo você utilizaria: (pode marcar mais de uma opção) ( ) Exercício Físico. ( ) Alimentação controlada. ( ) Farmacológico anabólico. ( ) Farmacológico para emagrecimento. ( ) Cirurgia Estética ( ) Body Modification (uso de acessórios, como piercing, alargador, chifres artificiais etc.) ( ) Outros. Quais?__________________________________ 2-Os efeitos de farmacológicos podem influenciar no exercício físico?Cite exemplos de 3 remédios e seus efeitos: _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 3-Um profissional que atual em academia deve se preocupar com sua imagem corporal se quiser se manter no mercado de trabalho? ( )Sim ( )Não Justifique:_________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 4-Conhece alguém que utiliza farmacológicos anabólicos(Decadurabolin, Durateston, Winstron,etc.)? ( )Sim ( )Não 5-Utiliza ou já utilizou de alguma ação complementar em relação ao corpo?(pode ser mais que uma opção) ( )Alimentação controlada.(balanceada) ( )Acompanhamento médico.Qual tipo?_________________ ( )Uso de suplementação alimentar. ( )Uso de Farmacológicos Anabólicos. Qual(is)? _________________________________________________ ( )Outros.Quais _________________________________________________ 6-O que você acha do uso de farmacológicos anabólicos? ( ( ( ( ) A favor em partes:________________________________ )Contra em partes:________________________________ )A favor do uso. )Contra o uso. 7- Você teve no âmbito acadêmico a discussão sobre farmacológicos anabólicos? Se teve, em quais disciplinas? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 8-Fora da universidade você encontra informações necessárias sobre Farmacológicos Anabólicos? ( )Sim ( ) Não 9- Se a resposta anterior foi “Sim” qual o lugar de encontro desse conhecimento? ( ) usuários. ( ) colegas de profissão. ( )literatura; Qual(is)_____________________________ ( )Internet. _____________________________ ( ) Farmácia. ( )Academia. ( )outros;Quais?___________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 10-Com seu conhecimento em farmacológicos, você já indicou ou indicaria algum Farmacológico anabólico para algum aluno ou amigo? ( ) Sim indiquei. ( ) Sim indicaria. ( ) Sim indiquei e indicaria novamente. ( ) Não indicaria. ( ) Nunca indiquei e não indicaria. 41 11-Com seu conhecimento em farmacológicos, você já prescreveu ou prescreveria algum Farmacológico anabólico para algum aluno? ( ) Sim prescrevi. ( ) Sim prescreveria. ( ) Sim prescrevi e prescreveria novamente. ( ) Não prescreveria. ( ) Nunca prescrevi e não prescreveria. 12-Como usuários de Farmacológicos anabólicos têm acesso a esses produtos? ( )Na farmácia, com receita médica. ( ) Na farmácia, sem receita médica. ( ) Em lojas de suplementos alimentares. ( )Outros estabelecimentos. Qual?_____________________ ( ) Com outros praticantes de musculação. ( )Outros contatos?Quais?____________________________ ( )Não tenho conhecimento. 13-O uso de Farmacológicos anabólicos tem algum efeito adverso (efeito colateral)? ( ) Sim ( )Não Se “sim” tem como evitar esse efeito?Como? _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ _________________________________________________ 14- Você acha que deveria ser introduzida ao seu curso de formação uma disciplina de Farmacologia? ( Se já existe esta disciplina no seu curso desconsidere essa pergunta) ( )Sim ( )Não Pesquisadores: Discente:Gabriel Bento Ladeia. Cel.: 9938-6526 Centro de Educação Física e Esporte (UEL) –3371-4615 Orientador: Márcio A. Neman do Nascimento. Cel: 9935-8321 Depto Psic. Social Institucional (UEL) – 3371-4487 42 ANEXO III UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA Art . 17. A Matriz Curricular do curso de Educação Física - Habilitação: Bacharelado, a ser implantada gradativamente a partir do ano letivo de 2005, fica assim estabelecida: 1ª série 6FEF001 Fundamentos da Educação Física 6MOR002 Anatomia Humana 6BIO002 Fundamentos de Biologia Celular 6HIT007 Histologia para a Educação Física 6CIF001 Fisiologia Geral 6FEF002 Metodologia da Pesquisa Científica e Tecnológica da Educação Física 6GRD006 Bases Gimno-Rítmicas 6DIC003 Princípios das Práticas Esportivas Individuais I. 6FEF003 Bases Biodinâmicas da Atividade Motora 6PAI001 Projetos Acadêmicos Interdisciplinares I 2ª série 6DEF028 Fundamentos da Saúde Pública 6FEF006 Fisiologia do Exercício 6FEF007 Nutrição Aplicada à Atividade Física 6FEF008 Crescimento e Desenvolvimento Humano 6FEF009 Interpretação de Dados de Pesquisa em Educação Física 6DIC012 Educação Física e Ginástica I 6DIC013 Princípios das Práticas Esportivas Coletivas I 6FEF010 Controle Motor 6FEF011 Medidas e Avaliação na Educação Física 6FEF012 Desenvolvimento e Aprendizagem Motora 6CIR001 Socorros de Urgência 6PAI002 Projetos Acadêmicos Interdiciplinares II 3ª série 6FEF013 Dimensões Profissionais da Educação Física 6DIC014 Biomecânica 6FEF014 Seminários Acadêmico-Profissionais em Educação Física 6FEF015 Educação Física e Dança 6DIC015 Princípios das Práticas Esportivas Individuais II 6DIC016 Princípios das Práticas Esportivas Coletivas II 6DIC017 Educação Física e Meio Aquático 6FEF016 Treinamento com Pesos 6FEF017 Educação Física e Ludicidade 6FEF018 Educação Física para Pessoas com Deficiência 6DIC018 Planejamento e Programas de Educação Física 6EST903 Estágio Profissional I 43 4ª série 6DIC019 Gestão de Negócios em Educação Física 6FEF019 Lazer e Cultura 6FEF020 Seminários de Trabalho de Conclusão de Curso em Educação Física 6GRD025 Educação Física e Ginástica II 6DIC020 Princípios das Práticas Esportivas Coletivas III 6DIC021 Princípios das Práticas Alternativas e Radicais 6FEF021 Prescrição e Orientação de Exercícios Físicos 6FEF022 Prescrição e Orientação de Exercícios Físicos para Grupos com Necessidades Especiais 6PSI001 Dimensões Psicológicas da Educação Física 6EST904 Estágio Profissional II. 44 UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ- UNOPAR Decreto Federal nº 71.657./73 de 04/01/73 Portaria ministerial nº775/08- D.O.U. de 10/11/08 Matriz curricular: Londrina 1º Semestre Código 2MED008 2BIO111 2DEF057 2BIO083 2LET077 2DEF088 2DEF089 Disciplina *Prevenção e Emergência em Primeiros Socorros Anatomia Movimentos Gímnicos Biologia Comunicação e Linguagem Teoria e Prática do Jogo Voleibol I 2º Semestre 2DEF091 2DEF035 2BIO175 2DEF036 2DEF040 2DEF041 2DEF039 *Dimensões Sócio-Filosóficas da Educação Física Atletismo Fisiologia Basquetebol I Ginástica Geral Voleibol II Ética Profissional 3º Semestre 2DEF092 2DEF046 2DEF037 2DEF050 2DEF093 2DEF094 2SOC102 *Aptidão Física Rítmica e Dança Crescimento e Desenvolvimento Motor Lutas Basquetebol II Handebol I Métodos e Técnicas de Pesquisa *Disciplina(s) com atividades desenvolvidas de forma semipresencial. 4º Semestre Código 2DEF095 2DEF051 2DEF042 2DEF096 2DEF049 2EDU056 Disciplina *Educação Física para Deficientes Medidas e Avaliação Aprendizagem Motora Ginástica Rítmica I Handebol II Didática e Metodologia da Educação Física 45 2DEF052 2EDU158 Natação I Psicologia da Educação 5º Semestre 2DEF098 2DEF053 2FIT067 2QM016 2DEF097 2DEF056 2MAT113 *Organização e Administração em Educação Física e Desporto Atividade física em Academia Biomecânica e Cinesiologia Aplicada Bioquímica Ginástica Rítmica II Natação II Bioestatística 6º Semestre 2SOC103 2DEF057 2DEF099 2BIO086 2DEF102 2DEF055 *Iniciação Científica Atividade Física e Envelhecimento Estágio Profissional Curricular I Fisiologia do Exercício Futsal Lazer 7º Semestre 2DEF100 2DEF065 2DEF104 2DEF103 2NUT045 2PSI022 2DEF063 Estágio Profissional Curricular II Treinamento Personalizado Treinamento Desportivo I Futebol Nutrição Esportiva Psicologia do Esporte Trabalho de Conclusão de Curso I *Disciplina(s) com atividades desenvolvidas de forma semipresencial. 46 UNIVERSIDADE FILADELFIA DE LONDRINA - UNIFIL 47 48 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA Matriz Curricular Curso: Esporte 1ª série Biologia Celular C; Bioquímica B; Atletismo; Basquetebol; Futebol; Técnicas de Estudo das Dimensões do Esporte; Dimensões Filosóficas do Esporte; Ginástica Rítmica; Ginástica Artística Feminina; Ginástica Artística Masculina; Anatomia Humana Sistêmica; Pedagogia do Esporte. 2ª Série Fisiologia Geral A; Esportes e Modalidades Alternativas; Fundamentos da Biomecânica; Administração e Legislação Esportiva; Judô; Fundamentos de Antropologia e Esporte; Noções de Estatística; Voleibol;Crescimento e Desenvolvimento Motor; Histologia C; Anatomia Aplicada à Dinâmica Muscular; Psicologia Aplicada ao Esporte; Esporte Paraolímpico; Futsal. 3ª série Técnicas de Elaboração de Trabalho Científico; Fisiologia Aplicada ao Esporte; Organização Esportiva e de Eventos; Capacidades Físicas Aplicadas no Esporte; Aprendizagem Motora; Comunicação e Marketing Esportivo; Fundamentos da Sociologia e Esporte; Tênis; Natação; Handebol; Estágio Supervisionado em Esporte. 4ª série Dimensões Profissionais no Esporte; 6 Elementos de Medicina Esportiva; Computação Aplicada; Nutrição no Esporte; Trabalho de Conclusão de Curso; Gestão Esportiva; Dimensões Psicológicas do Esporte.