Biofísica Patrícia de Lima Martins Biofísica dos Sistemas Fisiológicos Biofísica da Respiração A respiração é um meio de obtenção de energia usado por numerosos seres vivos. É um processo no qual está sempre presente o oxigênio. Introdução Seres vivos, quanto ao uso do oxigênio: Aeróbios: dependem do oxigênio. Ex: vertebrados e invertebrados Anaeróbios: não utilizam oxigênio (ou usam apenas ocasionalmente). Ex: bactérias fungos. Os seres mais desenvolvidos usam obrigatoriamente o oxigênio para manter a combustão. A Respiração é um mecanismo pelo qual o ser fixa o oxigênio e libera o gás carbônico. Nos seres vivos é possível, quatro tipos de procedimentos para a sua realização: 1. respiração pulmonar (encontrada nos seres mais avançados); Introdução 2. respiração branquial (efetuada pelos peixes e girinos); 3. respiração cutânea Os seres unicelulares usam um mecanismo parecido com o cutâneo, pois as trocas são efetuadas através das suas membranas celulares. Introdução 3. respiração traqueal (adotada pelos insetos); Conceito A respiração é um processo fisiológico pelo qual organismos vivos inalam oxigênio do meio circulante e liberam dióxido de carbono. A respiração (ou troca de substâncias gasosas - O2 e CO 2), entre o ar e a corrente sanguínea, é feita pelo aparelho respiratório que compreende: nariz,cavidade nasal dividida em duas fossas nasais, faringe, laringe, traquéia, brônquios e pulmões com bronquíolos e alvéolos Função Fornecer oxigênio à corrente sanguínea, retirar dela o dióxido de carbono. Produzir os sons da fala. Anatomia do Aparelho Respiratório O aparelho pulmonar, sob o aspecto da biofísica, pode ser dividido em duas partes: condutos aeríferos e pulmões. I – Condutores aeríferos Fossas Nasais Função: Traquéia Árvore Brônquica conduzir o ar inspirado até os alvéolos pulmonares e, trazer de volta ao exterior, o ar expirado. Nariz: É o primeiro segmento por onde, de preferência, passa o ar durante a inspiração. Ao passar pelo nariz, o ar é filtrado, umidificado e aquecido. Faringe: Após a passagem pelo nariz, antes de atingir a laringe, o ar deve passar pela faringe, segmento que também serve de passagem para os alimentos. Laringe: Normalmente permite apenas a passagem de ar. Durante a deglutição de algum alimento, uma pequena membrana (epiglote) obstrui a abertura da laringe, o que dificulta a passagem de fragmentos que não sejam ar para as vias respiratórias inferiores. Na laringe localizam-se também as pregas vocais, responsáveis para produção de nossa voz. Traquéia: Pequeno tubo cartilaginoso que liga as vias respiratórias superiores às inferiores, logo abaixo. Brônquios: São numerosos e ramificam-se também numerosamente, como galhos de árvore. Permitem a passagem do ar em direção aos alvéolos. Bronquíolos: Mais delgados, estão entre os brônquios e os sacos alveolares, de onde saem os alvéolos A velocidade do ar ao longo das vias aeríferas é dependente: do calibre dos vasos; da densidade do ar; de sua temperatura; viscosidade que possui. II – Pulmões Órgãos nobres do aparelho respiratório; Os pulmões são em número de dois e apresentam estrutura esponjosa, devido ao grande número de cavidades cheias de ar neles existentes. Estas cavidades são representadas pelas ramificações dos brônquios, que são os bronquíolos– cujas paredes são constituídas de pequenas cavidades – alvéolos pulmonares. As paredes destes alvéolos estão em contato com uma rede capilar, estrutura de capital importância para a respiração. A pleura é uma fina membrana que recobre a superfície interna da parede torácica (pleura parietal) e a superfície externa dos pulmões (pleura visceral). O espaço virtual entre as duas pleuras é o espaço ou cavidade pleural. É normal haver uma pequena quantidade de líquido (cerca de 60 ml) entre as pleuras. Esse líquido ajuda que os pulmões deslizem suavemente na cavidade torácica Funcionamento do aparelho respiratório O sistema respiratório funciona integrado ao circulatório. Possui dois hemiciclos: Inspiração: ar atmosférico é aspirado para uma região permeável (o pulmão), onde entra em contato com o sangue e permite absorção de O2. Expiração: o ar pulmonar é expelido para o ambiente, eliminando CO2 e outros componentes para fora. Inspiração Promove a entrada de ar nos pulmões; Contração da musculatura do diafragma e dos músculos intercostais. O diafragma abaixa e as costelas elevam-se, promovendo o aumento da caixa torácica, com consequente redução da pressão interna (intrapeural) (em relação à externa), forçando o ar a entrar nos pulmões. Expiração Promove a saída de ar dos pulmões, dá-se pelo relaxamento da musculatura do diafragma e dos músculos intercostais. O diafragma eleva-se e as costelas abaixam, o que diminui o volume da caixa torácica, com conseqüente aumento da pressão interna, forçando o ar a sair dos pulmões Hematose A hematose é a uma troca de gases que ocorre devido à diferença de concentração de oxigênio e gás carbônico por um processo conhecido como difusão. A difusão é a passagem de substâncias de uma área onde estão em maior concentração para uma área em que estão em menor concentração. Como nos alvéolos a concentração de oxigênio está maior, ele se difunde para o sangue. E como no sangue que chegou nos pulmões a concentração de gás carbônico é maior, este se difunde dos capilares para os alvéolos. Essa transformação do sangue rico em gás carbônico em sangue rico em oxigênio é conhecida como hematose. Nos alvéolos pulmonares o gás oxigênio do ar difunde-se para os capilares sangüíneos e penetra nas hemácias, onde se combina com a hemoglobina (proteína presente nas hemácias) enquanto o gás carbônico (CO2) é liberado para o ar (processo chamado hematose). Tensão superficial dos alvéolos A tensão superficial ocorre no interior dos alvéolos devido a grande quantidade de moléculas de água ali presente, revestindo toda a parede interna dos alvéolos. Quanto maior a tensão superficial mais difícil é a entrada do O2. A tensão superficial no interior dos alvéolos seria bem maior do que já é se não fosse a presença, nos líquidos que revestem os alvéolos, de uma substância chamada surfactante pulmonar. O surfactante pulmonar é formado basicamente de fosfolipidios (dipalmitoil lecitina) nas células presentes no epitélio alveolar. A grande importância do surfactante pulmonar é sua capacidade de reduzir significativamente a tensão superficial dos líquidos que revestem o interior dos alvéolos. Síndrome da angústia respiratória do recém- nascido (SARRN ) é um distúrbio decorrente da produção insuficiente de surfactante pulmonar, e da má adaptação a vida extra-uterina. Cerca de 50% de incidência entre idade gestacional de 26 a 28 semanas; e 25 % entre 30 e 31 semanas. Continua, portanto, sendo o maior problema pulmonar no período neonatal. Há uma diminuição significativa da produção do surfactante e também há uma inativação do surfactante que é produzido por proteínas e líquidos presentes na via respiratória. A principal consequência é o aumento da tensão superficial na interface ar-líquido, levando, então, ao aumento das forças de fechamento alveolar (colabamento alveolar). Isto leva a um colapso alveolar, diminuindo a complacência pulmonar (distensão). Temos com isto uma diminuição da oxigenação. A prevenção é realizada através do uso de corticóides na gestação pra acelerar a maturidade pulmonar Volumes e capacidades Pulmonares A cada ciclo respiratório que executamos, certo volume de ar entra e sai de nossas vias respiratórias durante uma inspiração e uma expiração, respectivamente. Em uma situação de repouso, em um jovem e saudável adulto, aproximadamente 500 ml de ar entram e saem a cada ciclo. Este volume de ar, que inspiramos e expiramos normalmente a cada ciclo, corresponde:. Volume Corrente Além do volume corrente, inspirado em uma respiração normal, numa situação de necessidade podemos inspirar um volume muitas vezes maior, numa inspiração forçada e profunda. Volume de Reserva Inspiratório Corresponde a, aproximadamente, 3.000ml de ar num jovem e saudável adulto. Da mesma forma, se desejarmos, podemos expirar profundamente, além do volume que normalmente expiramos em repouso, um maior volume de ar. Volume de Reserva Expiratório corresponde a, aproximadamente, 1.100 ml. Volume de Reserva Expiratório Mesmo após uma expiração profunda, um considerável volume de ar ainda permanece no interior de nossas vias aéreas e de nossos alvéolos. Trata-se do Volume Residual aproximadamente 1.200 ml. Volume Residual O Volume de Reserva Inspiratório somado ao Volume Corrente: Capacidade Inspiratória (aprox. 3.500 ml). VRI+ VC = 3.500 ml O Volume de Reserva Expiratório somado ao Volume Residual corresponde ao que chamamos: Capacidade Residual Funcional (aprox. 2.300 ml). VRE + VR = 2.300 ml 1. Calcule a capacidade inspiratória pulmonar de um adulto sabendo que o VRI corresponde a 3000ml e o volume corrente 500ml. 2. Diante da informação que a capacidade residual funcional corresponde a 2.300ml e o VRE é 1100ml. Calcule o volume residual. O Volume de Reserva Inspiratório somado ao Volume Corrente mais o Volume de Reserva Expiratório Capacidade Vital (aprox. 4.600 ml). VRI + VC + VRI = 4.600 ml Calcule a capacidade vital, sabendo que: VRI= 3000 VRE = 1100 VC = 500 Volumes Corrente, de Reserva Inspiratório, de Reserva Expiratório mais o Volume Residual. Capacidade Pulmonar Total (aprox. 5.800 ml). VC + VRI + VRE + VR = 5.800 ml Parâmetros de interesse biofísico da respiração Determinação da relação pressão/volume ou complacência pulmonar ( distensão) Pneumograma: Medição ou registro gráfico dos movimentos respiratórios por meio do pneumógrafo; Espirometria é um exame do pulmão feito por médicos pneumologistas e fisioterapeutas, também conhecido como Prova de Função Pulmonar ou Prova Ventilatória. A espirometria permite o registro de vários volumes e dos fluxos de ar. - Sentado, o paciente deverá respirar através de um bucal conectado ao espirômetro. Como não se pode desperdiçar o ar que o paciente está respirando, uma presilha de borracha tampará o nariz enquanto o paciente respira pela boca. - O técnico pode pedir: Respirar tranquilamente por algum tempo. Encher o peito completamente. Assoprar com o máximo de força e rapidez possível, até que o técnico peça para repetir o processo. O paciente deverá repetir o assopro pelo menos 3 vezes. Provavelmente também será necessário assoprar lentamente algumas vezes. Após a finalização desta primeira parte, o técnico pode pedir que o paciente use um “spray” broncodilatador e o teste será repetido novamente após 15-20 minutos.