CONVÊNIOS CNPq/UFU & FAPEMIG/UFU Universidade Federal de Uberlândia Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação DIRETORIA DE PESQUISA COMISSÃO INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 2008 – UFU 30 anos DESENVOLVIMENTO REGIONAL, CONCENTRAÇÃO ECONÔMICA E INDICADORES SOCIAIS NO BRASIL Gabriella Macedo Rossi 1 NEDRU/IE/Universidade Federal de Uberlândia. Campus Santa Mônica - Caixa Postal 593, CEP 38400-902 – Uberlândia/MG - Brasil. [email protected] Humberto Eduardo de Paula Martins 2 NEDRU/IE/Universidade Federal de Uberlândia. Campus Santa Mônica - Caixa Postal 593, CEP 38400-902 – Uberlândia/MG-Brasil. [email protected] Resumo: Na presente pesquisa busca-se analisar se o crescimento e o dinamismo das atividades produtivas observados em municípios e Estados selecionados, também se verificam nos indicadores sociais. São analisados os seguintes indicadores: Esperança de Vida, Renda Per Capita; Índice de Gini, IDH-M, Taxa de Alfabetização e Média dos Anos de Estudos de Pessoas com 25 anos ou mais. Os indicadores referem-se aos anos de 1991 e 2000, para municípios selecionados nos Estados de Rio de Janeiro, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Palavras-Chave: Desenvolvimento Regional; Indicadores Sociais; Concentração 1. INTRODUÇÃO Estudos acerca da desigualdade na distribuição espacial das atividades produtivas no Brasil têm se tornado cada vez mais importantes para o conhecimento da realidade sócio-econômica e para o planejamento, principalmente a partir da década de 1990. No período recente, os estudos sobre a concentração espacial das atividades produtivas em nível inter-regional se destacaram e deram ênfase ao movimento de desconcentração e concentração. Essas tendências de reconcentração ou desconcentração, aos olhos de Diniz, se materializam a partir da década de 1970, quando se percebe o declínio da participação relativa da região metropolitana de São Paulo (RMSP) tanto na produção industrial quanto no PIB nacional, indicando-se, então, um processo de reversão da polarização. Durante a década de 1990, a temática de concentração espacial da produção foi retomada sob nova perspectiva, e foi relacionada a fatores micro e macroeconômicos, transformações na esfera da produção e da tecnologia, bem como às mudanças nas políticas governamentais. Nessa fase, a tendência de queda da participação da RMSP na renda aumentou diretamente com essas mudanças tecnológicas e organizacionais, da estrutura produtiva, da concentração do setor financeiro de serviços de entrada de investimentos estrangeiros. De acordo com o autor, recentemente houve uma reconcentração da indústria no Centro-Sul do país, em uma área denominada polígono, o qual envolve o entorno do Estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul, tendo como vértices as cidades de Belo Horizonte, Uberlândia, Londrina/Maringá, Porto Alegre, Florianópolis e São José dos Campos. Por isso, pode-se dizer que no Brasil tem ocorrido uma ampliação da significância demográfica e econômica de uma rede de metrópoles, coerente com a dimensão geográfica do país e com o processo de desconcentração relativa e de crescimento das economias regionais. Mas, 1 2 Acadêmica do curso de Ciências Econômicas. Orientador. contudo, São Paulo continua com a função de cidade central do Brasil, em condições diferentes e com o seu papel de grande centro articulador da economia nacional e de principal pólo de integração com a economia mundial ampliada. A perspectiva de Diniz (1993) destaca cinco aspectos relevantes para a determinação da forma como se distribui a produção, circunscrevendo este “polígono” em torno da RMSP: i) A disponibilidade diferenciada de recursos naturais (agricultura e mineração), o que propicia o aumento da produção devido ao aumento da área produtiva, já que a agricultura e mineração vêm induzindo um conjunto de atividades o que promove uma maior eficiência no fornecimento de insumos industriais e bens de capital. ii) Economias de aglomeração em algumas áreas e deseconomias de aglomeração na RMSP (região metropolitana de São Paulo), pois a partir de um certo momento a concentração urbana começa a criar deseconomias de aglomeração em função do aumento de renda urbana (preços de terrenos, alugueis, custo do controle ambiental, aumento dos salários, etc). iii) O papel do Estado, a qual potencializa a importância do investimento industrial na desconcentração industrial. iv) A unificação do mercado nacional e o surgimento de uma concorrência interempresarial. O processo de unificação do mercado brasileiro só se consolidou nas ultimas décadas, com a construção e ampliação de uma malha rodoviária, ampliação e melhoria da frota de veículos com o desenvolvimento e modernização das telecomunicações. v) A regionalização da pesquisa, do trabalho profissional e da renda. Os quatros primeiros fatores contribuem para q haja desconcentração, enquanto o ultimo age de forma a reforçar a concentração no Centro-Sul do país, dentro do limite do polígono industrial. Por isso, pode-se afirmar que as cidades médias que se localizam no entorno das três metrópoles do Sudeste e no eixo que as liga ao extremo Sul do País, tendem a atrair atividades industriais tecnologicamente avançadas. Isso em função de sua localização e de vantagens comparativas de que dispõem em termos de infra-estrutura de comunicações, disponibilidade de mão-de-obra qualificada e estrutura universitária de pesquisa. Os indicadores sociais podem ser a medida dos impactos das desigualdades econômicas regionais no Brasil de acordo com os aspectos sociais, principalmente a qualidade de vida da população, quando comparados com indicadores de caráter meramente econômico. Além disso, o desenvolvimento regional, mediante aspectos sociais, torna-se importante no parâmetro que o desenvolvimento econômico deva envolver a superação de carências e limitações naturais e a ampliação da qualidade de vida. Essas vantagens variam diretamente com a renda dessa população, com o mesmo sinal. É a partir desse ponto que devemos atentar para questão dos principais elementos do processo de crescimento econômico observado no País nas ultimas décadas, mediante as desigualdades de distribuição de renda e desigualdades regionais. O primeiro aspecto está relacionado com a elevada variância de indicadores ligados a qualidade de vida, em geral representado por indicadores de renda. Qualquer análise que se força da sociedade brasileira atual, mostra-se que ao lado de uma economia moderna, existem milhões de pessoas excluídas de seus benefícios, assim como dos serviços proporcionados pelo governo. Isto pode ser conseqüência dos processos de exclusão, pelos quais os setores que antes eram incluídos foram expulsos e marginalizados por um processo de mudanças sociais, econômicas e política, ou de processos de inclusão limitada, pelos quais o acesso ao emprego, a renda e aos benefícios do desenvolvimento econômico ficam restritos a determinados segmentos da sociedade (Elisa Pereira e Simon Schwartzman). Desse modo, no âmbito contextualizado acima, iremos levantar e analisar indicadores sociais e dados relacionados ao PIB, população e quantidade de empregados para os Estados que não foram alvos das pesquisas anteriores, mas que estão ligados á RMSP pelos seus principais eixos rodoviários, com o propósito de observar se o processo de reconcentração da produção industrial se estende a essas regiões, promovendo uma certa melhoria na qualidade de vida dessa população. 2 2. MATERIAL E MÉTODOS Em pesquisa anterior, foram analisados municípios e Estados que estão ligados à RMSP pelos seus principais eixos rodoviários no tocante à variação do emprego formal no período 19852004, com intuito de observar se o processo de reconcentração das atividades produtivas se estende a essas regiões (Martins e Oliveira (2006). Nessa pesquisa anterior, os dados dos municípios selecionados eram referentes aos anos de 1985, 1990, 1995, 2000 e 2004 com relação aos dados relacionados ao desenvolvimento econômico (PIB e Número de Empregados). Isto para verificar quais municípios que se mostram mais dinâmicos nesse período. Estes autores basearam-se nos dados do emprego formal disponibilizados pela RAIS e definiram como medida de corte os municípios que apresentaram no ano de 2000, 4500 ou mais empregados totais, o que direcionou a pesquisa para a análise dos municípios mais relevantes dentro da região estipulada. A classificação dos municípios, de acordo com a sua variação na participação do emprego entre 1985 e 2004, foi identificadas quatro grupos de variações: Acentuada, Crescente, Estagnada, Negativa e Decrescente. Na presente pesquisa, adota-se a mesma classificação, com a classe Acentuada ou muito crescente, que engloba os Municípios com variação da participação no nível de emprego maior que 0,030. As demais classes são as seguintes: Crescente (variação menor ou igual a 0,030 e maior que 0,010), Estagnada (variação menor ou igual a 0,010 e maior que -0,010), Negativa (variação menor ou igual a -0,010 e maior que -0,200) e Decrescente (variação menor que -0,2000). Com a pesquisa sendo feita em nível municipal é possível considerar as similaridades econômicas, sociais e culturais das regiões agregadas. Tomando-se como região de referência o “Polígono Desenvolvido”, constituído pela área compreendida pelos municípios de Belo Horizonte – Uberlândia –Londrina/Maringá – Porto Alegre – Florianópolis – São José dos Campos – Belo Horizonte, analisa-se a nível municipal a distribuição do emprego para detectar o padrão de desconcentração/reconcentração das últimas décadas. “Algumas regiões têm se destacado, beneficiando-se do processo de descentralização industrial.” (Martins e Oliveira, 2006: p.1). Na presente pesquisa busca-se analisar se o crescimento e o dinamismo das atividades produtivas observados em municípios e Estados selecionados também se verificam nos indicadores sociais. No primeiro ano desta pesquisa, foram focalizados municípios dos Estados de Minas Gerais e São Paulo. Neste segundo ano, são pesquisados os indicadores sociais para os Estados que não foram alvos do primeiro ano de pesquisa, a saber: Rio de Janeiro, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. A partir do estudo desse contexto histórico iniciamos esta pesquisa coletando dados dos indicadores sociais para os municípios selecionados, agrupados de acordo com a classificação do emprego dos mesmos. Posteriormente calculou-se a variação entre o valor de cada indicador do ano de 1991 e do ano de 2000, para cada município. Assim poderíamos analisar, de acordo com progresso da situação social desses e municípios no período mais recente, maior ou menor dinamismo nas suas atividades produtivas e se caso haja um maior dinamismo, se o mesmo condiz com uma significativa melhora nos indicadores sociais. Mesmo existindo outras áreas externas ao polígono com desenvolvimento expressivo, estas não detêm a intensidade e relevância detectadas na sua área interna e principalmente nos vértices. A existência de pólos mais desenvolvidos, em nível intra-regional, possibilita diferentes tipos de análises, que abordam alguns fatores mais específicos, como a disponibilidade de recursos naturais e incentivos fiscais, sendo relevantes para a reconcentração espacial. Os dados sistematizados foram coletados junto ao Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, para os indicadores relacionados à qualidade de vida da população, ou seja, informações sobre os indicadores sociais, neste caso. No Atlas do Desenvolvimento Humano encontramos dados dos indicadores do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), no caso desse projeto, utilizado para aferir o nível de desenvolvimento humano em municípios, denominando-se IDH-Municipal, embora também meça o nível do desenvolvimento humano desses municípios a partir de indicadores de educação (alfabetização e taxa de matricula), longevidade (expectativa de vida ao nascer) e renda 3 (PIB per capita). Utiliza-se o IDH-Municipal para a suavização das medidas de municípios com pequenas populações. O grande mérito do IDH é mostrar as características de um local quanto à distribuição de renda, se esta é mais concentrada. Há muito tempo estabeleceu-se a prática de avaliar o bem estar de uma população, e conseqüentemente de classificar os países ou regiões, pelo tamanho de seu PIB per capita. Entretanto, o progresso humano e a evolução das condições de vida das pessoas não podem ser medidos apenas por sua dimensão econômica. Por isso existe uma busca constante por medidas sócio-econômicas mais abrangentes, que incluam também outras dimensões fundamentais da vida e da condição humana. O PIB per capita é a divisão desse valor pela população do país. Trata-se de um indicador eficaz para a avaliação da renda de um universo amplo. Na avaliação da renda dos habitantes de um município, o uso do PIB per capita torna-se inadequado e a alternativa adotada é o cálculo da renda municipal per capita. Logo, o IDH não só se atenta a aspectos econômicos como também a aspectos de natureza social. Mas ele realmente necessita do amparo de outros indicadores. A metodologia de cálculo do IDH envolve a transformação das três dimensões em índices de longevidade, educação e renda, que variam entre 0 (pior) e 1 (melhor), e a combinação destes índices em um indicador síntese. Quanto mais próximo de ‘um’ o valor deste indicador, maior será o nível de desenvolvimento humano do país ou região. Todos os indicadores fornecidos pelo Atlas foram apurados diretamente dos Censos Demográficos de 1991 e 2000(questionário da amostra) do IBGE. Agora é importante que façamos uma menção aos indicadores sociais trabalhados na pesquisa. Além do IDH foram escolhidos vários outros indicadores do Atlas do Desenvolvimento Humano para que os resultados chegassem o mais próximo possível da realidade. Na presente pesquisa, os indicadores sociais selecionados para coleta e análise foram os indicadores Esperança de vida ao Nascer, Taxa de Alfabetização, Média de Anos de Estudos das Pessoas de 25 Anos ou Mais de Idade, Renda Per Capita, Índice de Gini e o Índice IDH-M. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Agora serão apresentados alguns resultados referentes a apenas dois indicadores analisados. 3.1 Esperança de Vida ao Nascer A hipótese desse trabalho é de que Municípios com melhor desempenho na variação da sua participação no emprego do Brasil também apresentam maiores taxas de variação em seus indicadores sociais. Em todos os estados estudados, esse indicador apresentou um crescimento em todos os Municípios selecionados, em alguns mais e em outros menos. O que se percebe é que, Municípios que tinham menor Esperança de vida em 1991 ou que apresentaram um maior crescimento desse indicador no ano de 2000, obtiveram uma maior taxa de crescimento para esse indicador; e Municípios que em 1991 já tinham valores mais altos para a Esperança de vida, cresceram menos no indicador. Isso pode ser analisado através do calculo da taxa de variação desse indicador entre esses dois períodos estudados. No Estado de Goiás, os dados da média da taxa de variação mostram que Municípios que tiveram maior crescimento no número de empregados, obtiveram crescimento maior na Esperança de vida. Por exemplo, os Municípios com nível de emprego Acentuado obtiveram um crescimento maior na Esperança de vida, do que Municípios com variação Crescente no emprego. No caso do Estado de Goiás a hipótese se confirma. A Classe acentuada do Rio Grande do Sul apresentou o melhor desempenho no crescimento desse indicador. Por isso constatamos que nesse Estado a lógica que Municípios com melhor desempenho na variação da sua participação no emprego do Brasil também apresentam maiores taxas de variação em seus indicadores sociais também não é contrariada, visto que nesse Estado, através da análise da tabela que os municípios situados na classe Estagnada do emprego, na classe negativa e até mesmo na classe decrescente do emprego apresentaram em média uma menor taxa de variação do indicador 4 em pauta. Já no caso do Estado de Santa Catarina muitos municípios com classificação no emprego inferior demonstraram um grande melhoramento da Esperança de vida, mas o crescimento da Esperança de vida ao nascer, como um todo, foi menor. Mas esse bom desempenho foi acompanhado pelas outras da classe de emprego e quase se igualou a variação da classe estagnada. Rompendo em partes com a hipótese analisada. Agora, assim como o Estado de Goiás e do Rio Grande do Sul, no Paraná a hipótese estudada é confirmada. Em média, observamos que os municípios que possuem uma variação no emprego maior do 0,030, apresentaram uma taxa de variação maior. Assim, os conjuntos Municípios que apresentaram maiores taxas de crescimento no indicador Esperança de Vida foram aqueles em que a média era mais baixa em 1991. Esses, no caso do Estado de Goiás, Rio Grande do Sul, do Paraná e de Santa Catarina pertencem à classe Acentuada, mas no Estado de Santa Catarina, as classes apresentam maior proximidade nos valores das variações médias do indicador. Já no caso do Espírito Santo e do Rio de Janeiro percebe-se que, no entanto, esse maior crescimento da esperança de vida não se mostrou suficiente para que colocassem esses Municípios à frente daqueles que obtiveram variações menores do indicador social. Por exemplo, no Estado do Rio de Janeiro, a classe Crescente foi a que apresentou a maior variação média da esperança de vida. No entanto, a classe que obteve a menor média geral do indicador no ano de 2000 foi a estagnada, dentro desse Estado. Já para as classes decrescentes e muito decrescentes observaram-se as menores variações médias da esperança de vida e os maiores valores médios do indicador social para 2000 (entre 70,26 e 70,74 anos), como pode ser visualizado na tabela 1. Apesar da diferença entre as classes (muito crescente, crescente, estagnada, decrescente, muito decrescente) pode-se afirmar que os Municípios com variação Crescente do Nível de emprego obtiveram também o maior crescimento da esperança de vida entre 1991 e 2000, com base no desempenho do emprego formal nos Municípios selecionados, observando que, no Espírito Santo, as classes que apresentaram as maiores variações para a esperança de vida foram a Crescente e a Estagnada. No Rio de Janeiro, foram a Crescente e a Muito Crescente. 5 Tabela 1 - Média e Variação Média da Esperança de Vida ao Nascer para Municípios selecionados segundo a classificação no emprego, entre 1991 e 2000. Estado Goiás Média, 1991 Média, 2000 Variação Média (1991/2000) 65,1 66,67 66,42 66,6 65,99 66,46 70,88 70,52 70,14 69,29 70,04 69,18 69,48 69,4 69,87 64,43 66,14 62,39 67,87 71,14 71,19 72,14 70,83 70,04 69,65 74,78 74,01 73,84 72,03 73,84 73,15 73,31 72,52 71,48 68,16 70,64 67,73 70,74 0,0926201 0,066051 0,0859651 0,0635702 0,0617395 0,0487903 0,0553854 0,0498209 0,0527774 0,0406703 0,1122449 0,0580613 0,055123777 0,0452624 0,0230428 0,057892286 0,068037496 0,08559064 0,042286725 Crescente 65,52 65,07 69,04 69,06 0,053724054 0,06131858 Estagnado 66,06 69,1 0,046018771 Decrescente 67,68 70,46 0,04107565 Muito Decrescente 67,85 70,26 0,035519528 Classificação do Emprego Acentuado Crescente Paraná Acentuado Crescente Estagnado Negativo Santa Catarina Acentuado Crescente Estagnado Negativo Acentuado Rio Grande do Sul Crescente Estagnado Negativo Decrescente Espírito Santo Muito crescente Crescente Estagnado Decrescente Rio de Janeiro Muito Crescente Fonte: elaboração própria, com base no Atlas do Desenvolvimento Humanos no Brasil e Oliveira e Martins (2006). 3.2 Renda per capita Não há uma relação direta entre a classificação do emprego e o indicador social ao relacionarmos a dinâmica do emprego formal com a da renda. As classes que apresentaram maior variação na quantidade de empregados entre 1985 e 2004, nem sempre obtiveram maiores taxas de crescimento na Renda per capita entre os anos 1991 e 2000, de forma que a quantidade de emprego não demonstra o fator mais relevante na geração de renda dentro dos Municípios. No Estado de Goiás não percebemos uma relação mais direta entre o melhoramento da Renda per capita e a dinâmica do emprego, isto é, nos municípios com a variação no emprego maior que 0,030 nem sempre incorrem em uma maior taxa de variação da renda per capita. Assim como no Estado do Paraná, pois existe uma similaridade entre as taxas de variação do indicador entre as diferentes classificações do emprego (Acentuado, Crescente, Estagnado e negativo), bem como no Estado de Santa Catarina. A mesma hipótese é verificada nos Estados do Rio de Janeiro, no Espírito Santo, e no Rio grande do Sul, explicitando que apenas classe muito decrescente do Rio de Janeiro demonstrou uma variação média da renda per capita significamente pior. Isso tudo vai contra a relação direta entre a dinâmica do emprego e o comportamento dos indicadores. Nas outras classes do emprego mantém-se a semelhança entre as taxas de variação da renda per capita. Por isso percebemos que em todos os Estados houve o crescimento da renda per capita, maior ainda nos municípios com renda per capita menor no ano de 1991. Mas, no caso desse indicador, não se pode reafirmar a hipótese estudada que diz que Municípios com melhor 6 desempenho na variação da sua participação no emprego do Brasil também apresentam maiores taxas de variação em sua renda per capita. Assim, pode-se afirmar que alguns Municípios podem ter sofrido reduções de salários unitários, pois alguns apresentaram redução da renda per capita, mesmo com uma variação positiva no emprego. O caráter apresentado por esse indicador foi o mesmo auferido na pesquisa de Ribeiro e Martins (2007) para os Estados de São Paulo e Minas Gerais. Tabela 2 - Média e Variação Média da Renda Per Capita para Municípios selecionados segundo a classificação no emprego, entre 1991 e 2000: Estado Goiás Média, 1991 Média, 2000 Variação Média (1991/2000) 182,53 236,57 246,27 213,14 211,93 269,73 299,94 238,56 220,69 299,57 286,69 321,37 243,82 257,81 525,21 213,69 188,01 164,14 450,8 250,48 321,87 331,74 296,33 285,79 365,94 426,83 355,38 308,57 432,27 378,19 312,09 336,79 335,24 709,88 312,07 266,91 235,63 667,68 0,3565576 0,3403553 0,3400152 0,3943964 0,3578914 0,353089 0,4331708 0,533295 0,4288363 0,4842091 0,3314465 0,3566199 0,3681913 0,3053214 0,3516117 0,460386541 0,419658529 0,435542829 0,481100266 Crescente 199,6 171,52 280,06 251,58 0,403106212 0,466767724 Estagnado 192,03 277,16 0,443316149 Decrescente 261,17 374,04 0,432170617 Muito Decrescente 454,92 596,65 0,311549283 Classificação do Emprego Acentuado Crescente Paraná Acentuado Crescente Estagnado Negativo Santa Catarina Acentuado Crescente Estagnado Negativo Acentuado Rio Grande do Sul Crescente Estagnado Negativo Decrescente Espírito Santo Rio de Janeiro Muito crescente Crescente Estagnado Decrescente Muito Crescente Fonte: elaboração própria, com base no Atlas do Desenvolvimento Humanos no Brasil e Oliveira e Martins (2006). 4. CONCLUSÃO A partir de toda essa discussão, pôde-se concluir que os Municípios que apresentaram maior desenvolvimento nos indicadores sociais foram aqueles que apresentaram, em 1991, valores absolutos mais baixos para os mesmo. Muitos deles, mesmo com esse maior crescimento, no ano de 2000 ainda não tinham conseguido alcançar os níveis dos indicadores daqueles Municípios que obtiveram menores taxas de variação dentro desse período, como o que ocorreu nos casos do IDHM e da Renda Per Capita. Assim, verifica-se que o processo de desconcentração, seguido de uma relativa reconcentração, que fez com que o dinamismo das atividades produtivas se deslocasse da RMSP para as cidades médias de seus entornos, especialmente, e ao longo de seus eixos rodoviários, gerou um movimento de convergência nos valores dos indicadores sociais entre os Municípios com número de empregados formais maior ou igual a 4.500. Além disso, de acordo com a análise dos 7 dados dos indicadores, observou-se que nem sempre aumentos na participação dos empregados formais do Brasil estão ligados à melhora nos indicadores sociais. Verifica-se que a relação, apesar de ser encontrada em alguns casos, não ocorre em grande parte das classes e variáveis. Um exemplo é o que ocorreu com as classes de Minas Gerais no indicador Esperança de Vida, em que houve uma relação inversa entre a variação do emprego e a taxa de crescimento do indicador. Certamente, isso acontece porque existem muitos fatores adversos que interferem nos benefícios que o crescimento do emprego pode gerar na qualidade de vida da população. Tais fatores podem estar relacionados aos salários reais unitários. Se o número de pessoas empregadas com carteira assinada aumenta, mas o poder de compra da população em geral diminui a qualidade de vida provavelmente não irá melhorar de maneira significativa para grande parte da população. Além disso, é necessário que as próprias autoridades governamentais locais forneçam as condições para a atração de novas atividades produtivas, empresas, formação de universidades, melhorias nos aspectos médico-hospitalares e, principalmente, desenvolverem mecanismos que impeçam a evasão dos recursos produzidos dentro do Município para fora de seu território. Ao mesmo tempo em que o crescimento do emprego pode levar a um aumento do bem estar social, o fato de um Município possuir melhores condições sociais também pode gerar uma maior quantidade de emprego. Quanto aos valores absolutos, praticamente todos os Municípios selecionados tiveram bom desempenho. Mesmo aqueles que entre 1985 e 2004 tiveram uma diminuição de sua participação no total de empregados do Brasil, obtiveram, em geral, melhora em seus indicadores sociais entre 1991 e 2000. Esses resultados foram similares auferidos por Ribeiro e Martins (2007) para os Estados de Minas Gerais e São Paulo. Assim, percebe-se que mesmo que Rio de Janeiro e Espírito Santo não tenham sido inseridos no polígono de Diniz, eles demonstraram dinamismo similar ao restante da região em relação ao desenvolvimento dos indicadores sociais. Portanto, esse trabalho também sugere que investigações que dizem respeito a uma relação de causa e conseqüência entre o desenvolvimento do emprego e o dos indicadores sociais no Brasil sejam feitas, para que se identifique qual deles tem impacto mais forte sobre o outro. Assim, o Poder Público pode voltar a sua atenção para aqueles aspectos que são realmente a base do desenvolvimento econômico e social de nosso País. 5. AGRADECIMENTOS Agradeço ao incentivo concedido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq – através de seu Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZZONI, Carlos Roberto. 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There are considered the following indicators: Hope for Life, Per Capita Income; Gini index, HDI-M, literacy rate and the Middle Years of studies of people with 25 years or more. The indicators relate to the years 1991 and 2000 for selected municipalities in the states of Rio de Janeiro, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul and Espírito Santo. 9 Key-Words: Regional Development; Social Indicators; Concentration 10