SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO DO VALE DO IPOJUCA- SESVALI FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA - FAVIP COORDENAÇÃO DE PSICOLOGIA CURSO DE PSICOLOGIA FABIANA MARIA DOS SANTOS CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS E SOCIAIS DA TIMIDEZ CARUARU 2011 Profº Vicente Jorge Espindola Rodrigues Diretor – Presidente da FAVIP Profª Mauricélia Bezerra Vidal Diretora Executiva e Acadêmica da FAVIP Profª Raffaela Medeiros e Morais Coordenadora do Curso de Psicologia FABIANA MARIA DOS SANTOS CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS E SOCIAIS DA TIMIDEZ Monografia apresentada como requisito de avaliação da Disciplina de Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) do curso de Graduação em Psicologia da Faculdade do Vale do Ipojuca (FAVIP), estando sob a orientação da Professora Patrícia Oliveira Lira. CARUARU 2011 Catalogação na fonte Biblioteca da Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE S237c Santos, Fabiana Maria dos. Consequências psicológicas e sociais da timidez / Fabiana Maria dos Santos. -- Caruaru : FAVIP, 2011. 48 f. : il. Orientador(a) : Dra. Patrícia Oliveira Lira. Trabalho de Conclusão de Curso (Psicologia) -- Faculdade do Vale do Ipojuca. 1. Timidez. 2. Infância. 3. Adolescência. 4. Fobia social. 5. Medo. I. Título. CDU 159.9[12.1] Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário: Jadinilson Afonso CRB-4/1367 FABIANA MARIA DOS SANTOS CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS E SOCIAIS DA TIMIDEZ Aprovada em / / BANCA EXAMINADORA ________________________________________________________________ Profª. Dra. Patrícia Oliveira Lira (Orientadora) – FAVIP __________________________________________________________________ Profª. Ms. Geórgia Mônica Marques de Menezes – FAVIP __________________________________________________________________ Profª. Esp. Andresa Ventura Marques – FAVIP CARUARU 2011 DEDICATÓRIA Aos meus pais, Maria José dos Santos e Astrogildo Aristides dos Santos, meu irmão Fábio Astrogildo dos Santos, minha filha Caroline dos Santos e meu noivo César André Pereira da Silva. Obrigada por escreverem comigo essa história! amo muito vocês! AGRADECIMENTOS Neste instante constato o quão difícil é encontrar as palavras que expressem o meu agradecimento a todos que de algum modo, nos momentos serenos e/ou apreensivos, fizeram ou fazem parte de minha vida, que de alguma forma contribuíram para minha formação profissional e pessoal, peço que considerem-se envolvidos pelos meus agradecimentos independentemente de seus nomes constarem ou não neste espaço tão limitado. Agradeço primeiramente a Deus, que soprou em mim seu espírito me permitindo vivenciar as mais diversas experiências, desde as conquistas aos fracassos, mas sempre demonstrando sua presença fiel e paterna, pois como diz o apóstolo São Paulo em sua carta aos romanos, “Nada pode nos separar do amor de Deus” (Romanos, 8:38-39). Aos meus pais, pelo apoio que sempre me deram, em especial a minha mãe que sofreu e sorriu junto comigo durante a concretização deste trabalho, à minha querida filha e meu irmão que tanto me ajudaram, e ao meu noivo, que a partir do momento que entrou em minha vida, me tornou uma pessoa mais feliz À professora Patrícia Oliveira Lira, pela solicitude em acolher mais uma orientanda em meio a tantos compromissos À professora Jane Palmeira Cavalcante, que mesmo distante manteve o compromisso e continuou me ajudando na elaboração deste trabalho Ás professoras Andresa Ventura Marques e Geórgia Mônica Marques de Menezes, pelo carinho e por acolher o convite de participar da banca examinadora A todos os professores do curso de psicologia responsáveis pela minha chegada a esta etapa final, A todos colegas do curso, em especial a Nelcito pela contribuição oferecida, às minhas amigas Érica, Greyce, Patrícia, Queila, Viviane, Marcicleide, Jaqueline, acima de tudo pela amizade demonstrada ao longo de toda a minha formação acadêmica À minha amiga “Vaninha” pelo incentivo A todos meus sinceros agradecimentos EPÍGRAFE A águia é uma ave nascida para viver mais de 70 anos. Mas nem sempre todas alcançam essa idade. Próximo aos 40, ela enfrenta o desafio de viver ou morrer. Seu bico e suas garras, envelhecidas e curvos, não conseguem mais capturar o alimento, suas penas atrapalham o vôo, e ela vê aproximar-se seu fim! Muitas sucumbem! Algumas, no entanto, especiais, retiram-se para altas montanhas rochosas e se isolam um tempo de aproximadamente três meses. Lá enfrentam o desafio doloroso da renovação. Suportando a dor, raspam, na rocha, o bico por dias, até que ele caia. Um novo bico surge, então, em seu lugar. Com ele, as águias arrancam suas garras até que novas surjam. Depois retiram uma por uma de suas penas para que nova plumagem apareça. Nesse processo de dor, coragem e solidão, essas águias especiais vêem nascer uma nova possibilidade. E, no amanhecer de um desses dias, ela as faz em seu vôo de renascimento – o vôo de Fênix. Mais trinta anos de vida foram conquistados (Autor desconhecido) RESUMO A timidez é descrita como um conjunto de sinais e sintomas que se manifestam através da sensação de tensão e inibição, surgindo nas mais variadas situações de convívio social. Sendo a timidez um atributo negativo nos quais está a dificuldade em fazer amigos, em relacionar-se amorosamente, de apresentar trabalhos no colégio, faculdade ou emprego, entre outros. Tais dificuldades podem também ser acompanhadas de algumas alterações fisiológicas, como aceleração da respiração e dos batimentos cardíacos, mão suando e/ou trêmulas, aperto na região do estômago, entre outros. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo contribuir para compreensão do fenômeno da timidez, tal como suas características, origens e conseqüências tanto psicológicas quanto sociais, tendo como propósito tornar as interações sociais mais aptas e confiáveis para os indivíduos tímidos. O estudo também apontou para a importância da influência dos aspectos sócio-culturais de determinados países e suas relações com a timidez. A realização deste trabalho possibilitou a conclusão de que mesmo a timidez estando inserida em várias etapas do desenvolvimento humano e sendo um aspecto frequente na vida das pessoas, deve ser cuidadosamente observada por pais, professores e responsáveis, e em casos de timidez mais acentuada, é aconselhável que estes venham a ser tratados clinicamente. Para tanto, foi realizado um estudo teórico através de artigos e livros especializados no assunto. Palavras-chave: Timidez; Infância; Adolescência; Fobia Social; Medo. ABSTRACT Timidity is described as one set signs and symptoms manifesting through sensationvoltage and inhibition, emerging in various convivial situations social. Being shynessone negative attribute wherein is difficulty making friends in relate lovinglypresenting work in college college or service among others. Such difficulties may also be accompanied some physiological alterations as acceleration respiration and heartbeats hand sweating and / or shaky, tightness stomach region among others. Thus this study aims contribute understanding phenomenon shyness ascharacteristics, origins and consequences both psychological as social having aspurpose make interactions social more apt and reliable individuals timid. The study also pointed for importance influence aspects sociocultural certain countries andrelations with shyness. This work enabled completion that even shyness beinginserted in several stages human development and being one aspect frequent lifepeople should be carefully observed by parents teachers and responsible andcases shyness steeper is advisable that these will be treated clinically. To achieve de objectives one theoretical study through articles and specialized books insubject. Keywords: Shyness; Childhood, Adolescence, Social Phobia, Fear. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 11 2 CONCEITO DE TIMIDEZ ............................................................................................................. 16 2.1 Tipos de Timidez.................................................................................................................... 20 2.2 É possível tirar vantagens da timidez? .................................................................................. 21 2.3 Patologias associada à Timidez ............................................................................................. 21 2.4 Fobia Social............................................................................................................................ 23 2.6 Como colaborar na intervenção do fenômeno da timidez ................................................... 26 3 DESENVOLVIMENTO HUMANO, CULTURA E SUAS RELAÇÕES COM A TIMIDEZ ...................... 29 3.1 Infância .................................................................................................................................. 29 3.2 Adolescência.......................................................................................................................... 34 3.3 Adulto .................................................................................................................................... 36 3.4 Velhice ................................................................................................................................... 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................. 42 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 43 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 46 INTRODUÇÃO 11 1 INTRODUÇÃO O mundo contemporâneo traz uma perspectiva dinâmica acerca do indivíduo que a vivencia, logo, algumas condições são necessárias para que uma pessoa possa utilizar e desenvolver seu potencial para criar (ALENCAR; FLEITH, 2003) e se manter dentro das expectativas de exigência nas várias esferas (social, familiar, acadêmica, laboral etc). Portanto, sabe-se que diante de um contexto de cobranças gerais alguns fenômenos relacionados às habilidades sociais podem surgir, por exemplo, a timidez. De acordo com Sonoo, Hamada e Hoshino (2008) a timidez é apresentada como falta de confiança e de desenvoltura social, porém, não interferem necessariamente de modo significativo na vida da pessoa. Comumente a timidez é entendida como um bloqueio à expressão, uma dificuldade que as pessoas têm de se expor, acompanhada frequentemente de baixa auto-estima, associada à grande preocupação com as atitudes, reações e pensamentos dos outros. Faz-se necessário destacar que o fenômeno da timidez está inserido em todas as fases do desenvolvimento humano. A propósito, a timidez na infância é um fenômeno considerado para Monjas-Casares, Caballo e Marinho (2002) como aspecto para o qual se presta pouca atenção por parte tanto das famílias como de professores, por exemplo. Assim, em uma determinação de características os autores citados apontam que a timidez é um problema internalizado (comportamentos inadequados que se expressam para dentro) e de inabilidade social. Por ser um problema que não altera ou perturba o ambiente, não são identificados de início. Em monografia apresentada por Abrantes (2006) é grande o número de pessoas que consegue vencer a timidez. Ao citar Zimbardo (2002), a autora descreve que a natureza humana é flexível e pode se ajustar às demandas do ambiente, sendo tais resultados dependentes da busca da superação da vergonha. A propósito, em pesquisas realizadas por este autor, fruto de relatos em sua clínica psicológica em Stanford, na Califórnia, mais de 80% dos entrevistados disseram ter passado por um período nas suas vidas em que tinham sido tímidos, sendo que alguns ainda o eram no momento da investigação. Cerca de um quarto dos entrevistados era constituído por tímidos crônicos 12 e muitos se admitiram tímidos em determinadas situações, ou seja, a chamada timidez situacional. Ainda em um apanhado de dados empíricos, Vasconcellos (2005) afirma que nos resultados de seus experimentos, foi possível verificar que a timidez tem uma relação direta nos comportamentos relacionais e no padrão de comunicação. De um modo geral, a timidez não possui uma origem clara. Um dos fatores que determinam seu desenvolvimento pode estar relacionado com algum tipo de distúrbio na formação do autoconceito1 (SONOO; HAMADA; HOSHINO, 2008). Trata-se, por conseguinte, de um fenômeno recorrente no âmbito das relações humanas e que merece uma maior dedicação das ciências que se ocupam do comportamento dos indivíduos, especificamente da Psicologia. No tocante ao mundo do trabalho, é cada vez mais exigido o atendimento às expectativas produzidas pelo mundo moderno do capitalismo. As empresas têm procurado recrutar profissionais que, além de uma boa formação, possuam atributos relacionados, entre outros, à capacidade de liderança e à criatividade, atributos estes incompatíveis, evidentemente, com as características de uma pessoa tímida (MEDEIROS; NOGUEIRA; CAVALCANTI, 2005). De acordo com Oliveira (2004 apud, MEDEIROS; NOGUEIRA; CAVALCANTI, 2005, p. 97), o perfil de alguns profissionais: [...] alicerça-se, entre outras peculiaridades, na aptidão para falar em público, de modo que dele já se exige, durante o seu processo de formação, desenvoltura em várias situações sociais, fato do qual podem resultar transtornos e constrangimentos para aqueles com dificuldades de expressão oral, notadamente nos casos em que se lhes exige que falem em público. Se durante o processo de formação acadêmica, essa espécie de inibição natural não é enfrentada, ter-se-á um profissional despreparado para o desempenho de suas atribuições profissionais, ainda quando tenha acumulado uma interessante bagagem intelectual, já que esta deixará de ser utilizada em situações nas quais a sua demonstração se fazia imprescindível. 1 Autoconceito é o conjunto de tudo aquilo que o indivíduo pode chamar de meu, desde seu corpo, suas capacidades e etc. 13 Segundo Bonin (1996), o ser humano, ao nascer, traz consigo determinados comportamentos inatos, ligados a sua estrutura biológica, que durante o seu desenvolvimento são moldados pela atividade cultural de outros com quem se relaciona. O indivíduo se constitui através da rede de inter-relações sociais, e tanto a solidariedade quanto a timidez, são processos importantes para beneficiar a harmonia grupal. Comungando dos mesmos pensamentos, Axia (2003) afirma que são as características sociais e culturais do ambiente que favorecem ou desfavorecem determinados tipos humanos, por exemplo, de maneira negativa ou positiva. A adaptação social e cultural da pessoa tímida, em alguns contextos é muito difícil, em outros não é nenhum problema. Neste caso, Bowlby (apud Axia 2003), em sua teoria do apego, compreende que a timidez é decorrente dos laços afetivos que o ser humano constrói desde o nascer. A teoria do apego esclarece as raízes das condições psicológicas, tais como o bem-estar, a serenidade, o sentimento de confiança e de contentamento nas relações com os outros e em condições opostas, marcadas pela ansiedade, pelo medo e pela desconfiança em relação às outras pessoas. As pessoas com um apego seguro estão convictas de seu valor pessoal e do fato de serem dignas de amor e confiança, sendo um forte fator de proteção contra a timidez excessiva, enquanto que o apego inseguro favorece a timidez e o medo dos outros. Kaplan, Sadock e Grebb (1997) relatam que a timidez pode levar a um quadro de fobia social, isto é, o medo acentuado e persistente em situações sociais, caracterizado por um temor excessivo de humilhação ou embaraço em vários contextos sociais como agir de forma ridícula ou inadequada na presença de outras pessoas. Nesse sentido, algumas áreas do conhecimento contribuem para a compreensão da timidez. A Psicologia Social oferece explicações acerca das habilidades sociais; a Psicologia Clínica para a compreensão do estado psicológico do sujeito incluindo a intervenção; e a Psicopatologia por considerar os efeitos patológicos que a timidez pode ocasionar, por exemplo, a Fobia Social. Assim, este trabalho tem como justificativa o fato da temática envolvendo a timidez ser ainda muita escassa no Brasil, tanto no que se refere ao conteúdo empírico como puramente teórico, fato constatado, por exemplo, a partir de pesquisa realizada no Index Psi2 , em que se verificou um número insuficiente de artigos publicados com 2 Index Psi site de busca de periódicos em psicologia. 14 palavras-chave como timidez, vergonha ou inibição. Ademais, trata-se de uma temática relacionada com várias áreas da psicologia, especialmente a clínica, a escolar, a social e a organizacional e trabalho. Diante do exposto são possíveis os seguintes questionamentos: (1) Quais as consequências psicológicas e sociais que um indivíduo tímido pode sofrer? (2) Como a timidez atinge as várias etapas de desenvolvimento da vida de uma pessoa? (3) Como o profissional da área de Psicologia pode interferir nesse processo? O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) não tem como finalidade principal o aprofundamento sobre os construtos salientados até então, mas sim uma análise tratando dos principais tópicos e características que envolvem a timidez. Tendo como objetivo principal o de compreender as consequências psicológicas e sociais que um indivíduo tímido pode sofrer. Especificamente pretendeu-se: Levantar as principais características da timidez; Compreender as possíveis relações entre a timidez e as fases do desenvolvimento humano; Indicar como o profissional da área de Psicologia pode colaborar na intervenção do fenômeno da timidez. Para tanto, em termos metodológicos foram analisadas teoricamente, ou seja, por meio de uma configuração de pesquisa bibliográfica, informações adquiridas nos órgãos oficiais, pela imprensa brasileira, organizações não-governamentais, além de publicações científicas (revistas e periódicos nacionais) e livros clássicos e/ou atuais e mais utilizados que tratem sobre o assunto aqui abordado. Com esse propósito, decidiu-se aqui considerar um conjunto de variáveis que contribuem para a apreensão do contexto atual sobre as consequências psicológicas e sociais que um indivíduo tímido pode sofrer. De tal modo, foram elaborados para a concretização deste trabalho, bem como para o provável alcance dos objetivos traçados, capítulos originados do levantamento teórico. Para melhor compreensão, esta monografia está estruturada da seguinte forma: o Capítulo I destina-se a apresentação das principais características da timidez. No Capitulo II discuti-se as possíveis relações entre a timidez e as fases do desenvolvimento humano. Já no Capitulo III apresentamse as considerações finais, indicações futuras e possíveis limitações, como resultado desse trabalho. 15 CONCEITO DE TIMIDEZ 16 2 CONCEITO DE TIMIDEZ A Timidez é um complexo processo de dificuldades de relacionamento interpessoal, (MASCARENHAS, 2007) que envolve diversos tipos de medos e fantasias a respeito de si mesmo e dos riscos envolvidos nas expressões verbais e gestuais de uma pessoa. A palavra timidez deriva do latim timiditas, que possui a mesma raiz de Timor e significa medo. “A timidez é considerada sob o ponto de vista principalmente biológico como propensão a sentir muito medo diante de pessoas que não conhece e em situações sociais pouco familiares” (AXIA, 2003, p.07). Ainda segundo esta autora, a timidez é caracterizada por três eventos interiores que ocorrem simultaneamente. O primeiro é a predisposição para sentir medo em determinadas circunstâncias sociais. O segundo é a forte consciência de ter medo: a pessoa não consegue libertar-se do pensamento acerca das mudanças fisiológicas que estão ocorrendo, nem consegue livrar-se da profunda consciência de seu estado de espírito e de sua condição emotiva. O terceiro fato que caracteriza a timidez é experimentar embaraço ou vergonha pelo que esta acontecendo. A timidez manifesta-se através da sensação de tensão e inibição, surgindo nas mais variadas e diferentes situações de convívio social, como por exemplo: dificuldades em falar em público, em participar de atividades em grupos, de praticar esportes coletivos, em fazer uma pergunta em sala de aula, de iniciar novas amizades e namoros, de falar com alguém em posição de autoridade e assim por diante. Tais dificuldades podem também ser acompanhadas de algumas alterações fisiológicas, como aceleração da respiração e dos batimentos cardíacos, mãos suando e/ ou trêmulas, aperto na região do estômago e do peito, dor de cabeça, e outros. 17 Confirmando os sentimentos de inadequação diante do convívio social, o psicólogo espanhol Enrique Echeburua (apud BAVOSO, 2004, p.19) elaborou um esquema de desenvolvimento da timidez a partir de reforços negativos: Uma experiência social negativa leva a uma resposta psicofisiológica de ansiedade (taquicardia, rubor, tremor, etc.). Essa sensação leva a uma antecipação de consequência negativa diante de situações sociais. (“Vão perceber meu nervosismo!”). Isso provoca novas respostas psicofisiológicas de ansiedade (taquicardia, rubor, tremor, etc.). Em outras situações semelhantes, antecipam-se as possíveis consequências negativas (“Vou ficar nervoso e todos vão notar!”). As respostas psicofisiológicas de ansiedade vão aparecer como nas vezes anteriores. A sensação de viver outra situação semelhante a que fora desagradável, traz reações ainda mais intensas. O tímido convive com muitos medos, entre eles está o medo de ser avaliado, julgado, e não ser aceito pelos outros. Temem o confronto e o posicionamento, deixam de impor limites, explicitar desejos e necessidades. Sabemos que nem sempre é claro o motivo pelo qual nos entristecemos ou ficamos felizes, e muitas coisas que existem em nós são difíceis de conhecer. De acordo com Aronson,Wilson e Akert (2002), não é nada simples olhar para dentro. Sendo muitas vezes difícil saber exatamente como nos sentimos ou porque estamos fazendo alguma coisa, olhamos para fora, para o ambiente social, em busca de pistas. Ainda para estes autores a visão que temos de nós mesmos é moldada pelo mundo a nossa volta. É importante enfatizar que a timidez não compromete de forma significativa a realização pessoal, mas causa um empobrecimento na qualidade de vida. Interferindo nos comportamentos, criando uma gama de comportamentos e sintomas diversos, tais como erros na linguagem, lapso de memória, mal-entendidos, fuga de idéias, dificuldades de concentração, fala desconexa e outros (AXIA, 2003). 18 Para Mascarenhas (2007), a pessoa tímida com baixa auto-estima cria cenas de rejeição, imagina-se excluída e inferior, aprisionando-se na sua história, onde passa a maior parte do tempo criando cenas nas quais não se sairá bem. Na relação com o outro, a falta de posicionamento causa uma série de conseqüências negativas. O tímido quando focado em sua crença de inferioridade, não percebe nem a sim mesmo nem ao outro com o qual se relaciona de forma objetiva, favorecendo assim a sua baixa auto-estima. Psicólogos sociais segundo Aronson,Wilson e Akert (2002), descobriram no último meio século que um dos determinantes mais influentes do comportamento humano tem origem na necessidade de preservar um conceito estável positivo do eu, isto é, manter uma idéia relativamente favorável de nós mesmos, favorecendo assim um elevado nível de auto-estima. Pessoas com baixa auto-estima tendem a ser socialmente ansiosas e ineficazes. Elas vêem as relações interpessoais como uma ameaça, sentem-se menos positivas em relação aos outros e com a falta de confiança em seus próprios julgamentos e opiniões, rendem-se mais facilmente à oposição. (MICHENER, DELAMATER, MYERS 2005, p.123) A auto-estima é um componente de avaliação do eu onde a maioria das pessoas tentam manter uma auto-estima positiva. Crianças, adolescentes e adultos com autoestima mais elevada têm boa convivência social e popularmente junto aos seus pares, sendo mais confiantes em relação às próprias opiniões e julgamentos. Jung (1971 apud MASCARENHAS, 2007, p. 68), denominou a timidez e a baixa auto-estima, quando presentes na história de vida de uma pessoa, como tendo característica de um complexo, sendo o complexo uma potência autônoma, dirigida contra a personalidade consciente. Quando um fato especialmente significativo, afetivamente acentuado, ocorre com o indivíduo, gera uma grande carga de energia psíquica. Essa energia atrai para si vários conteúdos psíquicos em torno do núcleo central da experiência, formando o complexo. Os tímidos acreditam ter menos domínio das habilidades sociais e se afastam de situações onde tenham que se mostrar. A timidez faz as pessoas falarem menos e darem mais pausas nas conversas, tornando-se assim um fator de limitação. Em situações sociais, os tímidos têm problemas de concentração porque ficam muito preocupados consigo próprios, com a possível projeção de uma imagem ruim para os outros. 19 O narcisismo é uma característica importante nas pessoas tímidas, que têm como pretensão serem perfeitas, pelo menos é assim que elas querem ser vistas pelos outros. E por temerem que os outros não concordem, preferem se esconder. Para Bavoso (2004, p. 12): Tímidos em geral, evitam situações geradoras de ansiedade e apresentam déficits em habilidades sociais. Por terem dificuldade em se ligar afetivamente a outras pessoas, manifestam sentimentos de solidão e isolamento, que muitas vezes o levam à depressão. Os tímidos são pessoas que vivem com grande intensidade as emoções de base, são pessoas que percebem com mais força as emoções ligadas aos fracassos sociais, como o embaraço e a vergonha. Segundo Michael Lewis (apud AXIA, 2003 p.84) “o embaraço é uma emoção que nasce do fato da pessoa tornar-se o foco da atenção dos outros ou até de si mesma. Sente-se observada, exposta, incomodada, embaraçada. O embaraço é uma emoção adaptativa porque é pouco agradável e faz com que as pessoas prestem mais atenção ao mundo externo em vez de ficarem presas a si mesmas”. A vergonha é outra emoção ligada à timidez. De acordo com o Aurélio (2000), a vergonha tem como uma de suas definições, o sentimento penoso de desonra ou humilhação perante outrem. Darwin (apud AXIA, 2003) em sua famosa análise das emoções humanas, considera a timidez como uma espécie de vergonha, com base em certas características do comportamento, como o enrubescimento, os olhos baixos, os movimentos nervosos. Os sentimentos e comportamentos de uma pessoa tímida são diversos. Para alguns tímidos, a timidez é uma sentença de prisão perpétua sem saída. A propósito, o Zimbardo, (apud Bavoso, 2004, p. 45) relata que: A timidez é uma forma de prisão em que a pessoa desempenha tanto o papel de guarda, sempre reforçando as regras restritivas, como de prisioneiro que as segue passivamente, para ganhar a aprovação do guarda. O prisioneiro quer que chegue alguém para livrá-lo da prisão, mas assim que alguém se aproxima o guarda o impede. Essa prisão tem suas vantagens: é segura e esconde sentimentos de medo e ansiedade. Mas as desvantagens são muito maiores! É um lugar em que se passa a pão e água, é um lugar de solidão e isolamento. 20 Este autor afirma ainda que a timidez “é de fato uma prisão e só se abre por dentro! A própria pessoa tem a chave; é ela que precisa mudar deixar de reagir com ansiedade e medo na maioria das situações!”. 2.1 Tipos de Timidez O comportamento tímido pode ser classificado ao longo de um continuum, com diferentes níveis de gravidade, desde problemas moderados até aqueles classificados como transtorno, por exemplo, a fobia social (MONJAS CASARES; CABALLO; MARINHO, 2002). Existem dois tipos de timidez, a chamada timidez situacional e a timidez crônica. A timidez situacional, como o próprio nome diz, manifesta-se em determinadas situações específicas. A pessoa tímida pode, por exemplo, interagir muito bem com autoridades e pessoas do sexo oposto e sentir dificuldades em falar em público (AXIA, 2003). A timidez crônica, ao contrário, manifesta-se em todas as formas de interação social. A pessoa não consegue falar com estranhos, fazer amigos, tem medo de falar em público e intimida-se diante de autoridades. Tímidos crônicos são aqueles que sempre que, ao realizarem algo na frente dos outros, sentem uma ansiedade muito grande, tornando-se incapazes de agir; seu medo dos outros não tem limites. Entre um tipo e outro de timidez, ainda temos os tímidos que, por não disporem de habilidades necessárias e/ou não terem confiança em si mesmos, preferem se ocultar por trás de uma agressividade. Segundo Mascarenhas (2007), a timidez não se restringe apenas às pessoas que fogem das situações de convívio social ou que ficam vermelhas ao se dirigirem a alguém. Há ainda, os tímidos disfarçados – que lançam mão estratégias para se comunicar. Podem ser falantes e contadores de piada, mas, no fundo, são tímidos. Embora diferentes, temem e afastam-se de situações que lhes exigem espontaneidade. 21 2.2 É possível tirar vantagens da timidez? Para Axia (2003), a timidez não é uma enfermidade que precise ser curada ou tampouco uma deficiência a ser superada. A timidez é uma condição humana, é um aspecto vulnerável, frágil e precioso da humanidade. Segundo a autora, todos nós, de modo mais ou menos consciente, sabemos que a timidez tem qualquer coisa de raro e nobre em si mesmo. Do contrário, porque reclamaríamos para nós tal condição com tanta vontade? Os tímidos demonstram medo e, desse modo, sabem sinalizar o verdadeiro perigo, sendo eles, mais atentos e sensíveis. Ainda para esta autora, as pessoas corajosas e sociáveis mudam, modificam e alteram a realidade, mas os tímidos são os protetores da vida. São os tímidos que protegem a vida dos corajosos, porque são capazes de perceber logo o perigo. A timidez ainda contribui para que as pessoas sejam mais seletivas nas relações interpessoais. Segundo escreveu o escritor polonês Isaac Bashevis (apud revista Veja, 1999), os tímidos raramente são grandes pecadores, eles sempre deixam a sociedade em paz. Para Abrantes (2008), por serem tímidos são descritos como reservados, discretos e simples, termos que têm conotação positiva. E em alguns casos é apreciado por saber ouvir os outros. Tendo como outra conseqüência positiva o anonimato e a proteção que proporciona, pois o anonimato às vezes evita que a pessoa se destaque na multidão. 2.3 Patologias associada à Timidez A timidez é definida por um medo acentuado em vários momentos da vida. Os seres humanos vivem grande parte do tempo com medo. Sentimos medo da morte, do assalto, do fracasso, do desconhecido entre outros. Para Ferreira (2010, p. 39), é importante ressaltar que o fato da pessoa sentir medo, ficar inibida em determinadas situações não significa que também não possa sentir-se extremamente à vontade diante de outras. 22 Ainda para este autor (Ferreira 2010), o medo é definido por um fator biológico e um estado emocional do individuo. O medo biológico está relacionado ao instinto de conservação, ou seja, é a precaução de defesa e proteção, que tomamos quando existe um perigo real. Este tipo de medo é de fundamental importância para nossa sobrevivência. No estado emocional o medo é de ordem psicológica, e está relacionada com o nosso imaginário, ao contrário do medo biológico, a situação de perigo diz respeito à proteção da nossa própria imagem, e do que pensamos a nosso respeito, chegando a acreditar naquilo que imaginamos. Os medos sociais ocorrem em várias situações entre elas estão: medo de falar em público, subir ao palco, fazer exames, primeiro dia de aula, dirigir automóveis, comer em restaurantes, usar banheiro público, lidar com autoridades, ser avaliado por outras pessoas, encontrar com estranhos, situações novas e outros. O medo provoca uma reação forte, e prepara o indivíduo para lutar ou para fugir do perigo. Mas, se a ocasião não permitir nem lutar nem fugir, o indivíduo se sentirá angustiado com uma sensação desagradável. As preocupações com o que os outros possam estar percebendo, junto com as próprias sensações tornam as sensações ainda mais desagradáveis. Sobre o poder paralisante do medo, Carlos Drummond de Andrade (apud Dalgalarrondo, 2002) diz: Provisoriamente não cantaremos o amor que ser refugiou mais abaixo dos subterrâneos. Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços, não cantaremos o ódio porque esse não existe, existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro, o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, depois morreremos de medo e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas (p.321). Ao sentir medo excessivo, a pessoa pode desencadear desde uma manifestação de timidez e vergonha chegando até ao estado patológico como, por exemplo, a fobia social. A timidez seria um grau de ansiedade em situações sociais um pouco mais elevado, mas ainda saudável. Entretanto, para algumas pessoas, a ansiedade diante das 23 situações sociais torna-se tão intensa, que prejudica as atividades o dia-a-dia e os relacionamentos interpessoais. Por tanto quando a ansiedade for persistente, de alto grau e resultar em comprometimento no funcionamento social e psíquico ter-se-á um diagnóstico de fobia social. 2.4 Fobia Social A Fobia Social, ou Transtorno de Ansiedade Social, é caracterizada por um medo intenso e persistente de situações sociais que envolvam expor-se ao contato interpessoal, que tenham que demonstrar certo desempenho, ou situações competitivas e de cobranças, em que o indivíduo se sente compelido a evitar (DALGALARRONDO, 2008). O individuo com tal patologia sente medo de ser humilhado e ridicularizado em situações sociais. A angustia é ainda maior quando ao falar em público, apresentar seminários, fazer uma palestra, etc. O medo à exposição é mais forte com pessoas estranhas ou tidas como superiores. Para Engler e Einser (2008), “crianças com ansiedade social muitas vezes querem estar com os colegas, mas, por causa da timidez, introversão, ansiedade de desempenho e/ou medo de humilhação, frequentemente evitam situações sociais desconhecidas” (p.141). A fobia social é considerada um grave problema de saúde mental, pelas incapacidades dela decorrentes no desempenho e nas interações sociais e por sua alta prevalência, calcula-se que aproximadamente 13% da população sofrem de tal transtorno. É o transtorno de ansiedade mais comum na população geral, e o terceiro transtorno psiquiátrico mais frequente, com taxas de prevalência em 12 meses entre 7 e 10 %. A idade média de início da fobia social está entre os 11 e 19 anos, um período da vida em que a personalidade e habilidades sociais ainda estão em desenvolvimento, este início pode ser acarretado por uma cronicidade e prejuízo que afetará toda sua vida. Em estudo a cerca da confiabilidade da versão em português do Inventário de Fobia Social (SPIN) entre adolescentes, estudantes do município do Rio de Janeiro, Vilete et al (2004 apud Medeiros; Nogueira; Cavalcanti 2005) afirmam que a fobia 24 social tem início na adolescência e que precede outros transtornos mentais [...]. No entanto esclarecem que, as manifestações clínicas da fobia social basicamente não diferem nas diversas faixas etárias, apesar de que, em adolescentes, esse distúrbio é uma das causas para não irem a escola. Para Ballone e Bottura (2004 apud Medeiros, Nogueira, Cavalcanti 2005), os portadores de fobia social sentem-se como se fossem degradados publicamente ou colocados em situações críticas. São exemplos dessas situações os medos das apresentações, de escrever e de alimentar-se em local público, de utilizar banheiros coletivos, de conversar com pessoas estranhas e etc. “Pacientes com fobia social apresentam tendência a pior desempenho escolar, têm menor probabilidade de se casar e maior chance de continuar morando com os pais, nível de renda mais baixo e são mais susceptíveis a ficar desempregados” (FILHO, 2009). Conforme Kaplan; Sadock e Grebb (1995): [...] o tratamento da fobia social usa tanto a psicoterapia quanto a farmacoterapia, e variados enfoques são indicados para o tipo generalizado e situações de desempenho. Geralmente envolve uma combinação de métodos comportamentais e cognitivos, incluindo retreinamento cognitivo, dessensibilização, ensaio durante as sessões, e uma variedade de exercícios, para serem realizados em casa (p. 567). Por definição, são medos persistentes e irracionais d e situações consideradas não perigosas, resultando em necessidade incontrolável de fugir ou de evitar esse estímulo. Se isso não é possível, o confronto é precedido por ansiedade antecipatória, realizado com grande sofrimento e comprometimento do desempenho, incapacitando o indivíduo de levar uma vida social ativa (KAPLAN; SADOCK; GREBB, 1997). 2.5 Síndrome do Pânico É uma reação de medo intenso, de pavor, relacionada geralmente ao período imaginário de morte iminente, descontrole ou desintegração. A síndrome do pânico ao contrário da fobia social não depende necessariamente de nenhuma interação social ou mesmo da presença de outra pessoa para que se desencadeie um processo patológico. 25 Segunda Dalgalarrondo (2000), o pânico se manifesta quase sempre como crises de pânico. Sendo estas crises agudas e intensas de ansiedade, acompanhadas por medo intenso de morrer ou de perder o controle e de acentuada descarga autonômica (taquicardia, sudorese, etc.) De acordo com Dalgalarrondo (2000), as crises caracterizam pelo inicio abrupto de uma sensação de grande perigo e desejo de fugir ou escapar da situação. Ocorrem sintomas somáticos decorrentes da ansiedade intensa, como palpitações, sudorese fria, tremores, parestesias (principalmente formigamento nos lábios e/ou ponta dos dedos), sensação de falta de ar, desconforto respiratório, dor ou desconforto no peito, náusea, sensação da cabeça ficar leve, medo de perder o controle ou enlouquecer, medo de morrer ou ter um ataque cardíaco e, em alguns casos, despersonalização e/ou desrealização. Segundo Pereira (1997 apud Dalgalarrondo), na base da crise do pânico estaria o sentimento primário de desamparo de não poder sentir o acolhimento básico, o apoio implícito, que fundamenta o sentimento de segurança que a criança tem diante do adulto que a cuida (geralmente a mãe). Para Bowlby (apud Kaplan, Sadock, Grebb, 1997), o sentido básico de segurança é derivado de um relacionamento contínuo e íntimo com um cuidador. As crises podem ocorrer após a exposição a desencadeantes (contato com situações ou objetos fobígenos, morte de pessoa próxima significativa, estresse intenso, aglomerados humanos, túneis ou congestionamentos, situações de ameaça, etc.), mas em muitos casos, não se consegue identificar o fator desencadeante tendo como duração alguns minutos e tendendo a repeti-se com periodicidade variável (SOUZA; GUIMARÃES, BALLONE, 2004). Ainda para esses autores (Souza, Guimarães, Ballone, 2004) o tratamento atual invariavelmente leva a uma melhora considerável dos sintomas ansiosos, sendo indicadas as terapias cognitivas e comportamentais, a farmacoterapia e outras terapias psicossociais como a terapia familiar e a psicoterapia orientada para o insight. 26 2.6 Como colaborar na intervenção do fenômeno da timidez Segundo Kagan (apud Axia, 2003 p.122), é relativamente fácil para uma criança tímida superar a sua timidez. Os pais podem ajudar os seus filhos expondo-os gradualmente e gentilmente às situações e pessoas pouco familiares. É importante habituar a criança, aos poucos, a tudo que possa causar-lhe medo. Entretanto, em alguns casos, além do empenho dos pais, professores e responsáveis, torna-se necessário a ajuda de um profissional, na área da saúde mental. Neste sentido, para Caballo (1993), as estratégias de intervenção têm-se rotulado como “Treinamento em Habilidades Sociais”, área que se tem experimentado notável desenvolvimento nos últimos anos, de forma que, hoje, praticamente qualquer intervenção psicológica inclui algum componente de treinamento ou de modificação do comportamento. Ainda para Caballo (2007 p. 16), a intervenção atual da timidez, e o retraimento social, orienta-se em programas cognitivo-comportamentais de tratamento multicomponente, em que o principal elemento é o treinamento em habilidades sociais, acompanhado e completado por programas de auto-estima e redução da ansiedade. Esses programas de treinamentos incluem, no geral, técnicas de exposição [...] Para Del Prette e Dell Prette (2001 apud Abrantes 2008), em qualquer interação social são requeridas habilidades sociais para que a convivência seja satisfatória para as pessoas envolvidas na interação. Segundo estes autores, convivemos sempre com várias pessoas em situações diferentes, nas quais precisamos nos comportar adequadamente, pois cada situação social requer habilidades diferentes. Uma relação social equilibrada tende a ser duradoura, com sentimentos mais profundos. Abrantes (2008) ressalta que, muitas das dificuldades que as pessoas experimentam nas interações sociais se devem à falta de aprendizagem de maneiras adequadas de se comportar ou à aprendizagem de formas inadequadas. Em termo escolar, segundo Abrantes (2008), o aconselhamento psicológico nas escolas seria bastante útil na prevenção da timidez, trabalhando com a orientação de pais e professores em relação à importância que deve ser dada à socialização de crianças e adolescentes para o desenvolvimento natural das habilidades sociais como fator de proteção à saúde e bem estar dos mesmos. 27 Uma outra forma de intervenção, tem sido a abordagem psicodramática em que o corpo e a expressão corporal são facilitadores da ação dramática por permitirem a emergência de tema protagônicos (FLEURY, MARRA 2005). Para Pinto (2005 apud Fleury, Marra 2005), o contexto psicodramático é a via de acesso para o contexto social. A pessoa protagonista da cena psicodramática é trabalhada para liberar sua espontaneidade e realizar uma ação co-criativa, como pessoa autora de sua própria história. J. L. Moreno (apud Almeida 1999, p. 130), define o psicodrama como o método que penetra na verdade da alma por meio da ação [...] O psicodrama é, muitas vezes, um corpo teórico e técnico por todos os elementos de uma psicoterapia breve. O psicodrama pode ser utilizado como psicoterapia processual, sistematizada ou individual, através da metodologia psicodramática, é possível ir além da fala, possibilitando ao sujeito a visualização de seus conflitos e dificuldades. 28 DESENVOLVIMENTO HUMANO, CULTURA E SUAS RELAÇÕES COM A TIMIDEZ. 29 3 DESENVOLVIMENTO HUMANO, CULTURA E SUAS RELAÇÕES COM A TIMIDEZ O desenvolvimento humano não é apenas influenciado pela questão biológica, mas também pelas questões psicológicas e sociais. O desenvolvimento do individuo e dos acontecimentos dá-se ao longo de todas as fases da vida. (LEME 1995, apud, SOUZA 2010, p. 34). Neste capítulo serão apresentadas noções gerais sobre as fases do desenvolvimento humano, juntamente com diferentes culturas e as possíveis relações com fenômenos da timidez. 3.1 Infância É na infância onde ocorrem as nossas primeiras experiências que são marcantes e significativas, influenciando a maneira como percebemos e interagimos com nós mesmos e com o mundo. “O ser humano, em todas as épocas, desde o primeiro pontapé in útero até o ultimo suspiro, está organizado em agrupamentos geográfica e historicamente coerentes: família, classe, comunidade, nação. Assim, um ser humano é, em qualquer época, um organismo, um ego e um membro da sociedade (...)” (BRAGHRIROLLI, PEREIRA, RIZZON, 2003). Para AXIA (2003, p. 9), “há pessoas que nascem tímidas e pessoas que nascem muito sociáveis. Existem ambientes que conspiram ativamente contra os tímidos e os martirizam, e existem ambientes que são perfeitos para eles.” As experiências iniciais de vida excessivamente frustrantes e desalentadoras, que levem a criança a desacreditar nas atenções e nos cuidados que os adultos lhe dispensam, (BRAGHRIROLLI; PEREIRA; RIZZON, 2003) com muita probabilidade levarão a um sentimento de desconfiança estrutural nos outros e em si mesma, pois, se não reconhecida em suas necessidades, é como se estivesse só, abandonada, ou mesmo como se fosse incapaz de despertar, nos outros tais cuidados. As conseqüências desse tipo de sentimento podem ser desastrosas para a personalidade em desenvolvimento. Para Castro et al (2004 apud, GONÇALVES e MURTA, 2008 p. 430), há evidências de que se a criança desenvolver um amplo repertório de habilidades sociais 30 terá mais probabilidade de estabelecer, futuramente, relações sociais mais saudáveis e com menor risco de rejeição por seus pares. Ainda a respeito, Del Prette e Del Prette, (2005 apud, GONÇALVES e MURTA, 2008 p. 430-431) enfatiza que, um repertório social empobrecido pode constituir em um sintoma ou correlato de problemas psicológicos, podendo se expressar como dificuldades interpessoais na infância. Tais dificuldades podem ser classificadas, na psicopatologia infantil, em dois grandes grupos de comportamentos: os externalizantes (que se expressam predominantemente em relação a outras pessoas) e os internalizantes (que se expressam predominantemente em relação ao próprio indivíduo). Os comportamentos internalizantes são evidenciados por retraimento, depressão, ansiedade e queixas somáticas, podendo privar a criança a interagir com o ambiente físico e social. Em contrapartida os comportamentos externalizantes são marcados por impulsividade, agressão, agitação, características desafiantes e anti-sociais, podendo gerar conflitos e rejeição de pais, professores e colegas. Na criança pequena, a cognição e o psiquismo estão ainda em formação, questões que para um adulto passam despercebidas, para uma criança são, muitas vezes, intensas e perturbadoras. É através das relações que estabelece com o meio, que a criança aprende a se perceber e a formular conceitos sobre si mesma, e sobre o mundo com o qual interage. Em um questionário, derivado de uma pesquisa na Universidade de Pádua na Itália, intitulada Internacional Study of Families, Children and School (Estudo internacional de famílias, crianças e escola) realizada com genitores de cinco países, a respeito das qualidades que favorecem ou impedem o sucesso escolar de seus filhos, verificou que para os pais italianos, o fato de que uma criança seja comunicativa (tagarela) é indiferente, já para os pais norte-americanos é algo muito útil para seu desenvolvimento social. Ainda para os pais italianos o fato de uma criança ser líder não é característica vital para ir bem na escola, e contrapartida é um fato valorizado como realmente positivo pelos pais norte-americanos. Em suma, a cultura estabelecida em um país varia muito de um país a outro. Os holandeses, norte-americanos e suecos demonstram estar pouco preocupados com o fato de que o filho seja tímido ou não. Ao contrário, os pais italianos e os espanhóis acreditam que ser tímido é um grande problema. 31 Em entrevista à AXIA (2003), Charles Super, psicólogo do desenvolvimento e diretor de um centro de estudos (School for Family Studies, na Universidade de Connecticut, Estados Unidos), em pergunta relacionada à timidez e a cultura, ele descreve a timidez como sendo universal e elaborada de modo diferente em várias culturas. “Em algumas culturas, a timidez é encorajada, e em outras não. Por outro lado, há culturas que colocam vários níveis de dificuldade para as crianças tímidas” (p.39). Em muitas culturas Ocidentais, as pessoas têm uma visão independente, aprendem a se definir inteiramente separados dos demais, dando valor à independência e à singularidade. Em contraste, para muitas culturas Asiáticas e outras não-Ocidentais, o indivíduo se define pelo seu relacionamento com outras pessoas e reconhece que seu próprio comportamento é muitas vezes determinado pelos pensamentos, sentimentos e atos dos outros. Quando questionado a respeito se há diferenças no comportamento tímido de culturas diferentes, Super enfatiza que nos Estados Unidos existe uma tradição diferente na visão da timidez. Nos Estados Unidos há uma forte inclinação para a competência pessoal e a independência de uma pessoa. Para eles a criança tímida é uma criança difícil, então se procura motivá-la a superar a timidez da rotina da vida diária. Por exemplo, a criança tímida é deixada na creche ou no maternal ainda que tenha dificuldade em separar-se dos pais. Para Axia (2003), a rotina cotidiana ligada a refeições, ritmo do sono, atividades escolares ou extracurriculares e brincadeiras co os amigos variam bastante de um lugar para outro. Essas rotinas derivam da cultura de origem e determinam a vida concreta, com múltiplas conseqüências. Em muitas culturas da África ou da Índia, as crianças pequenas geralmente são criadas pelas irmãs mais velhas. Por exemplo, existe uma encantadora canção de ninar indiana em que uma menina diz ao irmãozinho para ser bonzinho e dormir, porque ela quer muito sair para brincar com as outras crianças. Os primeiros sinais da timidez podem ter inicio ainda na infância, no momento em que a criança começa a distinguir o conhecido do desconhecido, e, podendo passar despercebidas até o início da adolescência. Por outro lado, a medicina tem demonstrado que algumas crianças nascem com predisposição a serem tímidas, assim como outras tem predisposição para se tornarem 32 hiperativas ou calmas, mas se uma criança com tal predisposição genética encontrar um ambiente propício para a timidez se desenvolver, isso certamente ocorrerá. Segundo Gonçalves, Murta (2008), há evidências de que se a criança desenvolver um amplo repertório de habilidades sociais terá mais probabilidade de estabelecer, futuramente, relações sociais mais saudáveis e com menor risco de rejeição por seus pares. Munduruca (2000) enfatiza que um dos pontos constitutivos da timidez é o fato de as pessoas ao redor do sujeito em questão não comunicarem ou colocarem em palavras o que sentem em relação à situação e conclui que esse fenômeno é provavelmente o sintoma que responde à indisponibilidade e à ausência de espaço existente na estrutura familiar. Neste sentido, o ambiente familiar pode desempenhar um papel importante para a socialização de uma pessoa tímida. As crianças tímidas fugirão de interações sociais ainda que irracionalmente. Para Eisen e Engler (2008), o relacionamento com colegas é parte importante do desenvolvimento social e emocional. As crianças aprendem habilidades específicas a partir da interação com os colegas. Ainda para estes autores, fugir de determinadas situações com colegas, pode limitar as oportunidades de desenvolvimento das habilidades sociais, permitindo com que estas crianças apresentem dificuldades de adaptação e ficando mais propensas a se sentirem envergonhadas. Crianças socialmente retraídas correm o risco de, no futuro, sofrer de problemas sócio emocionais internalizados (ansiedade, depressão etc.). Comungando dos mesmos pensamentos Monjas e Caballo, 2000, enfatizam a importância da interação com colegas para o funcionamento interpessoal adequado e que proporcionam oportunidades únicas para a aprendizagem de habilidades, que não podem ser obtidas de outra forma, nem em outros momentos. Crianças com déficit de relações interpessoais e uma tendência estável e acentuada de fuga do contato social com outras pessoas, crianças que permanecem muito tempo sozinhas, que interagem pouco e que mantêm relações insuficientes ou insatisfatória com seus pares, isolando-se dos demais, são tidas como crianças tímidas e retraídas que precisam de atenção. De acordo com Rubin, Hymel e Mills (1989 apud Silvare 2008), o comportamento inibido e muito retraído é característica definidora e aparece como 33 sintoma de diversos problemas psicológicos na infância, na adolescência e na vida adulta [...] Para Silvare (2008 p. 13), as principais manifestações da conduta retraída na infância são as seguintes: a) déficit ou carência de comportamentos de interação com pares ou adultos (Monjas 1997); b) comportamentos de ansiedade, temor, preocupações e pensamentos negativos diante de situações interpessoais habituais e de situações que impliquem avaliação; c) problemas relativos ao conceito de si mesmo e à afetividade. Podem apresentar, entre outros: baixo autoconceito; auto-estima e auto-avaliação negativas; tendência a subestimar-se; sentimentos de inferioridade; alto grau de auto-exigência e autocrítica; hipersensibilidade; emocionalidade excessiva; tristeza ou depressão; sentimento de culpa ou autopercepção negativa da própria competência social. Deste modo a superproteção dos pais e familiares contribuem para tornar as crianças indefesas, inseguras e normalmente resistentes a novas situações naturais da vida. Em estudo, Jerome Kagan (apud Axia 2003), professor de psicologia do desenvolvimento na Universidade de Harvard, reconhecido como o maior estudioso das origens biológicas da timidez, afirma existir várias maneiras pelas quais uma criança pode tornar-se tímida, à medida que ela cresce, as causas se multiplicam e são mais variadas. A timidez de uma criança de 2 ou 3 anos é provavelmente de origem biológica. Uma criança de 9 ou 10 anos não mais é necessariamente de origem biológica, ela pode torna-se tímida porque é muito ligada ao lar, ou porque não pode praticar esportes, ou porque fala uma língua estranha. É preciso lembrar que algumas crianças são tímidas com outras crianças, outras são tímidas apenas com os adultos, outras ainda são tímidas tanto com outras crianças quanto com os adultos. No contexto escolar, professores qualificam crianças tímidas como quietas e medrosas, geralmente não as identificam como indivíduos com problemas, sendo muitas das vezes valorizados como bons alunos, já que seus comportamentos não perturbam 34 desta forma as crianças tímidas podem ter seu comportamento tímido e retraído reforçado. Alencar (2003) salienta que, o professor pode tanto facilitar como inibir o desenvolvimento da expressão da criatividade e o crescimento do aluno. Assim, o professor aparece como peça fundamental neste cenário. Como lembram Alencar e Fleith (2003), a expressão criativa não depende apenas das características individuais. O ambiente e o contexto sócio-histórico-cultural têm um papel fundamental na estimulação ou inibição do potencial criador de qualquer pessoa, pois somos seres sociais, influenciamos a cultura e o momento histórico e somos influenciados por eles. 3.2 Adolescência O adolescente é um ser humano que quebra em grande parte as suas conexões com o mundo externo, não porque esteja doente, mas porque uma das manifestações da sua crise de crescimento é o afastamento do mundo para se refugiar num mundo interno que é seguro e conhecido (ABERASTURY, 2008). A partir dessa reflexão, podemos dizer que a adolescência é a fase desenvolvimento humano onde há uma maior instabilidade. Neste período o adolescente precisa fazer escolhas que irão definir todo o seu futuro, provocando uma verdadeira revolução no seu meio familiar e social, passando por períodos de elação, descoordenação, introversão, audácia, timidez, desinteresse ou apatia, crises religiosas, conflitos afetivos e outros. A problemática da adolescência começa com as mudanças corporais, com a definição de seu papel na procriação e segue-se com mudanças psicológicas. Ao investigar as perturbações e momentos de crises durante a adolescência, Aberastury (2008), afirma que a definição do papel feminino ou masculino na união e procriação, e as mudanças corporais que acontecem durante este processo, são o ponto de partida das mudanças psicológicas e de adaptação social que também o caracterizam 35 e o levam, à estruturação de um novo ego corporal, à busca de sua identidade3 e ao cumprimento de novos papéis. Para Calligaris (2008) O adolescente sente necessidade de reformas sociais, de papéis sociais4, de planejar sua vida, de controlar as mudanças. Tais modificações tanto corporais quanto advindas do mundo externo, que exigem do adolescente novas pautas de convivência, são vividos, no começo, como uma invasão que os conduz a um refúgio em seu mundo interno. Este refúgio parte da necessidade do adolescente em isolar-se frente ao mundo real externo, como forma de defesa. O mundo interno construído com as imagens paternas será a ponte através da qual o adolescente escolherá e receberá os estímulos para sua nova identidade. Um bom mundo interior surge de uma boa relação satisfatória com os pais internalizados e da capacidade criativa que eles proporcionam. As imagens paternas quando boas ajudam a elaborar a crise da adolescência tanto como as condições externas conflitivas e necessárias durante este período. Na adolescência tudo é muito intenso e marcante, nesta etapa a busca da identidade adolescente torna-se angustiante. Ele se lança em busca de um novo sentido, de uma nova continuidade onde a socialização se torna mais presente porque o jovem passa a viver mais em grupo. A aceitação pelo grupo torna-se essencial, o adolescente nesta fase do desenvolvimento sente-se desconfortável e inseguro, favorecendo assim o reforço da timidez (ABERASTURY 2008). De acordo com Calligaris (2008), a insegurança é um traço próprio da adolescência. Sendo que grande parte das dificuldades relacionais dos adolescentes, tanto com os adultos quanto com seus coetâneos, deriva dessa insegurança. Tanto uma timidez apagada quanto o estardalhaço maníaco manifestam as mesmas questões, constantemente à flor da pele, de quem se sentem não mais adorado e ainda não reconhecido: será que sou amável, desejável, bonito, agradável, visível, invisível, oportuno, inadequado etc.? A busca pelo grupo é também a busca de segurança e estima pessoal. Nesse processo, o adolescente agrega-se aos seus pares para senti-se menos frágil. Ainda, 3 A identidade é o ponto de referência a partir do qual surge o conceito de si e imagem de si, de caráter mais restrito. 4 Os papéis sociais caracterizam a identidade do outro e o lugar no grupo social, que será construída e medida através das relações sociais. 36 segundo Calligaris (2008), os adolescentes se reúnem em grupos que podem ser mais ou menos fechados, mas sempre apresentam ao mundo uma identidade própria, diferente do universo dos adultos e dos outros grupos. Os grupos têm em comum, preferências culturais (tipo de música, vestimentas, cabelos etc.) e comportamentos (bares, clubes, restaurantes etc.). Neste sentido para Knobel, (2008): [...] não há duvidas de que o elemento sócio-cultural influi com um determinismo especifico nas manifestações da adolescência, mas também temos que considerar que atrás dessa expressão sócio-cultural existe um embasamento psicobiológico que lhe dá características universais (p. 25). 3.3 Adulto O ser humano vive em sociedade, a maioria de nós interage diariamente com muitas pessoas. Algumas delas conhecemos há muito tempo (conjugue, pais, filhos, amigos), outros conhecemos agora (BRAGHRIROLLI, PEREIRA, RIZZON, 2003). Deste modo, compreendemos que o ser humano vive constantemente em interação com outros. Ao entrar na vida adulta o jovem prepara-se para o ingresso na Universidade, na busca da profissão, ou ainda, na constituição de uma família. E considerar a vida adulta enquanto categoria social implica problemas e características próprias que requer atenção (SOUZA, 2010). O jovem que antes quisesse ser um profissional com sucesso podia ser concentrar especificamente em seu trabalho sem se preocupar com a educação formal (à exceção de Direito e Medicina) hoje em dia pensar desta forma é tirar as possibilidades de uma carreira bem sucedida. O curso superior no final dos anos 80 se torna imprescindível. E nos meados dos anos 90 com a concorrência o Ministério da Educação passou a exigir maior qualificação dos professores, e o mercado começou a procurar profissionais mais bem preparados. Com tais exigências o aluno que se prepara para o vestibular, já é exigido que tome decisões que vão além da faculdade, pois a vida de um estudante não acaba depois 37 de um curso superior, nem depois da pós, acabou-se a visão dos estudantes como etapas da vida, são mais que tudo um complemento da atividade profissional. Nesse sentido, segundo o Guia de Profissões (2006), as empresas esperam que cada funcionário seja um vendedor de idéias desinibido, um profissional aberto a mudanças e inovações, criativo, que saiba tomar decisões rápidas e corretas, que tenha vontade de realizar, que faça sugestões e tenha espírito de liderança. De tal modo a competência se torna sinônimo de sobrevivência, e o profissional se torna cada vez mais ansioso, onde os interesses das empresas superam em muito os interesses pessoais, e as chances de uma pessoa tímida chegar a atingir um alto nível de sucesso profissional fica cada vez mais distante. Em reportagem produzida pela Revista Veja (1999) intitulada A rebelião dos tímidos, foi exemplificado o quanto a timidez afeta os adultos, pois há reflexos inclusive na área financeira, em que os indivíduos tímidos ganham, em média, 10% menos que a média dos assalariados que não são prejudicados pela inibição. A propósito, em pesquisa realizada por Zimbardo (1997 apud AXIA, 2003, p.36) e já citada anteriormente, com adultos de vários países, que se declararam tímidos, como nos mostra a tabela 1 a seguir: Tabela 1 - Percentuais de pessoas que se declaram tímidas em 4 países (ZIMBARDO 1997 apud Axia, 2003) Número de Atualmente Nunca foram A timidez é um Indivíduos Tímidos tímidos problema Norte-Americanos 2.482 42% 7% 60% Japoneses 305 60% 2% 75% Alemães 84 50% 1% 91% Israelenses 231 31% 10% 42% Nacionalidade Podemos compreender com base nos dados da pesquisa, que o fenômeno da timidez é um fato universal, sendo que a percepção dependerá muito da cultura imposta naquele ambiente. Na pesquisa de Zimbardo, vimos que tanto os japoneses quanto os 38 alemães são pessoas mais sensíveis a timidez, enquanto os israelenses e o norte americanos são os menos atingidos. Neste sentido, para Abrantes (2006), são as condições da sociedade que contribuem para a timidez. As pessoas estão vivendo cada vez mais sozinhas ou em famílias menores, tendo menos filhos, divorciando-se com mais freqüência e mudandose mais de residência. Tais fatores diminuem as oportunidades de laços afetivos e de interações sociais de um modo geral, pois dificultam o acesso às outras pessoas. Toda cultura mostra seu sistema de valores e a sociedade, suas regras comportamentais, que variam de acordo com a posição social e a cultural de cada um. Ainda na perspectiva do trabalho, em algumas profissões como, o jornalismo, o Direito, entre outros, requer domínio na expressão e uma maior exposição social. Este último, além das cobranças exigidas como a obtenção do registro da OAB, é exigido também que se tenha o poder da Oratória, o poder da palavra. Para Mascarenhas (2007, p. 13): [...] é por meio das palavras, que idéias são explicitadas, saem de uma realidade subjetiva particular e ganham forma na realidade subjetiva do outro. Palavras descrevem o que pensamos, sentimos, projetamos e queremos. Expressam sentimentos, formulam idéias convencem, influenciam, sugestionam, sensibilizam e manipulam pessoas [...]. Em busca de uma expressão verbal eficiente, de uma maior desenvoltura social, muitos advogados, principalmente os considerados tímidos, que possuem maior dificuldade neste tipo de comunicação aberta, buscam o aprimoramento das habilidades de oratória e comunicação. O orador, é tido como alguém que, naquele momento detém um poder diferenciado e muito se espera dele. Ainda para Mascarenhas (2007, p. 15), a respeito da oratória, ela enfatiza que: [...] se o orador tem habilidade para explorar nossa capacidade de imaginar, interagimos emocionalmente com esse filme interno e não raro nos percebemos como personagens, identificados com pessoas e situações descritivas que acabam por despertar em nós emoções e sentimentos diversos explorados em prol da ideologia contida no discurso [...] Segundo Furter (1978 apud Silva 2004 p. 289), o adulto é também um ser aperfeiçoável, perfectível, mesmo dentro dos seus limites e limitações e, a capitalização 39 das suas experiências, lhe impõem a possibilidade de modificar seu futuro em busca do equilíbrio. É importante considerar que, apesar de o indivíduo ser concebido como um produto da história e da cultura é também um ser intencional e criativo, em constante transformação, e que, coletivamente, pode mudar o próprio processo cultural que o constitui (BONIN, 2003, p. 70). 3.4 Velhice A velhice faz parte de um ciclo natural da vida – nascer, crescer, amadurecer, envelhecer e morrer – e as transformações que as caracterizam, originam-se no próprio organismo e ocorrem gradualmente (MASCARO, 2004, p. 51). De acordo com Costa, “crescer, adquirir experiências, conquistar pessoas e tantas outras aquisições no decorrer da vida é, em geral, sem sombra de dúvida, desejado por todos. Envelhecer, entretanto, para muitos, não o é”. Em monografia apresentada por Santos (2008) sobre A qualidade de vida e solidão na terceira idade, a autora caracteriza o envelhecimento em três formas: • O envelhecimento biológico está relacionado com alterações nas estruturas e nas funções do corpo [...]; • O envelhecimento psicológico pressupõe a diminuição das faculdades psíquicas e físicas, que proporcionam ao idoso um sentimento de desadaptação ao meio, perda de objetivos de vida, afastamento e progressivo isolamento dos familiares e amigos, sentimentos de solidão e inutilidade [...]; • O envelhecimento social que paralelamente às alterações físicas e psicológicas que ocorrem na terceira idade, estão associadas às transformações ao nível dos papéis sociais, exigindo a adaptação do idoso às novas condições de vida. Em relação ao envelhecer psicológico, Costa (1998) enfatiza que o velho não comprometido psicologicamente é aquele que ainda “vive” e quer continuar vivendo a 40 vida em toda a sua plenitude, usufruindo daquilo que ela ainda pode lhe oferecer e para a qual ele pode responde Segundo Mascaro (2004), com o envelhecimento, os idosos começam a perder alguns papéis que exerciam na vida pessoal e social, e, para continuarem a manter uma auto-estima positiva e satisfação na velhice, devem procurar substituí-los, desempenhando outros papéis na vida. Neste sentido, para que se tenha um envelhecimento saudável é necessário incluir as experiências, e as influências histórico-sociais, ocorridas ao longo da vida, como por exemplo, a aposentadoria. A aposentadoria é um aspecto determinante da diferenciação dos papéis adotados na velhice, que como qualquer outra transição da vida requer ajustamentos. Fletcher e Hansson (1991 apud, CACHIONI; YASSUDA; NERI, 2005, p. 105), ressaltam que indivíduos que têm dificuldades com a aposentadoria frequentemente são os mesmos que tiveram dificuldades em passar por outras transições. Segundo os autores, essas seriam pessoas tímidas ou sozinhas, e pessoas com poucas habilidades instrumentais e sociais. De acordo com Santos (2008), para se envelhecer com qualidade é necessário ser criativo, respondendo às pressões do ambiente e mobilizando os recursos adequados para a promoção de um envelhecimento saudável. Deste modo Moreno (apud, COSTA 1998, p. 63), por sua vez, quando fala do homem espontâneo-criador, enfatiza que o ser humano “encontra o seu ponto de partida, não fora, mas dentro de si mesmo”. Com o crescimento da população idosa, por exemplo, cresce também a ocorrência de doenças, o aumento da dependência, perda de autonomia, isolamento e depressão. As pessoas que vivem sozinhas estão mais sujeitas ao isolamento e a solidão, tanto o isolamento quanto a solidão são comuns nesta idade da vida. Neste sentido, para Santos (2008), a solidão é um sentimento presente nesta fase não pelo escasso contato que estas pessoas têm com o meio, associado ao medo, perda de amigos, parentes e conjugues, mas também devido a incapacidades físicas que fazem com que se sintam inúteis, improdutivos e inferiorizados. Segundo Neto (1992 apud, SANTOS, 2008, p. 66), a solidão estaria associada à falta de assertividade, sociabilidade inibida e a timidez. “São tímidas e sem assertividade, não respondentes e insensíveis nas interações sociais”. 41 Para Berger (1995 apud, SANTOS, 2008, p.34), a “solidão é uma experiência excessivamente penosa que se liga a uma necessidade de intimidade não satisfatória, consecutiva a relações sociais sentidas como, insuficientes ou não satisfatórias”. Vale ressaltar que o processo de envelhecimento humano precisa ser considerado num contexto amplo, no qual circunstâncias de natureza, biológica, psicológica, social, econômica, histórica, ambiental e cultural estão relacionados entre si (MASCARO, 2004). De acordo com Costa (1998, p. 50), “por mais que o homem envelheça, por mais que a sociedade determine sua idade e classifique-o como velho, enquanto viver, ele não deixará de “ser”, de “existir” como pessoa e de ter direito a um espaço dentro da sociedade”. Deste modo faz-se necessário criar programas que estimulem e motivem o idoso a participar de atividades, fazendo-o perceber que a velhice não deve ser encarada como desânimo, angústia ou solidão. 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS 43 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo geral deste trabalho foi o de compreender as consequências psicológicas e sociais que pessoas acometidas pela timidez possam sofrer. Com base nos resultados do presente estudo, constatou-se que a timidez é um fenômeno universal, inserido em todas as fases do desenvolvimento humano. E que mesmo a natureza humana sendo flexível e se ajustando às demandas do ambiente, é necessário que durante as fases do desenvolvimento de uma pessoa, pais, professores e responsáveis estimulem seus filhos e alunos a interagir em situações de convívio social, afinal somos seres que influenciamos e somos influenciados pelo meio. Como lembra Talbot (1993, apud Alencar, Fleitb 2003, p.68), para que o indivíduo expresse a sua criatividade é necessário que ele possua o motivo, os meios e a oportunidade. É necessário enfatizar que os propósitos do presente trabalho foram o de investigar os aspectos negativos da timidez, ou seja, quando a timidez deixa de ser uma característica do indivíduo que atua como inibidor de comportamentos socialmente reprováveis – sendo, nesse sentido, uma característica positiva -, para se transformar num fator de limitação excessiva do comportamento individual, de forma a prejudicar o convívio social da pessoa. A escola deve oportunizar o contato social da criança, estimulando o exercício de novos papéis e habilidades. Estes ambientes podem amenizar as consequências negativas por meio de processos educacionais apropriados, como, por exemplo, o encorajamento ao exercício de atividades sociais, bem como a expressão de sentimentos e a ausência de superproteção. Na área de trabalho, onde as empresas buscam profissionais com maior desenvoltura social, criativos e dinâmicos, torna-se cada vez mais necessário que o indivíduo procure trabalhar suas habilidades sociais. No entanto, para superar os sentimentos de inadequação e ansiedade causados por tal fenômeno é preciso buscar as fontes que originam essas sensações, onde será preciso em muitos casos uma ajuda qualificada de um profissional da área da saúde mental, principalmente se tais sentimentos estiverem afetando seu desenvolvimento, possibilitando a eles vivenciar novas experiências e consequentemente ajudá-los a ter uma melhor qualidade de vida, evitando assim maiores consequências negativas, tanto psicológicas quanto sociais. 44 Vale ressaltar que a timidez não é uma doença, mas traz sofrimentos como se fosse uma. A timidez passa a ser um problema grave quando as manifestações de ansiedade passam a prejudicar de forma intensa o desempenho cotidiano das pessoas. E se assim ocorrer, ela passa a ser considerada um transtorno crônico, e precisará ser melhor analisada, como, por exemplo, no caso de uma fobia social, que, sendo um transtorno grave e limitante, necessita ser remanejada a longo prazo. Para Kaplan et al (1997), a ansiedade torna-se um transtorno clínico quando é mal adaptativa e/ou causa sofrimento para seu portador, sendo desta forma desproporcional à saúde que a desencadeia. Neste sentido, a atuação do psicólogo tornase indispensável para facilitar a compreensão de tais sentimentos. É importante enfatizar que o sucesso das etapas formativas do indivíduo depende, primordialmente, do processo de socialização. E é inicialmente no contato com os pais que a criança aprende uma série de habilidades, pois o ser humano vive em sociedade e as relações que mantemos com os outros são de fundamental importância para o nosso aprendizado, determinando grande parte do nosso comportamento e se ligando à nossa saúde mental. É necessário prestar mais atenção aos problemas internalizados que principalmente as crianças podem experimentar, dos quais a timidez é um claro exemplo. Embora não se tenha uma definição clara da origem da timidez, sabe-se que é um aspecto muito frequente na vida humana. Sendo, na maioria das vezes, um atributo negativo, porque compromete a aproximação com outras pessoas, impede a formação de laços de amizade, de desfrutar de experiências que poderiam ser enriquecedoras, além de impedir a pessoa de lutar por seus direitos e de expressar suas opiniões ou valores. Percebe-se, assim, a necessidade de que haja novos estudos específicos sobre a natureza da timidez e suas implicações, como possíveis variáveis de estudo que aqui não foram contempladas. Por exemplo, seria interessante que essa temática fosse testada através de pesquisa experimental. A propósito, mesmo este trabalho não tendo como finalidade principal uma possível aplicabilidade, é reconhecidamente importante destacar áreas em que esta temática poderia ganhar com novas explicações teóricas e/ou científicas, a exemplo das já citadas neste trabalho. Além destas, pode-se citar a psicologia hospitalar, a psicologia 45 organizacional, bem como áreas afins, a exemplo de medicina, sociologia, entre outras, todas com o propósito de avaliar o elo entre o individuo e o social. O que se observa é que a timidez, como característica própria do ser humano, não se limita a determinados contextos históricos ou culturais, sendo vivenciado por pessoas pertencentes a sociedades as mais diversas, o que somente confirma a sua universalidade. Contudo, ao estudar a temática timidez, verifica-se que este é um assunto bastante vivenciado e pouco discutido pela humanidade, fato que justifica a escassez de obras de cunho científico que tratem do assunto especialmente no Brasil, diferente do que ocorre em outros países. 46 REFERÊNCIAS ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. ADOLESCÊNCIA NORMAL: um enfoque psicanalítico. Porto Alegre: Artmed, 1981. ABRANTES, S. M. B. Controle da timidez mediante treinamento em habilidades sociais. 2006. 47f. Monografia (Graduação em Psicologia) - Faculdade de Psicologia, Universidade Católica de Petrópolis, Petrópolis. 2006. ALENCAR, E. M. L. S.; FLEITH, D. S. Barreiras à criatividade pessoal entre professores de distintos níveis de ensino. Psicologia: Reflexão e Crítica, v.16, n.1, p. 63-69, 2003. ALMEIDA, W. C. GRUPOS: a proposta do psicodrama. São Paulo: Ágora, 1999. ARONSO, E.; WILSON, T.; AKERT, R. Psicologia Social. 3.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. AURÉLIO, B. H. F. mini Aurélio. 4.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, p. 707. AXIA, G. A Timidez: Um dote precioso do patrimônio genético humano. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2003. BAVOSO, C. Timidez não é doença. E tem cura! Belo Horizonte: Gutenberg, 2004. BONIN, L.F. R. Individuo, cultura e sociedade. In: JACQUES, Corrêa M. et AL. Psicologia Social Contemporânea. 11. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p. 58-72. BRAGHIROLLI, E. M.; PEREIRA, S.; RIZZON, L. A. Temas de Psicologia Social. 6.ed. Petrópolis: Vozes, 2003. CACHIONI, M.; YASSUDA, M.S.; NERI, A.L.VELHICE BEM SUCEDIDA. 2.ed. Campinas, SP: Papirus, 2004. CALLIGARIS, C. A adolescência. Ed. São Paulo: Publifolha, 2008. COSTA, E.M.S. Gerontodrama: A velhice em cena: Estudos clínicos e psicodramáticos sobre o envelhecimento e a terceira idade. São Paulo: Ágora, 1998. DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. __________. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artemed, 2000. 47 EISEN, R. A.; ENGLER, B. L. Timidez como ajudar seu filho a superar problemas de convívio social. São Paulo: Editora gente, 2008. FERREIRA, A. Timidez Não a deixe falar por você. São Paulo: Exterior editora, 2010. FILHO, A. S. Da timidez à Fobia Social. Revista Psique Ciência e Vida, São Paulo, Editora Escala, ano IV, n. 38, p. 50-54, 2009. FLEURY, H. J.; MARRA, M. M. Intervenções grupais na saúde. São Paulo: Editora Ágora, 2005. FURTER, Pierre. Educação e reflexão. 5ª edição. Petrópolis: Editora, Vozes Limitada, 1978. GONÇALVES, E. S.; MURTA, S. G. Avaliação dos Efeitos de uma Modalidade de Treinamento de Habilidades Sociais para Crianças, 2008. Disponível em: <http://www.sciele.br/prc>. Acesso em: 13 de jun. 2011. GUIA DE PROFISSÕES. Barsa Planeta, Rio de Janeiro, 2006, p. 06. KAPLAN, H. I.; SADOCK, B. J.; GREBB, J. A. Compêndio de psiquiatria: ciências do comportamento e psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artmed, 1997. MASCARENHAS, B. da Timidez à expressão de si mesmo. Belo Horizonte: Editora Leitura, 2007. MASCARO, S. A. O que é velhice. 2.ed. São Paulo: Brasiliense,2004. MEDEIROS, A. C. C.; NOGUEIRA, F. H. F.; CAVALCANTI, J. P. N. Fobia social em estudantes do curso de direito. Revista da Unipe, v.9, p.86-100, 2005. MICHENER, H. A.; DELAMATER, J. D. & MYERS, D. J. Psicologia Social. São Paulo: Editora Pioneira Thomson, 2005. p. 123 MONJAS-CASARES, M. I.; CABALLO, V. E.; MARINHO, M. L. A criança tímida e retraída, 2002. Disponível em: <http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=1920>. Acesso em: 20 mai. 2011. MUNDURUCA, G. O. Timidez na infância em interface com o desejo parental. 2000. Dissertação. Universidade de São Paulo. Disponível em: <http://www.bv.fapesp.br/pt/dissertacoes-teses/5786/timidez-infancia-interface-desejo parental/ >. Acesso em: 13 abr. 2011. REVISTA VEJA. A rebelião dos tímidos. Disponível <http://veja.abril.com.br/260599/p_122.html>. Acesso em: 31 mar. 2011. em: 48 SANTOS, A. F. A. A qualidade de vida e solidão na terceira idade. 2008. 75f. Monografia (Licenciatura em Psicologia) – Faculdade de Ciências Humanas e sociais, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2008. SILVARE, E. F. M. Estudo de caso em psicologia clínica comportamental infantil. In: Monjas Casares, M. I. ; Caballo, V. E. A timidez infantil. 5.ed. Campinas, SP: Papirus, 2008, p. 11-42. SONOO, C. N.; HAMADA, M. L.; HOSHINO, E. F. Fobia social e autoconceito: um estudo correlacional com a prática de atividade física. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v.10, n.4, p.360-366, 2008. SOUZA, Filomena (2010). O que é ser adulto? A Sociologia da Adultez. Porto: Memória Imaterial. ISNB 978-989-20-2113-3 In http://www.seradulto.com/index2.htm consultado em (25 de setembro). SOUZA, J. C.; GUIMARÃES, L. A. L.; BALLONE, G. J. Psicopatologia e psiquiatria Básicas. São Paulo: Vetor Editora, 2004. VASCONCELLOS, L. R. Estudo comparativo dos comportamentos relacionais e comunicacionais entre pessoas tímidas e não-tímidas. 2005. Tese de doutorado. Universidade de São Paulo. Disponível em: <https://sistemas.usp.br/tycho/producaoacademica/ip/pst/BE1-0.html>. Acesso em: 15 mai. 2011.