AULA 1 – 08/02/11
O CONHECIMENTO CIENTÍFICO
____________________________________________________________________________________
1 A EPISTEMOLOGIA
A epistemologia é disciplina filosófica que tem por preocupação o conhecimento (epstem indica
conhecimento; e logia aponta para estudo). Os gregos já diferenciavam o conhecimento em dois grupos:
epstem (científico); e doxa (senso comum). A filosofia é epstem.
Nos dias atuais, o conhecimento é apresentado através de cinco tipos: o conhecimento de senso
comum, o conhecimento teológico, o conhecimento estético, o conhecimento científico e o conhecimento
filosófico. Destaque-se que não há graduação de importância.
2 O CONHECIMENTO DE SENSO COMUM
Foi reconhecido pelos gregos, então denominado doxa. É o conhecimento adquirido ao longo da
vida, advém da “escola da vida”. Trata-se de mera opinião, de palpite. É dele que se originam todos os
demais tipos de conhecimento. Ex.: leite com manga causa dor de barriga.
Características: não é sistematizado, não apresenta metodologia, não é comprovado pela
realidade, envolve mitos, lendas e crenças e permite a sobrevivência no dia-a-dia. Logo: vale tudo.
Destaque-se o perigo: é a forma de conhecimento utilizada pelos charlatões.
5 O CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Já fora de conhecimento dos gregos, por eles chamado de epsteme. Hoje, inclusive a título de
marketing expõe-se: “Não há mistérios para a ciência, o que há é um mundo misterioso a ser conhecido”.
Tal é o objetivo de todas as ciências, inclusive das humanas.
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
PAULO DE TARSO
2
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
TRABALHO DE CURSO
Características: é conhecimento comprovado, é sistematizado, é metódico, cursa com a
elaboração de hipóteses, que se comprovadas transformam-se em teorias e há realidade empírica
(oposto ao conhecimento de senso comum).
A sistematização da ciência ocorre através da hipótese: ela contém a interpretação, a resposta e
encaminha o estudioso para a tese que leva a comprovação. A hipótese é uma resposta possível,
oferece minimamente uma perspectiva de comprovação. Hipo significa pouco.
Se há uma resposta é porque há uma pergunta. A pergunta dirige-se ao objeto. A resposta não é
o objeto que oferece, e sim o sujeito. A hipótese é o instrumento fundamental da ciência: contém a
pergunta (direcionada ao objeto) e a resposta (oferecida pelo sujeito).
O conhecimento não ocorre no objeto ou no sujeito; ocorre no espaço entre eles. A
intermediação sujeito-objeto-conhecimento é feita pela hipótese. O sujeito responde ao objeto que se
refere diretamente a pergunta.
Se há uma interrogação em relação a um objeto, o indivíduo questiona o mundo e oferece uma
resposta possível, isso porque o mundo não lhe dará resposta alguma. Essa resposta é colocada em
confronto com o objeto.
O indivíduo pensou uma resposta, dirigiu-se ao objeto e observou a correspondência. O
indivíduo tem uma comprovação: comprovado pelo confronto entre pergunta e resposta, ou seja, pela
experiência. Destaque-se, portanto, que há comprovação por experiência.
Uma vez obtida a comprovação pela experiência, a resposta sai da condição hipotética e passa
a condição de tese. Em outras palavras, tese é a interrogação inicial agora comprovada pela experiência.
Tese é mais que hipótese (pequena tese).
A hipótese pode não ser comprovada. A diferença entre a ciência e a ficção científica está na
hipótese. Na ficção científica as hipóteses se transformam em teses sem nenhuma comprovação
empírica: as respostas dadas não são possíveis, e sim aleatórias.
Por fim, merece menção o fato de que aquilo que caracteriza o contexto científico corresponde
ao objeto definido (ex. jurídico: a norma jurídica); a elaboração de hipótese; e a comprovação por
experiência. Isto tudo nasce da disciplina e do investimento intelectual e financeiro.
A produção científica – que é sempre normatizada – varia conforme o grau de evolução daquele
que estuda: graduação – monografia, trabalho de conclusão de curso ou trabalho de curso; mestrado –
dissertação; doutorado – tese; e livre docência – monografia. Aprofundamento crescente.
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
PAULO DE TARSO
3
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
AULA 1 – O CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O trabalho de curso: já foi chamado de monografia, depois de trabalho de conclusão de curso.
Versa sobre assunto único. Requer que o estudante assista cursos, curse disciplinas. Destina-se a
obtenção do título de bacharel.
A dissertação: destina-se a obtenção do título de mestre (mestrado – pós-graduação). São
requisitos: a apresentação individual de monografia (qualificação e defesa pública – tema inédito ou
não), o cumprimento de créditos e cursar disciplinas. Há orientador.
A tese: destina-se a obtenção do título de doutor (doutorado – pós-graduação). São requisitos: a
apresentação individual de monografia (qualificação e defesa pública – tema inédito, mais aprofundado e
mais complexo), o cumprimento de créditos e cursar disciplinas. Há orientador.
A livre docência: título de livre docente. São requisitos: a apresentação individual de monografia,
a apresentação de memorial (currículo circunstanciado e comentado), o cumprimento de créditos,
apresentação de aula para banca de livres docentes e argüição por esta. Há interlocutor.
7 A OPOSIÇÃO ENTRE OS TIPOS DE CONHECIMENTO
Cada tipo de conhecimento (senso comum, teológico, estético, científico e filosófico) trabalha
com um conjunto de objetos, perguntas e respostas. É altamente estúpido, ainda que freqüente, nos
deparamos com colocações tais como: “...a oposição entre o conhecimento científico e teológico...”.
Não existe ciência versus religião. Todo cientista é ateu? Não. Galileu não foi condenado a
morrer na fogueira por indispor-se com a Igreja de sua época, as divergências tinham bases ideológicas
e francamente políticas. A igreja não poderia correr o risco de perder poder.
Todos que acreditam na Teoria da Evolução de Charles Darwin são ateus? Não. Não há como
comprovar por experiência (ciência) ou argumentação lógica (filosofia) se Deus existe ou não. Destaquese que Darwin por seus contemporâneos protestantes, e não pelos ideólogos da época.
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
PAULO DE TARSO
4
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
TRABALHO DE CURSO
____________________________________________________________________________________________________________________________________________
PAULO DE TARSO
Download

aula 1 – 08/02/11 o conhecimento científico