SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO DO VALE DO IPOJUCA
Mantedora da Faculdade do vale do Ipojuca – FAVIP
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
JULIANA GONÇALVES DA SILVA
O PÓLO DE CONFECÇÕES DO AGRESTE DE PERNAMBUCO: UMA
ANÁLISE FOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE TORITAMA-PE
Caruaru
2009
JULIANA GONÇALVES DA SILVA
O PÓLO DE CONFECÇÕES DO AGRESTE DE PERNAMBUCO: UMA
ANÁLISE FOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE TORITAMA-PE
Monografia
apresentada
ao
Curso
de
Administração com Habilitação em Gestão de
Negócios da FAVIP, para obtenção do grau de
Bacharel em Administração.
Orientador: Prof. Marcio Miceli Maciel de Souza
Caruaru
2009
S586p
Silva, Juliana Gonçalves da.
O pólo de confecções do agreste de Pernambuco: uma
análise focalizada no município de Toritama-PE / Juliana
Gonçalves da Silva. – Caruaru : FAVIP, 2009.
64 f.
Orientador (a) : Marcio Miceli Maciel de Sousa.
Trabalho de Conclusão de Curso (Administração de
Empresas) -- Faculdade do Vale do Ipojuca.
1. Pólo de confecções – Agreste (Toritama). 2.
Informalidade. I. Título.
CDU 658(09.2)
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário: Jadinilson Afonso CRB-4/1367
JULIANA GONÇALVES DA SILVA
O PÓLO DE CONFECÇÕES DO AGRESTE DE PERNAMBUCO: UMA
ANÁLISE FOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE TORITAMA-PE
Monografia apresentada ao Curso de
Administração da FAVIP, para obtenção
do grau de Bacharel em Administração.
Aprovada em 02/07/2009
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. Marcio Miceli Maciel de Souza (Orientador)
___________________________________________________
Prof. Carolina Dantas Figueiredo
_____________________________________________________
Prof. Ivancil Tibúrcio Cavalcanti
“Amor, trabalho e conhecimento
são as fontes de nossas vidas.
Deveria também governa-lás.”
Wilhelm Reich
RESUMO
O trabalho teve como objetivo analisar o Pólo de Confecções do Agreste de Pernambuco,
junto com suas principais instituições de apoio, ressaltando o perfil de seus compradores e
dando ênfase, a cidade de Toritama em relação a seus empregos gerados formal e
informalmente. A questão do impacto provocado pelas ações das lavanderias em relação ao
meio-ambiente também estiveram em pauta. Foram levantadas informações de fontes
secundárias para o alicerce da monografia com estudos pré-realizados de outros autores. Com
o acréscimo de tabelas e gráficos junto com comentários e análises realizadas. Os resultados
mostram que o Pólo de Confecções de Pernambuco pode ser considerado um APL (Arranjo
Produtivo Local) devido sua concentração de indústrias e trabalhos relacionados a um único
segmento: a confecção. Mas devido a grande informalidade gerada ao longo dos anos por seus
empreendedores é de difícil acesso a dados concretos que mostrem a real imagem do se passa
na região. Após anos de descaso do Governo, hoje, políticas estão sendo criadas para a
regulamentação tanto fiscais como referentes ao meio ambiente e principalmente trabalhistas.
Palavras-chaves: Pólo de Confecções do Agreste, Toritama e informalidade
ABSTRACT
The work had as an objective to analyze the Pólo de Confecções do Agreste of Pernambuco ,
align with his principal institutions of support , jutting out the profile of yours buyer & giving
emphasis to the city of Toritama in relation to yours formal & informality jobs generated. The
question of the impact aggravated by actions from the laundries in relation to the half environment also they had been on the agenda. Have been lifted information of secondary
source about to the foundation from monograph with studies previous realized of another
authors. With the accretion of lists & graphs align with commentaries & overhauls realized.
The outcomes show what the Pólo de Confecções of Pernambuco may be considerate a APL
(Arranjo Produtivo Local) due the concentration of industries & related works to a only
segment: the production of clothes. But thanks to big informality generated up from the years
for yours entrepreneurial is of difficult sign-on the dice concrete what I showed the real
image of the if currant on the region. After years of carelessness today, the Government,
politics are being created for adjustment as many inspectors to the concerning from the
environment & principally laborite.
Key-words: Pólo de confecções do Agreste, Toritama and informality
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Figura 2
Mapa de Pernambuco e suas Mesorregiões............................................ 15
Cadeia
Produtiva
do
APL
de
Confecções
do
Agreste
Pernambucano........................................................................................
21
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1
Renda pessoal dos entrevistados............................................................
22
Gráfico 2
Posição na hierarquia familiar...............................................................
23
Gráfico 3
Forma de comercialização dos produtos adquiridos..............................
26
Gráfico 4
Margem de Lucro sobre a venda de confecções....................................
26
Gráfico 5
Opinião sobre aspectos positivos do comércio de confecções...............
27
Gráfico 6 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – ano 2000..................
36
LISTA DE QUADROS
Quadro 1
Regiões de Desenvolvimento de Pernambuco, População e número de
Municípios...............................................................................................
17
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Brasil, Nordeste, Pernambuco, Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e
Toritama. População Residente e Variação da População Residente......
Tabela 2
19
Brasil, Nordeste, Pernambuco, Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e
Toritama. Produto Interno Bruto Real e Variação do Produto Interno
Bruto Real, 1991-2000.............................................................................
19
Tabela 3
Locais onde os compradores residem......................................................
23
Tabela 4
Freqüência de compradores nas feiras da região.....................................
24
Tabela 5
Motivação dos compradores....................................................................
24
Tabela 6
Tipo de mercadoria que costuma comprar...............................................
25
Tabela 7
Média de gastos em compra a cada visita ao local..................................
25
Tabela 8
Opinião sobre os aspectos negativos do comércio de confecções...........
28
Tabela 9
Sugestões para melhoria do comércio de confecções nos municípios.....
28
Tabela 10
Indicadores do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – 2000.
36
Tabela 11
Distribuição da população residente por grupos de idade.......................
37
Tabela 12
Classes de rendimento nominal mensal das pessoas responsáveis pelo
domicílio, em salários mínimos – 2000...................................................
Tabela 13
37
Consumo de água pelas lavanderias de Toritama – Comparativo dos
anos 2002 e 2006.....................................................................................
40
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................................................. VII
LISTA DE GRÁFICOS.......................................................................................................... VIII
LISTA DE QUADROS........................................................................................................... IX
LISTA DE TABELAS............................................................................................................ X
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO.................................................................................
1.1 – Problema de pesquisa.....................................................................................................
1.2 – Objetivos........................................................................................................................
1.2.1 - Geral...................................................................................................................
1.2.2 - Especifico...........................................................................................................
1.3 – Justificativas...................................................................................................................
12
13
13
13
13
13
CAPÍTULO 2 – CARACTERIZAÇÃO GERAL DO AGRESTE E DO PÓLO DE
CONFECÇÕES DA REGIÃO
2.1 – Aspectos geográficos e históricos..................................................................................
2.2 – O pólo de confecções do Agreste de Pernambuco.........................................................
2.3 – Pesquisa sobre o perfil do consumidor..........................................................................
2.4 – Instituições de apoio.......................................................................................................
2.4.1 - ACIC – Associação Comercial e Empresarial de Caruaru.................................
2.4.2 - ASCAP – Associação dos Confeccionistas de Santa Cruz do Capibaribe.........
2.4.3 - ACIT - Associação Comercial e Industrial de Toritama....................................
2.4.4 - ALPF - Associação dos Lojistas do Parque das Feiras de Toritama..................
2.4.5 - SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial....................................
2.4.6 - SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.................................
2.4.7 - SINDIVEST - Sindicato das Indústrias do Vestuário do Estado de
Pernambuco.............................................................................................................................
CAPÍTULO 3 – O MUNICÍPIO DE TORITAMA
3.1 – Dimensões Históricas.....................................................................................................
3.2 – Aspecto social................................................................................................................
3.3 – Aspecto econômico........................................................................................................
3.4 – Aspecto ambiental..........................................................................................................
CAPÍTULO 4 – CONCLUSÕES
15
17
22
29
29
29
30
30
31
32
32
34
35
37
39
42
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 43
12
1. INTRODUÇÃO
Pernambuco foi uma das primeiras áreas brasileiras a ser ocupada pelos portugueses
na época da colonização. Suas condições climáticas (tropical atlântico e semi-árido) não são
as únicas características distintas da região. As diferenças sócio-econômicas são visíveis em
todo o Estado. Segundo Campos (2004), “Observam-se regiões com regime de chuvas bem
definido e regular e regiões onde o fenômeno da seca marca a economia, a cultura e o homem
de forma quase irreversível”.
No Agreste pernambucano os fatores do clima trouxeram para a área ainda mais
atraso, sua evolução deu-se somente tempos depois de sua colonização. Na década 1960, a
região passou pela fase do “Ouro Branco”, o algodão, que representou mais de 40% da
produção nacional. Com o declínio decorrente de vários fatores, como a seca estendida, a
abertura do comércio internacional e uma praga que devastou mais de 90% da produção, a
população que dependia do cultivo teve que se reinventar para sua própria sobrevivência
(BELTRÃO, 2003).
O pólo de confecção do Agreste surgiu em razão de suprir as necessidades econômicas
da região, carente em apoio governamental. Hoje, a confecção é considerada uma atividade de
extrema importância para região. Nela concentram-se mais de 60% dos estabelecimentos
industriais do setor de confecções do Estado, gerando e mantendo grande número de
empregos formais e informais. Estudos mostram que em média 76 mil pessoas trabalham
direta ou indiretamente no pólo. Com esses números, a região é conhecida não só no Estado
de Pernambuco e na Região Norte e Nordeste do Brasil, mas sim em todo território nacional e
na América do Sul. (FADE/UFPE, 2003)
Estimasse que, em média, 45 mil pessoas visitam semanalmente às grandes feiras de
confecções populares realizadas nas três principais cidades do pólo: Caruaru, Santa Cruz do
Capibaribe e Toritama. (FADE/UFPE, 2003).
O município de Toritama, inserido no pólo de confecções do Agreste, abrange quase
toda produção de confecções em tecido jeans, o que equivale a 66% de sua produção total.
Esse fator faz com que 15% da produção nacional provenha do município, enquanto a taxa de
desemprego é mínima na cidade e o salário médio chega a R$480,00 nas empresas informais.
Fatos como estes fizeram com que a cidade seja reconhecida como “A Capital do Jeans”.
(ARAÚJO, 2006).
Assim, através de análises feitas a partir de estudos realizados na região poderá ser
respondido os seguintes questionamentos, como quais são as principais características do Pólo
13
de Confecções do Agreste, o perfil do consumidor que freqüenta o mesmo e os principais
problemas verificados no município de Toritama em relação ao meio-ambiente e a
empregabilidade local.
O trabalho se divide em três partes, sendo a primeira será disponibilizadas
características gerais do pólo de confecções do Agreste, como aspectos geográficos, o pólo de
confecções em si, a pesquisa feita pelo SEBRAE onde se destaca o perfil do consumidor que
freqüenta a região e as instituições de apoio que ajudam os municípios do pólo.
Em uma segunda parte o foco é o município de Toritama, suas dimensões históricas e
seus aspectos, social, político, econômico e ambiental.
Finalizando com uma conclusão do que foi abordado, chegando a conclusões de
melhorias imediatas para a região.
1.1 Problema de pesquisa
Quais as principais características do Pólo de Confecções do Agreste pernambucano,
em especial, em relação aos aspectos sociais, econômicos e ambientais no município de
Toritama-PE.
1.2 Objetivos
1.2.1 Geral

Analisar o Pólo de Confecções do Agreste pernambucano, em especial o município de
Toritama no tocante aos aspectos socioeconômicos e ambientais.
1.2.3 Específicos

Verificar como se realiza a atividade de confecções no Agreste pernambucano.

Identificar o perfil do consumidor que visita o pólo de confecções do Agreste.

Analisar as relações de emprego e a questão ambiental no município de Toritama-PE.
1.3 Justificativas
14
O pólo de confecções do Agreste de Pernambuco tem sido considerado um exemplo
de sucesso no tocante a geração de emprego e renda. Nos município integrantes do pólo,
verifica-se uma força muito grande das atividades vinculadas a confecção, bem como um
crescimento econômico expressivo, dado que o PIB dos municípios de Caruaru, Toritama e
Santa Cruz do Capibaribe cresce a taxas maiores do que o PIB do Nordeste e de Pernambuco.
Todavia, torna-se importante lembrar que crescimento econômico não pode ser considerado
sinônimo de desenvolvimento econômico. Dentro deste contexto, verifica-se uma série de
problemas de caráter econômico, social e ambiental no pólo de confecções do Agreste
pernambucano, os quais precisam ser melhor estudados pela Academia. É justamente neste
sentido que o trabalho se propõe a fazer uma radiografia dos principais problemas
vivenciados, objetivando proporcionar à comunidade científica uma fonte de apoio para a
discussão de temas relacionados ao pólo.
15
2.
CARACTERIZAÇÃO GERAL DO AGRESTE E DO PÓLO DE CONFECÇÕES
DA REGIÃO
2.1. Aspectos Geográficos e Históricos
O Estado de Pernambuco está dividido em cinco mesorregiões. Na Zona da Mata,
verifica-se um clima tropical úmido, com chuvas freqüentes no outono e inverno e alguns
resquícios de Mata Atlântica, fruto da ação implacável dos que teimaram em produzir canade-açúcar desde o início da colonização. No Sertão visualiza-se uma extensa área de clima
semi-árido, onde se desenvolvem atividades agrícolas com baixa produtividade quando não
existe disponibilidade hídrica, ou seja, irrigação. Sua vegetação típica é a Caatinga, sendo o
rio São Francisco a única fonte de água perene. No Agreste, área de transição entre a Zona da
Mata e o Sertão, desenvolvem-se atividades agrícolas, relacionadas a pecuária, bem como ao
pólo de confecções.
Figura 1 - Mapa de Pernambuco e suas Mesorregiões
Fonte: Disponível em: http://www2.pe.gov.br/web/portalpe/mapas. Acesso em: 05 març. 2009, adaptado
pela autora.
Como já dito, o Agreste é uma região de transição entre Zona da Mata e o Sertão,
como pode ser constatado na figura 1, sendo bem característico em seus aspectos, mas em
certas ocasiões pode ser confundida com a Zona da Mata em seus trechos mais úmidos e com
o Sertão nos mais secos. Assim o que caracteriza esta região é a diversidade de paisagens que
ele oferece em curtas distâncias, funcionando como quase uma miniatura do Nordeste, com
áreas muito secas e muito úmidas (ANDRADE, 2005, p.44).
16
“... clima de estação seca mais longa, a ocorrência de secas calamitosas, um
relevo de amplos pediplanos agravadores da semi-aridez climática, a
escassez de manchas úmidas de exceção, os solos escassos, rasos e
pederogrosos, uma caatinga mais pobre e uma hidrografia mais
acentuadamente intermitente compõem um quadro natural condicionador de
formas de uso de recursos.” (MELO, 1980, p.174)
Na época da colonização a localização, o Agreste pernambucano apresentou condições
climáticas desfavoráveis para o plantio de cana-de-açúcar, todavia foi de grande utilidade à
implantação de currais de grande significado para o Estado.
Com a expansão das plantações de cana-de-açúcar em outras regiões (Litoral e Zona
da Mata), as pessoas que viviam nessa região foram deslocadas e procuraram novos locais no
interior do Estado indo para as regiões do Agreste e Sertão, devido suas grandes áreas de
pastagens naturais, e a possibilidade de desenvolvimento da bovinocultura, tornando-se em
pouco tempo responsável pelo abastecimento de carne para as regiões do litoral e Zona da
Mata, em especial, o Agreste, que acabou se constituindo como a grande bacia leiteira do
Estado.
O êxito obtido com a atividade pecuária demandou o desenvolvimento de vias para
que o escoamento da produção, como forma de alcançar seu principal mercado consumidor,
Litoral e Zona da Mata. Na região, o plantio do milho, feijão, mandioca também ocorria,
fazendo desta mesorregião um celeiro de alimentos para o abastecimento das demais.
Somente no início do século XVIII, uma nova cultura começa a se desenvolver. O
algodão começou a ser explorado pela população agrestina, constituindo-se em um importante
fator de geração de emprego e renda, o qual veio a impulsionar a economia. Segundo Melo
(1980), nas regiões semi-áridas do Agreste, o algodão tradicionalmente utilizado era do tipo
herbáceo, e com o tempo foi considerado o produto mais importante.
O trinômio algodão+boi+culturas permitiu a ocupação de uma vasta área semi-árida,
sendo o algodão a principal opção fitotécnica, pela sua resistência à seca. Sendo assim, uma
atividade complementava a outra, principalmente pela utilização das sementes do algodão
para a extração do óleo e fabricação da torta utilizada na suplementação alimentar dos
rebanhos criados extensivamente na caatinga (ANDRADE, 2005).
O Ouro Branco como era chamado na década de 1960-1971, tinha uma
representatividade acima de 40% em âmbito nacional. No ano de 1971, a cultura ocupava uma
área equivalente a 27,8% da área total ocupada com lavouras na região. A partir de 1980
iniciava-se uma retração da cultura, que chegou a ocupar uma área relativa a 23% do total da
área cultivada na região (BELTRÃO, 2003).
17
As maiores influências sobre o declínio do produto foram à crise nos preços no
mercado internacional, o que veio a complicar a situação do produtor local, já que este não
estava apto a lidar com estas questões. A falta de organização, o fraco apoio prestado pelo
Estado e uma praga que se estabeleceu definitivamente no pólo algodoeiro, fez com que seu
cultivo fosse drasticamente reduzido, forçando a indústria têxtil nacional a importar do
mercado estrangeiro. Desta forma, a região passou de grande produtora, com produção
superior a 220.000 toneladas de pluma, para grande importadora (BELTRÃO, 2003).
Hoje a região do Agreste pernambucano está baseada na pecuária leiteira e no turismo,
sendo reconhecida como a Bacia Leiteira do Estado, pois detém a produção artesanal, semiartesanal e industrial de laticínios, participando com 21% da produção total do leite. As
atividades agrícolas, o comércio e a floricultura também são fortes expressões econômicas
regionais junto com Pólo de Confecções de Pernambuco, que representa 73% da produção do
vestuário do Estado (CONDEPE/FIDEM, 2008).
No quadro 1 vemos que o Agreste Setentrional ocupa, junto com a Mata Norte, o
terceiro lugar em quantidade de municípios (19 cada).
Quadro 1 - Regiões de Desenvolvimento de Pernambuco, População e número de Municípios
Denominação
Metropolitana
Mata Norte
Mata Sul
Agreste Setentrional
Agreste Central
Agreste Meridional
Pajeú
Moxotó
Itaparica
São Francisco
Araripe
Sertão Central
TOTAL
População nº
3.339.616
541.428
665.846
463.771
935.207
594.890
297.494
182.179
116.574
341.580
277.362
159.397
7.918.344
Percentual (%)
42,2
6,8
8,4
5,8
11,8
7,6
3,7
2,3
1,5
4,4
3,5
2,0
100
Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2000
2.2 O Pólo de Confecções do Agreste de Pernambuco
Quantidade de
Municípios
15
19
24
19
26
26
26
7
7
7
10
8
185
18
O pólo de confecções de Pernambuco dá-se na junção de várias cidades do Estado,
entre as principais estão Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, que localizam-se na
mesorregião do Agreste Pernambucano, mas especificamente nas microrregiões do Alto
Capibaribe e do Vale do Ipojuca (MELO, 1980). Essas cidades têm como principal fonte de
renda a produção e venda de peças de vestuário, sendo seus resultados vendidos em feiras da
região, que por seu elevado número de pessoas vindas de diversos estados do Norte e
Nordeste vêem atingindo todo o Brasil e exterior em países como Paraguai, África entre
outros.
Segundo a FADE (2003), a chegada de novas pessoas a estas três cidades se deve ao
dinamismo do pólo de confecções. Na teoria econômica, defende-se que o desenvolvimento
de uma região acaba criando as condições para que novos agentes se instalem, sejam eles
empresas ou trabalhadores, pois se os agentes são economicamente racionais, estarão
buscando sempre maximizar a sua utilidade.
O surgimento do pólo ocorre na década de 1960, onde costureiras sem renda fixa na
cidade de Santa Cruz do Capibaribe, para ajudar no orçamento de casa, compravam retalhos
de pano, conhecidos como elanca, os costuravam e vendiam suas peças de vestuário recém
fabricadas em feiras da região.
Devido ao baixo custo para a compra do tecido e mão-de-obra própria, as peças eram
vendidas a custos populares. Com a grande aceitação do produto, as donas de casa foram
contratando mais e mais costureiras e com o passar do tempo foram surgindo fábricas ao
longo da região e feiras de ruas especializadas na comercialização das roupas, conhecidas
como “Feiras da Sulanca” (o nome provem dos retalhos de tecidos de elanca que tinham sua
origem no Sul do país) que hoje impulsionam a economia do Estado de Pernambuco.
Nestes últimos anos, a expansão do Arranjo Produtivo Local – APL de confecções tem
despertado a atenção de diversos pesquisadores e órgãos como: o Serviço Brasileiro de Apoio
a Pequena Empresa - SEBRAE, o Serviço Nacional de Apoio a Indústria – SENAI, a
Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco - FADE e
algumas Universidades Federais e faculdades particulares.
Os estudos realizados por estes pesquisadores e órgãos tem se concentrado nas cidades
de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, onde acontece de forma efetiva a produção
de confecções, a qual é comercializada em todo o território nacional e até mesmo em outros
países sul-americanos (FADE, 2003).
19
Tabela 1 – Brasil, Nordeste, Pernambuco, Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama.
População Residente e Variação da População Residente.
Brasil,
Região
Ano
Geográfica, Unidade da
1991
2000
Federação e Município.
Brasil
146.825.475 169.799.170
Nordeste
42.497.540 47.741.711
Pernambuco
7.127.855
7.918.344
Caruaru
213.697
253.634
Toritama
14.907
21.800
Santa Cruz do Capibaribe
38.332
59.048
Variação 1991/2000 (%)
15,6
12,3
11,1
18,7
46,2
54,0
Fonte: FADE, 2003.
A análise da tabela 1 deixa clara a ocorrência de um movimento de atração
populacional intenso nos municípios de Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, haja
vista o diferencial na variação existente nos três municípios em relação ao Nordeste e
Pernambuco.
Tabela 2 - Brasil, Nordeste, Pernambuco, Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama.
Produto Interno Bruto Real e Variação do Produto Interno Bruto Real, 1991-2000.
Brasil,
Região PIB Total Real (em R$ 1000
Geográfica, Unidade da
de 2002)
Federação e Município.
1991
2000
Brasil
977.857.663 1.280.964.938
Nordeste
155.668.489
209.975.301
Pernambuco
30.856.484
40.142.583
Caruaru
967.790
1.308.775
Toritama
70.489
99.991
Santa Cruz do Capibaribe
158.280
253.911
Variação do PIB Total real
em 1991/2000 (%)
31,0
34,9
30,1
35,2
41,9
60,4
Fonte: FADE 2003.
A tabela 2 registrou um substancial crescimento do PIB Real nos municípios de
Toritama e Santa Cruz do Capibaribe em comparação ao Brasil, Nordeste e Pernambuco. No
tocante ao crescimento registrado em Caruaru, observa-se um crescimento mais próximo do
Nordeste, ficando aquém das taxas apresentadas pelos outros dois municípios que compõem o
pólo de confecções do Agreste pernambucano.
De acordo com um estudo de caracterização do pólo realizado pela FADE (2003), os
principais municípios que fazem parte do pólo, são responsáveis por mais de 12 mil pequenos
negócios (das quais somente oito por cento são formais) que produzem 57 milhões de peças
ao mês, gerando 75 mil empregos diretos e 15 mil indiretos. O setor de lavanderia também é
20
bastante forte, contando com mais de 400 unidades em funcionamento, sem esquecer que
existem na região grandes centros de comercialização, como o Pólo de Confecções de
Caruaru, o Parque das Feiras de Toritama e o Moda Center de Santa Cruz do Capibaribe.
Sendo a qualidade dos produtos, a sustentabilidade das empresas da região e a
modernização contínua, fatores que dão impulso para o desenvolvimento deste pólo,
acarretando no desenvolvimento das cidades, com melhoria na sua infra-estrutura e
progressos para esses municípios.
Na figura 2, verificam-se as etapas da cadeia produtiva deste APL. As firmas
confeccionistas dividem espaço com os faccionistas (indivíduos que recebem a confecção, ou
pedaços de tecidos, em algum estágio de sua fabricação para a realização de determinadas
etapas do processo produtivo e devolvem para as firmas confeccionistas) consideradas
prestadoras de serviços para as firmas confeccionistas. Em outra etapa, a peça já costurada
passa pelo processo de lavanderia e prontas voltam para as firmas confeccionistas para que
sejam aprontadas, isto é, etapa onde é retirado o excesso de linhas e fios, resultado da costura,
e são colocados os botões, tachas e etiquetas e por fim ensacadas. A distribuição se dá por
sacoleiros, varejistas, grandes magazines entre outros que compram o produto (ARAÚJO,
2008).
Segundo Araújo (2008), “Uma vez aprontadas, as mercadorias são colocadas à venda
nas feiras da Sulanca, em feiras de outros municípios do interior, nas lojas e/ ou boxes
próprios, por varejistas locais ou de outras regiões e até mesmo em lojas de shopping
centers.” Esse sistema é organizado pelos próprios fabricantes.
21
Figura 2 - Cadeia Produtiva do APL de Confecções do Agreste Pernambucano
Fonte: Araújo (2008) apud Cabral (2007).
22
2.3 Pesquisa sobre o Perfil do Consumidor
O estudo, intitulado: “Perfil do Público do Pólo de Confecções”, realizado pelo
SEBRAE–PE (2003) observou importante questões referentes ao perfil do consumidor, no
que diz respeito aos hábitos e atitudes na hora da compra, o tipo de confecção que costuma
comprar, a forma de comercialização, as vantagens e desvantagens competitivas do pólo,
entre outros.
A pesquisa foi realizada nos dias 5, 6 e 14 de outubro de 2003, com uma amostra de
450 casos, divididos igualmente (33%, equivalente a 150 casos) para as cidades do Pólo de
Confecções do Agreste (Caruaru, Stª Cruz do Capibaribe e Toritama). Dentre os entrevistados
62% eram do sexo feminino e 38% do sexo masculino, com idades entre 18 e 45 anos.
A renda de cada um dos entrevistados, visualizado no gráfico 1, vária de até R$240,00
a mais de R$2.400,00, sendo o maior percentual dos entrevistados com renda entre R$481,00
a R$1.200,00 em média 1 a 2 salários mínimos.
Gráfico 1 - Renda pessoal dos entrevistados
Renda Pessoal
Até R$240,00
8%
13%
De R$240,00 a R$480,00
15%
27%
37%
De R$481,00 a
R$1.200,00
De R$1.201,00 a
R$2.400,00
De R$2.401,00 ou mais
Fonte: SEBRAE (2003) adaptado pela autora.
No gráfico 2, visualiza-se a posição a hierarquia familiar em que as pessoas
entrevistadas se encontram, sendo que 50% dos entrevistados são os chefes de família,
seguidos pelo cônjuge do chefe com 36%, os filhos 12%.
23
Gráfico 2 - Posição na hierarquia familiar
POSIÇÃO NO GRUPO FAMILIAR
12%
2%
Chefe de Família
Cônjuge do Chefe
Filho
50%
Outros
36%
Fonte: SEBRAE (2003) adaptado pela autora.
Verifica-se na tabela número 3, a localização de onde as pessoas saem para comprar
mercadorias, sendo a maioria, 28% residente na Bahia e 13% referente a outros Estados como
Maranhão, Piauí, São Paulo, Ceará, entre outros.
Tabela 3 - Locais onde os compradores residem
ESTADOS
Bahia
Pernambuco
Paraíba
Alagoas
Rio Grande do Norte
Outros Estados
100%
28%
26%
16%
9%
8%
13%
Fonte: SEBRAE (2003) adaptado pela autora.
Outro fator analisado são os hábitos e atitudes na hora da compra dos consumidores. A
freqüência com que o comprador costuma comprar em feiras da região varia de mensalmente
a uma vez ao ano. Na região de Caruaru vê-se que a maior freqüência dos compradores é
quinzenal (38%), já em Stª Cruz do Capibaribe e Toritama se dá maior freqüência
mensalmente (43% e 35% respectivamente), como pode ser analisado na tabela número 4.
24
Tabela 4 - Freqüência de compradores nas feiras da região
Mensal
Quinzenal
Semanal
Trimestral
Bimestral
Semestral
Uma vez ao ano
NS/NR
TOTAL
Caruaru
29%
38%
25%
2%
3%
2%
0%
1%
Stª Cruz
43%
22%
11%
11%
6%
6%
1%
0%
Toritama
35%
27%
14%
9%
10%
3%
0%
2%
100%
Fonte: SEBRAE (2003) adaptado pela autora.
A motivação dos compradores, nas três principais cidades do pólo de Pernambuco, o
fator relevante é o preço, vê-se que a grande maioria dos compradores procuram as cidades
pelo baixo de suas confecções e variedades disponibilizados. Poucos pela facilidade de
pagamente. Observa-se que a soma das porcentagens é maior que 100, na tabela número 5,
pois foi dado aos participantes mais de uma opção no questionário.
Tabela 5 - Motivação dos Compradores
Preço
Variedade
Qualidade
Acesso Fácil
Facilidade de Pagamento
Outras
Caruaru Stª Cruz Toritama
82%
96%
91%
69%
64%
74%
30%
36%
39%
6%
7%
3%
1%
1%
0%
3%
0%
1%
Fonte: SEBRAE (2003); adaptado pela autora.
Tendo em vista que a grande maioria dos compradores vem para a região em busca de
variedade, na entrevista, foi dada a opção de mais de um tipo de mercadoria para que os
participantes pudessem assinalar.
O jeans, tanto na cidade de Toritama como em Stª Cruz do Capibaribe tem seu maior
percentual de procura. Já na cidade de Caruaru o item de maior busca são as malhas. Como
pode ser destacado na tabela número 6, tanto o jeans como a malha são os itens mais
procurados na região do pólo.
25
Tabela 6 - Tipo de mercadoria que costuma comprar
Caruaru
90%
98%
35%
27%
11%
5%
5%
3%
4%
4%
Jeans
Malhas
Lingerie
Roupa de praia
Surfwear
Outros tipos de tecidos
Calçados
Acessórios
Importados
Outros
Stª Cruz
92%
97%
41%
43%
13%
9%
7%
7%
1%
1%
Toritama
99%
83%
35%
31%
14%
3%
1%
3%
1%
2%
Fonte: SEBRAE (2003); adaptado pela autora.
Em relação a média de gastos, 75% do total de entrevistados gasta entre até R$500,00
a R$2.000,00 a cada visita para comprar produtos no local. Esse desembolso acaba
movimentando a economia local, funcionando como um importante combustível para o
surgimento de novos empreendimentos, como pode ser constatado na tabela número 7.
Tabela 7 - Média de gastos em compra a cada visita ao local
TOTAL
Até de R$ 500
De R$ 501 a R$ 1.000
De R$ 1.001 a R$ 2.000
De R$ 2.001 a R$ 3.000
De R$ 3.001 a R$ 5.000
De R$ 5.001 a R$ 10.000
Acima de R$ 10.000
Não respondeu
Não sabe
24%
31%
21%
10%
9%
2%
2%
1%
0%
Dinheiro
(em
espécie)
24%
33%
22%
10%
7%
2%
1%
1%
0%
Cheque
(à vista)
67%
0%
33%
0%
0%
0%
0%
0%
0%
Cheque
(prédatado)
7%
27%
7%
7%
33%
7%
7%
3%
2%
Cartão de
Não Sabe
Crédito
20%
0%
30%
10%
40%
0%
0%
0%
0%
23%
23%
23%
31%
0%
0%
0%
0%
0%
Fonte: SEBRAE (2003); adaptado pela autora.
A forma pela qual os compradores comercializam as confecções adquiridas nas feiras
variam em relação a origem de cada comprador. As vendas em bancos de feiras em sua cidade
natal ocupa uma posição de destaque, representando 34% do total analisado no gráfico
número 3. Vindo em seguida a venda para consumidores em lojas com 31%. A venda porta a
porta, praticada em regiões menos populosas e de baixa renda tem 25% das respostas, seguida
por revenda apenas para revendedores 2% e venda para outras lojas 1%.
26
Gráfico 3 - Forma de comercialização dos produtos adquiridos
Forma de comercialização dos produtos adquiridos
Vendo em bancos na
feiras
Vendo na loja para
consumidores
1%
2%
7%
34%
25%
Vendo porta a porta para
consumidores
Apenas para outros
revendedores
Vendo para lojas
31%
Outras respostas
Fonte: SEBRAE (2003); adaptado pela autora.
No gráfico número 4, as margens de lucro sobre a venda dos produtos chegam a mais
de 100% do valor adquirido pelos consumidores. Neste sentido, percebe-se que 30% dos
compradores acrescentam no preço de revenda, em média, de 50% a 90%, enquanto 28% dos
entrevistados trabalham com 10% a 40%. Na pesquisa, verificou-se que 27% argumentam que
muitas vezes colocam o dobro do preço (100% do valor da compra), enquanto 12% sempre
dobram o preço de aquisição do produto.
Gráfico 4 - Margem de Lucro sobre a venda de confecções
Margem de lucros da venda dos produtos
Entre 50% e 90%
12%
3%
30%
Entre 10% e 40%
100%, mas em alguns
produtos menos
27%
Sempre 100%
28%
Mais de 100%
Fonte: SEBRAE (2003); adaptado pela autora.
27
Os aspectos positivos no comércio de confecções mais citados pelos entrevistados,
no gráfico número 5, foram as vantagens competitivas, os preços baixos, a facilidade de
compra e de pagamento que aparecem em 70% das opiniões. O produto, com sua
diversificação e sua qualidade foram indicados por 60%. O atendimento e a estrutura
organizacional aparecem em 3% dos entrevistados.
Gráfico 5 - Opinião sobre aspectos positivos do comércio de confecções
OPINIÃO SOBRE ASPECTOS POSITIVOS DO COMÉRCIO DE CONFECÇÕES
70%
70%
60%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
3%
3%
1%
0%
Vantagens
financeiras
Produtos
Atendimento
Estrutura
Vantagens
organizacional
para os
municípios
Fonte: SEBRAE (2003); adaptado pela autora.
Já nos aspectos negativos, tabela número 8, vemos que os serviços oferecidos são os
que mais precisam de melhorias, a falta de segurança, de restaurantes, banheiros, hospedagens
e estacionamento. A organização não fica muito longe, a má distribuição dos bancos/lojas, a
falta de espaço somadas com as carrocinhas que transportam as mercadorias, atrapalham os
compradores e até mesmo os feirantes para se chegarem aos bancos/lojas.
A desorganização administrativa local e a falta de limpeza fazem da feira um lixão a
céu aberto, esse aspecto fica em 2º lugar com 28% de citações dos entrevistados. A falta de
comodidade, com 6%, é caracterizada pelos horários de funcionamento considerados ruins ou
o pouco tempo que a feira fica a disposição dos compradores.
O mau atendimento dos feirantes foi citado em 5% das entrevistas. As desvantagens
financeiras como a não facilidade de pagamento (não receberem cartão nem fazerem
crediário) não ter nota fiscal e as desvantagens do município como a infra-estrutura ficaram
com 3% das citações e os produtos com mau acabamento com 2%. 32% dos entrevistados não
28
responderam a questão e apenas 4% não vêem nenhum aspecto ruim na feira. Nota-se que a
soma dos valores é maior que 100% devido ter sido disponibilizado para os entrevistados
mais de uma resposta.
Tabela 8 - Opinião sobre os aspectos negativos do comércio de confecções
Aspectos Negativos
Serviços oferecidos
Estrutura organizacional
Falta de comodidade
Atendimento
Desvantagens financeiras
Desvantagens para o município
Produtos
Nenhum
Não responderam
%
38%
28%
6%
5%
3%
3%
2%
4%
32%
Fonte: SEBRAE (2003); adaptado pela autora.
O último fator pesquisado diz respeito às sugestões para a melhoria do comércio de
confecções dos municípios. Na tabela número 9, pode ser visualizado com mais clareza todos
os pontos abordados, sendo o ponto mais abordado, em todos os municípios pesquisados, a
urgência para organizar a feira, 44% em média dos três municípios.
Tabela 9 – Sugestões para melhoria do comércio de confecções nos municípios
TOTAL Caruaru
Organizar a feira (melhor distribuição/arrumação dos
boxes/ bancas)
Melhorar a infra-estrutura da feira
Modificar o horário/dia da feira
Criação de uma área para restaurante
Melhorar a segurança
Tirar os carroceiros
Melhorar o estacionamento
Banheiros limpos
Mais agências bancárias
Não sabe/Não respondeu
TOTAL
Fonte: SEBRAE (2003); adaptado pela autora.
Stª Cruz
Toritama
44%
31%
53%
50%
22%
9%
4%
4%
3%
3%
2%
1%
8%
21%
26%
1%
5%
5%
2%
1%
1%
7%
17%
1%
8%
5%
3%
2%
4%
1%
6%
27%
2%
4%
1%
1%
3%
1%
1%
10%
100%
29
Com essa pesquisa da análise do perfil do consumidor do pólo de confecções do
Agreste pode ser destacados importantes pontos de reflexão. Os compradores põem em jogo
pontos relevantes sobre melhorias que devem ser feitas em torno de uma perduração do APL.
2.4 Instituições de Apoio
2.4.1 ACIC - Associação Comercial e Empresarial de Caruaru
É considerada a maior entidade institucional desta natureza no estado de Pernambuco
e a mais antiga do arranjo. Sua fundação deu-se em 1920. A partir da ACIC estimulo-se a
criação das outras associações como ACIT, ASCAP e ACIASUR. Seu objetivo de unir a
classe empresarial em busca do desenvolvimento local e regional sem deixar de lado a
preocupação com o aprimoramento profissional tanto dos empresários como de seus
funcionários (ACIC).
Hoje a associação conta com 800 sócios, sendo 58% comércio, 31% serviços, 9%
indústria e 2% profissionais liberais. Tendo como missão “Congregar empresários, executivos
e profissionais liberais; defender seus interesses e fomentar o espírito empreendedor,
objetivando o desenvolvimento social, cultural e econômico de Caruaru e região”.
Colocando em prática sua missão a entidade criou a rodada de negócios, que trouxe
para a região um novo canal de comercialização, abrindo espaço para o encontro de
compradores e vendedores, donos de pequenos e médios magazines, libertando os
empresários locais da dependência de negociação via feiras municipais, o que valoriza o
produto. A ACIC também da cursos, palestras e informa constantemente a seus associados
sobre a participação de feiras, missões empresariais, entre outro eventos, o que facilita o
intercâmbio de informações passando a ser vantajoso para todos que participam da instituição
(ANDRADE, 2008).
2.4.2 ASCAP – Associação dos Confeccionistas de Santa Cruz do Capibaribe
Criada em 1992 por um grupo de confeccionistas do município, a ASCAP surgiu com
o intuito de um espaço reservado para a troca de opiniões e experiências de modo a
ampliarem seus próprios negócios e trazer benefícios para a economia da cidade houve
30
também a necessidade de se ter uma associação que pudesse trazer profissionalismo para que
a cidade pudesse competir com outras regiões. Sua composição inicial de 29 associados, hoje
reuni mais de 180 membros, todos do município de Santa Cruz do Capibaribe.
A ASCAP reúne empresários de vários setores, como o de produção, do comércio e de
prestação de serviço, sendo todos da área de confecção. Segundo Andrade (2008), a diretoria
da associação em parceria com o SEBRAE, vem desenvolvendo trabalhos a favor da
formalização da atividade, divulgando para seus associados informais as vantagens alcançadas
com a legalização do empreendimento, com resultados positivos.
Sua missão é representar os interesses dos confeccionistas locais e contribuir através
de parcerias e da prestação de serviços para o crescimento das empresas e o desenvolvimento
socioeconômico da região. E seu objetivo central é estabelecer negociações com possíveis
parceiros, buscando unir esforços para interagir eficientemente com as empresas que fazem
parte da entidade e destas com as das demais associações do pólo de confecções (ANDRADE,
2008).
2.4.3 ACIT - Associação Comercial e Industrial de Toritama
Criada no final de 2004, da idéia de empresários líderes do município associarem-se
pela necessidade de buscar algum órgão capaz de apoiar e subsidiar o crescimento das
empresas locais. “Integrada fundamentalmente por micro- empresários formalizados do setor
de confecção, por donos de lavanderias e comerciantes confeccionistas (de modo menos
expressivo), o papel desempenhando pela entidade tem sido avaliado como relevante o que
pode ser constatado pelo crescimento no número de sócios e atualmente a entidade está com
alguns programas/ projetos visando aumentar sua composição.” (ANDRADE, 2008)
A ACIT tem como ações prioritárias o apoio à participação dos agentes em missões
empresariais, em visitas as indústrias de confecções em São Paulo e em outras regiões,
envolvimento em rodadas de negócios, nas principais feiras e eventos do ramo de confecções
que ocorrem no País. Com isso a associação busca o desenvolvimento da visão empresarial de
seus sócios, através da promoção de cursos de capacitação, de treinamento de curta duração e
de consultorias. (ANDRADE, 2008)
2.4.4 ALPF - Associação dos Lojistas do Parque das Feiras de Toritama
31
Em 2003 o Parque das Feiras de Toritama, passou a ser administrado pela Associação
dos Lojistas do Parque das Feiras de Toritama, possui cerca de 150 associados. A associação
é mantida pela iniciativa privada, uma taxa mensalmente cobrada de seus associados. A
construção deste centro estimulou os empresários do município vizinho, Santa Cruz do
Capibaribe, a erguer um ponto de comercialização semelhante, como Moda Center Santa
Cruz, localizado na cidade de Santa Cruz do Capibaribe.
2.4.5 SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
O SENAI –PE tem a missão de promover a educação profissional e tecnológica, bem
como a inovação e divulgação de tecnologias industriais, com a finalidade de promover a
competitividade empresarial da região. Por meio da Escola Técnica SENAI Caruaru (desde
1970) e pela Escola Técnica SENAI Santa Cruz do Capibaribe (criada em 2002) que
disponibilizam programas de capacitação profissional adequada ás necessidades empresariais
da região.
O SENAI-Caruaru possui cursos técnicos como o de confecções do vestuário, de
eletromecânica e design de moda, além de vários programas de aperfeiçoamento profissional
relacionados ao setor de vestuário, tais como: adaptação de modelos do vestuário feminino
(conhecido também como “modinha”); modelagem básica industrial; modelagem de peças
íntimas; desenho de moda; gestão de produção, entre outros.
A unidade mesmo estando localizada na cidade de Caruaru são registradas freqüentes
participações de pessoas que residem em Toritama, sendo normalmente empresários que tem
interesse em ampliar o conhecimento e competências na área.
Já a unidade de Santa Cruz do Capibaribe são oferecidos dois cursos técnicos, sendo
eles de supervisor em confecção do vestuário e o de design de moda e também cursos
profissionalizantes nas áreas de gestão, mecânica, confecção. Como é também registrado em
Caruaru, pessoas de Toritama e outras regiões circunvizinhas como Taquaritinga do Norte e
Surubim também freqüentam a unidade.
Em municípios, que não provêem de unidade própria, são oferecidos mini-cursos
gratuitos com o intuito de despertar a importância e a necessidade da qualificação da mão-deobra. A atuação do SENAI - Santa Cruz tem colaborado para a melhoria do nível de
qualificação profissional das pessoas envolvidos no segmento confeccionista da região, sendo
que geralmente os alunos se tornam estagiários das empresas.
32
2.4.6 SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
O SENAC-PE possui uma unidade que atua no município de Caruaru, também voltada
para a formação de profissionais, tanto para o público em geral, como para pessoas envolvidas
diretamente ao segmento de confecções.
Levando em consideração a necessidade da capacitação da mão-de-obra local, o centro
de formação profissional de Caruaru possui os seguintes cursos: Moulage Básica, Modelagem
Básica, Corte e Costura, Design e Estilo, Desenho de Moda para a Indústria de Confecção e o
Vitrina: o universo do espelho.
Mesmos os alunos sendo a grande maioria residente em Caruaru, existe registros de
pessoas que provém de Toritama, mesmo sendo em número pequeno, de sua maioria donos de
empresas formalizadas ou empregados das mesmas.
Segundo Andrade, 2008 “a cultura local não favorece o interesse pela aquisição de
conhecimentos técnicos e profissionais, embora já se tenha percebido mudanças nesta
direção”.
2.4.7 SINDIVEST - Sindicato das Indústrias do Vestuário do Estado de Pernambuco
Com sede em Recife, antes de se tornar sindicato no ano de 1986, esta entidade foi
criada a título de associação em 1982. Durante algum tempo, as atividades desenvolvidas pelo
SINDIVEST foram reduzidas, vindo a retomar seu curso normal no ano de 1997, quando
então uma ONG alemã, BFZ (Centro de Formação Profissional das Associações Empresariais
da Baviera), decidiu firmar um convênio financeiro com o sindicato para que pudesse
fomentar o crescimento de micro e pequenas empresas do segmento confeccionista de
Pernambuco, bem como dar suporte infra-estrutural às ações da entidade (ANDRADE 2008).
No ano de 2002, com a visita de técnicos da Alemanha, o sindicato tem procurado
despertar entre os seus associados o interesse em direcionar esforços para o avanço do nível
tecnológico dos seus empreendimentos, bem como para a atuação conjunta, a qual facilitaria a
disseminação das novas práticas fossem estas em termos de gerenciamento, de produção e/ ou
comercialização, entre outras.
Na cidade de Toritama com o apoio do SINDIVEST e parcerias de outras entidades
surgiu a ACIT, que representa os empresários da mesma. Mesmo com a melhoria que
trouxeram para a região em contrapartida o governo do Estado restringe a efetuar pontos
33
emergenciais não existindo na cidade uma infra-estrutura educacional, urbana e social
(ANDRADE, 2008).
34
3.
O MUNICÍPIO DE TORITAMA
3.1 Dimensão Histórica
Em meados do século XIX, Torres era uma fazenda de criação de gado de propriedade
do Sr. João Barboza. Como era costume nessa mesma época, doou uma pequena parte de sua
terra, localizada ao lado esquerdo do Rio Capibaribe, para a construção de uma capela devido
à devoção de sua família a Nossa Senhora da Conceição. O povoado foi crescendo, sendo que
no ano de 1868 já existia um lugarejo com 20 casas de taipas (IBGE, 2008).
No ano de 1923, foi construída uma ponte de cimento armado, sobre o rio Capibaribe,
ligando o povoado de Torres a Caruaru, possibilitando ao comércio local receber maior
afluência de feireiros da cidade de Caruaru que apresentavam várias dificuldades em
atravessar o rio no inverno, devido ás grandes enchentes que aconteciam no mesmo (IBGE,
2008).
Em 1925, o povoado passou a categoria de Vila de Torres, por solicitação do Bacharel
João Jorge Pereira Tejo e pertencia ao município de Vertentes. Por força do Decreto-lei
estadual nº 235, de 9 de dezembro de 1938, passou a pertencer ao município de Taquaritinga
do Norte. Em face ao decreto-lei estadual n°952, de 31 de dezembro de 1943 estabeleceu-se a
divisão territorial judiciário-administrativa do estado de Pernambuco, para vigorar no
qüinqüênio 1944-1948, o termo Torres teve seu nome alterado para Toritama, permanecendo,
todavia sob jurisdição da comarca de Taquaritinga do Norte (CONDEPE/FIDEM, 2008).
A lei estadual n° 1.818, de 29 de dezembro de 1953, criou o município sede no distrito
do mesmo nome e território desmembrado do município de Taquaritinga do Norte. O Estado
referendou a criação do município pela última Lei de divisão territorial, a de n°1.819, de 30
de dezembro de 1953, ocorrendo a sua instalação em 23 de maio de 1954 (FADE/UFPE,
2003).
O Agreste pernambucano como já abordado anteriormente é uma região de transição
entre a Zona da Mata e o Sertão (ANDRADE, 2005), acarretando trechos de extrema
diferença. Toritama está localizada mais particularmente na micro-região do Alto Capibaribe
tendo seu clima semi-árido quente com uma temperatura média anual de 24ºC
(CONDEPE/FIDEM, 2008).
Toritama localiza-se as margens do rio Capibaribe, onde o mesmo deu sua parcela de
grande importância histórica e social na formação e no desenvolvimento do Agreste
35
pernambucano. Entretanto, mesmo a cidade estando localizada as suas margens não
significou, para os habitantes, a possibilidade dos benefícios gerados por suas águas, segundo
Andrade (2008), o município sofre com a baixa capacidade de acumulação dos açudes, os
quais não conseguem comportar nem 100.000 m3 de água.
O crescimento urbano desordenado das últimas décadas foi o responsável pela
deterioração dos recursos ambientais que circundavam pelo rio, comprometendo a qualidade
de vida das populações ribeirinhas. Sendo suas águas, atualmente, com aspecto semelhante a
qualquer canal de esgoto existente nas metrópoles do País1.
A década de 1970 foi marcada na cidade pelo volume apreciável de chinelos, sandálias
e sapatos à base de couro ou borracha que eram feitos na região. Aproximadamente nos
últimos 30 anos, a cidade que teve inspiração na moda jeans americana começou a fabricação
de calças jeans (FADE/UFPE, 2003)
Hoje transformou-se, junto com outros municípios da região, no maior pólo de
produção desse tipo de vestuário na região do Norte e Nordeste brasileiro, garantindo a
ocupação profissional de seus habitantes, em idade de trabalho, e atraindo cada vez mais
pessoas de outros municípios (FADE/UFPE, 2003).
A cidade também é provida de outro destaque: o pólo de lavanderias industriais, onde
reuni cerca de 50 indústrias responsáveis pela manutenção de 15 a 20 postos de trabalho cada.
São realizados nessas empresas os processos de lavagem, amaciamento, tingimento e
descoloração do jeans (FADE/UFPE, 2003).
3.2 Aspecto Social
Em análise comparativa do Índice de Desenvolvimento Humano de 2000 para o
Estado de Pernambuco, Recife e Toritama, foi constatado que o nível de IDH de Recife é
maior entre os três. O IDH foi um índice criado pela Organização das Nações Unidas – ONU,
por iniciativa do Programa das Nações Unidas – PNUD, com o intuito de criar um parâmetro
de comparação para verificar o quanto um país está se desenvolvendo em relação aos outros,
bem como em relação a ele mesmo ao longo do tempo. Serve também para comparar regiões
dentro de um mesmo país, bem como entre regiões.
1
FONTE: Associação Civil Alternativa Terrazul.
36
Quase todos os IDHs observados na tabela 10 são considerados de nível médio (entre 0,500 a
0,799), sendo apenas o IDH Educação de Recife, considerado de alto nível (superior a 0,800).
Tabela 10 - Indicadores do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – 2000
Pernambuco
0,705
0,643
0,705
0,768
IDH Municipal
IDH Renda
IDH Longevidade
IDH Educação
Recife
0,797
0,77
0,727
0,894
Toritama
0,67
0,653
0,728
0,628
Fonte: Pnud/Ipea/FJP, Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, adaptada pela autora.
Gráfico 6: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – ano 2000
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - ano 2000
1
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
Pernambuco
Recife
Toritama
índice máximo
Fonte:Pnud/Ipea/FJP, Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, adaptada pela autora .
A população total residente no município de Toritama é de 29.897 habitantes, dos
quais 14.702 são do sexo masculino (49,18%) e 15.195 do sexo feminino (50,82 %). Os
habitantes da área urbana representam 96,26% da população, fazendo com que Toritama se
diferencie de outros municípios que possuem um tamanho demográfico similar, nos quais
normalmente os habitantes têm sua maior concentração nas zonas rurais (IBGE, 2007).
O perfil populacional de Toritama está concentrado no estrato da população que possui
idade entre 10 e 29 anos, o qual representa quase 45% da população economicamente ativa..
Na tabela número 11, são apresentados os dados referentes à faixa etária da população deste
município, representados por idade.
37
Tabela 11 - Distribuição da população residente por grupos de idade
Idade
0a4
5a9
10 a 14
19 a 20
21 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
70 a 79
80 e +
TOTAL
Habitantes
2.808
3.027
2.691
3.314
7.211
4.583
2.749
1.573
1.099
561
243
29.897
Participação %
42,30%
100%
Fonte: IBGE, Contagem da População 2007, adaptado pela autora.
Outro fator analisado no trabalho é o rendimento mensal, o qual é medido em salários
mínimos. Existe uma grande disparidade em relação à distribuição de renda no município,
pois 63,05% da população ou não possui renda ou detém um rendimento até 2 salários
mínimos por mês, em contra partida temos 36,95% da população que ganha entre mais de 2 a
20 salários mínimos mensais. Podemos constatar que essa divergência está diretamente ligada
ao processo histórico do crescimento da economia brasileira, onde certas regiões geográficas
concentram as riquezas em determinados segmentos de classe, enquanto outras acabam sendo
penalizadas pela distribuição desigual da renda, como pode ser observado na tabela número
12.
Tabela 12 - Classes de rendimento nominal mensal das pessoas responsáveis pelo domicílio,
em salários mínimos – 2000
Classes de rendimentos
Sem rendimento
Até ½ salário mínimo
½ a 1 salário mínimo
1 a 2 salários mínimos
2 a 5 salários mínimos
5 a 10 salários mínimos
10 a 20 salários mínimos
Mais de 20 salários mínimos
TOTAL
Domicílios
459
34
1.347
1.622
1.362
472
142
53
5.491
(%)
8,36
0,62
24,53
29,54
24,80
8,60
2,59
0,96
100
38
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000 – Resultados do Universo, adaptado pela autora.
A escolaridade é um fator imprescindível para o desenvolvimento de uma determinada
região, bem como está diretamente ligado ao nível de renda de um indivíduo. Segundo o
Plano Diretor de Toritama, 32% da população do município, com idade acima de 10 anos, é
analfabeta. A cidade disponibiliza para sua população 05 escolas particulares, 02 escolas
estaduais e 06 municipais, que atendem também a população da Vila Canaã, distrito de
Caruaru, mas integrante do núcleo urbano de Toritama, algo perceptível é a falta de incentivos
educacionais do governo para a população do município (ANDRADE, 2008).
A cidade conta apenas com um hospital público sendo que ele possui 31 leitos, isto é,
na análise feita com a população do ano de 2007, seria de 1,0 leitos para cada 1.000
habitantes, fator que dificulta o tratamento de pessoas que precisam de atendimento,
obrigando-as a procurarem hospitais de outras cidades circunvizinhas, como Vertentes e
Caruaru (CONDEPE/FIDEM, 2008).
3.3 Aspecto Econômico
A pouca disponibilidade de água devido as grandes secas de certas estações e outros
elementos naturais característicos da localidade como a vegetação de caatinga, solo
pedregoso, bem como o seu tamanho reduzido, segundo estudo realizado pelo
CONDEPE/FIDEM, fazem com que a região não seja propícia ao desenvolvimento de
culturas nem mesmo a criação de bovinos, ovinos e caprinos.
Esses fatores, fizeram com que a população buscasse a sobrevivência em atividades
indústriais, inicialmente com a fabricação de calçados, que vinha desda década de 1930,
ganhando importância somente na década de 1960 e fazendo do município um poló calçadista
de destaque na região durante a década de 1970.
A partir da década de 1980, o ramo calçadista declinou obrigando a população de
Toritama a procurar outra atividade econômica para sua sobrevivência sem a opção na área
agrícola ou pecuária, entre outros fatores, foi então que surgiu a opção por outro ramo mais
promissor, o ramo de confecções de roupas em jeans.
Hoje, Toritama possui o Parque das Feiras, onde concentra-se o comércio de
confecções da cidade e também onde está localizada a grande maioria de lojas de roupas. Esse
grande galpão fica as margens da BR-104 e o espaço que ocupa, de 9 hectares (ARAÚJO,
2006).
39
O Parque é dividido em três etapas: a primeira de boxes e lojas menores, restaurantes e
lanchonetes, a segunda de lojas maiores e a terceira, ainda em andamento, será ocupada de
mais lojas, restaurantes e lanchonetes, posssuindo também nesse complexo estacionamento
para 2.000 veículos. (ARAÚJO, 2006).
As fábricas de maior destaque dentro da economia local aproveitaram o grande fluxo
de clientes e sacoleiros e instalaram lojas exclusivas de suas marcas nas imediações, sendo
elas com mais de 300 m², vendendo peças exclusivas. (ARAÚJO, 2006).
Mesmo sendo conhecida nos dias atuais pela sua grande produção anual (15% da
produção nacional , segundo o SEBRAE), Toritama não possui infra-estrutura educacional,
urbana e produtiva, enfatizando essa última questão. Não existe no município instalações
adequadas para a fabricação industrial, sendo sua grande maioria localizada em domicílios
com minima infraestrutura, não existindo também galpões para armazenamento de produção
nem políticas de apoio ao trabalhador (ANDRADE, 2008).
A informalidade também faz parte do dia-a-dia dos habitantes locais, segundo
Mansueto (2005), existem na cidade mais de 2.000 empresas, dentre elas mais de 90% são
informais, isto é empresas sem registros em orgãos do governo. Outro dado significativo é
que a cada 1 trabalhador com carteira assinada existem 6 trabalhadores sem a carteira
assinada. Esses fatores acabam por gerar a falta de pagamento de impostos que iriam para a
melhoria da cidade como um todo.
3.4 Aspecto Ambiental
As empresas de Toritama, para se manterem em um mercado fortemente competitivo,
começaram a instalar suas próprias lavanderias ou terceirizar serviços de processos de
lavagem. Com isso as lavanderias começaram a surgir cada vez em maiores quantidades na
cidade.
Devido o clima predominante no Agreste, o qual revela a escassez de chuvas, falta
água em Toritama, pois o sistema de abastecimento de água e tratamento de esgoto é precário,
não atendendo as demandas dos consumidores, sendo necessário recorrer ao uso de carrospipa que busquem água em açudes e barragens nas redondezas, o que aumenta o custo de
operação das lavanderias.
A dificuldade de água vinha sendo agravada pelo lançamento da água com resíduos
industriais provocado pelo processamento das lavanderias diretamente no Rio Capibaribe e a
40
não utilização de filtros nas chaminés, o que ocasiona um forte odor que resultava da queima
de madeira; localizadas em áreas residenciais (LIMA, 2006).
“Apesar da sua grande contribuição para o desenvolvimento sócioeconômico do Estado de Pernambuco e do Nordeste, hoje o Capibaribe
encontra-se poluído por dejetos orgânicos, coberto de lama e assoreado.
Navegável no verão até dois quilômetros acima de sua foz por canoas e
botes, no inverno torna-se tão caudaloso que às vezes provoca enchentes e
estragos nas áreas ribeirinhas dos municípios do interior.” (Fonte: FUNDAJ,
2003)
Assim, no ano de 2001, a promotoria instaurou um inquérito civil acionando a
Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH), o Ministério da Saúde e o
Ministério do Trabalho, para colher elementos e provas sobre a origem da poluição, o qual
deu início ao diagnóstico ambiental do município de Toritama, revelando o elevado índice de
poluição do Rio Capibaribe. Os donos de lavanderias deveriam solicitar o licenciamento
ambiental à CPRH e, quando o projeto fosse aprovado, implantariam os sistemas
antipoluentes (DUARTE, 2006).
A tabela 13, mostra a dimensão do problema do desperdício de água e da poluição que
era provocada pelas lavanderias da cidade e após a implantação do TAC (Termos de
Compromisso de Ajustamento de Conduta) (DUARTE, 2006).
Tabela 13 – Consumo de água pelas lavanderias de Toritama – Comparativa dos anos 2002 e
2006.
2002
2006
1.500
1.800
Peças lavadas por lavanderia (média/dia)
50
60
Litros de água por peça lavada (média)
75.000
108.000
Litros de água por lavanderia/dia
60
56
Número de lavanderias da cidade
4.500.000
6.048.000
Litros de água total consumidos pelas lavanderias/dia
0 3.024.000*
Litros de água reutilizada
4.500.000
3.024.000
Litros de água consumida (total e reutilização)
120
120
Litros consumidos numa residência/pessoa
37.500
25.200
Consumo de água das lavanderias (em número de pessoas)
21.800
21.800
População oficial do município
* Reutilização de 50% da água consumida nos processo de lavagem.
Fonte: DUARTE, 2006.
Em outubro de 2003, com o trabalho de conscientização surtindo efeito e com as obras
do projeto-piloto praticamente concluídas, o Ministério Público Estadual convocou os
41
empresários das lavanderias de Toritama para a celebração do TAC. Estava previsto, pelo
TAC, prazos para a apresentação junto aos órgãos reguladores e a implantação dos seguintes
projetos, como tratamentos dos efluentes líquidos, controle da poluição atmosférica,
tratamento e destino final dos efluentes sanitários entre outros pontos abordados (LIMA,
2006).
Não só em Toritama, como em outras cidades da região Agreste, as lavanderias tem
como desafio não só as questões do uso e reuso correto da água, mas também a troca da lenha
por um combustível limpo e economicamente viável, como a energia solar por exemplo
(DUARTE, 2006), visto que o mundo todo reivindica o desenvolvimento humano sustentável,
que nada mais é do que o desenvolvimento das potencialidades de uma região sem que haja
prejuízo às gerações futuras.
42
CONCLUSÃO
A evolução do Agreste pernambucano deu-se de forma lenta e precária, se comparada
ao restante do estado e do Brasil, fator que até os dias atuais traz conseqüências para a região,
como o desinteresse público, privado e político.
Mesmo com essa lacuna, o Agreste pernambucano renasceu como um dos maiores
pólos de confecções do Norte e Nordeste do Brasil que passou a existir espontaneamente
devido a necessidade de sobrevivência de seus habitantes. As cidades que fazem parte desse
empreendimento, Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e, em especial, Toritama,
experimentaram o crescimento econômico superior ao do Nordeste e de Pernambuco nos
últimos anos.
Esse crescimento acelerado não teve o apoio de instituições governamentais para que
as indústrias tivessem estrutura. Os resultados acarretaram em grande informalidade, com
impactos terríveis no mercado de trabalho e na questão fiscal, trazendo uma brutal
concentração de riqueza e renda. Fazendo com que nos dias atuais sejam necessárias criações
de leis para que possam garantir o futuro sustentável das cidades.
Com o estudo do perfil do público do Pólo de Confecções pode-se analisar que devem
ser criadas obras emergenciais nas localidades das feiras. O atraso na melhoria acarreta no
desconforto dos compradores, fazendo com que eles acabem se direcionando para outras
localidades que irão fornecer a eles, uma melhor infra-estrutura e atendimento.
Outro fator preocupante são as externalidades negativas promovidas pela ação das
lavanderias no momento de lavagem do Jeans. Isto caminha na contramão do que esta sendo
defendido no mundo, ou seja, o desenvolvimento sustentável, que nada mais e do que
desenvolver as potencialidades de uma região sem comprometer o desenvolvimento de
gerações futuras, promovendo assim, uma respeitabilidade ambiental.
Dentro deste contexto, torna-se necessário entender que o crescimento econômico não
tem se refletido em desenvolvimento, demandando do estado políticas publicas capazes de
combater a informalidade e os danos ambientais promovidos por um crescimento sem
sustentabilidade econômica, social e ambiental.
43
REFERÊNCIAS
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da questão agrária no Nordeste. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2005.
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