Produção de conhecimento e transformação: o papel da extensão universitária INFORMÁTICA NA MELHOR IDADE Elvio Gilberto da Silva1 Diego Fadanni2 Gislaine Aude Fantini3 Colóquio: Direitos Humanos e Inclusão Resumo O Projeto de Extensão “Informática na Melhor Idade” foi criado para desenvolver a inclusão digital, integrando o cidadão da “melhor idade” ao uso das novas tecnologias. Preocupados em aumentar o acesso às Tecnologias da Informação, a Universidade Aberta à Terceira Idade (UATI) da Universidade Sagrado Coração (Bauru, SP), em parceria com o curso de Ciência da Computação, participou do Projeto de Extensão. Nas aulas de Informática, foi possível: a) realizar discussão teórica sobre tecnologia, Sociedade e Terceira Idade; b) promover a aprendizagem sobre a parte física do computador; c) apresentar os principais recursos do computador, o Sistema Operacional Windows e programas, tais como Photoshop, entre 1 Professor Adjunto II da Universidade Sagrado Coração, Rua Irmã Arminda, 10-50 - Cep: 17011-160 - Bauru / SP, [email protected] 2 Aluno graduando do curso de Ciência da Computação da Universidade Sagrado Coração, Rua Irmã Arminda, 10-50 - Cep: 17011-160 - Bauru / SP, [email protected] 3 Coordenadora da Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade Sagrado Coração, Rua Irmã Arminda, 10-50 - Cep: 17011-160 - Bauru / SP, [email protected] outros; d) utilizar diversas ferramentas e recursos da Internet; f) participar de redes sociais. Este trabalho contou com a participação dos estudantes dos cursos de Ciência da Computação (CC) e Publicidade e Propaganda (PP) da USC, proporcionando assim uma integração com a comunidade, e oportunizando aos acadêmicos a prática pedagógica. Os alunos da UATI interessados em participar do projeto foram matriculados e posteriormente divididos em três níveis: “BÁSICO”, “INTERMEDIÁRIO” e “AVANÇADO”. As turmas contaram com no máximo 35 (trinta e cinco) alunos e aulas semanais com duração de uma hora e meia. O material didático foi produzido pelo professor Elvio Gilberto da Silva - coordenador do projeto e estudantes de CC e PP. Em consonância com a proposta deste trabalho, cada aluno da UATI teve um computador à sua disposição; ampliando o acesso à tecnologia, contribuindo assim para a inclusão digital. Palavras-chave: Informática. Melhor Idade. Inclusão Digital 2 Abstract The Extension Project "Computing in the Golden Age" was created to develop digital inclusion, integrating the citizen of the "best age" to the use of new technologies. Anxious to increase access to Information Technology, Open University of the Third Age (UATI) Sacred Heart University (Bauru, SP), in partnership with the course of Computer Science, participated in the Extension Project. In Computer classes, it was possible: a) conduct theoretical discussion about technology, society and the elderly; b) to promote learning about the physical part of the computer, c) present the main features of the computer, the Windows operating system and programs such as Photoshop, among others, d) using various tools and Internet resources; f) participate in social networks. This work included the participation of students of Computer Science (CC) and Advertising (PP) at USC, thus providing an integration with the community and providing opportunities for academic teaching practice. Students interested in participating UATI of the project were subsequently enrolled and divided into three levels: "BASIC", "Intermediate" and "ADVANCED". The classes counted with a maximum 35 (thirty five) students and weekly classes lasting an hour and a half. The material was produced by Professor Gilberto Silva Elvio - project coordinator and students from CC and PP. In line with the purpose of this study, each student had a computer UATI to them; expanding access to technology, thus contributing to digital inclusion. Keywords: computers. Best Age. Digital Inclusion. 3 1 INTRODUÇÃO A terceira idade é uma terminologia social usada para caracterizar o grupo de indivíduos que atingiram os 50 anos de idade, acumulando a experiência das décadas vividas. Em algumas regiões do mundo esse grupo dos idosos já é maior que o grupo de pessoas em idade infantil, um fato inédito na história da sociedade humana. A época em que uma pessoa é considerada na fase da terceira idade varia conforme a cultura e desenvolvimento da sociedade em que vive. Segundo Garcia (2001, p. 9), "é uma etapa da vida das pessoas, cuja característica principal é o desgaste físico e mental que traz consequências importantes para o indivíduo refletindo no contexto social". O envelhecimento é um processo natural de todos os seres vivos e é percebido diferentemente em cada cultura, dependendo da expectativa de vida ao nascer como também dos costumes e tradições. No Brasil, há algum tempo, existe a preocupação com as pessoas que estão envelhecendo. De acordo com a Lei 10.741 de 1 de outubro de 2003, foi criado o Estatuto do Idoso destinado a regular os direitos assegurados as pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Não só a iniciativa privada, mas também os órgãos governamentais e instituições sociais estão voltando a atenção para esse grupo etário, pois ele está crescendo com diferente progressão e intensidade. O bem-estar do idoso depende muito das condições sociais nas quais ele está inserido. O que assegura o bom envelhecer são as condições do aparato psíquico, tais como, a coerência e a continuidade de sua capacidade de investir em si (GARCIA, 2001). Em muitos países, e também no Brasil, crescem programas educacionais para idosos, que vão ao encontro das suas necessidades e interesses. O mais conhecido e de sucesso é a Universidade para a Terceira Idade. A expressão Terceira Idade teve sua origem na França, nos anos 70, com a implantação das “Universités de Troisième Âge” (Universidade da Terceira Idade), que atualmente estã o sendo implantadas no mundo todo (GARCIA, 2001, p. 13). Se por um lado, as novas gerações apresentam familiaridade com o uso das inovações tecnológicas que surgem aceleradamente, as gerações mais velhas, dos idosos, por sua vez, encontram-se no extremo oposto, sentindo-se no meio de um “bombardeio tecnológico” que lhes causa estranheza, medo e/ou receio. 4 Essa geração sente-se analfabeta diante das novas tecnologias, revelando dificuldades em entender a nova linguagem e em lidar com os avanços tecnológicos, até mesmo em questões básicas com eletrodomésticos, celulares e os caixas eletrônicos instalados nos bancos. (KACHAR, 2003). Segundo Kachar (2003), o perfil dos idosos mudou muito nos últimos tempos. Apesar de ser um universo heterogêneo, o cenário aponta o valor de desvendar a representação da tecnologia na vida das pessoas idosas, mostrando a desconstrução da máquina na equivalente proporção da construção e revelação do homem. Numa época em que a tecnologia tem tido um papel importante na contribuição de tarefas do dia a dia, existe ainda, no país, pessoas que sequer conhecem o significado de palavras como: compras on-line, operações bancárias on-line, wireless, certificação digital, chaves públicas e privadas, dentre outras. E mais que isso, não tem a menor noção, de como utilizar serviços oferecidos pela WWW4 . Por isso, a preocupação com a inserção do idoso no mundo digital, tem sido grande. Profissionais e entidades têm trabalhado em prol dessa tarefa, seja por razões éticas, de cidadania ou por acreditarem numa sociedade mais justa, igualitária e humana. Muitas empresas oferecem cursos básicos de Introdução à Informática, porém, poucas destinam cursos específicos para a faixa etária da Terceira Idade. Computadores e tecnologias da comunicação oferecem um potencial para melhorar a qualidade de vida da pessoa na terceira idade, provendo-a com as informações e serviços externos a sua residência, contribuindo para facilitar a vida das pessoas que têm dificuldade ou dependem de outros para se deslocarem. É interessante salientar que, ao se procurar por cursos de informática destinados à Terceira Idade, o que geralmente se encontra no mercado são cursos que não levam em conta as especificidades dos aprendizes. Dessa forma, ensina-se Word, Excel, Internet e PowerPoint tendo o domínio destas ferramentas como o objetivo final, sem a preocupação dessas ferramentas servirem como meio para que os alunos possam desenvolver habilidades, atitudes e conhecimentos aplicados a outras áreas e, muito menos, sem ter a preocupação de contextualizar a aprendizagem, ignorando a trajetória do aluno, seus interesses particulares, vivências ricas a serem resgatadas e compartilhadas. Em conformidade com Gonçalves e Oliveira (2009, p. 49), "a inclusão digital se dá através da educação e da consciência crítica, pois se considera que do ponto de vista do 4 A World Wide Web que em português significa, "Rede de alcance mundial"; também conhecida como Web e WWW) é um sistema de documentos em hipermídia que são interligados e executados na Internet. 5 avanço do conhecimento, sua apropriação social é que vai caracterizar o desenvolvimento em toda sua extensão”. Para muitos autores, a inclusão digital é entre outras coisas, um processo de alfabetização digital, ou seja, é a aprendizagem necessária ao indivíduo para circular e interagir no mundo das mídias digitais como consumidor e como produtor de seus conteúdos e processos. Já para outros, esta é sinônimo de permitir acesso a todas as pessoas que não estejam conectadas ao mundo virtual e, mais do que isso, ensiná-las a utilizar a Internet para resolver de forma efetiva problemas do dia-a-dia. Para todos os estudiosos e envolvidos na questão, inclusão digital não pode ser entendida apenas como oferecer computador, mas sim ensinar a utilizá- lo. A inclusão digital, tendo em vista a importância que a informática e a Internet assumiram na vida moderna, é ferramenta essencial para eliminar a lacuna entre as pessoas que sabem e as que não sabem “mexer no computador”. Tanto que tem sido considerada uma segunda alfabetização. As crianças de hoje, desde muito cedo acostumadas a ter na tela da revolucionária "maquininha" uma aliada na aprendizagem e no contato com o mundo, mostram um talento inato. Quem acompanhou de perto o período de transição da máquina de escrever para o teclado, do papel para o backup, teve alguma dificuldade, mas, salvo exceções, está totalmente entregue aos braços da tecnologia. O projeto “Informática na Melhor Idade” também se apresenta como uma oportunidade de resgate dos espaços de atuação do idoso frente a sua realidade. Integrante de uma geração que sempre determinou os rumos de suas ações, que tomava as decisões, vê-se diante da perda da capacidade enquanto sujeito ativo e atuante, nos seus espaços para as gerações posteriores (filhos e netos), cuja habilidade e conhecimento com as tecnologias tornam o partilhar de recursos computacionais (o famoso computador da família) praticamente impossíveis. Enfrentando os próprios medos, a Terceira Idade encara o uso das tecnologias como uma forma para desafiar limites e atingir objetivos, procurando sempre enfrentar e dominar suas expectativas, frustrações e principalmente o objeto de aprendizado, neste caso, o computador. Estas descobertas geram um encantamento nos alunos, pois ao descobrir-se capaz, a Informática passa a ser percebida de uma forma atraente e possível, abrindo espaços e dando ao idoso a oportunidade de inserir-se tecnologicamente. O projeto "Informática na Melhor Idade", coordenado pelo Professor Elvio Gilberto da Silva, foi criado com o caráter de valorizar a cidadania na Terceira Idade e contribuir para a 6 qualidade de vida de quem ainda tem muito a aprender e contribuir, em sintonia com seu tempo. Este projeto visa atender aos idosos com interesse em atualização tecnológica, dentro da filosofia da inclusão digital, além de servir de campo de prática profissional para os alunos do curso de Ciência da Computação, e Publicidade e Propaganda. O projeto “Informática na Melhor Idade” abordou várias questões, dentre elas: discussão teórica sobre tecnologia, Sociedade e Terceira Idade; aprendizagem sobre a parte física do computador (Hardware); apresentação dos principais recursos do computador, o Sistema Operacional Windows (propiciando aos alunos executar tarefas básicas tais como: abrir programas, criar e gerenciar pastas e arquivos e etc.) e programas relacionados (Bloco de Notas, Paint, Calculadora, etc); tratamento de imagens (ato de corrigir, retocar ou remover imperfeições, ou ainda ajustar a cor em uma imagem ou fotografia). O projeto também visou preparar os alunos para utilizarem as diversas ferramentas e recursos da Internet, como por exemplo: Navegadores; identificação de sites; domínios; sites de busca; Redes Sociais; criação, envio e recebimento de E-mail’s e Comunicadores Instantâneos (Facebook, Orkut e Twitter) e etc, promovendo assim, a inclusão digital na Universidade Aberta à Terceira Idade da USC. 7 2 INCLUSÃO, TERCEIRA IDADE E EXTENSÃO 2.1 Inclusão digital e Terceira Idade Com o crescimento do percentual de idosos que compõem a população brasileira, torna-se implícita uma maior preocupação, em relação ao processo de envelhecimento e à necessidade de um olhar mais atento com a terceira idade. O advento da tecnologia provê oportunidades para se tornar um aprendiz virtual, oferecendo a educação continuada, educação a distância, estimulação mental e bemestar, possibilitando ao idoso estar mais integrado numa comunidade eletrônica ampla, colocando-o em contato com parentes e amigos, num ambiente de troca de informações, reduzindo o isolamento por meio da experiência comunitária e auxiliando na construção de uma identidade como cidadão do mun do (GRANDA; DUARTE, 2011, p. 7). O computador e suas tecnologias, que no princípio tinham apenas o uso militar, passaram a serem usados para pesquisas e, mais tarde, ganharam espaço comercial, transformando o computador numa mídia de massa. Atualmente, já se discutem se a Internet traz mais benefícios ou malefícios à sociedade. De acordo com Zimermann et al. (2011), considera-se que os processos sociais encontram-se acelerados, e isso se deve em grande parte à tecnologia, nesse contexto, o emprego da tecnologia computacional promove a aquisição do conhecimento e desenvolvimento das informações de diferentes formas e a interação entre as pessoas, esse fato, está presente na vida da maioria das pessoas, independente de faixa etária. Surge uma nova sociedade, onde a informática já está alterando de forma significativa, o estilo de vida dos cidadãos. Nesse sentido, percebe-se que a tecnologia é uma ferramenta que proporciona ao homem muitas melhorias no seu cotidiano, visto que ela é uma extensão do homem. A invenção e o crescente avanço tecnológico estão modificando a compreensão do mundo. E, ao mesmo tempo em que promove melhorias à sociedade, o avanço tecnológico também leva a outra realidade, a exclusão digital, que atinge a todos que não possuem acesso ao equipamento e/ou aos procedimentos técnicos para fazer funcionar os mais diversos tipos 8 de tecnologias, sendo que uma das partes mais atingidas é a da terceira idade (GOLDMAN, 2007). Idosos não possuem práticas frente à interação com o computador, apresentando dificuldades em manusear e compreender ferramentas virtuais (FREITAS; OLIVEIRA; MACIEL, 2011). Todavia, esse é um problema, que ainda afeta a sociedade, pois há um grande número de idosos, que pensam que a informática e o conhecimento estão além das expectativas, porém o mundo atual prova que isso está deixando de ser uma verdade, pois idosos deixaram a vida privada e passaram cobrar iguais direitos de conhecimentos, educação e domínio de tecnologias (ZIMERMANN et al., 2011). Para Goldman (2007), os idosos constituem uma faixa etária que muitas vezes é excluída de ensinos formais, e são raros os projetos de formação para esse público, no entanto, há uma ampliação crescente de programas de extensão voltados para essas pessoas, principalmente em universidades abertas para a terceira idade, encontradas geralmente em universidades privadas, onde, os cursos de informática costumam ter uma demanda significativa e fazem parte do elenco de disciplinas oferecido pela maioria destas universidades, dessa maneira, esses incentivos tornam a população cada vez mais informatizada e digitalizada, o que vai exigir permanente a necessidade de acompanhar as mudanças que interferem no cotidiano das pessoas, pois existe uma ampliação cada vez mais sofisticada de equipamentos e serviços que requerem conhecimento e agilidade. O computador tem utilidade e pode trazer mudanças significativas para as pessoas com mais idade, além dos benefícios como melhorar as condições de interação social e auxiliar na prevenção do envelhecimento cerebral, mantendo o cérebro cognitivamente ativo e dinâmico. Assim a aprendizagem sobre o computador pode gerar para uma pessoa da terceira idade, maior confiança e manejo com a informatização de um modo geral, tornando-o mais presente e atuante na sociedade, assim sendo, para que ele possa se inserir na sociedade tecnológica, é preciso ter acesso à linguagem da informática, dispondo dela para liberar-se do fardo de ser visto como uma pessoa ultrapassada e descontextualizada do mundo atual (ALMEIDA; MENEZES, 2011, p. 6). 9 2.2 Universidade Aberta à Terceira idade da USC A Universidade Aberta à Terceira Idade da USC - UATI/USC é um Programa de Extensão que possibilita a formação contínua, através da frequência nas diversas atividades, disciplinas, cursos, palestras oferecidas semestralmente, possibilitando a melhoria da qualidade de vida das pessoas que estão na terceira idade e o fortalecimento de sua cidadania. 2.2.1 Funcionamento da UATI Os participantes têm diversas opções de atividades, conforme a programação oferecida. Como eixo principal - Lição dos Grandes Mestres - atividade semanal, de integração e de socialização. Também são estimulados a cursar disciplinas junto aos alunos da graduação, desenvolvendo assim suas potencialidades enquanto cidadão participante. Também aprendem Informática, Inglês, Espanhol, Alemão, Português, História e Música. Participam de aulas de atualidade, dança, fazem diversos exercícios para fortalecimento dos músculos e alongamento, recebem orientações e informações nutricionais para se alimentarem corretamente, e ainda escrevem trovas, poesias, livros e jornais. 2.2.2 Importância e objetivo da UATI A Universidade Sagrado Coração por meio da Universidade Aberta à Terceira Idade está se tornando polo de reflexão sobre a questão do envelhecimento, abrindo oportunidades para pessoas que estão vivenciando esta fase e que desejam uma nova maneira de envelhecer, buscando o aperfeiçoamento e a atualização de seus conhecimentos, superando rótulos, mitos e preconceitos. A UATI ainda atende o que preconiza a Política Nacional do Idoso e o Estatuto do Idoso no que se refere à criação de programas e projetos que promovam a participação e a inclusão social do idoso, pois oferece espaços para discussão de problemas relacionados às necessidades específicas das pessoas da terceira idade, criando condições para que seus direitos sejam conhecidos e respeitados. 10 A UATI tem como objetivos: a) Desenvolver ações que promovam a integração das pessoas da terceira idade com a comunidade universitária e com a sociedade em geral; b) contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas que se encontram na terceira idade, oferecendo–lhes oportunidade de atualização cultural e inserção social, como cidadão ativo na sociedade; c) propiciar a aquisição de conhecimentos e habilidades, por meio de cursos, palestras, oficinas, cantos, encontros, dentre outros. 2.3 Projeto "Informática na Melhor Idade" 2.3.1 Objetivos do projeto O objetivo geral do projeto foi auxiliar os cidadãos com mais de 50 anos, no uso e manipulação dos recursos do computador, contribuindo para a construção de sólidos conceitos de participação ativa e democrática, a fim de aumentar a sua contribuição social e ampliar a sua atuação enquanto cidadão. E como objetivos específicos, visou: a) Promover a aproximação da Terceira Idade com o computador; b) integrar o idoso com a Sociedade, através da Informática e seus recursos (E-mail, Blogs, Twitter); c) capacitar os idosos a utilizar os computadores no seu dia-a-dia; d) levar o grupo a conhecer a Internet como fonte de pesquisa e curiosidades; e) valorizar a participação dos idosos nas trocas e relações promovidas pelos encontros durante o aprendizado de Informática; f) possibilitar aos idosos a oportunidade de manter contatos com outras pessoas, mesmo que de maneira virtual, buscando ampliar seus horizontes e expectativas; g) trocar correspondência eletrônica e utilizar recursos de comunicação instantânea ; h) tornar o ambiente das aulas de Informática para idosos um centro vivo de formação, informação, cultura e entretenimento. 11 2.3.2 Local de desenvolvimento do projeto O projeto foi desenvolvido nos laboratórios de computação da USC denominados de "F-12" e "F-15". Ambos recebem esta denominação devido a estarem situados no bloco "F", ala par e ímpar da Universidade. A sala "F-12" conta com um espaço físico de 95,70 m2 e possui 37 computadores, enquanto a "F-15" apresenta uma dimensão de 67,10m2 e 32 máquinas. 2.3.3 Equipamentos utilizados e aplicativos computacionais Para a realização deste projeto foram utilizados computadores e Projetor Multimídia. Os aplicativos computacionais utilizados foram: Microsoft Windows; PowerPoint; Word; Excel; Adobe Photoshop; Internet Explorer 8 e 9; Mozilla Firefox; Google Chrome, etc.; acesso a Internet (com permissão para a criação de e-mail’s, acesso a Orkut, Twitters, Facebook e etc.) 2.3.4 Metodologia para o desenvolvimento do Projeto O projeto “INFORMÁTICA NA MELHOR IDADE" foi desenvolvido com pessoas de faixa etária a partir dos 50 anos, contribuindo ass im com um novo jeito de aprender e viabilizar o mundo por meio da informática. Trabalhamos com os alunos matriculados no Projeto de Extensão “Informática na Melhor Idade”, o qual foi subdividido em três níveis: “BÁSICO”, “INTERMEDIÁRIO” e “AVANÇADO”. Os alunos foram agrupados em turmas, com no máximo 35 (trinta e cinco) alunos. As aulas foram ministradas uma vez por semana, no período da tarde, com uma hora e meia de duração, nos Laboratórios de Computação da USC, conforme ilustra o Quadro 1. 12 ATIVIDADE DIA HORÁRIO SALA INSTRUTOR QTDE ALUNOS MATRICULADOS Alexandra Pires de Godoy (graduanda do Curso de Informática Básica Balestero 3ª Feira Das 14 às “F-15” 15h30min Publicidade e Propaganda) 35 RA: 20111134080294 E-mail: [email protected] Diego Informática 2ª Intermediária Feira Das 14 às 15h30min “F-12” Fadanni (graduando do Curso de Ciência da Computação) RA: 20101112083118 28 E-mail: [email protected] Informática Avançada Prof. Dr. Elvio Gilberto da Silva 5ª Feira Das 14 às “F-12” E-mail: [email protected] 15 15h30min Quadro 1: Ocorrência do Projeto de Extensão Informática na Melhor Idade Fonte: Elaborado pelo autor Cada aluno teve um computador à sua disposição, além do acompanhamento dos instrutores e do coordenador (do projeto) - Professor Elvio Gilberto da Silva. Os alunos de graduação envolvidos neste Projeto foram acompanhados pelo Professor Elvio Gilberto da Silva. Todo o material didático (Apostilas, Material de sala de Aula, entre outros) foi produzido e/ou supervisionado pelo professor-coordenador e, os próprios alunos de graduação (instrutores) que atuaram no projeto. A metodologia de trabalho foi diferenciada em relação aos cursos regulares, não só pela idade dos estudantes, mas pelos diferentes níveis de contato com a tecnologia que cada um apresentou ao entrar no Projeto. A presença dos instrutores dos cursos de Ciência da Computação e Publicidade e Propaganda foi outro recurso essencial, pois contribuiu para um relacionamento mais próximo e cuidadoso. O tratamento foi praticamente pessoal, bem diferente de uma aula convencional. As Figuras 1 e 2 ilustram alguns momentos do projeto. A Figura 3 retrata a produção dos alunos matriculados na Informática Avançada. 13 Figura 1 - Informática Básica Fonte: Fotos do autor Figura 2 - Informática Intermediária Fonte: Fotos do autor Figura 3 - Material produzido pelos alunos da Informática Avançada Fonte: Fotos do autor 2.3.5 RESULTADOS DO PROJETO 2.3.5.1 Impacto local O Projeto ajudou os alunos a perderem o medo do computador e seus equipamentos. A principal meta foi criar oportunidade para o aluno incluir-se na sociedade informatizada. Hoje, vivemos em um ciberespaço, um espaço de encontros, construção de relações e trocas de informação. A Inclusão Digital viabilizou a conexão de indivíduos separados geograficamente e diferentes em sua história, cultura e crenças. A alfabetização digital destes alunos promoveu ainda o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo. Foram observados ainda alguns benefícios da tecnologia para este grupo etário, tais como: melhora das condições de interação social e estímulo à atividade mental. O computador trouxe mudanças significativas para essas pessoas, sendo que a aprendizagem gerou maior confiança e manejo com a informatização de um modo geral. Também despertou interesse 14 para lidar com tecnologias em outros locais como, caixas eletrônicos, leitura ótica em lojas e supermercados etc, e transitar na nova cidade real e virtual que está se configurando na vida urbana. 2.3.5.2 Avaliação do projeto pelo público envolvido Em uma avaliação informal com os alunos, foi possível perceber que todos consideraram o projeto excelente. Os alunos enfatizaram a importância da Universidade oferecer esse tipo de curso para os alunos da Terceira Idade. De acordo com um dos instrutores: “A atividade que os alunos mais gostaram foi procurar coisas novas na Internet. Na verdade, tudo que "era novo" eles gostavam”. No módulo de "Informática Avançada" - PHOTOSHOP foi possível perceber que dentre todas as operações trabalhada, os Alunos gostaram mais da "montagem e retoque de imagens" 2.3.5.3 Dificuldades encontradas Um dos instrutores enfatizou em seu depoimento que "a maior dificuldade encontrada foi com os alunos que não frequentavam todas as aulas, e também, com aqueles que não praticavam em casa". Já no módulo de Informática Avançada - PHOTOSHOP, o responsável apontou: "também encontrei dificuldades com os alunos que por devido a algum motivo perdiam uma ou outra aula ”. 3 CONCLUSÃO Após o desenvolvimento do projeto "Informática na Melhor Idade", constatou-se que os objetivos foram alcançados. Nesta fase da vida, muitas pessoas acham que a informática e o conhecimento estão além das expectativas, mas o mundo atual prova que esse “tabu” já foi quebrado. Os idosos deixaram a vida privada e passaram a ocupar espaços no espaço público, com iguais direitos de conhecimentos, educação e domínio de tecnologias. No início houve uma dificuldade em adaptar a linguagem técnica para o público-alvo, mas com o interesse crescente as dificuldades foram superadas. O projeto foi recebido positivamente pela UATIUSC, que foi solicitado a continuidade do curso em um nível mais aprofundado. 15 É de suma importância que a Terceira Idade utilize e desfrute dos recursos tecnológicos que os computadores podem oferecer, auxiliando-os a se tornarem indivíduos ativos e participantes. Espera-se que os computadores venham a auxiliar a motivação e a autoestima dos idosos, para que se sintam à vontade diante da sociedade cada vez mais tecnológica digitalmente. O projeto “Informática na Melhor Idade” foi uma proposta que, na prática, tem resultados altamente positivos. 16 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Camilla Suany de Oliveira; MENEZES, Tânia Maria de Oliva. A informática como alternativa de lazer no envelhecimento: revisão sistemática. Paraninfo Digital Monográficos de Investigación en Salude, México, Ano V, n. 14, set. 2011. Disponível em: <http://www.index-f.com/para/n14/176d.php>. Acesso em: 1 jul. 2012. FREITAS, Gabriela Alves de; OLIVEIRA, Karoline Leite Guedes de; MACIEL, Márcia C. Peres. Uso de ferramentas virtuais pela terceira idade: novas práticas de letramento. In: ENCONTRO NACIONAL DE HIPERTEXTO E TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS, 4, 2011. Sorocaba. Anais... Sorocaba, 2011. p. 1-12. GARCIA, Heliéte Dominguez. A Terceira Idade e a Internet: uma questão para o novo milênio, 2001. 172 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2001. GOLDMAN, Sara Nigri. Velhice e exclusão digital: uma “nova questão social”? In: JORNADA INTERNACIONAL DE POLÍCAS PÚBLICAS, 3., 2007, São Luis. Anais... São Luis, 2007. p. 1-11. 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