Implantes e Ortodontia J. Dias da Silva*, Fernando Peres** * Médico Dentista Mestrado em Implantologia F.M.D.U.P. ** Médico Dentista Especialista em Ortodontia O.M.D. Resumo: Os implantes dentários têm sido utilizados frequentemente como complemento de tratamentos ortodônticos. Têm também sido colocados para, durante a fase activa do tratamento ortodôntico, servirem de pontos de ancoragem para as forças ortodônticas. Um implante osteintegrado é um ponto fixo que fornece ancoragem máxima ao ortodontista. No final do tratamento pode ser reabilitado ou removido. Recentemente, foram desenvolvidos implantes só com a finalidade de fornecerem a ancoragem necessária para os movimentos dentários. Este tipo de ancoragem é mais cómodo que os aparelhos extra orais, usa-se 24 horas por dia não dependendo da cooperação do paciente, permite reduzir o tempo de tratamento, resolve o problema da ancoragem em pacientes com doença periodontal, substitui os elásticos e os aparelhos extra-orais, a estética e o conforto são melhorados e os resultados mais previsíveis. Introdução Na prática actual de medicina dentária, as suas diferentes especialidades colaboram resolvendo os casos de forma multidisciplinar. A implantologia tem colaborado com a ortodontia fornecendo a ancoragem para que os tratamentos ortodônticos sejam mais rápidos, eficazes e previsíveis. Preenche os espaços edêntulos que, por vezes, os pacientes apresentam devido a agenesias, perdas de dentes ou desarmonias dento-maxilares. Por outro lado a ortodontia colabora com a implantologia ao mover raízes tornando possível a colocação de implantes em locais onde tal não seria possível. A colaboração entre as áreas de trabalho dos autores deste trabalho (implantologia e ortodontia) têm-se verificado nos dois sentidos mas, a obtenção de ancoragem com implantes dentários convencionais ou com implantes palatinos (implantes especialmente desenvolvidos para ancoragem ortodôntica) tem ocupado a maior parte do seu trabalho conjunto. Apesar de só nos últimos anos se ter dado alguma relevância ao recurso a implantes nos tratamentos ortodônticos, já em 1969 Linkow LI descrevia a utilização de lâminas intraósseas na ortodontia (1). Também Melsen B descreve a utilização de implantes para substituir o aparelho extra-oral (2). Nos casos de agenesias dentárias ou de dentes inclusos que não é possível traccionar, a colocação dos implantes que vão substituir esses dentes é, sempre que possível, realizada durante o tratamento ortodôntico. Desta forma, os implantes, além da reabilitação das zonas desdentadas, são pontos de ancoragem que podem contribuir de forma importante para o tratamento ortodôntico. Segundo Michael S. Block (3), a ancoragem ortodôntica deve ser proporcionada por sistemas que sejam pouco volumosos por forma a serem o mais confortáveis possível, biocompatíveis, versáteis e simples de utilizar pelos orto- › J. Dias da Silva, Fernando Peres · Implantes e Ortodontia dontistas. Têm ainda de resistir às forças ortodônticas durante o período de tratamento, simples de colocar e remover. A relação custo/efeito tem também de ser favorável. Segundo o mesmo autor, o sistema não deverá utilizar implantes intra-ósseos. Os autores deste artigo não concordam com o último ponto dado que os implantes intra-ósseos são mais estáveis que os justa-ósseos não se verificando situações em que a meio da fase activa da ancoragem a mesma se perde. Existem, actualmente, dois sistemas intra-ósseos comercializados e um justa-ósseo. O fabricante deste último (Nobel Biocare) tem em desenvolvimento um sistema intra-ósseo. A utilização de implantes para a ancoragem em tratamentos ortodônticos está indicada em várias situações destacando-se os casos de Cl II div 1 com 1 PM de distoclusão, a distalização de molares e de toda a arcada, a mesialização de caninos (agenesia de IL), grandes desvios da linha média superior e doentes com problemas periodontais ou com perda de altura óssea (normalmente pacientes adultos) (4) . Especialmente nestes, a utilização de uma ancoragem com implantes é fundamental pois a relação coroa/ raiz existente não proporciona a ancoragem necessária. Os implantes utilizados para ancoragem em ortodontia podem ser divididos em dois grupos (5): › directos, quando são implantes convencionais que poderão ser reabilitados no fim do tratamento ortodôntico; › indirectos, quando são aplicados exclusivamente com fins ortodônticos sendo normalmente retirados no fim do tratamento. A escolha dos implantes directos dever ser feita segundo alguns critérios que referimos em seguida. Dado que estes implantes se destinam a ser reabilitados proteticamente a sua localização é de importância extrema. Como a posição dos dentes existentes é alterada com o tratamento ortodôntico, a determinação do local a im- › PORTUGAL IMPLANTOLOGIA | nº1 · Dezembro · 2002 [19] plantar pode obrigar à realização de um “set-up” que simule a situação prevista para o final do mesmo. Também por este factor a comunicação entre os profissionais das diferentes áreas que envolvem estes tratamentos multi-disciplinares é fundamental. Analisando os modelos iniciais e o “setup”, há que verificar se o implante a colocar não vai interferir com os movimentos dentários a realizar. Dependendo do dente que o implante vai substituir e do osso disponível em altura e espessura, a escolha do implante a utilizar é feita. A altura disponível deverá ser aproveitada da melhor forma para se obter uma relação coroa/implante favorável. Apesar de na fase de tratamento ortodôntico estes implantes não estarem sujeitos a grandes cargas, quando reabilitados terão de suportar as forças normais da função mastigatória. Quanto ao diâmetro do implante a utilizar, a utilização de um implante de diâmetro reduzido pode ser a opção correcta mesmo que o local permita a colocação de um implante de diâmetro elevado. Nos casos de substituição de incisivos superiores laterais (situação com que deparamos maior número de vezes nos casos por nós reabilitados), o implante indicado é, normalmente, reduzido para permitir um perfil de emergência adequado. Quando os tratamentos requerem o recurso a implantes do tipo indirecto, os requisitos para a sua escolha e colocação são outros. O local de inserção é escolhido só em função da melhor forma de obter ancoragem sem interferir com os movimentos dentários. Dado que estes implantes não vão ser reabilitados, a sua posição não tem de ser determinada em função dos dentes que iriam substituir. Podem ser colocados em locais menos favoráveis no que respeita ao osso disponível. Dado que as cargas que vão suportar são essencialmente as forças ortodônticas, podem ser de dimensões mais reduzidas que os implantes do tipo directo. As suas dimensões e forma deverão, no entanto, assegurar a estabilidade primária apesar de alguns estudos terem demonstrado que a osteointegração não é necessária para que possam suportar as forças inerentes ao tratamento ortodôntico sem se perder ancoragem (6). Nestes casos, a sua remoção no final do tratamento é mais simples. Nos tratamentos em que a ancoragem é obtida a partir de pequenos implantes colocados na região retro-molar ou na tábua óssea vestibular, é a estabilidade primária dos mesmos que fornece a ancoragem e não a osteointegração. Por esse motivo, o período de espera frequentemente associado à utilização de implantes para que estes integrem não é necessário. Os implantes utilizados nestas situações podem não ter mais do que 2 mm de diâmetro e 9 de [20] › PORTUGAL IMPLANTOLOGIA | nº1 · Dezembro · 2002 comprimento total. A sua inserção no osso pode ser só de 5 mm ficando os restantes 4 disponíveis para a aplicação dos sistemas ortodônticos (7). Os implantes palatinos existentes no mercado são do tipo justa ou intra-ósseo. Os justa-ósseos – Onplant, Nobelbiocare – consistem num disco em titânio de 10 mm de diâmetro e 2 mm de espessura (8). A superfície justa-óssea está revestida com uma camada de hidroxiapatite. A sua colocação é feita através de uma incisão palatina paramediana e descolamento da mucosa em túnel até à linha média. O implante é então insinuado e a incisão suturada. Segundo os autores, deverá ser respeitado um período de 4 meses antes da segunda fase cirúrgica que irá expor o implante para que seja feito o sistema de ancoragem. Os implantes palatinos por nós utilizados são do Orthosystem – Straumann. São colocados na linha média ou região paramediana palatina. Os comprimentos da parte intra-óssea são 4 e 6 mm para um diâmetro de 3,3 mm (diâmetro também utilizado nos implantes convencionais de vários fabricantes). O implante é de uma fase cirúrgica pelo que fica exposto desde a sua colocação evitando a segunda fase cirúrgica. Nos casos por nós tratados respeitamos um período de 9 a 12 semanas antes de colocar o implante em carga. As dimensões reduzidas destes implantes quando comparadas com as dos implantes convencionais devem-se ao facto de as forças ortodônticas serem muito menores que as da mastigação. Enquanto que estas últimas são da ordem de vários Kg/cm2, as forças ortodônticas são contínuas e entre 30 a 250 g. Forças de 400 g são já consideradas forças ortopédicas (6) e perfeitamente suportadas pelos implantes do tipo indirecto apesar da suas dimensões reduzidas(6,9). Os implantes do tipo indirecto são habitualmente removidos após o tratamento ortodôntico. Há autores que referem a possibilidade de não os retirar quando estão integrados. Os implantes palatinos por nós utilizados podem ser retirados de duas formas. Através da aplicação de uma força no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio até que a osteointegração se quebre ou com a utilização de uma trefina. Neste caso, existem pilares para definir o eixo de inserção da trefina. pilar ortodôntico do Orthosystem para fixar os aparelhos ortodônticos. No caso que passamos a apresentar, uma reabsorção radicular levou à perda do dente 2.2, após o tratamento endodôntico não ter resolvido o problema. Optamos por colocar o implante ainda durante o tratamento ortodôntico pois dessa forma pudemos utilizá-lo como ponto de ancoragem para o tratamento ortodôntico. Durante o período de osteointegração o paciente usou um dente de prótese com um bracket que o fixava ao arco ortodôntico. Posteriormente foi colocada uma coroa provisória no implante que a partir daí foi utilizado para os movimentos ortodônticos, como podemos observar na figura 1. Com a ancoragem no implante, distalizou-se o dente 2.1 e mesializou-se o 1.1 para acerto da linha média. No final do tratamento ortodôntico a coroa provisória é substituída. Noutro caso em que a estética não é problema, optamos por recorrer ao pilar ortodôntico em lugar de uma coroa provisória. A agenesia do 3.5 foi resolvida com a colocação de um implante imediato. Dada a forma do dente 7.5, a colocação do implante na mesma sessão em que se procede à extracção é possível e evita perdas verticais acentuadas de crista óssea. Tal como podemos observar na figura 2a, o implante não foi colocado no centro de espaço edêntulo. Isso deve-se ao facto de o tratamento ortodôntico ir alterar as posições dos dentes 3.4 e 3.6. Tal como referimos na introdução, a informação dada pelo ortodontista é fundamental para o sucesso da reabilitação. a b c d Fig. 1 a Materiais e métodos Foram reabilitados casos em que recorremos tanto a implantes do tipo directo como indirecto para a obtenção de ancoragem máxima. Nos casos de implantes do tipo directo, utilizamos tanto coroas provisórias como o b Fig. 2 › J. Dias da Silva, Fernando Peres · Implantes e Ortodontia Na figura 3a observamos a prova do pilar. O seu ponto de fixação é excêntrico de forma a dar diferentes “off-sets”. O pilar pode ser cortado para melhor adaptação do “offset” ou, como foi o caso, para não interferir com os dentes adjacentes. Posteriormente foi cimentado um bracket para fixação do arco ortodôntico. Em 3b e 3c observamos a fase inicial e em 3d e 3e a fase final da utilização do pilar ortodôntico. Na figura 2b podemos verificar que além da mesialização da coroa, a raiz do 3.6 também foi movida de forma a manter o seu eixo. A raiz do 3.4 também foi mesializada estando o eixo de rotação do dente localizado a nível da coroa. Nos casos que abordaremos em seguida utilizamos implantes do tipo indirecto para nos fornecer a ancoragem necessária (implantes palatinos). As suas indicações são: › Classes II div. 1 com um pré-molar de distoclusão › Distalização de molares › Mesialização de caninos (agenesia de laterais) › Desvios acentuados da linha média maxilar › Doentes com problemas periodontais Na figura 4a podemos ver um aparelho de Nance usado frequentemente para aumentar a ancoragem. Na figura 4b observamos o que também com alguma frequência acontece quando se verifica alguma perda de ancoragem a nível dos primeiros molares. O acrílico do botão de Nance exerce demasiada pressão sobre a mucosa do palato podendo provocar as lesões apresentadas. O recurso a um implante palatino resolve este problema. Por ser um ponto de ancoragem máxima, não há perdas de ancoragem não se verificando lesões como a apresentada. Além disso e como veremos posteriormente neste trabalho, os pacientes referem menos incómodo com os implantes palatinos do que com os aparelhos de Nance e, especialmente, com os extraorais. A gama de implantes do Orthosystem é a apresentada na figura 5. O diâmetro é igual em todos os implantes (3,3 mm) variando os comprimentos das regiões intraóssea e trans-mucosa (4 ou 6 mm para a primeira e 2,5 ou 4,5 para a segunda). O protocolo cirúrgico para a sua colocação é simples. Sob anestesia local é feita uma incisão circular utilizando uma trefina – figura 6. Após descolamento da mucosa, é feita a marcação do local prosseguindo-se com a trepanação óssea usando uma só broca (4 ou 6 mm consoante o implante a utilizar). A forma da broca não permite que se ultrapasse o comprimento determinado. Essa mesma forma não permite, no entanto, que o líquido de irrigação lançado pelo contra-ângulo atinja o local da trepanação › J. Dias da Silva, Fernando Peres · Implantes e Ortodontia a b c d e Fig. 3 a b Fig. 4 Fig. 5 Fig. 6 Fig. 7 Fig. 8 pelo que utilizamos irrigação suplementar com uma seringa descartável. Após a trepanação a preparação do leito implantar está terminada. O implante é colocado (manualmente com o contra-ângulo) e o aperto final feito com uma chave de carraca (a mesma utilizada no sistema ITI – Straumann). Por fim é colocada a cápsula de cicatrização ficando com o aspecto apresentado na figura 8. Passado o período para a osteo-integração, removemos a cápsula de cicatrização e colocamos a cápsula de impressão – figura 9. Fig. 9 › PORTUGAL IMPLANTOLOGIA | nº1 · Dezembro · 2002 [21] As bandas ortodônticas são colocadas nos dentes escolhidos segundo o tipo de movimentos que se pretende realizar. A impressão é feita com silicone em moldeira fechada. Posteriormente a cápsula de impressão é retirada, aparafusada à réplica do implante e posicionada na impressão tal como as bandas ortodônticas (figura 10a). O modelo em gesso é então corrido com Fig. 10 colocação de gengiva artificial (figura 10b e 10c). O arco é construído com arame de secção quadrada de 1,2 mm. Em boca a cápsula de cicatrização é removida e, depois de testado o ajuste do sistema, as bandas são cimentadas. A cápsula colocada é diferente da de cicatrização pois tem uma ranhura para permitir a passaFig. 11 gem do arco. Desta forma os primeiros molares estão bloqueados permitindo que sobre eles sejam exercidas forças ortodônticas sem que se movam. Com este tipo de ancoragem podem resol- a b c d ver-se situações como a apresentada na figura 12. Todo o sector anterior pode ser retruído em bloco (6 dentes simultaneamente) sem se registarem perdas de ancoragem. Resultados Nos casos tratados com recurso a implantes para obtenção de ancoragem não se registaram perdas de ancoragem. Nalgumas situações com implantes do tipo directo em que se utilizaram coroas acrílicas provisórias cimentadas sobre pilares verificou-se que se descolavam. Esse problema foi resolvido de forma satisfatória com o recurso a um pilar para coroas provisórias que em lugar de serem cimentadas sobre pilares maciços passaram a ser aparafusadas. Desde esta alteração não se registaram mais problemas a este nível. Após 21 implantes palatinos colocados verificaram-se 3 insucessos por falta de osteo-integração. Esse problema surgiu sempre antes da utilização do implante. Nesses casos, os implantes foram removidos e substituídos 3 meses depois. Fig. 12 Tabela I Nº de Implantes Comprimento intra-ósseo Comprimento trans-mucoso Insucessos 2 1 18 4 mm 6 mm 6 mm 2,5 mm 4,5 mm 2,5 mm 1 1 1 Tabela II Implante palatino Aparelho de Nance Aparelho extra-oral [22] › PORTUGAL IMPLANTOLOGIA | nº1 · Dezembro · 2002 Nº Ligeiro Ligeiro e contínuo Grave 18 5 10 … 2 2 … 3 3 … … 5 Na Tabela I indicamos a distribuição dos implantes colocados segundo as suas diferentes dimensões. Como podemos verificar, a maioria dos implantes colocados são de 6 mm de comprimento com a parte trans-mucosa mais curta. São os que obtém maior estabilidade primária pelo facto de terem uma parte intra-óssea maior e o facto de a sua porção trans-mucosa ser mais curta deixa-os › J. Dias da Silva, Fernando Peres · Implantes e Ortodontia menos sujeitos às cargas exercidas pelos alimentos e pela língua. Os pacientes foram inquiridos acerca do incómodo causado pelos diferentes sistemas de ancoragem utilizados tendo sido obtidos os resultados apresentados na Tabela II. Pelos resultados obtidos, verificamos que os pacientes não referem qualquer tipo de desconforto pela utilização de implantes palatinos. Após a colocação dos mesmos, não referem dor (são medicados com paracetamol). No extremo oposto estão os aparelhos extra-orais tendo 5 dos 10 pacientes inquiridos cessado a utilização do mesmo antes da data prevista. Discussão O recurso a implantes para ancoragem ortodôntica está descrito em numerosos artigos (desde 1969) tendo sido utilizado pelos autores do presente trabalho com resultados encorajadores. No caso dos implantes do tipo directo, o facto de o mesmo implante ser utilizado para o tratamento ortodôntico e para a reabilitação protética faz com que não possa ser considerado como um aumento dos custos. A sua utilização permite, pelo contrário, reduzir o tempo de tratamento. A ancoragem máxima proporcionada permite que os movimentos sejam mais rápidos. O facto de permitir ancoragem 24 horas por dia (ao contrário dos aparelhos extraorais) também permite encurtar o período de tratamento. Pacientes com problemas periodontais em que a ancoragem com base em dentes naturais é problemática, podem ser tratados com o recurso aos implantes (directos ou indirectos). É uma situação que se verifica especialmente em pacientes adultos que também se recusam, normalmente, a usar aparelhos extra-orais. O desconforto provocado por alguns dos restantes tipos de ancoragem é resolvido com o recurso aos implantes do tipo indirecto. O protocolo cirúrgico é simples, rápido e indolor pelo que é aceite pelos pacientes depois de convenientemente explicado o processo e as vantagens de o utilizar. Os insucessos ocorridos (falta de integração de 3 implantes palatinos) verificaram-se no início da utilização desta técnica pela nossa equipe. A não utilização de implantes de 4 mm e com a região trans-mucosa de 4,5 mm parece ter contribuído para a melhoria › J. Dias da Silva, Fernando Peres · Implantes e Ortodontia Conclusões dos resultados verificada. A perda de um dos 18 implantes de 4 mm e porção transmucosa curta é por nós atribuída a deficiente irrigação. A partir do momento em que foi introduzida irrigação acessória com o recurso a uma seringa descartável eliminaram-se, até à data, os insucessos. Algumas dúvidas surgem ainda quanto à utilização de implantes em pacientes em crescimento. Os pacientes mais jovens em que utilizamos implantes (directos e indirectos) são do sexo feminino e tinham, na altura da colocação dos implantes, 14 anos de idade. Nos casos de implantes do tipo indirecto (palatinos) não registamos qualquer alteração visível a nível do crescimento. Quanto aos implantes directos, foram colocados na região maxilar anterior e também não verificamos qualquer alteração visível mesmo nos que já estão reabilitados com coroas definitivas. Sabemos, no entanto, que nas regiões posteriores das arcadas se podem registar alterações pelo que deverão ser realizados mais estudos a este nível antes da utilização indiscriminada de implantes nessas áreas. Mesmo que se registem alterações a nível de crescimento, desde que sejam pequenas e passíveis de serem resolvidas com a substituição de coroas e pilares, é nossa opinião que a perda óssea que se verifica com a ausência de dentes poderá ser mais prejudicial para o paciente do que ligeiras alterações de crescimento das arcadas que os implantes possam causar. Além disso, há a considerar o aumento de qualidade de vida que o recurso aos implantes pode dar aos pacientes em alternativa a soluções removíveis ou à simples ausência de peças dentárias. O recurso a implantes em tratamentos ortodônticos apresenta as seguintes vantagens: › Ancoragem máxima › Não depende da cooperação do paciente · Substitui aparelhos extra-orais · Substitui aparelhos de Nance · Substitui elásticos · Utilização contínua 24 horas por dia › Reduz o tempo de tratamento › É mais estético que alguns sistemas de ancoragem › Tratamentos mais previsíveis com possibilidade de melhores resultados. Como desvantagens: › Fases cirúrgicas que apesar de simples são temidas por alguns pacientes › Custos › No caso dos implantes directos não é um custo acrescido. No caso de implantes indirectos a redução do tempo de tratamento pode compensar os custos inerentes à colocação e remoção do implante › Pacientes em crescimento? Bibliografia 1. Linkow LI. The endosseous blade implant and its use in orthodontics. Int J Orthod 1969; 7: 149-54. 2. Melsen B, Enemark H. Effect of cervical anchorage studied by the implant method. Rep Congr Eur Orthod Soc 1969; p.47. 3. Block MS. Orthodontic applications of osseointegrated implants 4. Wehrbein H, Feifel H, Diedrich P. Am J Orthod Dentofacial Orthop 1999; 116: 678-86. 5. Celenza F, Hochman M. Absolute anchorage in orthodontics: direct and indirect implant-assisted modalities. J Clin Orthod 2000; 34(7): 397-402. 6. Favero L, Brollo P, Bressan E. Orthodontic anchorage with specific fixtures: Related study analysis. 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