Luciana Silva, Fernando Barreiro e Núbia Mendonça estão entre os pediatras baianos que representam o estado em entidades e associações nacionais. A
professora titular da Universidade Federal da Bahia,
Luciana Silva, foi eleita vice-presidente da Sociedade
Brasileira de Pediatria (SBP) para a gestão 2013-2015,
além de ocupar uma série de outros cargos na SBP. Secretário da Coordenação Vigilasus e vice-diretor de Integração Regional, o presidente da SOBAPE, Fernando
Barreiro, também leva o posicionamento dos baianos
para a discussão nacional juntamente com a oncologista pediátrica, Núbia Mendonça, vice-presidente da
Academia Brasileira de Pediatria (ABP).
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O Dia do Pediatra – 27
de julho – foi comemorado
pelos médicos baianos em
clima de confraternização.
Este ano, como parte das
comemorações pelos seus
25 anos, a SOBAPE promoveu um encontro diferente,
com direito a música e muita diversão, além de homenagens. Durante o evento,
no Municipal Lounge Bar,
na Pituba, foram agraciados com placas de agradecimento pediatras que se
destacaram na trajetória da
sociedade.
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Reuniu mais de 700 participantes de todo o
Brasil – número recorde de inscrições na atividade
regional – a sétima edição do Congresso Baiano de
Pediatria, realizada juntamente com o III Congresso
de Pediatria do Consultório do Nordeste, em maio,
em Salvador. Durante a maior e mais importante atividade de educação continuada do Norte/Nordeste,
como afirma o presidente da SOBAPE, dr. Fernando
Barreiro, foram discutidos temas clássicos e atuais da
pediatria, através de conferências, mesas-redondas,
simpósios satélites e cursos pré-congresso. O congresso foi realizado pela SOBAPE, com apoio da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Em artigo especial nesta edição, dra. Luciana Silva fala sobre as doenças inflamatórias intestinais, como a Doença de Crohn e Retocolite ulcerativa. No texto, uma abordagem sobre
fatores genéticos, ambientais e do sistema imunológico do paciente, entre outros aspectos da
patologia. Página 2 | sobape notícias
Dr. Fernando Barreiro
Presidente da SOBAPE
Av. Prof. Magalhães Neto, 1450
Ed. Millenium Empresarial - Sala 208 - Pituba
- CEP 41810-012 - Salvador-Bahia
Tel/fax: (71) 3341-6013
Site: www.sobape.com.br
sobape
email: [email protected]
Presidente:
Fernando Antonio Castro Barreiro
1ª Vice-presidente:
Helita Regina Freitas Cardoso de Azevedo
2ª Vice-presidente:
Normeide Pedreira dos Santos (Feira de
Santana)
Colegas,
Vivemos este ano, em que celebramos o Jubileu de Prata da SOBAPE, dois momentos de alegria na pediatria da Bahia. O primeiro, com a realização do VII Congresso
Baiano de Pediatria/III Congresso de Pediatria de Consultório do Nordeste. Com mais de
700 participantes, reafirmou-se como o maior e mais importante evento pediátrico do
Norte e Nordeste do Brasil.
O segundo momento foi a comemoração do Dia do Pediatra – 27 de julho. Inovamos fazendo a nossa reunião no Municipal Lounge Bar, com participação expressiva dos
pediatras baianos. As fotos dos dois eventos estão no site da SOBAPE.
Contudo, estamos também em processo de mobilização. A Medida Provisória do
Governo Federal que institui o Programa Mais Médicos é mais um factóide prestes ao
fracasso. Colocada às pressas para o Congresso Nacional como uma das formas de resposta do Governo Federal às demandas da sociedade civil, reivindicadas nas recentes
manifestações de rua, tal MP tende a ser um fiasco como o PSF e o PROVAB. Não resolverá as questões cruciais que estão na origem dos problemas da saúde pública do nosso
país: parcos recursos, má gestão e corrupção.
A SOBAPE está ao lado das entidades médicas colaborando e mobilizando os pediatras a participarem das ações convocadas por estas entidades. A participação de todos é
fundamental para o sucesso do movimento.
Secretária Geral:
Délia Cerviño Peleteiro
1ª Secretária:
Eliane Luiza Braga Moscon Medeiros
2ª Secretária:
Larissa Gaudenzi Lisboa de Oliveira
1ª Tesoureira:
Kátia Machado Baptista Falcão
2º Tesoureiro:
José Gonçalves Neto (Irecê)
Site ganha cara nova
e sede é reestruturada
Diretora Científica:
Isa Menezes Lyra
Diretor de Defesa Profissional:
Paulo Roberto Tanuri Marques
Diretor de Patrimônio:
Ivan Paulo Campos Guerra
Diretor de Marketing e Eventos:
Bruno Simões Dias Gonçalves
Comissão de Sindicância:
Edazima Ferrari Bulhões
Hermila Tavares Villar Guedes
Leuser Americano da Costa Filho
Lara de Araújo Torreão
Conselho Fiscal:
Romilda Castro de Andrade Cairo
Hans Walter Ferreira Greve
Círia Santana Sant’Anna
Órgão Informativo Oficial da Sociedade
Baiana de Pediatria (SOBAPE)
Edição: Ana Cristina Barreto | DRT/BA 1719
O conteúdo dos artigos publicados neste informativo é de responsabilidade exclusiva dos
autores. A Sociedade Baiana de Pediatria não
se responsabiliza pelas opiniões emitidas em
textos assinados.
O Dique do Tororó foi o local escolhido para
a IV Caminhada dos Celíacos. Coordenada pelo
professor Cleyton Sodré e promovida pelo Grupo
dos Celíacos de Salvador, a atividade reuniu pacientes, médicos e nutricionistas.
Durante a caminhada, no dia 7 de junho, os
profissionais tiraram dúvidas da população e distribuíram panfletos com esclarecimentos, dicas e
orientações sobre a doença celíaca, como explica
a pediatra Kátia Baptista.
As crianças participaram de atividades realizadas por animadores e, após a caminhada, um
café da manhã encerrou o evento em clima de
confraternização.
Ambulatório
Dra. Kátia Baptista alerta aos colegas pediatras
que o Ambulatório de Alergia Alimentar e Doença
Celíaca atende crianças e adultos, às sextas-feiras,
das 14h às 17h, no Hospital Otávio Mangabeira,
no Pau Miúdo. Para ter acesso ao serviço, é necessário apresentar documento de identidade (RG ou
certidão de nascimento), solicitação do SUS (pedido de consulta com gastropediatra ou gastroenterologista) e cartão do SUS. Maiores informações
pelo telefone (71) 3117-1610.
No ano em que completa 25 anos, a SOBAPE anuncia algumas novidades. As mudanças
incluem a reformulação do site, do facebook e da
Revista Baiana de Pediatria, além da realização de
obras de manutenção na sede e do novo layout
do Sobape Notícias, totalmente em cores a partir
desta edição (nº 64).
O site (www.sobape.com.br) ganha “cara
nova” para facilitar e ampliar o acesso às informações. Entre as novidades, destaque para o
lançamento da TV SOBAPE, com entrevistas, cobertura de eventos e cursos. A seção de notícias
foi ampliada e os sócios passarão a ter acesso a
uma nova área direcionada à educação continuada chamada de Centro Virtual. Mais dinâmico,
o facebook conta com novos posts, alinhado às
atividades de interesse dos pediatras.
Com sua última edição publicada em 2011,
durante o 35º Congresso Brasileiro de Pediatria,
a Revista Baiana de Pediatria será relançada com
uma nova linha editorial.
Na sede, as mudanças buscam garantir melhores condições de atendimento aos sócios. O
espaço ganhou nova pintura e teve o mobiliário
reestruturado.
A nova diretoria da SOBAPE (2013-2015)
convida os médicos a visitarem o site e a sede
para conhecerem as vantagens de serem sócios.
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Luciana Silva
é vice-presidente da SBP
Mais dois pediatras baianos ocupam cargos
na entidade nacional
Luciana Silva
Eleita para o biênio 2013-2015, a
pediatra Luciana Silva, professora titular da Universidade Federal da Bahia,
representa os baianos na 1ª vice-presidência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que tem como presidente
Eduardo Vaz, reeleito em maio.
Também integram a diretoria da SBP
os pediatras baianos Fernando Barreiro,
secretário da Coordenação Vigilasus e
vice-diretor de Integração Regional, e
Núbia Mendonça, vice-presidente da
Academia Brasileira de Pediatria (ABP).
Para Luciana Silva, que também é
coordenadora-adjunta de Graduação,
coordenadora de Doutrina Pediátrica
e membro da ABP, participar da maior
entidade médica do país a enche de orgulho. “Sobretudo porque esta é uma
entidade com propósitos sérios e claros,
ampliando a cada dia o exercício da
doutrina pediátrica, que torna os pediatras sempre mais atentos e conscientes
do seu papel na comunidade onde estão inseridos”.
Dra. Luciana, que já ocupou diversos cargos na SBP nos últimos 25 anos,
diz que foi uma grande honra ter sido
convidada para a vice-presidência. “A
inserção do pediatra ou de qualquer
Fernando Barreiro
Nubia Mendonça
médico numa entidade associativa é de
fundamental importância para o aprimoramento da sua vida profissional e
pessoal”, atesta. “Além disso, há muitas
questões que envolvem os direitos do
médico como profissional que são defendidas pelas associações que os representam”.
“Após uma avaliação das condições
de cada filiada, acredito que possamos
realizar um trabalho em sintonia com a
ideia de integração, profissionalização
de gestão e proximidade com a classe
pediátrica, características a atual diretoria da SBP”, declara.
Integração
A oncologista pediátrica Nubia Mendonça diz que representar a Bahia, a SOBAPE e todos os pediatras que exercem
a profissão no estado é motivo de grande
orgulho. “Sou a grande beneficiada por
pertencer à ABP. Convivo com os grandes
mestres da pediatria brasileira, tendo muitos deles como ídolos”, avalia. Dra. Núbia
foi indicada pela SOBAPE e eleita pelo
Conselho Superior da SBP para a gestão
2011-2013.
Instalada em 1997, a ABP é presidida
pelo professor Fernando José da Nóbrega
e, entre seus conselheiros, conta com o
trabalho do também pediatra baiano Nelson Barros.
A academia reúne-se uma vez por
ano, em distintas cidades do país e, além
das funções estatutárias, realiza um fórum
multiprofissional intitulado “As transformações da família e da sociedade e seu
impacto na infância e juventude”.
Como destaca o presidente da SOBAPE, dr. Fernando Barreiro, é muito
importante para a pediatria baiana a
representação nacional. “É uma grande
oportunidade de levarmos nossas opiniões e contribuir com nosso trabalho em
prol da pediatria brasileira e de todos os
colegas pediatras”.
A Diretoria Integração Regional da
qual faz parte “surgiu da necessidade de
estar mais perto das filiadas, principalmente as com menores recursos financeiros para a realização de atividades
em prol da pediatria e dos pediatras”.
O objetivo é trabalhar com outras filiadas, principalmente do Norte e Nordeste, buscando soluções conjuntas para
questões que impeçam uma melhor
atuação.
Mestres
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Dra Tatiana Maciel
ministra Curso de
Reanimação Neonatal
Liga Acadêmica
de Pediatria
Dra. Regina Terse fala
sobre Síndrome da Apneia
Obstrutiva do Sono
Dra. Neiva Damasceno
em conferência sobre
Fibrose Cística
Dr. Jorge Afiune
fala sobre Teste do
Coraçãozinho
Dr. Tarcísio dá
entrevista à TV Bahia
sobre drogas
Participantes fazem balanço positivo do
VII Congresso Baiano de Pediatria
Mais de 700 pediatras de todo o Brasil, 163 trabalhos apresentados em formato
pôster, nove conferências, três simpósios satélites, dois cursos pré-congresso e sete mesas-redondas. Esses foram os números do VII
Congresso Baiano de Pediatria/III Congresso
de Pediatria de Consultório do Nordeste, realizado em Salvador.
Durante a atividade, no mês de maio
no Hotel Pestana, profissionais e estudantes
participaram da maior e mais importante
atividade regional de educação continuada
em pediatria, promovida pela Sociedade
Baiana de Pediatria (SOBAPE), com apoio
da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
O congresso é parte da programação pelos
25 anos do SOBAPE (em dezembro).
Entre os temas do programa científico discussões sobre Microbiota intestinal e
probióticos, Obesidade na infância, Relação
médico-familiar em pediatria, Anemia falciforme, Drogas na infância e adolescência,
Fibrose cística e Teste do Coraçãozinho, entre outros.
Sucesso
Para o presidente da SBP, Eduardo Vaz,
mais uma vez a Bahia mostrou que está engajada na luta da SBP em prol da defesa e
da valorização do pediatra. Dr. Vaz parabenizou a diretoria da SOBAPE pelo trabalho
e “pelo sucesso do congresso, demonstrado
pelo alto engajamento dos profissionais nesta importante atividade de educação continuada”.
Para o presidente da SOBAPE, Fernando
Barreiro, o resultado do congresso demonstra basicamente duas coisas: “Somos fortes
e estamos na retomada do crescimento da
especialidade”. O presidente do congresso,
Hans Greve, destacou o caráter que a atividade assume, já sendo considerada a maior
e mais importante em educação continuada
do Norte/Nordeste.
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Noite de
homenagens
integra
programação
pelos 25 anos da
SOBAPE
Como parte das comemorações pelo Jubileu de
Prata da SOBAPE, o Dia do Pediatra (27 de julho) foi
festejado com homenagens, música, descontração e
clima de confraternização. A festa reuniu estudantes
de pediatria e profissionais baianos no Municipal Lounge Bar, na Pituba, no dia 26 de julho.
A programação da noite foi aberta com a entrega de placas de agradecimento e flores a pediatras
com destacada atuação na trajetória da SOBAPE, que
completa 25 anos em dezembro. Em seguida, sorteio
de livros de pediatria e kits de perfumaria.
Como destaca o presidente Fernando Barreiro, a
SOBAPE completa 25 anos e a ideia foi realizar “uma
homenagem a pediatras que tanto contribuíram e
contribuem para o fortalecimento da sociedade”.
Desta vez, o objetivo foi promover um encontro diferente para que os pediatras pudessem se divertir e
reencontrar os colegas.
Homenagens
A pediatra Dolores Fernandez foi a primeira homenageada da noite, seguida das pediatras Círia
Santana, Maria de Lourdes Leite, Márcia Barreto,
Tatiana Maciel, Ângela Rodrigues e Junaura Barretto.
A vice-presidente da SOBAPE, dra. Helita Azevedo,
também foi agraciada, mas não pode comparecer ao
evento.
“Fazemos parte de uma verdadeira confraria que
nos fortalece, nos faz crescer e viver bem. É preciso
incentivar os médicos jovens, afinal a medicina começa na pediatria”, disse Dolores Fernandez, reforçando
que é uma honra participar da SOBAPE, onde tem
grandes mestres que a fizeram escolher a profissão.
Anunciando sua aposentadoria como professora
e preceptora de residência, dra. Círia Santana disse
que é importante incentivar os jovens médicos a abraçarem a pediatria, atividade que desempenha há 43
anos. “Continuo atuando em consultório, cuidando
dos meus pacientes”, afirma, salientando que mantém pela profissão o mesmo amor do início da carreira.
Após as homenagens, os pediatras curtiram a parte musical da noite, sob o comando de Faustão e banda. O grupo relembrou, de forma lúdica, clássicos do
pop rock que marcaram os anos 80 e 90. Durante o
show, subiram ao palco para dar uma “canja” os cantores Saulo Fernandes e Márcio Mello.
Pediatras participam de
encontro promovido
pela SOBAPE
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Junaura Barretto
Nutróloga, gastroenterologista
pediátrica, especialista em
Nutrição Enteral e Parenteral
pela SBN, mestre em Nutrição e
Saúde pela Universidade Federal
da Bahia.
Existem estudos
que mostram uma
associação positiva
entre a elevada
ingesta protéica no
início da vida e o
desenvolvimento de
obesidade no futuro.
Durante as últimas décadas, tem havido um aumento do foco nos potenciais
efeitos negativos de uma alta ingestão de
proteína no início vida. A elevada ingesta
proteíca em fases precoces da vida pode
causar o crescimento acelerado, o que
pode aumentar, mais tarde, o risco de
doenças não transmissíveis (DNT), dentre
elas a obesidade.
As necessidades de proteínas são baixas durante os primeiros 2 anos devida
quando expressas em percentuais de
energia da dieta, pois as necessidades de
energia são muito elevadas durante os primeiros anos de vida.
O leite humano fornece em torno de
70 Kcal/100ml. Os lipídios fornecem 51%
da energia total deste leite, os carboidratos 43% e as proteínas de 5 a 6%. Algumas
fórmulas infantis variam o seu contéudo
protéico entre 7 e 9%. Já o leite de vaca
fornece cerca de 20% da energia na forma
de proteína.
Um outro momento no qual a ingesta
proteíca se eleva bruscamente é durante
a introdução da alimentação complementar. Esta ingesta aumenta em até três vezes
mais e com uma qualidade proteíca diferente da qualidade do leite humano. Por
este motivo, a composição da alimenta-
ção complementar deve ser bem orientada, a fim de garantir uma oferta adequada
de macro e micronutrientes.
Vários estudos mostram que crianças
amamentadas têm um padrão de crescimento diferente de crianças alimentadas
com fórmulas à base de leite de vaca. Aos
12 meses, as crianças que não são amamentadas são maiores e mais pesadas e
possuem IMC (índice de massa corpórea)
superior ao das crianças em aleitamento
materno.
O que ocorre como consequência da
exposição protéica excessiva e precoce é
que o teor de proteína tem um efeito estimulante no IGF-I e na secreção de insulina. A insulina tem efeitos anabólicos e estimula o crescimento. No entanto, os efeitos de aminoácidos específicos ou uma
alteracoes endócrinas causadas por hormônios, fatores de crescimento ou peptídeos do leite humano poderiam também
desempenhar um papel neste mecanismo
protetor contra o excesso de peso. Vários
estudos têm demonstrado claramente que
crianças amamentadas têm níveis mais
baixos de IGF-I que as alimentadas com
fórmula.
Existem estudos que mostram uma associação positiva entre a elevada ingesta
proteíca no início da vida e o desenvolvimento de obesidade no futuro. Um dos
estudos mais conhecidos foi o multicêntrico europeu (Koletzco et al.) no qual os
autores compararam mais de 1.000 lactentes alimentados com fórmulas infantis
randomizando em dois grupos, um que
consumia fórmulas com baixo teor proteíco e outro que fez uso de fórmula com
elevado teor protéico.
Esses grupos foram comparados com
um grupo de mais de 600 crianças amamentadas exclusivamente. O período de
intervenção do estudo foi de 12 meses. Os
dados dos primeiros 2 anos do estudo
foram publicados e o principal resultado
foi que tanto o peso-para-comprimento
e IMC (z-scores) foram significativamente
maiores no grupo de elevada ingesta protéica em comparação com o grupo que
consumiu fórmulas com baixo teor de proteína, tanto aos 12 quanto aos 24 meses.
Para o grupo com baixa ingesta proteíca não foram observadas diferenças estatisticamente significativas quando comparados os parâmetros antropométricos
com o grupo amamentado em qualquer
período do tempo de observação.
Existe alguma evidência de que uma
elevada ingestão de proteína durante o
período de alimentação complementar
está associada ao aumento do risco de
obesidade na vida adulta. O período mais
vulnerável para tal efeito são os 2 primeiros anos de vida. Nos países industrializados, muitos lactentes e crianças pequenas
têm alto consumo de proteínas, com contribuição energética superior a 15%. Ou
seja, mais de três vezes que a recomendação para sua faixa etária. Por essa e por
outras questões, não se recomenda a introdução do leite de vaca na alimentação
do lactente antes dos 12 meses de idade.
Sem a oferta do leite de vaca antes do
primeiro ano de vida e, posteriormente,
ofertado somente em quantidades moderadas (300 e 400 ml), deve ser possível
manter a ingestão de proteína abaixo de
15% da oferta energética diária para a
maioria das crianças.
A ingestão protéica adequada, sem
excessos, também permitiria uma dieta
mais variada, o que é importante durante
a alimentação complementar quando as
crianças devem ser expostas a uma ampla
variedade de alimentos saudáveis.
Uma entre muitas razões para incentivar a amamentação durante todo o período da alimentação complementar é que
esta contribui com a redução na ingesta
proteíca, que é provavelmente um dos
principais mecanismos por trás do efeito
protetor do aleitamento materno contra a
obesidade.
Página 7 | sobape notícias
Luciana Rodrigues Silva
Professora Titular de Pedaitria
e Chefe do Serviço de
Gastroenterologia e Hepatologia
Pediátricas da Universidade
Federal da Bahia,
vice-presidente da Sociedade
Brasileira de Pediatria.
A apresentação
mais frequente se
relaciona com a
presença de dor
abdominal isolada
ou combinada com
diarreia recorrente.
As doenças inflamatórias intestinais são caracterizadas por um amplo espectro de alterações crônicas com curso, duração e gravidade
variáveis, de origem idiopática que ocorrem
devido à inflamação crônica do trato digestório,
acometendo, sobretudo o intestino, e são representadas pela Doença de Crohn e pela Retocolite
ulcerativa e uma pequena parcela pela colite indeterminada ou microscópica. Há vários fatores
genéticos, ambientais, do sistema imunológico do
intestino e da microbiota intestinal que atuam na
determinação destas condições, ressaltando-se a
presença em parentes próximos.
A Doença de Crohn pode evoluir com crises
flutuantes alternadas e períodos de remissão variáveis ou como uma forma crônica progressiva e
contínua. Cerca de 20% dos pacientes portadores
de doenças inflamatórias intestinais iniciam suas
manifestações na faixa etária pediátrica. O número de casos das doenças inflamatórias intestinais
vem aumentando em todas as idades e, na infância, tem ocorrido em pacientes cada vez mais
jovens, quando o prognóstico é mais grave que
em adultos. A Doença de Crohn acomete todas as
camadas da parede intestinal e também habitualmente o faz de modo salteado, causando lesões
entremeadas com mucosa normal, diferente da
Retocolite ulcerativa.
Em todas as consultas, a avaliação clínica
representa a ferramenta mais importante, mas
é recomendável utilizar uma das classificações
disponíveis para analisar a atividade da doença e
sua gravidade. Na faixa etária pediátrica é fundamental o acompanhamento do crescimento e nos
adolescentes além do acompanhamento do crescimento, deve-se fazer periodicamente o acompanhamento dos caracteres puberais.
É necessário identificar se a Doença de Crohn
acomete o intestino delgado e ou o cólon e ou a
região perianal e ou outras áreas e identificar se o
paciente tem a forma inflamatória, a forma estenosante ou a forma penetrante/fistulizante. Vale
ressaltar que durante a evolução pode haver mudança de um padrão para outro. Deve-se observar se o paciente se encontra com apresentação
leve, moderada ou grave.
De acordo com a classificação da localização,
a doença pode acometer zona exclusiva do intestino delgado, da região ileocolônica, da região
ano-retal, ou combinações destas, além de menos
comumente esôfago, estômago, duodeno e cavidade oral.
Deve-se solicitar na primeira avaliação, após
uma história e exame físico detalhados, os exames
prévios que o paciente traz e solicitar outros para
comparação ou na consulta inicial, analisando
cada caso de forma individualizada em conjunto
com um gastroenterologista pediatra, discutindose periodicamente a conduta a depender da evolução do quadro. O exame físico deve ser detalhado e completo. A Doença de Crohn, diferente
da Retocolite ulcerativa, pode acometer qualquer
segmento do trato digestório. A apresentação clínica em geral é insidiosa e varia bastante, dependendo do local de acometimento e extensão da
lesão, além de presença de sinais e sintomas intestinais e extra-intestinais. Muitas vezes, há retardo
no diagnóstico, sobretudo nas crianças que têm
apenas retardo no crescimento.
A apresentação mais frequente se relaciona
com a presença de dor abdominal isolada ou
combinada com diarreia recorrente. A dor pode
ser agravada pela alimentação, fato que também
contribui com a anorexia e pode ocorrer à noite,
assim como a diarreia também pode ser diurna e
noturna, acompanhada de urgência, se há acometimento colônico. A diarreia é comum podendo ocorrer em surtos com fezes sanguinolentas ou
não, com restos alimentares e com perda fecal
proteica e de gorduras. O sangramento maciço
não é frequente, mas pode ocorrer. A diarreia sugere doença ativa. A febre que é bastante comum
costuma ser baixa podendo traduzir inflamação e
quando há temperatura mais elevada, pode sugerir infecção bacteriana ou complicações significativas com supuração.
A parada no crescimento se inicia de modo
insidioso e muitas vezes precede a diarreia em
algum tempo e em toda criança ou adolescente
com parada no crescimento e atraso puberal, as
doenças inflamatórias intestinais necessitam ser
investigadas. As formas estenóticas podem se
acompanhar de quadros de suboclusão intestinal
com dor periumbilical em cólicas de intensidade
variável. Fístulas enterocutâneas ou enteroenterais
ou enterocolônicas ou enterovesicais podem estar
presentes. Nos pacientes com envolvimento colônico na Doença de Crohn, os sintomas podem
ser semelhantes aos da Retocolite ulcerativa, tais
como diarreia mucosanguinolenta ou purulenta,
acompanhada de cólicas e urgência de defecação
e tenesmo, podendo haver febre. Chama atenção
à defecação dolorosa e a presença de sangue nas
fezes. Como o espectro de apresentação é amplo
pode haver desde mínimas queixas com alteração
dos hábitos intestinais até colite fulminante.
A doença ano-retal/perianal pode apresentarse isolada ou combinada com o acometimento de
outras áreas e tende a ser muito debilitante, causando dor intensa para defecar, dor ano-retal, ardor e secreção purulenta que suja a roupa e com
a presença de fístulas e abscessos, estes sintomas
aumentam e estas lesões podem ser múltiplas e
bastante complexas. A proctite pode ser a apresentação inicial. No envolvimento perianal pode
haver a presença de cicatrizes, fissuras, abcessos
e fístulas, lesões e ulceração do canal anal, incontinência e estenose retal. O períneo deve ser
sempre avaliado, pois quando se encontram alterações nesta área, aumentam as chances para o
diagnóstico de Doença de Crohn. As mais comuns
manifestações extraintestinais são representadas
pelas manifestações articulares, manifestações
cutâneas, aftas, manifestações oftalmológicas,
osteopenia e a osteoporose, hepatobiliares, trombóticas e em outros órgãos menos comumente.
Vale ainda ressaltar os problemas psicológicos e
sociais que podem acompanhar a doenças entre
as crianças e adolescentes, e nestes últimos as dificuldades sexuais que podem advir e dificuldades
com relação à aderência ao tratamento.
O pediatra geral diante da suspeita destes
casos deve encaminhá-los para um serviço de
referência com um gastroenterologista pediátrico, que, junto à equipe de nutricionista, cirurgião, enfermeira, assistente social, psicólogo,
coloproctologista e outros especialistas pode dar
o encaminhamento adequado e individualizado
dos pacientes. Enfatiza-se, portanto a necessidade do vínculo dos pacientes e suas famílias com
os profissionais dos serviços onde são atendidos,
ressaltando-se a extrema importância da equipe
multidisciplinar treinada para assistir os pacientes
pediátricos com doenças inflamatórias intestinais.
Esta equipe deve também estar apta para transferir os pacientes para outros especialistas com
quem devem ter interlocução adequada, quando
estes atingirem a idade adulta.
No Serviço de Gastroenterologia Pediátrica
da Universidade Federal da Bahia há um ambulatório de Doenças inflamatórias intestinais que é
referência para o estado e recebe pacientes com
estas condições para acompanhamento.
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Luciana Silva, Fernando Barreiro e Núbia Men- donça