PERCURSO: MAGUSTEIRO JUGUELHE MAGUSTEIRO CARACTERÍSTICAS DO PERCURSO Percurso em laço, que se inicia e termina em Magusteiro, com uma extensão aproximada de 7.8 quilómetros facilmente realizável pelo visitante. Trata-se de um percurso com secções bastante expostas ao sol. ACESSO AO PERCURSO Partindo de Cabeceiras de Basto (Mosteiro de S. Miguel de Refojos) siga em direcção a Salto pela EN 311, durante cerca de doze quilómetros. Ao longo do seu trajecto irá passar pelas localidades de Riodouro, Eiró e Teixugueiras. Aproximadamente três quilómetros depois de ter passado por Teixugueiras, vire no cruzamento à direita, até chegar ao lugar de Magusteiro. Na entrada do lugar encontrará facilmente a placa indicadora do início do trilho pedestre. Tempo à origem (horas)1 Altitude (m) 0.00 0.00 890 “Miradouro” 0.40 0.10 890 Moinho 1.08 0.23 835 Corga da Baldeira 2.05 0.50 865 Moinhos 3.70 1.23 770 Juguelhe - Capela 4.71 1.50 875 Alto dos Esporões 5.42 2.10 930 Corga da Baldeira 6.36 2.30 865 Magusteiro 7.80 3.40 890 Distância à origem (km) Magusteiro DESCRIÇÃO DO TRILHO Mercê do seu traçado, este trilho oferece uma perspectiva muito bela de todo o Vale da Rib. de Riodouro. O Homem há muito que vem domando estas encostas. Os inúmeros socalcos construídos assim o atestam. A vegetação também alinda todo este quadro. Emergem na paisagem, como que ilhas, aqui e além bosquetes de bétulas (Betula celtiberica), píceas (Picea sp.), pinheiros,( Pinus pinaster). Outros há que, acompanhando as linhas de água rasgam a encosta parecendo despenhar-se no abismo... Com sorte, poderá ainda apreciar algumas rapinas que aqui surgem em busca de alimento. 1 A simbologia utilizada para referenciar os tempos é constituída por 4 dígitos, por exemplo: 00.50: significa 50 minutos Após se ter deliciado com esta magnífica paisagem, retome o trilho, atravessando uma vez mais Magusteiro. Dirija-se, seguindo a sinalização, em direcção ao topónimo Corga da Baldeira. A saída de Magusteiro faz-se por uma pequena quelha. 1000 900 800 Altitude (m) 700 600 500 400 300 200 100 0 0 2,05 4,71 6,36 7,8 Repare que esta quelha se assume como uma fronteira entre dois tipo de realidades. Do seu lado direito marcam presença os lameiros, os “campos de batalha”, desta árdua peleja do Homem contra a Serra. Testemunhos de uma árdua vitória. Uma conquista “sustentada” por inúmeros socalcos. Do seu lado esquerdo, a Serra, agreste, dura, pedregosa... povoada por matos, árvores e algumas cruzes fruto da inspiração e trabalho de um pastor que ali costuma apascentar o seu rebanho. Repare nos sulcos existentes em algumas pedras da calçada, resultantes da passagem dos caros de bois, repetida vezes sem conta... Ao longo da sua caminhada poderá ainda observar um moinho, do seu lado esquerdo, num local “improvável”... Distância (Km) MAGUSTEIRO Esta pequena aldeia raiana situada no limite Norte do concelho, na orla das terras de Basto, espelha esta situação de fronteira na concentração do seu núcleo populacional com as suas ruas labirínticas. As suas casas de pedra, “juntaram-se” para melhor se defenderem das agruras deste clima e parecem coroar com graça o enorme anfiteatro que é o Vale da Ribeira de Riodouro. Partindo da placa de início de trilho, atravesse o lugar e suba ao pequeno “miradouro”. Deste ponto é-lhe possível apreciar toda a beleza do Vale da Rib. de Riodouro... Decorridos cerca de 400 metros encontra um cruzamento. Do seu lado esquerdo corre uma linha de água, em frente tem uma estrada florestal que sobe, atravessando um povoamento de bétulas e píceas. Tome o caminho do seu lado direito, caminhe durante cerca de 1.2 quilómetros, seguindo em direcção ao topónimo Reganga. Não deixe de reparar na beleza de todo este vale... Muitos dos lameiros que ainda se podem ver, rendilhados pelos muros dos socalcos, estão progressivamente a sucumbir à lenta invasão dos matos. Aqui e além, manchando o verde das encostas, surge triste e desolador o negro das queimadas. Estas queimadas, têm a sua génese na mão assassina do Homem, no seu espírito de destruição. À sua frente está pintado, com cores sombrias, tristes e frias, o quadro resultante da incúria e da despreocupação com que o Homem encara de uma maneira geral o património ecológico. Na curva da estrada florestal, encontra agora à sua frente um caminho – Caminho da Ladeira –, que subindo por entre a vegetação, o conduzirá a Juguelhe. Decorridos cerca de 500 metros, encontra, ladeando o caminho, três moinhos. Tipologicamente, estes moinhos de água de roda horizontal integram-se no vasto conjunto de moinhos característico das serras do noroeste português, designando-se genericamente por moinhos de “rodízio, cubo e caleira”. “Cubo” é o poço onde cai a água trazida pela “caleira”, geralmente pétrea, e que, através de uma “seteira” vai accionar o mecanismo do rodízio, fazendo girar a mó. (Oliveira et. al., 1983) Como pode reparar, os cubos – as calhas que conduzem a água ao rodízio dos moinhos – são de tipologias diferentes: uma, a mais comum, de secção quadrada. A segunda, de secção circular, em cilindro, composto por manilhas monolíticas de granito. A primeira desenvolve-se quase sempre em plano oblíquo e a segunda na vertical. Prossiga a sua marcha até chegar a Juguelhe – cerca de 1 quilómetro -. JUGUELHE Esta pequena aldeia, sofreu, ao longo destes últimos anos, uma lenta “sangria” na sua população mais jovem. Hoje Juguelhe tem cerca de 22 habitantes. Depara-se com o drama de tantas outras aldeias portuguesas na actualidade: a desertificação. Os “sobreviventes” deste despovoamento, teimam ainda em manter os seus usos, os seus costumes. Ainda se tece, ainda se cultivam alguns campos, ainda se cria gado... Ainda..., enquanto as forças durarem... Atravesse o lugar seguindo em direcção ao topónimo Alto dos Esporões. Aí chegado, junto à Capela em honra a N. Sra. de Fátima, desfrute dessa vista espectacular. Em dias de céu limpo é mesmo possível observar o Santuário do Sameiro em Braga. Prossiga a sua marcha, pela estrada florestal, em direcção ao Alto da Bouça. Decorridos cerca de 400 metros encontra do seu lado esquerdo um cruzamento. Tome esse estradão, descendo por entre um belo povoamento florestal constituído por cameciparis (Chamaecyparis pisifera), piceas (Picea sp.), carvalhos alvarinho (Quercus robur), bétulas (Betula celtiberica) e castanheiros (Castanea sativa). Junto ao topónimo Alto da Bouça, tente localizar no meio da vegetação, pedras, mais ou menos alinhadas, como que fazendo lembrar as bases de paredes de antigas habitações. Estas ruínas são conhecidas como as Ruínas de Toninha. RUÍNAS DE TONINHA Segundo o que nos foi transmitido pelo Sr. Guarda Florestal Borges, a tradição oral situa aqui neste local o antigo lugar de Toninha ou do Foçadoiro (?). Segundo a lenda, a população ter-se-ia visto obrigada a abandonar o local devido à ocorrência de peste, vindo a fixar-se no local onde hoje se situa a povoação. Prossiga a sua marcha em direcção à Corga da Baldeira. Uma vez aí, siga em frente em direcção a Magusteiro, onde termina este trilho. BIBLIOGRAFIA CAMPOS, A. J. Teixeira 1997 Levantamento das Estruturas Patrimoniais Humanas mais relevantes da Serra da Cabreira, Trabalho realizado no âmbito da execução do projecto Centro de Interpretação e Animação da Serra da Cabreira, Vieira do Minho (não publicado). OLIVEIRA, Ernesto. V.; GALHANO, Fernando.; PEREIRA, Benjamim. 1983 Tecnologia Tradicional Portuguesa: Sistemas de Moagem, Lisboa, Instituto Nacional de Investigação Científica, Centro de Estudos de Etnologia. FICHA TÉCNICA título Trilho pedestre do Alto dos Esporões idealizado por Eng.º António André Eng.º António José Teixeira de Campos realizado por Eng.º António José Teixeira de Campos textos Eng.º António José Teixeira de Campos apoio científico Dr. Luís Fernando de Oliveira Fontes – Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho editor CIASC Centro de Interpretação e Animação da Serra da Cabreira data Agosto 1997