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Economia
O Estado do Maranhão - São Luís, 15 de janeiro de 2011 - sábado
Economia
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Panorama
econômico
Miriam Leitão
Com Alvaro Gribel
O câmbio e o custo
O
Brasil tem várias realidades na exportação. Quem exporta matéria-prima com preços em alta está bem; quem exporta manufaturado que depende muito de mão de obra passa aperto.
O setor de calçados é o caso típico do segundo grupo. Mesmo assim,
exportou até novembro 15 milhões de pares de sapatos a mais. Armínio Fraga propõe uma guerra de guerrilhas contra o Custo Brasil.
Exportadores de qualquer setor, resmungos contra o câmbio à parte, concordam que o maior vilão é o chamado Custo Brasil; nome genérico de uma
lista de problemas que vai da burocracia, estrutura tributária à infraestrutura caindo aos pedaços.
Nos últimos dias, o governo brigou contra o dólar baixo comprando moeda nos mercados à vista e futuro, e entidades empresariais repetiram o pedido de elevação de tarifas de importação. Nem as medidas do governo vão
evitar que o real permaneça valorizado, nem protecionismo é solução.
O presidente da Abicalçados, Heitor Klein, admite que são dois os problemas: dólar baixo e custo alto. Lamenta que o país tenha perdido tempo na segunda frente:
— Quando o real valia R$ 2,20, lá em 2005, o Custo Brasil era amenizado
pelo ganho de competitividade da moeda. Então o governo teve tempo para
reduzir esse custo.
Hoje, um real equivale a US$ 0,59 — invertendo-se a forma tradicional de
olhar, que seria US$ 1 igual a R$ 1,68. Se estivesse a R$ 2,20, um real equivaleria a US$ 0,45. Nesta diferença, muitos outros competidores ganham espaço do Brasil, porque todo mundo está derrubando preços de produção exatamente para conviver com a fraqueza da moeda de referência.
Mesmo sabendo onde aperta o galo, a indústria de calçados tem caminhado. Até novembro, o setor exportou 129,5 milhões de pares contra 114,9 milhões em 2009. Alta de 12,7%. Em valor, a alta foi de 9,8%. Ano passado houve recuperação do que havia sido perdido na crise.
— Em 2010, exportamos US$ 1,4 bilhão; em 2008, US$ 1,8 bilhão. Perdemos, em dois anos, US$ 900 milhões, mas isso também pela crise nos Estados Unidos e Inglaterra, nossos maiores mercados — diz Klein.
O diretor comercial da Pegada Calçados, Astor Ranfit, empresa que tem
fábricas na Bahia e Rio Grande do Sul e exporta para 40 países, dá um flagrante dos dilemas de quem exporta:
— Em janeiro, subimos 10% os preços de nossos exportados. Seis meses
atrás, o dólar estava por R$ 1,80. Neste meio tempo, demos aumento de salário em reais que são puxados pela falta de mão de obra e inflação interna.
Entrevistei o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, esta semana, e um dos assuntos foi o pedido da indústria por proteção, diante da queda da competitividade pelo real forte demais:
— Também acredito que o câmbio está exageradamente apreciado. O Brasil está caro, na média com outros países. Mas temos uma indústria muito protegida. Melhor seria uma campanha de redução do Custo Brasil. É mais chato, trabalhoso, mas seria bom se o governo tivesse uma planilha gigante, mapeando problemas e atacando um por um. É uma guerra de guerrilhas. Cada
setor tentaria tirar seu obstáculo. O trabalho poderia ser coordenado pelo ministro Palocci, do lugar onde está, como Pedro Parente fez na época em que
eu estava no governo.
Essa longa lista do que fazer em cada área para reduzir burocracia, entraves, irracionalidades, melhorar a logística e a estrutura tributária trará ganhos mais permanentes. Armínio acha que inventar a cada hora uma medida cambial pode acabar assustando o investidor de longo prazo, do qual precisamos para sustentar o crescimento.
José Augusto de Castro, da AEB, não hesita quando tem que dizer quem
sofre mais com o câmbio: setores manufaturados intensivos em mão de obra
e capital nacional, como calçados, têxteis e confecções, móveis. Ontem, a Fiesp
divulgou que o déficit comercial dos manufaturados chegou a US$ 70,9 bi em
2010, alta de 95% sobre 2009. As importações cresceram 45%, contra 18%
das exportações.
Mesmo assim, há casos espantosos de sucesso. A Grandene, principal exportadora de sapatos do país, conseguiu crescer as exportações no terceiro
trimestre de 2010 em 30% em receita, e em 20% no volume, sobre 2009.
— O câmbio atrapalha bastante porque reduz a margem. Temos que agregar valor ao produto e conquistar mercado pelo diferencial da marca — disse
Francisco Schmidt, diretor de relações com investidores da Grandene.
Schmidt diz que a concorrência com a China é difícil:
— Temos que atuar em outra faixa de mercado. O Brasil já foi o maior produtor de calçados do mundo, nos anos 70. Hoje, os chineses produzem 10 vezes mais que nós: 10 bilhões de pares contra 800 milhões.
As Havaianas exportam para 80 países. Segundo a diretora de Sandálias
da Alpargatas, Carla Schmitzberger, as vendas em dólares cresceram 39% em
2010 e 25% em reais. Sobre 2008, a venda em dólares aumentou 46%. A exportação é 15% da produção total, mas poderia ser 40%.
— Temos enormes desvantagens em relação a outros países. Nossos custos subiram 14% pela valorização do real. O Custo Brasil dificulta produzir,
embarcar, exportar. Os problemas de infraestrutura são grandes. Nossas fábricas são no Nordeste e às vezes temos que mandar o produto de caminhão
até o porto de Santos — diz Carla.
O presidente da Abit, Fernando Valente Pimentel, diz que o foco tem que
ser na redução do custo:
— Nosso câmbio é flutuante e ninguém defende que deixe de ser. O foco
tem que ser a redução do custo de produção em reais.
O setor de embalagens, segundo o presidente da Abre, Maurício Groke,
não exporta muito, mas está vendo o produto estrangeiro entrar cada vez
mais. A importação subiu 57% no primeiro semestre. A base é baixa, mas há
preocupação com a tendência. E faz o mesmo rol de reclamação que os outros sobre custos de produção no país.
BOVESPA
+0,31%
A bolsa
encerrou o dia
em 70,940
pontos
NASDAQ
+0,54%
A bolsa fechou
com a marca
de 2750,14
pontos
OURO
-1,89%
A commoditie
se manteve e
foi vendida a
R$ 77,5
Governo do Estado
prorroga o Fumacop
até dezembro de 2021
Vigência do Fundo de Combate à Pobreza mantém acréscimo
de dois pontos percentuais sobre as alíquotas do ICMS
O
Governo do Maranhão
prorrogou a vigência do
Fundo Maranhense de
Combate à Pobreza (Fumacop)
para 31 de dezembro de 2021,
mantendo o acréscimo de dois
pontos percentuais sobre as alíquotas do Imposto sobre Cicrulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS) nas operações internas
e de importação com produtos
e serviços como combustíveis,
telefonia, energia, cigarros, bebidas, entre outros.
O fundo, instituído pela Lei
nº 8.205/2004 e regulamentado
pelo Decreto nº 21.725 de 2005,
foi prorrogado por meio da Medida Provisória 84, de 21 de dezembro de 2010.
O Fumacop é originário da
emenda constitucional 31 de
2000, criado com o objetivo de
diminuir os níveis de pobreza
das unidades federadas. Os recursos do fundo são destinados
a programas e ações de nutrição, habitação, educação, saúde, reforço de renda familiar e
outros que ajudem efetivamente a reduzir as desigualdades sociais, incentivando o acesso de
pessoas, famílias e comunidades à oportunidades de desenvolvimento integral.
A responsabilidade pelo recolhimento do adicional do
ICMS cabe aos contribuintes
que realizarem operação destinada a não contribuinte do imposto, ainda que localizado em
outro estado; aos contribuintes
substitutos nas operações internas; nas operações de importação para consumidor final, arrematação em leilão ou aquisi-
Divulgação
ção em licitação de mercadoria.
Adiado crédito - Outra novidade para os contribuintes do
ICMS é que foi adiada mais uma
vez a autorização para as empresas utilizarem crédito relativo à
compra de mercadorias para uso
e consumo. O Congresso Nacional votou e aprovou Lei Complementar Federal 138, que alterou
a Lei 87/96 (Lei Kandir). Esta adia
de 1º de janeiro de 2011 para 1º
de janeiro de 2020 o início do
aproveitamento do crédito pelos
contribuintes do imposto.
Com a prorrogação, os contribuintes permanecem apenas
com o direito de aproveitar os
créditos do ICMS oriundos de
aquisição de mercadorias para
revenda e aquisições de bens
para o ativo fixo.
Fiema relança
Programa de
Certificação
Procem deverá
certificar, este ano,
40 empresas com
selo de qualidade
Qualificar as empresas maranhenses para se tornarem potenciais prestadoras de serviços e
fornecedoras de produtos. Este
é o principal objetivo do Programa de Certificação de Empresas
(Procem). A edição 2011 foi lançada em reunião técnica quintafeira, na sede da Federação das
Indústrias do Maranhão (Fiema).
A meta é qualificar e certificar pelo menos 40 empresas este ano.
O Procem faz parte do Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF) desenvolvido
pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Sedic) e a Fiema, por
meio do Instituto Euvaldo Lodi
(IEL). O programa é mantido por
seis grandes empresas instaladas
no Maranhão que têm interesse
no fortalecimento de suas redes
de fornecedores.
Este ano, o Procem deverá
contemplar cerca de 40 empresas indicadas pelas empresas
mantenedoras do programa Alumar, Cemar, Ceste, MPX, Renosa e Vale - mais aquelas indicadas pela Fiema e Sedic.
As empresas que participarão
do processo de certificação do
Procem vão receber treinamentos e consultorias por meio de
auditores e consultores, podendo ao final do programa, obter o
selo de qualidade do Procem.
Para tanto, devem alcançar o ní-
vel de qualificação exigido nas
áreas da Qualidade e produtividade; Segurança do Trabalho,
Saúde e Meio Ambiente; Gestão
Contábil Tributária e Trabalhista; e Responsabilidade Social.
“É necessário que as nossas
empresas se capacitem para que
estejam preparadas para atender às demandas de bens e serviços dos empreendimentos e
dos novos investimentos que estão em implantação no estado”,
afirmou o representante da Sedic junto ao Procem, José Oscar
de Melo Pereira.
Para o superintendente corporativo do Sistema Fiema e superintendente regional do IEL,
Marco Antonio Moura da Silva,
a certificação é um diferencial
competitivo para as empresas
que passam pelo Procem. “Primeiro, a chance de superar eventuais problemas internos dentro
da empresa, melhorando processos e adotando modelos de
gestão em diferentes áreas, segundo a contínua obtenção de
um nível de qualidade superior
e diferenciado das demais empresas fornecedoras”, disse.
Moura ainda anunciou a parceria do IEL com o Sebrae em
Imperatriz, com o objetivo de capacitar as empresas da região,
ampliando o número de empresas atendidas para o interior, como parte da projeto da Fiema e
Sedic de regionalizar as ações de
desenvolvimento de fornecedores. Em sua sétima edição, o Procem já certificou 76 empresas
maranhenses e a oitava edição
deverá ter início já no segundo
semestre de 2011.
A moeda
americana foi
cotada em
R$ 1,6850
EURO
+0,68%
A moeda
européia foi
cotada em
R$ 2,2479
Aplicados
R$ 248 mi do
Crediamigo
no Maranhão
Em 2010, o Programa de Microcrédito Produtivo Orientado Urbano do Banco do Nordeste,
Crediamigo, desembolsou R$
248,5 milhões no Maranhão em
160 mil operações, crescimentos
de 33% e 25%, respectivamente.
O gerente de microfinanças
do Crediamigo no Maranhão,
Allanison Souza, destacou os
números aplicados em 2010 e
projetou novos recordes para
este ano. “Batemos recorde em
aplicação e na queda da inadimplência. Este ano, devemos
superar os R$ 300 milhões aplicados, e investir na contratação
de pessoal e abertura de novos
postos”, afirmou.
O estado possui 13 postos do
Crediamigo em funcionamento. A equipe no estado deve alcançar 370 pessoas em 2011,
atendendo a 100 mil clientes ativos para melhoria do acompanhamento e capacitação dos pequenos empreendedores do Maranhão”, acrescentou.
No Nordeste, o Crediamigo
desembolsou mais de R$ 2 bilhões, um crescimento de 38%
em relação a 2009, em mais de
1,6 milhão de operações.
Shopping entrega dois
carros a vencedores
da campanha de Natal
Estudante Elenilde
Silva e o gerente Alan
Jones Sevidanes
foram os sorteados
Gestores do Procem realizaram reunião técnica para relançar programa
DÓLAR
+0,95%
A estudante de Administração
Elenilde Caroline Silva e o gerente financeiro Alan Jones Luz Sevidanes foram os vencedores do
sorteio de dois carros da campanha de Natal do São Luís Shopping, encerrada dia 6 deste mês.
A entrega dos veículos foi feita na
Praça do Louvre, do shopping,
pelos superintendentes Ricardo
Debiase e Ireno Carvalho e o gerente de Marketing, Igor Quartin.
Mais de 250 mil cupons foram
colocados nas urnas durante a
campanha para o sorteio.
Ao receber as chaves dos veículos, os vencedores da campanha não escondiam a emoção
pelos valiosos prêmios. “Estou
muito feliz por ter ganho este
prêmio maravilhoso. Começo o
ano de 2011 com o pé direito”,
disse emocionada Elenilde Caroline, solteira, residente em São
Luís, que ganhou um Fiat Linea,
zero quilômetro. Ela participou
da promoção com sete cupons
relativos a notas fiscais de compras no HiperBompreço.
Não menos emocionado estava Alan Jones, que colocou na
urna cinco cupons de uma compra feita na loja TIM e faturou um
Fiat 500. “Foi uma feliz surpresa
receber informação do shopping
que era um dos vencedores da
campanha. Não esperava ganhar
esse carro, mas já que fui contemplado estou muito contente”,
disse o gerente financeiro ao lado da esposa, a quem deu o carro de presente.
Para os superintendentes Ricardo Debiase e Ireno Carvalho a
promoção encerrou com sucesso a campanha natalina de 2010
tendo em vista a quantidade expressiva de cupons colocados nas
urnas. Eles disseram que a campanha superou às expectativas.
O gerente de Marketing Igor
Quartin disse que a campanha
fortaleceu a relação com o público consumidor e demonstrou,
mais uma vez, que o São Luís
Shopping é a maior referência
para compras da capital maranhense, ao reunir expressivas
marcas de qualidade e de grande conceito nacional.
Divulgação
Ireno Carvalho, Igor Quartin, Elenilde Silva, Alan Jones e Ricardo Debiase
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