Manual Therapy, Posturology & Rehabilitation Journal
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O Efeito da mobilização neural do plexo braquial sobre a flexibilidade do membro inferior: um
estudo experimental duplo cego.
MTP&RehabJournal 2014, 12:439-454
Priscila de Souza Valente
Priscilane de Souza Valente
Augusta da Silva
Guilherme Peixoto Tinoco Arêas
Renato Campos Freire Júnior
Thiago dos Santos Maciel
Fernando Zanela da Silva Arêas
ISSN 2236-5435
Article type Research article
Submission date 7 March 2014
Acceptance date 11 June 2014
Publication date 18 June 2014
Article URL http://www.submission-mtprehabjournal.com
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Mobilização do plexo braquial e flexibilidade do membro inferior.
O Efeito da mobilização neural do plexo braquial sobre a
flexibilidade do membro inferior: um estudo experimental
duplo cego.
Effects of neural
mobilization in
the
force,
resistance
and
muscle
recruitment for wristflexors.
Instituto de saúde e biotecnologia, Universidade Federal do Amazonas (ISB/Coari),
Manaus (AM), Brazil.
Priscila de Souza Valente(1), Priscilane de Souza Valente(1), Augusta da Silva(2),
Guilherme Peixoto Tinoco Arêas(3), Renato Campos Freire Júnior(3), Thiago dos
Santos Maciel(4), Fernando Zanela da Silva Arêas(5).
1 – Fisioterapeuta, Universidade Federal do Amazonas (ISB/Coari), (AM), Brasil.
2 – Acadêmica do curso de Fisioterapia, Universidade Federal do Amazonas (ISB/Coari), (AM), Brasil.
3 –Docente do curso de Fisioterapia, Universidade Federal do Amazonas (ISB/Coari), Manaus (AM), Brasil.
4 - Doutor em Engenharia Biomédica, Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), São José dos Campos
(SP), Brasil.
5 –Doutorando em neurociências; docente do curso de Fisioterapia, Universidade Federal do Amazonas
(ISB/Coari), (AM), Brasil.
Autor Correspondente:
Fernando Zanela da Silva Arêas.
Rodovia Amaro Antônio Vieira 2651, Itacorubi, Florianópolis – SC. CEP 88034-101.
e-mail: [email protected]
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Priscila S Valente, Priscilane S Valente, Augusta Silva, Guilherme P T Arêas, Renato C Freire Jr, Thiago S Maciel, et al.
RESUMO
Introdução: A técnica de mobilização neural promove facilidade na realização do
movimento e a elasticidade do sistema nervoso, gerando e aperfeiçoando suas funções
normais, com consequente aumento da amplitude de movimento. Objetivo: O objetivo
do presente estudo foi avaliar os efeitos da mobilização neural do plexo braquial sobre o
ganho de amplitude de movimento nos membros inferiores em indivíduos assintomáticos.
Método: A avaliação foi realizada em três momentos, pré- mobilização neural, pósimediato e pós-tardio, por meio do teste do 3º dedo solo e da fleximetria. A técnica de
mobilização neural do plexo braquial foi aplicada durante dez dias, sendo três sessões
semanais até completar dez dias (período de quatro semanas), realizadas em dias
alternados, com intervalo mínimo de 24 horas entre as sessões. A amostra foi composta
por 17 estudantes universitárias sedentárias, na faixa etária de 18 a 30 anos, com idade
média de 22,29 ± 2,62 anos. Toda a análise estatística foi realizada com p<0,05.
Resultados: Na avaliação dos músculos isquiotibiais e quadríceps com o flexímetro não
houve um ganho estatisticamente significante da amplitude de movimento após a
mobilização neural, porém, houve um aumento significativo da flexibilidade global
avaliada com o teste do 3º dedo solo para alcance do dedo esquerdo. Conclusão: No
presente estudo a mobilização neural do plexo braquial não obteve eficácia para o ganho
de amplitude de movimento dos membros inferiores em indivíduos assintomáticos.
Entretanto, os resultados mostraram ganho da flexibilidade global para alcance do dedo
esquerdo.
Palavras-chave: Fisioterapia, manipulações musculoesqueléticas, plexo braquial
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Mobilização do plexo braquial e flexibilidade do membro inferior.
ABSTRACT
Introduction: The technique of neural mobilization promotes ease in carrying out the
movement and they elasticity of the nervous system, creating and perfecting straining
their normal functions, with resulting increase in range of motion . Objective: The aim of
this study was to evaluate the effects of neural mobilization of the brachial plexus on the
gain range of motion in the lower limbs in asymptomatic individuals. Method: The
evaluation was conducted in three steps , immediate post-neural pre-mobilization and
post - late , by testing the 3rd finger to the ground test and fleximetry. The technique of
brachial plexus neural mobilization was applied for ten days, with three weekly sessions
to complete ten days (four weeks), performed on alternate days, with a minimum
interval of 24 hours between sessions. The sample consisted of 17 sedentary college
students, between 18 and30 years, . All statistical analysis was performed with (p<0.05).
Results: In assessing the hamstrings and quadriceps with fleximeter there was not a
statistically significant gain range of motion after neural mobilization , however, there
was a significant increase in overall flexibility evaluated with the test of the 3 rd finger soil
to reach the left finger. Conclusion: In this study, neural mobilization brachial plexus
got no efficacy to gain range of motion of the lower limbs in asymptomatic individuals.
However, the overall results showed earned flexibility to reach the left finger.
Keywords: physiotherapy, neural mobilization, musculoskeletal manipulations, brachial
plexus
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Priscila S Valente, Priscilane S Valente, Augusta Silva, Guilherme P T Arêas, Renato C Freire Jr, Thiago S Maciel, et al.
INTRODUÇÃO
A mobilização neural (MN) tem sido bastante descrita na literatura nas últimas
décadas. A ideia de aplicação da MN tem como fundamento promover a restauração do
movimento funcional, através de movimentos oscilatórios passivos ou ativos. Ao longo
dos anos a MN vem se aprimorando tanto na teoria quanto na aplicação clinica.(1,2)
O Sistema Nervoso (SN) tem como principal função a condução de impulsos
sendo extremamente dependente de sua função mecânica para um bom funcionamento.
A
interligação da função mecânica e fisiológica do SN foi
reunida no termo
neurodinâmica. Se este sistema está apresentando harmonia neurodinâmica, significa
que suas propriedades mecânicas e fisiológicas estão normais.(3)
A Mobilização Neural é realizada através do aumento de tensão sobre o sistema
nervoso, mediado por determinadas posturas, seguida de movimentos lentos e rítmicos
direcionados aos nervos periféricos e à medula espinhal, proporcionando melhora da
condutibilidade do impulso nervoso. Esta técnica apresenta alguns efeitos como:
restauração do movimento e a elasticidade do sistema nervoso (SN), o que promove o
retorno às suas funções normais.(4)
A técnica de mobilização neural promove melhora na realização do movimento,
aperfeiçoando suas funções normais, com aumento da amplitude. O efeito alcançado
ocorre devido ao fato de que o sistema nervoso possui uma interface mecânica que
consiste em tudo que reside próximo ao redor do nervo, como: tendão, músculo, osso,
discos intervertebrais, ligamentos, fáscia e vasos sanguíneos; comporta-se como um
telescópio flexível em que está contido o SN.(5)
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Mobilização do plexo braquial e flexibilidade do membro inferior.
É natural que durante o cotidiano o sistema nervoso se adapte a alterações
mecânicas,
e
passe
por
situações
de:
estiramentos,
deslizamentos,
mudanças
transversais, e compressões mecânicas.(6)
A aplicação da mobilização neural tem aumentado significativamente nos últimos
anos, entretanto, são escassas evidências sobre os efeitos desta técnica de terapia
manual, o que justifica o aumento do interesse dos pesquisadores da área para
investigar os efeitos mecânicos e fisiológicos da mobilização neural.
Dessa forma, com base nas informações apresentadas presume-se que a
mobilização do membro superior resultaria numa maior amplitude de movimento (ADM)
dos membros inferiores. Diante desse contexto, o presente estudo tem como objetivo
avaliar os efeitos da mobilização neural do plexo braquial sobre o ganho de amplitude de
movimento nos membros inferiores em indivíduos neurologicamente assintomáticos.
MÉTODO
Desenho do Estudo
O presente estudo foi do tipo experimental, randomizado e cego, realizado no
laboratório de Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) - Campus Médio
Solimões.
Aspectos Éticos
Todas as voluntárias receberam informações para a participação no projeto e
assinaram um termo de consentimento formal, concordando em participar da pesquisa,
de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Para tanto, os
procedimentos realizados respeitaram os preceitos éticos postulados pelo comitê de Ética
da Universidade Federal do Amazonas número 12739713.3.0000.5020.
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Critério de Inclusão e Exclusão
Participaram do estudo 19 voluntárias, alunas da Universidade Federal do
Amazonas, com idade média de 22,29 ± 2,62 anos. Os critérios de inclusão foram: ter
idade entre 18 e 30 anos; ser do sexo feminino, para garantir maior homogeneidade da
amostra; sedentárias de acordo com o Questionário Internacional de Atividade Física
versão 8 (IPAQ-8); e se propor a não participar de nenhum programa de exercício
durante o treinamento, consentir em participar do estudo e assinar o termo de
consentimento, livre e esclarecido. Critérios de exclusão: apresentação de patologias
limitantes
da
amplitude
de
movimento,
presença
de
patologias
neurológicas,
musculoesqueléticas, reumáticas e tráumato-ortopédicas, voluntárias com alteração de
pressão arterial, portadoras de diabetes mellitus, com problemas cardíacos, se referir
dor, ou que não comparecessem às avaliações e/ou intervenções. Três participantes,
devido às faltas, não completaram o tratamento. Dessa forma, a amostra final foi
constituída por 16 mulheres.
Instrumentação
Os instrumentos utilizados na coleta de dados foram: uma ficha de identificação;
o Questionário Internacional de Atividade Física, versão curta; uma balança digital da
marca Balg 1FW, máx. 150 Kg, d=– 0,1Kg G.TECH; um estadiômetro portátil (Edulab);
um esfignomanômetro; um flexímetro produzido pelo Instituto Code de Pesquisa e
Comércio Ltda., uma fita métrica; um rolo e maca para as sessões de mobilização.
Procedimentos
As coletas dos dados foram realizadas por três pessoas: a primeira avaliadora
preencheu uma ficha de identificação e avaliação do nível de atividade física. Todos os
voluntários responderam ao questionário International Physical Activity Questionnaire
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Mobilização do plexo braquial e flexibilidade do membro inferior.
versão 8 (IPAQ-8), forma curta, validada no Brasil. Este teve sua validade testada no
Brasil por Matsudo et al. O IPAQ, versão 8, em sua forma curta, aborda a quantidade de
dias e minutos das atividades físicas realizadas como atividades de lazer, ocupacionais,
locomoção e trabalho doméstico. A pontuação foi obtida pela soma da quantidade de dias
e
minutos
ou
horas
das
atividades
físicas
realizadas
na
semana
anterior
ao
preenchimento do questionário. Considerando os critérios frequência, intensidade e
duração,
os
níveis
de
atividade
física
foram
assim
classificados:
sedentário,
insuficientemente ativo, ativo e muito ativo. Dos quais somente os indivíduos
classificados como sedentários foram selecionados.
A segunda avaliadora fez a avaliação da flexibilidade através do “Teste do Terceiro
Dedo ao Solo” e da fleximetria dos músculos quadríceps e isquiotibiais. A referida
pesquisa teve três etapas de avaliação da flexibilidade: antes da intervenção (prémobilização); logo após a aplicação da mobilização neural (pós-imediato, primeira
sessão); e 10 dias após a última intervenção (pós-tardio). Para o mesmo foi feito um
sorteio aleatório dos métodos de avaliação, dos membros (direito e esquerdo), e
músculos a serem avaliados primeiro, seguindo a mesma ordem na reavaliação pósimediata e pós-tardia.
O primeiro método de avaliação consistiu na flexão de joelho com o indivíduo em
decúbito ventral, com um rolo acima da região da patela para e com a utilização de um
flexímetro fixado ao tornozelo das voluntárias. Durante essa flexão de joelho (até o
individuo referir alongamento dos músculos posteriores da coxa) o aparelho indicava o
valor obtido em graus (°) pelo indivíduo em cada tentativa, que foi imediatamente
anotado pelo avaliador. O segundo consistiu na extensão da perna com o indivíduo em
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decúbito dorsal (até o individuo referir alongamento dos músculos posteriores da coxa),
com o flexímetro fixado na mesma área que na posição anterior.
A terceira avaliação foi através do Teste 3º Dedo Solo mede a flexibilidade global
do individuo, em flexão máxima de tronco, sem flexão de joelhos e com a cabeça
relaxada. Com uma fita métrica deve ser medida a distância entre o terceiro dedo das
duas mãos e o solo. Os voluntários realizaram três tentativas em ambos os métodos de
avaliação e apenas a média foi considerada na análise dos dados. O fluxograma resume
os procedimentos realizados, neste estudo (Figura 1).
Figura 1. Fluxograma do estudo.
Sessões de mobilização
A terceira pessoa aplicou a técnica de mobilização do plexo braquial do primeiro
ao décimo dia. O procedimento foi realizado em quatro etapas em uma série de
movimentos passivos e oscilatórios durante 40 segundos. O terceiro avaliador posicionou
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Mobilização do plexo braquial e flexibilidade do membro inferior.
o participante em decúbito dorsal (DD) sobre uma maca para submetê-lo ao mobilização
do plexo braquial.
Envolve a aplicação de movimentos, em sequência, de depressão da cintura
escapular, abdução do ombro a 90°, rotação lateral do ombro, supinação do antebraço,
extensão do punho e dedos, extensão do cotovelo, além de flexão cervical para o lado
oposto como manobra de sensibilização. Teste de avaliação neurodinâmica do nervo
mediano 1 (ULTT1). O programa constou de quatro etapas:

Etapa 1: movimentos oscilatórios de depressão da cintura escapular;

Etapa 2: movimentos oscilatórios de flexão cervical;

Etapa 3: movimentos oscilatórios de depressão da cintura escapular associado a
flexão cervical;

Etapa 4: movimentos oscilatórios de depressão da cintura escapular seguido de
flexão cervical.
Foram realizadas 10 sessões, sendo três sessões semanais até completar dez dias
(período de quatro semanas), realizadas em dias alternados, com intervalo mínimo de 24
horas entre as sessões. As técnicas eram realizadas com intervalo de 1 minuto entre as
etapas e mantidas até o final do tratamento.
Os dados foram tabulados através da média ± desvio padrão da média (DP). Para
determinar a normalidade dos dados foi utilizado o teste de Shapiro – Wilk. Para os
valores paramétricos foi utilizado o teste de ANOVA. Para o teste não paramétrico foi
utilizado o teste de Friedman Foi aceito como valor significante p < 0,05. O programa
estatístico utilizado foi o BioEstat.5.0 ®. (Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil).
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RESULTADOS
A amostra estudada apresentou idade média de 22,29 ± 2,62 anos, a tabela 1
mostra o comportamento do grupo controle nas três etapas do programa na avaliação
com o flexímetro: pré, pós-imediato e pós-tardio. No flexímetro (tabela 1), o grupo
obteve como médias, em relação aos momentos pré, pós-imediato e pós-tardio,
respectivamente: 124º (± 8,9), 128º (± 17,2), 123º (± 9,3) para quadríceps direito;
122º (± 8,8), 120º (± 9,4), 122º (± 10,3) para quadríceps esquerdo; 67º (± 11,5), 66º
(± 11,7), 69º (± 9,4) para isquiotibiais direito; 68º (± 13,1), 70º (± 10,2), 69º (± 9,8)
para isquiotibiais esquerdo, não apresentando diferença estatisticamente significante
entre os grupos estudado (p >0,05).
Tabela 1. Valores da fleximetria dos membros inferiores antes, imediatamente após e
tardiamente após a mobilização neural dos membros superiores. Dados expressos como
média ± DP (n = 17)
Antes
Imediatamente Após
Tardiamente Após
Quadríceps Direito
124º ± 8,9
128º ± 17,2
123º ± 9,3
Quadríceps Esquerdo
122º ± 8,8
120º ± 9,4
122º ± 10,3
Isquiostibiais Direito
67º ± 11.5
66º ± 11,7
69º ± 9,4
Isquiostibiais Esquerdo
68º ± 13,1
70º ± 10,2
69º ± 9,8
A tabela 2 apresenta os dados relacionados ao teste do 3 o dedo ao solo podendose observar os seguintes valores nos três momentos: 6,7cm (± 6,8), 5,7cm (± 6,3) e
3,3cm (± 4,5) para o alcance do dedo direito e 7,6cm (± 7), 6,4cm (± 6,4) e 3,9cm (±
4,8) para o alcance do dedo esquerdo. Apesar de não se obter diferença estatística
(p>0,05), a variação observada do pré ao pós-tardio obteve uma redução de 3,4cm no
membro direito. Todavia, do pré ao pós-tardio o alcance do dedo esquerdo apresentou
diferença estatística significante (p < 0,05).
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Mobilização do plexo braquial e flexibilidade do membro inferior.
Tabela 2. Valores do teste do 3o dedo ao solo antes, imediatamente após e tardiamente
após a mobilização neural dos membros superiores. Dados expressos como média ± DP
(n = 17).
Antes
Imediatamente Após
Tardiamente Após
Direito
6,7cm ±6,8
5,7cm ± 6,3
3,3cm ± 4,5
Esquerdo
7,6cm ±7,0
6,4cm ± 6,4
3,9cm ± 4,8*
* Diferença entre Antes e Tardiamente após (p < 0,05)
DISCUSSÃO
Os benefícios da mobilização neural têm sido amplamente pesquisados no
diagnóstico clínicos de neuropatias como, por exemplo, a síndrome do túnel do carpo(7) e
também como recurso terapêutico manual, visando o aumento nas atividades musculares
e manutenção dos níveis de força buscando-se retarda o processo de fadiga muscular(2)
além disso tem se buscado verificar a eficácia da técnica quanto ao ganho de amplitude
movimento em indivíduos assintomáticos.(8)
O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos da mobilização neural do plexo braquial
sobre o ganho de amplitude de movimento nos membros inferiores em indivíduos
assintomáticos. Os resultados mostraram que na avaliação de flexibilidade dos músculos
isquiotibiais e quadríceps com o flexímetro não houve um ganho significativo da
amplitude de movimento após a mobilização neural, porém, houve um aumento
significativo da flexibilidade global avaliada com o teste do 3º dedo solo para alcance do
dedo esquerdo.
Muitas disfunções do sistema músculo esquelético são provenientes de alterações
do sistema nervoso, ou repercute no mesmo. A mobilização neural é uma técnica
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terapêutica indicada para o tratamento destas disfunções, mas as técnicas de tratamento
sugeridas apresentam limitadas evidências.(9)
Os mecanismos fisiológicos responsáveis pelos efeitos terapêuticos da mobilização
neural não são claros, entretanto um dos efeitos da mobilização neural mais descritos na
literatura está relacionada à flexibilidade.(10)(11)(12)(13) A tixotropia neural ocorre de
maneira global, pois o sistema nervoso está interligado, sendo assim ao se realizar um
movimento em uma extremidade automaticamente favorece a elasticidade dos tecidos
nos demais seguimentos.(1)(14)(15)(16)(17)(18)
Os resultados desta pesquisa, de certa forma é antagonista com a teoria de que a
mobilização neural atua de forma indireta no lado contra-lateral ao do dimidio alvo do
tratamento, idéia esta baseada na continuidade do tecido nervoso periférico. Importante
ressaltar que não existem estudos que mostram mais evidências sobre o efeito da
mobilização neural de forma indireda, ou seja, no quadrande oposto ou lado oposto ao do
tratamento. Em um estudo, Brown et al demonstrou que o fluido interno do nervo de
cadáveres se movimentou após a aplicação da mobilização neural, sugerindo que esta
técnica favorece o transporte axonal e consequentemente o funcionamento do nervo
periférico.
Em outro trabalho, Shacklock demonstra a influencia da mobilição neural na
tensão dos nervos, melhorando a flexibilidade por diminuir a tensão do nervo e do tecido
muscular. No presente estudo embora a flexibilidade isolada dos músculos do membro
inferior não tenham se alterado de forma significativa, a flexibilidade global analisada por
meio do teste do terceiro dedo foi alterada, sugerindo que a mobilização do plexo( que
foi realizada somente de um lado) tenha diminuído a tensão neural de todo o membro
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Mobilização do plexo braquial e flexibilidade do membro inferior.
superior alterado a flexibilidade da coluna lombar. Mais estudos são necessários para
identificar as variáveis somente nos membros inferiores, ou, de um mesmo dimidio, ou
estudos futuros podem mostrar que a mobilização neural pode alterar a flexibilidade em
lugares específicos.
CONCLUSÃO
No presente estudo conclui-se que a mobilização neural não alterou de forma
significativa a flexibilidade nos membros inferiores, no entanto houve diferença na
flexibilidade global, sugerindo a necessidade de mais estudos sobre o assunto e para
uma melhorar identificação sobre os reais efeitos indiretos da mobilização neural.
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