OS MOVIMENTOS POPULARES PARA A REABERTURA POLÍTICA NO INTERIOR DO PARANÁ Felipe Melo de Carvalho PIBID/História/UEL Resumo: O presente projeto foi elaborado para o Programa Institucional de Bolsa da Iniciação à Docência (PIBID) de História na Universidade Estadual de Londrina (UEL), e trata do período da ditadura militar no Brasil. Durante asdécadas de 60,70 e 80 estava em operação no Brasil a Ditadura Militar que representou uma série de acontecimentos em território nacional. Normalmente os estudos evidenciam mais os movimentos de resistência ao regime ditatorial nas capitais e cidades maiores, em detrimento das cidades menores.Este trabalho mostrará uma parte da participação de Londrina nos movimentos pela abertura política e econômica do país: um exemplo disso é a passeata que ocorreu em Londrina em 02 de Abril de 1984, que arrastou para as ruas mais de 40mil londrinenses em busca das eleições diretas no país, mesmo sendo uma cidade do interior do Paraná, foi um importante foco de oposição à ditadura. Estetrabalho é formado à partir de pesquisas realizadas através da análise das reportagens de algumas edições do jornal Folha de Londrina, com a finalidade de expor que não só os grandes centros urbanos estavam experimentando as ações da sociedade descontente com o regime, mas sim todas as regiões, inclusive o interior paranaense. Palavras-chave: Jornal Folha de Londrina; Ditadura Militar; Londrina. Financiamento: CAPES O PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) é um programa nacional com a finalidade de dar suporte a estudantes de licenciatura com a intenção de formar melhores professores, por intermédio de um maior contato com a sala de aula, que será o futuro objeto de trabalho dos 2587 estudantes. O PIBID age não somente inserindo os estudantes na sala de aula como também promovendo pesquisas e produções bibliográficas como modo de melhor capacitar os futuros profissionais. O PIBID tem como professores coordenadores a Prof. Drª. Marlene Cainelli que além de coordenadora do PIBID também é docente do curso de História, junto com o Prof. Dr. Marco Antonio Soares e o Prof. Dr. Márcio Santana. Neste presente artigo, será apresentado um trabalho sobre a participação do interior paranaense, mais especificamente a cidade de Londrina, no movimento pelas “diretas já” que ocorreu no fim da Ditadura Militar Brasileira, que foi o tema de cinco aulas-oficinas ministradas no Colégio Estadual Barão do Rio Branco na turma de 8° ano, que correspondem à antiga sétima série do ensino fundamental, da Professora Sirlene Brandino que também participa do PIBID de historia da UEL como Professora Supervisora, junto com alguns outros professores do ensino público londrinense fundamental e médio. O nosso artigo tem como base o Jornal de Londrina publicado no dia três de Março de 2014 em comemoração ao movimento que ocorreu em Londrina pela mudança no sistema de eleição dos representantes populares brasileiros, dentre outros artigos de apoio. Com o avanço da guerra fria e a crescente tensão entre os blocos capitalistas, liderado pelos Estados Unidos e seguido dos países participantes da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), e o bloco comunista, liderado pela então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e seguida pelos países participantes do pacto de Varsóvia. O Brasil se encontrava no meio desse conflito ideológico e econômico, e junto com outras repúblicas latinas da América do Sul sofre uma intervenção externa em sua administração interna sob o pretexto de manter a democracia longe dos perigos ditatoriais do comunismo. Com isso, o Brasil e outros países sofrem golpes políticos, a liderança dos paísessão trocadas por militares que distanciam o Brasil do comunismo e garantem manter a democracia a todo custo, mesmo que isso signifique praticar atos que até então eram ilegais, como a prisão de pessoas que eram tidas como contrárias ao regime, como podemos ver nesse fragmento: 2588 Em abril de 1964, os militares derrubaram o Presidente João Goulart e ocuparam o poder, erguendo no país um poderoso sistema de repressão e controle. No mesmo momento da deposição de Goulart, procurou-se apresentar a sucessão não como o que ela foi de fato, a derrubada de um mandatário eleito pelo povo e sua substituição por um general indicado pelas Forças Armadas, mas comouma “eleição indireta”, levada a cabo pelo Legislativo. Conforme D. Paulo Evaristo Arns, em seu pronunciamento, Castello Brancodeclarou defender a democracia, porém, logo ao começar seu governo, assumiu uma posição autoritária. Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de,em 1965, dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares federais e estaduaistiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos políticos econstitucionais bloqueados e os sindicatos receberam intervenção do governomilitar. Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só estava autorizado ofuncionamento de dois partidos: o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de oposição, de certa forma controlada, o segundo representava os militares. (Marcelino. 2005, p 02–03). Como podemos ver no fragmento acima, o Brasil passa por uma mudança drástica em seu cenáriopolítico, onde todos os partidos são extintos, sobrando apenas dois e com isso a ditadura se torna legítima com uma nova constituição, ou seja, os militares tomam para si o poder de todos os meios de comunicação e estruturas de poder do Brasil. Não tardou e a resistência começou a se articular, com a UNE (União Nacional dos Estudantes), trabalhadores e até mesmo a Igreja que outrora fora complacente com regimes ditatoriais comoo Nazismo e Fascismo, reforçada nesse trecho: Desde 1966, passado o primeiro impacto da repressão, a oposição vinha se rearticulando. Muitos membros da hierarquia da Igreja se defrontaram com o governo, destacando-se no Nordeste a atuação do arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara. Os estudantes começaram também a se mobilizar em torno da UNE. [...] Ao mesmo tempo ocorreram duas greves operárias agressivas – as de Contagem, perto de Belo Horizonte, e de Osasco, na Grande São Paulo. Enquanto a de Contagem foi até certo ponto espontânea, a de Osasco resultou de um trabalho conjunto de trabalhadores e estudantes, começando com a ocupação de uma grande empresa. A prova de força deu mal resultado. O Ministério do Trabalho interveio no Sindicato dos Metalúrgicos e um pesado aparato militar realizou, com emprego de violência, a desocupação da empresa. (Fausto. 2006, p. 264). Portanto, mesmo com a resistência, armada ou não, os estudos são focalizados em grandes centros como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de 2589 Janeiro, Olinda e Recife, deixando a impressão de que apenas capitais dos estados lutavam contra o regime. Mas ao analisar alguns periódicos da época, conseguimos ver que tem uma publicação do Jornal de Londrina que data do ano de 2014 relatando uma passeata que move para as ruas praticamente 16% da população, mostrando que o interior também atuava na resistência. Veja bem, Londrina na época era uma cidade relativamente nova, que amargava com uma geada que recentemente destruíra sua principal economia que era a cafeicultura e ainda assim encontrou forças para ir às ruas lutarem por direitos, como podemos ver nesse trecho retirado do Jornal de Londrina: A quantidade de pessoas que foi no encontro londrinense correspondeu a 16% da população local, que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), era de 301 mil habitantes. O público ocupou todos os espaços que iam do palanque montado perto da esquina com a Rua Hugo Cabral até a Rua João Cândido, ocupando também parte das ruas que cruzam a Avenida Paraná. Além dos políticos locais, nomes nacionais marcaram presença, casos do deputado federal Ulysses Guimarães, conhecido por presidir o Congresso durante a Constituinte de 1988; do exgovernador paulista Mário Covas; e de Luiz Inácio Lula da Silva. (Fausto, 2006, p. 264). Como podemos perceber o movimento de resistência não foi algo monopolizado aos grandes centros urbanos brasileiros, mas a toda sociedade brasileira, desde pequenas cidades do interior até uma Megalópole como São Paulo. Depois dessa pesquisa feita sobre a Ditadura Militar Brasileira (1964 1985), o Pibid nos proporcionou a entrada em sala de aula para aplicar esses estudos aos alunos do oitavo ano do ensino fundamental, da Professora Sirlene Brandino. Após o planejamento das oficinas e de uma pesquisa de como melhor trabalhar esse conteúdo e as observações feitas da turma, decidimos que passaríamos fragmentos do filme “A Onda” como uma introdução ao conteúdo, destacando as características dos governos totalitários, pois no oitavo ano os alunos estão estudando as monarquias absolutistas europeias e com isso passamos o filme para criarmos uma ligação, mesmo que anacrônica, com os monarcas absolutistas e os ditadores brasileiros. 2590 No decorrer da oficina, no primeiro momento, nós fizemos a comparação com os regimes absolutistas e a ditadura brasileira e após isso nós demonstramos um breve resumo de cada presidente da ditadura militar no Brasil e seus principais feitos durante seu tempo no poder Executivo. Após a amostragem dos ditadores entramos no tema principal, que era a participação londrinense na resistência á ditadura, com sua passeata de 50 mil cidadãos em suas ruas no dia Dois de Abril de 1984, e com isso seguimos para a atividade avaliativa, em que foi proposto aos alunos que se organizassem em grupos de quatro ou cinco alunos e que eles seriam responsáveis pela criação de um jornal com quase todas as partes, desde o título, a manchete, quadrinhos e anúncios importantes. Porém, esse jornal deveria ser um jornal da resistência que tivesse a finalidade de informar os combatentes sobre as ações governamentais. Para concluir, destacamos o fato de que as crianças nas escolas estão tendo o contato com esse período da história brasileira, mas não estão sentindo que isso ocorreu próximo a elas, a não ser que sejam crianças que estudem em escolas de capitais estaduais, como foi observado a curiosidade e o espanto em saber que Londrina também teve seu lugar na resistência e também na ação do governo militar, colocando sua censura na universidade e nos periódicos da época. Um resultado que obtivemos com as nossas aulas e pesquisas, foi que os alunos não são alheios do conhecimento, pois ate mesmo uma turma de oitavo ano que nunca havia estudado sobre ditadura, souberam muito bem como organizar aquela nova cognição apenas com algumas correlações feitas pelos professores, ligando as monarquias absolutistas aos ditadores brasileiros. Bibliografia MARCELINO, Mariane. A DITADURA MILITAR BRASILEIRA E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO DE HISTÓRIA, criciúma, 2005, Tese (Defesa de Mestrado em Historia). Universidade do Extremo Sul Catarinense. 2591 FAUSTO, Boris. O REGIME MILITAR E A TRANSIÇÃO PARA A DEMOCRACIA (1964 - 1984). In: FAUSTO, Boris. Historia concisa do Brasil. São Paulo, 2006. Jornal de Londrina, 30/03/2014, A mobilização pelas Diretas Já que tomou conta de Londrina, Silveira, Fabio. Jornal Online. 2592