44a REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO 18o ENCONTRO NACIONAL DE CONSERVAÇÃO RODOVIÁRIA 44a RAPv / 18O ENACOR Foz Do Iguaçu-PR – Brasil – 18 A 21 de Agosto de 2015 UMA ANÁLISE DO CUSTO UNITÁRIO PARA CONSERVAÇÃO DE UM PAVIMENTO ASFÁLTICO LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO SUA DEGRADAÇÃO Rafael Rodrigues Teixeira 1; Jorge Akishino 2; Oscar A. Da Silva Gayer3; Celso Marcelo Zen Franco4 RESUMO O DER/PR promove anualmente, em aproximadamente 10.000km de rodovias estaduais, o levantamento da condição do pavimento classificando-os em condições Ruim, Péssima, Regular, Boa e Muito Boa, através do Sistema de Administração de Manutenção (SAM). Em resposta a este levantamento, desenvolve-se programas de conservação rodoviária utilizando-se métodos de execuções através de manutenções padrões e soluções técnicas gerenciais. Durante o andamento do programa de conservação, e também ao seu final, efetuam-se analises de seus resultados, a nível de investimento e de condição da malha. Observou-se que existe uma evolução significativa nos custos unitários (R$/km) quando as ações, em certos trechos, são transferidas ou postergadas. Assim, desenvolveu-se uma Curva de Degradação, levando-se em consideração os mesmos critérios do SAM, para diferentes tipos de revestimentos e VDM, tendo a variável Custo Unitário nas ordenadas e a Condição do Pavimento nas abscissas. A resposta da Curva de Degradação permitiu classificar níveis de custos unitários para determinadas condições de pavimento e diferentes tipos de revestimentos e VDM. Após desenvolvimento da Curva de Degradação estudou-se a evolução real, no tempo, de um determinado trecho pertencente ao Sistema Rodoviário Estadual. Como resposta, verificou-se que o quanto antes for realizada uma ação de conservação, menor será o investimento futuro a ser aplicado, motivando-se assim o órgão a manter os programas de gestão de conservação evitando a evolução da degradação do pavimento e consequentemente o aumento, quase que exponencial, de investimentos anuais. PALAVRAS-CHAVES: Degradação de um Pavimento, Custo Unitário de Investimento, Conservação de Rodovias ABSTRAT The Paraná State Department of Highways (DER/PR) carries out, annually, in approximately 10,000 km of state highways, an analysis of the pavements conditions, classifying them as Very Bad, Bad, Regular, Good and Very Good, through the Maintenance Management System (MMS). In response to this analysis, the Department develops road maintenance programs using standard maintenance methods and managerial technical solutions. During the execution of the road maintenance program, as well as at its end, financial and technical analysis are made. It was observed that there is a significant increase in unit costs (R$/km) when the actions are transferred or postponed. Thus, a pavement degradation curve was developed, under the same criteria of the MMS, for different types of pavement coating and Average Daily Traffic (ADT) values, with the Unit Cost variable on the Y axis and the Pavement Condition variable on the X axis. The degradation curve allowed the establishment of Unit Cost levels for determined pavement conditions and different types of coatings and traffic levels (ADT). After the development of the degradation curve, an actual evolution of a given road segment from the Paraná State Highway System was studied. As an outcome from this study it could be observed that the sooner a conservation action is taken, the lower the future investment to be implemented will be, encouraging the Department to maintain its Conservation Management Programs, thus avoiding the evolution of the pavement degradation and the consequent increase, in an almost exponential rate, of the annual investments. KEY WORDS: Degradation Curve, Cost Investment Unit , Maintenance of Pavement 1 M.Sc. Engenheiro Civil da CGM – Diretoria de Operações – DER/PR Engenheiro Civil - Coordenador da CGM – Diretoria de Operações – DER/PR 3 Engenheiro Civil da DT – Coordenador da COD – Diretoria Técnica – DER/PR 4 Engenheiro Civil da CGM – Diretoria de Operações – DER/PR 2 INTRODUÇÃO O DER/PR promove anualmente o levantamento da condição do pavimento, classificando-as em condições péssima, ruim, regular, boa e muito boa, e desenvolve, através dos resultados deste levantamento, o Programa Estadual de Recuperação e Conservação de Estradas Pavimentadas (PERC), adotando-se soluções de conservação através de manutenções padrões, com base no Sistema de Administração da Manutenção (SAM) e de soluções técnicas gerenciais, DER/PR (1979). Os sub-programas embutidos no Programa PERC são: Conservação de Pavimentos (COP), Conservação e Recuperação Descontínua com Melhoria do Estado do Pavimento (CREMEP) e a Conservação da Faixa de Domínio (FXD), DER/PR-PERC (2011). Através do sub-programa COP realizam-se ações de conservação em aproximadamente 8.000 km de rodovias, em trechos ou segmentos descontínuos empregando-se soluções de reparos localizados e correções superficiais descontínuas, micro revestimentos e recapeamento de espessuras esbeltas (reperfilagens). Pelo sub-programa CREMEP adota-se um sistema de conservação através da aplicação de soluções técnicas gerenciais, em aproximadamente 2.000km de rodovias pavimentadas, serviços com um nível de conservação mais complexo que os executados pelo COP, DER/PR-COP (2011) e DER/PR-CREMEP (2011). Juntamente com os sub-programas de conservação de pavimento (COP e CREMEP) são realizadas, nos 12.000km de rodovia, as ações de conservação da Faixa de Domínio (FXD), que consiste em serviços de capina, roçada, limpeza de sinalização, desobstrução de bueiros, pintura de sarjetas e pontes, completando assim o Programa PERC. Realiza-se durante o andamento de todos os contratos de conservação (COP, CREMEP e FXD) uma análise mensal dos investimentos aplicados e, anualmente, executa-se a avaliação da condição do pavimento em toda a malha pavimentada pertencente ao Sistema Rodoviário do Paraná. Com o resultado desta análise mensal de investimento e anual da condição da malha, observou-se o crescimento do custo unitário (R$/km). Pela preocupação na evolução do custo unitário motivou-se a execução de uma curva de degradação do pavimento, utilizando-se os mesmos critérios do SAM, onde se pudesse classificar faixas das condições do pavimento juntamente com o tipo do revestimento e, também, do Volume Médio Diário de Veículos. Como resultado desta curva de degradação estudou-se seu comportamento através de um caso real, onde as soluções de conservação tiveram sua prioridade alterada, ou, ocorreu-se um espaço grande de dias entre o fim de um contrato e início de outro. Em análise final, observou-se, através do estudo de um caso real, que o quanto antes se realizar ações de conservação e/ou recuperação, menor será o investimento a ser despendido pelo governo em situações futuras, motivando-se assim as manutenções dos Programas de Conservação 2 Rotineiras e Periódicas, afim de que as rodovias não sofram um elevado grau de degradação propiciando altos investimentos em rodovias. SISTEMA DE ADMINISTRAÇÃO DA MANUTENÇÃO (SAM) Desde 1981, o DER/PR utiliza o Sistema de Administração da Manutenção Rodoviária – SAM , como instrumento normativo básico para o planejamento, execução e controle dos planos e programas de conservação rodoviária, DER/PR (1979). O SAM é um conjunto de atividades sistematizadas para: • • • • o desenvolvimento do plano anual de manutenção; elaboração do orçamento anual; execução do plano anual de manutenção; o controle e avaliação do desempenho das atividades de manutenção rodoviária. O projeto resultante da análise através do SAM, tem por objetivo indicar os serviços, quantidades, e custos necessários de conservação rotineira de pavimento, específicos para cada trecho que compõe o lote a ser licitado, em função da condição do pavimento existente, volume de tráfego médio diário e outros fatores intervenientes. A partir das condições descritas anteriormente, o SAM aplica um nível de esforço para cada serviço representando a necessidade, em termos quantitativos, para que o elemento rodoviário em análise atinja uma condição adequada. A avaliação por trecho rodoviário, km a km, é realizada com atribuição de notas para condição do pavimento conforme tabela 1 a seguir: Tabela 1 – Avaliação da Condição do Pavimento Condição do pavimento Nota Péssima 1 Ruim 2 Regular 3 Boa 4 Muito boa 5 A exemplo do processo de avaliação realizado pelo SAM, Medina (1997) descreve em seu trabalho que, a avaliação da condição funcional da superfície do pavimento, permite que sejam estimados o conforto e a segurança que estão sendo oferecidos aos usuários. A estimativa pode ser feita de forma subjetiva, utilizando-se pessoas que transitam pelo trecho e dão notas, por exemplo, de zero (0) a cinco (5), associando-se assim a nota subjetiva aos defeitos dos pavimentos. Define-se, conforme tabela 2, a condição do pavimento, de acordo com a respectiva nota: 3 Tabela 2 – Descrição da Condição do Pavimento Condição do pavimento Muito boa (5) Descrição Pavimento novo não necessitando de tapa buraco e outros reparos. Boa (4) Pavimento em boas condições, com operação de rotina de tapa buraco e de eventuais outros reparos. Regular (3) Operação de rotina de tapa buraco e execução de remendos profundos ocasionais, correção localizada do revestimento com lama asfáltica, micro ou reperfilagens Ruim (2) Operação de rotina de tapa buraco e de remendos profundos. Surge a Desagregação do Revestimento. Requer, em maior intensidade, a correção localizada do revestimento com lama asfáltica, micro, reperfilagens ou recape. Péssima (1) Pavimento próximo do final da vida útil, com ocorrência generalizada de operação tapa buraco, remendos superficiais e profundos. Necessidade de correção superficial e profunda com aplicação lama, micro, reperfilagens e recape. Cálculo do SAM A quantidade anual de serviços de conservação de pavimento é definida pelo seguinte cálculo, através do modelo SAM: QAS = ne x d (1) onde, QAS = Quantidade anual de serviços ne = Nível de esforço d = dimensão do pavimento na condição indicada QAStotal = Σ ( QAS ano1 + QAS ano2 + ... + QAS anon) (2) onde, QAS ano1 = Quantidade anual de serviços resultantes do ano 1 QAS ano2 = Quantidade anual de serviços resultantes do ano 2 QAS anon = Quantidade anual de serviços resultantes do ano n QAS total = Quantidade anual de serviços resultantes total PROGRAMA ESTADUAL DE RECUPERAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE ESTRADAS PAVIMENTADAS (PERC) O programa PERC consiste em um modelo de gestão de conservação com a intenção de evitar o avanço da degradação da malha rodoviária, minimizando a necessidade de soluções de restauração de rodovias, implicando em maior economia, compatibilizando com a capacidade real de 4 investimento do poder público. Fazem parte deste conceito do programa PERC os sub-programas: COP, CREMEP e FXD, DER/PR-PERC (2011). Conservação de Pavimentos (COP) Pretende-se através do COP (Conservação de Pavimentos), executado com base no SAM, realizar intervenções adequadamente programadas, na malha viária pavimentada estadual, visando preservar o patrimônio público garantindo aos usuários a operação econômica e com segurança do trânsito rodoviário, com reparos localizados e aplicação de soluções de revestimento asfáltico em segmentos descontínuos DER/PR-COP, 2011. Depois de realizada análise e atribuição das notas para a condição de pavimento, elabora-se uma tabela com os trechos a serem conservados, identificando-se a rodovia, trecho, extensão, condição da malha, tipo de revestimento, número TMDA (Tráfego Médio Diário) e a função da rodovia. Através da tabela de extensão a conservar avaliam-se as condições de drenagem e, também os defeitos do pavimento existente (afundamentos, elevação da capa, corrugação, trilhagem de roda, etc.) Com base nas avaliações das condições de drenagem e defeitos existentes, elaboram-se manutenções padrões de conservação, em função do VDM (Volume Médio Diário de Veículos), tipos de revestimento e níveis de esforço. Dentro do conceito de projeto para o COP, definem-se também os procedimentos construtivos legais como: licenciamento ambiental, sinalização provisória dos serviços, horário de trabalho, avanço físico das frentes de serviços, cuidados com o transporte de materiais, propriedade dos materiais removidos, análise de gestão da conservação rotineira de pavimento e as especificações técnicas/particulares de serviços. Conservação e Recuperação Descontínua com Melhoria do Estado do Pavimento (CREMEP) Da mesma forma que no COP o CREMEP visa preservar o patrimônio público, garantindo-se aos usuários a operação econômica e com segurança do trânsito rodoviário, com reparos superficiais e profundos necessários e aplicação, de forma descontínua, de soluções de revestimento asfáltico ao longo de todos os trechos rodoviários, garantindo-se sobrevida ou acréscimo de vida útil, DER/PRCREMEP (2011). Faz parte dos serviços do CREMEP a sinalização horizontal de toda a extensão de cada segmento rodoviário com faixa de sinalização horizontal e implantação de tachas refletivas, na dependência da sua importância e do seu volume de tráfego. A exemplo do COP, o CREMEP tem base no sistema SAM, onde executa-se a avaliação o trecho rodoviário, km a km, com atribuição de notas para a condição do pavimento. Utilizando-se a experiência acumulada pelo corpo técnico do DER/PR, com base nas soluções técnicas aplicadas para recuperação do pavimento, com asfaltos modificados por polímeros, em especial, no período de 2004 a 2007 e nos demais parâmetros fornecidos pelo Sistema de 5 Administração da Manutenção (SAM), desenvolveram-se soluções técnicas gerenciais para o CREMEP. As soluções técnicas gerenciais são compostas por dois grupos de serviços, descritos a seguir: a) 1o Grupo - O grupo de serviços de segurança aos usuários e de proteção do pavimento: Que consiste em corrigir todos os defeitos do pavimento existente, que colocam em risco a segurança dos usuários, e ainda, promovem correções do pavimento e de drenagem do pavimento, em segmentos localizados e em trechos descontínuos. Dentro deste grupo destacam-se serviços de: tapa buraco, remendo profundo, fresagem, remendo superficial, selagem de trinca, drenos longitudinais/transversais, reperfilagem, correções com TSS, TSD e CAUQ e, finalizando, com serviços de sinalização horizontal provisória; b) 2º Grupo - O grupo de serviços de melhoria do nível do conforto e acréscimo de durabilidade: Constituído de serviços indicados para aplicação com produtos asfálticos polimerizados a serem executados de forma descontínua ao longo dos trechos rodoviários. Este grupo de serviço somente é executado após a completa execução dos serviços que constantes no 1º grupo. Os principais serviços executados neste grupo são: Micro revestimento asfáltico, CBUQ, CBUQ com asfalto polímero e sinalização horizontal definitiva; Dentro do mesmo conceito do COP, definem-se também os procedimentos construtivos legais como: licenciamento ambiental, sinalização provisória dos serviços, horário de trabalho, avanço físico das frentes de serviços, cuidados com o transporte de materiais, propriedade dos materiais removidos, análise de gestão da conservação rotineira de pavimento e as especificações técnicas/particulares de serviços. Conservação da Faixa de Domínio (FXD) Juntamente com os sub-programas COP e CREMEP realizam-se ações de conservação da Faixa de Domínio (FXD), que sub-divide as regiões dos Paraná em 40 lotes, contemplando toda a malha do Sistema Rodoviário Estadual, realizando-se serviços de: capina e roçada; limpeza e reposição de placas de sinalização vertical, pinturas de pontes e abrigos de ônibus dentre outros serviços característicos da Conservação da Faixa de Domínio. Evolução das condições do pavimento e análise financeira Realiza-se durante o andamento de todos os contratos de conservação (COP, CREMEP e FXD) uma análise mensal dos investimentos aplicados e, anualmente, executa-se a avaliação da condição do pavimento em toda a malha pertencente ao Sistema Rodoviário do Paraná, objetivando verificar a evolução dos serviços durante a vigência dos contratos e identificar possíveis falhas em execuções, apontando necessidades de novas intervenções e melhorias nas escolhas das soluções técnicas gerenciais e nas manutenções padrões. Com o resultado desta análise mensal de investimento anual e da condição da malha, observou-se o crescimento do custo unitário (R$/km) em certos trechos que tem sua execução transferida ou 6 postergada para uma prioridade posterior. Ressalta-se aqui que inúmeras são as variáveis que permitem a alteração da prioridade, como condições climáticas, tráfego, safras de grãos e restrições orçamentárias. DEGRADAÇÃO DE UMA RODOVIA Degradação e suas definições A evolução do processo de degradação de um pavimento apoia-se no princípio da cadeia das consequências, em que uma degradação não evolui isoladamente no tempo, dando origem a outras degradações, ou seja, inicia-se uma atividade em ciclo, onde as diferentes degradações interferem mutualmente, Miranda e Pereira (1999). As principais causa das degradações dos pavimentos flexíveis estão relacionadas a fatores como a intensidade do tráfego, as ações climáticas, as deficiências dos materiais, deficiências de projeto ou da qualidade de execução, Felix (2013). Nos países da América Latina e do Caribe, assim como em muitos outros, as rodovias estão submetidas a um ciclo, que, por repetir-se, parecem haver adquirido condição de “normal”. Segundo Schliessler (1994), as quatro etapas do ciclo “normal” de uma rodovia são as seguintes: Fase A: Construção Fase B: Deterioração lenta e pouco visível Fase C: Deterioração acelerada e trincamento Fase D: Deterioração Total Figura 1 – A deterioração das rodovias ao longo do tempo (Schliessler, 1994) 7 A curva apresentada na figura 1 acima, que demonstra as fases da rodovia, baseia-se num pavimento de concreto asfáltico. A curva de deterioração para outros tipos de rodovia tem uma forma diferente da curva apresentada, embora a “mensagem geral” do gráfico seja igualmente válida para as rodovias de qualquer tipo. Com a conservação rotineira adequada, mais a execução do reforço estrutural do pavimento, devida e oportunamente projetado e executado, uma rodovia pavimentada nunca se deteriorará até chegar ao mau estado. É de se notar que, em termos estruturais, a medida que o pavimento vai sendo solicitado, seu desempenho vai perdendo qualidade, de forma crescente e, no entorno do final de seu período de projeto (vida útil), o grau de deterioração estrutural terá alcançado estágio elevado, mas sem apresentar ainda numa condição severa. Neste estágio “seria recomendável” que fosse projetado e executado o “reforço estrutural”, para atender a um novo ciclo de vida. Ocorre que, em geral, tal reforço, com decorrência da carência de recursos orçamentários (federais e/ou estaduais), não é efetivado neste estágio e o processo de deterioração começa então a evoluir – aumentando progressivamente de intensidade. O pavimento vai então perdendo em qualidade e, a partir de um determinado ponto “será obrigatória” a execução de adequada e mais onerosa restauração, alternativamente ante a impossibilidade de se executar a obra definitiva, ver figura 2 a seguir, DNIT (2005). Figura 2 - Curva de deterioração do Pavimento (DNIT, 2005) Outros estudos referente a degradação do pavimento são amplamente discutidos. A figura 3 a seguir, que leva em consideração a curva de deterioração, conforme DNIT (2005), mostra um pavimento projetado para uma vida útil de 12 anos. Demonstra-se que após nove anos de vida útil, o custo estimado para a recuperação será de US$ 6/m² a US$ 7/m². Caso o procedimento seja 8 retardado em apenas dois anos, o investimento necessário será cinco vezes maior, passando para aproximadamente US$ 30/m² a US$ 32/m², PINI (2014). Figura 3 – Índice de serventia de pavimento (PINI, 2014) Curva de degradação de um pavimento e seu custo unitário realizado através do SAM Através dos conceitos anteriormente analisados e, pela preocupação na evolução do custo unitário de um trecho com prioridade postergada, realizou-se um estudo para a definição de uma curva de degradação de pavimentos, adotando-se o processo de cálculo para programas de conservação de rodovias, utilizado pelo DER/PR, através do Sistema de Administração de Manutenção - SAM com base no Sistema Rodoviário Estadual. O estudo baseia-se na utilização do processo de cálculo do SAM para a definição dos quantitativos, através das equações (1) e (2) e, por consequência, a definição do seu custo unitário (R$/km). Realizou-se este processo diferenciando-se pavimentos com Tratamentos Superficial Duplo (TSD), Tratamento Superficial Triplo (TST) e Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ) e com índices de tráfegos (VDM) diferentes. Com estes diferentes tipos de revestimentos e VDM, tentouse abranger a maior extensão em km de rodovias do Sistema Rodoviário Estadual, impactando diretamente no custo total de um programa de rodovias, a exemplo do PERC. Com a utilização das tabelas 1 e 2, realizou-se uma simulação do processo de degradação passandose da nota 5 (muito boa) para a nota 1 (péssima). Desta forma, a cada avanço no processo de degradação, realizou-se o cálculo do quantitativo e do custo unitário para os revestimentos acima referenciados. Como resultado final desta simulação, desenvolveu-se uma curva de degradação através do seu custo unitário (R$/km), onde se permitiu estabelecer as regiões das condições de pavimento em função da evolução da sua degradação, com diferentes revestimentos e VDM. Estas regiões foram 9 aglutinadas e divididas em três faixas: Bom e Muito Boa (notas 5 e 4), Regular (nota 3) e Ruim e Péssimo (nota 2 e 1). Ver figura 4 a seguir. Valor Unitário Com Avanço da Degradação do Pavimento (R$/km) Custo Unitário p/ km (R$/km) 700.000 600.000 BOM MUITO BOA REGULAR RUIM - PÉ PÉSSIMO 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000 - Avanço da condição do pavimento TSD / 365 CBUQ / 2025 TST/2531 Figura 4 – Curva de Degradação do Pavimento através do Custo Unitário (SAM) Observa-se que, quando o tramo da curva se posiciona entre Bom e Muito Bom, o valor para ações de conservação de pavimento quase se igualam entre diferentes tipos de revestimentos e VDM. Quando a curva se posiciona na região da condição regular observa-se uma angulação significante no seu comportamento, os custos unitários quase que triplicam para as ações de conservação. Observa-se a formatação diferente dos tipos de revestimentos. Esta fase é crítica, onde as ações de conservação devem ser tomadas o quanto antes, evitando-se assim que a degradação avance para a condição Ruim + Péssima. No tramo da condição ruim + péssimo verifica-se que o custo por km eleva-se muito e os diferentes tipos de revestimentos estão bem caracterizados. Com especial atenção ao pavimento tipo CBUQ com VDM de 2025 que correspondem a quase 55 % de toda a extensão da malha do Estado do Paraná. POSICIONAMENTO DE UM TRECHO REAL NA CURVA DE DEGRADAÇÃO Após o desenvolvimento e formatação da curva de degradação e, consequentemente a divisão das regiões da condição do pavimento, realizou-se uma simulação para posicionar, um caso real, de um trecho específico do Sistema Rodoviário Estadual, DER/PR-SER (2014), dentro do gráfico. A seguir descreve-se as características do trecho em estudo. 10 Tabela 3 – Descrição do Trecho em Estudo Rodovia Código do Sistema Rodoviário Estadual Tipo de Revestimento Volume Médio Diário (VDM) Ações de Conservação Realizadas PR-170 170S0170EPR CBUQ 2025 Programa Emergencial (ação em 2007) Programa CORP (ação em 2011) Programa CREMEP (2012) Em uma primeira etapa, realizou-se um estudo sobre a evolução da condição da malha do referido trecho, com atenção especial aos anos de 2009 até 2011 onde houve a degradação do pavimento antes de qualquer ação de conservação. 100% 8 8 10 % da Condição do Pavimento 17 17 17 26 4 31 80% 26 74 58 60% 60 100 92 90 57 83 40% 69 8 57 20% 34 23 26 17 0% 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Anos M. Bom Bom Regular Ruim Péssimo Figura 5 – Evolução da Avaliação do Pavimento do Trecho da PR-170 Através do trecho selecionado elaborou-se processo de construção e formatação da curva de degradação. Da resposta desta curva de degradação originou-se um polinômio de aproximação, eq. (3). CU = 0,0805x5 - 7,6731x4 + 224,53x3 - 1479,6x2 + 2332,2x + 11195 (3) onde, CU = Custo Unitário (R$/km) X = Variáveis de aproximação para polinômio de grau 5 11 Através da condição do pavimento dos anos de 2008, 2009 e 2010, elaborou-se o cálculo real do custo unitário para a execução de ações de conservação para os referidos anos. Em seguida, através do polinômio de aproximação, posicionou-se cada custo unitário em seu referido local na curva, conforme figura 6 a seguir. Valor Unitário Com Avanço da Degradação do Pavimento (R$/km) 700.000 600.000 y = 0,0805x 55 - 7,6731x 44 + 224,53x 33 - 1479,6x 22 + 2332,2x + 11195 R22 = 0,9997 R$/km 500.000 2009 400.000 300.000 2008 100% B+MB 2009 10% Reg 90% B+MB 2010 17% Ruim 83% Reg Final 2010 2008 200.000 100.000 - Avanço da Condição do Pavimento CBUQCBUQ / 2025/ 2025 Trecho CBUQ / 2025 Polinômio Polinômio (CBUQ(CBUQ / 2025)/ 2025) CU necessário em 2008 = 12.900 R$/km CU necessário em 2009 = 19.200 R$/km CU necessário ao final de ao final de 2010 = 118.000 R$/km Figura 6 – Evolução do Custo Unitário para o trecho selecionado da PR-170 Verifica-se que, após o ano de 2008 até o final de 2010, quando houve uma paralisação nas ações de conservação, houve uma degradação importante do pavimento ultrapassando as regiões de condições de pavimento bom + muito bom e regular, avançando na condição ruim, em 2,50 anos. Observou-se, através do resultado dos cálculos para este trecho específico, que após aproximadamente 2,50 anos, sem a ocorrência de ações de conservação, o custo unitário (R$/km) aumentou em aproximadamente 9,14 vezes. Apresenta-se a seguir as fotos da evolução da degradação do trecho, em um ponto pré-definido nos serviços de avaliação da condição da malha. 12 (a) (b) (c) Figura 7 – Evolução da condição do pavimento do trecho em estudo. (a) ano 2008; (b) ano 2009; (c) final de 2010 13 CONSIDERAÇÕES FINAIS Verificou-se que os custos em ações postergadas de conservação, como foi apresentado no estudo de um trecho real, evolui consideravelmente e se compara ao estudo apresentado pela PINI, guardadas as devidas circunstâncias do modelo de conservação e dos materiais e soluções aplicadas. Retardando o processo de conservação, em apenas dois anos, o custo ficaria cinco vezes maior, conforme estudo da PINI, e, no método de cálculo apresentado neste trabalho, o custo estaria próximo a 9,14 vezes do valor necessário, após dois anos e meio. Indiretamente, em consequência a ações de conservação e/ou manutenção postergadas, cresce o custo operacional do veículo que, segundo Banco Mundial, seria de 3 dólares adicionais, a cada 1 dólar que não fora aplicado em manutenção da via. Deve-se haver, conforme estudos realizados neste trabalho, uma preocupação importante em ações de conservação que são paralisadas, pois, podem impactar diretamente em orçamentos futuros das Federações. Desta forma é de grande importância que o Governo Federal, Estados e Municípios se preocupem em desenvolver programas de Conservação Rodoviária para que se possa manter uma situação de conforto ao usuário, evitando um dispêndio maior de recursos públicos. Observa-se também a necessidade de se manter investimentos mínimos necessários, evitando o avanço na degradação em trechos de condição “Bom e Muito Bom” e, quando os investimentos forem escassos, atacar trechos em estágio menor de avançado da degradação, lembrando-se aqui que este trabalho reitera ações de conservação e não de restauração de rodovias. É de extrema necessidade que se mantenham os processos de avaliação da condição do pavimento, sistemas de gerência de pavimento, etc., para que se possa verificar a evolução do comportamento das rodovias, possibilitando confecção de novos programas e adoção de soluções técnicas gerenciais e/ou manutenções padrões adequadas para cada rodovia ou trecho rodoviário. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DER/PR – Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná . “Programa de Manutenção Rodoviária – Sistema de Administração de Manutenção Rodoviária - SAM”. Curitiba, 1979. DER/PR – Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná. “PERC – Programa Estadual de Recuperação e Conservação de Estradas Pavimentas”. Curitiba, 2011. DER/PR – Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná. “Projeto Básico De Engenharia Para Conservação de Pavimentos COP - SAM”. Curitiba, 2011. DER/PR – Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná. “Projeto Básico De Engenharia Para Conservação e Recuperação Descontínua com Melhoria do Estado do Pavimento com Base no Sistema de Administração da Manutenção CREMEP - SAM”. Curitiba, 2011. DER/PR – Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná. “Sistema Rodoviário do Paraná”. Curitiba, 2014. 14 DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. “Manual de Conservação Rodoviária”. Publicação IPR-710. 2a ed. Rio de Janeiro, 2005. FELIX, J. “Reciclagem de Pavimentos Flexíveis”. Universidade de Fernando Pessoa – Faculdade de Ciências e Tecnologia. Porto – Portugal, 2013. MEDINA, J. “Mecânica dos Pavimentos”. 1ª ed. Rio de Janeiro. 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