l a i c spe Este jornal faz parte da edição do SAVANA do dia 11 de Setembro de 2015, pelo que não deve ser vendido separadamente l E o ã ç i d E ESPECIAL 1 SETEMBRO/2015 o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico SETEMBRO - 2015 Registo N.° 09/GABINFO-DEC/2013 Directora: Profª. Doutora Rosânia da Silva www.apolitecnica.ac.mz ENTREVISTA COM O MAGNÍFICO REITOR PELOS 20 ANOS l “O grande desafio é criar competências e capacidades na Politécnica” - afirma o Professor Doutor Lourenço do Rosário, falando sobre o futuro da Universidade – PÁGINAS 12/15 DRA. AMÉLIA NAKHARE: “A POLITÉCNICA É UMA INSTITUIÇÃO DE FUTURO” – PÁGINA 3 l o académico l especial l o académico l especial l o académico l especial l o académico l especial l o académico l especial l o académico l especial l o académico l especial l o académico l especial l o académico 2 l SETEMBRO/2015 ESPECIAL o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico Sumário 20 ANOS DA UNIVERSIDADE POLITÉCNICA “A Politécnica é uma instituição de futuro” Pág. 3 “Precisamos de clarificar conceitos” Págs. 4/5 “O sucesso deve-se ao envolvimento dos nossos recursos humanos” Págs. 6/7 “Já graduamos mais de sete mil estudantes” Págs. 6/7 “Nada se perde, tudo se transforma” Págs. 8/10 “O grande desafio é criar competências e capacidades internas” Págs. 12/15 “Daqui a 10, 20, 30 anos faremos cada vez mais e melhor” Págs. 16/17 Editorial Os 20 anos da Universidade A POLITÉCNICA Universidade Politécnica completa dentro de dias 20 anos de existência, pois foi a 13 de Setembro de 1995 que, oficialmente, nasceu a primeira instituição privada de ensino superior de Moçambique, mercê das grandes modificações político-legais que vinham sendo operadas no nosso País, após o abandono do regime de partido único e a adopção do sistema multipartidário, com a assinatura do Acordo Geral de Paz que punha fim a uma sangrenta guerra de 16 anos que destruiu o país, material e espiritualmente. Vale a pena recuperar as palavras pronunciadas pelo Magnífico Reitor, Professor Doutor Lourenço do Rosário, quando falava na XV cerimónia de graduação dos estudantes da Universidade Politécnica, realizada no dia 14 de Setembro de 2013, altura em que a instituição fazia 18 anos, considerada idade da maioridade. Segundo ele,“estas modificações permitiram abrir espaços para que os moçambicanos pudessem entrar em diversas áreas, concorrendo para a reconstrução da pátria destruída, lutando ao lado do governo, com o fim de trazer esperança ao povo moçambicano. Foi assim na área da Economia, foi assim na área da Saúde, foi assim na área dos Transportes, foi também assim na área da Educação e nas mais diversas áreas da vida nacional. O Instituto Superior Politécnico e Universitário (ISPU) nasceu sob o signo de lutar para ganhar relevo e relevância, procurando sempre fazer melhor o que podia fazer naquele momento. Por isso, o seu lema foi “Queremos ser a melhor universidade” e perseguiu com persistência esse desiderato. Ficam de lado todas as dificuldades que enfrentamos porque essas não são para aqui chamadas, uma vez que hoje é um dia de festa para os graduados e seus familiares e para a comunidade académica e para todos aqueles que nos estimam e apreciam. Depois do ISPU, muitas e variadas instituições privadas e públicas de ensino superior surgiram. No entanto, o ISPU não correu atrás de um presumível prejuízo da concorrência, porque entendeu seguir o seu próprio caminho. Por isso, quando comemorou os seus dez anos ostentou com orgulho o slogan “ISPU-10 anos marcando a diferença”. E a diferença estava no crescimento visível em todos os aspectos da condição de se ser universidade: infra-estruturas, equipamentos, expansão territorial, formação do corpo docente, extensão e cooperação universitária, tendo granjeado grande prestígio nacional e internacional, o que é motivo de orgulho para os seus estudantes e grande auto-estima para todos nós. Por isso, foi com naturalidade que o ISPU tinha que dar lugar ao nascimento da Universidade Politécnica. Esta universidade não nasceu em bicos de pés, nem com roupagem forçada. Foi uma transformação normal e natural de uma experiência de um instituto que deu espaço ao nascimento de uma universidade. Hoje, festejamos este estado de maioridade no bilhete de identidade, pois a Universidade Politécnica herdou tudo quanto era a essência do ISPU, tendo-lhe acrescentado a dignidade que se espera de uma universidade visível e relevante no contexto do ensino superior em Moçambique, alargando os seus horizontes para a pesquisa científica e pós-graduação em todos os seus graus. Os estudantes que graduam hoje levam consigo a marca da maioridade desta instituição. O slogan agora é “Várias alternativas, uma opção: A Politécnica!”, porque na realidade acreditamos que o nosso diploma (o vosso diploma) é uma opção de culminar uma opção que vos credencia a apresentardes no mundo do trabalho onde sereis recebidos com a devida vénia. Honrai, pois, este documento que ganhastes pelo vosso esforço, porque sois vós o testemunho do “trabalho árduo que vence todos os obstáculos”, segundo reza o nosso lema e que temos vindo a realizar ao longo” destes 20 anos. Bem-haja a Universidade Politécnica. o académico JORNAL UNIVERSITÁRIO D'A POLITÉCNICA PROPRIEDADE: UNIVERSIDADE POLITÉCNICA Directora: Profª. Doutora Rosânia da Silva [email protected] Assessor: Leandro Paul [email protected] Registo N.° 09/GABINFO-DEC/2013 Site: www.apolitecnica.ac.mz Textos: Prof. Doutor Lourenço do Rosário [email protected] Endereço físico: Av. Paulo Samuel Kankhomba, nº 1011 Prof. Doutor João Mosca [email protected] Email: [email protected] Profª. Doutora Rosânia da Silva [email protected] Telefone: +258 21 352 750 - Fax: +258 21 352 701 Lic. Arcénia Chale [email protected] Cel: +258 82 3285250 +258 82 3133700 +258 82 3126180 Tiragem: 5.000 exemplares Layout: FDS www.fimdesemana.co.mz l ESPECIAL l SETEMBRO/2015 3 o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l “A Politécnica é uma instituição de futuro” - afirma a Dra. Amélia Nakhare, vice-ministra da Economia e Finanças, mãe e encarregada de educação de um graduado do Instituto Médio Politécnico (IMEP), curso de Construção Civil “Hoje, eu posso dizer que sim, que esta instituição forma, esta instituição cria capacidade, não apenas em termos de conhecimentos teóricos, mas sobretudo em conhecimentos que habilitam os seus educandos a enfrentar o mercado, a criar o seu emprego. Portanto, sinto-me bastante realizada. Posso aqui dizer que A Politécnica é uma instituição de futuro e que nós poderíamos sim apostar nela para a formação dos moçambicanos”. Estas foram as palavras de Amélia Nakhare, vice-ministra da Economia e Finanças, mãe e encarregada de educação de um graduado do Instituto Médio Politécnico (IMEP), onde esteve a cursar Construção Civil. - Por que é que escolheu o Instituto Médio Politécnico (IMEP) da Universidade Politécnica para matricular o seu filho e como é que se sente hoje? - Primeiro, saudar o facto de ter sido escolhida para dar o meu contributo naquilo que é o papel da Universidade Politécnica na formação dos moçambicanos. Indo directamente à sua pergunta, dizer que para o caso concreto do meu filho, três aspectos nortearam a selecção desta instituição de ensino: a primeira é que nós gostaríamos de ter uma criança que depois de um certo momento fosse capaz de ser auto-suficiente, de fazer o seu trabalho, de gerir a sua própria vida. E achamos que a primeira oportunidade era garantir que ele tivesse contacto com uma instituição que lhe permitisse uma formação profissional. Este é o primeiro elemento que levou à escolha do Instituto Médio Politécnico (IMEP) da Universidade Politécnica. O segundo aspecto foi procurar saber: das várias instituições, qual era aquela que iria de encontro com o nosso desejo, porque nós queríamos que a formação estivesse orientada para a construção civil e fizemos uma avaliação ao nível da nossa província de Maputo, cidade de Maputo e no país. Verificámos que tínhamos o Instituto Industrial, mas também havia instituições privadas do ensino médio que poderiam, efectivamente, ter o perfil que desejávamos. O passo seguinte foi recolhermos o perfil curricular e fazermos uma análise comparativa. Da análise comparativa dos currículos que recolhemos, nós verificámos que o Instituto Médio Politécnico reunia os requisitos que achávamos que eram necessários para a formação de um quadro médio capaz de enfrentar o mercado do trabalho. O outro aspecto que nos atraiu também para tomar a decisão na selecção da instituição foi o facto de que o estágio profissional do aluno ocorria em vários momentos da sua formação. Já no primeiro ano ele tinha um contacto directo com o cimento, tinha contacto directo com aquilo que constituía elementos fundamentais para construção. E durante a formação fomos verificando que efectivamente aquilo que tinha sido o nosso prognóstico confirmou-se, porque, a criança, quando já estava no segundo ano, era capaz de falar com muita propriedade daquilo que são os desafios da formação da construção civil, daquilo que são as necessidades dele, como indivíduo e também das necessidades do país. Já no segundo ano ele dizia que estava em condições de apresentar uma proposta de uma residência de dois a três andares. Ficámos surpreendidos quando ele fez o primeiro projecto de uma casa unifamiliar e era uma vivenda. Nós achámos que era atraente o facto de que já no segundo ano ele tivesse esta capacidade. No terceiro ano foi estagiar como fiscal, por um período de seis meses, e trouxe-nos avanços significativos, e até já fazia críticas sobre aquilo que eram aspectos de construção da residência onde vivíamos. Nós achámos que isto era bastante interessante para uma criança de 16/17 anos, que já tinha aquele perfil de análise bastante profunda. Depois de concluir o estágio, a nossa alegria total foi na defe- sa do trabalho do fim do curso. Na defesa, ele falou de forma voluntariosa, de forma bastante independente e livre e mostrou que era uma pessoa que estava preparada. Ele dizia-me isto na altura da defesa: mãe, estou preparado para o mercado de trabalho. Portanto, nós achamos que foi uma selecção muito positiva. Estamos satisfeitos com os resultados que nós estamos a ter com o nosso filho hoje. Ele é independente naquilo que é análise de qualquer aspecto de edifícios de construção, mesmo na correcção de erros em edifícios já construídos Ele tem capacidade de fazer plantas de edifícios. Por exemplo, ele fez o ensaio de preparação da planta da residência onde nós vivemos. Agora está na universidade e foi capaz de submeter lá, na disciplina de arquitectura, o modelo de planta da residência onde nós vivemos. Ele disse: mãe, isto resultou do facto de que os três anos que eu estive no IMEP, que é Instituto Médio Politécnico, trouxeram muito valor acrescentado naquilo que é o meu conhecimento da área de construção civil. Portanto, foi a causa principal que nos levou a seleccionar esta instituição de ensino. - Como é que se sente hoje? - Sinto-me bastante realizada, porque o meu filho pode enfrentar o mercado de trabalho. Ele está em condições de conseguir um emprego. Ele está em condições de criar o seu próprio emprego (auto-emprego). Ele está neste momento a fazer a Universidade e disse-me: mãe, posso fazer a Universidade e ao mesmo tempo ter algum espaço, em part-time, para ir trabalhar? Está interessado em consolidar o seu estágio para poder ter maior capacidade técnica. Por isso, hoje, eu posso dizer que sim, que esta instituição forma, esta instituição cria capacidade, não apenas em termos de conhecimentos teóricos, mas sobretudo em conhecimentos que habilitam os seus educandos a enfrentar o mercado, a criar o seu emprego. Portanto, sinto-me bastante realizada. Posso aqui dizer que A Politécnica é uma instituição de futuro e que nós poderíamos sim apostar nela para a formação dos moçambicanos. 4 l SETEMBRO/2015 ESPECIAL o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l VICE-REITOR DA UNIVERSIDADE POLITÉCNICA FALA SOBRE A INVESTIGAÇÃO FEITA: “Precisamos de clarificar conceitos” - defende o Professor Catedrático Armando Jorge Lopes - Pode nos falar dos 20 anos da Universidade Politécnica? - Eu estou aqui na Universidade Politécnica há apenas seis meses, mas isso não é razão de não poder responder à pergunta que me coloca e não dever conhecer o que é A Politécnica e o seu funcionamento. Tive oportunidade de falar com colegas. Tive oportunidade de ler toda a documentação que existe sobre esta instituição e pude apurar que foi uma instituição que cresceu bastante e na minha opinião cresceu bem à medida dos desafios. O Vice-Reitor da Universidade Politécnica, o Professor Catedrático Armando Jorge Lopes, disse ao “O Académico”, falando sobre os 20 anos da instituição, que é “necessário esclarecer, em termos conceptuais, o que estamos a fazer, do ponto de vista de investigações que aqui se fazem e, “a meu ver, esta abordagem que a Universidade Politécnica permite é muito importante que seja clara para nós(…). Às vezes, em termos conceptuais, existe alguma confusão. É que nós podemos falar numa investigação teórica ou básica. Eu acho, em termos da Universidade Politécnica, que ela praticamente não existe. Depois, temos uma investigação prática, refiro-me ao CEPPA, que é aqui responsável por uma investigação aplicada. Mas, muitas vezes, eu reparo que determinada investigação que vem com essa designação ou que tem índole prática, que é de índole aplicada, não é realmente uma investigação aplicada. É mais uma investigação prática. Portanto, há realmente três dimensões: teórica, aplicada e a prática. Investigação prática, em geral, tem a ver com preparação de material didáctico e seu uso, com o uso de materiais didácticos na sala de aulas e noutros contextos. Portanto, é bom também termos isso claro. Os docentes, em termos daquilo que preparam das suas aulas costumam referir como estando a fazer pesquisas da investigação aplicada, isso não é investigação aplicada”. Acompanhe a entrevista nas linhas que se seguem: “ na minha opinião, talvez não esteja muito clara a distinção entre o conceito de escola e instituto, porque algumas dessas escolas são chamadas institutos e nem todas são escolas. Tudo isto para mim foi um elemento muito marcante do desenvolvimento da instituição. Ela criou-se e, em termos físicos, apetrechou-se em infra-estruturas extraordinárias, modernas e eficientes, na minha opinião. Por outro lado, ela procurou buscar no mercado docentes e outros técnicos que pudessem apoiar o crescimento dessa instituição e Mas, muitas vezes, eu reparo que determinada investigação que vem com essa designação ou que tem índole prática, que é de índole aplicada, não é realmente uma investigação aplicada. É mais uma investigação prática. Devo dizer que o enfoque que o reitor tem referido várias vezes e ao longo destes 20 anos foi sobretudo na expansão física da instituição. É uma universidade que começou por ser Instituto Superior Politécnico com enfoque nas áreas que foram definidas na altura e com o centro em Maputo Devo dizer que o enfoque que o reitor tem referido várias vezes e ao longo destes 20 anos foi sobretudo na expansão física da instituição. É uma universidade que começou por ser Instituto Superior Politécnico, com enfoque nas áreas que foram definidas na altura e com o centro em Maputo. Depois, ela cresceu para as províncias. Portanto, escolas e institutos foram criados, na Zambézia, em Quelimane, Nampula, recentemente em Nacala, em Tete, e temos um Pólo também em Xai-Xai. São sete escolas ao todo que A Politécnica possui, muito embora, ” assim o fez, muito embora, volvidos estes 20 anos, se sinta que a Universidade Politécnica necessita de ter um quadro docente e técnico-profissional mais permanente. - Como é que avalia o crescimento desta instituição? - Para mim, a expansão física, o seu apetrechamento e a criação gradual de um corpo docente foram os aspectos mais marcantes em termos globais. Também diria que, naturalmente, o que tem presidido o sucesso desta instituição tem sido os seus vacontinua na pág. 5 »» ESPECIAL l SETEMBRO/2015 5 o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico lores, os valores que defende, em termos de liberdade académica. É uma Universidade onde se costuma dizer que é proibido ter medo. Portanto, isso tem sido o grande sucesso da instituição. Eu sublinharia esses aspectos, do pouco que consegui aprender desde que aqui estou e tem sido um grande prazer estar a ter esta experiência junto desta universidade, que é uma universidade privada, porque a minha experiência no passado tinha sido em termos de universidade estatal. - O que tem a dizer sobre esta avaliação da CNAQ - Comissão Nacional de Avaliação de Qualidade? - Eu penso que uma vez estabilizados estes processos curri- “ mos pessoas para que a parte de investigação seja uma realidade e que faça jus à própria designação de Universidade Politécnica. - Mas como vai a investigação na Universidade Politécnica? - Eu verifico que muito embora tenha havido avanços no passado, em relação à criação dos centros de pesquisas, centro de pós-graduação, CEPPA, que está integrado na Escola Superior de Altos Estudos e Negócios, o Centro de Práticas Jurídicas e também o Centro de Atendimento Psicológico, muito embora tenha havido avanços nessa direcção, será necessário esclarecer em termos conceptuais o que estamos a fazer em termos de in- Seriam estes aspectos que eu sublinharia com esse enfoque de que se no passado esteve mais na expansão e dotar de meios de expansão estas infra-estruturas funcionais, agora talvez fosse, na minha opinião, e talvez em linha do que já ouvi do reitor, também referir que gostaria de voltar as baterias para a dimensão humana da formação das pessoas e dotá-las com mais capacidades e habilidades para desempenhar melhor o seu trabalho a todos os níveis culares é necessário investirmos em algumas coisas que é preciso aqui referir, nomeadamente, na preparação melhorada dos docentes, do corpo docente, na preparação dos técnicos administrativos. É necessário termos melhores técnicos, melhor administração para que esse processo que foi concluído em Dezembro possa ter maior êxito no futuro. Não é possível, embora já tenhamos coisas boas à partida, em termos daquilo que foi a revisão curricular, avançar e termos êxitos se não tivermos pessoas preparadas e termos meios à disposição para pormos em prática aquilo que foi definido. É necessária também esta ênfase profissionalizante, uma vez que nos últimos anos o Instituto Superior Politécnico e Universitário tinha esta vertente, tendo como seu objectivo a formação das pessoas. Aquilo que foi definido como sendo também importante adquirir e fazer desenvolver neste instituto, que passou a universidade, é a sua dimensão investigativa. Portanto, significa agora que, sendo uma Universidade Politécnica, não só temos esses enfoques que são importantes em termos de dimensão permanente do processo de ensino e aprendizagem, como também é necessário saber o que é que conta para que esse processo tenha sucesso, todos elementos, digamos, em presença desses elementos, mas também que criemos as condições e forme- ” vestigações que aqui se fazem e, a meu ver, esta abordagem que a Universidade Politécnica permite é muito importante que seja clara para nós. Eu tenho referido nas minhas intervenções que é necessário que façamos uma abordagem mais homotética, que é sabermos como é que as coisas acontecem e saber explicar como é que as coisas acontecem. Essa abordagem filosófica costuma ser uma abordagem que os cientistas das ciências exactas, de engenharia, por aí, costumam adoptar na sua investigação. Mas também, por outro lado, é necessário ligar e associar esta abordagem a uma abordagem mais hermenêutica, costuma estar muito associada às ciências sociais, às ciências humanas, à valorização do homem, etc. Ou seja, sabermos interpretar por que um determinado fenómeno acontece. É a junção destas duas abordagens que nos vai permitir, portanto, avançar e criar mais-valia daquilo que é nossa pesquisa. Devo dizer também que em termos de formação do corpo docente será necessário reforçar esta componente para que as pessoas alcancem cada vez mais níveis elevados da sua formação, desenvolvendo as suas pesquisas, muito embora esta pesquisa, naturalmente, seja bem diferente das pesquisas de que eu estava a falar anteriormente. É que esta pesquisa, naturalmente processo de formação, será uma pesquisa conducente a um grau de que há pouco eu falava, de uma pesquisa que tenha um outro teor e não ser necessariamente conduzida a um grau, embora elas possam coabitar, em geral, quando se fala de investigação. Esta é uma questão que tenho verificado. Às vezes, em termos conceptuais, existe alguma confusão. É que nós podemos falar numa investigação teórica ou básica. Eu acho, em termos da Universidade Politécnica, que ela praticamente não existe. Depois, temos uma investigação prática, aqui refiro-me ao CEPPA, que é aqui responsável por uma investigação aplicada. Mas, muitas vezes, eu reparo que determinada investigação que vem com essa designação ou que tem índole prática, que é de índole aplicada, não é realmente uma investigação aplicada. É mais uma investigação prática. Portanto, há realmente três dimensões: teórica, aplicada e a prática. Investigação prática, em geral, tem a ver com preparação de material didáctico e seu uso, com recurso a materiais didácticos, portanto, na sala de aulas e noutros contextos. Portanto, é bom também termos isso claro. Os docentes, em termos daquilo que preparam das suas aulas e costumam referir como estando a fazer pesquisas da investigação aplicada, isso não é investigação aplicada. - Quais são então os caminhos para o futuro? - Novamente para o futuro, eu realmente espero e desejo que através do plano estratégico do teor científico-pedagógico que está a ser preparado desde Fevereiro último e depois de ter ouvido a contribuição de tudo o que foi feito anteriormente, de vários estudos e daquilo que foram os levantamentos de vários departamentos, feitos nos vários sectores, durante o mês de Fevereiro e Março, em breve, dentro de um mês a dois, esteja concluído este processo de design do que será l o plano estratégico para o teor científico para os próximos dois anos. Será um plano estratégico que, ao seu tempo, será integrado naquilo que será um plano mais amplo que será realizado, em termos do desenvolvimento da instituição, não só para os próximos anos, mas também um pouco para lá mais adiante, num período mais amplo. Seriam estes aspectos que eu sublinharia com esse enfoque de que se no passado esteve mais na expansão e dotar de meios de expansão estas infra-estruturas funcionais, agora talvez fosse, na minha opinião, e talvez em linha do que já ouvi do reitor, também referir que gostaria de voltar as baterias para a dimensão humana da formação das pessoas e dotá-las com mais capacidades e habilidades para desempenhar melhor o seu trabalho a todos os níveis, portanto, da administração, ao nível mais técnico, ao nível de intervenção docente e de investigação. 6 l SETEMBRO/2015 ESPECIAL o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 20 ANOS DA UNIVERSIDADE POLITÉCNICA O Prof. Doutor Carlos Sotomane, Director para os Assuntos Científicos e Pedagógicos da Vice-Reitoria, disse no depoimento que deixou ao “O Académico”, por ocasião dos 20 anos de existência da A Politécnica, que “estas actividades que nós até hoje estamos a realizar com muito sucesso são de certa medida o resultado do grande envolvimento dos recursos humanos, que são os colegas ligados à componente de manutenção das instituições, até ao Reitor da Universidade. Se não houvesse um grande empenho dos colegas de diferentes idades, diferentes níveis de profissionalização, de diferentes tipos de intervenção, até aqueles que vinham apenas para trabalhos pontuais, nós, hoje, não teríamos, se calhar, este sucesso que temos”. Siga o depoimento em forma de pergunta-e-resposta: “O sucesso deve-se ao envolvimento dos nossos recursos humanos” - Prof. Doutor Carlos Sotomane, Director para os Assuntos Científicos e Pedagógicos da ViceReitoria - Que balanço faz dos 20 anos da Universidade Politécnica? - A Universidade Politécnica é uma instituição que teve o primeiro arranque no ano de 1995. De lá para cá temos vindo a trabalhar naquilo que são os aspectos essenciais desta Universidade com mais ênfase para o ensino. Depois caminhámos, de forma mais gradual, no que foi planificado, para as actividades relacionadas com a extensão. Agora estamos a fazer um processo para podermos incorporar algumas forças com os processos ligados à investigação. Naturalmente, este longo percurso de 20 anos como instituição tem uma referência diferente de uma pessoa com uma imagem emancipada, pois as instituições, como tal, precisam de muito caminho para poderem ter uma consolidação. Contudo, podemos dizer que o grau de projecção que nós temos no mercado de ensino superior, o nosso prestígio e o nosso padrão de referência, do ponto de vista daquilo que nós fazemos e as palmas que nós recebemos nas costas como gestores e, como continua na pág. 7 »» “Já graduamos mais - Lic. Paula Lobo, Directora Académica da Universidade Politécnica A Directora Académica da Universidade Politécnica, Lic. Paula Lobo, disse ao “O Académico” que ao longo destes 20 anos já foram graduados mais de sete mil estudantes como bacharéis, licenciados, mestres e doutores. “Em 1996 iniciámos com pouco menos de duas centenas de estudantes e, hoje, volvidos 20 anos, temos cinco mil estudantes, só no ensino superior, espalhados por todas as unidades orgânicas. Começámos em 1996 com cinco cursos. Na altura eram Administração e Gestão de Empresas, Ciências da Comunicação, Ciências Jurídicas, Informática de Gestão e Psicologia. Passados estes vinte anos oferecemos mais de trinta cursos nas várias unidades orgânicas espalhadas pelo país. Naturalmente que esse aumento de número de cursos teve a ver com a demanda do mercado que é muito mais competitivo e exigente do que em 1996. Essa diversificação, essa aposta na diversificação de cursos e continuidade de outros justifica este aumento que tivemos. Vamos ainda continuar a auscultar o mercado para, em função disso, introduzirmos mais cursos”, disse a Lic. Paula Lobo. - Lic. Paula Lobo, pode nos falar destes 20 anos da Universidade Politécnica, com enfoque no sector académico que dirige? - Dizer que quanto à estrutura da organização da própria Direcção Académica, ela sofreu alterações e foi depois de 2007. Nela foram integradas outras competências de controlo e gestão. Neste momento, boa parte da gestão de assiduidade dos docentes é feita na Direcção Académica, bem como a análise ESPECIAL l SETEMBRO/2015 7 o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico «« Continuado da pág. 6 instituição, levam-nos a afirmar que foram 20 anos de muito sucesso e também de muitos desafios com vista a atingir cada vez mais patamares de excelência da universidade. Esse processo não foi tão simples como indica o nosso próprio “slogan”, que diz “com o esforço aplicado nós podemos atingir patamares de grandes referências”. Foi graças a uma visão estratégica que a direcção da Universidade foi tomando que chegamos até aqui. Veja só, em cada momento havia alguns “slogans” que nós tínhamos que cumprir, e isso, em algum momento, ajudou também a nos sentirmos hoje como A Politécnica que antes foi a primeira instituição de ensino superior privado, o ISPU, uma instituição em que todos sentem esse orgulho por pertencerem ao projecto. E depois, as novas gerações vão ter que referenciar aquilo que nós pudemos fazer. Portanto, o balanço, como se costuma dizer, é positivo. - Em relação aos recursos humanos, o que se pode dizer nestes 20 anos de existência? - Citar que estas actividades que nós até hoje estamos a realizar com muito sucesso são, de certa medida, o resultado do grande envolvimento dos recur- sos humanos, que são os colegas ligados à componente de manutenção das instituições, até do próprio Reitor da Universidade. Se não houvesse um grande empenho dos colegas de diferentes idades, diferentes níveis de profissionalização, de diferentes tipos de intervenção, até aqueles que vinham apenas para trabalhos pontuais, nós, hoje, não teríamos, se calhar, este sucesso que temos. Mas também é preciso contar que no mercado em que nós entramos, embora tenha havido algum receio, no fim, todos contribuíram, desde as entidades governamentais, sector privado, os pais e encarregados de educação, que apostaram que esta instituição podia servir l para formar os seus filhos e outros quadros. Nós olhamos para o mercado de emprego, mercado do trabalho e sentimo-nos também orgulhosos quando vemos que as figuras de gestão, aquelas que fazem actividades de intervenção de vulto na política, na indústria e mesmo na componente social de intervenção, alguns passaram por aqui e isto em certa medida é motivo de orgulho. Dizer que afinal a nossa missão e visão de que queremos educar moçambicanos foi efectivamente também atingida e quando nos contactam para nós podermos intervir naquilo que são os momentos fundamentais da nossa universidade, na vida política, quando vemos o nosso reitor a fazer parte da arena política, social e cultural, sentimos que afinal a nossa universidade tem um papel importante no espaço que foi criado para contribuir para o desenvolvimento do nosso país. Então, todos esses aspectos em parte decorrem e estão associados aos recursos humanos que esta universidade foi criando, foi montando, para serem efectivamente servidores de Moçambique, como um país próspero e com um futuro que nós achamos que podemos de facto dar um pensamento promissor nesse sentido. de sete mil estudantes” das listas do corpo docente de cada semestre. Paralelamente, o novo modelo de relacionamento, chamemos-lhe institucional, com as unidades orgânicas, com destaque para uma maior acção de monitoria das actividades, que permite por si mesmo uma maior harmonização de procedimentos, é a Direcção Académica que o faz, olhando para a Universidade como um todo, não só a gerir unidades orgânicas de Maputo, por estarem mais próximas dela. - Quais foram os outros momentos marcantes na sua área específica? - Outra questão que também podemos considerar como marcante nestes 20 anos foi a expansão da Universidade para as províncias. Em 1998 expandiu-se para Quelimane, depois para Nampula, de seguida para Tete e logo a seguir para Nacala. Hoje já temos também um Pólo em Xai-Xai. A acompanhar toda essa expansão está a criação, em todas elas, de uma infra-estrutura de raiz, que é também bastante importante. Não olhamos só para a questão académica em si, mas também porque a infra-estrutura adjacente não é só infra-estrutura física, há também a questão de melhoria do corpo docente e a melhoria do corpo docente também é testada pela qualidade e competência dos nossos licenciados. Outro ponto que podemos considerar como marcante, em termos de gestão académica, tem a ver com a entrada em funcionamento de um sistema informatizado de gestão académica. No início tínhamos um sistema de gestão quase manual, depois em folhas Excel e neste momento nós temos um sistema informatizado de gestão académica que nos permite, ao toque de um clic, aceder às nossas bases de dados com toda informação relativa aos estudantes, aos cursos que frequentam, às notas que vão obtendo, aos exames que vão realizando, tanto aqui, neste momento, como em todas as unidades orgânicas onde já temos a funcionar o mesmo sistema informatizado. Talvez pudesse acrescentar que como desafios para o futuro, em toque de remate, aquilo que pretendemos é melhorar sempre o nosso padrão de qualidade, melhorar sempre a nossa posição no ranking nacional e regional, por que não internacional (?) e manter o nosso dinamismo e proactividade. Ao longo destes 20 anos temos estado sempre na vanguarda. Atesta isso o facto de sermos a Universidade que mais rapidamente emigrou para o sistema de gestão de créditos. Parece ser a única até agora. Portanto, os nossos cursos estão todos anexados ao sistema de créditos, conforme a lei do ensino superior. O desafio continua a ser desenvolver a componente de investigação científica, com tudo aquilo que ela representa para a dinâmica de uma universidade e pôr o nome que ela ostenta no lugar que deve ocupar no contexto internacional. - Pode nos falar do número de ingressos de estudantes ao longo destes 20 anos? - Em 1996 iniciámos a actividade com pouco menos de duas centenas de estudantes e, hoje, volvidos 20 anos, temos cinco mil estudantes, só no ensino superior, espalhados por todas as unidades orgânicas. Em vinte anos graduamos mais de sete mil estudantes como bacharéis, licenciados, mestres e doutores. Começámos em 1996 com seis cursos. Na altura, eram Administração e Gestão de Empresas, Ciências da Comunicação, Ciências Jurídicas, Contabilidade e Auditoria, Informática de Gestão e Psicologia. Passados estes vinte anos oferecemos mais de trinta cursos nas várias unidades orgânicas espalhadas pelo país. Naturalmente que esse aumento de número de cursos teve a ver com a demanda do mercado que é muito mais competitivo e exigente do que em 1996. Essa diversificação, essa aposta na diversificação de cursos e continuidade de outros justifica este aumento que tivemos. Vamos ainda continuar a auscultar o mercado para, em função disso, introduzirmos mais cursos. 8 l SETEMBRO/2015 ESPECIAL o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l A POLITÉCNICA: 20 ANOS DE SUBSÍDIOS PARA O DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO POR: MESTRE SARA JONA LAISSE Fundada em 1995, a Universidade Politécnica, antigo Instituto Superior Politécnico e Universitário (ISPU), iniciou com as suas actividades lectivas em 1996. Nessa altura funcionava apenas a partir de uma abordagem direccionada para a prática, típica dos institutos, mas a partir de 2007 passou a Universidade e integrou, no seu perfil académico, a vertente de investigação teórica, a curto e médio prazos, tornando-se numa universidade politécnica. “Nada se perde, tudo se transforma” ESCOLAS E CURSOS Esta Universidade é composta por sete escolas, a saber: Escola Superior de Altos Estudos e Negócios (ESAEN), vocacionada à pós-graduação e à pesquisa aplicada; Escola Superior Aberta (ESA), que ministra cursos à distância; Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias (ESGCT), estas duas últimas escolas leccionam cursos de graduação e têm pólos de funcionamento em Xai-Xai, mas o núcleo central das três referidas escolas funcionam em Maputo. Outras unidades que proporcionam cursos de graduação são: o Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias (ISHT), em Quelimane; a Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula (ESEUNA); o Instituto Superior Politécnico e Universitário de Nacala (ISPUNA), ambas em Nampula e o Instituto Superior e Universitário de Tete (ISUTE). No que concerne à graduação, a Universidade tem administrado 18 cursos presenciais e seis à distância. Quanto à pós-graduação, há seis cursos a decorrer e está prevista a abertura de mais três cursos. No que tange aos doutoramentos, já foram conferidos quatro graus, em parceria com universidades estrangeiras. Em termos de ciclos de estudos, a Universidade administra os seguintes cursos de licenciaturas presenciais em regime “ sos de Administração Pública; Gestão de Recursos Humanos; Gestão de Empresas; Ciências da Educação; Ciências Jurídicas; Ensino de História e Geografia. A nível de mestrado os cursos são: Vias de Comunicação; Contabilidade, Fiscalidade e Finanças Empresariais; Gestão Empresarial; Direito Empresarial; Formação de Formadores em Gestão e Administração em Saúde; Gestão Social e Desenvolvimento Local e estão previstos para os próximos tempos cursos de Saúde Pública; Vias de Comunicação e Desenvolvimento e Ordenamento Territorial. As parcerias estabelecidas para certificar doutoramentos aconteceram nos cursos de Ciências de Educação e Gestão de Empresas. LINHAS DE PESQUISA Os acontecimentos que marcam a área científico-pedagógica vão desde a pesquisa aplicada, passando pela aplicação prática de conhecimento obtido no contexto de ensino-aprendizagem por parte de discentes e docentes até à formação docente. Esta Universidade tem as seguintes escolas: a Escola Superior de Altos Estudos e Negócios (ESAEN); a Escola Superior Aberta (ESA), a Escola Superior de Gestão, Ciência e Tecnologia (ESGCT), o Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias (ISHT), em Quelimane; a Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula (ESEUNA), o Instituto Superior Politécnico e Universitário de Nacala (ISPUNA), ambas em Nampula e o Instituto Superior e Universitário de Tete (ISUTE) semestral e modular: Administração e Gestão de Empresas; Administração Pública; Ciências Agrárias; Ciências da Comunicação; Ciências Jurídicas; Contabilidade e Auditoria; Economia; Enfermagem; Engenharia Ambiental; Engenharia Civil; Engenharia Eléctrica; Engenharia Informática e de Telecomunicações; Engenharia Mecânica; Estudos de Desenvolvimento; Gestão de Recursos Humanos; Gestão Financeira e Bancária; Informática de Gestão; Psicologia; Turismo e Gestão de Empresas Turísticas. Relativamente aos cursos à distância, são oferecidos os cur- ” Desde 2005, a Pesquisa Aplicada tem decorrido na ESGCT, sob a coordenação de alguns docentes, com o objectivo de aliar a teoria à prática, utilizando o conhecimento científico para a resolução de problemas do dia-a-dia, com recurso a monografias, artigos científicos, dissertações ou estágios curriculares desenvolvidos por estudantes, dando especial enfoque à área de pesquisa de Comportamento Organizacional, Gestão e Educação, Psicologia Organizacional e Continua na pág. seguinte »» ESPECIAL l SETEMBRO/2015 9 o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico do Trabalho, Psicologia Clínica e da Saúde. Para além deste intercâmbio entre docentes e estudantes, com enfoque em linhas de pesquisa específica, a Universidade tem organizado, no âmbito da extensão universitária, jornadas científicas nas quais estudantes e docentes participam como oradores, discutindo temas que interessem a sociedade. CENTROS DE PESQUISA Os centros de pesquisa, criados na Universidade, são também locais onde o desenvolvimento da componente científico-pedagógica tem lugar. Há que destacar que: Em 1999 foi criado o Centro de Pós-Graduação e Pesquisa Aplicada (CEPPA), que funciona na ESAEN, uma unidade que tem levado a cabo pesquisas na área de Economia. Em 2002, foi criado o Centro de Assistência e Práticas Jurídicas (CAPJ) que para além de prestar assistência jurídica à comunidade funciona como oficina de práticas de matérias desta índole, para estágios. Em 2007, o Gabinete de Atendimento Psicológico (GAP), que também presta assistência à comunidade, faz a adaptação e aferição de testes psicológicos, desenvolve investigação em Psicometria, administra testes de orientação vocacional e selecção profissional, avaliação psicológica de doenças de foro mental, mas funciona como laboratório de práticas dos formandos em Psicologia Clínica e Organizacional. PUBLICAÇÕES Para além de centros de pesquisa, a Universidade, através da ESGCT, publica a Revista Humanitas, que conta com a colaboração de docentes internos e externos. Neste momento, esta revista já vai na sua 5ª edição, esperando-se que, em breve, passe a ser editada após o crivo de revisores de pares. Ainda no que toca à edição de matérias pela Universidade, é de se realçar a publicação de dois títulos produzidos no âmbito das pesquisas feitas na área de Economia, para além da divulgação de 15 volumes de uma separata designada Debates, que contém trabalhos de docentes da Universidade. Estes trabalhos têm sido coordenados a partir de uma unidade de pesquisa adstrita ao CEPPA. FORMAÇÃO DE DOCENTES Como forma de se garantir a melhoria da qualidade de ensi- no, a Universidade Politécnica tem realizado, no início de cada ano lectivo, encontros de formação de docentes, prestando especial atenção às componen- tes de Metodologias de Ensino, Didáctica e Pedagogia. Presentemente encontra-se a realizar um outro curso de formação de docentes para a atribuição do l Certificado B, que atribui competências de leccionação a graduados e pós-graduados universitários. Continua na pág. seguinte »» PUBLICIDADE 10 l SETEMBRO/2015 SETEMBRO/2015 ESPECIAL ESPECIAL o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l A POLITÉCNICA: 20 ANOS DE SUBSÍDIOS PARA O DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO AVALIAÇÃO DO CORPO DOCENTE Além disso, os docentes, desde 2006, têm sido avaliados, no final de cada semestre. Esta avaliação considera a opinião de estudantes (colhida a partir de inquéritos); a informação do Secretariado Administrativo (que para além de desta- cos. Em seu cumprimento, a partir do ano de início do seu exercício a Universidade Politécnica iniciou com o processo de revisão curricular, ajustando os programas de ensino a esse sistema. Em 2014 foram revisitados os programas de estudos, considerando o objecto e missão da A Politécnica, perfil do graduado, “ Como forma de se garantir a melhoria da qualidade de ensino, a Universidade Politécnica tem realizado, no início de cada ano lectivo, encontros de formação de docentes, prestando especial atenção às componentes de Metodologias de Ensino, Didáctica e Pedagogia. Presentemente encontra-se a realizar um outro curso de formação de docentes, para a atribuição do Certificado B, que atribui competências de leccionação a graduados e pós-graduados universitários car a assiduidade aponta o cumprimento ou não de normas administrativas escolares). O chefe do departamento que alberga a área científica de cada disciplina leccionada na Universidade também faz a sua avaliação, considerando o grau de cumprimento do programa temático, bem como todo o processo de ensino-aprendizagem. Cada docente faz também a sua auto-avaliação que integra as percentagens de aprovação ou de reprovação, a sua actualização em termos de formação e as publicações que tiver ou encontros científicos nos quais tem participado. ” No que toca às unidades de ensino, a Lei do Ensino Superior define que os créditos de um instituto e de uma universidade devem ultrapassar as 25 unidades. Foi nesse sentido que A Politécnica estipulou 30 créditos por semestre que foram divididos em números pares (2, 4 e 6) pelas diferentes disciplinas. A lei permite a mobilidade de estudantes, a agilização do processo de equivalências e a redução de cadeiras com precedência. Além disso, considerando a essência de uma universidade politécnica, a nossa revisão curricular privilegiou: a revisão dos temas das disciplinas; a compactação de temas ou unidades, caso fosse possível; a introdução de estágios e componentes práticas nos cursos em que estes não existam. ASSISTÊNCIA ÀS AULAS Em 2012, uma outra vertente de avaliação foi introduzida, a assistência às aulas realizada entre pares, de modo a melhorar a qualidade de leccionação. REVISÃO CURRICULAR CRÉDITOS ACADÉMICOS A Lei do Ensino Superior nº. 27/2008, que funciona desde 2010, impõe às universidades a aplicação de créditos académi- saídas profissionais, áreas científicas, tabela de precedência, tabela de pré-requisitos, tabela de equivalência, plano de transição, plano de estudo e programas temáticos. Dentre as principais alterações constam: a revisão do estatuto das disciplinas, se nucleares, complementares ou, se opcionais. Foram também consideradas a carga horária semanal, a carga horária total e o número de créditos. A orientação, relativamente à carga horária semanal, determina que esta se situe entre as 18.00h e 21.00h. AUTO-AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL E AVALIAÇÃO EXTERNA Em 2013, sob orientação do CNAQ, foi realizado o processo de auto-avaliação piloto em dois cursos: o de Engenharia Civil e o de Administração e Gestão de Empresas. Para a avaliação foram considerados quatro indicadores, a saber: Missão e objectivo; Gestão e organização; Currículo; Infra-estruturas. Em 2014, os mesmos cursos foram submetidos à avaliação externa. Os avaliadores apreciaram as evidências apontadas no relatório de auto-avaliação, através de documentos e visitas à instituição. HONORIS CAUSA O primeiro doutoramento foi atribuído em Setembro de 2007, a Malangatana Ngwenya, pintor, escultor, poeta, dançarino e contador de histórias, pela sua inestimável dimensão humana e de cidadania, destacando-se o seu grande conhecimento em História, Arte e Costumes de Moçambique. Em Setembro de 2011 foi distinguido Albie Sachs, docente e Continua na pág. seguinte »» SETEMBRO/2015 ESPECIAL ESPECIAL SETEMBRO/2015 l 11 o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico «« Continuado da pág. 10 investigador de gabarito internacional pela sua valiosa dimensão humana e de cidadania, pelo seu engajamento na História do nacionalismo e das lutas de libertação em África. Immanuel Wallerstein, professor, investigador e prestigiado académico de nível internacional, foi homenageado em 2012, pelo seu contributo para o estudo do desenvolvimento das sociedades e economias à escala mundial e pelo seu em- penho na História do Pensamento Económico da segunda metade do século XX, até aos nossos dias. Em 2013, a Universidade Politécnica atribuiu o doutoramento honoris causa a Leymah Bbowee, pela sua dimensão humana na defesa dos grupos sociais mais vulneráveis (crianças e mulheres em situação de conflito armado), coragem e integridade pessoal no exercício da cidadania em contextos de opressão e violência, liderança de movimentos da sociedade civil e de resistência contra a l corrupção, abusos de poder, despotismo e regimes sanguinários. Em 2015, a 2 de Setembro, foi atribuído o doutoramento honoris causa ao escritor moçambicano Mia Couto, pela sua dimensão humana e de cidadania e por ser grande conhecedor da literatura de Moçambique, reconhecido por se destacar nos géneros: romance, conto, ensaio e poema nacional e internacional e por conviver harmoniosamente com os mundos intelectual, social, urbano, rural, nacional e internacional. “ A Universidade administra os seguintes cursos de licenciaturas presenciais em regime semestral e modular: Adminis-tração e Gestão de Empresas; Administração Pública; Ciências Agrárias; Ciências da Comunicação; Ciências Jurídicas; Contabilidade e Auditoria; Economia; Enfermagem; Engenharia Ambiental; Engenharia Civil; Engenharia Eléctrica; Engenharia Informática e de Telecomunicações; Engenharia Mecânica; Estudos de Desenvolvimento; Gestão de Recursos Humanos; Gestão Financeira e Bancária; Informática de Gestão; Psicologia; Turismo e Gestão de Empresas Turísticas. Relativamente aos cursos à distância, são oferecidos os cursos de Administração Pública; Gestão de Recursos Humanos; Gestão de Empresas; Ciências da Educação; Ciências Jurídicas; Ensino de História e Geografia ” PUBLICIDADE 12 l SETEMBRO/2015 SETEMBRO/2015 ESPECIAL ESPECIAL o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l ENTREVISTA COM O MAGNÍFICO REITOR DA UNIVERSIDADE POLITÉCNICA “O grande desafio é criar competências e capacidades internas” - afirma o Professor Doutor Lourenço do Rosário, falando sobre o futuro da Universidade O Magnífico Reitor da Universidade Politécnica, Professor Doutor Lourenço do Rosário, concedeu uma entrevista exclusiva ao “O Académico”, a propósito dos 20 anos de existência desta instituição de ensino superior. Na mesma, do Rosário apresenta a trajectória da Universidade e projecta o seu futuro. Falando sobre os desafios, afirmou o seguinte: “o primeiro desafio é tentarmos criar competências e capacidades internas para que a direcção superior da universidade não precise de continuar a recrutar fora os seus quadros de direcção superior. O segundo desafio é tentar consolidar algo que nós perseguimos desde o princípio, desde que nós éramos ISPU, no primeiro e segundo ano, que foi o estabelecimento de uma rede de parcerias com instituições prestigiadas, nacionais e internacionais. O terceiro desafio é abrir um espaço, na nossa instituição, para a investigação científica e sistemática”. Siga a entrevista em discurso directo: - Como é que surge a ideia de criar o Instituto Superior Politécnico e Universitário (ISPU), agora Universidade Politécnica? - É preciso primeiro voltarmos à minha experiência pessoal. Eu estava a leccionar na Universidade Nova de Lisboa, em Portugal, e tinha a experiência, como docente da Universidade Nova de Lisboa, de percorrer alguns países, nomeadamente, na Europa e também, Brasil e Cuba. Tive a apreciação de que nalguns desses países, sobretudo em França e na Itália, e depois em Portugal, mais tarde também no Brasil, havia uma experiência muito grande de ensino privado que com- plementava o sistema público. Quando no início da década 90, eu decidi regressar a Moçambique, trazia já esta vontade, beneficiando também de alguma abertura, na altura, quando o governo decidiu abrir-se para o multipartidarismo. Nessa altura, algumas leis fundamentais também foram introduzidas no país, nomeadamente, no que diz respeito ao ensino superior. A Lei 1/90 permitia a actuação dos privados na área do ensino superior. Eu trazia concretamente uma experiência de Portugal, porque dei aulas em instituições privadas portuguesas que foram criadas nos finais dos anos 80 e isso Continua na pág. 13 »» SETEMBRO/2015 ESPECIAL ESPECIAL SETEMBRO/2015 l 13 o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico permitiu-me poder perceber que o espaço do ensino privado podia perfeitamente complementar o sector público e inovar no que diz respeito à capacidade rápida de responder às necessidades da sociedade no mercado de trabalho, etc. - Como é que tudo se procedeu? - Nós fomos autorizados a funcionar em 1995 pelo Conselho de Ministros. A 13 de Setembro, em 1996, iniciámos o ano lectivo. O primeiro grupo era composto por 165 estudantes. - Como é que se efectivou a expansão do ISPU? - Em 1994 realizaram-se as primeiras eleições democráticas e havia muita pressão política por parte das populações do centro e norte para que o ensino superior fosse expandido. Nessa altura, havia apenas a Universidade Eduardo Mondlane (UEM), o Instituto Superior Pedagógico (ISP) e o Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI). A Universidade Eduardo Mondlane era universidade nacional, tinha muita expressão, mas “ mo aqui em Maputo. Eu posso dizer inclusive que os problemas que surgiram em Quelimane foram, digamos, missões muito importantes para não só crescermos em Maputo, como também criar metodologias de como expandirmos para Nampula, para Tete e para Nacala. Portanto, esta foi cronologicamente a nossa expansão, tanto para Nampula, como para Tete, onde já fomos com os pés bem assentes no chão. Como consequência, a nossa ida para Nacala já foi estratégica. - Pode fazer então uma pequena cronologia do nascimento da instituição? - Nós começámos com as aulas em 1996. A partir de Setembro de 1995 até Fevereiro de 1996 estávamos a lançar as bases para o arranque. Nós tínhamos os cursos de Administração e Gestão de Empresas, Ciências Jurídicas, Ciências da Comunicação e Informática de Gestão. Portanto, quatro cursos. Eram, ao todo, como disse, 165 estudantes, o que significou a contratação de duas de- O primeiro desafio é tentarmos criar competências e capacidades internas para que a direcção superior da universidade não precise de continuar a recrutar fora os seus quadros de direcção superior. Este é o primeiro desafio que se impõe nos próximos 10 anos estava apenas em Maputo. A Universidade Pedagógica, na altura Instituto Superior Pedagógico, tinha delegações na Beira e em Nampula. Lembro-me que o Presidente Joaquim Chissano, quando, depois da sua investidura como Chefe de Estado, em 1995, visitou a cidade de Quelimane, foi recebido com cartazes que exigiam que se estabelecesse o ensino superior na Zambézia. Eu estava na delegação. Ele virou-se para mim e disse, num tom de brincadeira, mas sério:“isto é mais sério, mas conto contigo”. Naturalmente que eu levei a peito este desafio e em 1998 nos estabelecemos em Quelimane. Não tínhamos ainda consolidado o projecto aqui em Maputo. Mas a ida para Quelimane, tentando agora responder directamente à sua questão, não foi de forma nenhuma uma planificação empresarial. Foi fundamentalmente uma questão que agora nos motiva, porque enfrentámos uma série de dificuldades. Foi uma experiência, uma grande escola para responder a alguns desafios, mes- l ” zenas de docentes, dos quais só um é que era a tempo inteiro. Tínhamos uma funcionária que respondia pela biblioteca e ao mesmo tempo pela recepção. Tínhamos um chefe de secretaria e um tesoureiro. Éramos um número muito restrito. Estávamos a funcionar nas instalações do centro de formação da LAM, no Aeroporto do Maputo, e todos nós fazíamos um pouco de tudo: carregar cadeiras, abrir salas, inclusivamente limpar salas, etc. Foi uma experiência muito gratificante nessa altura. No ano seguinte, nós crescemos de tal forma que duplicámos os ingressos. Passámos para 375 alunos e já não cabíamos nas salas do Aeroporto. Fomos para as nossas instalações da Avenida Albert Lithuli e, consequentemente, houve necessidade de sectorizar os serviços. Criámos uma tesouraria e uma Secretaria-geral. Criámos o sector académico com o registo dos alunos e começámos a criar alguns serviços, entre os quais o de pessoal, etc. - Como e quando começam a ter as vossas próprias instalações? - Dois anos depois, quando graduámos os primeiros bacharéis, no final de 1998, já íamos em mil e tal alunos. Isto significou a necessidade de encontrarmos espaços, pois já não cabíamos nas instalações da Albert Lithuli. Fizemos um acordo com o Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ) e construímos no terreno do SNJ as instalações que hoje estão a ser utilizadas pela Escola Secundária das Acácias. Transferimos também para lá o curso “ do da Albert Lithuli e passámos a Reitoria para as instalações onde, neste momento, está a funcionar uma companhia de telefonia móvel, na Avenida Paulo Samuel Kankhomba. Em 2004, nós já fomos capazes de inaugurar, dois blocos de instalações e trouxemos as Ciências Jurídicas para aqui. Naturalmente, o número de alunos, já em 2004, ultrapassava os 3500, o que significava que estávamos ainda num plano excelente de crescimento que nos permitia ao mesmo tempo algo muito importante que é ter garantias reais para ter acesso aos Nós fomos autorizados a funcionar em 1995 pelo Conselho de Ministros. A 13 de Setembro, em 1996, iniciámos o ano lectivo. O primeiro grupo era composto por 165 estudantes de Ciências Jurídicas, que era o mais numeroso. Na mesma altura conseguimos negociar este terreno que nós temos aqui, de 14 100m2. Fizemos um plano director de construção e expansão física da nossa instituição e construímos o primeiro bloco. Transferimos, em 2001, o curso de Administração e Gestão de Empresas para aqui. Transferimo-nos também sain- ” financiamentos, de modo a podermos expandir fisicamente as nossas instalações aqui no campus. Passámos para a construção da Reitoria e do CREISPU, que é o corpo de estudantes e simultaneamente fomos para Nampula. A ida para Nampula e a construção dessa segunda fase de crescimento aqui em Maputo era um desafio bastan- te grande na nossa expansão e crescimento. Com Quelimane e Nampula, nós subimos para cinco mil alunos, em 2005, o que significou uma espécie de estabilização do projecto e acreditar que A Politécnica, na altura, ISPU, estava em condições de poder dar o salto. Este salto é dado quando nós concluímos a construção do pavilhão e da biblioteca central e do edifício onde está o IMEP, o Instituto Médio Politécnico e a Escola Superior de Altos Negócios e ocupámos todo o terreno que tínhamos. Assim, solicitámos ao Conselho de Ministros a nossa passagem de Instituto para Universidade, em 2007. Podemos considerar que em 2007 nós atingimos a velocidade de cruzeiro. Isso permitiu-nos avançar para Tete, avançar para Nacala e passarmos a pensar na construção de instalações definitivas em Quelimane. É importante também referir que com esse processo de expansão e crescimento, por exemplo, neste momento, em 2015, ultrapassamos os sete mil alunos. Mas o crescimento não é tão exponencial, como nos Continua na pág. 14 »» 14 l SETEMBRO/2015 SETEMBRO/2015 ESPECIAL ESPECIAL o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l ENTREVISTA COM O MAGNÍFICO REITOR DA UNIVERSIDADE POLITÉCNICA «« Continuado da pág. 13 primeiros anos. Quando eu digo velocidade de cruzeiro é que estamos no movimento uniformemente acelerado. Portanto, não aumenta e nem diminui. Aumenta muito pouco. Vamos pensar que todos os anos saem 200 a 250 alunos graduados e recebemos 500 alunos novos. É muito reduzido. Normalmente, é mais 200 a 400 alunos, mas nós consideramos que isso permite-nos podermos gerir à distância esta nossa filosofia: estarmos em instalações próprias e não termos nada alugado neste momento. Temos satisfeito com as condições básicas para os nossos docentes, estudantes, nos equipamentos, nos laboratórios e lugares de lazer, etc. E isso permite de facto que a Universidade Politécnica, sendo privada, seja considerada no país como a única que construiu de raíz edifícios públicos para educação no ensino superior e isto nos orgulha bastante. - Quais foram os momentos mais marcantes da universi- dade nestes 20 anos? - Do ponto de vista académico foi a primeira cerimónia de graduação de licenciados aqui em Maputo e a primeira cerimónia de graduação de bacharéis em Quelimane. Quelimane foi de facto assim algo que marcou a região Centro e Norte, sobretudo quando nós pensarmos que quando fomos a Quelimane, em 1998, não havia nenhum único jurista, não havia licenciados na Administração Pública, se não aqueles que eram transferidos de Maputo. Localmente, não havia possibilidades do seu recrutamento e o governo, na altura, achava que era muito difícil implantar-se o ensino superior na Zambézia. Isso dito pelo vice-ministro da Educação, na altura em que havia dificuldades de se poder implantar na Zambézia. Nampula e Beira já estavam com a Universidade Pedagógica. Para nós, de facto, aqueles foram momentos muito marcantes. Porque começámos a produzir quadros superiores naquelas províncias e também em Maputo. Momen- tos marcantes foram também quando convidámos figuras de grande prestígio internacional, nomeadamente, o ex-Primeiro-Ministro português, António Guterres, o ex-Presidente do Brasil, Fernando Henriques Car- “ personalidades ligadas à cultura, às artes e economia, etc. Foi muito importante e um momento marcante também quando graduámos os primeiros doutores na nossa instituição. Primeiro foi a já falecida Tínhamos uma funcionária que respondia pela biblioteca e ao mesmo tempo pela recepção. Tínhamos um chefe de secretaria e um tesoureiro. Éramos um número muito restrito. Estávamos a funcionar nas instalações do centro de formação da LAM, no Aeroporto do Maputo, e todos nós fazíamos um pouco de tudo: carregar cadeiras, abrir salas, inclusivamente limpar salas, etc. Foi uma experiência muito gratificante nessa altura. No ano seguinte, nós crescemos de tal forma que duplicámos os ingressos doso, quando fizemos 10 anos de existência, o Bispo Desmond Tutu, para vir aqui honrar-nos nas cerimónias de graduação. Momentos marcantes também foram os doutoramentos honoris causa, começando pelo pintor Malangatana Valente Ngwenya, que nos abriu de facto esta filosofia para de dois em dois anos podermos doutorar ” Dr.ª Ana Vilela Germano, depois o brigadeiro Frazão e, finalmente, um dos três quadros, o Professor Dr. Carlos Sotomane. Também são efectivamente momentos marcantes quando houve a inauguração completa do nosso campus, presidida pelo antigo Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, que nos honrou com a sua presença e nos mostrou que o nosso campus não desmerece o nome de Universidade dentro do nosso sistema de ensino superior em Moçambique. - Falou muito pouco da expansão para Tete… - Para Tete, nós fomos em 2010 e 2011. Para Nampula, foi em 2008, um ano depois de termos passado para Universidade. Nós perseguimos sempre a diferença, porque consideramos que no ensino superior não podemos ser iguais. Aliás, o lema dos 10 anos foi “10 anos marcando a diferença”. Começámos por ser diferentes. Quando iniciámos as actividades introduzimos cursos que não eram oferecidos no ensino público. Marcámos a diferença. Quando introduzimos actividades extracurriculares e ritualísticas que tinham sido banidas no período revolucionário no ensino superior em Moçambique. Para a nossa alegria e felicidade, neste momento, todas as universidades procuram acompanhar-nos Continua na pág. 15 »» SETEMBRO/2015 ESPECIAL ESPECIAL SETEMBRO/2015 l 15 o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico nisso, nomeadamente, os trajes académicos, as actividades culturais, as orações de sapiência de encerramento das aulas. Portanto, esses rituais, as queimas das fitas, o baptismo de caloiros, etc… são uma série de elementos que introduzimos e que nos marcam de facto como sendo diferentes e, sobretudo, a perseguição sistemática do ambiente democrático que se criou no nosso seio como uma prática sistemática de discussão aberta de ideias. Nesta relação hierárquica, as pessoas consideram que podem colocar os seus problemas sem ter qualquer receio, incluindo os próprios estudantes. E também marcamos a diferença no facto de nos nossos estatutos termos introduzido a obrigatoriedade da presença do nosso estudante no Conselho Pedagógico, para poder transmitir os seus problemas e também o apoio que nós temos dado, a partir do nosso orçamento, à associação dos estudantes. Não consideramos a associação de estudantes como um adversário, mas, pelo contrário, como um aliado. - Quais são os desafios para os próximos dez anos? - Nós criámos este espaço da Pró-Reitoria e fomos buscar o professor Narciso Matos, pela sua trajectória, sua experiência, a recrutar fora os seus quadros de direcção superior. Este é o primeiro desafio que se impõe nos próximos 10 anos. Naturalmente nós temos muitos jovens que estão a ocupar cargos de direcção como chefes de departamentos, alguns como directo- “ Os primeiros momentos marcantes foi a primeira cerimónia de graduação de licenciados aqui em Maputo e a primeira cerimónia de graduação de bacharéis em Quelimane. Quelimane foi de facto assim algo que marcou a região centro e norte, sobretudo quando pensarmos que quando fomos a Quelimane, em 1998, não havia nenhum único jurista, não havia licenciados na Administração Pública, se não aqueles que eram transferidos de Maputo para Pró-Reitor para o Desenvolvimento Institucional, pensando exactamente nos próximos 10 anos. Isto é, quando a universidade fizer 30 anos, provavelmente nós já não cá estaremos. Então, o primeiro desafio é tentarmos criar competências e capacidades internas para que a direcção superior da universidade não precise de continuar ” res. Estão com 30 anos ou 30 e pouco mais e são ambiciosos. O recado que nós emitimos para esses jovens é que sejam ambiciosos, mas com competências, capacidades e dedicação e que saibam que uma carreira universitária, seja na gestão, seja na academia, faz-se sempre com muita seriedade e rigor. Este é o primeiro desafio. O segundo desafio é tentar consolidar algo que nós perseguimos desde o princípio, desde que nós éramos ISPU, no primeiro e segundo ano, que foi o estabelecimento de uma rede de parcerias com instituições prestigiadas, nacionais e internacionais. Isto vai um pouco na base daquele princípio segundo o qual “se tú me disseres com quem estás acompanhado e com quem tú andas, dir-te-ei quem és”. Então, nós procuramos ter parcerias com instituições prestigiadas no mundo inteiro. Isto deu-nos estas capacidades de podermos ser olhados interna e externamente com algum respeito e sermos prestigiados. Então, o desafio é não só consolidar isso, mas incrementar esta área do desenvolvimento e internacionalização da nossa instituição. O terceiro desafio é abrir um espaço, na nossa instituição, para a investigação científica e sistemática. Neste momento, a investigação está muito ligada à formação pós-graduada e nós achamos que o nosso país l precisa de universidades que façam investigação científica ligada ao próprio programa de desenvolvimento do país. Nós sabemos que, no mundo inteiro, são as universidades, os verdadeiros motores do avanço da ciência e do conhecimento. Nós queremos estar na vanguarda sobre a investigação sistemática. Este é um desafio extremamente importante. Para isso, temos um plano: por um lado, o desafio de formar competências internas através do doutoramento do nosso corpo docente. Isto é importante, já temos um plano de formação que o Pró-Reitor vai monitorar. Por outro lado, abrimos também um centro de investigação para que os projectos possam interessar parceiros que possam acompanhar-nos nesta investigação. Esses são desafios fundamentais que o Pró-Reitor está encarregado, neste momento, de preparar. Não só para o próximo seminário, no âmbito dos 20 anos, mas também no plano estratégico geral da própria universidade. 16 l SETEMBRO/2015 SETEMBRO/2015 ESPECIAL ESPECIAL o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 20 ANOS DA UNIVERSIDADE POLITÉCNICA “Daqui a 10, 20, 30 anos faremos cada vez mais e melhor” - afirma, com convicção, a Profª. Doutora Rosânia da Silva A Directora da UECU - Unidade de Extensão e Cooperação Universitária, Profª. Doutora Rosânia da Silva, afirmou, convicta, que daqui a 10, 20, 30 anos a Universidade Politécnica poderá fazer melhor do que fez ao longo destes 20 anos de existência que se comemoram dentro de dias. Numa entrevista ao “O Académico”, por ocasião destas celebrações e fazendo o balanço da trajectória desta instituição de ensino superior, ela diz que “cada um de nós, no seu pelouro, contribuiu para que esta universidade fosse o que ela é hoje, 20 anos depois, cada vez mais forte, cada vez mais longe. Acreditamos que daqui a 10, 20, 30 anos faremos cada vez mais e melhor” e acrescentou: “o balanço (do que se fez) é positivo e eu acredito que o nosso desafio neste momento é o crescimento com qualidade. Eu digo que fizemos muito, trabalhámos bastante em equipa, porque nenhum processo desta natureza se faz se não trabalharmos em equipa . Obviamente, que existem líderes nesse processo. Os líderes têm o seu mérito. Caminham à frente, indicam o caminho. Mas o líder sozinho não faz. Ele precisa de outros que ajudem a concretizar as ideias, assim como esses outros precisam de alguém que os chefie, os comande e que aponte o caminho”. Siga a entrevista em discurso directo: - Fale-nos das actividades de extensão universitária e de cooperação que foram desenvolvidas ao longo dos 20 anos na Universidade Politécnica. - A Universidade Politécnica, desde o seu surgimento como ISPU, em 1995, procurou sempre ampliar as suas áreas de intervenção para além de espaço de sala de aulas. Então, logo nos primeiros anos, entre 1996 e 1997, para além das actividades de sala de aulas propriamente ditas nos envolvemos em actividades voltadas para as comunidades, com acções que procuravam de alguma forma envolver e beneficiar outro tipo de comunidade, que não era apenas a comunidade académica. A nossa intervenção, enquanto extensão universitária, procurou abarcar sempre o desporto, a cultura, as actividades de capacitação de pessoas da comunidade, que não tinham de estar sentadas na sala de aulas num curso de longa duração, para adquirirem o diploma académico, como tal, mas que vinham adquirir competências, que vinham para actividades de capacitação. As nossas intervenções, no âmbito da cultura e do desporto, sempre foram muito fortes, desde o início, procurando combinar as duas áreas numa clara referência à necessidade de cuidar do corpo e do espírito. A cultura, as artes, o lazer como elementos indispensáveis para uma formação integral do ser humano. Temos vindo sempre a reforçar essas áreas, para uma gestão melhor estruturada, através, por exemplo do Clube Desportivo da Universidade Politécnica, do Centro Recreativo EstudantilCREISPU, de uma Incubadora de Negócios que visa promover o microempreendedorismo e diversas outras acções que procuram levar a universidade até à comunidade. - Quais são as actividades desenvolvidas pela FUNDE desde a sua criação? - A FUNDE, desde o início, teve um duplo papel. Ela vem, por um lado, executando as actividades de extensão que fazem parte do escopo da Universidade Politécnica, desenvolvendo esta relação com a comunidade, trazendo a comunidade para a Universidade e levando a Universidade à comunidade. Por outro lado, a FUNDE, no âmbito daquilo que é o seu próprio objecto, também tem estado a intervir directamente em acções junto da comunidade, com um papel social interventivo, que tem a ver principalmente com acções que visam ajudar as comunidades a desenvolverem-se, fiel a sua missão de “capacitar e educar para desenvolver”. Partimos do princípio de que educando as pessoas, não apenas através da formação regular e formal, como nós já a concebemos na Universidade, mas também uma formação prática, voltada para o mercado, voltada para as necessidades pontuais da sociedade, promovemos o desenvolvimento do País. Então acreditamos que sim, estamos a contribuir para o desenvolvimento do país e a FUNDE tem estado fortemente apostada nisso. Tem sido esse o seu foco desde a sua criação, em 2012. - Qual é o balanço que se faz dos 20 anos da Universidade Politécnica? - Positivo. Eu diria que ao longo destes 20 anos passámos por altos e baixos e aprendemos muito. Aquela equipa que vem desde o início e todos os outros que foram ao longo dos anos se juntando a essa equipa e contribuindo para o reforço das acções e das competências cresceu junto com a Universidade. Todos nós temos estado a aprender. O ensino superior, o ensino universitário, ainda é muito jovem no país e em Moçambique existem poucas pessoas que podem ser consideradas especialistas em gestão universitária, com uma visão abrangente não circunscrita apenas ao espaço moçambicano. Portanto quase todos nós estamos a aprender. Acredito que ao longo destes anos aprendemos bastante, mas ainda não somos experts nesta área, estamos a dar o nosso melhor. Aquilo que a Universidade Politécnica é hoje é resultado do trabalho desta equipa. Então, eu diria que o balanço é positivo, é um balanço favorável. Contribuímos para o desenvolvimento do país. Crescemos em Continua na pág. 17 »» SETEMBRO/2015 ESPECIAL ESPECIAL SETEMBRO/2015 l 17 o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico «« Continuado da pág. 16 termos individuais, pessoais e colectivos. Estamos aqui marcando a diferença. - Como foi desenvolvido o projecto de Incubadora de Negócios em Nampula? - A Incubadora de Negócios veio dar resposta à necessidade de promover de forma mais estruturada a formação para as necessidades imediatas do mercado, capacitar melhor as pessoas para o microempreendedorismo. A ideia de incubadora já existia na universidade há muitos anos. Nós sempre acompanhamos iniciativas de estudantes que gostariam de desenvolver os seus negócios, mas que precisavam de um melhor acompanhamento e, paralelamente, formação como tal e temos também pessoas da comunidade, microempreendedores, pessoas que trabalham no sector informal e que precisam de aprender a gerir melhor, a se organizarem melhor, para que possam ter melhores resultados. Nós tivemos, finalmente, a oportunidade de concretizar esta incubadora há cerca de dois anos. Criámos a incubadora, inicialmente em Nampula. Mas o nosso projecto é levar a iniciativa para diversos pontos do país. O nosso sonho é ter uma incubadora em Tete e Quelimane, outra em Nacala, ainda outra em Xai-Xai e daí por diante. Por enquanto só estamos em Nampula. Mas a nossa ambição é ter várias unidades deste tipo em diversos pontos do país, procurando, por um lado, levar os nossos estudantes a pôr em prática aquilo que aprendem na sala de aulas, e, por outro, também trazer a comunidade para dentro da Universidade, aprendendo a gerir, sendo capacitada em sectores específicos, em que ela precisa melhor de uma especialização para poder trabalhar melhor. - O que é a UECU? - A UECU é uma unidade de extensão e cooperação universitária. Então, todos os sectores que fazem parte da estrutura orgânica da UECU são sectores de actividades que estão virados para a comunidade. Temos na UECU, o Centro de Atendimento e Práticas Jurídicas. Esse centro tem dupla vertente, por um lado, propicia o estágio de estudantes do curso de Ciências Jurídicas, e, por outro, tem uma face voltada para a comunidade, na medida em que é o sector que proporciona atendi- mento jurídico gratuito à comunidade carente. Da mesma forma, temos o Gabinete de Atendimento Psicológico (GAP), que também, por um lado, é um espaço de estágio para os estudantes de Psicologia, por outro, é onde esses mesmos estudantes, orientados por psicólogos credenciados, podem prestar assistência psicológica gratuita a pessoas carentes da comunidade, que não têm condições de pagar. O gabinete é uma clínica de atendimento psicológico. Temos uma vertente de entretenimento e ocupação das pessoas. Temos um clube que está vocacionado para a prática do desporto, com uma modalidade de eleição que é o basquetebol. A nossa equipa tem-se destacado em diversos momentos, em diversos palcos nacionais e internacionais. Nós, com o clube, procuramos, não só atender os nossos estudantes que praticam essa modalidade, mas também acolher elementos da comunidade que se destacam pelo seu talento nestas áreas, proporcionando bolsas de estudo a esses jovens. Por outro lado, também é uma terapia de ocupação, porque na medida em que os jovens estão ocupados com o desporto e outras actividades, estão fora das ruas e de actividades que poderiam de alguma forma colocar em perigo o seu futuro. Também temos o CREISPU, que tem a ver com a parte cultural, se calhar a mais antiga, aquela que foi a nossa primeira bandeira. Hoje está estruturado como Centro Recreativo Estudantil. É um espaço de entretenimento para os estudantes. Temos como bandeira, uma tuna académica, a qual procura congregar estudantes de diferentes cursos e que se apresentam também na área de canto e dança. Mas também há outras modalidades, como o teatro, que procura aliar o desenvolvimento intelectual à parte cultural. Temos também a Rádio Universitária que foi criada há cerca de três anos. É uma rádio que se destaca pela sua vertente universitária, não é uma rádio comercial. É uma rádio que procura transmitir conteúdos educativos, voltados principalmente para a educação e para a saúde. Temos uma rádio novela, já bem conhecida, chamada Fatias da Vida. Esta radionovela procura, a partir de acções e situações corriquieras, educaras pessoas, passar uma mensagem sobre questões de saúde, de comportamento e, principalmente, educar as pessoas para a mudança de comportamento, de atitude. Temos uma oficina pedagógica e de leitura. Essa oficina funciona para nós como elemento de suporte, no âmbito da parceria público-privado. Estamos a gerir escolas primárias, procurando mudar a face dessas escolas no que diz respeito à qualidade de ensino, infra-estruturas, à postura e atitude dos elementos da escola face à educação. A oficina pedagógica e de leitura é um espaço que nos permite trabalhar com os docentes e crianças oriundas dessas escolas e vamos procurando introduzir, através da oficina, novas práticas pedagógicas e preendedorismo. É um espaço que permite aos estudantes da Universidade Politécnica desenvolver as suas ideias. Aqueles que têm uma ideia de negócio e não sabem como começar ou não têm recursos para começar. Então, nós acolhemos esses projectos na incubadora. Ali é também um espaço para que as micro-empresas, que precisam de uma consultoria, de um aconselhamento, de um acompanhamento para melhor se organizarem, podem vir ter connosco e receber um tipo de treinamento para desenvolverem melhor as suas actividades. De um modo geral, são estas as áreas da UECU, para além da componente de imagem, relações públicas, etc., e, em termos de trabalho com a comunidade, principalmente dinamizar a leitura, porque estamos cada vez mais conscientes de que a deficiência no processo de leitura é um dos grandes males que temos hoje no processo de ensino e aprendizagem. Por último, como já me referi anteriormente, temos a incubadora de negócios que está em Nampula. Esta incubadora procura promover o em- estes são os sectores que estão voltados para esta vertente. - Estes sectores ajudaram a criar a imagem da Universidade Politécnica ao longo do tempo? - Eu diria que sim, ao longo destes 20 anos, esses sectores que fazem parte da UECU ajudaram a construir aquilo que é a Universidade Politécnica de hoje. A Universidade Politéc- l nica não é só a sala de aulas, não é só o processo de ensino e aprendizagem. Temo-nos envolvido, nos últimos anos, numa luta grande para implementar e incrementar o processo de investigação dentro da Universidade. Mas, de um modo geral, nós estamos a fazer pesquisa aplicada através da UECU. Esses trabalhos todos voltados para a população circunvizinha, para a comunidade na qual a universidade está inserida, já são uma forma de pesquisa, de aplicar lá fora o conhecimento produzido aqui dentro. O que posso dizer em forma de balanço é que a UECU contribuiu fortemente para delinear aquilo que é hoje o perfil da Universidade Politécnica. Vai continuar a contribuir, porque estas actividades estão cada vez mais fortalecidas e há uma demanda cada vez maior, por cada uma destas áreas. Acredito que a Universidade Politécnica nos seus 20 anos é resultado do esforço de todos nós. Não apenas da UECU, mas também das unidades orgânicas, das unidades transversais. Cada um de nós, no seu pelouro, contribuiu para que esta universidade fosse o que é hoje, 20 anos depois, cada vez mais forte, cada vez mais longe. Acreditamos que daqui a 10, 20, 30 anos faremos cada vez mais e melhor. - Quais as considerações finais em relação aos 20 anos da Politécnica? - De um modo geral, o balanço que faço da Universidade Politécnica é muito positivo. Para aqueles que nos viram há 20 anos atrás e aqueles que nos vêem hoje, aqueles que têm acompanhado o nosso percurso, as conquistas que fizemos a todos os níveis, desde infra-estruturas, corpo docente, crescimento do corpo técnico administrativo, número de estudantes, dentre outros, têm elogiado a nossa acção. O balanço é positivo e eu acredito que o nosso desafio neste momento é o crescimento com qualidade. Eu digo que fizemos muito e fizemos bem. Acredito que vamos caminhar assim, para que daqui a 10, 20, 30 anos sejamos uma Universidade Politécnica cada vez mais forte. Provavelmente, muitos de nós não estaremos nos próximos 10, 20, 30 anos, mas a instituição ficará para aqueles que vierem depois e espero que eles possam olhar para trás e entender como é que esta universidade nasceu, cresceu e se consolidou. 18 l SETEMBRO/2015 SETEMBRO/2015 ESPECIAL ESPECIAL o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 20 ANOS DA UNIVERSIDADE POLITÉCNICA “Há muito investimento a todos os níveis” - Lic. Maria João Carrilho, Directora das Bibliotecas A Directora das Bibliotecas da Universidade Politécnica, Lic. Maria João Carrilho Diniz, disse ao “O Académico” que “há muito investimento a todos os níveis. No caso particular, há um investimento muito grande e um enorme interesse em que as bibliotecas garantam a qualidade do ensino. Desde a sua criação, primeiro como Instituto Superior Politécnico e Universitário, as bibliotecas tiveram atenção especial”. Pode-nos falar do nascimento e desenvolvimento desta instituição que agora é a Universidade Politécnica? - Iniciei a minha actividade no Instituto Superior Politécnico e Universitário, hoje Universidade Politécnica, logo no primeiro ano em que se fez a abertura desta instituição. Fui convidada pelo Professor Lourenço do Rosário para dar a disciplina de Língua Portuguesa, no Curso de Ciências da Comunicação. Fiz parte do primeiro grupo de docentes que iniciou actividades nesta instituição. Trabalhava em tempo parcial e, durante os quatro anos seguintes, mantive a minha relação com o instituto, como docente e depois como coordenadora do curso de Ciências da Comunicação. Mais tarde, distanciei-me fisicamente, porque tive que exercer outras actividades profissionais, mas tive oportunidade, sistematicamente, de acompanhar a instituição que eu ajudei a dar os primeiros passos, não em termos de concepção, mas integrando a equipa docente. Em 2013, venho novamente para esta Universidade; não me tinha desvinculado completamente da instituição, porque fui dando sistematicamente algumas cadeiras ou participando nalguns projectos que a Universidade desenvolvia. Desde 2013, sou Directora das Bibliotecas. Entrei numa fase de reestrutura- ção das bibliotecas, e sinto que o percurso da instituição foi, realmente, vitorioso. A Universidade evoluíu, em termos de número de estudantes e docentes e, também, em termos de qualidade. Houve investimento ao nível dos equipamentos, do mobiliário e dos próprios edifícios. É a universidade privada que tem mais edifícios construídos de raiz. Isso é muito importante para que a ensino-aprendizagem também tenha a qualidade necessária. Entrei para o quadro directivo numa fase em que esta direcção tinha uma nova estrutura orgânica. Encontrei uma universidade apontada para um futuro promissor. SETEMBRO/2015 ESPECIAL ESPECIAL SETEMBRO/2015 l 19 o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l Agora devemos virar a nossa atenção para áreas de investigação e docência - afirma a Professora Doutora Irene Mendes, Directora da Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias (ESGCT) A Directora da Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias (ESGCT), Professora Doutora Irene Mendes, entende que volvidos estes 20 anos, em que a Universidade Politécnica esteve mais virada à consolidação das suas infra-estruturas, da sua gestão, organização e desenvolvimento curricular, é altura agora de se virar para áreas de investigação e docência. “Acho que o balanço não é tão positivo nas áreas de investigação e docência. Nestas áreas há um trabalho a fazer, sobretudo no que diz respeito a docentes a tempo inteiro. Temos que contratar docentes a tempo inteiro. Significa que enquanto nos primeiros 20 anos apostamos muito nas infra-estruturas, na organização, nos regulamentos, nas leis e normas, a partir de agora temos que virar realmente a nossa atenção para áreas de investigação e docência”, disse. Acompanhe o seu depoimento, feito ao “O Académico”, a propósito dos 20 anos de existência da instituição”: - Que balanço faz dos 20 anos de existência da Universidade Politécnica? - Faço um balanço positivo em algumas áreas, nomeadamente, nas áreas de infra-estruturas, de gestão e organização e no currículo. No entanto, acho que o balanço não é tão positivo nas áreas de investigação e docência. Nestas áreas há um trabalho a fazer, sobretudo no que diz respeito a docentes a tempo inteiro. Temos que contratar docentes a tempo inteiro. Significa que enquanto nos primeiros 20 anos apostamos muito nas infra-estruturas, na organização, nos regulamen- tos, nas leis e normas, a partir de agora temos que virar realmente a nossa atenção para áreas de investigação e docência. - O que foi feito nestes anos ao nível da Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias (ESGCT)? - Estou relativamente há pouco tempo nesta escola, mas pela experiência que tenho sei que esta escola deu um grande passo, porque, no início, a escola funcionava duma forma atabalhoada, mas com a criação dos departamentos deu um grande salto, foi um grande avanço. Conseguimos organizarmo-nos e a partir dos departamentos conseguimos fazer um trabalho de organização e gestão; fazer a revisão curricular; fazer tudo à volta dos cursos, a partir dos departamentos, o que para mim, neste momento, é o melhor avanço desta escola. A nível desta escola também temos a formação do corpo docente, não só aquele que está a tempo inteiro, como também o do tempo parcial, porque pensamos que os nossos docentes são todos. Gratuitamente, a instituição está a organizar o curso de formação do corpo docente. Paralelamente, também estamos a fazer a avaliação do corpo docente, para que os nossos docentes aprendam e cresçam, melhorem continuamente os seus processos. É muito importante que eles sejam sujeitos à avaliação, para conhecerem o que devem melhorar. - Quais são os critérios da avaliação dos docentes? - Esta avaliação é feita tendo em conta quatro critérios. Primeiro, o docente tem que se auto-avaliar, através do relatório do aproveitamento pedagógico. Segundo, os estudantes devem avaliar os docentes através de um inquérito que produzimos para os estudantes preencherem. Terceiro, os docentes são avaliados pela Direcção Académica. O sector académico tem que ver e avaliar o docente tendo em conta a sua assiduidade, se ele é pontual ou não, se ele cumpre ou não com os prazos de lançamento de notas. Se ele cumpre ou não com as datas indicadas para a realização dos exames. E, por fim, o chefe do departamento deve avaliar os docentes da sua área. Então, são esses quatro critérios que entram na avaliação do docente. Nós agora estamos a sistematizar a assistência às aulas, porque muitas vezes, quando damos aulas, cometemos erros sem nos apercebermos. Assim, quando há uma outra pessoa a assistir às aulas poderá corrigir os erros através das críticas. Essa assistência tem sido feita de forma esporádica, mas, neste momento, contamos fazer um calendário de assistências, de forma que as mesmas sejam mais organizadas e mais sistematizadas. - O que é a Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias (ESGCT)? - Esta escola abrange as áreas de Gestão, Ciências e Tecnologias, como o próprio nome diz. Está sedeada aqui em Maputo. A escola tem 13 cursos e seis departamentos a funcionar. Tem cerca de dois mil estudantes e cerca de 200 docentes. Esta escola é também responsável pelo Pólo de Xai-Xai, criado em 2013, e nós somos os responsáveis pelo mesmo. O balanço que faço da ESGCT é muito positivo, porque tem crescido bastante, quer a nível de docentes, quer a nível de estudantes. 20 l SETEMBRO/2015 SETEMBRO/2015 ESPECIAL ESPECIAL o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 20 ANOS DA UNIVERSIDADE POLITÉCNICA “A Politécnica tem estado a representar o país no desporto universitário” - Mestre Hélio de Sousa, Técnico Principal da Universidade Politécnica O técnico principal da Universidade Politécnica, Mestre Hélio de Sousa, disse que A Politécnica tem tido, nestes últimos anos, a missão espinhosa de representar Moçambique no exterior, no que diz respeito ao desporto universitário. Fazendo o balanço dos 20 anos de existência desta instituição de ensino superior, Hélio de Sousa afirmou que “a Universidade Politécnica participou em torneios regionais, a representar Moçambique. Estivemos, pela primeira vez, na África do Sul, mais tarde no Uganda e também na Namíbia. Em todas essas provas fomos vencedores”. - Pode nos falar dos momentos mais marcantes na evolução do desporto ao longo dos 20 anos da Universidade Politécnica? - Para falar dos momentos mais marcantes da Universidade Politécnica gostaria de dividir isso em duas partes. A primeira parte tem a ver com os momentos marcantes do então Instituto Superior Politécnico e Universitário (ISPU) e a segunda parte que tem a ver com a Universidade Politécnica. Na primeira fase tivemos, a nível do desporto universitário, um momento muito marcante, que foi a participação dos jovens que acabavam de ingressar no novo instituto, a primeira instituição de ensino superior privado no país, que decidiram abraçar e fazer provas internas. A partir desse movimento surgiu a primeira equipa de basquetebol feminino da Universidade Politécnica, que participou no campeonato do desporto do ensino médio e superior. Esse foi o momento marcante. A delegação do ISPU deslocou-se a Quelimane e participou no campeonato nacional do desporto do ensino médio e superior, onde se destacou pela positiva, não só por ter ganho a prova, mas também pela sua capacidade de organização, participando em todos os eventos associados ao acontecimento. Este foi um momento marcante, porque a partir dessa participação a direcção do então ISPU começou a pensar na possibilidade de constituir um clube, de modo a fazer com que os estudantes participassem em duas frentes desportivas, nomeadamente, a nível do ensino superior e a nível das competições, o que resultou na criação do Clube de Desportos da Universidade Politécnica, em 2004. Ainda a nível da existência do então ISPU, há outro momento interessante que foi a realização de provas entre turmas. Se olharmos para o seguimento de estudantes que frequentavam o ISPU, na altura tínhamos em média estudantes de 24 anos ou mais. A maior parte deles era constituída por trabalhadores e estudantes. Mesmo com essas características os estudantes juntavam-se aos sábados no Desportivo de Maputo. Na altura, o ISPU tinha um acordo com o Desportivo de Maputo e lá os estudantes, sábado sim, sábado sim, organizavam provas de futsal, basquetebol e algumas vezes, isoladamente, de voleibol. Portanto, esses foram os momentos mais marcantes que determinaram aquilo que é hoje o Clube de Desportos da Universidade Politécnica. A FASE DA UNIVERSIDADE POLITÉCNICA - E depois do surgimento da Universidade Politécnica? - Na segunda parte, com o surgimento da Universidade Politécnica, também temos que distinguir aquilo que foi marcante a nível do desporto universitário e do desporto de competição. No desporto universitário, como sempre, tivemos um protagonismo de realce a nível da modalidade de basquetebol feminino. Continuamos a manter esse protagonismo. Em todas as provas nacionais do ensino médio e superior em que a Universidade Politécnica participou, venceu e convenceu. Demonstrou sempre uma capacidade de organização e desenvolvimento nas actividades paralelas ao evento. Também a nível universitário, a Universidade Politécnica participou em torneios regionais, a representar Moçambique. Estivemos, pela primeira vez, na África do Sul, mais tarde fomos para Uganda. Estivemos também na Namíbia e em todas essas provas fomos vencedores. A última prova em que participámos foi no Quénia, que determinou o nosso apuramento para os Mundiais da Coreia do Sul 2015. Nesta última prova africana, infelizmente, A Politécnica não se sagrou campeã africana. Isto em representação do país. Portanto, A Politécnica, para além de fazer desporto para dentro da universidade, tem tido a responsabilidade de representar Moçambique nas competições africanas e mundiais do desporto universitário. A partir de 2009 começámos a ter equipas masculinas no basquetebol e também de futsal, tanto em femininos, como em masculinos. A nível de futsal iniciámos com equipas perdedoras, porque as outras empresas tinham experiência de muitos basquetebol universitário. A nível universitário não fazemos só essas competições entre universidades, também fazemos internamente. Este ano, no dia do campus, fizemos uma prova universitária. Há cinco anos atrás, quando ainda estávamos no recinto do Estrela Vermelha, no âmbito do acordo que existia entre o ISPU e o Clube de Desportos do Estrela Vermelha para permitir que os estudantes tivessem um espaço para prática desportiva, realizamos um torneio entre departamentos, que foi, se calhar, a prova mais visível de todos os tempos a nível interno. Foi uma competição que não só mobilizou os estudantes, mas também cada departamento se organizou e demonstrou que poderia ter um papel a dizer na organização desportiva e gestão desportiva. Os estudantes conseguiram não só promover a prova, como também organizaram clubes desportivos dentro da universidade com alguns patrocinadores. Tivemos os coordenadores dos cursos e departamentos a dirigirem os seus próprios clubes. Foi uma experiência muito boa. Esperamos que agora que temos este pavilhão possamos repetir essa experiência do passado. DESPORTO DE COMPETIÇÃO anos de presença na modalidade. Hoje estamos a participar nas provas e somos protagonistas das mesmas. Discutimos todos os títulos nessa modalidade. Em femininos, ganhámos duas provas e em masculinos, uma, no ano passado. Nos torneios universitários temos tido uma presença regular em todas as provas organizadas não só pela Federação Desportiva do Ensino Médio e Superior, bem como por outras instituições de ensino superior que nos convidam. Já participámos na taça universitária, promovida pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e que congregava todas as universidades sedeadas na cidade de Maputo, onde tivemos uma participação condigna. O basquetebol feminino continua a ter destaque e o masculino começou a ter uma palavra a dizer. Ainda não fomos campeões, mas tudo indica que no futuro vamos ser campeões e vamos conseguir consolidar aquilo que é o nosso objectivo: ter hegemonia em todas as provas de Vou passar agora para o desporto de competição e terminar essa minha abordagem falando daquilo que são as perspectivas, ainda no âmbito destes 20 anos. A nível de competição começámos em 2004. Desde que o nosso clube foi formado, a Universidade Politécnica tem disputado todos os anos os primeiros lugares no campeonato de basquetebol feminino. Com muito orgulho, dizemos isso, mas infelizmente só ganhamos um campeonato nacional e foi em 2009. Infelizmente, porque em todas as outras provas que participámos, os vencedores têm sempre mérito, mas poderiam ser tanto eles, como nós. Participámos nessas provas e perdemos de cabeça erguida e no ano seguinte estamos aqui a disputar. Portanto, qualquer um que tenha vencido anteriormente sabe que venceu um grande adversário, um adversário com honra. Nós entramos e sempre saímos com honra. Em 2009 ganhámos o “Nacional” em Nampula. De lá voltamos a ganhar outra prova, ao nível da cidade de Maputo, que foi na época 2012-2013. Abrimos a equipa de masculinos. Temos a nossa equipa de masculinos a participar nos campeonatos de seniores desde o ano de 2010. É uma equipa que começou a sua Continua na pág. 21 »» SETEMBRO/2015 ESPECIAL ESPECIAL SETEMBRO/2015 l 21 o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l “Somos a mais antiga unidade orgânica fora de Maputo” - Mestre Seana Daud, Directora do Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias “Temos hoje 17 anos de existência e estamos a três passos de também fazermos 20 anos de existência. Há apenas uma diferença de três anos de existência com esta grande universidade. Em relação às restantes unidades fora de Maputo, nós somos a mais antiga”, disse a Directora do Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias (ISHT), Mestre Seana Daud, falando sobre os 20 anos de existência da Universidade Politécnica. - Que balanço faz dos 20 anos da Universidade Politécnica? - Falando dos 20 anos da A Politécnica, eu tenho a dizer, como directora do ISHT, Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias, que nós nos sentimos privilegiados por termos sido a primeira unidade orgânica a ser implantada fora da capital de Moçambique. Então, nós demos esse grande passo. Temos hoje 17 anos de existência e estamos a três passos de também fazermos 20 anos de existência. Há apenas uma diferença de três anos de existência com esta grande universidade. Em relação às restantes unidades fora de Maputo, nós somos a mais antiga. Nós iniciámos primeiro com a figura de coordenador e tivemos aqui vários coordenadores. «« Continuado da pág. 20 formação aqui na universidade com meninos, alguns deles do minibásquete e hoje já são jogadores seniores e estamos a disputar provas. Começámos em 2012 a disputar os primeiros lugares. Temos vários escalões no basquetebol, que vão desde iniciados até aos seniores. Interrompemos os escalões de juvenis porque ficámos sem instalações desportivas para a prática e nos concentramos nesta altura apenas nos escalões de seniores. Neste momento temos os iniciados. Começamos este ano. Os juniores já vêm de há alguns anos. Até 2012 tínhamos a hegemonia em juniores, tanto em masculinos, como em femininos. Éramos campeões nacionais desses escalões, mas, como dizia, há bem pouco tempo, devido à falta de instalações tivemos algum revés e voltamos um bocadinho atrás. Agora estamos a trabalhar no sentido de recuperar a coroa perdida. Acredito que a partir de 2015 vamos voltar a ter um lugar no pódio desses escalões. Gostaríamos de estar em todos os outros escalões. Em iniciados e juvenis a nossa preocupação não é de ganhar os campeonatos nacionais, mas sim formar nas duas vertentes. Formar na componente desportiva e também saber Na época da transição entre os coordenadores e directores, nós recebemos aqui uma figura que veio representar o Magnífico Reitor. Só depois desta época é que se criou aqui a figura de director de unidade orgânica. Estamos a falar de há sensivelmente dez anos e de lá para cá a nossa unidade realizou doze cerimónias de graduação. As primeiras cerimónias foram nos níveis de bacharelato e a partir de 2010 para cá realizamos quatro cerimónias de graduação em licenciatura. Este ano de 2015 fizemos a primeira graduação a nível de mestrado. formar o homem para o amanhã, que é a formação desportiva e formação académica. Abrimos este ano uma modalidade nova, que é o voleibol. Começámos da mesma maneira que fizemos com o escalão de seniores masculinos. Fomos tar as provas nacionais de ensino médio e superior, incluindo as provas regionais e mundiais, quem sabe, em representação de Moçambique também. O futsal é uma modalidade que não estamos a apostar na competição federada, mas con- comendados por personalidades sonantes da área do atletismo, mas infelizmente a experiência não foi tão boa, porque as atletas não tiveram o acompanhamento devido de algumas estruturas de supervisão do desporto e A Politécnica, sendo nova nesta moda- buscar meninos da Escola Secundária das Acácias, que é uma escola associada à Universidade Politécnica. Estamos a ensinar os meninos a praticar vólei a partir das aulas de educação física, com treinos complementares para no futuro termos uma equipa de voleibol que possa dispu- tinuamos a trabalhar a nível do ensino médio e superior. A nossa aposta vai ser melhorar a capacidade de resposta às exigências desta modalidade. Tivemos atletismo, anos atrás. Começámos com três atletas para dinamizar a modalidade aqui dentro. Foram três atletas re- lidade, não conseguiu dar a resposta devida também. Fizemos um trabalho de casa e a repensar na forma de trazer o atletismo de volta e da melhor maneira. Enquadramos o atletismo nas acções de responsabilidade social e empresarial. Fomos ao distrito KaMubukwana, contactámos as estruturas e elas aconselharam-nos a trabalhar com algumas escolas da zona e aí fomos buscar crianças da escola primária e começámos a ensiná-las a praticar o atletismo. Atingimos um número de 80 crianças, algumas das quais chegaram ao escalão de seniores com medalhas de ouro. Tivemos que interromper esta actividade porque estávamos a reestruturar a nossa área de responsabilidade social e, principalmente, porque no âmbito do acordo público-privado a Universidade Politécnica passou a gerir a Escola Primária 25 de Junho da Unidade 7. Então, ao invés de dispersarmos recursos, optámos em trabalhar no distrito KaMubukwana, onde está sedeada a Escola Primária 25 de Junho, concentrando deste modo as actividades programadas. Neste momento estamos a redesenhar o que fazer, mas vamos continuar nesse âmbito de responsabilidade social, prevendo-se a organização de provas internas de atletismo. Vamos iniciar provas a nível do bairro, se calhar até a nível do distrito e os melhores atletas vão ter apoio para participarem nas provas federadas, tendo em conta que na modalidade de atletismo, em algum momento, é aceite a participação de populares nos campeonatos da cidade e nacionais. 22 l SETEMBRO/2015 SETEMBRO/2015 ESPECIAL ESPECIAL o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l SETEMBRO/2015 ESPECIAL ESPECIAL SETEMBRO/2015 l 23 o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico MOMENTOS QUE MARCARAM OS 20 ANOS l 24 l ESPECIAL SETEMBRO/2015 o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l UNIVERSIDADE POLITÉCNICA www.apolitecnica.ac.mz SETEMBRO- 2015 A POLITÉCNICA MOMENTOS QUE MARCARAM OS 20 ANOS CARTOON DO CRISÓSTOMO l o académico l especial l o académico l especial l o académico l especial l o académico l especial l o académico l especial l o académico l especial l o académico l especial l o académico l especial l o académico