- Gramática
Aluno(a):
Data: ___ /____/ _____
Turma:
Professor: Celso Silva
Assunto:
Texto:
“Nesses dias, o rapaz não tornou ao Jardim. Nem sabia
se prosseguiria naquele trabalho. Um aperto lhe crescia
por dentro, ele mal dormia uma noite que fosse. Sonhava com a mãe, que lhe repetia a velha frase: “Você não
tem pai.” Mas, acordado, lembrava dos últimos suspiros
maternos, e um fio de esperança o confortava. Numa madrugada insone, tentou um novo ponto de partida. Então
compreendeu, de si para si: aos dezoito anos, era um
homem, sozinho na vida, era seu próprio pai, sua própria
mãe. Sentiu que já podia se libertar de tutelas e segredos.
Mas ainda lhe pesava um abismo. Antes, ele precisava enfrentar a sua sina com o ferro quente das palavras.
Mal amanheceu, ele foi surpreender seu Epifânio no
quintal. O homem sorvia um café em goles pacientes, enquanto apurava no ouvido o chilreio dos passarinhos. O
rapaz se aproximou, mal ouviu o bom-dia do outro. Não
respondeu.
Fez-se um largo silêncio, sem olhares. Até o zumbido
das abelhas sobre as roseiras floridas os incomodava. Seu
Epifânio sorveu o último gole, arriou o braço com a xícara
vazia na mão. E olhou para bem longe, fugindo. Nessa
hora grave, o rapaz foi direto ao ponto. E o desafiava, com
a frase incisiva:
— Tenho direito de saber. Ele permaneceu estático,
o mais longe possível. Pareceu surpreso diante daquela
questão. O rapaz se reforçou num lance mais alto, com
palavras mais firmes:
Aquele homem surpreendia. Voltou-se para o rapaz,
seus olhos marejavam. Mas sua fala continuava pausada
e medida, ele representava um papel cuidadosamente traçado. Suas frases eram como pontadas:
— Já é hora, meu filho. A hora é esta mesmo de saber.
— Amanhã cedinho, colha o ramo de rosas vermelhas.
Ele disse isso, voltou-se para o rapaz. Completou a frase,
apontando:
— E colha o ramo de rosas brancas também.”
(FONSECA, Aleilton. O Desterro dos Mortos)
01. Constitui uma afirmação FALSA sobre o texto ou o conto
como um todo:
A) São quatro personagens na narrativa: o menino que se
tornará um homem (18 anos), a mãe um velho amigo
da mãe, seu Epifânio e o seu Felício(homem que se
revela tio do protagonista)
B) Ao lermos este conto, percebemos, além da verdade,
um confronto do sofrimento com a morte, elemento
fundamental dos ritos de passagem.
C) Aqui o narrador aparece em terceira pessoa, mergulha
fundo no drama desse homem, o qual vivera imensas
dores e dúvidas acerca da existência.
Lista de Exercícios
D)Neste conto, o autor, visivelmente, mostra-se parcial,
defendendo o personagem protagonista em seus dramas.
E) O personagem descobre que é no momento da morte,
ou da descoberta dessa, que a sua vida se torna plena.
02. “Durante anos e anos acreditei nos meus orixás como frei
Timóteo acredita nos seus santos, no Cristo e na Virgem.
Nesse tempo tudo que eu sabia aprendera na rua. Depois
busquei outras fontes de saber, ganhei novos bens, perdi a
crença. O senhor é materialista, professor, não li os autores
que o senhor cita, mas sou tão materialista quanto o senhor.”
AMADO, Jorge. Tenda dos milagres.
Acompanhando a trajetória das personagens Pedro archanjo e Nilo argolo na narrativa, percebe-se que elas têm
em comum:
A) o saber científico, embora uma seja formada em uma
instituição oficial do saber científico, e outra, na universidade do povo.
B) o preconceito contra a miscigenação e a luta pela preservação da pureza de cada cultura formadora da identidade baiana.
C) o fato de serem mestiças e, por consequência, sofrerem os mesmos preconceitos nos seus respectivos espaços sociais.
D) o gosto pela pesquisa, os dois dando visibilidade à ciência
médica praticada na Faculdade de Medicina da Bahia.
E) a prática da religiosidade de origem africana como uma
forma de dissimular as suas convicções materialistas.
03. “Pareceu-me que, ao entrar no largo, vinha de longa viagem. Certeza tenho agora de que vinha de tão longa viagem, mas de tão longa viagem que a morta não a interrompeu. Em delírio, já criatura de um mundo que não o nosso,
entre cores e luzes, a morte não a matou porque morreu
fora do corpo. E, por isso, não morreu no Largo da Palma.”
FILHO, Adonias. Um corpo sem nome. O Largo da Palma.
Considere o trecho inserido no todo da narrativa e assinale a
única afirmativa em acordo com o conto Um corpo sem nome.
A) O narrador mostra-se apenas onipresente em face da
morte e do tempo.
B) O locutor, motivado pelo episódio da morta, resgata da
memória uma experiência de sua juventude que o revela como ser pessimista.
C) O mistério da identidade da morta aguça no narrador
uma curiosidade científica.
D) O enunciador apresenta-se na primeira pessoa, revelando-se onisciente.
E) As circunstâncias que envolvem o fato narrado conduzem o narrador à conclusão de que a morte da individualidade daquela mulher é anterior à do corpo.
Página
1
04. “Um dia, vô não me veio chamar na cama como fazia. Abri os
olhos e não ouvi o intenso canto de pássaros da manhã. Era
tarde, as réstias de sol entrando pelas telhas vãs me mostravam. Vô perdera a hora? Meu coração apertou como nunca
eu sentira. Minhas lágrimas inundaram o sol que fazia lá fora.
No quarto ao lado, vô dormia, o semblante plácido no corpo
fatigado, para sempre...De tardezinha, quando retomei o sentido das coisas, as cigarras teimavam em cantar. O enterro de
vô seguia. Mas eu o acompanhei só com os olhos, que enfim
secavam. Ao fundo, ao final de tudo, o rio enchia rápido com
a fúria das vinganças. Coloquei as ferramentas no carrinho,
aprumei o corpo, segurei firme as alças e continuei. O chiado
da roda era um gemido e uma lembrança.
Os textos utilizam os mesmos recursos expressivos para
definir as fases da vida, entre eles,
(FONSECA, Aleilton. O Desterro dos Mortos, Via Litterarum, 2ª edição)
07. “A sociedade atual testemunha a influência determinante das tecnologias digitais na vida do homem moderno,
sobretudo daquelas relacionadas com o computador e a
internet. Entretanto, parcelas significativas da população
não têm acesso a tais tecnologias. Essa limitação tem pelo
menos dois motivos: a impossibilidade financeira de custear os aparelhos e os provedores de acesso, e a impossibilidade de saber utilizar o equipamento e usufruir das
novas tecnologias. A essa problemática, dá-se o nome de
exclusão digital.”
O fragmento, inserido no todo do conto, permite afirmar
que a temática abordada:
A) é a história de um neto e de seu avô. Trata-se de uma
metáfora da busca do tempo perdido.
B) enfoca a perseverança que os idosos têm em passar
valores a seus filhos e netos.
C) é centrado na tolerância dos mais novos com relação
aos mais idosos.
D) troca de ensinamentos existente entre um avô letrado e
um neto ávido por conhecimento.
E) é a história da relação entre o neto e o avô. O rio aparece
como metáfora da vida – e o conto mostra a importância
dos ensinamentos dos mais velhos aos mais jovens.
05. Sobre “A morte e a morte de Quincas Berro D’Água”, de
Jorge Amado, só NÃO é verdadeiro o que se diz na alternativa:
A)Quincas Berro D’Água era um funcionário público
exemplar, na época, era chamado de Joaquim, e levava uma vida respeitável que o sufocava.
B) O apelido de Quincas se deve a sua reação indignada
por ter bebido, por engano, água ao invés de cachaça.
C)Negro Pastinha, Cabo Martim, Curió e Pé-de-Vento
simbolizam a amizade e demonstram um carinho pelo
defunto que não é percebido na família.
D) Quincas Berro D’Água é usado por Jorge amado para
criticar uma sociedade vazia, sem estímulos na vida e
que desiste de seus sonhos.
E) A morte de Quincas no mar é uma metáfora de um sonho do protagonista, um sonho realizado por seus amigos, uma espécie de último desejo.
06.
Texto I
“Ser brotinho não é viver em um píncaro azulado; é muito
mais! Ser brotinho é sorrir bastante dos homens e rir interminavelmente das mulheres, rir como se o ridículo, visível
ou invisível, provocasse uma tosse de riso irresistível.”
CAMPOS, Paulo Mendes. Ser brotinho. In: SANTOS, Joaquim Ferreira
dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva,
2005. p. 91.
Texto II
“Ser gagá não é viver apenas nos idos do passado: é muito
mais! É saber que todos os amigos já morreram e os que
teimam em viver são entrevados. É sorrir, interminavelmente, não por necessidade interior, mas porque a boca
não fecha ou a dentadura é maior que a arcada”.
FERNANDES, Millôr. Ser gagá. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.).
As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. p. 225.
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A) expressões coloquiais com significados semelhantes.
B) ênfase no aspecto contraditório da vida dos seres humanos.
C) recursos específicos de textos escritos em linguagem
formal.
D) termos denotativos que se realizam com sentido objetivo.
E) metalinguagem que explica com humor o sentido de
palavras.
No contexto das políticas de inclusão digital, as escolas,
nos usos pedagógicos das tecnologias de informação, devem estar voltadas principalmente para:
A)proporcionar aulas que capacitem os estudantes a
montar e desmontar computadores, para garantir a
compreensão sobre o que são as tecnologias digitais.
B) explorar a facilidade de ler e escrever textos e receber
comentários na internet para desenvolver a interatividade e a análise crítica, promovendo a construção do
conhecimento.
C) estudar o uso de programas de processamento para
imagens e vídeos de alta complexidade para capacitar
profissionais em tecnologia digital.
D) exercitar a navegação pela rede em busca de jogos
que possam ser “baixados” gratuitamente para serem
utilizados como entretenimento.
D) estimular as habilidades psicomotoras relacionadas ao
uso físico do computador, como mouse, teclado, monitor etc.
08. “Ele era o inimigo do rei”, nas palavras de seu biógrafo, Lira
Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionava desafetos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil”.
Assim era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor
de “O Guarani” e “Iracema”, tido como o pai do romance no
Brasil. Além de criar clássicos da literatura brasileira com
temas nativistas, indianistas e históricos, ele foi também
folhetinista, diretor de jornal, autor de peças de teatro, advogado, deputado federal e até ministro da Justiça. Para
ajudar na descoberta das múltiplas facetas desse personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito será digitalizada.
História Viva, n. 99, 2011.
Com base no texto, que trata do papel do escritor José de
Alencar e da futura digitalização de sua obra, depreendese que:
Lista de Exercícios
A) a digitalização dos textos é importante para que os leitores possam compreender seus romances.
B) o conhecido autor de O Guarani e Iracema foi importante porque deixou uma vasta obra literária com temática
atemporal.
C) a divulgação das obras de José de Alencar, por meio da
digitalização, demonstra sua importância para a história do Brasil Imperial.
D) a digitalização dos textos de José de Alencar terá importante papel na preservação da memória linguística
e da identidade nacional.
E) o grande romancista José de Alencar é importante porque se destacou por sua temática indianista.
09.
Verbo ser
QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho
os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro
nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia a ser quando
cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser: pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? Repito: ser, ser,
ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a?
Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Não
quero ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer.
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.
A inquietação existencial do autor com a autoimagem corporal e a sua corporeidade se desdobra em questões existenciais que têm origem:
A) no conflito do padrão corporal imposto contra as convicções de ser autêntico e singular.
B) na aceitação das imposições da sociedade seguindo a
influência de outros.
C) na confiança no futuro, ofuscada pelas tradições e culturas familiares.
D) no anseio de divulgar hábitos enraizados, negligenciados por seus antepassados.
E) na certeza da exclusão, revelada pela indiferença de
seus pares.
10.
Texto I
TEXTO II
Palavras do arco da velha
EXPRESSÃO
SIGNIFICADO
Cair nos braços de Morfeu
Dormir
Debicar
Zombar, ridicularizar
Tunda
Surra
Mangar
Escarnecer, caçoar
Tugir
Murmurar
Liró
Bem-vestido
Copo d’água
Lanche oferecido pelos amigos
Convescote
Piquenique
Bilontra
Velhaco
Treteiro de topete
Tratante atrevido
Abrir o arco
Fugir
FIORIN, J. L. As línguas mudam. In: Revista Língua Portuguesa, n. 24, out.
2007 (adaptado).
Na leitura do fragmento do texto “Antigamente” constatase, pelo emprego de palavras obsoletas, que itens lexicais
outrora produtivos não mais o são no português brasileiro
atual. Esse fenômeno revela que:
A) a língua portuguesa de antigamente carecia de termos
para se referir a fatos e coisas do cotidiano.
B) o português brasileiro se constitui evitando a ampliação
do léxico proveniente do português europeu.
C) a heterogeneidade do português leva a uma estabilidade do seu léxico no eixo temporal.
D) o português brasileiro apoia-se no léxico inglês para ser
reconhecido como língua independente.
E) o léxico do português representa uma realidade linguística variável e diversificada.
Gabarito:
01. D
02. A
03. E
04. E
Antigamente
Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos
pais e se um se esquecia de arear os dentes antes de cair
nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não
devia também se esquecer de lavar os pés, sem tugir nem
mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, nem de
debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda cedinho,
aguava as plantas, ia ao corte e logo voltava aos penates.
Não ficava mangando na rua, nem escapulia do mestre,
mesmo que não entendesse patavina da instrução moral e
cívica. O verdadeiro smart calçava botina de botões para
comparecer todo liró ao copo d’água, se bem que no convescote apenas lambiscasse, para evitar flatos. Os bilontras é que eram um precipício, jogando com pau de dois
bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo de galinha. O
melhor era pôr as barbas de molho diante de um treteiro de
topete, depois de fintar e engambelar os coiós, e antes que
se pusesse tudo em pratos limpos, ele abria o arco.
05. D
06. E
07. B
08. D
09. A
10. E
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983 (fragmento).
Lista de Exercícios
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Lista Atividades 1