Excelentíssimo Senhor Presidente do Tribunal de Contas Excelentíssimo Senhor Secretário de Estado da Justiça, em representação de sua Excelência o Ministro da Justiça Excelentíssimos Senhores Convidados Senhor Bastonário Caras e caros Colegas Por todos, minhas senhoras e meus senhores Aconteceu ter sido privilegiado com a designação para, em nome e por delicadeza da Comissão Organizadora deste IX Congresso dos Revisores Oficiais de Contas, intervir com a apresentação das respectivas conclusões. Facilmente se intuem as nossas dificuldades – pelo tema e, relativamente a mim, pelo simples facto de a excelência das participações dos eminentes oradores determinar uma indisfarçável sensação de pequenez, de resto efectiva. A realização do Congresso, que chegará ao seu termo daqui a pouco, só foi possível mediante a intervenção de um conjunto de pessoas e entidades que prestaram uma dedicação inexcedível. Referimo-nos, às pessoas da Ordem que devotaram o melhor do seu esforço para que pudesse ser organizado o evento com sucesso. Depois, às entidades e empresas que acederam, com um enorme aceno de simpatia, colaborar no patrocínio deste encontro. 1 Não esquecemos os Colegas Revisores, os nossos membros estagiários e todos os que se encontram a efectuar as tarefas de acesso à profissão e que tiveram a bondade de vir participar no Congresso, pelo que revelam de interesse e de comunhão profissional. Aos Senhores Oradores e Moderadores das mesas de trabalho que aquiesceram ao nosso convite para a implantação do Congresso devemos a declaração do nosso penhor pela presença e pelo brilhantismo das intervenções. O Senhor Bastonário perdoará que aqui refiramos, contrastando com a modéstia que preferiria ver ocultada, a evidência de que não teria sido possível este Congresso sem o seu empenho, saber, orientação e afincado trabalho permanente, em duas palavras: esforço inexcedível. Somos hoje honrados com a presença de Sua Excelência o Presidente do Tribunal de Contas e de Sua Excelência o Secretário de Estado da Justiça para procederem ao encerramento do Congresso. A nossa Instituição, nascida no início da última década de 70, erigiu-se com o objectivo de servir o bem público nos domínios da informação financeira e sempre se tem mantido como uma entidade respeitada e de referências positivas. Para isto contribuiu a atitude séria que desde o início fomos capazes de imprimir no esforço que aplicámos nos diversos domínios que credenciam instituições desta natureza. 2 Sempre nos pautámos por grandes exigências nas áreas fulcrais do conhecimento técnico, do comportamento e da dedicação ao trabalho. Num ambiente quase permanentemente instável, em consequência das mutações sociais, económicas e técnicas em que temos estado envolvidos, e que impõe respostas cada vez mais severas, podemos orgulhar-nos de termos podido corresponder com a nossa prestação a quanto nos é exigido ao exponencial crescimento da complexidade dos negócios, ao desenvolvimento do mercado de capitais nas suas múltiplas formas, acompanhado pelas normas impostas pelas diversas autoridades reguladoras e de supervisão, ao incremento da sensibilidade ao risco, à multiplicação de concentrações empresariais, ao aumento da finura dos agentes económicos e do público em geral na utilização da informação financeira, à expansão das operações e das empresas em espaços transnacionais, ao acontecimento no exterior de episódios que empobreceram a credibilidade da prestação de contas, ao acolhimento das normas internacionais de contabilidade, a tudo isto e a outros fenómenos a Ordem tem sabido, de modo persistente, dar as respostas implicadas pelo seu tempo. Na Ordem, há muito temos o acesso à profissão objecto de provas de qualificação profissional exigentes e em harmonia com os padrões internacionais, temos a actividade delimitada por um meritório Código de Ética, temos um manancial de normas e de directrizes de revisão ou auditoria, de recomendações e de interpretações técnicas coordenadas com as recomendações internacionais sobre a matéria, temos um sistemático controlo da qualidade do trabalho dos revisores, temos, enfim, um processo de formação contínua dos revisores e dos seus colaboradores. 3 Não haveríamos tido a veleidade de convidar Sua Excelência o Ministro de Estado e das Finanças, que procedeu à abertura do Congresso, nem Vossas Excelências, Senhor Presidente do Tribunal de Contas e Senhor Secretário de Estado de Justiça, que igualmente nos orgulham no seu encerramento, nem, aliás, qualquer das individualidades que nos presentearam com as suas intervenções, se não pudéssemos apresentar-nos, de facto, como portadores de credenciais que nos permitem considerar a presença, agora, de Vossas Excelências no quadro de compreensão do relevante serviço público que prestamos. É, pois, com esta abertura que agradecemos a vinda de Vossas Excelências, como ontem o fizemos com Sua Excelência o Ministro de Estado e das Finanças. Os Congressos espelham, por regra, as preocupações do tempo em que se realizam. Num certo sentido, este Congresso é, porém, um encontro de vésperas, como inculca o próprio mote – “O Revisor do Futuro”. A modificação do quadro institucional da nossa actividade, a emergência das novas injunções adstritas à informação financeira no âmbito da aplicação das Normas Internacionais de Contabilidade, o alargamento da intervenção dos revisores na certificação de contas de organismos públicos, as sucessivas exigências dos agentes públicos e privados determinarão, num prazo relativamente breve, ajustamentos na organização da Ordem e nos procedimentos dos revisores. 4 Pretendemos neste Congresso não tratar directa e especificamente do que está a chegar a passos rápidos – quisemos, em vez disso, perceber o que, dada a nossa história, se espera de nós. Foi, assim, que fizeram o favor de conviver connosco prestigiadas entidades do mundo das instituições reguladoras, da governação das empresas, da gestão da coisa pública, da formação da opinião, dos centros construtores e difusores do conhecimento e de variados outros sectores, auxiliando-nos a trocar experiências e trazendo-nos ensinamentos. De todos recebemos incomparáveis lições cuja sequência será a profunda meditação sobre o rumo a prosseguir relativamente à nossa organização e ao modo de agir de cada um de nós. Posto isto, urge sintetizar as linhas fundamentais das conclusões que podem extrair-se deste Congresso. Conclusões - O mercado de capitais determinará mais exigentes condições de informação pública e, consequentemente, acrescidas intervenções dos Revisores. - O mercado de capitais apresentará novas possibilidades de acesso, designadamente a PME, proporcionando oportunidades de intervenção dos Revisores. 5 - O Acordo Basileia II, ao facilitar o acesso a financiamento em melhores condições económicas a empresas, nomeadamente PME, que disponham de informação financeira transparente e credibilizada, constitui, também, uma nova oportunidade de intervenção dos Revisores. - As alterações legislativas recentes determinam os ajustamentos, aliás já em curso, quer na esfera da Ordem, quer na actuação dos Revisores. - O trabalho dos Revisores terá de estar crescentemente em harmonia com as práticas profissionais que se institucionalizam na União Europeia. - Devem evidenciar-se as práticas profissionais consonantes com a ética e a deontologia profissionais, interiorizando o que é essencial dos valores da profissão. - A credibilidade exige elevados padrões de qualidade, a qual necessita de ser demonstrada pelo Revisor e percebida pelos clientes. - A actividade do Revisor deve continuar a pautar-se por exigentes padrões de qualidade, devendo ser norma a assunção de uma cultura específica de serviço. - A actividade dos Revisores deve ser diversificada, podendo ter alguma especialização, aproveitando todas as oportunidades que são oferecidas em função da nossa versátil formação e acrescidas competências. - Os Revisores podem contribuir de uma forma mais persistente e profunda no controlo e credibilização da informação financeira do sector público. 6 - A actuação dos Revisores deve ser delineada em ordem a responder às exigências do interesse público e no respeito pelas regras do “Governo das Instituições”. - A Ordem deve pautar a sua postura na exigência de elevada qualificação, determinando que: sejam atraídos para a profissão os candidatos que revelem o melhor índice de qualificação; sejam mantidos elevados padrões de exigência no regime de acesso; seja incentivada a frequência de programas de formação contínua. - O processo de formação contínua deve ser aprimorado, designadamente no sentido de, para além da sua efectividade, existir a evidência da mesma. - A avaliação da qualidade deve ser intensificada e harmonizada em função dos novos padrões e das características dos interesses a proteger. 7