UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
DIRETÓRIO ACADÊMICO DE BIBLIOTECONOMIA
XIV Encontro Regional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência da Informação e
Gestão da informação
Os novos campos da profissão da informação na contemporaneidade
16 a 22 de janeiro de 2011
AS CONTRIBUIÇÕES DA BIBLIOTECA ESCOLAR PARA A
PROMOÇÃO DA LEITURA E DA CIDADANIA: um estudo de caso da
Escola Municipal Delfina Borralho Boavista em Teresina – PI1
Denizete Mesquita
Luciano Mascarenhas
Rosiane da Silva Brito
RESUMO
Diante da realidade problemática das bibliotecas escolares, o presente trabalho tem
como objetivo apresentar as contribuições da biblioteca escolar no processo de
formação de leitores e promoção da cidadania. Para o desenvolvimento da pesquisa,
foi feito um estudo de caso da Biblioteca Escolar “Neusa Ramos” localizada da
Escola Municipal Delfina Borralho Boavista, localizada na cidade de Teresina – PI,
a qual desenvolve ações de incentivo à leitura e a produção textual por meio do
“Projeto Luneta: o prazer de ler/dinamizando a biblioteca escolar”. Para a execução
da pesquisa, adotou-se a metodologia qualitativa com revisão literária de autores que
versam sobre a temática, aplicação de questionários para os alunos e entrevista com
a Coordenadora do projeto Luiza Amaro. De acordo com a análise dos dados
coletados, pôde-se constatar que há a necessidade de políticas públicas que
viabilizem o incentivo a leitura e produção de textos na escola, pois devido a estas
ações a escola tem conseguido uma melhoria significativa na aprendizagem dos
alunos e é destaque entre as escolas da rede pública municipal de Teresina – PI,
outro fato que também foi possível constatar foi o reconhecimento da necessidade
do profissional bibliotecário para o aprimoramento das atividades desenvolvidas.
Palavras-chave:
Aprendizagem.
1
Biblioteca
escolar.
Leitura-promoção.
Projeto
Luneta.
Trabalho cientifico de comunicação Oral apresentado ao GT 5 – Cultura e direito a informação.
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí – FAPEPI, Graduada – [email protected]
Universidade Estadual do Piauí – UESPI, graduando – [email protected]
Universidade Estadual do Piauí – Graduada – [email protected].
1 INTRODUÇÃO
A função primordial da escola é educar, e, neste contexto, significa propiciar aos
aprendentes o acesso ao conhecimento, integrando-os à realidade de cada indivíduo,
transmitindo-lhes as informações necessárias para a assimilação das informações e construção
do próprio conhecimento.
Neste processo de aquisição de educação, faz-se imprescindível a participação de
agentes mediadores do conhecimento. A escola oferece aos alunos uma gama de profissionais
aptos a desenvolverem as potencialidades de cada indivíduo e, para isto, é necessário que
sejam disponibilizados para estes profissionais, recurso que lhes permitam repassar as
informações adequadas aos aprendentes.
Dentre os recursos que a escola deve disponibilizar, a biblioteca é um dos que
merece atenção especial, pois esta deve conter informações necessárias para que os
profissionais educadores adquiram as informações a serem repassadas para os educandos.
Para Antunes (2006, p. 44), não é necessário apenas haver a biblioteca na escola
com todos os recursos materiais disponíveis para o seu funcionamento; mais que isso, é
imprescindível que esta seja utilizada por todos que fazem a comunidade escolar.
Assim, a biblioteca escolar deve ser:
[...] o centro dinâmico de informação da escola – caracteriza-se como um lugar
dinâmico, vivo, atraente instigante, ao qual dá vontade de voltar sempre. Como
centro de informação é onde se encontra, à disposição do usuário, o acervo
organizado com a informação em qualquer meio (livro, revistas, fitas de vídeo, Cds,
gravuras, etc.).
Aliar a biblioteca às atividades pedagógicas não é tarefa fácil e exige um
comprometimento da direção da instituição escolar, de professores, pedagogos e
bibliotecários, especialmente no momento do planejamento das atividades desenvolvidas pelo
centro de ensino.
Inserir a biblioteca no processo de ensino é ofertar aos alunos a possibilidade de
ampliar o conhecimento através dos diversos materiais disponíveis no acervo. Para isto, é
necessário que a biblioteca disponibilize de profissionais habilitados para o desenvolvimento
de práticas pedagógicas que incentivem os alunos no uso dos materiais disponíveis para
pesquisa, incentivando-os não só o uso para fins de pesquisa como também desenvolvendo
práticas que lhes ensine o gosto pela leitura literária.
Desta forma, para o desenvolvimento pleno dos indivíduos no ambiente escolar, é
imprescindível a inserção de uma biblioteca que seja atualizada, dinâmica e atenda as
necessidades do plano de ensino estabelecido pela escola a qual está inserida.
Para Furtado (2008, p.2) “A biblioteca escolar é fundamental dentro do sistema
educacional de um país, pois, como parte integrante do sistema de informação, pode colaborar
consideravelmente para a adoção desses novos paradigmas”. A partir de um planejamento
estratégico para a inserção desta nas atividades desenvolvidas nas escolas, há a possibilidade
de transformação da realidade, fazendo com que a biblioteca escolar possa atuar de forma
efetiva no sistema educacional, cumprindo seu papel dentro da sociedade da informação.
O presente artigo analisa questionário aplicados com alunos do projeto em 2009 e
uma entrevista feita com a coordenadora do projeto Luiza Amaro e procuraremos expor a
contribuição da biblioteca escolar na formação de leitores e escritores na Escola Municipal
Delfina Borralho Boavista.
2 RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA BIBLIOTECA ESCOLAR
Segundo Battles (2003), Aristóteles é considerado um dos pioneiros em criar
bibliotecas com características escolares, pois o modelo de construção proposto por ele estava
mais voltado para fins educativos. No modelo de bibliotecas proposto por Aristóteles,
estudiosos e alunos reuniam-se em volta das obras do acervo da biblioteca para estudo das
mesmas, para que a partir deste contato, houvesse uma colaboração mútua e
consequentemente o progresso do setor científico, tecnológico e literário.
As bibliotecas em escolas primárias começaram e ser implantadas aos poucos e,
de acordo com Hebrard (2004), por volta de 1800 na França, começa a surgir as primeiras
escolas que incorporam em seu ambiente, instalações parecidas com as bibliotecas escolares
da atualidade. Os armários-bibliotecas, como eram denominados, tinham como função
principal a preservação dos materiais, pois, “os professores não sabiam administrar seu
patrimônio instrumental, preservá-lo dos desgastes do tempo e das manipulações dos alunos”.
(HEBRARD 2004, p. 17).
Aos poucos as bibliotecas começaram a ser utilizadas para outras finalidades,
dando início a uma nova concepção de biblioteca escolar. De armário para guarda e
preservação dos materiais à disseminadora das informações, foi assim que aos poucos as
bibliotecas das escolas primárias começaram a ser utilizadas como instrumento de apoio
pedagógico e promovendo o incentivo à leitura tanto aos alunos quanto aos familiares destes.
As bibliotecas escolares parecem, efetivamente, então ter-se desenvolvido, de
maneira contínua, entre o Segundo Império e a belle époque, tentando, não sem
dificuldades, conjugar sua dupla finalidade de serem bibliotecas de sala de aula e
bibliotecas de empréstimos destinadas aos familiares dos alunos. (HEBRARD, 2004,
p. 32, grifo do autor).
Um dos pioneiros no Brasil a associar biblioteca e escola, foi Fernando de
Azevedo ao assumir a direção da Instrução Pública do Distrito Federal em 1927. De acordo
com Vidal (2004), dentre as várias modificações que Azevedo fez no processo de ensino, uma
em particular merece atenção, que foi a criação de bibliotecas para usufruto dos professores e
alunos das escolas primárias.
Anísio Teixeira em 1931, ao assumir a direção da Instrução Pública do Rio de
Janeiro, criou a Biblioteca Central de Educação, que tinha como objetivo principal incentivar
o intercâmbio de obras e coordenar as atividades de bibliotecas escolares.
A missão inicial das bibliotecas implantadas nas escolas era proporcionar aos
alunos e professores o contato com os livros, onde cada um tinha a liberdade de escolher a
obra que mais lhe agradasse, incentivando-os a adquirir o gosto pela leitura.
Nas escolas primárias, os alunos acostumavam-se com as bibliotecas escolares ou
em sala de aula onde também lhes era facultado escolher o livro de leitura
diretamente a partir de uma relação de prazer estabelecida com o título, a capa e a
plasticidade da edição. No horário especifico de biblioteca escolar, introduzido no
quadro curricular ou em sala de aula, findo o exercício proposto pela professora e
enquanto aguardavam a finalização dos trabalhos pelos colegas, de forma a respeitar
o ritmo individual de aprendizagem, os alunos eram incentivados a buscar livros
para leitura silenciosa. (VIDAL, 2004, p. 193).
Constatada a necessidade das bibliotecas no processo de ensino, a comunidade
escolar representada por associações de pais e mestres, resolveu fazer campanhas para
adquirir materiais para a criação de bibliotecas nas escolas primárias que não
disponibilizavam deste recurso. Segundo Vidal (2004), para a organização das bibliotecas de
suas escolas, os professores e diretores contavam com a colaboração das editoras e livrarias,
associações de pais e mestres e ainda organizavam festivais para adquirir mais recursos para
suas bibliotecas.
As funções atribuídas às bibliotecas escolares vão sendo modificadas de acordo
com as necessidades do sistema educacional vigente. Decerto, o avanço científico e
tecnológico tem contribuído e muito para a inserção de vários outros suportes informacionais
no acervo das bibliotecas escolares, facilitando assim o acesso às informações necessárias
para o desenvolvimento dos aprendentes.
Caracteriza por atender ao público escolar, (professores e alunos), onde o seu
material bibliográfico vai de encontro as necessidades dos professores e alunos. Sua
funcionalidade é a prática da leitura como também criar o gosto e o hábito de ler. Como
acrescenta Carvalho (972, p.9):
A biblioteca escolar tem como objetivos específicos facilitar o ensino, fornecendo
material bibliográfico adequado tanto para o uso dos professores como para uso dos
alunos; desenvolve neste o gosto pela boa leitura, habituando-os ao utilizar os livros;
desenvolver-lhes a capacidade de pesquisa, enriquecendo sua experiência pessoal,
tornando-os, assim hábitos a progredir nas profissões para as quais estão sendo
preparados.
Deve estar incluída no planejamento pedagógico da escola, com o objetivo a
estimular a capacidade sócio-educacional das crianças, através das atividades como: gincanas,
feira de ciências, saraus etc. Seu acervo constitui-se principalmente de obras de referencia,
informação e recreação.
2 A BIBLIOTECA ESCOLAR E O ACESSO A INFORMAÇÃO
Para entender o que de fato é a biblioteca escolar, faz-se necessário buscar na
literatura
de
pesquisadores
desta
temática
algumas
definições
que
melhor
a
caracterizam.Iniciaremos, assim, com uma definição que engloba um contexto mais amplo,
norteando o significado e as funções de uma biblioteca escolar.
É uma instituição do sistema social que organiza materiais bibliográficos,
audiovisuais e outros meios e os coloca à disposição de uma comunidade
educacional. Constitui parte integral do sistema educativo e participa de seus
objetivos, metas e fins. A biblioteca escolar é um dos instrumentos de
desenvolvimento do currículo e permite o fomento da leitura e a formação de uma
atividade científica; constitui um elemento que forma o indivíduo para a
aprendizagem permanente, estimula a criatividade, a comunicação, facilita a
recriação e apóia os docentes em sua capacitação e lhes oferece a informação
necessária para a tomada de decisões em aula. Trabalha também com os pais de
família e com outros agentes da comunidade. (CASTRILLON 1983 apud
MAYRINK 1991, p. 304).
Segundo o autor, pode-se notar a importância da biblioteca no contexto escolar,
em relação às seguintes associações: biblioteca-aluno, biblioteca-professor e bibliotecacomunidade, pois estes três segmentos do processo educacional, devem estar em perfeita
harmonia para o desenvolvimento pleno da aprendizagem.
2.1 As contribuições da biblioteca escolar na promoção da leitura, da escrita e da
cidadania
Inserir a biblioteca no processo de ensino é ofertar aos alunos a possibilidade de
ampliar o conhecimento através dos diversos materiais disponíveis no acervo. Para isto, é
necessário que a biblioteca disponibilize de profissionais habilitados para o desenvolvimento
de práticas pedagógicas que incentivem os alunos no uso dos materiais disponíveis para
pesquisa, incentivando-os não só o uso para fins de pesquisa como também desenvolvendo
práticas que lhes ensine o gosto pela leitura literária.
A biblioteca escolar – centro dinâmico de informação da escola – assim definido
por Campelo (2006), deve fazer parte dos recursos utilizados para o processo de ensinoaprendizagem, pois dentre as várias atribuições que esta tem no ambiente educacional,
destacamos:
Permear o processo de ensino aprendizagem, através da sua inserção nas
atividades desenvolvidas, disponibilizando as informações necessárias para a
formação do hábito de leitura no aluno e consolidando a habilidade de leitura
dos professores;
Adequar-se às necessidades informacionais da comunidade escolar, de acordo
com o perfil dos usuários e do projeto pedagógico estabelecido pelo centro
educacional;
Disponibilizar os recursos informacionais adequados para o desenvolvimento
pleno das atividades escolares, através de rigoroso critério de seleção dos itens
que irão compor o acervo da biblioteca;
Favorecer o desenvolvimento do currículo estabelecido pela escola e
aprimorar a habilidade da leitura através de programação diversificada e
dinâmica, oferecendo materiais para a leitura recreativa e informativa;
Orientar nas pesquisas e trabalhos escolares, através de estratégias que
estimulem a curiosidade e o desenvolvimento da análise critica dos fatos,
contribuindo assim para a construção do conhecimento;
Dinamizar o ambiente da biblioteca e mediar às informações, para que os
usuários possam sentir-se estimulados a frequentar a biblioteca;
Contribuir para uma completa formação dos indivíduos, através de
informações atualizadas e contextualizadas, de acordo com exigências da
sociedade moderna e de cada indivíduo;
Desta forma, para o desenvolvimento pleno dos indivíduos no ambiente escolar, é
imprescindível a inserção de uma biblioteca que seja atualizada, dinâmica e atenda as
necessidades do plano de ensino estabelecido pela escola a qual está inserida.
Para Furtado (2008, p.2) “A biblioteca escolar é fundamental dentro do sistema
educacional de um país, pois, como parte integrante do sistema de informação, pode colaborar
consideravelmente para a adoção desses novos paradigmas”. A partir de um planejamento
estratégico para a inserção desta nas atividades desenvolvidas nas escolas, há a possibilidade
de transformação da realidade, fazendo com que a biblioteca escolar possa atuar de forma
efetiva no sistema educacional, cumprindo seu papel dentro da sociedade da informação.
3 A ESCOLA MUNICIPAL DELFINA BORRALHO BOAVISTA E O INCENTIVO A
FORMAÇÃO DE LEITORES: trajetória de implantação do projeto “Luneta: o prazer de
ler/dinamizando a biblioteca escolar”
Fundada em 1995, a Escola Municipal Delfina Borralho Boavista está localizada
na rua Mirandira, n° 8065 , em um bairro carente de Teresina, Anita Ferraz, possui atualmente
678 alunos e funciona nos turnos matutino e vespertino com alunos de 1° ao 8° ano (antiga de
1ª a 7ª série) e noturno com alunos do programa de Educação de Jovens e Adultos - EJA.
Após constatação de dificuldades de aprendizado, especialmente em relação às
áreas de leitura e produção textual, a Professora Luiza Maria da Silva Amaro no ano de 2002,
que na época trabalhava 20 horas com horário pedagógico, resolveu elaborar um projeto de
incentivo à leitura e a produção de textos, o qual foi denominado Projeto Luneta – O Prazer
de Ler/Dinamizando a Biblioteca Escolar.
Até então, a escola não possuía biblioteca e, dessa forma, o Projeto teve que
iniciar o trabalho de forma itinerante em todas as turmas da escola que na época atendia aos
alunos de 1° ao 5°ano (antiga de 1ª a 4ª série). No início, as atividades do Projeto começaram
através de um bauzinho que passava de sala em sala com várias histórias infantis e textos
forrados com papelões de caixa de sapatos. Os materiais eram estipulados para cada série de
acordo com a quantidade de alunos de cada turma, seguindo um cronograma mensal adotado
pela Escola.
Visando estimular a leitura entre os alunos, eram promovidas premiações a quem
lesse mais através de pontuações ou pelo reconhecimento dos professores. Em paralelo com o
trabalho do Projeto, a professora Luiza Amaro também lecionava e, somente em 2005, foi
liberada, pelo secretário de Educação Washington Bonfim, para ter total exclusividade ao
Projeto.
Segundo Amaro (2005, f. 07) inicialmente o projeto:
[...] tinha apenas alguns livros de literatura infantil e juvenil (12 de Literatura
Infantil – doação, 35 infanto juvenil – MEC- Ministério da Educação) e sobre a
biblioteca afirma que não existia por falta de acervo e espaço, mas que já tinha
previsão do PDE – Plano de Desenvolvimento da Escola, para a sua construção.
Para uma melhor execução das atividades são elaborados cronogramas anuais com
atividades de leitura e produção de textos, onde os alunos que participam do Projeto assinam
uma frequência para que sejam feitas as estatísticas mensalmente. Em média, são atendidos
dezoito alunos por dia.
De acordo com Amaro (2006) para que os alunos sintam-se estimulados a
participarem do Projeto Luneta, lhes são apresentadas diversas atividades:
As atividades de motivação são feitas por meio de oficinas de leituras, escrita e
pesquisa relacionada à literatura infantil e textos diversos a aplicação de jogos
educativos, som e revistas [...]. Temos leituras coordenadas e leituras livres,
produção de textos, mas tudo sem cobrança, para estimular a criatividade e o gosto
espontâneo pela leitura. Jornal Meio Norte do dia 19 de abril de 2006
3.1 As conquistas do Projeto Luneta
Dentre as inúmeras conquistas da Escola Municipal Delfina Borralho Boavista, a
biblioteca foi uma das que mais trouxe benefícios para a escola, pois com o novo espaço foi
possível a realização de diversas atividades que antes não foram executadas por falta de
espaço. A inauguração ocorreu às 9 h do dia 24 de maio de 2003, e recebeu o nome da
primeira diretora da escola, Neusa Ramos.
A partir de então, o Projeto começou a utilizá-la para a execução das atividades,
onde o novo espaço possibilitou dinamizar a leitura e promover a escrita. A professora Luiza
Amaro, que é coordenadora e mediadora do Projeto Luneta atende aos alunos em turno
contrário ao que estudam, onde estes participam de oficinas de produção de textos, de leitura
planejada, etc.
Figura 1: Inauguração da Biblioteca em 2003
Fonte: Arquivo da Luiza Amaro
O Projeto funciona na biblioteca da escola no turno matutino de 7h30min às
9h30min e no turno vespertino de 13h30min às 15h30min. Os intervalos para empréstimos e
pesquisa nos livros são de 10h às 11h20min no turno matutino e de 16h às 17h30min, no
turno vespertino.
Sobre o acervo, em 2004 contava-se com quase 2.500 títulos sendo 50% em
literatura infantil, aos poucos o acervo bibliográfico foi aumentando contando com verbas do
PDE e do FUNDEF – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de
Valorização do Magistério. Atualmente, a biblioteca conta com um acervo de 8.349 títulos
entre livros técnicos, paradidáticos e didáticos adquiridos por doações no Salão do Livro do
Piauí – SALIPI.
De acordo com Amaro ([2007], p.29)
são realizadas diversas estratégias de leitura, tais como: leitura coletiva, individual,
de escolha livre, orientada, silenciosa, jogralizada, pseudoleitura, contagem de
histórias, exibição de vídeos, concursos de adivinhações e de trava-línguas, rodas de
leitura e de conversas, audição de CDs educativos e de cantigas de roda, declamação
de poesias, dramatização de histórias lidas, apresentação de peças teatrais, teatro de
bonecos e etc. .
Além de atender alunos da Escola Municipal Delfina Borralho Boavista, o Projeto
Luneta atende também os alunos das escolas adjacentes como a Escola Clodoaldo Freitas e
creches próximas da escola.
O Projeto ainda desenvolve atividades de extensão iniciadas em 2002, que oferece
a toda a comunidade escolar, as seguintes atividades: campanha permanente de conservação
de livros, Projeto Poesia – varal e recital de poesia, oficina de artes, festa do livro infantil,
oficina de leitura e produção de texto, leitura livre e pesquisa, correio literário, encontro com
o professor, socialização de livros lidos entre professores, etc.
No decorrer das atividades os alunos foram estimulados a elaborarem textos de
diversos gêneros (bilhetes, poesias, paródias, crônicas, etc.) e desenhos. A coletânea das
produções dos alunos participantes do Projeto Luneta (1ª a 4ª série, Aceleração, Escola
campeã e Alfabetização alternativa) resultou na elaboração do primeiro livro, intitulado “Nas
alturas do conhecimento”.
Todas as publicações fazem parte do acervo da biblioteca e a produção dos textos
sempre é de um ano anterior. Vale ressaltar que o titulo, a ilustração da capa e a divisão dos
temas são feitos pelos próprios alunos e são mantidos os erros ortográficos e gramaticais e a
grafia dos alunos assim como pode-se confirmar na figura a seguir:
Figura 2: Texto “Biblioteca do Delfina”
Fonte: ALVES, Maria Laís. Biblioteca do Delfina. In: AMARO, Luiza Maria
Silva (Coord.). A leitura e o conhecimento do mundo. Teresina: [s.n.],
2005.p.17. il.color.
O lançamento do livro aconteceu no 21 de dezembro de 2002 e só foi possível
devido ao empenho e colaboração de professores e funcionários da escola. Ao total foram
publicados vinte e quatro exemplares.
Para elaboração do segundo livro, foram selecionados textos de alunos da 1ª a 4ª
série, Aceleração e Escola Campeã, a nova obra apresenta o titulo “O caminho do
aprendizado”, e para a publicação deste, foi necessário o apoio e o patrocínio de particulares
como: o professor Cinéas Santos (Oficina da Palavra), e do Sr. José Reis Pereira (Secretário
da Fundação Cultural Monsenhor Chaves) e do Instituto Dom Barreto, tendo em vista que a
escola não dispunha de recursos financeiros necessários para a confecção dos trinta
exemplares.
Em ocasião do 3º Salão do Livro do Piauí – SALIPI (2005), foi lançado no espaço
“Bate-papo literário” do evento, o terceiro livro, intitulado “Portal da leitura e da
criatividade”. Desta vez já conta com o patrocínio da Secretaria Municipal de Educação e
Cultura – SEMEC de Teresina – PI. Devido ao patrocínio recebido, o número de exemplares
aumentou consideravelmente de trinta para trezentos exemplares e diferentemente das edições
anteriores que eram em preto e branco, esta foi feita em cores possibilitando aos alunosautores receberem um exemplar da obra.
Em 2006, foi lançado o quarto livro do Projeto Luneta, com o título “A leitura e o
conhecimento do mundo”. Nesta publicação, já com impressão em cores, totalizou um mil
exemplares com noventa e três páginas e com a colaboração de oitenta e quatro alunosautores, nesta edição existe a contribuição de alunos do 6° e 7° ano.
Com o titulo “Vamos ler e viajar no tempo e no espaço”, o quinto livro dos alunos
da Escola Municipal Delfina Borralho Boavista, abordou os mais variados estilos literários
(poesias, crônicas, paródias, rap, peças teatrais e outras). Com o patrocínio da SEMEC, foi
possível contar com a participação de um número maior de alunos na elaboração dos textos e
ilustrações do livro deste livro que teve cento e noventa páginas com a produção de cento e
trinta e três alunos da alfabetização ao 8º ano.
No ano seguinte, em 2007 foi lançado o livro “Vamos ler e viajar no tempo e no
espaço” com dois mil exemplares, e impressão em cores. O livro totaliza cento e sessenta e
cinco páginas e contou com a participação de cento e trinta e três alunos-autores, incluindo
dezenove turmas com alunos de 1° ao 8° ano. Foi a primeira vez que o livro tem ficha
catalográfica.
Produzido em 2008 e publicado em 2009, a sexta publicação da coletânea de
textos dos alunos da Escola Municipal Delfina Borralho Boavista teve como título “Leitura
um caminho novo a seguir” com mil exemplares e impressão em preto e branco, constando
ficha catalográfica e ISBN - International Standard Book Number.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em termos metodológicos, além de pesquisa bibliográfica, que permite conhecer e
subsidiar a comprovação e andamento do tema foi realizada uma pesquisa documental
utilizando documentos gerados pelo próprio Projeto, a exemplo, trabalhos jornalísticos, além
de uma entrevista dirigida à coordenadora do Projeto e à pedagoga da escola, a fim de realizar
um diagnóstico da situação do Projeto, definida por Boni; Quaresma (2005, p.71) como
observação assistemática procedimento em que o pesquisador procura recolher e registrar os
fatos da realidade sem a utilização de meios técnicos especiais, ou seja, sem planejamento ou
controle. Para compreensão do objeto de estudo optou-se por um método qualitativo que,
segundo Minayo (2008, p.57) é o que se aplica ao estudo da história, das relações, das
representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os
humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e
pensam. Quanto à entrevista aplicada caracteriza-se como história de vida (HV), cuja função é
a interação do pesquisador com o entrevistado, além de esclarecer as experiências vivenciadas
de forma retrospectiva de pessoas, grupos ou organizações.
Foi aplicada a técnica de entrevista aberta com a coordenadora do Projeto, técnica
na qual o entrevistado expõe o seu ponto de vista espontaneamente considerando a sua
vantagem de caráter exploratório, que é detalhar à vontade sobre o tema. Já a entrevista
focalizada que, segundo Minayo (2008, p.262), consiste quando se destina a esclarecer se
apenas um determinado problema foi aplicado com a pedagoga da escola
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo sobre o Projeto Luneta – Prazer de ler / Dinamizando a Biblioteca
Escolar da Escola Municipal Delfina Borralho Boavista do bairro Anita Ferraz, comprovou
que aos poucos está havendo uma mudança de concepção de alunos e professorem quando se
trata da biblioteca, pois a visão que tinham era que a biblioteca era lugar de castigo e
atualmente é considerada um dos principais espaços para o desenvolvimento de atividades de
ensino-aprendizagem.
Esse Projeto tem influenciado a formação de leitores e escritores através das
atividades de leitura e escrita desenvolvidas por iniciativa pela pedagoga Luiza Amaro. Assim
como tem mobilizando a direção escolar, alunos, professores, pais e a comunidade para a
importância da leitura no cotidiano dos alunos e principalmente por ver concretamente os
resultados positivos que a leitura proporcionar até mesmo para a formação dos alunos como
cidadãos.
Retomando o objetivo geral do trabalho é possível constatar como faz a diferença
quando a biblioteca escolar é utilizada com dinamicidade, promovendo o incentivo à leitura e
à formação de leitores e alunos escritores como acontece na escola, objeto deste trabalho.
Tendo em vista que a promoção da leitura envolve um ambiente favorável para a criança, que
é a junção da leitura recreativa e lúdica sem cobranças.
Por tudo isso, a mudança do atual cenário só será consolidada quando existir a
consciência de que é imprescindível a existência de bibliotecas nas escolas, assim como um
profissional bibliotecário para gerir as atividades técnicas e pedagógicas que fazem parte do
cotidiano de uma biblioteca, tornado-a mais que uma biblioteca na escola, mas sim uma
biblioteca escolar.
Das considerações já abordadas e a partir de uma reflexão profunda do tema
pesquisado, pode-se dizer que a grade curricular do Curso de Bacharelado em
Biblioteconomia é carente de disciplinas práticas para atuar no âmbito de bibliotecas
escolares, especificamente na direção de projetos de leitura. Dessa forma, registra-se a
importância de adotar no novo currículo para que o profissional bibliotecário possa partir para
o mercado de trabalho, tendo uma melhor formação teórico-prático que possa garantir a
promoção de projetos que incentivem à leitura e o acesso aos livros, de forma dinâmica e
inovadora, para os usuários da biblioteca.
THE CONTRIBUTIONS OF THE SCHOOL LIBRARY FOR
PROMOTING READING AND CITIZENSHIP: A CASE STUDY OF
THE MUNICIPAL SCHOOL DELFINA BORRALHO BOAVISTA IN
TERESINA – PI
ABSTRACT
Given the problematic reality of school libraries, this paper aims to present the
contributions of the school library in the formation of readers and promote
citizenship. For the development of the research was done a case study of the School
Library "Neusa Ramos" located at the Municipal School Delfina Borralho Boavista,
in the city of Teresina - PI, which develops initiatives to promote reading and textual
production through "Spyglass project: the pleasure of reading and fostering the
school library. "For performing this research, we adopted a qualitative methodology
with literature review of authors focusing on the subject, questionnaires for students
and interviews with the Project Coordinator, Luisa Amaro. According to the analysis
of data collected, we could see that there is a need for public policies that support
the incentive to read and produce texts in school, because due to these actions the
school has achieved a significant improvement in student learning and stands
between the public schools municipal of Teresina - PI, another fact that it was
established was also recognition of the need of the librarian for the improvement of
activities.
Keywords: School library. Reading-promotion. Project Luneta. Learning.
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