UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS VIII PPGEcoH - Programa de Pós-Graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental ELIS REJANE SANTANA DA SILVA A MATEMÁTICA INSCRITA NAS PEDRAS: OS REGISTROS RUPESTRES COMO EXPRESSÃO COMUNICATIVA DA LINGUAGEM A PARTIR DO OLHAR DA MATEMÁTICAETNOMATEMÁTICA PAULO AFONSO BA MARÇO / 2012 ELIS REJANE SANTANA DA SILVA A MATEMÁTICA INSCRITA NAS PEDRAS: OS REGISTROS RUPESTRES COMO EXPRESSÃO COMUNICATIVA DA LINGUAGEM A PARTIR DO OLHAR DA MATEMÁTICAETNOMATEMÁTICA Dissertação apresentado para obtenção do título de mestre do Mestrado em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental da Universidade do Estado da Bahia- UNEB. Linha de Pesquisa: Etnoecologia e Populações Tradicionais. Orientadora: Dra. Maria Cleonice Souza Vergne. PAULO AFONSO BA MARÇO / 2012 Márcia Maria Feitosa Ferraz Moura CRB/BA - 1609 Silva, Elis Rejane Santana da. A matemática inscrita nas pedras: os registros rupestres como expressão comunicativa da linguagem a partir do olhar da matemática etnomatemática. /Elis Rejane Santana da Silva - Paulo Afonso: O Autor/ Universidade do Estado da Bahia UNEB, 2012. 139f.: il. ; 30 cm. Orientadora: Maria Cleonice Souza Vergne. Dissertação (mestrado) UNEB / Universidade do Estado da Bahia/ Departamento de Educação, 2012. Referências bibliográficas. 1. Pinturas Rupestres 2. Arqueologia 3. Etnomatemática 4. Preservação Ambiental I. Vergne, Maria Cleonice Souza II. Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Educação III. Título CDD 930.1 ELIS REJANE SANTANA DA SILVA A MATEMÁTICA INSCRITA NAS PEDRAS: OS REGISTROS RUPESTRES COMO EXPRESSÃO COMUNICATIVA DA LINGUAGEM A PARTIR DO OLHAR DA MATEMÁTICAETNOMATEMÁTICA BANCA EXAMINADORA Maria Cleonice Souza Vergne- Orientadora Doutora em Arqueologia UNEB - Universidade do Estado da Bahia Sérgio Luiz Malta de Azevedo Doutor em Geografia UFPE - Universidade Federal de Pernambuco Éverson Paulo Fogolari Doutor em Arqueologia USP Universidade de São Paulo [...] o professor deve tratar seu aluno, recebê-lo com sua história, suas Características étnicas, sua cultura e dar a ele elementos da ciência dita institucional, para que o complemente como um elemento novo dentro da sociedade, sem destruir em hipótese alguma toda sua cultura, e mais importante ainda, estes elementos novos, que lhe serão ensinados, deve realçar e valorizar os antigos [...] (D.Ambrósio 2002). D edico Ás raízes que se tornaram sustentáculos e me mantiveram de pé por toda a vida [Esmeraldina, Hildete, José Alves, (in memoriam), Regina] Aos galhos, que me abraçaram nas alegrias e me apoiaram nas dificuldades e direcionaram meu olhar (subjetivo), minha composição sagrada [Glaide, Juracy] Á copa frondosa que trouxe sombra nos momentos escaldantes [Cleonice Vergne e Sérgio Malta] Aos frutos que geram novos brotos, que ora doces, ora azedos me fazem crer no amanhã e acreditar que temos muito a aprender [Filippe, Renata, Murilo, Maria Eduarda, Valentina, Mariana, Enio, André, Clara e Rosário] Ás folhas, que me reconstituíram o fôlego e só caíram sob determinação do universo [Sara, Sara, Sara] E finalmente, ás flores que encheram meu dia de cor, brilho, beleza... As noites com seu perfume e desabrocharam em mim o amor [José Ivaldo]. A todos, meu respeito, admiração, dedicação e amor. A Gradeço Aos orixás, encantados e guias espirituais pelas inspirações e a São Francisco pela paz e bem Aos homens e mulheres pertencentes às comunidades que vivem no entorno do Complexo de Sítios Rupestres de Paulo Afonso Aos meus bisavós catingueiros, agricultores da Grota, pelos primeiros contatos que me permitiram convívio e respeito à natureza Aos amigos do curso de Ecologia Humana e Gestão Socioambiental. Muito especialmente Joelma, Valda (Maurício), André, Hellen, Salomão, pela parceria, prazerosa convivência, pelas muitas alegrias, dicas e soluções, À Helena, nossa amável e amada cooperadora Aos amigos e amigas (Bonfim, Salvador, Paulo Afonso, por entender minhas ausências Aos professores do curso de Ecologia Humana e Gestão Socioambiental, por ter contribuído (cada um a sua maneira) em despertar a ecóloga que havia adormecida em mim Aos colegas docentes do Departamento de Educação Paulo AfonsoCampus VIII, com carinho especial a Ieda Balogh, Joelma , Rita, arqueológicos E finalmente, á coordenação do Mestrado em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental, pela audaciosa compreensão e sensibilidade em permitir a aprovação de uma aluna oriunda de uma formação tão tornando assim legítimo o espírito da ecologia humana como área interdisciplinar, nada discriminatória e tampouco refratária. RESUMO A arte pré-histórica foi caracterizada por ser uma das primeiras manifestações dos seres humanos, a partir do desenvolvimento das muitas formas de linguagem, sejam elas desenhos, símbolos, nas paredes das cavernas. Esta produção cultural, não necessariamente esteve intrínseca à ideia de arte. Tais representações pictóricas gravadas em abrigos ou cavernas são denominadas como arte rupestre. Nossos esforços se deram campo dos estudos que procuram melhor compreender as pinturas rupestres à sua significação pela linguagem [olhar da] matemática. Para tanto, a premissa central da pesquisa foi a de realizar a aproximação dos registros rupestres, de etnias que viveram a mais de nove mil anos, centradas no Complexo de Sítios Rupestres de Paulo Afonso, com as de outras civilizações pretéritas, Para tanto, adotamos como elemento constitutivo de análise e significação à linguagem matemática, com vistas a resgatar os valores simbólicos de seus interlocutores. Neste sentido, levantou-se a seguinte questão: De que modo é possível identificar a existência de comunicação nas imagens contidas no Complexo de Sítios Rupestres de Paulo Afonso, a partir do olhar da matemática? O Complexo Arqueológico apresenta painéis compostos quase que exclusivamente por grafismos puros (pouca identificação de formas). Foram raros os grafismos com figuras zoomorfas ou carimbos. Encontravam-se também poucas evidências de pinturas sobrepostas. Mas, se na etnografia fica clara a forma como a estética de concepção e decoração das coisas podem expressar conteúdos simbólicos e culturais, funcionando enquanto um sistema de linguagem visual, a matemática por sua vez, trabalha com a interpretação dos vestígios deixados pelas civilizações, que ao serem interpretados, deram passo decisivo na evolução dos conceitos matemáticos. Sejam, estes vestígios, em cavernas, papiros, ou outros materiais (vestígios), com fins a compreender os processos matemáticos, e socioculturais e utilizar os conceitos expressos. Compartilhando com linhas teóricas que incluem a leitura de imagens como faceta da arqueologia, nos apropriamos da abordagem o quanto mais êmica fosse, alinhando a proposta qualitativa ao método descritivo e comparativo de análise das pinturas. Os painéis que contém os registros após fotografados, passam a ser comparadas com figuras já catalogadas e interpretadas, buscando associações. E neste entrelaçar, colocamos a Matemática e a Arqueologia como parceiras que ao se reaproximarem dos contextos socioculturais, se reformulam em seu status quo categorizantes e positivistas, com vistas a torná-las mais humanas. Palavras-chave: Ambiental. Pinturas Rupestres; Arqueologia; Etnomatemática; Preservação ABSTRACT The prehistoric art was characterized by being one of the earliest manifestations of human beings, from the development of many forms of language, whether drawings, symbols, on cave walls. This cultural production, was not necessarily intrinsic to the idea of art. Such pictorial representations recorded in shelters or caves are known as rock art. Our efforts have taken place in order to become "ordered" the binomial Mathematics + Archaeology, whose mission was to enter the field of studies that seek to better understand cave paintings to its significance for language [look] mathematics. To this end, the central premise of the research was to perform the approximation of rock records of ethnic groups that lived more than nine thousand years, focusing on complex sites Rupestres Paulo Afonso, with the other civilizations preterit, Therefore, we adopted as a constitutive element analysis and significance to the mathematical language, in order to recover the symbolic values of their interlocutors. In this sense, arose the question: How is it possible to identify the existence of communication in the images in the Complex Rock Art Sites of Paulo Afonso, from the standpoint of mathematics? The Archaeological Complex features panels composed almost exclusively of pure graphics (little identification forms). Were rare artwork or stamps with zoomorphic figures. Were also little evidence of paintings superimposed. But if ethnography is unclear how the aesthetics of design and decoration of things can express cultural and symbolic content, operating as a system of visual language, math in turn, works with the interpretation of the traces left by the civilizations that to be interpreted, gave decisive step in the evolution of mathematical concepts. Whether these traces, in caves, papyrus, or other materials (traces), with the purpose to understand the mathematical processes, and sociocultural and use the concepts expressed. Sharing with theoretical lines that include the reading of images as an aspect of archeology, we appropriate the approach was the more emic, aligning the proposed qualitative descriptive method and comparative analysis of the paintings. The panels containing the following records photographed, are to be compared with figures already cataloged and interpreted, seeking associations. And this weave, put mathematics and archeology as partners when it reaproximarem of sociocultural contexts, to restate in its status quo as "science" and positivist categorizantes, in order to make them more human. Keywords: Rock paintings, archeology, Ethnomathematics, Environmental Preservation. SUMÁRIO INTRODUÇÂO: Um Primeiro Olhar ................................................................... 14 Organização do capítulo....................................................................................... 19 Capítulo I - Base Teórica: Mergulho na Arqueologia e na Etnomatemática .. 1.1 Lévi Strauss: A Visão Estruturalista........................................................................... 23 1.2 Hodder: Um Olhar no Contexto ................................................................................ 28 1.3 Pesquisa em Etnomatemática: Olhando por outro Ângulo ............... 33 1.3.1 Lançando um Breve Olhar à Etnogeometria .......................................................... 36 1.3.2 Etnomatemática, Etnogeometria e Etnoarqueologia: Similaridades? ..................... 37 Capítulo II - Olhar Metodológico ....................................................................... 41 2.1 Delineando o Objeto ................................................................................................. 41 2.2 Métodos da Pesquisa................................................................................................ 42 2.3 Tipo de Pesquisa ..................................................................................................... 43 2.3.1 Os Sítios do Complexo Arqueológico de Paulo Afonso .......................................... 45 2.3.2 Os Registros Rupestres ......................................................................................... 45 2.3.3 O Contexto Arqueológico ....................................................................................... 45 2.4 Espaços, informantes e período ................................................................................ 45 2.5 Técnicas e Instrumentos de Coleta de dados ........................................................... 45 2.6 Propostas de Análise de dados................................................................................. 46 2.7 Outras derivações da pesquisa ................................................................................. 46 Capítulo III - Resgate Histórico do Registro Rupestre .................................... 49 3.1- A Arqueologia no Nordeste Brasileiro ...................................................................... 49 3.2- As Pinturas Rupestres como Registro Artístico ou Interpretativo........................... 53 3.2.1- A Cidade de Paulo Afonso e o Complexo Arqueológico de Sítios Rupestres ........ 61 Capítulo IV- Confrontando Olhares: Analogia dos Registros Rupestres sob a égide da Matemática e da Arqueologia ............................................................ 78 4.1- Reencontrando Olhares ........................................................................................... 73 4.2-O Registro Rupestre e a Junção Interpretativa a Partir do Olhar da Matemática ...... 81 CAPÍTULO V- A Natureza da Matemática: Apresentação e Discussão dos dados ................................................................................................................... 84 5.1 Alguns Pressupostos da Matemática Egípcia ........................................................... 84 5.2- A Matemática Pintada nas Pedras ........................................................................... 89 5.3- Conclusões ............................................................................................................. 128 CAPÍTULO VI- Considerações Finais: Olhando Adiante ................................ 134 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 138