Quantificação dos determinantes naturais e antropogénicos da Biodiversidade em montados Paulo Pereira e Diogo Figueiredo Laboratório de Cartografia Biológica da Universidade de Évora http://www.cea.uevora.pt/lcb Existe um consenso intuído relativamente ao facto dos montados de sobro e azinho serem ecossistemas semi-naturais. Movimentos em prol da conservação dos montados vão mais longe, apelando com frequência ao argumento de que este é o tipo de uso do solo mais adequado a sistemas naturais com características muito particulares. A verificação e quantificação desta adequação, contudo, não tem merecido a devida atenção dos investigadores. A presente comunicação refere-se a trabalho desenvolvido no âmbito do projecto PAMAF 8151 - “Ensaio metodológico para a identificação e monitorização de indicadores de biodiversidade em montados de sobro e azinho ao nível da unidade de gestão”. Este projecto consistiu na recolha de informação ambiental e socio-económica em 60 estações de amostragem em montados distribuídos por todo o Alentejo. A Biodiversidade foi calculada com base em inventariações de plantas, líquenes, aves, borboletas, e carabídeos; quanto à gestão do montado, foram exploradas, entre outras, variáveis relacionadas com o tipo, densidade e maneio de gado; uso de fertilizantes e pesticidas; exploração de cortiça; cinegética. Foram ainda consideradas variáveis físicas como a climatologia, altitude, Os resultados obtidos revelaram diferenças estruturais substanciais entre as estações amostradas. Os grupos biológicos inventariados revelaram diferentes padrões de distribuição, resultantes do modo como cada grupo responde à interacção entre as características ecológicas do meio e a intervenção humana. Efectuaram-se análises canónicas de redundância parciais, que mostraram claramente que a estruturação da biodiversidade analisada, isto é, o ecossistema montado, resulta de um cruzamento de influências humanas e naturais em partes iguais. Estabeleceu-se uma tipologia para os montados recorrendo a análises de agrupamentos. Com base no conjunto de variáveis ambientais (determinantes naturais), as estações de amostragem foram reunidas em quatro tipos estruturais diferentes; com base nas variáveis socioeconómicas (determinantes antropogénicos), essas estações foram agrupadas em cinco tipos de montado. Uma comparação das duas tipologias revela que os tipos de montado mais consistentes reunem as mesmas estações, o que pode ser tomado como a corroboração estatística da adaptação do homem às condições do meio, criando variantes de montado em resposta às disponibilidades do meio. Esta quantificação permite-nos ir um pouco mais longe, conjecturando sobre a ausência de correspondência entre a utilização humana e as condições do meio como explicação para a existência de tipos de montados incaracterísticos. Para estes últimos, que partilhavam entre si variáveis associadas a técnicas de agricultura intensiva e uso de pesticidas, não foi possível encontrar espécies bioindicadoras. Untangling natural and human determinants of Biodiversity in shaping montado ecosystems Paulo Pereira e Diogo Figueiredo Laboratório de Cartografia Biológica da Universidade de Évora http://www.cea.uevora.pt/lcb Montados have long been taken as semi-natural landscapes. However, never before was there an attempt at quantifying the influence of man versus nature in shaping these ecosystems. This work investigated differences in Biodiversity among different types of montados, and looked for environmental and socio-economic variables that best explained them. Sixty sites were chosen all over the Alentejo Region, Southern Portugal. Montado was the dominant tree cover in all of these sites. Biological groups considered were: plants, lichens, butterflies, beatles, and birds. Species richness and the Shannon Index were used as biological variables. Environmental variables included the biological variables plus physical variables such as latitude, altitude, climate, geology, and others. Socio-economic variables collected at each site included agricultural techniques (tillage, fertilizers/pesticides, irrigation, etc), husbandry (breeds, stocks, etc), cork exploitation (rate of extraction, date of last extraction, etc); game management. A third group of variables was based on land use types and landscape metrics: this group is half way between the pure natural drivers (here taken as the environmental variables) and the pure human drivers (here taken as the socioeconomic variables). Although all sites were montado’s ecosystems, we found they resulted from different assemblages of environmental factors and different degrees of human activities. Results showed that biological communities varied significantly among sites. These differences were explained by differences in the way each group respond to habitat characteristics and human activities. Partial Redundancy Analsys showed that human activities and environmental drivers contributed in equal amounts to produce the several types of ecosystems analysed (the group of variables related to land use result from this two drivers in fairly equal parts). These types were successfully grouped through cluster analyses: the environmental variables ascribed the study sites to five different types of montados, whereas the socio-economic variables revealed four different types. When these nine types were compared, it was found that the two clearest types in each grouping matched together. By clear type is meant a type that includes ecosystems very much alike; some of the types grouped ecosystems that were similar in some characteristics but that diverged in some others. The types that matched between groupings were characterised by the absence of pesticides and fertilizers, possibly a sign that human use was adequate to what was (naturally) on offer; sites that did not match were characterised by more intensive agriculture, which may indicate that in this case human use did not suited environmental conditions. These findings will contribute to the understanding of sustainability.