Rio de Janeiro Editor // Walter Duarte A-8 • Jornal do Commercio • Quinta-feira, 3 de dezembro de 2015 BELFORD ROXO Sistema de água terá investimentos de R$ 84 mi Município receberá recursos no âmbito do Programa de Abastecimento de Água para a Baixada Fluminense. Intervenções beneficiarão diretamente 300 mil pessoas DA REDAÇÃO O município de Belford Roxo terá investimentos de R$ 84 milhões no âmbito do Programa de Abastecimento de Água para a Baixada Fluminense, para obras de abastecimento e saneamento. As intervenções, que terão início até o fim do mês, beneficiarão diretamente 300 mil habitantes do município. O contrato para as obras foram assinados ontem pelo secretário estadual de Obras, José Iran Peixoto Júnior, e pelo presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), Jorge Briard. “Na próxima semana, equipes da construtora iniciam vistoria do local onde será colocado, até o fim do ano, o canteiro de obras, dando início às intervenções no município”, adiantou Briard. Ele afirmou também que o programa deve ser ampliado ainda este ano. “O projeto vai se somar às obras já em andamento em São João de Meriti, que estão com 38% concluídos, portanto, mais adiantadas que o previsto. E até o fim do ano devemos assinar contratos para início de obras em Queimados e Nova Iguaçu”, completou. O secretário estadual de Obras explicou que a assinatura do contrato é mais um grande passo para alcançar a meta do governo do estado de universalização da água em toda a Baixada Fluminense. “Estamos com as nossas equipes focadas na realização dessa missão”, ressaltou o secretário. As intervenções serão divididas entre cinco sistemas (Graça, Belford Roxo, Retiro Feliz, Lote XV e Jardim Meu Retiro) e preveem a construção de reservatório, três quilômetros de adutora, oito travessias (tubulações sobre rios), três boosters (conjuntos de bombas que regulam a pressão na rede) e 68 km de redes de distribuição. O sistema da Graça incluirá nova adutora com 300 milímetros (mm) de diâmetro e 1.120 metros de extensão e assentamento de 3,5 km de redes de distribuição de 150 a 300 mm de diâmetro, atendendo diretamente aos bairros do Centro, Graça e Santo Antônio da Prata. O sistema Belford Roxo incluirá o assentamento de 11 km de redes de distribuição com diâmetros variando de 150 a 500 mm, atendendo diretamente aos bairros do Centro, Santa Maria, São Vicente, São Bernardo, Barro Vermelho, Nova Pian, Pian, Heliópolis, Areia Branca, Santo Antônio da Prata, Bom Pastor e Redentor. O sistema Retiro Feliz prevê a construção de booster, além de 14km de rede de distribuição com diâmetros de 150 a 600 mm, beneficiando diretamente os bairros Bom Pastor, Santa Amélia, Jardim Redentor, Santa Treza, Paulínea e Barro Vermelho. Já o sistema Lote XV incluirá dois boosters, 2 km de adutora com diâmetro de 600 mm e assentamento de 38,2 km de redes de distribuição com diâmetros de 150 a 700mm, abastecendo os bairros do Centro, Parque Amorim, Vale do Ipê, Jardim dos Pinheiros, Parque São Lucas, Jardim Brasil, Jardim do Ipê, Parque Colônia, Parque São José, Roseiral, Maringá, Parque Suécia, Vasco, Meu Retiro, Parque Floresta, Vila Paulina, Santa Marta, Parque Esperança e Wona. Por fim, o sistema Jardim Meu Retiro contará com novo reservatório com capacidade para armazenar 3 milhões de litros de água e 4,3 km de redes de distribuição com diâmetros de 200 a 500 mm, atendendo os bairros de Glaucia, Santa Tereza, Pauline, São Vicente e Maringá. CLÍNICAS DA FAMÍLIA R$ 4,8 milhões para unidade O secretário-executivo de Coordenação de Governo, Pedro Paulo Teixeira, disse ontem que a Prefeitura do Rio de Janeiro conseguiu, com as Clínicas da Família, dar um salto significativo no Programa de Atenção Primária de Saúde. Ele deu a declaração ao participar da cerimônia que marcou o início da construção da Clínica da Família do Estácio, no terreno dos conjuntos habitacionais Zé Keti e Ismael Silva, inaugurados em junho do ano passado pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, no local onde funcionava o antigo presídio Frei Caneca. A unidade contará com oito equipes de saúde da família e três equipes de saúde bucal, beneficiando 24 mil moradores da região do Complexo do São Carlos. O investimento total, que inclui construção e compra de equipamentos, é de R$ 4,8 milhões. “Saímos de um atendimento na cidade de 150 mil pes- soas para 3,5 milhões com acesso às clínicas da família e à saúde de qualidade. No ano passado, foram perto de meio milhão de pessoas, quase 10% da população, deixando seus planos de saúde para se inscreverem na saúde da Prefeitura do Rio. Esse sistema que opera a saúde pública municipal inclui as clínicas da família, policlínicas, UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) 24h, postos de saúde e hospitais. Isso aumenta a responsabilidade em prover uma saúde cada vez melhor de qualidade para a população”, comentou. As Clínicas da Família são estruturadas com consultórios, salas de ultrassonografia, raio-x, observação clínica, procedimentos, curativos, coleta, reunião, saúde bucal, auditório, farmácia, almoxarifado e academia carioca. Nas unidades os pacientes têm atendimento clínico, tratamento para diabetes, hipertensão, pré-natal, exames laboratoriais, cuidados com a saúde da criança e vacinação, PMS SEGURANÇA Atendimentos psicológicos aumentam Operação prende acusados de roubo nos Arcos da Lapa DA REDAÇÃO DA REDAÇÃO No ano passado, 9.321 policiais militares precisaram de auxílio psicológico, o que representou um aumento de 2.301 atendimentos em relação a 2013. A informação foi dada ontem pelo comandante do Núcleo Central de Psicologia da Polícia Militar (PM), tenente-coronel Fernando Derenusson, que participou da reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) destinada a apurar as causas do grande número de mortes e incapacitações de profissionais de segurança pública. Durante patrulhamento na Avenida Mem de Sá, os agentes da Operação Lapa Presente (OLP) receberam uma denúncia de assalto a um ônibus, próximo aos Arcos da Lapa, um dos principais pontos turísticos da cidade, na madrugada de ontem. Ao chegar ao local, os policiais flagraram Gabriel de Souza Lima, de 23 anos, e Márcio Juvência Oliveira, de 38 anos, fugindo pela janela do coletivo. Os dois homens foram abordados e com eles foram encontrados dois telefones celulares, uma pulseira, um cordão, um relógio de pulso, duas mochilas e vários documentos. Os suspeitos foram encaminhados à 5ª Delegacia (Mem de Sá), onde foram reconhecidos pelas vítimas. A DA REDAÇÃO entre outros. A população atendida nas clínicas também podem retirar, gratuitamente, medicamentos e insumos de uma grade de 208 itens da Atenção Primária. O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, explicou aos moradores como funcionará a Clínica da Família. “Essa unidade de saúde vai cuidar das crianças, dos hipertensos, diabéticos, idosos e deficientes. Ela terá aparelho de ultrassom que não tem aqui na região. Hoje é um momento muito feliz porque no Morro do São Carlos nós tínhamos equipe de saúde da família mas não existia estrutura e, felizmente, vamos realizar um sonho de ter uma clínica da família aqui”, comentou o secretário. De acordo com a prefeitura, essa unidade de saúde integrará a rede na Área de Planejamento (AP) 1.0, que abrange os bairros de Benfica, Caju, Catumbi, Centro, Cidade Nova, Estácio, Gamboa, Mangueira, Paquetá, Rio Comprido, Santa Tereza, Santo Cristo, ocorrência foi registrada. Gabriel e Márcio foram presos em flagrante pelo crime de roubo. Lançada pela Secretaria de Estado de Governo com o objetivo de garantir a segurança e o direito de ir e vir dos moradores e frequentadores da região do Rio Antigo, a Operação Lapa Presente deu início às suas ações de fiscalização no dia 1º de janeiro do ano passado. Desde então, até a madrugada de ontem, os agentes cumpriram 440 mandados de prisão – sendo 21 por homicídio, 196 por roubo, 89 por furto, 46 por tráfico de drogas e 88 por outros crimes. Além disso, 2.885 pessoas foram detidas por porte de entorpecentes, sendo 2.755 por posse para consumo e 130 presas por tráfico de drogas. Também foram conduzidas à delegacia 89 São Cristóvão, Saúde e Vasco da Gama, contando, atualmente, com 21 unidades municipais. São três Clínicas da Família, oito centros municipais de saúde, uma policlínica, dois centros de saúde escola, uma unidade integrada de saúde, dois hospitais, uma coordenação de emergência regional, dois hospitais maternidade e um instituto de medicina veterinária. As Clínicas da Família fazem parte de um projeto considerado inovador pela prefeitura. Atualmente, o Rio já conta com 78 Clínicas da Família inauguradas desde 2009. A meta da Prefeitura do Rio é alcançar, até o fim de 2016, uma cobertura de 70% da população pela Estratégia de Saúde da Família. Em 2008, o Rio era a capital brasileira com pior cobertura de saúde, com apenas 3,5% dos cariocas atendidos pela estratégia. Atualmente, já são 48,1% de cobertura da população, o que representa mais de 3 milhões de pessoas beneficiadas. pessoas por porte de arma branca, 20 por portar arma de fogo, 308 por roubo e furto e 951 por outros delitos. Também foram aprendidos aproximadamente 16 kg de drogas (maconha, cocaína, crack e ecstasy). Em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, foram realizadas 18,9 mil ações de acolhimento a moradores de rua. Foram realizadas ainda ações de fiscalização em conjunto com a Secretaria Municipal de Transportes, onde 175 veículos foram rebocados por apresentarem alguma irregularidade. O Disque Lapa Presente (979542424 e 97954-2525) recebeu, desde o incío das operações, 2,2 mil ligações. O serviço tem garantia de anonimato ao denunciante. Presidente: Maria Teresa Almeida Rosa Cárcomo Lobo Secretário Geral: Eduardo Muniz Werneck Responsável: Ricardo Vieira Lima Magalhães Gondim Tels.: 2533-5735 | 2532-0338 | [email protected] O Rotary é, desde sua fundação, uma associação que congrega importantes líderes das comunidades, e é o lugar onde se debatem, de forma apartidária, os mais importantes e atuais problemas da sociedade. Assim, numa de nossas últimas reuniões plenárias – em 26 de agosto – tivemos uma importante palestra de nosso companheiro, associado do Rotary Club do Rio de Janeiro, o embaixador e ministro Marcilio Marques Moreira, transcrita a seguir, onde foram enfocados os graves problemas por que passa o nosso país. HÁ SAÍDA PARA A CRISE? PARTE 1/3 Marcílio Marques Moreira A ingrata Conjuntura Econômica brasileira, de hoje, é uma das mais graves e complexas crises que tive a oportunidade de testemunhar nos mais de sessenta anos de minha vida profissional. Sua complexidade exige olhar poliédrico do fenômeno em que fatores os mais diversos – políticos, econômicos, sociais, éticos, culturais – tem-se retroalimentado, enquanto se deteriora a qualidade e eficácia da governança política, a quem caberia a tarefa de enfrentá-la. Isto tem minado a confiança de empresários e consumidores, inibindo sua disposição de investir e consumir. É problema adicional ao encaminhamento da política econômica, com consequências negativas tanto no nível de atividade econômica que tende a cair, quanto no da inflação que tende a subir. A piora na conjuntura econômica, por sua vez, se reflete no cenário político, criando um ciclo vicioso em que o político e o econômico se irmanam numa rampa descendente. Acresce o escândalo ético revelando corrupção de dimensões épicas, de que o Lava Jato é o mais visível, mas não o único exemplo. É complicador que aumenta ainda mais a incerteza, e traz problemas novos, de caixa, de solvência, de gestão. Das crises de que me lembro, dos períodos que vivenciei, a única que me pareceu atingir dimensão comparável foi a do segundo semestre de 63: primeiros ministros se sucedendo inermes, enquanto padeiros colocados em fornos de suas próprias padarias. O governo praticamente deixara de governar, fenômeno que parece se repetir hoje. Há que lembrar-se do cientista político americano, Samuel Huntington. Ensinava “que as maiores diferenças políticas não ocorriam entre regimes presidencialista e parlamentarista, entre regimes de direita ou de esquerda, entre monarquia e sistemas presidenciais, mas sim entre governos que governam e governos que não governam”. Infelizmente estamos testemunhando um governo que deixou de governar, o que cria um vácuo em que prospera a incerteza. Incertezas, segundo um dos seus mais renomados estudiosos Frank Knight, paralisa o agente econômico ao contrário do risco que inere à própria psicologia do empreendedor, do capitalista, que aceita, até viceja no risco, na medida em que este aumenta as chances de retorno mais robusto. O risco é bem aceito, inclusive por sujeitar-se a uma mensuração virtual e, em consequência, ser objeto de seguro, enquanto a incerteza quando assume proporções desmedidas e permeia toda a sociedade, acaba paralisando o investimento, o consumo e o próprio governo. Para a construção de uma ponte para o futuro, há inúmeros obstáculos que tem de ser superados. Antes de tudo temos de encarar com nova seriedade nossas responsabilidades para com o futuro. Adotar uma ética do futuro. Costumamos esquecer os ditames da ética intergeracional, a responsabilidade com as novas gerações tanto na área previdenciária, quanto na educacional, na saúde e em tantas outras dimensões. Só para dar um exemplo, a incerteza criada com as novas concessões elétricas, inclusive por não se conhecer o futuro legal-regulatório do setor, levou os investidores potenciais a deixar de investir e os ainda responsáveis pela sua operação, a limitar a patamar mínimo os custos de melhorias quantitativas e qualitativas que beneficiariam o consumidor. Na economia, em geral, acentua-se a angústia, que infelizmente tende a se aprofundar, na medida em que o desemprego se agravar significativamente Não há nenhum sinal à vista de melhora, a curto prazo. Surpresas sempre são possíveis, mas temo que ainda não tenhamos atingindo o ponto mais baixo do ciclo econômico atual. Nada indica que a curto prazo a situação possa ser revertida. Estamos em situação extremamente angustiante de uma transição corretiva sem sinal, ainda, de solução, ou ao menos de encaminhamento visando uma melhora gradual. Ao arrepio do que o governo insiste em afirmar, a situação internacional é razoavelmente positiva, embora sustos externos sempre possam ocorrer a qualquer hora, para o que sempre devemos estar preparados. Internamente a ambiguidade entre lógica de Estado e lógica de mercado, que permeia o governo e a sociedade, a contrapelo da fértil cooperação possível entre ambas, é fator perverso adicional, que inibe iniciativas mais arrojadas muitas vezes necessárias. Ambiguidades, retrocessos e incertezas se retro-alimentam tornando a crise ainda mais resiliente a soluções fáceis, a remédios simplistas e, sobretudo, a propostas de salvação “simplórias, garantidas e imediatas”. (Continua na próxima edição)