Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.x-y, Jul-Ago-Set. 2012. 79 REVISTA INTERDISCIPLINAR A Revista Interdisciplinar, criada em outubro de 2008, orgão oficial de divulgacão do Programa de Mestrado Profissional em Saúde da Família do Centro Universitário UNINOVAFAPI, com periodicidade trimestral, tem a finalidade de divulgar a produção científica das diferentes áreas do saber que seja de interesse das áreas da saúde, ciências humanas e tecnológicas. The Interdisciplinary Journal, founded in October of 2008, is the official publishing organ Professional Master´s program in Family Health for UNINOVAFAPI School with publication every three months and has the objective of making public the scientific production in different areas of knowledge that are of interest to health areas, human sciences and technology La revista interdisciplinar, creada en Octubre de 2008, organo oficial de divulgacion del Programa de Maestría en Salud de la Famìlia de la Facultad UNINOVAFAPI, con periodicidad trimestral, tiene la finalidad de propagar la produccion cientifica de las diferentes areas del saber que sea de interes de las areas de la salud, ciencias humanas y tecnologicas. COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO PUBLISHING COMMITTEE/COMISIÓN DE PUBLICACIÓN Diretora/Head/Directora Cristina Maria Miranda de Sousa Editora Científica/Scientific Editor/Redactor Científico Maria Eliete Batista Moura [email protected] Editor Associado/Associate Editor/Redactor Asociado Claudete Ferreira de Souza Monteiro Membros/Members/Miembros Ana Maria Ribeiro dos Santos Eliana Campêlo Lago Fabrício Ibiapina Tapety CONSELHO EDITORIAL EDITORIAL BOARD/CONSEJO EDITORIAL Ana Maria Escoval Silva Luis Fernando Rangel Tura Universidade Nova de Lisboa - Portugal UFRJ Antônia Oliveira Silva Maria do Carmo de Carvalho Martins UFPB Centro Universitário UNINOVAFAPI Adriana Castelo Branco de Siqueira Maria do Socorro Costa Feitosa Alves UFPI UFRN Carlos Alberto Monteiro Falcão José Nazareno Pearce de Oliveira Brito Centro Universitário UNINOVAFAPI Centro Universitário UNINOVAFAPI Norma Sueli Marques da Costa Alberto Eliana Campêlo Lago Centro Universitário UNINOVAFAPI Centro Universitário UNINOVAFAPI Paulo Henrique da Costa Pinheiro Eucário Leite Monteiro Alves Centro Universitário UNINOVAFAPI Centro Universitário UNINOVAFAPI Roberto A. Medronho Gerardo Vasconcelos Mesquita UFRJ Centro Universitário UNINOVAFAPI/UFPI Gillian Santana de Carvalho Mendes Centro Universitário UNINOVAFAPI Telma Maria Evangelista de Araújo Centro Universitário UNINOVAFAPI/UFPI Yúla Pires da Silveira Fontenele de Meneses Centro Universitário UNINOVAFAPI INDEXAÇÃO Indexation/Indexación Nacional/ National/Nacionales Sumários.org www.sumarios.org Bibliotecário/Librarian/Bibliotecario: Secretária/Secretary/Secretaria: Capa/Cover/Capa: Editoração/Lay-out/Diagramación: Tiragem/Number of Issues/Tiraja: Projeto/Project/Projecto: Antonio Luis Fonseca Silva / Francisco Renato Sampaio da Silva Elizângela de Jesus Oliveira de Sousa Vieira www.primeiraimagem.com.br www.primeiraimagem.com.br 200 exemplares Centro Universitário UNINOVAFAPI R454 Revista Interdisciplinar /Centro Universitário UNINOVAFAPI. Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação. v.5, n. 3, 2012.Teresina: Centro Universitário UNINOVAFAPI, 2012 Trimestral ISSN 1983-9413 1.Saúde 2.Ciências 3. Humanas I.Título CDD 613.06 Endereço/Mail adress/Dirección: Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123 • Bairro Uruguai • 64057-100 • Teresina • Piauí • Brasil Web site: www.UNINOVAFAPI.com.br • E-mail: [email protected] SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI • Teresina-PI ISSN 1983-9413 v. 5, n. 3, 2012. EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL A importância da socialização do conhecimento 5 The importance of knowledge socialization La importancia de la socialización del conocimiento Auricélia do Nascimento Melo PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Atuação do enfermeiro na assistência aos pacientes portadores de feridas...................................................... 9 Performance nurse on assistance to patients with wounds Práctica del enfermero en la asistencia a pacientes con heridas Kelly da Silva Costa, Ana Paula Brito Rodrigues, Albemara Garcez da Silva, Maria Solange Leopoldo Feitosa Conhecimentos e atitudes de estudantes de enfermagem frente à prevenção da AIDS....................... 15 Knowledge and attitudes of nursing students facing the prevention of AIDS Conocimientos y actitudes de estudiantes de enfermería frente a la prevención del SIDA Maria da Consolação Pitanga de Sousa, Bruna Ravena Bezerra de Sousa, Isabel Maria de Carvalho Sa Lopes, Tânia Maria Melo Rodrigues Reforma psiquiátrica: percepção da família do portador de transtorno mental.................................... 21 Psychiatric reform: familiar perception of mentally ill Reforma psiquiátrica: percepción de la familia del enfermo mental Márcia Astrês Fernandes, Maria Alice Bastos Maia, Patrícia Carvalho Joca Meireles, Lara Emanueli Neiva de Sousa Atuação dos Professores às crianças em casos de acidentes na escola.................................................... 26 Performance of teachers to children in case of accidents at school Actuación de profesores a los niños en casos de accidentes en la escuela Adélia Dalva da Silva Oliveira, Alexsander Galvão Lopes, Joselane Medina Lisboa, Débora Maria Lemos Campelo, Carolinne Maranhão Melo Marinho, Ana Luiza Saraiva Carneiro de Araujo Atuação do enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência a pacientes psiquiátricos em Teresina-PI....................................................................................................................................................... 31 Performance of nurses of Service Mobile Emergency for psychiatric patients in Teresina-PI El rendimiento de las enfermeras del Servicio de Emergencia Móvil a pacientes psiquiátricos en Teresina-PI Claudia Maria Sousa de Carvalho, Eliene do Nascimento Macêdo, Girlene Ribeiro da Costa, Keyla Cybelly Rodrigues Bezerra, Roselene Pacheco da Silva, Eliana Campêlo Lago Efeitos da soja transgênica: estudo em camundongos Mus musculus.................................................... 36 Effects of transgenic soybeans: studies in mice Mus musculus Efectos de la soja transgênica: estudio en ratones Mus musculus Arycélia do Nascimento Sousa, Elizabete Maciel de Sousa, Francílio de Carvalho Oliveira, Fernando Luiz Lima de Oliveira Luciana Melo de Farias, Regina da Silva Santos 3 SUMÁRIO / CONTENTS / SUMARIO REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN Fatores de risco e de proteção para o câncer de mama: uma revisão da literatura................................ 42 Risk factors and protection for breast cancer: a literature review Factores de riesgo y protección para el cáncer de mama: una revisión de la literatura Samuel Ricardo Batista Moura, Enilson Ítalo Campelo de Carvalho, Isabela Meneses de Carvalho Coelho, Ana Amélia de Carvalho Melo Cavalcante O painel democrático-cultural brasileiro com o advento da lei de acesso à informação - (lei nº 12.527/11)....................................................................................................................................................... 46 The panel-democratic cultural Brazilian with the advent of the law on access to information - (Law No. 12.527/11) El paneldemocrático-cultural brasileño con el advenimiento de la ley de acceso a la información - (Ley N º 12.527/11) Auricélia do Nascimento Melo, Francisco Alencar de Vasconcelos Neto Desafios na implantação da sistematização da assistência de enfermagem: uma revisão de literatura.... 52 Challenges in the implementation of the systematization of nursing care: a literature review Desafios para la implemntación de la sistematización de los cuidados de enfermería: uma revisión de la literatura Leopoldina Almeida Gomes, David Soares de Brito Nomenclatura de diagnóstico e intervenções de enfermagem pela CIPE em consulta ambulatorial às puérperas........................................................................................................................................................................ 59 Diagnosis and classification of nursing interventions by ICNP outpatient visit in the postpartum El diagnóstico y la clasificación de las intervenciones de enfermería por el CIPEambulatorio visita en el postparto Valessa de Lima Ximenes, Inez Sampaio Nery Infecção hospitalar em unidade de terapia intensiva neonatal: uma revisão da literatura.......................... 65 Hospital infection in neonatal intensive care unit: a literature review Hospital de la infección en la unidad de cuidados intensivos neonatal: una revisión de la literatura Juliana Oliveira de Sousa, Thaís Regina Carvalho Linhares, Daniele Martins de Sousa, Erida de Oliveira Soares NORMAS PARA PUBLICAÇÃO................................................................................................................................ 69 PUBLISHING NORMS.............................................................................................................................................. 72 NORMAS PARA PUBLICACIÓN............................................................................................................................... 75 FICHA DE ASSINATURA.......................................................................................................................................... 78 4 EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL A importância da socialização do conhecimento Auricélia do Nascimento Melo Mestre em Direito Constitucional Com o intuito de promover o debate e proporcionar uma integração no ambiente acadêmico, a UNINOVAFAPI lança mais um exemplar da Revista Interdisciplinar, fruto da produção acadêmica e sistêmica do corpo docente e discente da Instituição. Dessa forma contribui para a difusão do conhecimento nas diversas áreas, pois o homem pensante pode divergir, mas antes de tudo deve ser cauteloso nas idéias: nem sempre convergentes, brota a imensa variedade de pensamentos que norteiam a humanidade e lhe abrem o caminho do saber. O lançamento de uma revista acadêmica é um acontecimento importante principalmente para o leitor, que, além de passear pelas teses e teorias concebidas pelos escritores, vive e vibra e ainda se confraterniza com os produtores das obras, tece críticas, e dessa maneira contribui para que o conhecimento se socialize. Para os autores também é de grande relevância, pois nada mais gratificante do que participar do incremento das pesquisas que contribui para a crescente produção do mercado de trabalho. Dentro dessa seara de produção acadêmica os trabalhos expostos neste exemplar trazem assuntos que levam à contextualização, pois a cada dia o mundo está mais conectado, todos querem estar bem informados, a interdisciplinaridade favorece a divisão do conhecimento. Essa prática nos dias de hoje é tão necessária no processo do ensino e da aprendizagem e só se torna realidade quando é tomada como uma atitude, um novo modo de pensar, o que perfeitamente se traduz nos trabalhos confeccionados dessa edição da Revista Interdisciplinar que aborda temas atuais e instigantes do ponto de vista prático e científico. Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p5, Jul-Ago-Set. 2012. 5 EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL The importance of knowledge socialization Auricélia Melo do Nascimento Master in Constitutional Law 6 In order to promote discussions and provide integration into the academic environment, the UNINOVAFAPI launches another issue of the Interdisciplinary Journal, which is a result of its students` and professors` systemic academic intellectual production. Thereby, it contributes to the dissemination of knowledge in several areas. The thinking man may have different opinions, but all men should be cautious in ideas: these ideas are not always convergent although they show the immense variety of thoughts that guide humanity and which will pave the way of knowledge. The launch of a scholarly journal is an important event, especially for the readers that besides getting in touch with theses and theories conceived by the writers, also live and vibrate with the producers of the works. In addition, readers also criticize, and in this way contribute to the knowledge socialization. To the authors it is also of great importance, since there is nothing more rewarding than to participate in the growth of the research that contributes to the increasing production of the labor market. Within this field of academic production, the works exposed in this issue bring themes that lead to the contextualization since, every day, the world is more connected and everyone wants to be well informed. Interdisciplinarity favors the division of knowledge. Nowadays, this practice is very necessary in the process of teaching and learning and it only becomes reality when it is taken as an attitude, as a new way of thinking, which is reflected perfectly in the works presented in this edition of the Interdisciplinary Journal which addresses current and interesting themes in terms of practical and scientific points of view. Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.6, Jul-Ago-Set. 2012. EDITORIAL / PUBLISHING / EDITORIAL La importancia de la socialización del conocimiento Auricélia do Nascimento Melo Máster en Derecho Constitucional Con el objetivo de promover el debate y proporcionar una integración en el ambiente académico, la UNINOVAFAPI lanza un ejemplar más de la Revista Interdisciplinar, fruto de la producción académica y sistémica del cuerpo docente y discente de la Institución. Se contribuye de esta forma a la difusión del conocimiento en diversas áreas, pues el hombre pensante puede discrepar, pero ante todo debe ser cauteloso en sus ideas, no siempre convergentes, y hacer brotar la inmensa variedad de pensamientos que orientan a la humanidad y le abren el camino del saber. El lanzamiento de una revista académica es un acontecimiento importante para el lector, que además de pasear por las tesis y teorías concebidas por escritores, vive y vibra, e incluso confraterniza con los productores de las obras, teje críticas y de esta forma contribuye a que el conocimiento se socialice. Para los autores también es de gran relevancia, pues no hay nada más gratificante que participar en el incremento de las investigaciones que contribuye a la creciente producción del mercado de trabajo. Dentro de este campo de producción académica, los trabajos expuestos en este ejemplar traen asuntos que llevan a la contextualización, pues cada día el mundo está más conectado, todos quieren estar bien informados, la interdisciplinariedad favorece la división del conocimiento. Esta práctica a día de hoy no es necesaria en los procesos de enseñanza y de aprendizaje, y apenas se vuelve realidad cuando es tomada como una actitud, un nuevo modo de pensar, lo que se traduce perfectamente en los trabajos expuestos en esta edición de la Revista Interdisciplinar, que aborda temas actuales e instigantes del punto de vista práctico y científico. Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.7, Jul-Ago-Set. 2012. 7 PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Atuação do enfermeiro na assistência aos pacientes portadores de feridas Performance nurse on assistance to patients with wounds Práctica del enfermero en la asistencia a pacientes con heridas Kelly da Silva Costa Enfermeira. Graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Enfermeira no Hospital Pró-Médica em Parnaíba- PI , Brasil. E-mail: [email protected] Ana Paula Brito Rodrigues Enfermeira. Graduada em Enfermagem pela Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí – UNINOVAFAPI. Enfermeira na Unidade Mista de Saúde Joana Moraes Sousa em Bom Princípio do Piauí, Brasil. E-mail: [email protected] Albemara Garcez da Silva Enfermeira. Graduada em Enfermagem pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Professora na Escola Técnica em Enfermagem Wanda Horta em Parnaíba- PI, Brasil. E-mail: [email protected] Maria Solange Leopoldo Feitosa Enfermeira. Especialista em Enfermagem MédicoCirúrgica pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Professora e coordenadora da Graduação em Enfermagem da UESPI – Campus FACOE em Parnaíba-PI, Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO O Enfermeiro exerce papel de grande relevância na assistência ao paciente portador ou com risco de desenvolver ferida, pois este profissional mantém contato prolongado com o mesmo, avalia a lesão, planeja e coordena os cuidados, acompanha sua evolução, supervisiona e executa os curativos. Esta pesquisa objetivou verificar de que forma o Enfermeiro vem atuando na assistência aos pacientes portadores de feridas. Trata-se de um estudo de campo, com natureza exploratória e abordagem qualitativa, tendo como sujeitos seis Enfermeiros que trabalham na Clínica Cirúrgica de um hospital de médio porte de Parnaíba-PI. Os dados foram coletados por meio de entrevistas abertas semiestruturadas com os profissionais citados, observação não participante e consulta de alguns prontuários; posteriormente analisados através do confronto entre os conteúdos obtidos pelo roteiro de observação não participante e entrevistas abertas semiestruturadas e, ainda, comparação com literatura pertinente. Identificou-se diversos fatores que influenciam na atuação dos Enfermeiros na assistência aos pacientes portadores de feridas tais como: a ausência de um protocolo específico, falta de recursos humanos e materiais e, principalmente participação ineficiente dos profissionais na prestação da assistência em geral devido à instituição de um regime de supervisão. Concluiu-se que, a atuação dos enfermeiros na assistência aos portadores de feridas é prejudicada por falta de protocolos, capacitação dos profissionais e condições de trabalho. Descritores: Enfermagem. Assistência à saúde. Úlcera. ABSTRACT The Nurse exercises leading role in assisting patients with or at risk of developing wound, because this professional besides maintaining prolonged contact with them, evaluates the injury, plans and coordinates the care, follows its evolution, supervises and implements healing. This research was performed to verify how the Nurse has acted in assistance to patients with wounds. This is a field study with exploratory and qualitative approach which subjects were six nurses that work in the Surgical Clinic of a midsize hospital of Parnaiba-PI. Data were collected through semi-structured open interviews with cited professionals, non-participant observation and consultation of some handbooks and subsequently analyzed by comparing contents of the script obtained from non-participant observation and semi-structured interviews, also comparing with pertinent literature. We identified several factors that influence the activity of nurses in caring patients with sore, such as: the absence of a specific protocol, lack of human and material resources, and especially the inefficacious participation of professionals in providing assistance in general due to the imposition of a system of supervision. We conclude that the role of nurses in care for patients with wounds is hindered by lack of protocols, training of professionals and working conditions. Descriptors: Nursing. Health assistance. Ulcer. RESUMEN Submissão: 03.01.2011 Aprovação: 14.04.2011 El enfermero desempeña un papel de gran importancia en la asistencia al paciente con o en riesgo de desarrollar una herida, ya que este profesional mantiene un contacto prolongado con el pa- Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.9-14, Jul-Ago-Set. 2012. 9 Costa, K. S. et al. ciente, evalúa la lesión, planifica y coordina la atención, el seguimiento de su progreso, supervisa y ejecuta los apósitos.Hemos llevado a cabo esta investigación con el fin de verificar cómo el enfermero ha participado activamente en la asistencia a pacientes con heridas. Se trata de un estudio de campo con enfoque exploratorio y cualitativo que acompañó seis enfermeras que trabajan en la Clínica Quirúrgica de un hospital de tamaño medio Parnaíba-PI. Los datos fueron recolectados a través de entrevistas semi-estructuradas abiertas con los profesionales citados, la observación no participante y consulta de algunos registros, posteriormente analizados a través de la confrontación entre la escritura de contenido obtenido a través de la observación no participante y entrevistas semi-estructuradas y abiertas, y sin embargo, en comparación con la literatura correspondiente. Fueron identificados diversos factores que influyen en el desempeño del personal de enfermería en la asistencia a pacientes con heridas tales como: la ausencia de un protocolo específico, la falta de recursos humanos y materiales, y en especial por la participación ineficaz de los profesionales en la prestación de asistencia en general debido a la imposición un régimen de supervisión. Llegamos a la conclusión de que el papel de las enfermeras en el cuidado de pacientes con heridas se ve obstaculizada por la falta de protocolos, formación de profesionales y condiciones de trabajo. Descriptores: Enfermería. Cuidado de la salud. Úlcera. 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Desde os primórdios, o homem se preocupa em zelar por sua saúde. Para tanto, utiliza suas habilidades em criar tecnologias a seu favor beneficiando, consequentemente, as gerações futuras. Dentre os avanços nos cuidados a saúde, podemos destacar a preocupação em prevenir e tratar as feridas. Segundo Jorge e Dantas (2005), esta iniciou na pré-história, onde vestígios encontrados comprovam a utilização de plantas e seus extratos diretamente nas feridas abertas, bem como a ingestão destes para tratamento sistêmico, ou seja, algum sintoma ou doença em qualquer parte do organismo humano. As feridas crônicas afetam centenas de milhares de pacientes nos Estados Unidos gerando um gasto de bilhões de dólares, além do aumento do absenteísmo das atividades laborais, em decorrência das limitações ocasionadas por essas lesões. Da Europa, provém a maioria dos estudos mundiais de prevalência sobre feridas. Em Londres, estima-se que a cada 1.000 cidadãos 0,45 têm feridas; na Irlanda e Portugal a prevalência é maior: de 1,2/1.000 e 1,41/1.000, respectivamente (MACIEL, 2008; SILVA; KOBAYASHI, 2009). No Brasil, um grande número de indivíduos sofre com alterações da integridade cutaneomucosa constituindo um sério problema de saúde pública. Entretanto, ao contrário da Europa, não existem índices que corroborem com este fato, em decorrência da escassez de registros referentes aos atendimentos desses pacientes. Assim, o aparecimento de feridas na população além de prejudicar a sua qualidade de vida; aumenta significativamente os gastos públicos (BRASIL, 2008). Nos dias de hoje, vivenciamos uma verdadeira revolução na abordagem e terapêutica de feridas desencadeada pelos avanços científico-tecnológicos na área da saúde. A visão interdisciplinar e multidisciplinar na assistência aos pacientes portadores de feridas vem sendo implementada e, cada vez mais os diversos profissionais atuantes nesta área buscam aprimorar seus conhecimentos acerca da anatomia e fisiologia da 10 pele, do processo de cicatrização das feridas, das coberturas e produtos utilizados nos curativos e, também, das questões éticas que envolvem o tratamento dos pacientes portadores de feridas (SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007). O Enfermeiro exerce papel de grande relevância na assistência ao paciente portador ou com risco de desenvolver ferida, pois este profissional mantém contato prolongado com o mesmo, avalia a lesão, planeja e coordena os cuidados, acompanha sua evolução, supervisiona e executa os curativos. Seu destaque nesta área se deve, em parte, a abordagem exaustiva desses cuidados nos componentes curriculares durante sua formação acadêmica. Sendo a assistência aos pacientes portadores de feridas mais uma de suas atribuições, indagou-se como o Enfermeiro vem atuando nesta assistência. O estudo tem como objetivo geral verificar de que forma o Enfermeiro vem atuando na assistência aos pacientes portadores de feridas. E como objetivos específicos: verificar a existência e o seguimento de um protocolo de assistência aos pacientes portadores de feridas conhecer a atuação do Enfermeiro na assistência aos pacientes portadores de feridas; descrever a forma de avaliação desses pacientes executada pelos Enfermeiros assistenciais; analisar se os Enfermeiros assistenciais supervisionam e/ou executam os curativos; observar o registro, realizado pelos Enfermeiros assistenciais, referente ao tratamento de feridas e identificar as possíveis dificuldades dos Enfermeiros para realizar a assistência adequada aos pacientes portadores de feridas. 2 METODOLOGIA Trata-se de um estudo de campo, com natureza exploratória e abordagem qualitativa, por ser a mais adequada para investigar a problemática em questão, enfatizando a particularidade do fenômeno em termos de seus significados, motivos, atitudes, origens e razão de ser. O cenário, no qual se desenvolveu o estudo, foi a Clínica Cirúrgica de um hospital de médio porte de Parnaíba-PI na qual ficam internados pacientes em pré ou pós-operatórios de cirurgia geral. Esta foi escolhida por ser a clínica onde se executa o maior número de curativos, pois os pacientes lá internados têm risco de desenvolver lesão, já a desenvolveram ou ainda, apresentarão lesão no pós-cirúrgico. A referida unidade consta de vinte e sete leitos distribuídos em nove enfermarias de três leitos cada uma. A equipe de Enfermagem é composta por seis Enfermeiros e doze Técnicos de Enfermagem. Prestando assistência aos pacientes internados, um Enfermeiro e dois técnicos de Enfermagem, que trabalham em regime de plantão com duração de 12 e 24 horas, respectivamente. Os sujeitos pesquisados foram os seis Enfermeiros assistenciais, do mesmo setor e instituição hospitalar supracitados, que estavam presentes no momento em que a pesquisadora foi realizar a coleta dos dados. A abordagem dos sujeitos se deu através de entrevistas semiestruturadas as quais foram gravadas, com o auxílio de um aparelho celular, a fim de evitar distorções nos depoimentos dos sujeitos promovendo maior fidedignidade ao relato original. A entrevista foi realizada após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), elaborado de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, a qual fala sobre pesquisas envolvendo seres humanos. Os sujeitos tiveram seu anonimato preservado, uma vez que receberam nomes de plantas medicinais mais utilizadas no tratamento de lesões de pele e feridas para codificá-los. Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.9-14, Jul-Ago-Set. 2012. Atuação do enfermeiro na assistência aos pacientes portadores de feridas Os dados foram coletados utilizando-se um roteiro, do tipo check-list, de observação não-participante, entrevista aberta semiestruturada, e ainda pela análise dos prontuários que continham registros relevantes para o desenvolvimento deste estudo. A coleta de informações foi feita de forma direta pela autora deste, nos meses de setembro, outubro e início de novembro de 2010. A observação não-participante e a análise dos prontuários foram feitas durante os intervalos ou em momento oportuno no decorrer do estágio curricular supervisionado o qual aconteceu na mesma instituição hospitalar onde se realizou a pesquisa. As entrevistas ocorreram em um período de seis dias não consecutivos no final do mês de setembro e início do mês de outubro de 2010, nos turnos manhã, tarde ou noite, de acordo com a disponibilidade dos sujeitos pesquisados. A análise dos dados foi realizada através do confronto entre os conteúdos obtidos pelo roteiro de observação não participante e entrevistas abertas semiestruturadas e, ainda, comparação com literatura pertinente. As entrevistas gravadas foram transcritas na íntegra sendo após analisadas minuciosamente e em seguida categorizadas da forma que se considerou mais adequada. Deve-se ressaltar que esta pesquisa foi desenvolvida após aprovação pelo diretor da instituição de saúde e envio para apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade UNINOVAFAPI sendo aprovada pelo protocolo CAAE- 0234. 0. 043. 000 – 10. 3 ANÁLISE DOS RESULTADOS Antes de relatar as informações categorizadas acredita-se ser relevante descrever algumas características do perfil dos seis Enfermeiros entrevistados: mais da metade, quatro, eram do sexo feminino e, apenas, dois do sexo masculino. A experiência destes profissionais no setor variou de quatro anos a três meses, tempos máximo e mínimo encontrados, respectivamente, sendo citados, também dois anos e um ano de trabalho no setor. Com esta pesquisa podemos identificar diversos fatores que influenciam na atuação dos Enfermeiros na assistência aos pacientes portadores de feridas. Após observação do campo pesquisado e análise das falas dos sujeitos, obtivemos dados os quais julgamos mais adequado organizar em três categorias, para melhor compreensão, sendo estas descritas a seguir: 3.1 Utilização do protocolo de feridas De acordo com Geovanini, Oliveira e Palermo (2007) o protocolo de feridas tem por finalidade padronizar condutas referentes à limpeza, execução de curativos, e terapêutica de feridas, todas preconizadas pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), em acordo com normas técnicas e resultados de pesquisas. Este é de extrema importância para a atuação de todos os profissionais da equipe interdisciplinar. As falas dos sujeitos a seguir mostram, claramente, que na clínica cirúrgica não há nenhum tipo de esquema para nortear os Enfermeiros quanto a suas condutas na realização da assistência aos pacientes portadores de feridas: Não, não tem. Eu entrei já tá com uns 4 anos. [...] nenhum setor tem, acho que só a UTI [...]. (Babosa) Não, não tem. A gente faz o curativo de acordo com as técnicas assépticas que a gente já sabe de acordo com a faculdade, já vem da Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.9-14, Jul-Ago-Set. 2012. faculdade, mas o protocolo, realmente, por escrito de tudo como deve ser, a gente não tem [...].(Arnica) Que eu saiba não. Nunca teve protocolo [...].(Hamamélis) [...] A gente não tem nenhum tipo de protocolo, nenhum tipo de documento que norteie; que dê uma visão geral de como a gente deve proceder na realização de cuidados né, ao ferimento, ao procedimento de curativo [...].” (Barbatimão) Os entrevistados citaram, como verificamos nos próximos depoimentos, já ter havido reuniões com os Enfermeiros de vários setores do hospital na tentativa de se confeccionar um manual genérico de normas, rotinas e procedimentos de Enfermagem que vigoraria em toda a instituição. Alguns afirmaram ainda, ser de grande valor a implementação de um protocolo de assistência aos pacientes portadores de feridas no seu setor de trabalho: [...] a gente tá terminando de fazer os POPs que são Procedimentos Operacionais Padrão que são a padronização de todos os procedimentos que são feitos pela Enfermagem aqui dentro, então dentro desses POPs, lógico que vai ter o procedimento de realização dos curativos [...].(Arnica) [...] A gente fez umas reuniões pra fazer um manual né, de procedimentos de Enfermagem, mas nunca foi adiante [...] um protocolo seria muito bom aqui pra clínica.” (Babosa) [...] Não tem nenhum protocolo criado ainda, só a discussão sobre a criação de um [...] Faz falta né você seguir aquela rotina programada e conseguir executar o trabalho de forma mais sistemática [...] ajudaria a uniformizar condutas, a melhorar também a questão dos registros. [...].(Eucalipto) De acordo com Morais, Oliveira e Soares (2008) a implementação de um protocolo para a avaliação de feridas constitui um avanço na assistência de Enfermagem, porém, poucas instituições hospitalares parecem ter implantado um protocolo com esta finalidade. Essa afirmativa demonstra que a situação enfrentada pelos Enfermeiros do estabelecimento pesquisado não é atípica. Contudo, os autores acima citados aindaenfatizam que a literatura preconiza o uso do protocolo aliado ao julgamento clínico do Enfermeiro, pois esse instrumento serve para auxiliar o profissional a tomar decisões e não para substituí-lo e, também, porque a avaliação clínica isolada do Enfermeiro, com exceção dos estomaterapeutas, em determinadas situações, é menos eficaz que a atuação em conjunto do profissional com o protocolo. Para a elaboração e posterior desenvolvimento deste protocolo deve ser realizada consulta exaustiva da literatura sobre o tema em questão e minuciosa análise do estudo sobre o perfil do estabelecimento de saúde e a clientela que será assistida (SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007). Alguns Enfermeiros mostraram conhecimento da necessidade dessa adaptação anterior ao desenvolvimento do protocolo verificado na análise das próximas falas: [...]acho que pra fazer o protocolo [...] antes de tudo tem que vê outras coisas porque não adianta a gente ter um protocolo se a gente não vai poder seguir ele [...](Babosa) [...] um protocolo seria muito importante né [...] mas pra gente realmente viabilizar tudo que é pra ser feito a gente tem que ter pessoal [...](Arnica) Para um bom desempenho do Enfermeiro a unificação de diretrizes e normas é de extrema importância, pois oferece mais segurança e autonomia para tomar decisões relacionadas ao tratamento da ferida. 11 Costa, K. S. et al. Assim podemos afirmar que a atuação dos Enfermeiros na assistência aos pacientes portadores de feridas no estabelecimento pesquisado sofre sim prejuízos decorrentes da inexistência de um protocolo específico. Porém, sua implantação, por si só, não garante uma atuação ótima destes profissionais já que ela depende, também, de fatores individuais ou não como: a boa percepção clínica aliada ao conhecimento técnico que este profissional possui acerca da temática e o preparo prévio do estabelecimento (recursos materiais, produtos e outros) para criação e implementação do protocolo. 3.2 Atuação do enfermeiro na assistência aos pacientes portadores de feridas O Enfermeiro, por ter contato prolongado com o paciente portador de ferida, desempenha papel de grande relevância na assistência ao mesmo, em geral, é responsável por avaliar a ferida, orientar e executar o curativo e acompanhar a evolução da lesão (MORAIS; OLIVEIRA; SOARES, 2008). Conforme Oliveira, Castro e Andrade (2006) o tratamento das lesões cutâneas não se detém na técnica do curativo, pois através dos protocolos empregados na prática clínica pelo Enfermeiro são enfatizados a avaliação do estado geral do paciente, o exame físico direcionado de acordo com a causa da ferida, escolha do tratamento e da cobertura a ser aplicada. 3.2.1 Avaliação do paciente e da ferida O Enfermeiro, especialista ou não, deve monitorar a ferida através de avaliação diária ou periódica a qual deverá ser registrada; consistindo em uma forma de documentar a assistência que se prestou. Para isso deve manter-se a par dos avanços técnicos e científicos relacionados ao processo cicatricial, bem como, conhecer os métodos e produtos utilizados para a execução dos curativos (JORGE; DANTAS, 2005). Segundo Salomé e Araújo (2010) a avaliação da ferida é de extrema importância para o planejamento dos cuidados o qual é possível, apenas, quando realizado registro das observações e dos resultados das intervenções. Quando questionados se fazem a avaliação do paciente os Enfermeiros relataram: [...] Não, não dá tempo, não dá certo, não tem condições. Não dá pra fazer a assistência que a gente deveria fazer se nós tivéssemos condições assim, pela quantidade de leitos que a gente fica responsável, que no caso são sessenta né [...](Calêndula) [...] Não utilizo nem um tipo denada. Aqui, não existe, a gente não tem nenhum impresso específico para a avaliação [...](Arnica) [...] A gente avalia conforme a experiência da gente né. De acordo com o tamanho, o tipo de ferida, se é uma escara. A gente vê pra poder fazer né, o procedimento correto, o curativo adequado [...](Hamamélis) [...] a gente consegue observar de um modo geral, sem protocolo cada um termina observando de uma forma, então a gente perde um pouco da continuidade, digamos assim [...] isso dificulta a tomada de conduta em relação às feridas, ao tratamento [...](Eucalipto) A maioria respondeu que não realiza a avaliação e os que a fazem utilizam o artifício da observação com interpretação própria. De acordo com Morais, Oliveira e Soares (2008) a observação é um método propedêutico que utiliza o olhar atento e direcionado a superfície corporal; a visão é o único instrumento básico usado para essa finalidade. É um artifício utilizado na avaliação de feridas que tem importância significativa além do que não acarreta gastos para a instituição. Entretanto, para uma avaliação 12 mais completa é necessário o uso de materiais (régua, swab, papel filme, câmera fotográfica etc.) para obtenção de dados mais precisos. Segundo Bajay e Araújo (2006) avaliar uma ferida pode levar a interpretações diversificadas pelos profissionais tanto pela diferença de conhecimentos entre cada um como pela própria variedade das feridas quanto à natureza, forma, localização entre outros aspectos. Assim um instrumento preciso, com padrões e critérios definidos diminuem a chance de informações divergentes ou conflitantes tornando o registro mais sistemático. Morais, Oliveira e Soares (2008) afirmam que a ausência de um protocolo não limita o Enfermeiro em realizar a avaliação de algumas características da ferida as quais dão subsídios para escolha da melhor conduta como: presença e tipo de exsudato, esfacelos, áreas de necrose, sinais de infecção, entre outros. Durante a observação não-participante e consulta de alguns prontuáriosverificamosque a avaliação do paciente e da ferida, geralmente, não é feita pelos sujeitos pesquisados, pois não havia documentação desta atividade. Demonstrando participação mínima ou nula dos Enfermeiros neste processo tão importante para a boa condução do tratamento e evolução da ferida. Os entrevistados atribuíram esta condição ao excesso de atividades que realizam, pois durante o plantão de 24h um único Enfermeiro é responsável por mais quatro setores, além da Cl. Cir. são eles: clínica médica, clínica pediátrica, clínica gineco-obstétrica e clínica ortopédica que atendem até sessenta pacientes. Contudo, organizando-se a assistência através da priorização dos atendimentos, acreditamos que com uso da observação a avaliação possa ser realizada pelo menos nos pacientes com feridas mais complexas que necessitam de maior conhecimento do profissional. A padronização de um impresso auxiliaria substancialmente neste aspecto, pois, evita interpretações variadas e até conflituosas. 3.2.2 Supervisão e execução do curativo Segundo Jorge e Dantas (2005) o tratamento da ferida é um processo dinâmico que depende de avaliações sistematizadas, prescrições distintas de frequência e tipo de curativo ou cobertura necessários, pois podem variar de acordo com o momento evolutivo da cicatrização. Para que este acompanhamento possa ser efetuado é necessário que o Enfermeiro observe in loco a lesãopara avaliá-la e posteriormente prescrever o curativo adequado o qual pode ser realizado por ele próprio ou pelo profissional de nível médio sob sua orientação ou supervisão, quando não se tratar de pacientes graves ou críticos. Quanto à supervisão e execução dos curativos os Enfermeiros afirmaram: [...] a média de curativo que eu faço em um plantão de 24horas chega às vezes dois, três, dependendo, mais do que isso não e nem todo plantão eu faço [...]eu faço mais à noite quando tem necessidade de fazer alguma troca, mas durante o dia é mais difícil [...] só quem faz são as técnicas de enfermagem, mas sem a supervisão do Enfermeiro [...] (Babosa) [...] a frequência é baixa [...]. Até porque como é uma gama de muitas atividades, você faz muita coisa, você acaba realmente, infelizmente, esquecendo né de fazer esse tipo de supervisão [...](Arnica) [...] No caso como a gente não fica só na clínica cirúrgica, termina ficando na médica e na pediatria, dificulta você acompanhar todos os curativos, mas você termina vendo o principal [...] entrando em algum curativo mais complexo ou ajudando nas intercorrências ou em alguma dificuldade [...](Eucalipto) [...] a gente faz o serviço de supervisão da assistência; não é a assistênRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.9-14, Jul-Ago-Set. 2012. Atuação do enfermeiro na assistência aos pacientes portadores de feridas cia direta ao paciente, então quem faz o curativo e observa as características das feridas, na verdade, é o Técnico. Quando existe um ferimento maior, um grande queimado, uma grande ferida eles chamam pra gente, pra fazer o curativo ou acompanhá-lo [...](Calêndula) nificados (FERREIRA, 2001). Nesta categoria buscamos saber os obstáculos citados pelos Enfermeiros para a realização da assistência aos pacientes portadores de feridas, segundo eles são: Analisando as falas percebemos que os sujeitos da pesquisa não costumam executar ou supervisionar a realização dos curativos, quando feitos pelos técnicos de enfermagem. Isso mostra que a assistência aos pacientes portadores de feridas é deixada em segundo plano pelos Enfermeiros. Mais uma vez relacionaram essa condição à falta de tempo e excesso de atividades realizadas nos diversos setores que trabalham. [...] a parte de educação dos técnicos de Enfermagem, [...] de conhecimento técnico na realização de curativo, [...] o pacote de curativo a gente não tem, com as pinças e tal, pra tá realizando o curativo [...] a gente não tem luva estéril suficiente né, pra usar nos pacientes da clínica cirúrgica.[...] A questão da gente trabalhar em regime de supervisão né, o ideal seria que a gente tivesse um ou mais Enfermeiros na clínica cirúrgica pra você puder dá, realmente a devida atenção aos cuidados com a ferida [..](Barbatimão) [...] às vezes falta alguma coisa, um material, uma pomada [...]. E o tempo né, que a gente não tem de acompanhar o paciente com ferida por causa da sobrecarga né. [...] você sai quase que completamente da assistência né ao paciente. [...] Se a gente pudesse acompanhar cada um; aprenderia até o nome dos pacientes direito né. Ás vezes não dá nem pra aprender. (Hamamélis) 3.2.3Evolução do tratamento da ferida A evolução do tratamento é realizada através da documentação sob a forma de um relatório de Enfermagem o qual é feito após a execução dos procedimentos, coleta de todas as informações disponíveis e observações sobre as condições da ferida (GEOVANINI; OLIVEIRA; PALERMO, 2007). De acordo com Silva, Figueiredo e Meireles (2007) o registro é utilizado para avaliar a eficácia da terapêutica implementada, estabelecer um mecanismo de comunicação entre os membros da equipe (de Enfermagem ou multidisciplinar), bem como servir de suporte legal em questões judiciais para avaliar responsabilidades de imperícia médica ou de Enfermagem. Tratando-se da evolução de Enfermagem sobre o tratamento os sujeitos responderam: [...] como é difícil a gente fazer [curativo], a gente não tem muita noção né, quem observa mais isso é as meninas, a gente conversa com elas. Elas anotam [...]. (Babosa) [...] Não, eu, particularmente, não faço. Eu não sei se algum outro colega faz. [...] a gente tem um grande problema aqui em relação ao registro da clínica cirúrgica. É realmente é muito pobre; foi conversado em reunião e tudo, mas assim, a gente não tem evoluído muito nessa parte.[...] infelizmente muitas vezes as anotações, que são extremamente importantes, são deixadas pra segundo plano [...](Arnica) [...] Normalmente, a gente tem registrado as intercorrências [...] essa progressividade da evolução a gente não tem, muitas vezes, a gente anota quando a coisa não deu certo, por algum motivo tem mais secreção, menos secreção, não tá granulando, tem alguma necrose, então você termina anotando mais o problema [...](Eucalipto) [...] Quem faz o curativo, o que ele observa ele registra, entendeu? Ferida com aspecto tal, tal e tal, quem viu né, na verdade. [...](Calêndula) [...] Quando a gente realiza um procedimento em determinado paciente a gente acaba evoluindo ele; não dá pra fazer com todos, infelizmente, [...] a clínica médica, ela consome muito tempo da gente porque ela acaba se tornando uma semi-intensiva né, é muito paciente grave, não tem vaga na UTI. [...](Barbatimão) Observamos que alguns Enfermeiros reconhecem a importância da evolução do tratamento, entretanto, rotineiramente só a realizam em caso de intercorrências com o paciente ou sua ferida. Isso acaba por interferir na continuidade da assistência e, também, diminui a qualidade da mesma. Impressos próprios para essa finalidade poderiam ser adotados pelo serviço. A Agency for Health Care Policy and Research (AHCPR) sugere a elaboração de impressos que proporcione uma informação mais completa e, ao mesmo tempo objetiva e, ainda torne mais fácil e ágil o registro da evolução das lesões (SILVA; FIGUEIREDO; MEIRELES, 2007). 3.3 Dificuldades para a realização da assistência aos pacientes portadores de feridas Dificuldade é o caráter de difícil cujos sinônimos podem ser: árduo, custoso, trabalhoso, duro, penoso, intricado, complicado entre outros sigRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.9-14, Jul-Ago-Set. 2012. [...] Inúmeras. A gente não possui instrumental necessário, [...] o número de pessoal, falta de material [...] o permanente e de consumo. Se tivéssemos alguns outros tipos de curativos, seria bom. [...](Calêndula) [...] Acho que pessoal. [...] tanto Enfermeiro quanto Técnico; treinamento, acho que definir melhor determinadas condutas [...] qualificar melhor o pessoal de nível médio pra fazer isso [...](Eucalipto) A falta de recursos humanos foi apontada por todos os sujeitos como uma das dificuldades na realização da assistência, de fato é um grande obstáculo para que o profissional possa cumprir com suas atribuições, porém acreditamos não ser motivo suficiente para que os profissionais atuem tão pouco nesta área. Conforme Silva, Figueiredo e Meireles (2007) nem sempre os objetivos traçados serão alcançados, pois há diversos níveis de dificuldades nos estabelecimentos de saúde do Brasil, entretanto, deve-se persistir buscando melhores condições de assistência à população necessitada de cuidados de Enfermagem tomando como espelho o padrão ideal de atendimento; sem desconsiderar a realidade na qual está inserido. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Verificou-se que os Enfermeiros, praticamente, não participam da prestação de cuidados aos pacientes portadores de feridas, pois não efetuam a avaliação da ferida, raramente executam ou supervisionam a realização dos curativos e, consequentemente, não conseguem fazer o acompanhamento adequado do tratamento. A ausência de um protocolo norteador para a execução da assistência, a falta de recursos materiais e humanos, treinamento e coberturas interfere no alcance do desempenho máximo destes profissionais. Provavelmente por não haver padronização na conduta médica, em nenhum aspecto, seja na antibioticoterapia, seja em relação aos produtos utilizados nos curativos, associados ao descaso da administração em relação ao tema, haja vista que o estoque de produtos para curativos variam do Carvão Ativado®, a Sulfadiazina de Prata®, o Furacin®, a Fibrase á Kolagenase® e são utilizados sem nenhum critério; a farmácia os dispensa conforme a quantidade que dispõe indiferente da solicitação dos profissionais de enfermagem. Pretensamente, para fins político-administrativos foi formada uma CCIH cuja atuação é inexistente; as demais Comissões formadas para o mesmo fim não tem sequer um representante. Acredita-se que os Enfermeiros devem estar cientes da relevância de sua participação neste processo, buscando desenvolver mais o traba13 Costa, K. S. et al. lho assistencial e não se limitando ao regime de “Supervisão” instituído; no entanto compreendemos que uma ação isolada em nada resultará. Buscar o aprimoramento na área, participando de cursos, congressos, simpósios ou até mesmo uma pós-graduação é importante, pois renova os conhecimentos e torna o profissional mais seguro para realizar a assistência adequada ao paciente portador de ferida; porém nenhuma valia tem todo este conhecimento se a Instituição não oportuniza espaços para o profissional atuar adequadamente. Afinal, de pouco adianta os profissionais estarem preparados teoricamente se não podem colocar em prática seus conhecimentos. Se na instituição não há um planejamento ou estratégia de ação; se na Adminis- tração Superior não há uma única diretriz que recomende o cuidado aos portadores de feridas, se não foi instituído uma política de ação voltada para esse cuidado. De fato, percebemos que a enfermagem não tem espaço nas decisões administrativas no Serviço pesquisado. Consideramos que este estudo atingiu seus objetivos, entretanto defrontamo-nos com obstáculos que vão além da pesquisa ou do aval dos profissionais pesquisados. Entretanto, causa-nos estranheza a passividade dos Enfermeiros frente aos obstáculos existentes, a qual resulta na falta de iniciativa em mudar esta realidade. Sabedores dos direitos e deveres muitas vezes, os profissionais preferem a omissão à luta por seus espaços; provavelmente por temerem retaliações. REFERÊNCIAS BAJAY, H. M.; ARAUJO, I. E. Validação e confiabilidade de um instrumento de avaliação de feridas. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 19, n. 3, p. 290-295, jul./set. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0103-2100200600 0300006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 Set. 2012. MORAIS, G. F. C.; OLIVEIRA, S. H. S.; SOARES, M. J. G. O. Avaliação de feridas pelos enfermeiros de instituições hospitalares da rede pública. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 17, n. 1, p. 98-105, jan./mar. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072008000100011&ln g=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 Set. 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de condutas para tratamento de úlceras em hanseníase e diabetes, 2. ed. Brasília, DF, 2008. OLIVEIRA, B. G. R. B.; CASTRO, J. B. A; ANDRADE, N. C. Técnicas para a avaliação do processo cicatricial de feridas, Nursing, São Paulo,v. 102, n. 9, p. 1106-1110, nov.2006. FERREIRA, A. B. H. Miniaurélio século XXI: o minidicionário da língua portuguesa. 5. ed. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 2001. GEOVANINI, T.; OLIVEIRA JÚNIOR, A. G.; PALERMO, T. C. S. Manual de Curativos. São Paulo: Corpus, 2007. JORGE, S. A.; DANTAS, S. R. P. E. Abordagem multidisciplinar do tratamento de feridas. São Paulo: Atheneu, 2005. MACIEL, E. A. F. Prevalência de feridas em pacientes internados em um hospital filantrópico de grande porte de Belo Horizonte. 2008. 91f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Enfermagem, Belo Horizonte,2008 14 SALOMÉ, G. M.; ARAÚJO, V. S. Uso do pressure ulcer scale for healing (PUSH) no acompanhamento da cicatrização em paciente diabético com úlcera no pé, Nursing, São Paulo, v. 14, n. 149, p.507-511, out. 2010. SILVA, L. C. R.; FIGUEIREDO, A.M.N.; MEIRELES, B.I. Feridas: fundamentos e atualizações em enfermagem, São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2007. SILVA, O. J.; KOBAYASHI, R. M. Projeto de implantação de um ambulatório para clientes portadores de feridas. Nursing, São Paulo, v. 131, n. 12, p.171-176, abr. 2009. Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.9-14, Jul-Ago-Set. 2012. PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Conhecimentos e atitudes de estudantes de enfermagem frente à prevenção da AIDS Knowledge and attitudes of nursing students facing the prevention of AIDS Conocimientos y actitudes de estudiantes de enfermería frente a la prevención del SIDA Maria da Consolação Pitanga de Sousa Socióloga e Assistente Social. Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Pernambuco. Professora da Coordenação do curso de Enfermagem do Centro universitário UNINOVAFAPI. Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: [email protected] Bruna Ravena Bezerra de Sousa Enfermeira.Enfermeira diarista no hospital São Carlos Borromeo.Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO O estudo objetivou analisar o conhecimento e atitudes de estudantes de enfermagem sobre as formas de transmissão da AIDS e descrever as vulnerabilidades. Estudo qualitativo, com 20 estudantes do curso de enfermagem. Os resultados foram apresentados em duas categorias: saberes atribuídos às formas de transmissão da AIDS e práticas preventivas; vulnerabilidades e relação de gênero frente ao uso do preservativo. Percebe-se a necessidade de mudanças de atitude dos estudantes no que diz respeito à adoção de práticas sexuais seguras; pois embora o preservativo tenha sido o método de escolha para prevenção, o uso não é regular nos relacionamentos estáveis. Os estudantes se mostraram vulneráveis à AIDS por possuírem pouco conhecimento e verem a doença como algo distante de si. Evidenciou-se uma simetria de poder entre os gêneros, quanto ao uso do preservativo. Descritores: Estudantes de enfermagem. AIDS. Prevenção. Vulnerabilidade. Gênero. Isabel Maria de Carvalho Sa Lopes Enfermeira. Enfermeira Plantonista no Hospital São Carlos Borromeo. Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: [email protected] Tânia Maria Melo Rodrigues Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Piauí. Enfermeira da Estratégia Saúde da Família.Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: [email protected] ABSTRACT The study aimed to analyze the knowledge and attitudes of nursing students about ways of Aids transmission and describe its vulnerabilities. Qualitative study with 20 nursing students on the course. The results were presented in two categories: knowledge attributed to the ways of Aids transmission and preventive practices; vulnerabilities and gender relation according to the use of condoms. It’s known the necessity for students to change their attitudes referred to the adoption of safe sexual practices, because even if the condom has been chosen as a way of prevention, its use is not regular in stable relationships. Students have proved to be vulnerable to Aids because of their little knowledge about it, and they see this disease as something distant from their reality. It was evidenced a power symmetry between the genders regarding the use of the condom. Descriptors: Nursing students. AIDS. Prevention.Vulnerability. Gender. RESUMEN El estudio objetivó analizar el conocimiento y actitudes de estudiantes de enfermería acerca de las formas de transmisión del SIDA y describir las vulnerabilidades. Estudio cualitativo, con 20 estudiantes del curso de enfermería. Los resultados fueron presentados en dos categorías: saberes atribuidos a las formas de transmisión del SIDA y prácticas preventivas; vulnerabilidades y relación de género frente al uso del preservativo. Se percibe la necesidad de cambios de actitud de los estudiantes acerca de la adopción de prácticas sexuales seguras; pues aunque el preservativo tenga sido el método de opción para prevención, el uso no es regular en las relaciones estables. Los estudiantes se muestran vulnerables al SIDA porque poseen poco conocimiento y creen que la enfermedad es algo lejos de ellos. Se evidenció una simetría de poder entre los géneros cuanto al uso del preservativo. Descriptores: Estudiantes de enfermería. SIDA. Prevención. Vulnerabilidad. Género. Submissão:08.02.2011 Aprovação:15.04.2011 Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.15-20, Jul-Ago-Set. 2012. 15 Sousa, M. C. P. et al. 1 INTRODUÇÃO Desde a descoberta do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e das repercussões que a Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida (AIDS) acarreta na vida das pessoas que vivem com HIV/AIDS, o mundo tem intensificado os esforços no campo da pesquisa científica para descobrir a cura de algumas doenças sexualmente transmissíveis, especialmente, para o HIV. Além disso, os esforços estão também concentrados em encontrar maneiras que possam enfrentar a epidemia do HIV, bem como das outras DST e entender de forma ampliada seus impactos sociais em diversos contextos. Apesar desses importantes avanços científicos, a problemática do HIV continua a crescer de forma bastante exponencial e assustadora, apontando estimativas para o futuro em relação ao número de pessoas infectadas de forma preocupante. Há de se levar em consideração, segundo Santos et al. (2009), que no Brasil a AIDS por muito tempo foi tida como uma epidemia concentrada, já que no início dos anos de 1980, atingiu, principalmente, grupos considerados de maior risco de contaminação, como os homossexuais masculinos, usuários de drogas endovenosas, mulheres profissionais do sexo e indivíduos que receberam transfusões de sangue e hemoderivados.Esse entendimento passou a ser rediscutido no início dos anos de 1990, considerando que a epidemia assumiu outro perfil. Desde então a transmissão heterossexual passou a ser a principal via de transmissão do HIV, a qual vem apresentando maior tendência de crescimento em anos recentes, acompanhada de uma expressiva participação das mulheres na dinâmica da epidemia, pois de 1980 a 2009, o Brasil apresentou 544.846 casos de AIDS notificados no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN); destes, 356.427 são casos de AIDS no sexo masculino e 188.396 são do sexo feminino; observando-se então que a razão de sexo (m: f ) no Brasil vem diminuindo ao longo da série histórica, passando de 15,1: 1 em 1996 para 1,5: 1 em 2009 (BRASIL, 2009a). Associado ao processo de feminização observa-se que a AIDS tem acometido, atualmente, cada vez mais pessoas jovens, especialmente as mulheres na faixa etária de 13 a 19 anos. Dados epidemiológicos divulgados por Brasil (2009a) mostram que ,de 2000 a junho de 2009, foram registrados no Brasil 6.161 casos de AIDS entre homens e mulheres, nessa faixa etária. Destes, 3.713 (60,27%) casos foram registrados no sexo feminino e 2.448 (39,73%) no masculino. Na faixa etária de 20 a 24 anos, observa-se que dos 26.335 casos notificados, 13.083 (49,68%) foram em mulheres e 13.252 (50,32%) entre homens, mostrando aqui uma pequena inversão, já que houve o predomínio destes em relação às mulheres. Quando se toma como referência o grupo com 25 anos de idade, percebe-se que essa inversão se acentua, uma vez que dos 50.554 casos registrados, 28.845 (57,6%) ocorreram entre os homens. Em âmbito estadual, também há a mesma constatação que se tem com relação aos dados nacionais no que diz respeito à jovialidade e a crescente feminização da AIDS, pois de 1986 a 2009 residem no Piauí 2.534 pessoas que vivem com HIV/AIDS. Desse total, a faixa etária mais acometida está entre 20 e 34 anos com 1.253 casos. Quanto à incidência de casos por sexo, do total de casos registrados nesse mesmo período, contabilizou-se 1.811(71,47%) no sexo masculino e 723(28,53%) no feminino (PIAUÍ, 2009). Segundo Falcão Júnior et al. (2009), diversos fatores explicam a maior vulnerabilidade dos jovenspara a infecção pelas DST/AIDS tais como a desinformação, excesso de autoconfiança em relação à vulnerabilidade, os tabus sociais e familiares sobre sexualidade e obtenção de informação através de pessoas não qualificadas causam influências negativas. Além disso, os jovens, nessa fase de vida, passam por profundas transformações e vivenciam novas experiências precocemente no que diz respeito à sexualidade, sem, muitas 16 vezes, ter consciência ou entendimento dos diversos riscos a que eles estão expostos, incluindo não somente a contaminação por HIV ou outras DST, mas também as inúmeras consequências que estes têm que enfrentar por conta dos possíveis danos sociais e/ou emocionais. Nesse sentido, ao considerar o acadêmico da área de saúde como futuro cuidador de pessoas vivendo com HIV/AIDS e outras DST’s, sobretudo como educador para a saúde, é imprescindível que o mesmo detenha conhecimentos e informações acerca destas doenças e suas formas de prevenção. Para tanto, faz-se necessário que o mesmo desenvolva consciência crítica sobre suas atitudes, tanto no que diz respeito a sua autoproteção, bem como a do seu cliente/paciente/usuário, precavendo-se, inclusive, das atitudes antiéticas e não humanísticas. Desse modo, o estudo tem como objetivo analisar o conhecimento e atitudes de estudantes de enfermagem sobre as formas de transmissão da AIDS e descrever as vulnerabilidades . 2 METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativo-descritiva, realizada com vinte acadêmicos do I, IV e VIII bloco do curso de Enfermagem, de ambos os sexos, e a escolha dos blocos se deu em função de não comparar os discursos, mas sim de compreender os conhecimentos sobre as DST/AIDS adquiridos não só no contexto acadêmico, mas na vivência dos sujeitos nos diversos grupos sociais.O cenário da pesquisa foi uma instituição de ensino superior privada. A quantidade dos sujeitos foi determinada quando os discursos se tornaram repetitivos e saturados, não acrescentando assim novos elementos aos pontos investigados (FONTANELA; RICAS; TURATO, 2008). O processo de coleta dos dados ocorreu no período de agosto a setembro de 2010. Para tanto, optou-se em utilizar como técnica de coleta a entrevista por meio do roteiro semiestruturado, por possibilitar maior interação entre os sujeitos e facilitar a espontaneidade das respostas, como também o desvelamento do que está oculto e dissimulado nos discursos dos sujeitos. De posse dos dados e informações coletadas, estas foram analisadas com base na análise de conteúdo, que conforme Bardin (1977) tem como finalidade importante a produção de inferências sobre qualquer um dos elementos básicos do processo de comunicação, pois é a inferência que vai permitir a passagem da transcrição à interpretação. A partir do agrupamento do conteúdo coletado, utilizou-se a técnica categorial classificando os elementos ou aspectos com características comuns ou que tenham relação entre si, a fim de apreender o que os acadêmicos de enfermagem constroem sobre as DST/AIDS (FRANCO, 2007). A participação dos estudantes na pesquisa se deu de forma voluntária, formalizada através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Apesquisa foi desenvolvida respeitando os critérios éticos que envolvem Pesquisas com seres humanos por meio da Resolução nº 196/96, bem como só foi realizada após a aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética de Pesquisa da Faculdade UNINOVAFAPI em estudo com CAAE nº. 0186.0.043.000-10. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A caracterização dos estudantes entrevistados encontra-se aqui apresentada com o objetivo de traçar um perfil destes, a fim de estabelecer uma relação com os dados encontrados. Posteriormente, são mostradas as descrições das principais categorias reveladas a partir das vinte entrevistas colhidas. Para mantê-los em anonimaRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.15-20, Jul-Ago-Set. 2012. Conhecimentos e atitudes de estudantes de enfermagem frente à prevenção da AIDS to, os discursos foramcodificados em entrevistados seguidos de número. Ressalta-se que em cada categoria encontram-se trechos das histórias relatadas e o confronto com os achados teóricos. 3.1 Caracterizaçãodos estudantes No universo de vinte estudantes entrevistados, 11 são do sexo masculino e 9 do sexo feminino, o que foi uma surpresa, visto que o curso de enfermagem, por ter como foco de atuação o “Cuidar”, que ainda é uma atividade atribuída à mulher, acabou por delinear o perfil dos profissionais que compõe essa classe, já que esta é, essencialmente, composta por estudantes do sexo feminino. Contudo, esse dado não se refere apenas à mudança de perfil quanto ao gênero do curso de enfermagem, mas parece ainda estar atrelado à facilidade ou até mesmo à abertura que os homens possuem para falar sobre sexualidade, haja vista que algumas mulheres se recusaram a participar da pesquisa por terem, justamente, que “expor” algo tão íntimo. Constata-se, assim, que apesar das mudanças nos costumes e das conquistas do movimento feminista, a sexualidade da mulher é altamente reprimida e ainda continua sendo um tabu tanto para as próprias mulheres quanto para a sociedade em si, embora já tenha havido uma melhora expressiva no que tange à discussão sobre a sexualidade feminina. Os sujeitos encontram-se na faixa etária de 18 a 43 anos, sendo que 14 estão na faixa de 18 a 25 anos e 6 entre 28 e 43 anos. Logo, percebemos que os sujeitos encontram-se na fase de adultos jovens, fase essa que os torna mais vulneráveis, dentre outros fatores, pelo fato de possuírem múltiplos parceiros sexuais, de terem iniciação sexual precoce, além da inconsistência quanto ao uso do preservativo (REIS; MATOS, 2008) Em relação ao estado civil dos entrevistados, 13 são solteiros, 6 casados e 1 divorciado. No tocante à religião, a maioria é católica. Quanto à ocupação/ profissão dos entrevistados, 13 são apenas estudantes, 5 são profissionais da saúde (técnicos de enfermagem) e/ou estagiários, 2 possuem outra atividade ocupacional e apenas 1 se considera “do lar”. Todos os estudantes relataram depender financeiramente de alguém, sendo citados os pais ou parceiro. Para tanto, a renda familiar que prevaleceu foi na faixa de sete salários e meio por mês. 3.2 Conhecimentos e atitudes relacionadas às formas de transmissão da AIDS e práticas preventivas adotadas A relação sexual desprotegida é unanimidade entre os entrevistados, embora outras formas de transmissão das DST/AIDS tenham sido pronunciadas como a transmissão vertical, por transfusão sanguínea, por pérfuro-cortante, como agulhas contaminadas e alicates, por compartilhamento de seringas entre usuários de drogas injetáveis e contato sanguíneo direto ou por meio de lesões. As falas seguintes comprovam tais afirmações: É transmitida por objetos perfurocortantes como alicates, ou outros objetos como tesoura que tenha perfurado e entre em contato com o sangue e através da relação sexual (E3). A forma de transmissão das DST é através do sexo, mas tem doenças como a AIDS que além da transmissão sexual ela também tem a transmissão vertical e a sanguínea(E5). As DST em geral nós temos várias vias de transmissão: via oral, anal, através da vagina da penetração e no caso da AIDS além dessas vias a gente tem a via congênita como a sífilis também; e contato com líquidos humorais, o leite materno o sangue (E17). Embora tenha sido possível identificar que os estudantes de enferRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.15-20, Jul-Ago-Set. 2012. magem conhecem as formas de transmissão das DST/AIDS, observou-se algumas imprecisões quando afirmam, por exemplo, que: [...] a transmissão ocorre pelo contato-oral fecal (E4). Beijo se tiver alguma cárie (E11). Pode levar também a contaminação se a mulher, por exemplo, não tomar a pílula do dia seguinte (E16). Essas falas, especialmente, a primeira, demonstram haver uma deficiência, ainda que mínima no contexto analisado, ao diferenciar doenças transmitidas sexualmente com doenças de aquisição não-sexual, como a hepatite A e Ee doenças parasitológicas. Isso se torna mais preocupante ainda quando vemos que esse pensamento parte de um estudante do último período, pois é de se esperar que o mesmo já detenha conhecimentos suficientes para saber que as DST têm como característica principal o fato de serem transmitidas sexualmente. Essa dificuldade ainda persiste quando se faz necessário diferenciar atitudes contraceptivas de atitudes preventivas e discernir as reais formas de transmissão das DST/AIDS. Ressalta-se que tanto a segunda quanto a terceira fala são de estudantes do I e IV período, respectivamente, e que para este último talvez se justifique a possível falta de conhecimento, tendo em vistaque ainda não tiveram acesso às disciplinas referentes a essas questões. Nesse sentido, pode-se afirmar que de fato os acadêmicos de enfermagem possuem conhecimentos adequados a respeito das formas de transmissão das DST/AIDS, muito embora apresentem algumas ambigüidades; fato esse também observado entre os estudantes do curso de enfermagem do Centro Universitário do Leste de Minas Geraisque acrescentam ainda, que os jovens universitários têm conhecimentos compatíveis com o grau de instrução que recebem nas Instituições de Ensino Superior (CORDEIRO; SILVA; BARBOSA, 2009). Quanto às práticas preventivas adotadas, prevaleceu o preservativo como método de escolha, sendo um resultado já esperado, visto que a facilidade ao seu acesso e sua grande visibilidade nos meios de comunicação o torna o método preventivo e contraceptivo de maior conhecimento por parte da população. Os discursos seguintes confirmam esse pensamento: Me previno com camisinha(E3). O método de prevenção que eu utilizo é a camisinha e como a gente sabe é um método de prevenção tanto das DST como de uma gravidez (E17). Através do preservativo. É a única que eu uso (E13). Além de a camisinha ser o método mais citado pelos estudantes, cuidados com perfurocortantes se revelou como uma medida eficaz no que diz respeito à prevenção das DST/AIDS: Eu uso sempre preservativo e tomo cuidado com agulhas e seringas descartáveis (E14). Na área hospitalar quando eu tô trabalhando, eu me previno tendo cuidado com seringas e perfurocortante e no modo geral para o ato sexual eu me previno usando camisinha (E10). Esse resultado é um aspecto positivo na pesquisa, pois estudos como os de Ferreira, Araújo e Santos (2007) demonstram que 76.79% dos acidentes de trabalhos notificados acometem o pessoal da equipe de enfermagem, especialmente, acidentes com perfurocortantes, consistindo assim uma “porta de entrada” para a infecção do HIV, além de doenças como a Hepatite B e C. 17 Sousa, M. C. P. et al. Um fato interessante e de grande significância é quando identificamos comportamentos preventivos quanto as DST/AIDS por entrevistadas que ainda não iniciaram sua vida sexual, mas que adotam ou pretendem adotar medidas preventivas adequadas, demonstrando, assim, entendimento pelas possíveis formas de transmissão: Mesmo eu sendo virgem eu não deixo algum ferimento meu ter contato com sangue de outras pessoas (E20). Eu sou virgem, mas se fosse praticar o ato com certeza eu optaria pelo preservativo masculino (E2). Embora se tenha observado haver informações corretas, é fato que o nível de conhecimento não garante mudanças de atitude e de comportamento, pois quando indagados se utilizam o preservativo/camisinha em todas as suas relações sexuais, a maioria afirmou não o colocar em prática quando se considera o uso desse mecanismo para autoproteção. Os depoentes E4 e E11 demonstram essa ambiguidade: Com minha namorada não “rola”. Agora assim, quando rola a oportunidade, quando surge qualquer tipo de relação eventual, sempre usando (E4). Quando a gente arranja uma parceira assim que tem um relacionamento bastante prolongado, estável, duradouro, no começo a gente se previne, mas depois de um certo tempo a gente acaba tendo aquela liberdade de não usar mais o preservativo (E11). Vê-se então, que a partir do momento em que o contexto relacional é vivenciado como estável e que haja uma relação de confiança, familiaridade ou proximidade, ocorre a dispensa da prevenção. Essa informação confirma os dados obtidos na pesquisa sobre “Conhecimentos, Atitudes e Práticas relacionada às DST e Aids da População Brasileira de 15 a 64 anos de idade” quando afirma que apesar de quase metade (45,7%) da população confirmar o uso consistente da camisinha na primeira relação sexual com um novo parceiro, o número cai à medida que a confiança entre o casal cresce. Essa pesquisa ainda indica que mulheres solteiras exigem sexo seguro duas vezes mais que as mulheres casadas, e os homens usam camisinha quatro vezes mais em relações casuais do que em relações estáveis (BRASIL, 2009b). Em função disso há, segundo Oltramari e Camargo (2010), a facilitação do contágio pelo vírus HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis. Outro fato que chama atenção é quando observamos que o tempo de relacionamento também modifica a percepção de risco, tanto em homens como em mulheres, pois se acredita que no momento que a relação é estabelecida, os corpos tornam-se um só e os riscos desaparecem, e que os parceiros são pessoas seguras e confiáveis: Até o presente momento eu não uso camisinha não. Eu já vou pro 18º ano que eu o conheço e nunca tive problema algum (E9). A não utilização do preservativo em todas as relações sexuais por alguns (mas) dos (as) entrevistados foi atribuída também à esporadicidade e à falta de planejamento das relações sexuais, como afirmam as falas que seguem: É o momento que às vezes faz com que você não use a camisinha sempre, é a ocasião (E7). Ás vezes na hora a gente tá sem (E12). Dessa forma, é possível concluir que as atitudes e os comportamentos sexuais dos estudantes em relação às DST não estão significativamente correlacionados com os conhecimentos apresentados sobre as DST, ao passo que a estabilidade e/ou tempo de duração do relacionamento, a ocasionalidade e a falta do preservativo no momento do ato sexual pesam para a não 18 utilização do mesmo. E essa realidade não é apenas brasileira, haja vista ter sido evidente também em uma Escola de Enfermagem em Coimbra- Portugal (VIDIGUEIRA,2007). 3.3 Vulnerabilidades e desigualdade de gênero frente aAIDS Percebeu-se que a grande maioria dos estudantes de enfermagem entrevistados se considera vulnerável às DST, ao HIV e a AIDS ainda que alguns se referissem apenas à prática sexual desconsiderando outros comportamentos ou situações que possam torná-los vulneráveis à infecção. Os discursos que se seguem confirmam esse pensamento: Qualquer pessoa, qualquer cidadão, de qualquer nível socioeconômicoalto, baixo; tá susceptível a qualquer doença tanto das DST quanto da AIDS (E5). Todo mundo é vulnerável... não é só questão de achar que essa é bonitinha essa não vai ter; quem tem cara você não ver se a pessoa vai ter ou não (E4). Sim, porque eu não uso preservativo (E1). Todavia, o entendimento que alguns dos entrevistados possuem sobre vulnerabilidade varia de acordo com o contexto analisado, pois os seus relatos evidenciam comportamentos diferentes quanto ao uso do preservativo: Eu me considero vulnerável não assim por causa do ato sexual porque agora eu tenho total controle, mas na área hospitalar eu me considero, pois a qualquer momento você pode ter um acidente de trabalho (E10). Eu me considero [vulnerável] por eu trabalhar na área da saúde e ela [esposa]também e aí a gente fica muito a mercê da infecção (E14). Assim, há aqueles que dizem que por usarem o preservativo em todas as suas práticas sexuais não se consideram vulneráveis, no entanto, se sentem vulneráveis quando estão no ambiente hospitalar, no exercício de suas atividades profissionais, por conta dos riscos a que estão sujeitos como, por exemplo: acidentes com perfuro-cortante e contato direto com sangue contaminado. No universo de vinte sujeitos, apenas uma pequena parcela não se considera vulnerável: Não me considero porque acho que tanto eu como ele são pessoas esclarecidas e do meio e que a gente realiza exames (E3). Não, porque uso a camisinha sempre (E6). Não por ter essa consciência creio que não (E17). Observa-se, então, que para essa parcela a percepção de risco individual pelas DST/AIDS é visto como algo distante de si com a justificativa de que são profissionais da saúde esclarecidos e/ou que os modos de vida que levam, bem como a plena confiança no parceiro, tornam-os protegidos contra essa epidemia. Nesse sentido, parece haver uma deficiência no que concerne ao entendimento do que realmente significa vulnerabilidade, pois segundo Garcia e Sousa (2010) esta“é a chance de exposição ao adoecimento como resultante não apenas de aspectos individuais, mas também coletivos, contextuais, que acarretam maior suscetibilidade à infecção e ao adoecimento”.Logo, vê-se que o fato de serem esclarecidos não garante proteção alguma, pois como demonstrou a categoria acima, o conhecimento, por si só, não garante mudanças nas atitudes para a prevenção, ao passo que a maioria dos estudantes não utiliza camisinha em todas as relações sexuais, evidenciando assim, uma das categorias da vulnerabilidade, que no caso se caracteriza como individual, pois os comportamentos preventivos, mesmo conhecidos pelos entrevistados, não Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.15-20, Jul-Ago-Set. 2012. Conhecimentos e atitudes de estudantes de enfermagem frente à prevenção da AIDS são praticados na maioria das situações (MAIA; GUILHEM; FREITAS, 2008). Embora a camisinha tenha sido citada por todos os sujeitos, alguns deles atribuem o uso da camisinha somente à contracepção, o que é preocupante, visto que o seu diferencial, que é o de oferecer dupla proteção, não está sendo levado em consideração na decisão para o seu uso. A falta do vínculo camisinha/ prevenção contra as DST/AIDS/ prevenção contra uma gravidez não planejada, assim como evidenciou uma pesquisa realizada entre estudantes de enfermagem e de medicina da universidade pública, é um fator vulnerabilizante para DST/AIDS (LEITE et al., 2007): No nosso caso a gente utiliza mais para contracepção (E15). A gente usa mais o preservativo para evitar a gravidez e não pra ta se prevenindo diretamente contra as doenças (E3). Com uma namorada acho que eu usava outro método, no caso contracepção para evitar uma gravidez (E18). Outro fator vulnerabilizante, especialmente no que se refere à mulher, é que esta está inserida num papel de “dupla moral sexualidade” que se concretiza através das restrições à expressão sexual das mulheres e maior tolerância às relações extraconjugais dos homens: Não me considero vulnerável pelos esclarecimentos e também eu procuro esclarecer meu parceiro em relação a se ele tiver alguma coisa fora de casa se prevenir (E7). várias outras doenças sexualmente transmissíveis, visto que as relações e os papéis sociais de gênero, de certa forma, determinam a saúde e a doença das mulheres, influenciando o seu comportamento diante do auto cuidado. Nesse sentido, é importante que se tenha claro a desigualdade de gênero que é revelada por meio das seguintes falas: Apesar de confiar, mas a gente não sabe aonde que o homem, até onde ele pode chegar, até mesmo por conta do machismo da nossa sociedade, a gente acaba cedendo. Na última vez que eu propus usar a camisinha ele não aceitou [...] ele não aceita de forma alguma (E9). Percebe-se, então, que o controle masculino com relação ao uso do preservativo nas relações sexuais com sua companheira/parceira e o fato destas “aceitarem” esse controle parece ter haver com uma relação de afetividade por parte das mulheres, pois para estas, a relação sexual é exercida a partir do sentimento de amor e não do desejo por sexo. Isso acaba dificultando a ideia de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, por fazer parte da dimensão racional, enquanto que o amor faz parte unicamente da dimensão da afetividade ou emoção como afirmam Sousa, Espírito Santos e Motta (2008). Um pequeno grupo denunciou que as imposições proporcionadas pela desigualdade de gênero nem sempre se dão de forma explícita, mas sim embutidas de forma subliminar no discurso do homem ou são expressas de forma não verbal, mas de fácil e rápido entendimento pela mulher: Eu acho que é uma decisão compartilhada [uso da camisinha], apesar de muitas vezes não haver necessidade de uma conversa, porque eu acho que vai muito disso que quando a gente tem uma intimidade e por saber que é um método de contracepção não precisa você expor (E17). Conversamos que se um dia a gente vier a sair com alguém iremos usar preservativo e ele é consciente também (E1). É possível compreender, por meio do conteúdo apresentado, que a sexualidade masculina é vista como expansiva e quase incontrolável; enquanto que a feminina é percebida como objeto de controle masculino. Para Amorim e Andrade (2006) issonão é uma simples condição natural e sim uma construção social exterior ao indivíduo e que independe de sua vontade, já que é um pensamento que perpassa de geração a geração. Ainda, segundo os entrevistados, as DST e a AIDS ainda são tidas como uma “doença da rua”, já que essa epidemia por muito tempo foi associada a pessoas com práticas desmoralizantes, transgressoras e que .para essas práticas sexuais ,faz-se necessário o uso do preservativo, visto o risco iminente de contaminação. Enquanto que “dentro de casa” não é necessário o seu uso, pois se tratam de pessoas com um grau de familiaridade e de parentesco movidos por um sentimento de exclusividade mútua, acreditando que isso ,por si só,seja motivo de proteção. E isso, de certa forma, caracteriza a vulnerabilidade cultural, visto que os papéis masculinos e femininos estabelecidos culturalmente interferem substancialmente nas decisões sobre prevenção do HIV/ AIDS escolhidas pelos indivíduos. O depoente E13 comprova tal fato: Considero-me [vulnerável], porque eu tenho uma vida, não sou fiel digamos assim, então passa a ser vulnerável (E13). Culturalmente, a sexualidade masculina sustenta a convicção de que os homens são infiéis por natureza, visto a necessidade de satisfação imediata, pois se espera que o homem dê conta sexualmente das mulheres e jamais recuse uma parceira que se coloque disponível a fim de legitimar e manter sua honra masculina (MARQUES JÚNIOR; GOMES; NASCIMENTO, 2012). No que diz respeito à vulnerabilidade feminina, Silva e Vargens (2009) explicam que dentre as variadas causas para a disseminação alarmante do vírus HIV/ AIDS entre as mulheres, a principal desta tem sido atribuída à relação de desigualdade de gênero historicamente construída na sociedade, por expô-las em processo de maior vulnerabilidade à epidemia, bem como há Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.15-20, Jul-Ago-Set. 2012. Na verdade não converso sobre sexualidade. Geralmente, as garotas que eu peguei não tinham um nível de cultura alto pra falar dessas coisas, acha tudo estranho; E nem eu falaria, só falaria mesmo o básico (E10). Contudo, quando indagados se a decisão pelo uso da camisinha é compartilhada, ainda que não a usem em todas as relações sexuais, aqui, parece estar havendo um equilíbrio quanto à relação de poder entre homens e mulheres, pois enquanto algumas entrevistadas afirmam ter iniciativa no uso do preservativo, pois se assim não o fizesse, não haveria nenhum tipo de reação contrária; há entrevistados que assumem a mesma posição, ao passo que, se a iniciativa pelo uso do preservativo não partir deles, as mulheres praticariam o ato sexual sem nem mesmo cogitarem o uso da camisinha: Eu propus claro, porque se eu não tivesse proposto com certeza ele não ia usar (E8). A decisão inicial parte de mim, porque senão ele não usa (E7). O uso é mais meu. Geralmente, se eu não quiser elas nem pedem (E19). Por eu ser mais atento a esse tipo de cuidado eu acho que parte mais de mim (E14). Nesse sentido, pode-se afirmar estar havendo uma desconstrução da tradicional concepção de gênero, construindo-se outra, segundo a qual homens e mulheres sejam pensados como seres sociais e políticos, capazes de refletir, discutir e tomar decisões de modo igualitário, onde as mulheres nessa condição estariam prontas para assumir, na relação com o parceiro, uma postura proativa acerca do uso do preservativo nas relações sexuais. Fato também encontrado na pesquisa de Sousa, Espírito Santos e Motta (2008). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao término da análise dos dados, constatou-se que os estudantes do I, IV e VIII período do curso de enfermagem possuem conhecimentos quanto às formas de transmissão das DST/AIDS, embora para uma pequena parcela, 19 Sousa, M. C. P. et al. ainda haja dificuldades para diferenciar doenças de transmissão sexual das de aquisição não-sexual e atitudes contraceptivas de preventivas. No que diz respeito às práticas preventivas adotadas, o preservativo foi tido como método de escolha para prevenção contra as DST/AIDS, muito embora se tenha evidenciadoinconsistência em seu uso, ao passo que estar em um relacionamento estável, a esporadicidade e a falta de planejamento das relações sexuais são motivos que levam a práticas sexuais não-seguras. Logo, vemos que os conhecimentos sobre as DST/AIDS não garante mudanças de comportamento. Os (as) acadêmicos (as) são vulneráveis às DST/AIDS por possuírem pouco entendimento do que de fato significa vulnerabilidade; porque ainda veem as DST/AIDS como algo distante de si, por serem profissionais da saúde e terem conhecimentos sobre essas doenças; por não possuírem a tríade ca- misinha/ controle das DST/AIDS/ prevenção de gravidez não-planejada. Além disso, foi possível definir que a desigualdade de gênero é um fator agravante no exercício de práticas sexuais seguras. Essa pesquisa demonstrou ainda haver um equilíbrio nessa assimetria de poder entre homens e mulheres já que a iniciativa pelo uso da camisinha é tida pelos dois, ainda que o seu uso não seja constante. Nesse sentido, entendemos também que este trabalho aponta para a necessidade de se ampliar o debate acerca das temáticas aqui discutidas, pois, em se tratando de futuros profissionais da saúde, isso urge mais ainda, uma vez que precisarão se apropriar melhor dos conhecimentos necessários para serem repassados às pessoas com as quais lidarão no exercício da profissão que escolheram. REFERÊNCIAS AMORIM, M.M.; ANDRADE, A.N. Relações afetivo-sexuais e prevenção contra infecções sexualmente transmissíveis e aids entre mulheres do município de Vitória, Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 2, p. 331-339, mai./ago. 2006. Disponível em: <http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722006000200012& lng =en&nrm=iso>. Acesso em 20 set. 2009. LEITE M.T.F. et al. 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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Reforma psiquiátrica: percepção da família do portador de transtorno mental Psychiatric reform: familiar perception of mentally ill Reforma psiquiátrica: percepción de la familia del enfermo mental Márcia Astrês Fernandes Márcia Astrês Fernandes – Professora Adjunta da Universidade Federal do Piauí-UFPI. Mestre em Enfermagem/UFRJ .Doutoranda da Universidade de São Paulo- USP. Teresina -Pi. Brasil. E-mail: [email protected] Maria Alice Bastos Maia Maria Alice Bastos Maia – Enfermeira da MDER e da Clínica Santa Fé. Especialista em Saúde Mental. Teresina -Pi. Brasil. E-mail: [email protected] Patrícia Carvalho Joca Meireles Patrícia Carvalho Joca Meireles - Enfermeira Graduada pela Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí – UNINOVAFAPI. Teresina -Pi. Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO Estudo descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa, cujos objetivos foram descrever e analisar a percepção da família do portador de transtorno mental frente à Reforma Psiquiátrica e discutir como essa percepção pode influenciar no alcance dos objetivos propostos pelo modelo da desinstitucionalização. Esta pesquisa foi realizada em um hospital psiquiátrico do município de Teresina e os sujeitos do estudo foram os familiares de portadores de transtornos mentais, que se encontravam em tratamento ambulatorial no hospital. A partir da análise das entrevistas realizadas com os sujeitos da pesquisa construíram-se duas categorias relacionadas à percepção do familiar do portador de transtorno mental e concluiu-se que as famílias, fontes essenciais no processo de desinstitucionalização, ainda não têm o conhecimento suficiente, nem preparação necessária para assumirem esse papel tão importante. Portanto, há necessidade de se conhecer a realidade das famílias nas quais se pretende manter ou reinserir o doente mental, na tentativa de resgatar sua subjetividade e cidadania, para que possamos contribuir efetivamente através de estratégias que facilitem o processo de reintegração familiar e social do portador de transtorno mental. Descritores: Enfermagem .Saúde mental. Família. ABSTRACT Lara Emanueli Neiva de Sousa Lara Emanueli Neiva de Sousa – Discente do Curso em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí. Participante do Programa de Iniciação Cientifica Voluntária da Universidade Federal do Piauí. Teresina -Pi. Brasil. E-mail:[email protected] This is a descriptive and exploratory research which was developed from a qualitative approach, whose goals were to describe and analyze the familiar perception of mentally ill about the Psychiatric Reform and also to discuss how this perception may influence the achievement of the proposed goals by the model of deinstitutionalization. This research was held in a psychiatric hospital in the city of Teresina and the researched subjects were the relatives of mental patients who were outpatients at the hospital. From the analysis of the held interviews with the researched subjects we constructed two categories related to a familiar perception of mentally ill and concluded that families are essential sources in the process of deinstitutionalization, however, these families do not have the necessary knowledge and preparation to assume this so important role. So you need to know the reality of families in which one wants to maintain or reintegrate the mentally ill in an attempt to rescue his subjectivity and citizenship, so that we can contribute effectively through strategies that facilitate the process of family and social reintegration of the bearer mental disorders. Descriptors: Nursing. Mental health. Family. RESUMEN Submissão: 07.02.2012 Aprovação: 10.05.2012 Este es un estudio descriptivo y exploratorio, desarrollado a partir de un enfoque cualitativo, cuyos objetivos fueron describir y analizar la percepción de la familia del enfermo mental acerca de la Reforma Psiquiátrica y discutir cómo esta percepción puede influir en el logro de los objetivos propuestos por el modelo de la desinstitucionalización. Esta investigación se llevó a cabo en un hospital psiquiátrico en la ciudad de Teresina y los sujetos del estudio fueron parientes de los enfermos mentales, que eran pacientes ambulatorios en el hospital. A partir del análisis de estas entrevistas que construyeron dos categorías relacionadas con la percepción de la familia de los pacientes enfermos Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.21-25, Jul-Ago-Set. 2012. 21 Fernandes, M. A. et al. mentales y llegó a la conclusión de que las familias son una fuente esencial en el proceso de desinstitucionalización, sin embargo , estas famílias no tienen los conocimientos y preparación necesarios para asumir este papel tan importante. Así que hay que conocer la realidad de las familias en las que se quiere mantener o reintegrar a los enfermos mentales en un intento de rescatar a su subjetividad y la ciudadanía, de manera que podamos contribuir de manera efectiva a través de estrategias que faciliten el proceso de reintegración familiar y social del portador trastornos mentales. Descriptores: Enfermería. Salud mental. Familia. 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS A história da psiquiatria brasileira vem sendo marcada por profundas mudanças, sendo a Reforma Psiquiátrica vista como um marco fundamental da política de assistência à saúde mental. Paulatinamente, o modelo hospitalocêntrico vem sendo substituído por uma rede integrada de atenção à saúde mental voltada para um paradigma de assistência comunitária sustentada pelo respeito aos direitos humanos e de cidadania. Segundo o Ministério da Saúde, o processo de Reforma Psiquiátrica é um conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais em torno do “louco” e da “loucura”, mas especialmente em torno das políticas públicas para lidar com a questão (BRASIL, 2007). Estudiosos do assunto relatam que com a Lei 10.216 de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, houve uma redução do número de leitos em hospitais psiquiátricos e ampliação da rede de serviços substitutivos, garantindo assim uma assistência mais humanizada a estes pacientes, bem como a sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade (GONÇALVES; SENA, 2001). Baseado nessa linha de raciocínio percebe-se que não apenas os serviços de saúde mental passam por um processo de reestruturação, mas também a assistência ao indivíduo em sofrimento psíquico está sendo marcada por profundas mudanças, com o intuito de melhorar o atendimento a essa clientela e a seus familiares. Por sua proximidade com famílias e comunidades, as equipes da Atenção Básica se apresentam como um recurso estratégico para o enfrentamento de importantes problemas de saúde pública, em especial os relacionados à saúde mental, tendo em vista que a Reforma Psiquiátrica busca um cuidado que não afaste o portador de transtornos mentais do seu espaço social (BRASIL, 2005). Todavia, nem sempre a Atenção Básica apresenta suporte para a execução desta importante tarefa. Percebe-se que a própria consolidação deste modelo vem enfrentando um número crescente de obstáculos, dentre eles, a falta de preparo que a família apresenta na interação com o portador de transtorno mental o que resulta numa má recuperação do mesmo, e consequentemente, seu retorno ao hospital psiquiátrico - comprometendo assim o modelo assistencial da desinstitucionalização. Estudiosos afirmam que a família é constituída de pessoas com personalidades e objetivos de vida diferentes. Por isso é importante, dentro desse todo, estar atentos à individualidade e unicidade de cada um. No caso de doença psiquiátrica, percebemos que o impacto da doença na família é devastador visto que, os familiares e o paciente sofrem não só pelo diagnóstico em si, mas pela expectativa de vida que terão a partir da doença, além da necessidade de alterar a sua forma de funcionamento para se adaptar à pessoa doente (SILVA; SADIGURSKY, 2008). 22 Diante desse panorama fica evidente que a desinstitucionalização e, consequentemente, a reinserção social do doente mental na comunidade, somente acontecerá se houver investimento em serviços alternativos que apoiem, suportem e ajudem o doente e sua família. Sabemos, porém, que a presença destes serviços, no Brasil, ainda é tímida, pois em relação à grandeza deste país, poucas são as instituições que apresentam essa iniciativa. Considerando que as transformações propostas pela Reforma Psiquiátrica colocam um conjunto de desafios para a família do portador de transtorno mental, que muitas vezes não se encontra preparada para conviver com o enfermo, apresenta-se como objeto deste estudo, a percepção da família do portador de transtorno mental frente à Reforma Psiquiátrica Brasileira. Em face dessas considerações, os objetivos do presente estudo consistem em descrever e analisar a percepção da família do portador de transtorno mental frente à Reforma Psiquiátrica e discutir como essa percepção pode influenciar no alcance dos objetivos propostos pelo modelo da desinstitucionalização. 2 METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa qualitativa com caráter exploratório e descritivo. O estudo em descrição foi realizado em um Hospital Psiquiátrico, situado na cidade de Teresina, Piauí. A referida instituição hospitalar foi inaugurada em 24 de janeiro de 1907, sendo batizado inicialmente como Asilo de Alienados Areolino de Abreu. Em 1968, o hospital passa a denominar-se Hospital Colônia de Psicopatas Areolino de Abreu e, somente em 1972, até os dias atuais, Hospital Areolino de Abreu (H.A.A). Em 2003 o H.A.A contava com 233 leitos para internação integral. Após a Portaria do MS Nº 52/2004 que trata da redução de leitos, o hospital passou a dispor em 2004 de 200 leitos e a partir de 2005 passou a contar com 160 leitos integrais direcionados ao SUS, mantidos até a atualidade. A instituição ainda conta com 30 leitos para semi-internação no Hospital Dia, o Serviço Ambulatorial e o Serviço de Urgência e Emergência Psiquiátrica que funciona 24 horas aberto à comunidade. São realizados mensalmente de 4 a 5 mil atendimentos ambulatoriais, cerca de 500 atendimentos de urgência e emergência e 200 internações integrais (FERNANDES, 2011). O ambulatório do H.A.A conta com uma equipe multiprofissional (psiquiatria, neurologia , psicologia, enfermagem , serviço social , odontologia, terapia ocupacional, ) com atendimento aos usuários e familiares , que têm acesso por meio da marcação de consultas no horário de 6h30min às 17h. Os sujeitos do estudo foram os familiares de portadores de transtornos mentais, que se encontrava em tratamento ambulatorial no Hospital Areolino de Abreu no mês de março de 2010. Foram entrevistados 11 familiares, sendo que todos foram consultados se aceitavam ou não participar do estudo e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, ou seja, esta pesquisa foi realizada com base na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que estabelece as diretrizes e normas para as pesquisas envolvendo seres humanos, garantindo assim o respeito aos aspectos éticos. Inicialmente, foi solicitada uma autorização da Direção Geral do Hospital Areolino de Abreu para que a pesquisa pudesse ser realizada. Em seguida, o projeto de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética em Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.21-25, Jul-Ago-Set. 2012. Reforma psiquiátrica: percepção da família do portador de transtorno mental Pesquisa (CEP) da Faculdade UNINOVAFAPI para apreciação e parecer, sendo aprovado sob o processo CAAE 0038.0.000.043-10 em 2010. Posteriormente, começou-se a produção dos dados, sendo esta feita por meio da técnica da entrevista semi-estruturada que, acreditamos ser instrumento mais viável para atender aos objetivos propostos, pois, a entrevista é o processo de interação social entre duas pessoas onde o entrevistador tem por objetivo obter informação por parte do entrevistado através de um roteiro com base na problemática do estudo. Vale ressaltar que todas as entrevistas foram devidamente gravadas. A análise dos dados foi feita a partir das transcrições das entrevistas, até o momento em que foi observada a saturação dos dados, seguido da organização e classificação dos relatos, respondendo aos objetivos do estudo. Para tal fim, utilizamos o método de categorias de acordo com a percepção dos familiares. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Todos os entrevistados apresentavam idade superior a 40 anos, dos quais, a maioria era do gênero feminino (70%). As irmãs foram as principais responsáveis pelo acompanhamento e assistência ao familiar portador de transtorno mental, seguido dos pais. Os depoentes foram identificados, no texto, com a letra “D” e sequencialmente numerados à medida que eram realizadas as entrevistas. A partir da análise das entrevistas realizadas com os sujeitos da pesquisa, construíram-se duas categorias: a percepção da família do portador de transtorno mental acerca da Reforma Psiquiátrica e as implicações da percepção da família do portador de transtorno mental na consolidação da Reforma Psiquiátrica. A percepção da família do portador de transtorno mental acerca da Reforma Psiquiátrica. Esta categoria reúne as diversas manifestações dos depoentes sobre o conhecimento que possuem sobre a Reforma Psiquiátrica, nas quais, alguns dos familiares entrevistados afirmaram desconhecer o processo de reforma psiquiátrica, e outros demonstram possuir idéias restritas acerca deste modelo de desinstitucionalização. Essa realidade descrita pode ser evidenciada nos depoimentos que seguem: “(...) Pelo que ouvi comentários, parece que é, uns falam que é pra melhorar o trabalho. Cuidar do paciente e atender mais os pacientes” (D.4) “(...) Eu estou ouvindo falar assim, que vai fechar uns hospitais e vai ter tratamento em casa e CAPS.” (D.5) Para as famílias, a Reforma Psiquiátrica traz como proposta básica eliminar os hospitais psiquiátricos, instituindo mudanças no modo de tratar o paciente, como, propor um novo tipo de tratamento (JORGE; QUEIROZ; RANDERMARK, 2004). As famílias foram incluídas no processo de desinstitucionalização como uma fonte essencial de suporte aos pacientes, sem terem, no entanto, nem o conhecimento nem a preparação necessários para esse papel tão importante (BANDEIRA; BARROSSO, 2003) . A família é fundamental na manutenção do doente mental fora da instituição psiquiátrica e no Brasil investe-se muito pouco em trabalhos que preparem a família para a convivência com o doente mental (MACEDO, 1996). Diante dessas exposições percebe-se que boa parte dos familiares não compreende o verdadeiro significado da Reforma Psiquiátrica Brasileira, sendo este desconhecimento uma evidência palpável para tornar-se Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.21-25, Jul-Ago-Set. 2012. visível o despreparo das famílias na inserção e no seu papel dentro dessa nova reestruturação dos serviços de saúde mental. Portanto, esse estudo nos chama atenção para este aspecto do assunto em descrição. Ao citar alguns dos chamados serviços substitutivos às instituições asilares referendados pela reforma psiquiátrica, como CAPS e Hospital-Dia, os familiares demonstram um conhecimento ínfimo acerca destes serviços, como podemos constatar nos depoimentos que seguem: “(...) Já ouvi falar em Hospital Dia, mas não sei onde fica.” (D.2) “(...) Já ouvi falar em CAPS, mas não sei como funciona.” (D.3) No entanto, percebemos que outros familiares conhecem o funcionamento e relatam tentativas de acompanhamento nestes serviços, porém, encontraram dificuldade na resolutividade do tratamento devido à falta de cooperação do paciente. “(...) Ela não gostou de lá, não quis ficar.” (D.1) “(...) Ela não quer fazer as atividades, tem dia que ela está brigando, que não quer fazer nada!” (D.11) Na execução da pesquisa percebemos que apenas 10% dos entrevistados demonstraram satisfação com o tratamento oferecido nos serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos. Desta forma, compreende-se que a maioria dos sujeitos do estudo prefere que os portadores de transtorno mental sejam assistidos pelos hospitais psiquiátricos. Uma pequena parcela dos sujeitos do estudo apresenta-se satisfeita com os serviços alternativos propostos pela Reforma Psiquiátrica. A satisfação no tratamento ofertado pelos CAPS ,quando presente , está ligada ao reposicionamento dos usuários, pois aprendem atividades nas oficinas, adquirem maior autonomia e passam a ser pró-ativos, ensinando atividades aos demais, além da diminuição das crises (em frequência e duração), da possibilidade de convivência, socialização, enriquecimento do cotidiano que vai além do transtorno ( KANTORSKI et al., 2009). Desta forma, no depoimento a seguir podemos observar essa realidade exposta. “(...) No hospital ela não tem melhora não... volta do mesmo jeito. No CAPS ... botam ela pra escrever, pra bordar.. pra fazer tudo. Eu achei melhor.” (D.10) Nesta perspectiva podemos inferir que a Reforma Psiquiátrica consiste em um movimento social, sendo que o eixo técnico-assistencial está centrado principalmente nos CAPS. Portanto, essa nova forma de organização da assistência a saúde mental, permite uma maior aproximação entre usuário, familiar e profissional de saúde (GASTAL, 2009). Entende-se, portanto, que os obstáculos na implementação efetiva da Reforma Psiquiátrica perpassam por várias dimensões. Neste contexto, os profissionais são vistos como viabilizadores da desinstitucionalização, mesmo em condições adversas, possibilitando aos portadores em sofrimento psíquico o resgate de sua dignidade e a possibilidade de serem atores da sua própria história (CAETANO, 2011). As implicações da percepção da família do portador de transtorno mental na consolidação da Reforma Psiquiátrica. Considerando que um dos principais pressupostos da Reforma Psiquiátrica é a desinstitucionalização através da desconstrução dos hospitais psiquiátricos tradicionais, tendo o familiar como o principal responsável pela manutenção do doente fora da internação observa-se que algumas famílias demonstram preocupação por não terem as condições necessárias para garantir a permanência do seu parente em domicílio, sendo acompanhados em serviços comunitários abertos. 23 Fernandes, M. A. et al. Então, alguns depoentes em virtude da sobrecarga familiar imposta pelo cuidado, vêem o hospital psiquiátrico como a única alternativa de tratamento eficaz para o seu familiar, conforme os depoimentos abaixo. “(...) Sem o hospital não dá. Até porque pelo próprio conhecimento que a gente não tem de repente o paciente se transforma e a gente não sabe o que fazer.” (D.4) “(...) Tem hora que sai do controle e a gente não consegue controlar e a gente é obrigada a trazer pra cá. Vem pra cá. Passa um mês, e quando retorna já tá bem melhor.” (D.8) “(...) Não dá para ficar sem o hospital. Num pode não... nem ela, nem os outros” (D.9) O hospital é visto pelos entrevistados como uma necessidade em razão da inabilidade dessas famílias para administrar conflitos decorrentes das tensões geradas pela experiência com o transtorno mental. Portanto, o hospital, na visão dos familiares, age propiciando-lhes alívio temporário (JORGE; QUEIROZ; RANDERMARK, 2004). As famílias por apresentarem carência de informações a respeito da doença, dificuldades de relacionamento e também devido às precárias condições econômicas percebem o hospital psiquiátrico como a única alternativa de atendimento ao doente mental. Considera que isto se deva à falta de serviços alternativos que além de tratar o doente mental, deve oferecer auxilio, apoio e orientação a família (RAMOS; GUIMARÃES; ENDERS, 2011). Não foram desenvolvidos os recursos comunitários suficientemente numerosos e adequados para preencher as necessidades múltiplas dos pacientes, nos âmbitos clínico, social e ocupacional, que permitam assegurar o sucesso de sua integração social. Também não foram desenvolvidos mecanismos de apoio necessários às suas famílias no acompanhamento cotidiano das vidas dos pacientes na comunidade, principalmente no caso dos que sofrem de distúrbios graves e persistentes (BANDEIRA; BARROSO, 2003). Mediante essa conjuntura, compreende-se que um dos maiores entrave para uma concretização efetiva da Reforma Psiquiátrica consiste exatamente dessa ausência de preparo da família em como agir dentro desse novo cenário proposto pela reforma. Além disso, percebe-se que os profissionais de saúde não inserem e não explicam como os familiares devem preceder no tratamento oferecido ao enfermo mental, o que resulta uma visão negativa dos serviços alternativos na percepção da família. Atrelado a essas informações e conceituações, os serviços existentes apresentam dificuldades em fornecer um atendimento completo, integrado e suficiente aos pacientes. Os serviços comunitários de saúde mental em vários países têm sido frequentemente considerados insuficientes e fragmentados e têm enfrentado dificuldades em fornecer um atendimento que ajude efetivamente os pacientes a viverem de forma satisfatória na comunidade, o que afeta diretamente as suas famílias. Portanto, em conseqüência das afirmações feitas constatam-se altas taxas de recaídas, que constituem fonte de estresse para as famílias, assim como um grande número de re-hospitalizações, o conhecido fenômeno da porta giratória (BANDEIRA; BARROSO, 2003). 24 Esse fenômeno mencionado é uma realidade presente nos serviços de saúde mental, tanto em nível local quanto em nível nacional, e que apresenta relevância e pertinência para os estudos acerca da rede de atenção em saúde/saúde mental, o que leva fazer uma reflexão sobre a assistência ao individuo em sofrimento psíquico (RAMOS; GUIMARÃES; ENDERS, 2011). A orientação, a informação e o suporte a serem dados às famílias constituem parte integrante do projeto de desinstitucionalização, necessários ao sucesso da reinserção social dos pacientes, mas que, infelizmente, não está sendo desenvolvida de forma suficiente (JOUCLAS; STEFANELLI; WAIDMAN, 1999). Em face do exposto, fica evidente a necessidade de olhar com maior criticidade os riscos embutidos na ideologia à troca do paradigma psiquiátrico, mantendo a manutenção da discrepância de poder entre usuários, familiares e profissionais de saúde vinculados ao tratamento em saúde mental. Sobretudo porque a reforma psiquiátrica é um passo fundamental para a busca da cidadania das pessoas com transtornos psiquiátricos, ainda que complexa permeada por desafios e estando ainda em desenvolvimento (BARROSO; SILVA, 2011). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na execução desta pesquisa constatou-se que o modelo de desinstitucionalização pode ter a sua consolidação comprometida devido à ausência de informação das famílias quanto aos serviços alternativos aos hospitais psiquiátricos, além da falta de preparo familiar em acolher o paciente quando retorna da instituição psiquiátrica, aumentando assim as chances de reinternação – o que compromete o novo paradigma da assistência a saúde mental. Importa ressaltar que se faz necessário conhecer a realidade das famílias nas quais se pretendem manter ou reinserir o doente mental, na tentativa de resgatar sua subjetividade, para que possamos contribuir com estratégias que facilitem o processo de reintegração familiar e social do portador de transtorno mental, visto que a família é parceira importante no processo de desinstitucionalização psiquiátrica. Compreendemos que para uma verdadeira reabilitação psicossocial é necessário a atuação de outros atores sociais, além da família, do usuário e do profissional. São necessárias políticas públicas direcionadas para a promoção da saúde mental, como também se necessita dizimar o desejo asilar e o imaginário da periculosidade e da incapacidade do louco. De forma que é imprescindível a continuidade da Reforma Psiquiátrica com o envolvimento dos mais diversos atores. Portanto, espera-se que essa pesquisa consiga ampliar os conhecimentos e auxiliar os profissionais de saúde, em especial, a equipe multiprofissional da saúde mental no apoio e na conduta para com a família do portador de transtorno mental. E socialmente, fornecer uma progressiva mudança de mentalidade e comportamento da família, da sociedade e dos profissionais de outras clínicas para com o doente mental, conforme a grande aspiração da reforma psiquiátrica. Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.21-25, Jul-Ago-Set. 2012. Reforma psiquiátrica: percepção da família do portador de transtorno mental REFERÊNCIAS BANDEIRA M. BARROSO S.M. Sobrecarga das famílias de pacientes psiquiátricos. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, São Paulo, v. 54, n. 1, p.1-13, 2005. BARROSO, S.M; SILVA, M.A. Reforma Psiquiátrica Brasileira: o caminho da desinstitucionalização pelo olhar da historiografia. Revista da SPAGESP, São Paulo, v. 12, n. 1, p.66-78, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde/DAPE. Saúde Mental no SUS: acesso ao tratamento e mudança do modelo de atenção: relatório de gestão 2003-2006. Brasília, DF. 2007. CAETANO, et. al. Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e Reforma Psiquiátrica no Amazonas: um olhar dos envolvidos. Saúde & Transformação Social, Florianópolis, v. 1, n. 3, p. 94-101, 2011. GONÇALVES, A.M; SENA, R.R. A reforma psiquiátrica no Brasil: contextualização e reflexos sobre o cuidado com o doente mental na família. Revista Latino Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 9, n. 2, p. 48-55, 2001. JORGE, M.S.B; QUEIROZ, M.V.O; RANDEMARK, N.F.R. A reforma psiquiátrica no olhar das famílias. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 13, n. 1, p. 1-10, 2004. JOUCLAS, V.M.G; STEFANELLI, M .C; WAIDMAN, M.A.P. Família e doença mental. Família Saúde e Desenvolvimento, São Paulo, v. 1, n. 2, p.1-6, 1999. KANTORSKI, L. P et al. Satisfação dos usuários dos centros de atenção psicossocial da região Sul do Brasil. Rev Saúde Pública, São Paulo, v. 43, n. 1, p.1-7, 2009. MACEDO, V.G.G. As famílias e a assistência psiquiátrica no Brasil. Informação Psiquiátrica, São Paulo, v. 15, n. 4, p.1-2, 1996. FERNANDES, M.A. Relatório de Gestão Hospitalar 2003-2010. Teresina (PI), 10 de Janeiro de 2011. RAMOS, D.K.R; GUIMARÃES, J; ENDERS, B.C. Contextual analysis of frequent hospital readmissions of the individual with mental disorder. Comunicação Saúde e Educação, Florianópolis, v.15, n. 37, p. 519-27, 2011. GASTAL, C.C.L. Regulação e emancipação no processo da Reforma Psiquiátrica Brasileira – o papel da participação popular. 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Email: [email protected] RESUMO Pesquisa de campo, descritiva e com abordagem qualitativa, realizada em uma escola privada, no mês de março de 2012, com professores do ensino fundamental. Teve como objetivos descrever e analisar a atuação dos professores do ensino fundamental sobre as medidas de primeiros socorros em casos de acidentes na escola. Participaram do estudo dez professores, de ambos os sexos, que responderam ao roteiro de entrevista semi-estruturado. As entrevistas foram gravadas em aparelho de Mp3 e posteriormente transcritas. A partir dos resultados obtidos foram elaboradas duas categorias: condutas diante da situação de urgência e emergência na escola e preparo dos professores para atender os alunos em situações de urgência e emergência. Os resultados da pesquisa demonstraram que os professores entrevistados não têm um padrão de atendimento em caso de acidentes na escola, alguns tentam prestar socorro, mas o fazem de maneira incorreta. Com este trabalho, é possível concluir que os professores que trabalham com crianças devem está preparados para atuar em situação de acidentes na escola. Descritores: Enfermagem. Escola. Acidentes. Professores. Criança. Débora Maria Lemos Campelo Aluna de Graduação do curso de Enfermagem do Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, Piauí, Brasil. Email:[email protected] Carolinne Maranhão Melo Marinho Aluna de Graduação do curso de Enfermagem do Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, Piauí, Brasil. Email:[email protected] Ana Luiza Saraiva Carneiro de Araujo Aluna de Graduação do curso de Enfermagem do Centro Universitário UNINOVAFAPI, Teresina, Piauí, Brasil. Email:[email protected] ABSTRACT This is a field study with a descriptive and qualitative approach. It was held in a private school, in March 2012, with elementary school teachers. It aimed to describe and analyze the performance of elementary school teachers on first aid measures in case of accidents at school. The participants were ten teachers, of both sexes, who responded to a semi-structured interview. The interviews were recorded in Mp3 player and later transcribed. Two categories emerged from the interviews: attitudes before the situation of urgency and emergency in the school and preparation of the teachers to meet students in urgency situations and emergency. The survey results indicate that teachers interviewed did not have a standard of care in case of accidents at school, some tried to provide relief, but they did incorrectly. With this work, we conclude that teachers who work with children must be prepared to act in situations of accidents at school. Descriptors: Nursing. School. Injury. Teachers. Child. RESUMEN Submissão: 03.05.2012 Aprovação: 01.06.2012 26 Esta investigación es de datos, descriptiva y con abordaje calitativa. Fue realizada en una escuela privada, en marzo de 2012, con profesores de enseñaza primaria. Tuvo como objetivo describir y analizar la actuación de los profesores de enseñaza primaria sobre las medidas de primeros auxilios en casos de accidentes en la escuela. Participaron del estudio diez profesores, de los dos sexos, que respondieron el guión de la encuesta semi-estructurada. Las encuestas fueron grabadas en aparato de Mp3 y posteriormente transcritas. Apartir de los resultados obtenidos fueron elaboradas dos categorías: conductas delante de la situación de urgencia y emergencia en la escuela y preparo de los profesores para atender a los alumnos en situación de urgencia y emergencia. Los resultados de la investigación indicaron que los profesores participantes no tienen un patrón de atendimento Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.26-30, Jul-Ago-Set. 2012. Atuação dos Professores às crianças em casos de acidentes na escola en caso de accidentes en la escuela, algunos tentan prestar atendimento, pero no lo hacen de manera correcta. Con este trabajo, es posible concluir que los profesores que trabajan con niños deben estar preparados para actuar en situación de accidentes en la escuela. Descriptores: Enfermería. Escuela. Accidentes. Profesores. Niños. 1 INTRODUÇÃO Segundo a definição do dicionário acidente significa: “acontecimento casual, fortuito, imprevisto”. Nesse sentido se um risco é previsível e providências não foram tomadas para evitá-lo, o evento que venha a acontecer, não será acidente, mas sim e, no mínimo, negligência. No caso de ocorrência de acidente deve-se prestar socorro imediato à vítima para evitar uma maior gravidade diante do caso (FERREIRA, 2010). Para Martins (2006) os acidentes são definidos, culturalmente, como situações inevitáveis, mas um novo conceito tem considerado acidente como um evento previsível resultando em uma transmissão rápida de um tipo de energia dinâmica, térmica ou química de um corpo a outro ocasionando danos e até a morte. A necessidade de prevenção é feita com cuidados físicos, materiais, emocionais e sociais. No que se refere aos acidentes com crianças, alguns fatores podem estar associados à sua ocorrência, tais como sexo, idade, etapa de desenvolvimento neuropsicomotor, imaturidade física e mental, inexperiência, incapacidade para prever e evitar situações de perigo, curiosidade, tendência a imitar comportamentos adultos, falta de noção corporal e de espaço, incoordenação motora e características da personalidade. Pois crianças e adolescentes estão na fase de curiosidade pelo novo, sem medir as consequências dos seus atos, apresentando interesse em explorar situações desconhecidas o que facilita a ocorrência de um acidente por não estarem preparadas (MALTA Revista Brasileira de Enfermagem, 2009). Primeiros socorros são as primeiras medidas a serem realizadas no local do acidente, evitando maiores agravos, sendo o primeiro atendimento inicial ate chegar a um hospital, para serem implementados maiores cuidados ao acidentado. De acordo com o Ministério da Saúde, qualquer pessoa treinada poderá prestar os primeiros socorros, conduzindo- se com serenidade, compreensão e confiança. Manter a calma e o próprio controle são importantes (BRASIL, 2003). Em todos os locais de trabalho incluindo a escola devem existir pessoas preparadas e orientadas quanto as medidas de socorros a serem tomadas caso ocorra um acidente ou mal súbito. O ambiente escolar constitui preocupação constante, pois é comum a ocorrência de acidentes e geralmente os professores são os primeiros socorristas, sendo fundamental que estes saibam como agir frente a acontecimentos, como evitá-los e como ministrar os primeiros socorros evitando assim complicações decorrentes de procedimentos inadequados, o que garante a melhor evolução e prognostico das lesões até que o paciente receba o tratamento médico adequado (CODEPPS, 2007). Para França et al, (2007) em se tratando de acidentes, o tempo é o instrumento fundamental na correlação vida-morte, pois a evolução dos acontecimentos depende da rapidez com que a assistência é prestada à vítima. O socorrista deve saber o que fazer, como fazer e o que não deve ser feito durante o atendimento. Agir com cautela e responsabilidade frente às providências que estão sendo tomadas com a vitima. De acordo com art. 7° do Estatuto da Criança e do Adolescente, o segmento representado por crianças e adolescentes possui seus direitos Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.26-30, Jul-Ago-Set. 2012. garantidos por lei, a partir deste, atualmente, observa-se uma crescente preocupação das instituições públicas e, principalmente privadas de ensino, em garantir esses direitos e, em especial, às questões relacionadas aos acidentes e violências na infância que possam ocorrer no espaço escolar (BRASIL, 2005). Trauma no sistema músculo-esquelético podem provocar diferentes tipos de lesões, como: fratura - quando o osso se quebra, luxação quando ocorre deslocamento do osso de uma articulação, fratura-luxação - as duas lesões estão associadas, contusão - inchaço e rompimento de vasos sanguíneos no local de uma pancada, entorse - torção de uma articulação, distensão ou estiramento - quando os músculos são excessivamente esticados, amputação - perda de parte de um membro, ou laceração - perda de tecidos moles. O engasgo definido como a obstrução das vias aéreas por corpo estranho promove o bloqueio da passagem do ar, o que impede a vítima de respirar, podendo levar à morte. E ferimentos são lesões em que ocorre destruição de tecidos, em diferentes profundidades, podendo atingir somente a pele ou camadas mais profundas, como musculatura, vasos sanguíneos, nervos e até órgãos internos (CODEPPS, 2007). O traumatismo é uma lesão advinda de força, pode ser acidental, auto-imposta um ato de violência que atinge vários sistemas e requer intervenções imediatas e especificas para evitar perda do membro afetado ou da vida. Independente da causa, o traumatismo gera um potencial para complicações significativas e dano que põe em risco a vida. O grau de traumatismo depende da natureza da força e da área do corpo atingida. Em geral, a assistência ao cliente que sofreu traumatismo centra-se no suporte das funções vitais do cliente, mantendo uma via respiratória adequada e oxigenação, corrigindo a lesão e minimizando as consequências das lesões traumáticas (HUDDLESTON; FERGUSON, 2006). As queimaduras podem ser classificadas em três graus, de acordo com a profundidade das lesões. As queimaduras de 1º grau são superficiais e apresentam apenas vermelhidão da pele e dor local. As de 2º grau caracterizam-se pela formação de bolhas e são muito dolorosas, enquanto as de 3º grau atingem camadas profundas da pele e até mesmo outros tecidos mais profundos e caracterizam-se pela coloração esbranquiçada ou enegrecida e por serem indolores (CODEPPS, 2007). É importante educar a população em geral e treinar grupos populacionais de risco para agir corretamente diante de um caso de queimadura. Nesse sentido, nos programas de educação para a saúde deve-se incluir o ensino de procedimentos de primeiros socorros ao queimado (VALE, 2005). O conceito de febre é dado pela elevação controlada da temperatura do organismo, resultante de uma mudança que aumenta a temperatura hipotalâmica estabelecida. A convulsão, ou crise convulsiva, caracteriza-se pela ocorrência de uma série de contrações rápidas e involuntárias. As convulsões são comuns e podem apresentar- se em uma variedade de situações clinicas. Embora a incidência e a predominância de atividade convulsiva sejam influenciadas por vários fatores, cerca de 1 em 11 pessoas irá, em algum momento experimentar uma convulsão na vida (SCHELL; PUNTILLO, 2005). Os principais acidentes relacionados a animais são as mordeduras ou arranhaduras de animais domésticos e silvestres e as picadas e outros acidentes por animais peçonhentos como aranhas, escorpiões, marimbondos, abelhas, formigas, lagartas e cobras. As intoxicações podem ocorrer principalmente por ingestão de produtos de limpeza, medicamentos ou plantas, pelo contato com gases tóxicos ou fumaça, ou pelo contato da pele com produtos químicos tóxicos. Acidentes relacionados à corrente 27 Oliveira, A. D. S. et al. elétrica são potencialmente graves, podendo provocar queimaduras graves, alterações do funcionamento do coração (até parada cardíaca), além de alterações pulmonares, neurológicas, músculo esqueléticas e outras (CODEPPS, 2007). Entretanto, para Liberal et al., (2005) a construção de uma “Escola Segura” é uma tarefa complexa. Uma escola onde a preocupação em se prevenir acidentes e violências seja uma constante, como na estrutura e organização física do ambiente, proporcionando o maior conforto e cuidados na escolha dos moveis, cadeiras, rampas, pisos, banheiros, brinquedos. Enfim todo o espaço escolar para que diminua a incidência de acidentes, estimule hábitos de vida saudável, garanta boa educação, estimule todos os alunos sem preconceito, e que perceba suas dificuldades e os prepare para a vida é, sem dúvida, um ideal que devemos perseguir. O presente estudo apresenta como objeto de estudo atuação dos professores do ensino fundamental sobre as medidas de primeiros socorros em caso de acidentes na escola. Tendo como questão norteadora: Como o professor atua em situações de acidentes na escola? E como objetivos: descrever e analisar a atuação dos professores do ensino fundamental sobre as medidas de primeiros socorros em casos de acidentes na escola. Espera-se com este estudo contribuir para o fortalecimento de ações que possam atender as necessidades de atendimento de primeiros socorros a alunos prestados por professores a fim de evitar traumas consequentes de lesões que poderiam ser facilmente amenizadas com iniciativa do primeiro socorro prestado pelo professor que se encontra no local do acidente. 2METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória com abordagem qualitativa. Foi realizada em uma escola de ensino fundamental da rede particular de ensino de Teresina-PI. A equipe pedagógica é composta por 26 professores, 01 diretor, 01 coordenador pedagógico de todas as áreas. Participaram da pesquisa dez professores do ensino fundamental que atuam na escola, com faixa etária de 21 a 42 anos, entre homens e mulheres. Foram utilizados como critério de inclusão os sujeitos que tinham mais de um ano de experiência na área e que aceitaram participar da pesquisa por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Este critério de inclusão foi estabelecido por acreditar-se que após um ano na instituição o professor já conheça as normas desta. O número de sujeitos não foi predeterminado, mas obedeceu ao critério de saturação das falas, que considera a repetição dos significados atribuídos. Uma vez que esse ponto de saturação foi alcançado às entrevistas foram encerradas. O instrumento de produção utilizado foi um roteiro de entrevista semi-estruturado que combina perguntas abertas e fechadas onde o entrevistado teve a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto, sem respostas ou condições prefixadas pelo pesquisador. As entrevistas foram realizadas pelas pesquisadoras aos sujeitos do estudo individualmente em local reservado e previamente agendado. Para que ocorresse a preservação das falas dos sujeitos, durante a coleta dos dados foi utilizado um aparelho MP3 para que os depoimentos fossem gravados e posteriormente transcritos para análise. Após a realização das entrevistas, as informações foram realizadas buscando conhecer os conteúdos das falas, nessa etapa utilizou-se análise temática de Minayo (2003). Os dados foram coletados após autorização do local do estudo e do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Faculdade de Saúde, Ciências Hu28 manas e Tecnológicas do Piauí – UNINOVAFAPI, com parecer do Processo CAAE nº 0468.0.043.000-11, respeitando a Resolução 196/96 do CNS/MS. A pesquisa manteve a integridade física, social e psicológica dos sujeitos de estudo não submetendo os mesmos a qualquer tipo de risco ou prejuízos. Trouxe como benefícios atualizações sobre a temática pesquisada, bem como a informação do conhecimento dos professores sobre as medidas de primeiros socorros. Esta será enviada em forma de relatório para escola. 3 ANÁLISE DOS RESULTADOS Os aspectos sobre urgência e emergência foram levantados, através da literatura adquirida e consultada, para que houvesse o desenvolvimento do trabalho de pesquisa de campo. Os significados apreendidos das falas dos sujeitos foram agrupados e formulados em duas categorias: Condutas diante da situação de urgência emergência na escola e encaminhar a criança á coordenação como forma de prestar socorro. 3.1 Atuação dos professores diante da situação de urgência e emergência na escola Nessa categoria, destacaram-se os seguintes depoimentos: [...] No caso uma fragilidade capilar se a criança viesse a escorrer o nariz, pegaria a criança, levaria para outro ambiente sempre com a cabecinha levantada, levaria para banheiro, lavaria, eu aqui na escola costumo às vezes colocar gelinho (Dep. 1). [...] Depende do acidente, se tem um machucado com hematoma a gente geralmente usa o gelo pra baixar o galo, a gente pressiona, tem o hirudoid que a gente usa também (Dep. 8). A fragilidade capilar que a depoente 1 se refere é uma epistaxe (sangramento nasal) que pode ser causado por trauma direto no nariz ou por causas clinicas. A hemorragia é definida como a perda de sangue devida ao rompimento de um vaso sanguíneo, que pode ser interna e externa. A interna é caracterizada por ser difícil de reconhecer visualmente porque o sangue acumula-se nas cavidades do corpo, já a externa facilmente visível, pode ocorrer em camadas superficiais da pele por corte ou perfurações, ou mesmo atingindo áreas mais profundas através de aberturas ou orifícios gerados por traumas. A conduta correta neste caso seria colocar o paciente sentado, aplicando uma pressão direta, apertando as narinas, logo após fazer a limpeza com água. Caso ocorra que a vitima fique inconsciente e incapaz de manter a sua via área, coloca-se em decúbito lateral e prepara para fazer aspiração e limpeza (SANTOS, 2005). [...] Ah eu seria obrigada a parar a aula e teria que atender o aluno que estaria no caso. Dependendo da gravidade do acidente (Dep. 3). [...] Um aluno que machuca o joelho a gente leva ao banheiro, lava e usa um remedinho (Dep. 7). [...] Eu pararia a aula e socorreria o aluno, prestaria os primeiros socorros o que pudesse fazer ali no momento, eu faria (Dep. 10). O Trauma Crânio Encefálico (TCE) compreende desde as lesões do couro cabeludo até aquelas da caixa craniana ou do seu conteúdo. No ambiente escolar, as principais causas de Trauma Crânio Encefálico (TCE) são as quedas, especialmente de lugares altos e as pancadas na cabeça, que podem ocorrer quando o escolar bate a cabeça em móveis, brinquedos do playground, parede ou porta, ou mesmo durante brincadeiras ou atividades esportivas (BRASIL, 2003). Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.26-30, Jul-Ago-Set. 2012. Atuação dos Professores às crianças em casos de acidentes na escola O atendimento adequado da criança é mais do que a simples aplicação dos princípios de atendimento dos adultos a uma pessoa pequena. As crianças têm padrões de trauma específicos, resposta fisiológica própria e necessidades especiais com base em seu tamanho, maturidade e desenvolvimento psicossocial (PHTLS, 2007). Durante a infância, as crianças estão suscetíveis a inúmeras situações de risco que podem originar sérios acidentes. Não podemos restringir suas oportunidades de brincar, de explorar novos ambientes, de criar, de ousar, o que prejudicaria seu desenvolvimento. Na maior parte do mundo, o trauma ocupa a primeira causa de morte na infância; daí sua grande importância. Ter em mente que “criança não é um adulto pequeno”, não devendo ser tratada como tal (PORCIDES, 2006). 3.2 Preparo dos professores para atender os alunos em situações de urgência e emergência Jovens e crianças estão em um grupo de maior vulnerabilidade na ocorrência de mortes e traumas decorrentes de violências e acidentes. O ambiente escolar representa uma importante faceta desse problema, que é multifatorial, a partir do momento em que crianças e jovens passam grande parte do tempo na escola, onde esses assuntos ligados à saúde devem ser abordados e discutidos (LIBERAL Revista Brasileira de Enfermagem, 2005). Com relação ao preparo dos professores, selecionaram-se as seguintes as falas: [...] ai a gente leva na coordenação e toma providencias liga para mãe, para pai, ou liga para o pronto socorro (Dep. 5). [...] Eu procuraria imediatamente a coordenação da escola, dependendo da gravidade da situação para poder tomar as devidas precauções, ou chamar a ambulância, ou entrar em contato com os pais (Dep. 9). Observa-se que os depoentes não se sentem seguros a prestar socorro ao acidentado, à primeira atitude é encaminhar o aluno a coordenação. De acordo com as falas dos sujeitos, estes não se sentem preparados para prestar os primeiros socorros, o que, infelizmente, é bastante comum nas escolas. A orientação seria telefonar para os pais e dependendo da situação, para um serviço de atendimento pré-hospitalar e enquanto o os pais ou o serviço não chegava, o professor deveria prestar o atendimento adequado, para minimizar danos ao aluno. [...] a primeira providencia que nos tomamos é chamar a coordenadora (Dep. 2). [...] eu já mandaria chamar logo alguém da coordenação para tomar alguma providencia porque eu mesma não saberia o que fazer (Dep. 4). Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.26-30, Jul-Ago-Set. 2012. [...] eu chamava a coordenação e não tentava prestar socorro, eu tenho pavor de ver sangue (Dep. 6). Em muitas situações, a falta de conhecimento dos professores acarreta inúmeros problemas, como o estado de pânico ao ver o acidentado, que é o caso da depoente 6. Algumas pessoas pensam que na hora da emergência não terão coragem ou habilidade suficiente, mas isso não deve ser motivo para deixar de aprender as técnicas, porque nunca sabemos quando teremos que utilizá-las. Devemos, sempre que possível, preferir o atendimento. Os socorristas em todos os níveis devem desempenhar um papel ativo na prevenção de traumas para alcançar melhores resultados, não só para a comunidade de forma geral, mas também para eles mesmos (PHTLS, 2007). Para Pergola e Araújo (2008) em situações de emergência, a avaliação da vítima e seu atendimento devem ser realizados de forma rápida, objetiva e eficaz, proporcionando aumento da sobrevida e a redução de sequelas. E a capacitação do leigo para atendimento precoce em situações de emergência e instituição do suporte básico de vida é fundamental para salvar vidas e prevenir sequelas. Sendo assim, é de suma importância que os profissionais estejam treinados, atualizados e preparados para atender os alunos acidentados e as fatalidades que venham a acontecer em seu trabalho, e estes deveriam criar uma rotina de atendimento de socorros de urgência que envolva toda a equipe de trabalho. Portanto, as escolas, juntamente com os professores, têm um papel relevante na promoção da saúde, prevenção de doenças e, inclusive, de acidentes entre crianças e adolescentes. 4CONCLUSÃO A execução deste trabalho destacou a importância do conhecimento dos professores para atuação frente às situações de primeiros socorros nas escolas e, observou-se que os mesmos não possuem condutas adequadas para tal situação. Seria essencial um treinamento ou um curso pelo menos semestral com orientações para qualificar os mesmos de maneira que os tornem aptos e seguros à tomada de decisões, atuando corretamente, de modo a garantir a sobrevivência da vítima sem o agravamento do seu estado antes da chegada do socorro profissional. Conclui-se que a contratação de um enfermeiro na escola seria necessária, pois em situações de emergências com crianças todos podem ajudar, mas o profissional de enfermagem tem o preparo necessário para prestar o primeiro socorro com mais segurança e eficiência. Além de prestar o primeiro atendimento às crianças, o profissional poderá orientar professores e demais integrantes da escola com a intenção de prevenir novos acidentes. 29 Oliveira, A. D. S. et al. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Primeiros Socorros. Fundação Oswaldo Cruz. FIOCRUZ. Vice Presidência de Serviços de Referência e Ambiente. Núcleo de Biossegurança. NUBio. Rio de Janeiro, 2003. Disponível em <http://www.anvisa. gov.br/ reblas/manual_primeiros_socorros.pdf > Acesso em: 17 set. 2011. ______. Ministério da Educação. Estatuto da Criança e do Adolescente/ Secretaria Especial dos Direitos Humanos; Assessoria de Comunicação Social.- Brasilia: MEC, ACS, 2005. CODEPPS, Manual de prevenção de acidentes e primeiros socorros nas escolas/ Secretaria da Saúde. São Paulo: SMS, 2007. Disponível no em <http://ww2.prefeitura.sp.gov.br/arquivos/ secretarias/saude/crianca/0005/Manual_Prev_Acid_PrimSocorro. pdf > Acesso em: 17 set. 2011. FRANCA, I. S. X. et al. 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PESQUISAS / RESEARCH / INVESTIGACIÓN Atuação do enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência a pacientes psiquiátricos em Teresina-PI Performance of nurses of Service Mobile Emergency for psychiatric patients in Teresina-PI El rendimiento de las enfermeras del Servicio de Emergencia Móvil a pacientes psiquiátricos en Teresina-PI Claudia Maria Sousa de Carvalho Professora Mestre da Faculdade UNINOVAFAPI. Teresina-PI: E-mail: [email protected] Eliene do Nascimento Macêdo Enfermeira (86) 9458-5828 Email: [email protected] Girlene Ribeiro da Costa Enfermeira.Pós graduanda em Enfermagem em Cardiologia no Centro Universitário UNINOVAFAPI Email: [email protected] (86) 9935-1811 RESUMO No Brasil, o processo da reforma psiquiátrica, iniciado no final dos anos de 1970, surgiu em decorrência, por um lado, da crise nos paradigmas da psiquiatria clássica e por outro, dos esforços dos movimentos sociais pelos direitos dos pacientes psiquiátricos. O estudo tem como objetivo descrever a atuação do enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência a pacientes psiquiátricos e discutir o modelo de atendimento realizado por esses enfermeiros aos pacientes em crise psiquiátrica à luz das recomendações definidas nas políticas públicas de atenção à saúde mental. Trata-se de uma pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa realizada em Teresina-PI, com 11 enfermeiros por meio de entrevista semiestruturada. Os resultados foram apresentados em duas categorias a saber : atuação do enfermeiro nas urgências psiquiátricas e a caracterização do modelo de atendimento realizado pelo enfermeiro aos pacientes em crise psiquiátrica. Conclui-se que os enfermeiros possuem pouca experiência para o atendimento psiquiátrico em situações de urgências e sua atuação é voltada basicamente, para a contenção química do paciente e transferência deste para unidade de internação. Descritores: Enfermagem. Psiquiatria. Socorro de urgência. Keyla Cybelly Rodrigues Bezerra Enfermeira. [email protected] Roselene Pacheco da Silva Enfermeira (86) 9993-0131 Email: [email protected] Eliana Campêlo Lago Doutora em Biotecnologia. Cirurgiã-dentista e Enfermeira. Professora da Graduação e do Programa de Mestrado Profissional em Saúde da Família do Centro Universitário – UNINOVAFAPI. Professora da Graduação em Odontologia e Enfermagem da Faculdade Integral Diferencial - FACID- Teresina-PI, Brasil. E-mail: [email protected] Submissão: 18.07.2012 Aprovação: 29.11.2012 ABSTRACT In Brazil, the process of psychiatric reform, initiated in late 1970, came due, on the one hand, the crisis in the paradigms of classical psychiatry and secondly, by efforts of social movements for the rights of psychiatric patients. The study aims to describe nurse’s assistance of Service Mobile Emergency for psychiatric patients and discuss the model of care performed by these nurses to patients in psychiatric crisis in the light of the recommendations defined in the policies of public mental health care. This is an exploratory, qualitative study conducted in Teresina, PI, with 11 nurses by semistructured interviews. The results were presented in two categories namely: performance of nurses in psychiatric emergency and characterization of the model of care performed by nurses to patients in psychiatric crisis. We conclude that nurses have little experience to psychiatric care in emergency situations and its performance is geared primarily for chemical restraint of patients or transfer them to the inpatient unit. Descriptors: Nursing. Psychiatry. Emergency relief. RESUMEN En Brasil, el proceso de reforma psiquiátrica, que se inició a finales de 1970, fue debido, por un lado, la crisis de los paradigmas de la psiquiatría clásica y en segundo lugar,por los esfuerzos de los movimientos sociales por los derechos de los pacientes psiquiátricos. El estudio tiene como objetivo describir el papel de los enfermeros de un servicio de urgencia móvil para pacientes psiquiátricos y discutir el modelo de atención realizada por los enfermeros a los pacientes en crisis psiquiátrica, a la luz de las recomendaciones definidas en la política de atención pública de la salud mental. Se trata de un estudio exploratorio, cualitativo realizado en Teresina, PI, con 11 enfermeras a través entrevistas semiestructuradas. Los resultados se presentan en dos categorías, a saber: el desempeño de los Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.31-35, Jul-Ago-Set. 2012. 31 Carvalho, C. M. S. et al. enfermeros en urgencias psiquiátricas y la caracterización de la asistencia realizado por las enfermeras a los pacientes en crisis psiquiátrica. Llegamos a la conclusión que las enfermeras tienen poca experiencia en la atención psiquiátrica en situaciones de emergencia y su servicio está voltado principalmente para el control químico de los pacientes y transferencia para las unidades de hospitalización. Descriptores: Enfermería. Psiquiatría. Socorro de emergencia. 1 INTRODUÇÃO No Brasil, o processo de reforma psiquiátrica, iniciado no final dos anos de 1970, surgiu em decorrência, por um lado, da crise nos paradigmas da psiquiatria clássica que tinha o hospital psiquiátrico como única alternativa de tratamento, proporcionando a cronicidade e a exclusão das pessoas com doença mental, e, por outro, dos esforços dos movimentos sociais pelos direitos dos pacientes psiquiátricos (VOLPE, et al., 2010). O intuito da nova política de saúde mental é, portando, redirecionar o modelo de assistência em saúde mental centrado na doença psiquiátrica e pautado em cuidados que geram exclusão social e preconceito, para um modelo baseado em diretrizes de acolhimento e cuidado integral no próprio território do sujeito, inclusive no momento da crise. Contudo, a atenção à crise da pessoa com transtorno mental, em muitos lugares, fica sob a responsabilidade dos serviços de urgência e, em alguns casos, sem preparo para prestar a devida assistência. Porém, muito pouco, ou quase nada, se discute atualmente sobre a assistência em saúde mental prestada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Pouco se vê na literatura trabalhos que descrevam e problematizem o funcionamento desse serviço quando se trata especificamente de saúde mental. A própria discussão sobre atendimento pré-hospitalar ainda é precário nas áreas de clínica médica geral e cirúrgica, e quase inexistente quando o assunto é saúde mental.Isso, certamente, se tem refletido na prática dos profissionais do SAMU que utilizam procedimentos que trazem a marca daqueles realizados nos hospitais psiquiátricos, como a imobilização mecânica e o auxílio da força física do corpo de bombeiros ou da polícia, reproduzindo o modelo de cuidado que não respeita a singularidade do sujeito e que reforça a representação de violência quando se trata de pessoa com transtorno mental (JARDIM; CHIAPIN, 2004). Entende-se que é crucial considerar a crise como uma oportunidade de ressignificação da singularidade do sujeito em sofrimento psíquico que a sustenta. Assim, a crise dever ser apreendida como um momento que deve ser cuidadosamente trabalhado por profissionais qualificados para que os sujeitos desfrutem do seu potencial transformador e criativo, pois, embora salte aos nossos olhos todo o sofrimento vivenciado pelo indivíduo, podemos percebê-lo em seu momento de metamorfose, de saída de um lugar sócio historicamente construído para outro que está sendo reconstruído. Diante da problemática, este estudo tem como objetivo descrever o atendimento de urgência pré-hospitalar móvel a pacientes psiquiátricos sob a óptica do enfermeiro da equipe e discutir o modelo de atendimento descrito à luz das recomendações definidas nas políticas públicas de atenção à saúde mental. 32 2 METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa exploratória de abordagem qualitativa, realizada no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) do município de Teresina-PI. Os sujeitos da pesquisa foram 11 enfermeiros do quadro do SAMU. A coleta dos dados foi realizada, no período de abril de 2012, por meio de entrevistas semi-estruturadas. Os sujeitos foram convidados para participar voluntariamente da pesquisa e, foi solicitado que assinassem o termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme recomenda a Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde – CNS/MS. Foi assegurado o anonimato e sigilo das informações, além de garantido o respeito à privacidade e liberdade de participar ou declinar de sua participação na pesquisa no momento que desejar. As entrevistas foram realizadas pelas próprias autoras, no turno da manhã e noite, por adequação ao horário de trabalho da equipe. O trabalho foi submetido à aprovação da Fundação Municipal de Saúde (FMS) n° 045.15.505-11, e com autorização do Comitê de Ética em Pesquisa nº 0491.0.043.000-11 da Faculdade UNINOVAFAPI. De posse dos dados e informações coletadas, estas foram analisadas com base na análise de conteúdo, que conforme Bardin (1977) tem como finalidade importante a produção de inferências sobre qualquer um dos elementos básicos do processo de comunicação, pois é a inferência que vai permitir a passagem da transcrição à interpretação. Como resultado do conteúdo, baseado nas falas dos sujeitos da pesquisa, formularam-se as seguintes categorias: atuação do enfermeiro nas urgência psiquiátrica e caracterização do modelo de atendimento realizado pelos Enfermeiros do SAMU aos pacientes em crise psiquiátrica. A análise e a interpretação das categorias basearam-se nas falas dos enfermeiros atuantes em urgência e emergência, que possibilitaram o conhecimento de suas percepções sobre a atuação da equipe de Enfermagem na urgência psiquiátrica. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Atuação do enfermeiro nas urgência psiquiátrica Os serviços de atendimento pré-hospitalar devem ser estruturados na perspectiva de melhorar e qualificar o atendimento às urgências, melhorando os prognósticos de reabilitação (VIEIRA; MUSSI, 2007). Delinear os procedimentos de atendimento é importante para o funcionamento do SAMU no campo da Saúde Mental, afinal, isso enquadra o paciente psiquiátrico definitivamente no hall dos casos atendidos e com alta resolutividade (JARDIM; DIMENSTEIN, 2008). Nessa categoria, foram agrupados os depoimentos relacionados ao atendimento da urgência ao paciente psiquiátrico no SAMU. Como apontam as falas do sujeito, discorrendo sobre as experiências, neste estudo os sujeitos tratam sobre as seguintes questões: [...] O papel do enfermeiro é mais em relação da prescrição da mediação e muito das vezes a mesma nem é feita” [...] com sete anos de atuação no SAMU só fiz três atendimentos (Depoente 01). [...] O atendimento dessa natureza na maioria das vezes se torna inviável pelos enfermeiros do suporte avançado de vida, pela quantidade reduzidas de viaturas disponível para esse fim [...] com sete anos de atuação no SAMU só atendi duas ocorrências desse tipo. (Depoente 02). Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.31-35, Jul-Ago-Set. 2012. Atuação do enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência a pacientes psiquiátricos em Teresina-PI. [...] iniciamos com a contenção mecânica, se for necessário, e somente em casos de surtos, é utilizada a medicação, em geral, diazepam [...] Tenho sete anos que trabalho no SAMU e acredito que até o momento realizei quatro ocorrências envolvendo pacientes psiquiátricos. (Depoente 03). [...] Durante esses anos de formação foi realizado uma transferência de suporte básico do Hospital do Primavera para o HUT [...] Paciente com comorbidade, psiquiátrico. (Depoente 04). [...] Ao realizar a contenção química sem uma resposta efetiva, é necessário em seguida de contenção física. (Depoente 09). A partir das falas, percebe-se a pouca experiência da equipe de Enfermagem frente ao atendimento psiquiátrico. A atuação do enfermeiro é basicamente para a contenção química do paciente e em relação à transferência desse para outra unidade de internação. De acordo com Kondo (2010), ressalta-se a importância da qualidade da abordagem da emergência em saúde mental e considera-se que a primeira impressão possui significativa influência, assim como, o modo como a pessoa é recebida, a atenção que o profissional dispensa e a demonstração de preocupação com o paciente quando ele chega ao serviço de saúde. Essas atitudes preponderam sobre a resposta do paciente à equipe, bem como, na aceitação das recomendações e na sua adesão ao tratamento. Sendo assim, no que se refere à atuação do profissional de Enfermagem na urgência psiquiátrica, percebe-se a necessidade de uma formação mais especializada, de experiência profissional na área e, principalmente, a implementação de treinamentos e capacitações, conforme relata o depoente abaixo: [...] No SAMU ainda não tive um treinamento especifico de urgência psiquiátrica. Mas tive o treinamento inicial, uma aula sobre a abordagem do atendimento psiquiátrico. Mas no nível básico o técnico já teve um treinamento especifico de contenção de atendimento psiquiátrico. (Depoente 05). A respeito dessa realidade, nota-se a necessidade da preparação da equipe de Enfermagem para os atendimentos de urgência psiquiátrica. Alguns gestores afirmaram que a falta de capacitação sobre esse tema se deve à falta de informação sobre o assunto publicado na literatura e, também, à falta de interesse dos profissionais; muitos enfermeiros afirmam que não realizaram atendimento de urgência psiquiátrico. É importante ressaltar que o SAMU é um serviço que funciona com base em protocolos e sua rotina consiste em segui-los, já que são eles que guiam as atitudes dos profissionais durante as ocorrências, por isso, não se tem uma exigência no serviço sobre o protocolo psiquiátrico, - a qual existe na teoria, mas é pouco aplicada na prática, o que também é apontado como um item negativo, um agravante desestabilizador do funcionamento do serviço. 3.2 Caracterização do modelo de atendimento realizado pelos Enfermeiros do SAMU aos pacientes em crise psiquiátrica As emergências em saúde mental estão estritamente relacionadas às diversificadas crises evolutivas e acidentais inerentes à vivência humana. Porém, o que caracteriza uma emergência em saúde mental é a manifestação de comportamento em decorrência de uma situação em que a pessoa se encontra, e para a qual o seu funcionamento geral está gravemente prejudicado, e o indivíduo torna-se incapaz de assumir responsabilidades pessoais. A abordagem à pessoa com transtorno mental em situação de emergência é de tal importância que, se realizada com segurança, pronRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.31-35, Jul-Ago-Set. 2012. tidão e qualidade, é capaz de determinar a aceitação e a adesão dessa pessoa ao tratamento. Os depoimentos a seguir revelam que o atendimento psiquiátrico prestado pelos enfermeiros do SAMU, nem sempre é realizado pelos mesmos, pois quem realiza essa assistência são os profissionais do Suporte Básico de Vida, no qual não se tem o profissional enfermeiro e nem a equipe médica. Durante o atendimento a equipe do Suporte Básico é acionada, juntamente com a escolta da Polícia Militar e/ou Corpo de Bombeiros. [...] A nossa experiência em urgência psiquiátrica é muito pouca porque é mais realizada pelo suporte básico, a gente só vai quando o suporte básico tem dificuldade e precisa sedar o paciente [...] o atendimento psiquiátrico só a realizado com o apoio da Polícia militar. (Depoente 05). [...] Quando o suporte avançado é acionado, o atendimento é realizado de acordo com a sintomatologia que o paciente apresenta. (Depoente 06). [...] Quando o suporte avançado é acionado, esperamos a chegada da polícia, pois geralmente o paciente está agressivo. (Depoente 07). [...] Geralmente as ocorrências psiquiátricas são realizadas pelo suporte básico de vida. A regulação aciona a ambulância e polícia quando o paciente está agressivo. (Depoente 08). [...] O SAMU faz parceria com a polícia para o atendimento psiquiátrico. [...] Geralmente esses atendimentos são realizados pelo suporte básico de vida. O suporte avançado de vida é solicitado pela básica quando necessário contenção química para o paciente. (Depoente 11). Após as análises dos depoimentos, percebeu-se que os profissionais de Enfermagem referem que o atendimento de urgência psiquiatrica é primeiramente realizado pelo Suporte Básico de Vida, juntamente com o apoio da Polícia Militar/Corpo de Bombeiros. Quando, no entanto, não é de competência do Suporte Básico de Vida realizar manobras invasivas é solicitado o Suporte Avançado de Vida. A concepção de urgência psiquiátrica para alguns depoentes é uma resposta de ‘agressividade’. É interessante destacar isso, porque a ideia dos enfermeiros de que em uma ocorrência psiquiátrica lidarão com alguém que pode ameaçar sua integridade física os leva às práticas adotadas nos atendimentos. Por acharem que serão agredidos, os profissionais adotam uma postura de defesa, o que acaba se transformando em ataque, ou uma postura de medo, o que acaba gerando omissão no cuidado. Assim, ambas as posturas geralmente progridem para uma contenção mecânica e, para lidar com isso, o SAMU conta com o auxilio da Polícia Militar/Corpo de Bombeiros. A necessidade de preparar os enfermeiros, e de aproximá-los de seu tema comum é necessária. As oficinas, palestras, cursos podem ter esse propósito, mas não podem ser a única tentativa. Além da programação de capacitações e treinamentos em conjunto, seria significativo intercambiar os profissionais para que conhecessem a fundo os problemas e as possibilidades da rede. Porém, por se tratarem de redes muito distintas é importante haver prudência ao aproximá-los. No que diz respeito à atenção à crise e urgência psiquiátrica, seria importante que pessoas fossem estrategicamente colocadas nos serviços de ambas as redes. Esses profissionais serviriam como aproximadores, disseminadores de ideias e semeadores de pequenas dúvidas; seriam incitados a usar a imaginação, auxiliando a desemperrar alguns fluxos previamente estabelecidos. Sabe-se que essa questão ainda é pouco debatida e espera-se que esta seja apenas uma abertura para outras tantas questões que podem ser formuladas. 33 Carvalho, C. M. S. et al. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa possibilitou o conhecimento sobre a assistência e as concepções da equipe de Enfermagem em situações de urgência psiquiátrica e a busca de conhecimento sobre o tema, proporcionando reflexões acerca dessa prática. Destaca-se que os serviços substitutivos de atenção à saúde mental são realidades resultantes do movimento da reforma psiquiátrica de caráter social, político e econômico, que luta pela desconstrução dos manicômios e do paradigma que o sustenta. Esse redirecionamento da assistência em saúde mental exige avaliações, reavaliações e reflexões constantes dos serviços criados e adaptados para que suas dinâmicas ocorram de forma a atingir o objetivo de inclusão social e não perpetue a imagem arraigada ao imaginário social, de que portadores de transtorno mental são pessoas sujas, ignorantes, incapazes, agressivas e violentas e que, portanto, devem ser mantidas longe do convívio das pessoas em sociedade. A Enfermagem é uma profissão que exige habilidade, técnica e ação humanística do profissional, uma vez que o cuidar do outro em sua integralidade significa não apenas resolver seus problemas físicos, mas também identificar todas as suas necessidades e buscar formas de atendê-las. Considera-se que o enfermeiro necessita da fundamentação teórico-prática condizente à urgência psiquiátrica, para saber lidar melhor com 34 as situações de urgência psiquiátrica. Além de prestar uma assistência qualificada. O resultado da pesquisa mostrou que há atendimento de urgência psiquiátrica, mas os profissionais de Enfermagem atuam apenas no Suporte Avançado de Vida, em casos de risco de vida, contenção química e agressividades da pessoa com transtorno, no momento da crise, e a população. Mas percebe-se que o Suporte Avançado de Vida é pouco solicitado para os atendimentos de urgência psiquiátrica. Pois na maioria dos atendimentos no momento de seleção é enviado ao Suporte Básico de Vida, caso necessite de apoio, o mesmo deve ser auxiliado pela Polícia Militar/ Corpos de Bombeiros, sendo norma do serviço. Devido a pouca solicitação do Suporte Avançado de Vida ao atendimento de urgência psiquiátrica no serviço pré-hospitalar móvel, percebe-se pouca experiência dos profissionais de Enfermagem diante do tema abordado, o que pode ser um dificultador na qualificação desse atendimento, pois há uma exposição do paciente e familiares na sociedade. A qualidade do atendimento deve ser garantida em todas as regiões do país, mesmo as mais carentes e distantes dos centros universitários, e pode ser assegurada através de um forte programa de capacitação, supervisão e formação de multiplicadores. Diante do exposto é relevante encontrar nos periódicos nacionais estudos a respeito desse tema, faz-se necessário, então, que outros estudos acerca dessa temática sejam desenvolvidos. Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.31-35, Jul-Ago-Set. 2012. Atuação do enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência a pacientes psiquiátricos em Teresina-PI. REFERÊNCIAS BAUER, M. W.; GASKELL, G. (Orgs.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Tradução Pedrinho A. Guareschi. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005. ______. Portaria GM/MS n.º 2048, de 5 de novembro de 2002. CABRAL, A. P. S. SOUZA, W. V. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU): análise da demanda e sua distribuição espacial em uma cidade do Nordeste brasileiro. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 11, n. 27, p. 530-540, out. 2008. 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E-mail: nutrisousa@ hotmail.com.br Francílio de Carvalho Oliveira Mestre em Bioquímica pela Universidade de São Paulo. Professor do Centro Universitário UNINOVAFAPI e-mail: [email protected]. Fernando Luiz Lima de Oliveira Médico Veterinário. Professor do Centro Universitário UNINOVAFAPI. e-mail: [email protected] Luciana Melo de Farias Nutricionista. Professora do Centro Universitário UNINOVAFAPI e-mail:[email protected] Regina da Silva Santos RESUMO O objetivo deste trabalho foi verificar os efeitos na histologia, peso dos órgãos de camundongos alimentados com ração à base de soja transgênica, analisar a composição centesimal, comparando-a com a soja convencional e avaliar a equivalência substancial. Foram utilizados 12 camundongos Mus musculus machos, desmamados com 30 dias divididos aleatoriamente em dois grupos, grupo experimental (n=6) e controle (n=6). O primeiro alimentado com ração à base de soja transgênica a 25% e o segundo recebendo ração comercial LABINA Ltda. Os animais foram mantidos por 90 dias com água e ração ad libitum. Para preparação da ração experimental utilizou-se sementes de soja transgênica BRS 270 RR. Foi quantificada a composição centesimal, o consumo da ração, peso dos órgãos dos animais, além da análise histológica do fígado dos mesmos. Aos dados aplicou-se o teste T de Student com nível de significância p< 0,05, por meio do software Excel 2007. Conclui-se que a soja transgênica apresentou diferenças para carboidratos, lipídios e cinzas em sua composição, no entanto não alterou o peso dos órgãos, a histologia e nem a ingestão alimentar, não sendo observado efeitos no organismo dos animais. Descritores: Soja. Análise química. Histologia. ABSTRACT The purpose of this study was to verify the effects on histology, weight of organs of mice fed with GM soy, analyze the centesimal composition, comparing it with the conventional soybean and assess the substantial equivalence. We analyzed 12 male mice Mus musculus, weaned at 30 days randomly divided into two groups, experimental group (n=6) and control (n=6). The first feed with soy GM to 25% and the second receiving commercial feed Labina LTDA. The animals were kept for 90 days with food and water ad libitum. For preparation of experimental diets used the seeds of transgenic soybean BRS 270 RR. It was qualified the centesimal composition, weight of organs of animals, Beyond the liver histological analysis of the same. To the data we applied the T Student test at level p < 0,05 using the software Excel 2007. It was concluded that GM soya showed differences for carbohydrates, fat and ash in its composition, but did not alter the weight of organs, however it does not change the weight of the organs, histology and no food intake did not observe effects on the body of animals. Descriptors: Soy. Chemical analysis. Histology. RESUMEN Submissão: 08.02.2012 Aprovação: 05.04.2012 36 El objetivo de este trabajo fue verificar los efectos en el peso de los órganos de los ratones alimentados con ración de soja transgénica, la composición centesimal, comparándola con la soja convencional y evaluar la equivalencia substancial. Se utilizaron 12 ratones Mus musculas machos desmamados a los 30 días divididos aleatoriamente en dos grupos, grupo experimental (n=6) y control (n=6). El primer alimentado con ración a la base de soja transgénica a 25% y el segundo recibiendo ración comercial Labina LTDA. Los animales fueron mantenidos por 90 días con agua y ración ad libitum. Para la preparación de la ración experimental fueron utilizadas las semillas de soja transgénicas BRS 270 RR. Se cuantificó la composición centesimal, el consumo de la ración, peso Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.36-41, Jul-Ago-Set. 2012. Efeitos da soja transgênica: estudo em camundongos Mus musculus de los órganos de los animales. Allas Del análisis histológico del ransg de lo mismo. A los datos se aplico El test T Student al nível p < 0,05 com el software Excel 2007. Elegamos a la conclusión que la soja transgénica se encontraron diferencias de carboihidratos, grasa y cenizas em su composición, sin embargo, no altero lós pesos de lós órganos la ransgênic y ni la ingesta de alimentos no se observando efectos en el organismo de los animales. Descriptores: Soja. Análisis químico. Histologia. 1 INTRODUÇÃO O termo transgênico ou organismo geneticamente modificado (OGM) refere-se a plantas, animais ou microrganismos que receberam genes de outros organismos no seu genoma para expressar características desejadas do organismo doador. Isso se tornou possível graças ao desenvolvimento da tecnologia do DNA recombinante que abriu a possibilidade de isolamento e clonagem de genes de bactérias, vírus, plantas e animais seguindo da possibilidade de introdução e expressão dos mesmos em qualquer outro organismo (VERCESI; RAVAGNANI; CIERO, 2009). Em 2010, o plantio de sementes geneticamente modificadas aumentou 10% no mundo alcançando 148 milhões de hectares. O Brasil, no entanto aumentou 19% da área plantada de transgênicos, o que equivale 25,4 milhões de hectares de lavouras de soja, milho e algodão transgênicos, com o país se posicionando em segundo lugar no ranking mundial de países que adotam culturas transgênicas - ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com seus 66,8 milhões de hectares (ISAAA, 2010). A região Nordeste apresentou no período de 2010/2011 produção de 1.747 mil hectares de Soja GM distribuída em três estados: Maranhão, Bahia e Piauí, este último apresentando produção de 316 mil hectares neste período (CELERES, 2010). Entre as vantagens destes alimentos estão à maior produtividade e melhor qualidade do alimento, no que se refere aos baixos índices de contaminação por agrotóxicos e por micotoxinas, bem como melhor composição nutricional; aumento na absorção de nutrientes e tolerância ao estresse abiótico como: seca, calor, salinidade e toxidade de alumínio (FERREIRA, 2009). Entre os argumentos contrários destaca-se: a complexidade dos genes que poderiam expressar características que não foram previstas prejudicando a saúde humana; o efeito competidor- por ser mais resistente às plantas transgênicas poderia inibir o crescimento de plantas nativas afetando assim a biodiversidade; algumas espécies de plantas testadas se comportaram como “ervas daninha”; além da possibilidade de cruzamento de organismos comuns produzindo assim mutantes (GREENPEACE, 2007). A segurança dos (OGMs) envolve os mais rigorosos testes. A organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) desenvolveu o critério de equivalência substancial, cujos princípios são análises químicas e nutricionais para a identificação de semelhanças e diferenças entre cultivos geneticamente modificados e seus pares convencionais (CIB, 2011). Além disso, os derivados de OGMs utilizados na alimentação são submetidos às avaliações químicas, nutricionais, toxicológicas, com bases em protocolos rigorosos, reconhecidos internacionalmente por instituições de alta credibilidade, como a FAO, OMS, cujos resultados são submetidos à avaliação criteriosa por especialista (LAJOLO e NUTTI, 2003). Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.36-41, Jul-Ago-Set. 2012. Segundo o Conselho de Informação sobre Biotecnologia (CIB, 2009), estima-se que 70% de todos os alimentos processados contenham pelo menos um ingrediente derivado de soja ou milho, que podem ser transgênicos. Recentemente, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio) aprovou o feijão transgênico desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Com relação a este aspecto o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) manifesta-se preocupado, afirmando que a proposta apoia-se em dados insuficientes, uma vez que o processo não apenas ignora a necessidade de estudo de consumo a longo prazo e com animais em gestação, como também apresenta escassa análise de fluxo gênico, examina aspectos ambientais somente nos estados de Goiás, Minas Gerais e Paraná, e ainda admite desconhecimento sobre as razões de funcionamento do gene inserido (CONSEA, 2011). O Conselho Federal de Nutrição acompanha rigorosamente assuntos referentes à alimentação e principalmente ao desenvolvimento tecnológico de OGM assim, após várias análises dos fundamentos prós e contras, o mesmo decidiu manifestar-se contra a comercialização dos alimentos transgênicos (CFN, 2011). Os OGMs têm causado grande polêmica entre os pesquisadores e consumidores (MORIN, 2008). Pelo fato de ser uma tecnologia relativamente nova, precisa ser bem avaliada, exigindo cuidados especiais para evitar potenciais riscos para a saúde e para o meio ambiente (OLIVEIRA, 2009). Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi verificar os efeitos na histologia, peso dos órgãos de camundongos alimentados com ração à base de soja transgênica, analisar a composição centesimal, comparando-a com a soja convencional e avaliar a equivalência substancial. 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa de campo, longitudinal e descritiva, pois segundo Andrade (2009) neste tipo de pesquisa os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira nos resultados. Todos os procedimentos seguiram os requisitos da Lei n° 11.794 de 8 de outubro de 2008 e foram observados os Princípios Éticos na Experimentação Animal preconizada pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal - CONCEA. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa da Faculdade UNINOVAFAPI, sob o número 0025/10. Animais Foram utilizados 12 camundongos (Mus musculus) machos desmamados com aproximadamente 30 dias, oriundos do Centro de Zoonose de Teresina-PI. A pesquisa foi desenvolvida no Biotério de Experimentação Do Centro Universitário UNINOVAFAPI. Os animais foram mantidos por 10 dias com dieta de manutenção (LABINA® LTDA). Os mesmos foram mantidos em gaiolas de polietileno (30 cm largura x 40 cm comprimento x 20 cm altura), ciclo claro-escuro de 12-12 horas, temperatura de 22 - 24 ºC com água e ração ad libitum. Estes animais foram distribuídos de forma aleatória em 2 grupos: um grupo experimental (GE) n=6 alimentado com ração à base de soja transgênica e outro controle (GC) n=6 alimentados com ração comercial, ambos analisados por um período de 90 dias. 37 Sousa, N. S. et al. Os animais foram pesados de quinze em quinze dias durante todo o estudo e o consumo alimentar diário quantificado pela diferença entre a quantidade de ração colocada na gaiola (Ri) e o que restava durante quatro dias (Rf ), dividido pelo número de animais existente na gaiola. Para o sacrifício os animais foram anestesiados com Tiopental em dose letal (50 ml/ Kg) por via intraperitoneal. Após o sacrifício procedeu-se a retirada dos órgãos (fígado, rins, coração, baço, cérebro, tecido adiposo marrom e gordura visceral) para obtenção do peso úmido. Para o fígado, além do peso úmido realizou-se ainda a análise histológica. Minot (Leica RM 2035) ajustados para 5 mm. Em sequência, os cortes foram submetidos à técnica de coloração pela hematoxilina - eosina (H.E), sendo posteriormente analisados em microscópio de luz. Análise Estatística Os resultados foram analisados aplicando-se o teste T de Student. Adotando-se como nível de significância p<0,05, através do software Excel 2007. Análise Química da Soja 3 A equivalência substancial é um procedimento utilizado como forma de demonstrar a segurança de alimentos geneticamente modificados ao qual compreende análise química comparativa entre os cultivares transgênicos e convencionais (OLIVEIRA, 2009). Dessa forma, a análise da composição centesimal da soja transgênica BRS 270 RR, ciclo precoce, cor da flor roxa, pubescência cinza, cor do hilo marrom claro, foi realizada em triplicata, de acordo com a metodologia preconizada pela Association of Official Analytical Chemists – AOAC (1997). Assim, o teor de umidade foi determinado com utilização de estufa a 105ºC; as cinzas em mufla a 550ºC; os lipídios pelo método de Soxhlet, empregando-se éter de petróleo, os carboidratos por meio dos glicídios redutores e as proteínas determinado por diferença entre os constituintes. O mesmo procedimento foi realizado com a soja convencional (BRS Tracajá – cor da flor roxa, pubescência marrom clara, cor do hilo preta). Ambas as amostras fornecidas pela EMBRAPA - PI. Na tabela 1 são apresentadas a Composição Centesimal das amostras de soja transgênica resistente ao herbicida Roud-UP e soja convencional, representados pelos valores: teor de umidade, cinza, carboidrato, proteína, lipídio e valor calórico das farinhas de soja de ambas as amostras. Composição da Dieta *Tabelas: FRANCO (1999); IBGE (1999); NEPA (1976); PHILIPPI (2001); TACO ( 2002) e TBCA USP5.0 (2008). A ração foi preparada a partir da farinha de soja transgênica acrescida à ração comercial (LABINA®) numa proporção de 1: 3 o que corresponde a 25% de soja transgênica e 75% de ração comercial. Segundo a Sociedade Purina este valor para a soja transgênica é o mais próximo recomendado para manter uma dieta equilibrada para roedores. Os ingredientes foram pesados e homogeneizados com água. A massa obtida foi compactada em pellets e submetida à secagem em forno. A quantidade total de alimento necessária para uma semana foi calculada e preparada previamente, conservadas em embalagens de polietileno, identificada e mantida sob refrigeração. A composição da dieta experimental e ração comercial podem ser observadas no quadro 1. Quadro 1. Composição Centesimal da Ração Experimental e Controle (100/g ração) Componentes Ração Labina® (g) Farinha de soja transgênica (g) Carboidrato (%) Proteína (%) Gordura (%) Cinzas (%) Umidade (%) Energia (Kcal/g) Ração Experimental 75,00 25,00 46,81 29,45 3,21 4,52 11,96 93,13 Ração Controle Labina® 100,00 46,10 27,20 3,50 4,27 12,20 3,20 Fonte: Pesquisa Direta Análise Histológica O fígado dos camundongos foi desidratado em álcool etílico (concentrações crescentes), diafanizados pelo xilol, impregnados e incluídos pela parafina. A seguir os blocos foram cortados em micrótomo do tipo 38 RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 1. Comparação entre a Composição Centesimal (100g) da Soja Transgênica BRS 270 RR, Soja Convencional (Tracajá) e Soja Convencional (Tabela de Composição dos Alimentos - TCA) COMPONENTES SOJA BRS SOJA CONVENCIONAL 270RR (Tracajá) UMIDADE (%) 11,25 10,50 LIPÍDIOS (%) 2,39 1,53 CINZAS (%) 1,00 1,50 CARBOIDRATO (%) 48,98 38,98 PROTEÍNA (%) 36,38 47,49 VALOR CALÓRICO (Kcal/g) 362,95 359,65 * SOJA CONVENCIONAL TABELA DE COMPOSIÇÃO DOS ALIMENTOS 5,6-10,2 7,1 - 22,10 3,8-5,1 28,10 -38,0 14,0 - 40,5 363,0 - 404,0 Comparando-se os valores para cada componente da soja transgênica e convencional, observou-se diferenças entre os constituintes, em especial, carboidratos e proteínas quando comparados entre si. Fazendo relação dos valores encontrados com as tabelas de Composição de Alimentos - FRANCO (1999); IBGE (1999); NEPA (1976); PHILIPPI (2001); TACO (2002) e TBCA USP5.0 (2008), nota-se que estas diferenças se reduzem, no entanto, o carboidrato referente à soja transgênica assumiu valores acima dos de referência. Outros constituintes que se destacam com valores bastante reduzidos, são os lipídios e cinzas, tais diferenças se demonstram ainda mais expressivas quando compara-se os valores encontrados com os valores de referência. Para os constituintes umidade e valor calórico não há diferenças significantes apresentando-se dentro do intervalo de referência. Estudo semelhante foi realizado por Bezuti (2009) ao investigar a equivalência substancial de sojas transgênicas e convencionais produzidas em Goiás no período de 2004-2005, quando demonstrou haver diferenças significantes para os teores de proteínas, fibras insolúveis, ácido fitíco e isoflavonas, porém, o mesmo afirma não indicar alteração de equivalência substancial, uma vez que estas diferenças são possivelmente causadas por variações genotípicas e/ou condições ambientais as quais os grãos foram cultivados. Além disso, as diferenças existentes entre as duas variedades de soja podem ter possivelmente ocorrido, pelo fato das sementes transgênicas em estudo não corresponderem a sua similar convencional. A evidência da equivalência substancial tem sido demonstrada em vários estudos como o de Daleprane (2007) ao qual compara a composição centesimal de soja transgênica e orgânica encontrando os seguintes valores médios: umidades (5,21 ± 0,12 vs 6,54 ± 0,24); Lipídios ( 19,54 ± 0,23 vs 17,61 ± 0,11); Cinzas ( 1,94 ± 0,36 vs 2,36 ± 0,45); Proteínas (49,3 ± Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.36-41, Jul-Ago-Set. 2012. Efeitos da soja transgênica: estudo em camundongos Mus musculus 3,0 vs 47,7 ± 2,2); Fibras (4,59 ± 1,98 vs 4,31 ± 2,01) e Carboidratos (19,40 vs 21,44). Dados semelhantes também foram encontrados por Gomes (2000) e Silva (2006) ao qual em seus estudos especificam a proteína como macronutriente para investigação. Quanto ao consumo alimentar, os animais não apresentaram diferenças significativas quanto ao parâmetro em questão (figura 01), no entanto, observou-se períodos de pico de variação na ingestão alimentar ao longo do período estudado. Os camundongos são animais homeotermos, ou seja, regulam a temperatura corpórea dentro de uma estreita faixa de temperatura, mecanismo de compensação do organismo para se adaptar as condições do ambiente, no entanto, devido ao seu tamanho são extremamente susceptíveis a pequenas flutuações na temperatura podendo causar modificações na sua fisiologia (CHORILLI; MICHELIN; SALGADO, 2007). Na tabela abaixo são apresentados pesos úmidos dos órgãos dos animais em estudo. Tabela 2. Peso úmido dos órgãos de camundongos Mus musculus Figura 01. Ingestão média de ração á base de soja transgênica Na figura 2 apresenta-se a variação de peso médio dos camundongos, observa-se diferenças significativas para este parâmetro quando compara-se GC com GE. Figura 02. Peso médio de camundongos alimentados com dieta à base de soja transgênica. O presente estudo apresentou dados significantes ao nível de p<0,05 para peso corporal de animais alimentados com organismos geneticamente modificados diferentemente de estudos realizados por Flachowsky et al. (2007) ao qual envolve animais de fazenda - bovinos, ovinos, suínos, aves (frangos, galinha e codornas). Seus resultados mostram claramente que não houve diferença significativa (p<0,05) detectados em relação à ingestão alimentar, digestibilidade e ganho de peso corporal nestes animais, quando alimentados com milho, soja, batata e beterraba transgênicos. Da mesma forma Velimirov; Binter; Zentek (2008) em seu estudo com camundongos alimentados com ração à base de milho transgênico não encontraram alterações no que se refere ao consumo, peso dos órgãos e histologia dos animais analisados. Variações referentes ao consumo da ração e peso dos animais podem ser possivelmente decorrentes das alterações ocorridas no biotério, local de manutenção dos animais experimentais. Segundo Andrade, Correia e Oliveira (2006) fatores como temperatura, luz, ventilação, umidade, ruído e qualidade do ar devem ser controladas o máximo possível para evitar qualquer alteração. Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.36-41, Jul-Ago-Set. 2012. Os valores estão apresentados na forma de média ± EPM. GC Ração comercial;GE - Ração à base de soja transgênica. Letras distintas em uma mesma coluna denotam significância estatística ao nível de p<0,05. Pode-se perceber que não há diferenças significantes no que se refere ao peso úmido dos órgãos - rins, coração, tecido adiposo, gordura visceral e fígado (Tabela 2) o que também pode ser observado nos estudos de Schoder, M. (2007); Kiliç; Akay (2008) e Velimirov; Binter; Zentek (2008) realizado com animais experimentais com dieta à base de arroz e milho transgênico. No entanto, órgãos como baço e cérebro apresentaram menor de peso (p<0,05), porém, na literatura os relatos sobre os efeitos de alimentos geneticamente modificados são ainda escassos, dessa forma, são necessárias mais pesquisas para que se possa concluir que estas alterações são inerentes da alimentação. Como forma de avaliar mais precisamente os efeitos da ração à base de soja transgênica elegeu-se o fígado um órgão metabólico envolvido em processos de transformação de nutrientes para ser analisado histologicamente. As análises dos mesmos caracterizaram-se pela presença de infiltrado inflamatório, diferenciando-se apenas na intensidade e localização, no entanto, estas alterações foram aleatoriamente distribuídas nos dois grupos de estudo controle e experimental, portanto, sugere-se que as alterações não dependem da alimentação. Estudos semelhantes realizados com soja e milho transgênicos de Malatesta (2005); Kiliç; Akay (2008) e Velimirov; Binter; Zentek (2008) não demonstraram alterações histológicas em tecidos de animais experimentais analisados. 4 CONCLUSÃO Diante dos resultados, concluiu-se que, apesar das diferenças existentes na composição centesimal das amostras de soja transgênica e convencional, não se pode confirmar alteração da equivalência substancial, uma vez que, os cultivares analisados, não correspondem a seu similar convencional. Os animais experimentais utilizados no estudo quando alimentados com ração à base de soja transgênica não apresentaram alterações quanto ao consumo ou peso dos órgãos, não evidenciando efeito de insegurança na utilização de soja como componente da alimentação de animais. 39 Sousa, N. S. et al. No que se refere às alterações histológicas não se pode inferir que as mesmas sejam decorrentes da alimentação, uma vez que, ambos os grupos apresentaram as mesmas características. Sendo assim, estudo como este é de grande valia para busca de conhecimento, pois fornece subsídio para argumentação sobre a utiliza- ção e segurança da soja transgênica. No entanto, sugere-se a realização de novos estudos que utilizem diferentes concentrações de alimentos geneticamente modificados na ração de animais para melhor avaliação de seus efeitos, bem como, estudos com seres humanos avaliados a longo prazo verificando o consumo destes alimentos na espécie humana. REFERÊNCIAS ANDRADE, A.; CORREIA, S.; OLIVEIRA, R. S. Animais de laboratório: criação e experimentação. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006. 387 p. and safety assessment. Animal Feed Science and Technology. v. 133, n. 1, p. 2-30, fev. 2007. ANDRADE, M. M. 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Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, feita emartigos publicados na Biblioteca Virtual em Saúde, no Instituto Nacional do Câncer, em Manuais do Ministério da Saúde e em livros, publicados no período de 2001 a 2011. Os dados foram coletados e analisados de forma descritiva. Foram selecionadas onze fontes, duas do Instituto Nacional do Câncer, duas do Ministério da Saúde, seis artigos e um livro. Os resultados indicaram que o câncer representa a segunda causa de morte por doença no Brasil e que o câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres em quase todas as regiões e ocupa o segundo lugar apenas na região norte. O elevado índice se deve ao diagnóstico tardio de casos em estágios avançados da doença. As mulheres recebem poucas informações sobre os fatores de risco e de proteção para o câncer de mama, o que pode contribuir para aumentar a incidência da doença. Conclui-se que, atualmente, o câncer de mama apresenta elevada incidência e mortalidade em todo o mundo, representando um importante problema de saúde pública. Descritores: Fatores de risco. Prevenção do câncer de mama. Saúde da mulher. ABSTRACT The study aims to survey the literature of studies and sources on risk factors and protective against breast cancer. This is a literature search, made in articles published in the Virtual Health Library, the National Cancer Institute in the Ministry of Health Manuals and books, published between 2001 to 2011. Data were collected and analyzed descriptively. Eleven sources were selected, two from the National Cancer Institute, two of the Ministry of Health, six articles and a book. The results indicated that cancer is the second cause of death by disease in Brazil and that breast cancer is the most common among women in almost all regions and ranks second only to the northern region. The high rate is due to the late diagnosis of cases in advanced stages of the disease. Women receive little information about the risk factors and protective against breast cancer, which may contribute to increased incidence of disease. We conclude that currently, breast cancer has the highest incidence and mortality worldwide, representing a major public health problem. Descriptors: Risk factors. Breast cancer prevention. Women’s Health. RESUMEN Submissão: 10.02.2012 Aprovação: 11.05.2012 42 El estudio tiene como objetivo estudiar la literatura de estudios y fuentes de factores de riesgo y protectores contra el cáncer de mama. Se trata de una investigación bibliográfica, realizada en artículos publicados en la Biblioteca Virtual en Salud, el Instituto Nacional de Cáncer del Ministerio de Salud Manuales y libros, publicados entre 2001 y 2011. Los datos fueron recogidos y analizados de forma descriptiva. Once fuentes fueron seleccionadas, dos del Instituto Nacional del Cáncer, dos del Ministerio de Salud, seis artículos y un libro. Los resultados indicaron que el cáncer es la segunda causa de muerte por enfermedad en Brasil y que el cáncer de mama es el más común entre las mujeres en casi todas las regiones y ocupa el segundo lugar en la región norte del país. La alta tasa Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.42-45, Jul-Ago-Set. 2012. Fatores de risco e de proteção para o câncer de mama: uma revisão da literatura es debido al diagnóstico tardío de casos en etapas avanzadas de la enfermedad. Las mujeres reciben poca información sobre los factores de riesgo y de protección contra el cáncer de mama, lo que puede contribuir a una mayor incidencia de la enfermedad. Se concluye que en la actualidad, el cáncer de mama tiene mayor incidencia y mortalidad a nivel mundial, lo que representa un importante problema de salud pública. Descriptores: Los factores de riesgo. La prevención del cáncer de mama. Salud de la mujer. 1 INTRODUÇÃO O câncer de mama apresenta elevada incidencia e mortalidade em todo o mundo, representando um importante problema de saúde pública. Assim, em virtude do câncer de mama ser o mais temido entre as mulheres, sobretudo pelo impacto biopsicossocial que provoca e, consequente, diminuição da qualidade de vida, o estudo teve como objetivo fazer um levantamento na literatura sobre os fatores de risco e de proteção para o câncer de mama. O estudo se justifica pelo fato de o câncer de mama se caracterizar como um problema de saúde pública em face da sua elevada prevalência e morbimortalidade e por acometer um número elevado de mulheres no país, especialmente na região norte. Dessa forma, é importante realizar um levantamento bibliográfico sobre os fatores de risco e de proteção para o câncer de mama, e sugerir que os profissionais de saúde, especialmente os médicos, desenvolvam estudos sobre essa temática com a finalidade de melhorar o conhecimento na área e contribuir para a prevenção da doença ou o diagnóstico precoce, diminuindo as complicações, aumentando a efetividade do tratamento e a qualidade de vida das mulheres portadoras deste agravo à saúde. 2 METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, através de artigos publicados na Biblioteca Virtual em Saúde, no Instituto Nacional do Câncer, em Manuais do Ministério da Saúde e em livros publicados no período de 2001 a 2011, por meio das palavras chave: câncer de mama; fatores de risco; prevenção do câncer de mama; saúde da mulher. Os dados foram coletados e analisados de forma descritiva. Foram selecionadas onze fontes, duas do Instituto Nacional do Câncer, duas do Ministério da Saúde, seis artigos e um livro. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO As neoplasias constituem 13% de todas as causas de mortes mundialmente. A estimativa para 2020 é de 15 milhões de casos novos anuais, dos quais 60% serão registrados nos países em desenvolvimento. O Sistema de Informação da Mortalidade (SIM) registra que o câncer representa a segunda causa de morte por doença no Brasil. Em 2004, no Brasil houve 141 mil óbitos por câncer, destacando os de próstata e de pulmão no sexo masculino, e os de mama e do colo de útero no sexo feminino (BRASIL, 2008). De acordo com Instituto Nacional do Câncer - INCA (2011), raramente o câncer de mama ocorre antes dos 35 anos, acima desta idade a incidência cresce mais rápida e de modo progressivo, tanto em países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento. Dados da OrganizaRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.42-45, Jul-Ago-Set. 2012. ção Mundial da Saúde (OMS) mostrou que nas décadas de 60 e 70 houve um aumento de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Registros de Câncer de Base Populacional em diversos continentes do mundo.A cada ano, 22% dos casos novos de câncer em mulheres são de mama e ressalta-se que o prognóstico pode ser bom, desde que seja diagnosticado precocemente. O câncer de mama é o segundo tipo mais frequente no mundo, é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom. No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%. É relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. Estatísticas indicam aumento de sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Registros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes. A estimativa de novos casos em 2012 é de 52.680, com 12.098 mortes, sendo 11.969 mulheres e 129 homens (BRASIL, 2008). No Brasil, o câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres em quase todas as regiões. O elevado índice se deve ao diagnóstico tardio de casos em estádios avançados da doença. As estimativas de casos novos de câncer de mama para o Brasil em 2010 eram de 49.240, com um risco estimado de 49 casos a cada 100 mil mulheres. Já para o ano de 2012 esperam-se 52.680 casos novos de câncer da mama, com um risco estimado de 52 casos a cada 100 mil mulheres. O número de óbitos foram 12.098, sendo 11.969 mulheres e 129 homens (BRASIL, 2009; INCA, 2011). Na saúde pública, o câncer de mama feminino emerge como uma doença de importância cada vez maior em todas as partes do mundo. Isso ocorre, principalmente, devido à sua frequência elevada e à dimensão do problema. A inspeção e palpação das mamas, além da mamografia, são procedimentos utilizados para o diagnóstico precoce do câncer. A palpação das mamas pode ser executada pela própria mulher ou por um profissional treinado da área médica. Quando executado pela paciente, conhecido como auto-exame, é recomendado que esse exame seja realizado no sétimo dia do ciclo menstrual. Em mulheres menopausadas a palpação deve ser feita sempre em um mesmo dia de cada mês. O sucesso desse procedimento, quando realizado em alta escala populacional, requer forte motivação e o reconhecimento de que o câncer de mama é um perigo em potencial. A instrução sobre essas técnicas pode contribuir para alertar às mulheres sobre os potenciais riscos do câncer de mama. Assim é importante que as mulheres tenham conhecimento sobre os fatores de risco e proteção para o câncer de mama. Segundo Laurenti (2007), em pesquisa realizada nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, analisando óbitos em mulheres de 10 a 49 anos (ou seja, mulheres em idade fértil), as dez primeiras causas de morte encontradas foram às seguintes, em ordem decrescente: acidente vascular cerebral, AIDS, homicídios, câncer de mama, acidente de transporte, neoplasia de órgãos digestivos, doença hipertensiva, doença isquêmica do coração, diabetes e câncer de colo do útero. No Brasil, o câncer de mama acomete anualmente um número elevado de mulheres, apresentando alto índice de mortalidade na população 43 Moura, S. R.B. et al. feminina. Trata-se de uma neoplasia que tem seus fatores de riscos relacionados à raça, cor, ambiente, hábitos alimentares, dentre outros. O câncer é o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. Essas células se dividem rapidamente e tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores malignos, que podem espalhar-se para outras regiões do corpo. O câncer possui causas variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo. As causas externas referem-se ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes do indivíduo. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, e estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. A prevenção do câncer nem sempre é possível, mas há fatores de risco que estão na origem de diferentes tipos de tumor. O câncer pode surgir em qualquer parte do corpo, mas alguns órgãos são mais afetados do que outros. Entre os mais afetados estão pulmão, mama, colo do útero, próstata, cólon e reto (intestino grosso), pele, estômago, esôfago, medula óssea (leucemias) e cavidade oral (boca). Cada órgão, por sua vez, pode ser afetado por tipos diferenciados de tumor, menos ou mais agressivos (BRASIL, 2009). A melhor forma de prevenção primária do câncer de mama é a amamentação e a adoção de um estilo de vida saudável, incluindo a prática regular de atividade física, a manutenção de peso corporal adequado e o consumo moderado ou ausente de álcool. A lactação, bem como a prática de atividade física são fatores protetores para o câncer de mama, tanto na pré-menopausa quanto na pós-menopausa (INUMARU; SILVEIRA; NAVES, 2011). Para Lima et al. (2011), embora poucas mulheres realizem o autoexame das mamas, observa-se que o exame clínico das mamas é a prática preventiva do câncer de mama mais utilizada. Destaca-se a necessidade de uma orientação mais efetiva em relação aos demais métodos, objetivando mobilizar as pessoas para a adoção de tais práticas. De acordo com o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher - PAISM, a atenção a saúde da mulher não deve se restringir a assistência materno-infantil nem se limitar as fases da vida em que a mulher tem capacidade de reprodução, ela deve englobar todo o ciclo vital da mulher A operacionalização destas diretrizes deve se dá por meio da implementação de ações de assistência organizadas nos três grandes blocos: assistência relacionada ao exercício da maternidade; assistência clínico-ginecológica; assistência ligada ao planejamento familiar. Por ultimo, as ações educativas devem ser feitas em todos os contatos da mulher com os serviços de saúde, especialmente sobre o exercício da sexualidade, fisiologia reprodutiva, doenças sexualmente transmissíveis, saúde reprodutiva, ginecopatias prevalentes, climatério e informações sobre hábitos, higiene e alimentação. A política de saúde da mulher deverá ser compreendida em sua dimensão mais ampla, objetivando a criação e ampliação das condições necessárias ao exercício dos direitos da mulher, seja no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, seja na atuação em parceria do setor saúde com outros setores governamentais, com destaque para a segurança, a justiça, trabalho, previdência social e educação. A atenção integral à saúde da mulher refere-se ao conjunto de ações de promoção, proteção, assistência e recuperação da saúde, executadas nos diferentes níveis de atenção à saúde da básica à alta complexidade (BRASIL, 2011). O tratamento do câncer é feito por meio de uma ou várias modalidades combinadas. A principal é a cirurgia, que pode ser empregada em conjunto com radioterapia, quimioterapia ou transplante de medula óssea. O médico vai escolher o tratamento mais adequado de acordo com a localização, o tipo do câncer e a extensão da doença. Todas as modalida44 des de tratamento são oferecidas pelo SUS (BRASIL, 2009). Segundo Folgueira et al. (2011), a quimioterapia adjuvante reduz a mortalidade por câncer de mama, sendo a sua indicação realizada segundo características do paciente e do tumor. Estas incluem idade, estado menopausal, tamanho do tumor, comprometimento linfonodal, grau de diferenciação, expressão de receptores de estrógeno e HER2/neu, (Human Epidermal growth factor Receptor 2), conhecido também como ErbB2 é um oncogene localizado no cromossomo 177, que se expressa em 25% a 30% dos casos de câncer de mama. Um desafio a ser equacionado é que a vantagem de sobrevida associada à quimioterapia adjuvante é descrita em um grupo de pacientes, sendo avaliada em cada indivíduo particularmente, apenas como uma probabilidade. Dessa forma, devemos considerar o risco de um paciente individual sofrer toxicidade desnecessária, pois de um lado estaria curado após o procedimento cirúrgico isoladamente e, por outro lado, não se beneficiaria da quimioterapia, sofrendo recidiva mesmo com sua utilização. Outra questão é se existe vantagem do uso de determinadas classes de quimioterápicos, como taxanos ou antraciclinas para cada paciente. Portanto, é altamente desejável a identificação de marcadores preditivos, com alta acurácia, do benefício da quimioterapia. O tratamento quimioterápico pode resultar em complicações para os pacientes como: mal estar, vômito, cefaléia, gerando insegurança para o paciente e família. Salles e Castro (2010), ao validar um material informativo a pacientes em tratamento quimioterápico e aos seus familiares coloca que poderá facilitar a ação dos profissionais da saúde, o qual busca inserir a família nesse novo contexto, o da doença, em um momento que ainda estão abalados com o diagnóstico. A desospitalização viabilizada pelo tratamento ambulatorial e em hospitais-dia faz com que a família em casa tenha que saber lidar com os efeitos colaterais do tratamento, e por isso a importância da educação para o autocuidado, a fim de se garantir a continuidade da assistência em casa, bem como a qualidade do tratamento, ao mesmo tempo em que favorece o vínculo. 4 CONCLUSÃO Na saúde pública, o câncer de mama feminino emerge como uma doença de importância cada vez maior em todas as partes do mundo. Isso ocorre, principalmente, devido à sua frequência elevada e à dimensão do problema. O câncer é considerado um grave problema de saúde pública mundial, não só pelo número de casos crescentes diagnosticados a cada ano, mas também pelo investimento financeiro que é demandado para realizar diagnósticos e tratamentos. As mulheres recebem poucas informações sobre os fatores de risco e de proteção para o câncer de mama, o que pode contribuir para aumentar a incidência da doença. O principal meio de informações sobre os fatores de risco e proteção para o câncer de mama é a mídia, por meio da televisão, rádio, folhetos e internet em detrimento da educação em saúde feita para as mulheres nos serviços de saúde. Assim, as mulheres necessitam de mais conhecimento dos fatores de risco e de proteção para o câncer de mama por meio dos serviços de saúde, como: tabagismo; bebidas alcoólicas; historia familiar; autoexames das mamas; consultas e exames de rotina e amamentação. As medidas de prevenção para o diagnóstico precoce do câncer de mama podem resultar na diminuição da mortalidade e as campanhas preventivas devem ser realizadas sobre a técnica e a importância do autocuidado. Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.42-45, Jul-Ago-Set. 2012. Fatores de risco e de proteção para o câncer de mama: uma revisão da literatura REFERÊNCIAS BRASIL. Instituto Nacional de Câncer (INCA) Estimativa do controle do câncer de mama. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde, 2011. ________.Ministério da Saúde - Assistência Pré-natal - Normas e Manuais Técnicos, Centro de Documentação do MS, Brasília, 2011. ________. Instituto Nacional do Câncer (INCA). As Ações de Enfermagem para o Controle do Câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3. ed. Rio de Janeiro: INCA, 2008. 159p. ________. Ministério da Saúde (BR). Guia prático do programa saúde da família. Brasília: Ministério da Saúde; 2001. FOLGUEIRA, M. A. A. K. et al. 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Porto Alegre: Artmed, 2006. 45 REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN O painel democrático-cultural brasileiro com o advento da lei de acesso à informação - (lei nº 12.527/11) The panel-democratic cultural Brazilian with the advent of the law on access to information - (Law No. 12.527/11) El paneldemocrático-cultural brasileño con el advenimiento de la ley de acceso a la información - (Ley N º 12.527/11) Auricélia do Nascimento Melo Mestre em Direito Constitucional. Professora do Centro Universitário UNINOVAFAPI/UESPI. e-mail: [email protected] Francisco Alencar de Vasconcelos Neto Graduado em Direito pela Faculdade de Saúde, Ciências Humanas e Tecnológicas do Piauí- NOVAFAPI RESUMO O trabalho aborda as inovações no painel democrático-cultural brasileiro com o advento da Lei de Acesso à Informação. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental, fundada numa análise sociológica crítica e descritiva, e teve como objetivo a identificação dos pontos democráticos e culturais capazes de transformar a relação Estado e sociedade, bem como incentivar e apontar a importância dessa lei para a concretização e eficácia do direito fundamental da informação na vida cultural dos cidadãos (administradores e administrados), além de enfatizar a sua relevância como marco no direito e na história do Brasil. Por se ater a um direito fundamental, a Lei nº 12.527/11 regulou a divulgação e o acesso à informação pela internet e outros meios, observando as necessidades dos deficientes físicos, dos pobres, dos documentos danificáveis, da proteção ao patrimônio financeiro, cultural e histórico do Estado e do sigilo das informações para a segurança nacional e para resguardo da privacidade das pessoas, aprimorando, assim, o jogo de complementariedade e ponderação entre os princípios constitucionais. Além disso, a lei traz a tipificação de condutas ilícitas, ritos e sanções, se fixando como instrumento fortalecedor da transparência, do controle e da fiscalização, como fonte de novos serviços e órgãos na estrutura do funcionamento público e como meio eficaz do amadurecimento da democracia e da cidadania do povo brasileiro. Descritores: Democracia. Acesso à informação. ABSTRACT The work approaches the construction of brazilian panel democratic-cultural with the advent of the Law of access to information. It is a bibliographic research and documentary, based on a sociological analysis critical and descriptive, and aims at identifying the democratic and cultural capable of transforming the relationship Status and society, as well as encourage and pointing out the importance of this Law for the implementation and effectiveness of the fundamental right to the information in the cultural life of the citizens (administrators and administered), in addition to emphasize its relevance as march in law and in the history of Brazil. By sticking to the one fundamental right, the Law nº 12.527 /11 regulates the distribution of and access to information by the internet and other means, observing the needs of the physically disabled people, the poor, the documents damageable instruments, protection of heritage financial, cultural and historical of the State and the secrecy of information for national security and guard the privacy of people, improving the game of complementarity and weighting between the constitutional principles. In addition, the Law brings the typification of illicit conduct, rites and sanctions, if setting as an instrument strengthen transparency, control and supervision, as a source of new services and components in the structure of functioning public and as an effective means of maturing of democracy and citizenship of the Brazilian people. Descriptors: Democracy. Access to information. RESUMEN Submissão: 06.03.2012 Aprovação: 15.05.2012 46 El documento analiza las innovaciones en el panel democrático-cultural brasileña con el advenimiento de la Ley de Acceso a la Información. Este es un bibliográfica y documental, basado en un Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.46-51, Jul-Ago-Set. 2012. O painel democrático-cultural brasileiro com o advento da lei de acesso à informação - (lei nº 12.527/11) análisis sociológico crítico y descriptivo, y tiene como objetivo identificar los puntos democráticos y culturales que transforman la relación entre el Estado y la sociedad, así como fomentar y señalan la importancia de esta ley para lograr y la eficacia del derecho fundamental a la información en la vida cultural de los ciudadanos (administradores y administrados), y hacer hincapié en su importancia como un hito en el derecho y la historia de Brasil. Al seguir a un derecho fundamental, la Ley N º 12.527/11 regulado divulgación y acceso a la información a través del Internet y otros medios, la observación de las necesidades de los discapacitados, los pobres, los documentos dañables, la protección de la riqueza financiera, cultural e histórico Estado y la confidencialidad de la información para la seguridad nacional y para proteger la privacidad de las personas, mejorando así el juego de la complementariedad y el equilibrio entre los principios constitucionales. Por otra parte, la ley trae la tipificación de una conducta ilegal, los ritos y las sanciones, estableciéndose como una herramienta para fortalecer la transparencia, el control y la vigilancia, como fuentes de nuevos servicios y la estructura de los órganos que funcionan como un público eficaz y la maduración de la democracia y la ciudadanía del pueblo brasileño. Descriptores: Democracia. Acceso a la información. 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho se concentra nas contribuições do direito fundamental da informação ao Estado Democrático de Direito e ao quadro cultural brasileiro frente à proposta inaugurada pela Carta Magna de 1988 e, hoje, regulamentada pela Lei nº 12.527/11. E faz isso, por meio de uma modelagem do comportamento cultural do povo brasileiro em controlar a Administração Pública e por uma reforma estrutural nas instituições e nos serviços relativos à divulgação de dados. Trata-se da disponibilização de meios, órgãos, instrumentos e mecanismos legais viabilizadores de um novo modo de ver e fiscalizar as coisas do Estado. O direito à informação, como direito fundamental, é uma conquista proveniente de um momento histórico calcado no pluralismo, na democracia e na participação popular dos assuntos da Administração Pública. Ele incentiva a participação, o controle e a fiscalização do cidadão sobre as coisas públicas. Ele possibilita a cobrança e a exigência de respostas positivas dos gestores e dos órgãos administrativos. Como grande mola propulsora da cidadania e da liberdade de informação na história do Brasil, a Constituição Federal de 1988 é uma carta dogmática e eclética, fruto de um momento histórico calcado na liberdade e no respeito aos direitos fundamentais, na transparência da Administração Pública e na participação popular. Dentre todas as constituições brasileiras foi a que mais fortaleceu as instituições democráticas e a que rompeu com o período ditatorial militar e com a tradição nominativa das constituições anteriores. Fruto da Carta de 1988, a Lei nº 12.527/11 está pautada nos princípios da Administração Pública e nos direitos e garantias fundamentais. Portanto, é dever do Estado divulgar e publicizar atos e gastos da Administração Pública, assim, também como é dever do Estado controlar o acesso e a divulgação de informações sigilosas produzidas por seus órgãos e entidades, assegurando sua proteção e a privacidade dos indivíduos. Esse artigo abordará o novo perfil democrático-cultural brasileiro, e apontará a importância da Lei de Acesso à Informação para a Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.46-51, Jul-Ago-Set. 2012. concretização do direito fundamental da informação na vida cultural dos brasileiros (administradores e administrados), bem como as mudanças estruturais no funcionamento do Estado e a relevância da Lei nº 12.527/11 para a democracia e para a história do direito pátrio. 2 OS DIREITOS FUNDAMENTAIS E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 Os direitos fundamentais são frutos da busca incessante do homem pela liberdade, pela dignidade e pela defesa individual. Esses direitos tiveram origem com a Declaração de Direitos de Bom Povo de Virgínia, de 1776, e em seguida, com a Declaração dos Direitos do Homem e do cidadão (1789). Eles estiveram positivados na Constituição Brasileira de 1824, na Constituição da Bélgica de 1831, também foram abordados no Manifesto Comunista de Karl Marx (1848) e na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 (MELO, 2009). Baseando-se na classificação da doutrina majoritária, os direitos fundamentais seguem períodos de conquistas e aquisição graduada de paradigmas e valores, que rompem com tradições passadas de maneira lenta e incremental. Assim, diz-se que os direitos fundamentais de primeira geração (os direitos individuais e os direitos políticos) surgiram no século XVIII, com a concepção do Estado Liberal, protegendo os indivíduos dos abusos do Estado. Já os direitos de segunda geração nasceram no século XX, sob os ideais do Estado Social e correspondem aos direitos sociais, econômicos e culturais. Os de terceira geração são aqueles direitos que surgiram sob os auspícios do Estado Democrático de Direito, no final do século XX. São os direitos difusos, ou seja, o direito ao meio ambiente, o direito do consumidor e o direito ao patrimônio cultural-histórico. Eles visam à proteção do gênero humano, e tem emblemática capacidade de universalidade. Já os direitos de quarta geração correspondem aos direitos expressos da democracia participativa, que são apontados como sendo o direito à informação e ao pluralismo. Para os que defendem a existência da quinta geração dos direitos fundamentais, eles são aqueles relativos à biotecnologia e a informática (MELO, 2009). Como visto, a liberdade de informação é um direito fundamental, e esteve muito timidamente presente em algumas constituições brasileiras. A Constituição de 1824 falava em publicização de despesas públicas e de informações do governo, inclusive “o direito de intervir todo o cidadão nos negócios da sua província, e que são imediatamente relativos à seus interesses peculiares” (art.71). Na Constituição de 1891 foi fornecida a declaração dos direitos individuais, inclusive com o acréscimo do habeas corpus. Foi um diploma nominativo, pois suas disposições não foram férteis na realidade. Sua vigência foi marcada por um período fortemente influenciado pelo coronelismo, pela pouca liberdade e pela rara informação. Em 1926, a Carta foi reformada, passando a ter caráter centralizador e autoritário. Já a Constituição Federal de 1934 foi promulgada por diretrizes sociais, criou o mandado de segurança e a ação popular no capítulo dos direitos e garantias individuais (art. 113). Foi marco da transição do regime democrático liberal para o democrático social, e assegurava a prestação de informações ao poder legislativo e ao cidadão. A Constituição de 1937 inicia o Estado Novo, e foi inspirada na Carta Ditatorial Polonesa de 1935. Ela reduziu a esfera dos direitos individuais, desconstitucionalizando o mandado de segurança e a ação popular, desarmonizou a separação dos poderes e instaurou um período de desinformação e autoritarismo. 47 Melo, A. N., Neto, F. A. V. A Constituição de 1946 cumpriu a tarefa de redemocratização do país e no § 36 do artigo 141 prega o direito à informação, assegurando o rápido andamento dos processos nas repartições públicas, a ciência aos interessados dos despachos e das informações a que eles se refiram;a expedição das certidões requeridas para defesa de direito e a expedição das certidões requeridas para esclarecimento de negócios administrativos, salvo se o interesse público impuser sigilo. Na Constituição do Brasil de 1967 foi concentrado poderes na União e privilegiou o poder executivo em detrimento dos outros poderes, baseou toda a estrutura de poder na segurança nacional, e embora apresentasse rol de direitos fundamentais, os reduziu bastante, ao passo que, ampliou o rol dos direitos dos trabalhadores, além de ter criado uma ação de suspensão de direitos políticos e individuais (art. 151). Com a Emenda Constitucional nº 1 de 1969, editada em 17/10/1969, os poderes atribuídos ao Presidente da República impossibilitaram a manutenção de um Estado Democrático de Direito, somado a isso, estava a suspensão dos direitos individuais e a instauração de um período ditatorial cruel para a liberdade de expressão e a de informação do povo brasileiro. Assim, tomando as bases de uma sociologia crítica de Fernandes (2008) a presente análise da cultura do brasileiro deve se fundar na reflexão questionadora da realidade e do pensamento social, interrogando a dinâmica da realidade com o fito de descobrir as tendências e discutir as interpretações prevalecentes e explicar a cultura da informação sobre o que é público, contribuindo para o conhecimento das condições lógicas e históricas da reconstrução da realidade. Deve-se, pois, questionar o real e o pensado, descortinar as diversidades, desigualdades e antagonismos, avaliar e recriar propostas teóricas da sociologia e do direito para visualizar o painel democrático-cultural do povo brasileiro no que diz respeito à divulgação e ao acesso à informação. Assim, sob uma perspectiva crítica, impende ressaltar a história e os paradoxos de dois grandes períodos de construção histórico-cultural: O regime militar e a redemocratização do país, através da Carta Cidadã. O Regime militar foi instaurado em 1964 estendeu-se por 21 anos, com medidas autoritárias, com atos institucionais de fortes previsões de centralização de poder no executivo, com eleições indiretas, com extinção de partidos políticos, com fraudes e disfarças no jogo político, cassações e exílios, com repressão de movimentos sociais, com o crescimento dos órgãos de informação das Forças Armadas para a perseguição de guerrilheiros, com exposta violência da polícia e do exército, sem liberdade de informação, manifestação e de pensamento, sem participação popular e sem cidadania. A partir de 1974, Ernesto Geisel busca realizar a “abertura política”, com a entrega do poder aos civis e a desmontagem do aparelho repressivo, no entanto, somente, em 1985, numa complicada manobra política, a oposição assume o poder, “ainda que se valendo de uma chapa bastante conservadora e do apoio de políticos que antes haviam participado do regime militar” (VICENTINO; DORIGO, 2001, p. 613). De qualquer maneira, os 21 anos de ditatura militar haviam terminados, e um novo período se iniciava no país. Foi convocada uma Assembleia Constituinte, eleita em 1986, e em outubro de 1988 foi promulgada a Constituição Cidadã, em que os direitos fundamentais, a liberdade política e de expressão, e a separação dos poderes foram defendidas, bem como, a cidadania participativa. A Constituição Federal de 1988 propõe a participação do povo na Administração Pública como eficiente meio de controle, fiscalização, conscientização e inclusão da gestão e dos recursos públicos. Como auxílio aos 48 mecanismos do exercício cidadão, a Constituição Federal assegura a Liberdade de informação, constituindo-secomo o direito que os cidadãos têm de serem informados sobre todas as relações do Estado. Ninguém poderá restringir ou embaraçar o acesso à informação. Todos os mecanismos que buscam a eficácia do direito e garantia fundamental do acesso à informação ajudam a construir o Estado, a consolidar os fundamentos da República Federativa do Brasil expressos no primeiro artigo da Carta Magna, bem como a robustecer a grade expressa na Constituição (art. 3º) dos objetivos da República. Assim, como todo direito fundamental, a liberdade de informação pode ser exercida junto a vários outros direitos fundamentais com interdependência, sem coalizões ou choques, sempre, em harmonia, de forma a se complementarem, devendo ser interpretados de maneira conjunta, com o fim de sua plena realização. Apesar de já transcorrido mais de duas décadas da promulgação da Constituição Federal de 1988, a Lei de Acesso à informação atende ao processo de adaptação da confiança e da respeitabilidade das instituições democráticas do país, e da consequente, renovação cultural do povo brasileiro. 3 LEI Nº 12.527/2011 E AS MUDANÇAS NO PAINEL DEMOCRÁTICO BRASILEIRO A Lei nº 12.527/11 é fruto do projeto de Lei nº 41 da Câmara dos Deputados apresentada em 30 de abril de 2010 pelo deputado federal Reginaldo Lopes (Partido dos Trabalhadores – Minas Gerais), cuja ementa tratava em regular o acesso à informação previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; alterar a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revogar a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005 e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dar outras providências. A Lei foi sancionada em 16 de novembro de 2011, determinou um prazo de 180 dias para os órgãos se adequarem à legislação, e entrou em vigor no dia 16 de maio de 2012, regulamentando e obrigando a prestação de informações a respeito das atividades dos órgãos públicos federais, estaduais e municipais e, também, de atividades das entidades privadas sem fins lucrativos que recebem recursos públicos para a realização de ações de interesse público em parceria ou convênios com o governo. Assim, a Lei nº 12.527/11 garante o direito ao acesso e divulgação da informação das gestões, o direito do pedido de acesso à informação e os recursos contra seu indeferimento e a regulamentação das restrições de acesso à informação, através dos seus respectivos procedimentos garantidores. Ademais, essa lei tratou de especificar a classificação da informação quanto ao grau e prazos de sigilo, proteção, controle e procedimentos de classificação de dados sigilosos, tratamento das informações pessoais, tipificação de condutas ilícitas geradoras de responsabilidade dos agentes públicos, além da criação de órgãos e serviços, como a Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a instituição do Núcleo de Segurança e Credenciamento no âmbito do Gabinete Institucional da Presidência da República e os Serviços de Informação ao Cidadão (SIC). Pela Lei, os órgãos e entidades do poder público devem prestar serviços de informação em local com condições apropriadas para realizar audiências ou consultas públicas, devem promover incentivos à participação popular ou a outras formas de divulgação, devem atender e orientar o público e protocolizar documentos e requerimentos de acesso a informações. Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.46-51, Jul-Ago-Set. 2012. O painel democrático-cultural brasileiro com o advento da lei de acesso à informação - (lei nº 12.527/11) Para a divulgação, a Lei entende que os órgãos devem utilizar todos os meios e instrumentos legítimos de que dispuserem (carta, telefonemas e outros), sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da rede mundial de computadores (internet), e que esta divulgação disponha de ferramentas de pesquisa de conteúdo que permita o fácil acesso à informação; que possibilite a gravação e análise de relatórios; que possibilite o acesso automatizado por sistemas externos em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina; que, também, faça tal divulgação detalhando os formatos utilizados para estruturação da informação, garantindo a autenticidade e a integridade das informações, mantendo-as atualizadas, indicando local e instruções que permitam ao interessado comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entidade detentora do sítio, e, por fim, adotando as medidas necessárias para garantir a acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência. Impende observar que a divulgação via internet exclui municípios com menos de 10 mil habitantes de apresentar dados sobre as operações municipais, embora, sejam os mesmo obrigados a prestarem informações aos cidadãos solicitadores. Sobre o processamento de pedidos de Informação, a Lei disciplina que qualquer interessado poderá apresentar pedido de acesso a informações. O pedido deve conter a identificação do requerente e a especificação da informação requerida, sendo vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da solicitação de informações de interesse público. Caso o órgão possa oferecer a informação de imediato, a mesma deverá ser prestada. No entanto, se houver necessidade de pesquisa, o órgão tem 20 dias, prorrogáveis por mais 10, para atender à demanda. Neste caso, o órgão ou entidade pública tem que comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão que indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou parcial, do acesso pretendido; ou que comunicar que não possui a informação, indicar, se for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o interessado da remessa de seu pedido de informação. Decorrido o prazo máximo, o agente público tem que justificar o motivo da não prestação das informações. O servidor público que não prestar as informações e não justificar a negação poderá sofrer sanções administrativas e até ser processado por improbidade. Se as informações solicitadas não puderem ser prestadas, o órgão requerido terá de apresentar uma justificativa, que, se não aceita pelo cidadão solicitante, este poderá apresentar, em 10 dias, recurso no próprio órgão. Trata-se de um recurso administrativo endereçado à autoridade superior que proferiu a decisão impugnada. Se não lograr êxito, poderá apresentar recurso à Controladoria Geral da União (CGU). Se a negativa permanecer, o recurso poderá ser remetido à Comissão Mista de Reavalização de Informações, instituída pela lei. Esta comissão avaliará o sigilo de dados públicos e as justificativas apresentadas pelo órgão público para não prestar as informações solicitadas, e se entender que os dados podem ser divulgados, a comissão acionará o órgão para que atenda ao pedido do cidadão. É interessante frisar que no caso de indeferimento de pedido de desclassificação de informação protocolado em órgão da Administração Pública Federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da área, sem prejuízo das competências da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, previstas no art. 35. No entanto, se for indeferido o recurso que tenha como objeto a desclassificação de informação secreta ou ultrasRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.46-51, Jul-Ago-Set. 2012. secreta, caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações. Assim, a Lei reforça a garantia constitucional do cidadão ao acesso à informação, munindo-o de vários mecanismos legais, além disso, ela esclarece a complementaridade da liberdade de informação aos demais direitos fundamentais, pregando que “não poderá ser negado acesso à informação necessária à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais” (art.21). Há informações que não podem ser prestadas por serem consideradas sigilosas, como os assuntos secretos do Estado, os casos que correm em segredo de justiça, dados pessoais dos agentes públicos ou privados, informações relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas ou aquelas que possam colocar em risco a vida, a segurança, a saúde da população, a segurança nacional, a defesa, a integridade do território nacional, planos e estratégias das Forças Armadas, a estabilidade financeira ou econômica e monetária do Estado, as relações internacionais, as atividades de inteligência, as investigações e fiscalizações em andamento, os projetos de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico, as atividades de investigação policial ou a segurança de instituições e de autoridades nacionais ou estrangeiras, bem como, as informações que puderem colocar em risco a segurança do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônjuges e filhos (as) até o fim de seu mandato. Os dados pessoais não são públicos, e, portanto, para efeitos da Lei nº 12.527/11, tem seu acesso restrito. A restrição dessas informações independe de classificação de sigilo, pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da sua data de produção. Essas informações até poderão ser disponibilizadas, mas o acesso a elas deve ser individual, pessoal, ou por terceiros, mas, apenas, em situações excepcionais permitidas na Lei. Já as informações classificadascomo sigilosas pelas autoridades são aquelas cuja Lei de Acesso a Informações prevê alguma restrição de acesso por autoridade competente, desde que classificada seu conteúdo como imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado. A Lei entendeu que as informações sigilosas podem ser classificadas de três tipos: Ultrassecreta, secreta e reservada. As informações ultrassecretas têm o prazo de secreto de 25 (vinte e cinco) anos, podendo ser renovável uma única vez. As secretas possuem o prazo de secreto fixado em 15 (quinze) anos, e as reservadas, em 05 (cinco) anos. Nesses casos, o órgão é obrigado a apresentar, de forma motivada, uma justificativa para a negação. Lembrando, que o Estado é responsável pela guarda e pela divulgação das informações que o pertence, conforme dispõe o art. 34 da Lei nº 12.527/11. A Lei preocupou-se em informar com clareza, acessibilidade, de forma gratuita e atualizada todos os atos de interesse coletivo dos órgãos públicos. Para isso, foram garantidas ferramentas de pesquisa, de acessibilidade aos deficientes físicos (art.8º, §3º, VIII), mecanismos de gratuidade para os pobres na forma da lei (art.10, §6º e paragrafo único do art. 12), de respeito ao patrimônio público histórico-cultural e documentos passíveis a danos e deformações (art.13), assim, como o respeito aos direitos humanos e aos direitos fundamentais (art.21 e parágrafo único). Além disso, tipificou condutas ilícitas (art.32),e penalidades (art.33), recursos e ritos (arts.14 ao 20) para eventuais descumprimentos dos preceitos de acessibilidade à informação. 4 A CULTURA DA INFORMAÇÃO NO BRASIL A Lei Geral de Acesso à informação visa promover e desenvolver a cultura da transparência e do acesso à informação no Brasil. Essa promo49 Melo, A. N., Neto, F. A. V. ção cultural é um fenômeno que impõe a transformação da vida cotidiana e cria estratégias de adaptação ao novo contexto.Essas mudanças passam, obrigatoriamente, por uma revisão e uma consciencialização da história do grupo, por novas orientações de crenças e valores sociais, pela criação de novos rituais e de novas linguagens, de novos órgãos e de novas regras, orientando e respondendo as necessidades de identidade da nação. A Lei nº 12.527/11 é conquista da vontade efetiva de conservar o grupo com a identidade da transparência e da participação na vida da Administração Pública brasileira. Não restam dúvidas, que a Lei nº 12.527/11 é fruto da inquietação dos brasileiros em fortalecer o Estado Democrático de Direito, em visível contraposição à repressão e ao aniquilamento da liberdade de informação, de expressão e manifestação do pensamento vividos na era ditatorial militar. 4.1 A Cultura de transparência da Administração Pública Em fase de adaptação cultural, o Estado, no dever de facilitar o acesso à informação,tem que observar os princípios básicos da Administração Pública (art.37, CF/88) e as diretrizes procedimentais da lei: a) a regra da publicidade como preceito geral e a do sigilo como exceção; b) a divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações; c) a utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação; d) o fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na Administração Pública e e) o desenvolvimento do controle social da Administração Pública (art.3º da Lei nº 12.527/11). A Lei prega que cabe aos órgãos e entidades do poder público assegurar a gestão transparente da informação; a proteção da informação, garantindo sua disponibilidade, autenticidade e integridade; e a proteção da informação sigilosa e da informação pessoal (art.6º). A nova legislação altera o quadro sociocultural do brasileiro. Segundo ela, a cultura de transparência na Administração Pública deve ser fomentada e desenvolvida. É nesse sentido, que se busca, inclusive, descomplicar as finanças públicas, simplificar os procedimentos administrativos e clarear as normas, regras e o modo de funcionamento das gestões governamentais. O fomento dessa cultura é o meio de aproximação entre administradores e administrados. 4. 2 A cultura do acesso à informação pelo cidadão Por outro lado, há o fomento da cidadania. A Lei de Acesso à Informação alterou o comportamento do cidadão, dando-o maior liberdade de participação e interferência nas coisas públicas. A Lei nº 12.527/11 disponibilizou ferramentas parauma inteligente e responsável ação fiscalizadora do Estado. Ela mudou as relações entre Estado e sociedade no Brasil, transformando e promovendo mudanças de interação na comunidade. Essa Lei construiu uma nova forma de pensar e fazer o social. Toda essa construção é fruto de um processo histórico, que teve início em 1988 com os exercícios da soberania popular, com a liberdade de imprensa, com a forte corrente do ativismo judiciário e com o trabalho conjunto de órgãos combatentesda corrupção, como o Ministério Público, o Conselho Nacional de Justiça e outros. Apesar das anomalias indesejáveis da vida social, a cultura é forte e importante fator modelador de um povo, marca de nação, construção de identidade, caráter e interação de uma população. O Brasil vive a desconstrução cultural de períodos de instabilidade e de corrupção na Ges50 tão pública. E, aos poucos, edifica um imponente sistema de cidadania e controle popular. Abrucio (2012) diz que a Lei de Acesso à Informação torna-se escola de cidadania, em que por meio de uma maior transparência do funcionamento governamental, o cidadão se capacita no controle inteligente do Estado ena identificação dos problemas da Administração Pública. É indubitável, que com a acessibilidade à informação, o cidadão em conjunto com outros órgãos de fiscalização, com ações judiciais e com o voto fortalece o sistema controlador da gestão e modela comportamentos dos agentes públicos. Ademais, a Lei possibilita a reduçãodo custo de uma determinada informação. O cidadão não terá que demandar tempo para obtenção de simples informações, além de não ter que responder questionamentos sobre as motivações da obtenção de tais dados. A Lei, inclusive, estabelece o desenvolvimento do controle social da Administração Públicacomo diretriz para a divulgação e disponibilidade das informações de teor público. A Lei de Acesso à Informação auxilia no diagnóstico de funcionamento do governo e na simplificação do dispositivo de informação, clareando as normas da Administração Pública, e caracterizando um modelo de Estado mais transparente e participativo. A nova legislação permite a ação eficaz dos cidadãos, a conscientização da coisa pública e a eficácia dos movimentos sociais. É um processo lento, árduo e incremental, mas “que afetará profundamente as raízes do modelo patrimonialista que tanto prejudica a modernização do Brasil (ABRUCIO, 2012)”. Somado ao acesso a informação existem outros direitos, mecanismos e ações possíveis de interferência na vida administrativa previstos na Constituição, como os provenientes do exercício da soberania popular (art.14) e a ação popular (art.5º, LXXIII). 5 CONCLUSÃO Como direito fundamental à concretização da democracia no Brasil, o direito a informação foi regulado pela Lei nº 12.527/11 assegurando mecanismos e serviços específicos e dedicados a informar o cidadão, sendo vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos determinantes da solicitação de informações de interesse público. É um marco na concretização do período de redemocratização do Brasil, uma vez que, a Administração Pública ganha um caráter ainda mais popular, de controle e fiscalização possíveis através da nova Lei. O país ganha em cidadania e transparência do Estado. O cidadão se beneficia das conquistas, apurações e poder dados a ele, por meio da informação.E a Administração Pública torna-se mais transparente, organizada e obrigada a informar correta, atual e claramente os seus atos. Para isso, a Lei criou as SIC’s, os serviços gratuitos de informação via internet, além de ter possibilitado recursos administrativos em caso de negativa de prestação de informações à Controladoria Geral da União (CGU), à Comissão Mista de Reavaliação de Informaçõese ao Ministro do Estado da área em que foi negada a informação, além de ter criado a instituição do Núcleo de Segurança e Credenciamento no âmbito do Gabinete Institucional da Presidência da República.Tais criações modificaram o painel institucional do funcionamento público no que diz respeito ao atendimento e prestação de informação ao público. Além do quadro institucional, a lei altera o cultural, e, como efeito transformador, pretende ir além, por força do processo de adaptação às mudanças e tradição dos valores sociais. Com a regulamentação sobre o Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.46-51, Jul-Ago-Set. 2012. O painel democrático-cultural brasileiro com o advento da lei de acesso à informação - (lei nº 12.527/11) direito a informação, a democracia se fortalece com o rompimentodo alto custo de informação, com a aproximação da população(principalmente via internet) das coisas do Estado. E o espaçocultural se massifica com a possibilidade da busca e da fiscalizaçãodos órgãos administrativos, e pelo poder repassado ao cidadão na utilização dos mecanismos de acesso à informação e defesa da coisa pública. REFERÊNCIAS ABRUCIO, F. A Lei de Acesso à Informação e a cidadania. Revista Época, Rio de Janeiro,jun. 2012. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com>. Acesso em: 13 ago.2012. FERNANDES, F. 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David Soares de Brito Enfermeiro. Especialista em Infecções Hospitalares e Educação Profissional. Professor da Faculdade Santo Agostinho – FSA, Teresina-PI.E-mail: davidbrito20@ hotmail.com RESUMO O estudo teve como objetivo levantar a produção científica sobre os diversos aspectos e desafios na implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica realizada nas bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde, abrangendo publicações nacionais de 2006 a 2011, e livros relacionados ao tema. Os resultados evidenciaram que a maioria das publicações concentrou-se nos anos de 2007, 2008 e 2010 (70%),com abordagem metodológica qualitativa (76,4%), nas áreas do ensino (23,5%) e clínica (20,6%), quanto à região geográfica, sobressaiu-se a Sudeste (64,7%) e o periódico, a Revista da Escola de Enfermagem da USP (20,6%).Dentre as maiores dificuldades na sua implantação destacam-se a falta de conhecimento e embasamento teórico-científico por parte dos enfermeiros, escassez de recursos e do tempo, associados a uma deficiente participação da equipe de enfermagem. Apesar disso, ainda há uma preocupação da enfermagem em refletir sobre sua prática e metodologia de trabalho para uma melhor resolutividade na assistência ao paciente. Há necessidade de uma maior articulação científica para que a Sistematização da Assistência de Enfermagem seja encarada como um elemento fortalecedor da identidade profissional e da qualidade assistencial, na tentativa de superar os desafios na sua implantação e execução, tornando-a efetiva nas instituições de saúde. Descritores: Enfermagem. Assistência de enfermagem. Cuidado de enfermagem. ABSTRACT The study aimed to raise the scientic literature on the various aspects and challenges in implementhing the Systematization of Nursing Care.It is a literature search was undertaken in the databases of the Virtual Library of Health, national publications covering 2006 to 2011, and related books theme. The results showed that the majority of publications focused on the years 2007, 2008 and 2010 (70%), with qualitative methodological approach (76,4%) in the areas of education (23,5%) and clinical (20,6%), and geographic region, stood out the Southeast (64,7%) and the journal, the Journal of Nursing School of USP (20,6%). Among the major difficulties in its implementation include the lack of knowledge and theoretical-scientific from nurses, lack of resources and time associated with a poor participation of nursing staff. Yet there is still a concern of nursing practice and reflect on their work methodology for solving a best in patient care. There is need for greater scientific liaison for the Systematization of Nursing Care is seen as an element of strengthening the professional identity and quality of care as an attempt to overcome the challenges in its implementation and execution, making it effective in health institutions. Descriptors: Nursing. Care. Assistance. RESUMEN Submissão: 24.01.2012 Aprovação:11.04.2012 52 El studio tuvo como objetivo aumentar la literature científica sobre los diversos aspectos y desafios em La implementación de la Sistematización de la Asistencia de Enfermería. Se trata de uma búsqueda bibliográfica se realizo em las bases de dados de la Biblioteca Virtual de Salud, las publicaciones nacionales que abarcan desde 2006 hasta 2011, y el tema de libros relacionados. Los resulRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.52-58, Jul-Ago-Set. 2012. Desafios na implantação da sistematização da assistência de enfermagem: uma revisão de literatura tados mostraron que la mayoría de las publicaciones se centraron em los años 2007, 2008 y 2010 (70%), com el enfoque metodológico cualitativo (76,4%) em las áreas de educación (23,5%) y clínica (20,6%), y la región geográfica, se destaco el Sudeste (67,4%) y la revista, la Revista de la Escuela de Enfermería de la USP (20,6%). Entre las mayores dificultades em su ejecución son la falta de conocimiento y teórico-científica de las enfermeras, la falta de recusos y el tiempo associado com uma escasa partcipación Del personal de enfermería. Sin embargo, todasvia hay uma preocupación de la prática de enfermería y reflexionar sobre su metodologia de trabajo para la solución de um mejor cuidado de pacientes. Hay una necesidad de una mayor articulaciónscientific liaison for the Systematization of Nursing Care is seen as a strengthening element of professional identity and quality of care in an attempt to overcome the challenges in its implementation and execution, making it effective in health institutions. Descriptores: Enfermería. Cuidado. Asistencia. 1INTRODUÇÃO A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma metodologia científica da prática assistencial, que proporciona cuidados sistematizados, conferindo maior segurança aos pacientes e autonomia aos profissionais de enfermagem diante de suas ações assistenciais (TANNURE, PINHEIRO, 2010). Diante da evolução tecnológica, das constantes trocas de informações e demandas das instituições de saúde na tentativa de maximizar recursos, diminuir custos e melhorar a qualidade da assistência têm se exigido cada vez mais da enfermagem o aprimoramento dos serviços, o planejamento e operacionalização dos cuidados (LUCENA, BARROS, 2006), reforçando a necessidade incontestável de se adotar a sistematização da assistência de enfermagem (SAE). No âmbito dessas observações e necessidades, a SAE, foi legalizada por meio da Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) nº. 358/2009, que enfatiza sobre a obrigatoriedade e necessidade de sua aplicabilidade na prática cotidiana da enfermagem em seus diferentes cenários de trabalho, preconizada como uma atividade privativa do enfermeiro, baseada em estratégias científicas planejadas para a identificação das diversas situações do binômio saúde/doença. Subsidiando ações que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, a partir de etapas através do processo de enfermagem (PE), com o planejamento, organização, execução e avaliação, guiadas por uma teoria de enfermagem (COFEN, 2002). Hermida e Araújo (2006) relatam que o PE como método da SAE vem sendo implantado há décadas no Brasil, quando foi introduzido por Wanda de Aguiar Horta, com a Teoria das Necessidades Humanas Básicas. Entretanto, somente com a legalização, é que passou a ser exigida dentro das instituições de saúde brasileiras. Apesar disso, atualmente, ainda percebe-se que essa resolução por si só não oferece todo o apoio necessário para sua implantação, pois muitos fatores desencadeiam dificuldades práticas no processo de implantação dessa metodologia. Na prática assistencial dos hospitais suas vantagens e propriedades para estabelecê-la são incontestáveis, pois direciona a organização e condução das ações, visando o alcance de resultados esperados para a sobrevida dos pacientes. Daí a importância em conhecer o perfil de cada paciente assistido para direcionar a elaboração de impressos específicos utilizados nas etapas do processo. O enfermeiro precisa desenvolver coRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.52-58, Jul-Ago-Set. 2012. nhecimentos e habilidades na execução das ações, utilizando-se de instrumentos, como: a observação, comunicação, aplicação e princípios científicos, bem como desenvolver destreza manual, planejamento, avaliação e estimular o compromisso e envolvimento da equipe na execução, dentre outros (KROGER et al., 2010). É necessário, portanto, o comprometimento e conscientização da importância em se estabelecer equipes multidisciplinares destinadas a este fim (OLIVEIRA, EVANGELISTA, 2010). Takahashi et al.(2008) enfocam que os profissionais, em sua maioria, referenciam a não-capacitação para execução do processo de enfermagem em suas etapas como um dificultador na implantação da SAE. Sendo a falta de conhecimento o principal motivo do descompromisso em algumas instituições de saúde e da ausência em outras, ao passo que esse desconhecimento gera desinteresse e a falta de adesão do método assistencial. Implantar a SAE atualmente é considerado como um desafio, principalmente no que diz respeito ao gerenciamento do cuidado, pois, numa realidade complexa, multifacetada e multidimensional, exige do profissional de enfermagem empenho e criatividade na elaboração e execução de estratégias inovadoras e participativas, além de manter condições favoráveis ao processo de adoção da mesma, envolvendo questões políticas e econômicas, na acreditação hospitalar. Atualmente, destacamos os incentivos aos programas de capacitação e educação continuada dos profissionais, como recurso essencial para amenizar as deficiências do conhecimento na área de enfermagem, especialmente sobre a temática abordada (HERMIDA, ARAÚJO, 2006). Nas pesquisas realizadas nos últimos cinco anos os enfermeiros apontam várias dificuldades para implantá-la e, apesar das diretrizes legais e das tentativas, ainda são incipientes as experiências de sucesso. Dentre as dificuldades destacam-se: a falta de conhecimento dos modelos teóricos; deficiência na abordagem do tema desde a vida acadêmica; a grande demanda de serviços burocráticos e administrativos; incipientes recursos humanos e materiais para o cuidado; dificuldade de envolvimento da equipe técnica na execução das atividades; e a falta de articulação entre teoria e prática, ainda influenciadas pelo método biomédico, sendo consideradas como fatores intervenientes na implantação, ou seja, causas que representam em sua grande maioria problemas conceituais, estruturais e organizacionais (FULY et al., 2008). Considerando todos os fatores intervenientes na implantação e execução da SAE, sua relevância e exigência pelo COFEN nas instituições de saúde, diante da grande demanda de pacientes necessitados de cuidados sistematizados, seguros e resolutivos, é que se propôs o estudo com o objetivo de analisar os diversos aspectos sobre os desafios no seu processo de implantação, na tentativa de proporcionar subsídios para compreender como vem sendo implantada, apontando potencialidades e dificuldades, e a percepção da equipe de enfermagem sobre a temática. 2METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa bibliográfica exploratória, com recorte temporal de cinco anos,no período de 2006 a 2011, com textos completos, nacionais e referentes à temática objetivando revisar na literatura temas sobre os desafios na implantação da sistematização da assistência de enfermagem. No levantamento foram utilizadas as bases de dados da BVS indexados à BIREME, como a LILACS, SCIELO, BDENF e MEDLINE, com os seguintes descritores: Enfermagem. Assistência de enfermagem. Sendo encontrados 105 textos, abrangendo também dois livros e publicações oficiais do COFEN. 53 Gomes, L. A., Brito, D. S. Na discussão dos dados,utilizou-se o método comparativo entre os artigos e livros a partir das variáveis: ano, foco, abordagem metodológica, região geográfica, área (especialidade) e periódicos (Tabela 1). Posteriormente à leitura analítica dos textos mais relevantes sobre a temática, foram incluídos criteriosamente 34 destes, para elaboração do trabalho, estabelecendo-se as seguintes categorias: deficiência de fundamentação teórico-científica na implantação da SAE, envolvimento da equipe de enfermagem na assistência, disponibilidade de recursos e tempo na operacionalização da SAE e avanços na implantação da SAE. 3RESULTADOS E DISCUSSÃO Estabeleceram-se algumas variáveis relevantes para a apreciação das literaturas científicas sobre a temática pesquisada, conforme se observa na Tabela 1. Tabela 1. Distribuição das produções científicas segundo as seguintes variáveis: ano de publicação, abordagem metodológica, região geográfica, área (especialidade) e periódicos (n=34). Teresina – PI, 2011. Variáveis Nº % 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Abordagem Metodológica 04 06 09 05 09 01 11,7 17,6 26,4 14,7 26,4 2,94 Qualitativo Quantitativo Outros Região geográfica 26 05 03 Sudeste 23 67,6 Nordeste Centro-Oeste Norte Sul Área (especialidade) Unidade de Terapia Intensiva Oncologia Clínica Médica Ensino Outros Periódicos Rev. Escola de Enfermagem da USP Rev. Brasileira de Enfermagem Rev. Escola de Enfermagem da UERJ Rev. Eletrônica de Enfermagem Act. Paulista de Enfermagem Texto & Contexto – Enfermagem Outros 04 05 02 11,7 14,7 5,88 05 03 07 08 10 14,7 8,82 20,5 23,5 29,4 07 06 02 03 04 02 12 20,5 17,6 5,88 8,82 11,7 5,88 35,2 Período 76,4 14,7 8,82 Fonte: Banco de dados da BIREME. Na análise das produções científicas, pode-se verificar que os maiores números de publicações concentraram-se nos anos de 2008 e 2010 54 (70%). Isto pode ser reflexo de um maior interesse frente às mudanças na área assistencial, além do crescente envolvimento de enfermeiros, docentes e pesquisadores com o tema, devido sua exigência e importância como instrumento de melhoria da qualidade no cuidado nas instituições de saúde. Outra hipótese a ser considerada sobre o aumento das publicações em relação à SAE, citada por Figueiredo et al. (2006), pode ser devido a inclusão e informatização de novas revistas de enfermagem nas bases de dados, facilitando a localização de trabalhos em pesquisas. O ano de 2011 apresentou somente 2,94% dentre as publicações, algo controverso por ser um tema muito abordado atualmente. Sendo desconsiderado, devido aos critérios de inclusão adotados, pois muitos dos textos neste referido ano não estavam disponíveis de forma completa. Em relação à área (especialidade), houve um maior destaque sobre a temática no ensino (23,5%), na clínica (20,5%), seguida da unidade de terapia intensiva, com 14,7%. 73,5% dos artigos tiveram como foco de estudo os modelos de SAE, quanto à sua implantação, desenvolvimento e execução nas diversas áreas, mostrando suas facilidades e dificuldades no seu processo. Quanto à região geográfica, a Sudeste se sobressaiu com 64,7%, com uma maior concentração de trabalhos, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro, por abranger regiões de grande população, onde a produção científica se desenvolve com maior intensidade. Em seguida surge o Centro-Oeste com 14,5% das publicações. Vale ressaltar que, a região Nordeste, se destacou em seguida, com 11,7% e a Sul com apenas 5,88%. Já a região Norte não apresentou nenhuma publicação que respondesse aos critérios de inclusão desse estudo, não apresentando assim, publicações para esse estudo. Observou-se nos artigos a aplicação de diferentes tipos de abordagens metodológicas, destacando-se a qualitativa, presente em 76%% das publicações. Esse tipo de abordagem enfatizou fenômenos significativos a respeito das percepções pela equipe de enfermagem sobre a SAE, com trabalhos desenvolvidos a maioria em estudos de campo, relacionando-a com experiências, assistência profissional e qualidade de vida. Os artigos selecionados foram publicados em diversos periódicos, tendo destaque a Revista da Escola de Enfermagem da USP com 20,5% das publicações, sendo importante salientar que, dentre as referências para a elaboração desse estudo, dois livros didáticos sobre SAE foram incluídos, contendo textos de extrema relevância para a elaboração do trabalho. As publicações selecionadas foram analisadas e delimitadas a partir do foco principal, com as seguintes categorias: deficiência de fundamentação teórico-científica na implantação da SAE; envolvimento da equipe de enfermagem na assistência; disponibilidade de recursos e tempo na operacionalização da SAE; avanços na implantação da SAE Dos artigos analisados, 21 fazem considerações repetitivas sobre as dificuldades na implantação da SAE, e o que mais chama a atenção é a falta de conhecimento e a ausência de um referencial teórico sobre a mesma, diante das percepções da equipe de enfermagem. O número reduzido de profissionais de enfermagem na execução das etapas do PE e a fragmentação desse processo, o deficiente envolvimento dos profissionais de enfermagem e o vínculo com as instituições de saúde também são fatores limitantes (Figura 2). Figura 2. Distribuição dos desafios encontrados na implantação da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) dentre as publicações analisadas. Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.52-58, Jul-Ago-Set. 2012. vínculo com as instituições de saúde também são fatores limitantes (Figura 2). Figura 2. Distribuição dos desafios encontrados na implantação da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) dentre as publicações analisadas. Desafios na implantação da sistematização da assistência de enfermagem: uma revisão de literatura DESAFIOS NA IMPLANTAÇÃO DA SAE REFERENCIAL TEÓRICO CIENTÍFICO ENVOLVIMENTO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM FALTA DE RECURSO HUMANO E TEMPO 10% 23% VÍNCULO INSTITUCIONAL 9% 58% 3.1 Deficiência de fundamentação teórico-científica na implantação da SAE 3.1 Deficiência de fundamentação teórico-científica na implantação da SAE A implantação, o desenvolvimento e a avaliação de modelos de A implantação, o desenvolvimento e a avaliação de modelos de SAE surgiram na SAEdos surgiram maioria dossão textos e freqüentemente realizadosqualitativa, com maioria textos ena freqüentemente realizados com abordagemsão metodológica e de abordagem campo. Desdemetodológica a década de 80,qualitativa, já se encontravam relatos literários a problemática e de campo. Desde a sobre década de 80, da implantação do PE nasrelatos instituições de saúde, o que reforça mais ainda o antigo interesse já se encontravam literários sobre a problemática da implantação dos profissionais de enfermagem em operacionalizar o processo. A partir disso, pode-se do PE nas instituições de saúde, o que reforça mais ainda o antigo interesafirmar que o processo de sistematização da assistência de enfermagem no Brasil continua em profissionais enfermagem em operacionalizar processo. A parfase se de dos construção, sujeito de às profundas mudanças nas diversas áreaso de atuação profissional tir disso, pode-se afirmar que o processo de sistematização da assistência (FIGUEIREDO et al., 2006; HERMIDA, ARAÚJO, 2006; SILVA; MOREIRA, 2010). as dificuldades apontadas, observou-se queconstrução, grande partesujeito refere-se falta de deDentre enfermagem no Brasil continua em fase de às àproprofissionais e a deficiência na áreaáreas do conhecimento sobre a implantação da SAE fundas mudanças nas diversas de atuação profissional (FIGUEIREDO (HERMIDA; ARAÚJO, 2006), algo muito comum nos hospitais atualmente, quando nos et al., 2006; ARAÚJO,enfrentadas 2006; SILVA; deparamos com asHERMIDA, diversas limitações porMOREIRA, enfermeiros,2010). desde a responsabilidade Dentre as dificuldades apontadas, observou-se que grande parte em assumir várias enfermarias, atividades burocráticas, até a deficiência de embasamento científico para se adotarde a prática assistencial forma sistematizada. refere-se à falta profissionais e a de deficiência na área do conhecimento Acredita-se que a Enfermagem vem se desenvolvendo muitoalgo através das copróprias sobre a implantação da SAE (HERMIDA; ARAÚJO, 2006), muito teorias criadas e com o avanço das mesmas, necessitando impreterivelmente a adoção de mum nos hospitais atualmente, quando nos deparamos com as diversas métodos científicos e específicos, para subsidiá-la no desenvolvimento da SAE (AMANTE et por aenfermeiros, a responsabilidade em da al., limitações 2009). Dentreenfrentadas as taxonomias, NANDA é a desde mais utilizada como padronização assumir várias enfermarias, atividades burocráticas, até a deficiência de linguagem na enfermagem, um instrumento importante na execução do PE. E dos modelos teóricos, o de Wanda científico de Aguiar para Hortase funciona suporte na assistência, principalmente embasamento adotarcomo a prática assistencial de forma sisentretematizada. os conteúdos ministrados por docentes da área (FIGUEIREDO et al.,2006). Hermida e Araújo (2006) relataram em uma pesquisa sobre os subsídios na que a Enfermagem vemnas se desenvolvendo muito atra-sendo implantação Acredita-se da SAE, diversos fatores envolvidos fases do seu planejamento, vés das próprias teorias criadas e com o avanço das mesmas, necessitando necessário reconhecer primeiramente a estrutura institucional, suas demandas e facilidades paraimpreterivelmente adotá-la. Considerando assim a de partir desta análise, que a eimplantação dessa prática a adoção métodos científicos específicos, para aindasubsidiá-la se revela como um processo trabalhoso e complexo, masetqueal.,muito temDentre a contribuir no desenvolvimento da SAE (AMANTE 2009). as na melhoria da qualidade assistencial. taxonomias, a NANDA é a mais utilizada como padronização da linguagem na enfermagem, um instrumento importante na execução do PE. E dos modelos teóricos, o de Wanda de Aguiar Horta funciona como suporte na assistência, principalmente entre os conteúdos ministrados por docentes da área (FIGUEIREDO et al.,2006). Hermida e Araújo (2006) relataram em uma pesquisa sobre os subsídios na implantação da SAE, diversos fatores envolvidos nas fases do seu planejamento, sendo necessário reconhecer primeiramente a estrutura institucional, suas demandas e facilidades para adotá-la. Considerando assim a partir desta análise, que a implantação dessa prática ainda se revela como um processo trabalhoso e complexo, mas que muito tem a contribuir na melhoria da qualidade assistencial. Na expectativa de compreender as vivências e os diferentes significados atribuídos pelos profissionais de enfermagem sobre a SAE, observou-se que existe certo distanciamento entre a teoria e a prática de enfermagem. Percebendo-se diversas situações conflitantes, como o desencontro entre os pensamentos dos profissionais envolvidos na assistência e o pouco conhecimento sobre a SAE, a sua execução de forma mecanizada, com pouca troca de informações, principalmente nas passagens de plantão, dificultando a continuidade das etapas do PE e sua efetividade.Esse distanciamento entre o saber e o fazer na enfermagem são muito observados nos hospitais como um reflexo das mudanças atuRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.52-58, Jul-Ago-Set. 2012. ais, considerando a heterogeneidade, as incertezas e buscas constantes de equilíbrio nas ações. Entretanto, apesar desse descompasso, a SAE, ainda é um instrumento importante à saúde, mas é preciso uma reflexão por parte dos enfermeiros e um maior comprometimento frente às articulações nas práticas a fim de envolver toda a equipe de saúde, para que seja implantada e implementada nas instituições com um maior respaldo (KOERICH et al., 2007). Um fator importante ligado a essa fragmentação corresponde às falhas apontadas no processo de formação do enfermeiro, contribuindo para convicções comuns acerca da temática, como mais um trabalho que não funciona. Essa reflexão fortalece a necessidade do enfermeiro adquirir ao longo de sua formação a visão do todo, do gerenciamento do cuidado, compreendendo a SAE como um método para executar suas ações, desde o pensar estratégico na sua implantação,envolvendo conhecimento teórico e habilidade prática (SILVA; MOREIRA, 2010). Implantar a SAE de forma efetiva sem que a equipe esteja devidamente capacitada, é quase impossível sob o ponto de vista do conhecimento científico, pois não há fundamentação teórica e prática para executá-la. Isso porque, quando ainda acadêmicos, são orientados em diferentes escolas, que mostram as etapas do PE de forma distinta. Cada instituição possui característica própria diante das diversas especificidades dessa metodologia, necessitando adequar-se a ela. Com isso, surge a necessidade de se investir na educação continuada desses profissionais e na constante atualização das atividades frente as mais diversas necessidades individuais de cada cliente para um melhor desempenho da assistência (HERMIDA; ARAÚJO, 2006). 3.2 Envolvimento da equipe de enfermagem na assistência Diante dos desafios em se implantar a SAE, a sensibilização da equipe de enfermagem se faz essencial na sua aplicabilidade, sendo um pré-requisito importante para sua efetividade, devendo fazer parte do planejamento de ação da chefia de enfermagem. Alguns autores atribuem a falta de interesse dos auxiliares e técnicos de enfermagem em implantar o PE, pela falta de orientação e por não estarem envolvidos diretamente na sua elaboração. Um fator relevante e motivo de reflexão atualmente, pois se cogita a necessidade de inseri-los de forma mais participativa e efetiva na elaboração e planejamento assistencial de enfermagem, considerando fundamental o papel dos mesmos, na viabilidade prática (CRUZ; ALMEIDA, 2010). Apesar de não participarem de forma direta na implantação da SAE alguns dos profissionais técnicos de enfermagem se sentem inseridos no processo e reconhecem o valor da sistematização. Contudo, destacam a importância da liderança e comunicação para favorecer o diálogo entre o enfermeiro e a equipe, em prol da maior efetividade das prescrições de enfermagem. Dessa maneira, a sensibilidade na comunicação e observação, bem como a capacidade de desenvolver relações interpessoais construtivas é essencial para o cuidado interativo, complementar e interdisciplinar, ou seja, para um cuidado complexo (NASCIMENTO et al.,2008). No plano de ação para a implantação da SAE, é imprescindível um estudo aprofundado sobre o tema e o envolvimento da equipe para definir o referencial que guiará a assistência por meio dessa metodologia. Por isso, há a necessidade de se conhecer as diversas teorias de enfermagem, servindo de suporte para identificar aquela que melhor se adéqüe às características da clientela e do contexto institucional (HERMIDA; ARAÚJO, 2006). 55 Gomes, L. A., Brito, D. S. A partir da leitura atenta dos artigos pode-se observar que muitos integrantes da equipe de enfermagem têm noção sobre o valor do conhecimento e ação em enfermagem, mas por outro lado foram evidenciadas muitas dúvidas sobre o papel do enfermeiro e sua real responsabilidade na execução da SAE. Amante et al. (2009) relataram que a maioria reconhece a SAE como um programa desenvolvido pela enfermagem na aplicação de seus conhecimentos no cuidado ao paciente. Entretanto, não basta reconhecê-la com um método sistemático e prático na aplicação desses cuidados, é necessário que haja um envolvimento maior da equipe no processo de implantação desse método, conhecendo suas etapas, passo a passo, e principalmente sabendo como cada uma destas deve ser executada na prática diária. 3.3 Disponibilidade de recursos e tempo na operacionalização da SAE O déficit de recursos humanos, a falta de conhecimento em relação a SAE e modelos teóricos para sistematizar o cuidado, a deficiência no compromisso e adesão dos profissionais envolvidos no PE são relevantes e considerados como fatores que dificultam a implantação. Contudo, também é importante enfatizar sobre a falta de interesse dos gestores, chefias e instituições com organização burocrática, que não esperam outro cuidado além do estabelecido pela classe médica, para maximizar recursos e diminuir custos. E se a proposta de implantação da SAE não estiver de acordo com a missão, filosofia e objetivos da instituição pode não só dificultar como resultar no fracasso do seu processo (CIANCIARULLO et al., 2008). Diante disso pode-se analisar que esse fato não condiz com o propósito da SAE, uma vez que sistematizando o cuidado, confere maior segurança e organização na conduta das ações, diminuindo assim efeitos adversos na assistência aos pacientes. Hermida e Araújo (2006) reportam sobre a importância dos recursos disponíveis na implantação da SAE e pontuam que a estrutura física é um item pouco citado na literatura no planejamento da mesma. A existência de locais apropriados para troca de informações entre os profissionais são necessárias, contribuindo para uma melhor definição e planejamento das ações de enfermagem. É preciso também um número considerável de profissionais de enfermagem, uma vez que essa prática exige presença ininterrupta nas diversas unidades hospitalares e a utilização dos impressos como instrumentos de registro, que segundo as autoras, podem variar em quantidade, de acordo com as fases do PE para se adequar a teoria de enfermagem adotada e às necessidades do paciente. Atingir a qualidade na assistência de enfermagem por meio da SAE pode ser uma das maiores conquistas na utilização dessa metodologia, pois muitos estudiosos justificam em seus trabalhos a sua importância e os benefícios gerados não só ao paciente, como também à enfermagem quanto a sua credibilidade e autonomia profissional (CIANCIARULLO et al., 2008; TANNURE; PINHEIRO, 2010). A sobrecarga de trabalho, o quadro de pessoal insuficiente e fatores inerentes ao gerenciamento da instituição, refletem comumente na forma de agir desses profissionais, adotando ações mecanizadas, repetitivas e restritamente burocráticas, pouco se atentando á característica individual de cada paciente (FÉLIX et al., 2009). Enfatizando-se também a flexibilidade e o posicionamento crítico do enfermeiro, como imprescindíveis no gerenciamento e planejamento do cuidado, promovendo interação com a equipe multiprofissional, educando e orientando o cliente e família, ocu56 pando espaços de articulação e concretização na qualidade da assistência. Deve-se ressaltar que, durante a realização dessa sistemática de trabalho, muitos enfermeiros se deparam com diversos fatores cruciais na implantação da SAE, necessitando de uma adequação do PE à realidade do momento e da instituição de saúde, pois muitas apresentam problemas administrativos e assistenciais, principalmente nos órgãos públicos, sendo considerados como entraves na melhoria da qualidade assistencial. Diante dessa problemática. a enfermagem tem sido muito perseverante em enfrentar estes desafios, na tentativa de implantar a SAE nas instituições onde exercem suas atividades, promovendo organização e redução do tempo na execução, com uma assistência mais qualificada ao paciente e conseqüentemente conquista da autonomia (VARGAS; FRANÇA, 2007). O tempo constitui-se como um dos recursos fundamentais de uma organização e sua gestão contribuem para a melhoria nos desempenhos individuais e coletivos na produtividade (REZENDE; GAIZINSKI, 2008). Surge assim a necessidade de moldar modelos sistemáticos das ações na enfermagem de acordo com cada instituição, inserindo instrumentos facilitadores no andamento das atividades, tentando suprir essas limitações. Assumindo também o compromisso de envolver toda a equipe de saúde, sempre mostrando a importância da sistematização do cuidado, para a sensibilização e participação ativa dos gestores. Constatou-se também dentre os estudos, que apesar das dificuldades relacionadas ao processo de implantação da SAE do ponto de vista gerencial, observa-se uma valorização por parte dos enfermeiros quanto à necessidade de sistematizar o cuidado, funcionando como um fator incentivador. E uma preocupação não só em dedicar-se apenas à execução das atividades na garantia assistencial, mas nos benefícios que a sistematização pode oferecer ao cliente e ao profissional de enfermagem. 3.4 Avanços na implantação da SAE O reconhecimento do contexto de atuação e da necessidade de aprendizado pode ser considerado um fator positivo e propulsor para a SAE, que segundo Silva e Moreira (2010), é necessário uma reflexão acerca das necessidades em sistematizar a assistência de enfermagem, pois indica o momento certo para novas investigações em prol do conhecimento contínuo da prática de enfermagem embasada em princípios científicos que precisam ser realizadas à medida que a profissão busca por mudanças, quebras de paradigmas diante de uma nova visão de realidade indo de encontro à hegemonia do modelo biomédico. Em estudo descritivo e exploratório realizado por Takahashi et al.(2008), identificou-se diversas facilidades e dificuldades na fases de execução do PE na SAE. Dentre as facilidades mencionadas pelos enfermeiros, de forma geral, está relacionado com os conhecimentos adquiridos, tanto teóricos como práticos na sua aplicabilidade diária. Mostrando a importância do conhecimento científico, com base na tomada de decisão e na escolha de intervenções para assistir o paciente, subsidiando o raciocínio crítico e clínico em enfermagem. A literatura demonstra um crescimento nas iniciativas para se implantar metodologias assistenciais, aplicando-se diante dos obstáculos instrumentos que facilitem e proporcionem sua execução. Dentre os avanços da SAE pode-se observar a informatização, com a criação de softwares para a confecção de materiais no controle e registros de cuidados aos pacientes, bem como a busca por conhecimentos específicos na área médica e de enfermagem para uma melhor conduta diante das possíveis mudanças. Não esquecendo a valorização da relação Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.52-58, Jul-Ago-Set. 2012. Desafios na implantação da sistematização da assistência de enfermagem: uma revisão de literatura e comunicação entre profissionais e a adequação das instituições de saúde, promovendo interações em grupos de estudos e assim qualidade na saúde (FULY et al.,2008; CIANCIARULLO et al., 2008; CARDOSO; SILVA, 2010). 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do levantamento bibliográfico, fica evidente a busca por novas investigações no que se refere à SAE. Apesar do crescimento e iniciativas na implantação de novas metodologias assistenciais, ainda se faz necessário uma maior articulação científica para ser encarada como elemento fortalecedor da identidade profissional e nas buscas por uma assistência de qualidade. Evidencia-se a importância da SAE, que precisa ser entendida e valorizada por todos, considerando a própria equipe de enfermagem, os demais profissionais da saúde, os gestores responsáveis por captar e empregar recursos tanto materiais como humanos para garantir a exeqüibilidade e o custo-efetividade dos projetos institucionais. Há necessidade de utilização de estratégias gerenciais que possam favorecer ações coletivas para uma melhor organização, multidimensional, em que os enfermeiros se preocupem mais em envolver de forma mais intensa e direta a equipe técnica no processo de implantação da SAE, tendo em vista que estes são fundamentais executores da prescrição de enfermagem, na tentativa de fornecer subsídios, superar os diversos desafios na sua implantação e execução e torná-la efetiva nas instituições de saúde. REFERÊNCIAS AMANTE, L. N. et al. Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva sustentada pela Teoria de Wanda Horta. 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Inez Sampaio Nery Doutora em enfermagem, professora do Programa de Pós-graduação em enfermagem, UFPI . Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: [email protected]. RESUMO O cuidado humanizado do enfermeiro no ambulatório de pós-natal é de extrema importância, pois visa uma assistência individual e holística, estabelecendo vínculo de confiança com a puérpera e familiares. Com o intuito de socializar experiências bem-sucedidas na realização da consulta de enfermagem às puérperas, relatamos os principais diagnósticos pela Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem - CIPE versão 1. Este trabalho teve como objetivo a elaboração de um plano de cuidados de enfermagem que abranja: investigações precoces para detectar desvios nas mudanças normais; medidas para o alívio da dor, desconforto; medidas de segurança para prevenir a lesão ou a infecção; medidas de orientação e de aconselhamento relativas ao autocuidado; cuidados com o recém-nascido. Para isto foi utilizada a experiência da prática profissional em um hospital de referência, em Recife – PE. Após várias consultas, foram identificados os diagnósticos de enfermagem mais frequentes segundo a CIPE. Acredita-se que a inclusão desta nomenclatura na consulta de pós-natal de baixo risco, melhorará ao serviço acesso aos dados, gerando informações e conhecimento para melhoria na qualidade da assistência, do ensino e da pesquisa. Descritores: Assistência à saúde. Período pós-parto. Enfermagem. ABSTRACT The humanized nursing care in the postnatal clinic is of extreme importance since it refers to an individual and holistic care, establishing a bond of trust with the postpartum and their families. In order to socialize successful experiences in the consultation to nursing mothers, we reported the main diagnoses by the ICNP version 1. This work aimed at developing a nursing care plan covering: early investigations to detect deviations from normal changes, measures to relieve pain, discomfort, security measures to prevent injury or infection, measures of guidance and advice on self-care, care with the NB. For this we used the experience of professional practice in one hospital, in Recife – PE. After several consultations have identified the most frequent nursing diagnoses according to the ICNP. It is believed that the inclusion of this nomenclature in the consultation post-natal low-risk, improve service access to data, creating information and knowledge to improve the quality of care, teaching and research. Descriptors: Delivery of health care. Postpartum period. Nursing. RESUMEN Submissão: 06.02.2012 Aprovação: 03.05.2012 El cuidado de enfermería humanizado en el ambulatorio posterior al parto es de suma importancia ya que se refiere a una atención individual e integral, estableciendo un vínculo de confianza con las madres de recién nacidos y sus familias. Con el fin de socializar experiencias exitosas en la consulta a las madres lactantes, reportamos los principales diagnósticos por la CIPE versión 1. Este estudio tiene como objetivo desarrollar un plan de cuidados de enfermería que incluya: las investigaciones para detectar desviaciones de los primeros cambios normales, las medidas para aliviar el dolor, la incomodidad, las medidas de seguridad para prevenir una lesión o infección, las medidas de orientación y asesoramiento en relación con el auto cuidado, el cuidado del recién nacido. Para ello se utilizó Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.59-64, Jul-Ago-Set. 2012. 59 Ximenes, V. L., Nery, I. S. la experiencia de la práctica profesional en un hospital de referencia en Recife - PE. Después de varias consultas han identificado los diagnósticos de enfermería más frecuentes de acuerdo a la CIPE. Se cree que la inclusión de esta nomenclatura en consulta con el post-parto de bajo riesgo, mejorar el acceso a los servicios de datos, generación de información y el conocimiento para mejorar la calidad de la atención, la docencia y la investigación. Descriptores: Prestación de Atención de Salud. Periodo de Posparto. Enfermería. 1 INTRODUÇÃO Puerpério é o nome dado à fase pós-parto, em que a mulher experimenta modificações físicas e psíquicas, tendendo a voltar ao estado que a caracterizava antes da gravidez. Estes ajustes e adaptações ocorrem não apenas para a mãe, mas para todos os membros da unidade familiar e se inicia no momento em que cessa a interação hormonal entre o ovo e o organismo materno. Geralmente isto ocorre quando termina o descolamento da placenta, logo depois do nascimento do bebê (RICCI, 2008). O puerpério imediato inicia-se após o término da dequitação e estende-se até o 10º dia, que corresponde à chamada crise genital, que prevalecem os fenômenos catabólicos e evolutivo das estruturas hiperatrofiadas ou hiperplasiadas pela prenhez, quando são mais frequentes e graves as complicações hemorrágicas e suas consequências (REZENDE; MONTENEGRO, 2006). O cuidado humanizado do enfermeiro no ambulatório de pós-natal é de extrema importância, pois visa uma assistência individual e holística, estabelecendo vínculo de confiança com a puérpera e familiares. As necessidades educativas devem ser desenvolvidas individualmente e em grupo, como: os cuidados com recém-nascido (RN) e o aleitamento materno, cuidados com a ferida operatória (FO) nos casos de cesariana e episiorrafia, verificação dos sinais vitais, orientações quanto ao sono, alimentação, ingesta hídrica, higienização íntima, eliminações, prescrições de medicamentos e o planejamento familiar. A falta de um vocabulário comum ainda é um dos grandes obstáculos no desenvolvimento de sistemas clínicos na área de saúde no que diz respeito à documentação do cuidado prestado que possa servir de base para análise do custo e benefício deste cuidado e representação desta informação para a saúde da população (LIMA; NÓBREGA, 2009). Atualmente a Enfermagem conta com certo número de sistemas de classificação cujos desenvolvimentos estão relacionados com alguma das fases do processo de enfermagem, entre os quais os mais utilizados e conhecidos são a Taxomonia II da NANDA Internacional; a Classificação das Intervenções de Enfermagem - NIC; a Classificação dos Resultados de Enfermagem - NOC; o Sistema de Classificação de Cuidados Clínicos - CCC, anteriormente denominado de Classificação dos Cuidados Domiciliares de Saúde - HHCC; e a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem - CIPE (NÓBREGA Convite_Casamento_Monica_P, 2003). A Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem é um sistema de linguagem de enfermagem unificado que contempla os fenômenos, intervenções e resultados de enfermagem como elementos primários de sua construção. A necessidade do desenvolvimento desse sistema de classificação internacional foi apresentada ao Conselho Internacional de Enfermeiros (CIE) durante a realização do Congresso Quadrienal, realizado em 1989, em Seul – Coreia do Sul, onde foi votada e aprova60 da a proposta para desenvolver um sistema de Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem - CIPE (NÓBREGA; GUIÉRREZ, 2000). A primeira versão foi a CIPE versão Alfa, publicada em 1996, sobre a qual o próprio CIE estimulou comentários, observações e críticas para o melhoramento e a possibilidade da construção da Versão Beta publicada em 1999. Em continuação ao desenvolvimento, publicou-se a Versão Beta 2 em 2001, Versão 1.0 em 2005. Em 2008, foi disponibilizada, eletronicamente, a Versão 1.1. Esta versão apresentou 389 novos termos e incluiu um rol de diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem, com termos pré-combinados, sugerindo a composição de catálogos para facilitar o uso da CIPE nas diferentes áreas de atuação da profissão. Existe a Versão 1.1 que está disponível na língua inglesa e a Versão 2.0 que foi lançada, em julho de 2009, no Congresso Quadrienal do ICN (CUBAS Convite_Casamento_Monica_P, 2011). As justificativas para sua elaboração foram inicialmente vinculadas à falta de um sistema de classificação da linguagem da profissão, necessário para que a enfermagem pudesse contar com dados confiáveis na formulação de políticas de saúde, no gerenciamento de custos, na informatização dos serviços de saúde e no controle de seu próprio trabalho (INTERNACIONAL COUNCIL OF NURSES, 2008). Têm sido apresentadas as seguintes vantagens da CIPE: estabelece uma linguagem comum para a prática de enfermagem, melhorando a comunicação profissional; representa os conceitos usados nas práticas locais, em todos os idiomas e áreas de especialidade; descreve os cuidados de enfermagem prestados às pessoas no âmbito mundial; possibilita a comparação de dados de enfermagem entre populações de clientes, contextos, áreas geográficas e tempos diversos; estimula a pesquisa por meio da vinculação de dados disponíveis em sistemas de informação de enfermagem e de saúde; fornece dados sobre a prática, de modo a influenciar a educação em enfermagem e a política de saúde (CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM, 2003). Com o intuito de socializar experiências bem-sucedidas na realização da consulta de enfermagem às puérperas, relatamos os principais objetivos da consulta, o protocolo de atendimento, os diagnósticos pela CIPE e o plano de cuidado. O principal objetivo da consulta de pós-natal de baixo risco é identificar possíveis alterações no período pós-parto, a fim de agir precocemente, prevenindo as complicações puerperais. Após a detecção de complicações, as pacientes deverão ser encaminhadas com a maior brevidade para os profissionais especializados. Dependendo do grau de gravidade e complicações, a paciente deverá ser encaminhada à emergência obstétrica para avaliação. Dessa forma, o enfermeiro deve oportunizar a consulta do pós-natal para sistematização de ações educativas e assistenciais. O período ideal para consulta pós-natal preconizado e normatizado pelo Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher e da Criança (PAISMC) deverá ocorrer do 7º ao 10º dia pós-parto e tem como objetivo atender as necessidades do binômio mãe-filho, contemplando os aspectos preventivos, educativos e terapêuticos de acordo com as necessidades identificadas na consulta (BRASIL, 2001). Para a elaboração da assistência de enfermagem é primordial a garantia da individualidade da puérpera. O enfermeiro deve considerar que a paciente é uma pessoa única, com problemas distintos e necessidades específicas. Outro fator importante é garantir o uso de uma linguagem de fácil compreensão, bem como orientações práticas e definidas através da proposta de assistência implementada pelo serviço de enfermagem da instituiRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.59-64, Jul-Ago-Set. 2012. Nomenclatura de diagnóstico e intervenções de enfermagem pela CIPE em consulta ambulatorial às puérperas Foi utilizada a experiência da prática profissional no período de novembro de 2009 até janeiro de 2011, em um ambulatório de pós-natal de baixo risco de um hospital escola de referência na cidade do Recife - PE, o qual é um hospital escola, atuando nas esferas de ensino, pesquisa, extensão e referência terciária em ginecologia e obstetrícia no Estado de Pernambuco, atendendo gestantes, parturientes e puérperas de baixo e alto risco, com residência em enfermagem, e é campo de estágio para graduandos, onde as consultas eram realizadas por enfermeiros, onde foram elaborados, testados e implantados os diagnósticos de enfermagem pela CIPE. A implantação desses diagnósticos e intervenções de enfermagem se faz necessária, pela tentativa de motivar enfermeiros assistenciais e docentes para a prática nessa área, capacitando-os para uma assistência técnico-científica, visando contribuir para o aprendizado dos alunos, oferecendo assim, um atendimento humanizado de melhor qualidade a cada mulher. Todas as puérperas, após o parto são previamente marcadas com o retorno com 7 a 10 dias para a consulta de pós-natal, onde a intervenção médica só é efetuada quando solicitada pela enfermeira. A partir dessas considerações, este trabalho se justifica a medida que proporciona reflexão que pode contribuir e despertar o interesse e a atenção dos enfermeiros para a autonomia da sua consulta de pós-natal, oportunizando, ainda, a implementação desse novo modelo de assistência em outras maternidades. de enfermagem (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2002). De acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), a Resolução 272/2002 considera a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), como sendo atividade privativa do enfermeiro. Esta Sistematização utiliza método e estratégia de trabalho científico para a identificação das situações de saúde/doença, subsidiando ações de assistência de Enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2002). A Classificação de Fenômenos de Enfermagem é utilizada para criar diagnóstico de enfermagem, intervenções, para facilitar o uso na prática, constituída por sete eixos: foco da prática de enfermagem, Julgamento, meios, ação, tempo, localização e cliente. Nesta classificação, fenômeno de enfermagem é definido como aspecto de saúde de relevância para a prática de enfermagem; e diagnóstico de enfermagem, como um título dado pela enfermeira para uma decisão sobre um fenômeno, que é foco das intervenções de enfermagem (CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM, 2007). Para a etapa de construção da Nomenclatura de Intervenções de Enfermagem para a consulta de pós-natal das puérperas, inicialmente foram observadas as queixas mais frequentes relatadas pelas pacientes na hora das consultas, com isso foram elaborados os diagnósticos de enfermagem pela CIPE versão 1.0, utilizando os eixos, incluindo obrigatoriamente um termo do eixo Foco e um do eixo Julgamento e incluindo, também, outros eixos conforme a necessidade. Para cada diagnóstico de enfermagem, elegeram-se intervenções de enfermagem, resultando de uma lista de 40 intervenções de enfermagem, que, nesta pesquisa, foi denominada de Nomenclatura de Intervenções de Enfermagem para a consulta de pós- natal. Para compor as intervenções de enfermagem foi utilizado obrigatoriamente um termo do eixo Ação e um termo Alvo, que pode ser um termo de qualquer um dos eixos, exceto do eixo Julgamento (CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM, 2007). 3 3.1 Protocolos de Atendimento ção – Procedimento Operacional Padrão – POP (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2007). O plano de cuidados de enfermagem abrangerá investigações precoces para detectar desvios nas mudanças normais; medidas para o alívio da dor, desconforto; medidas de segurança para prevenir a lesão ou a infecção; medidas de orientação e de aconselhamento relativas ao autocuidado; cuidados com o RN. 2 METODOLOGIA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PÓS-NATAL E A SAE De acordo com a Lei no 7.498/86, que regulamenta o exercício profissional da enfermagem, compete ao enfermeiro, como membro da equipe de saúde, prestar assistência à gestante, à parturiente e à puérpera; acompanhar a evolução do trabalho de parto e execução do parto sem distócia (SANTOS; BURNI, 2006). A elaboração da assistência de enfermagem é um dos meios que o enfermeiro dispõe para aplicar seus conhecimentos técnico-científicos e humanos na assistência ao paciente e caracterizar sua prática profissional, colaborando na definição do seu papel (SILVA, 2008). Para que as ações dos enfermeiros, desempenhadas em qualquer área, tenham um maior grau de resolutividade, estes necessitam atuar de forma sistematizada. Uma destas formas é através da elaboração do Processo de Enfermagem (NEEL, 2004). O enfermeiro tem a importante responsabilidade de tomar decisões exatas e apropriadas. A tomada de decisão é uma competência que distingue os enfermeiros dos profissionais técnicos e auxiliares, vistos que o processo de enfermagem capacita o enfermeiro a implementar e organizar o cuidado de enfermagem. O referido processo é utilizado para identificar, diagnosticar e tratar as respostas humanas à saúde e à doença, através do histórico, diagnóstico, prescrição, implementação e evolução Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.59-64, Jul-Ago-Set. 2012. Para operacionalização da consulta de enfermagem é necessário estabelecer protocolos, objetivando eficiência e eficácia no atendimento como: números de consultas realizadas por enfermeira(o), padronização e prescrição de medicamentos, solicitação de exames e encaminhamentos. 3.1.1 Consulta de pós-natal O manual de pré-natal e puerpério do Ministério da Saúde propõe ao enfermeiro os seguintes tópicos: Acolhimento da mulher na consulta do pós-natal, Entrevista, Exame físico no pós-natal (BRASIL, 2006) a) Acolhimento da mulher na consulta do pós-natal: É o momento em que o enfermeiro identifica-se, recebe a paciente com respeito e gentileza, informa sobre os passos da consulta, acolhendo dentro dos princípios de humanização. b) Entrevista: Compreende uma técnica comum às atividades profissionais, onde o profissional interage com a paciente, fazendo um questionamento sobre a história obstétrica pregressa da puérpera e suas queixas. As principais 61 Ximenes, V. L., Nery, I. S. queixas apresentadas pelas puérperas na consulta de pós-natal são: • Cefaleia – queixa comum entre mulheres submetidas à cesárea com precoce deambulação ou a elevação da cabeça. Outra causa da cefaleia pós-raqui se relaciona com a técnica na punção da dura-máter. Pode também estar relacionada ao aumento da pressão arterial na gestação, insônia, fadiga e cansaço característicos do período pós-parto (BARROS; MARIM; ABRÃO, 2002). . Dor - a dor segundo a CIPE é um tipo de percepção sensorial de partes do corpo, normalmente acompanhado por experiência subjetiva de intenso sofrimento, alterações do tônus muscular e associada à dificuldade de dormir (NEEL, 2004). As puérperas queixam-se frequentemente de dores nas mamas, em ferida operatória (FO), episiotomia, perineais e cólicas abdominais. A contração uterina que ocorre fisiologicamente após o parto pode ser bastante dolorosa. Em alguns casos pode ser necessária a administração de analgésicos (CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM, 2003). É importante destacar que a dor pode causar ansiedade, depressão, irritabilidade, alteração no sono e apetite. • Alterações no sistema urinário. Os principais distúrbios encontrados na consulta do trato urinário são: disúria, dor lombar, polaciúria e urgência miccional. Estas podem estar relacionadas a distúrbios inflamatórios da bexiga. A dor no canal uretral pode ser devido à retenção da urina vesical, à cateterização ou ao traumatismo vesical durante o parto. A incontinência urinária no pós-parto geralmente é devida à distensão da bexiga com fluxo excessivo ou ao relaxamento dos músculos do assoalho pélvico (BRANDEN, 2000; CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM, 2003). c) Exame físico no pós-natal O exame físico segue as diretrizes padrão com avaliação no sentido craniocaudal, que possibilita a identificação do aspecto geral, as condições de higiene, a integridade da pele e mucosas, além da presença de anormalidades geral e específicas. 3.2 Diagnósticos e intervenções de enfermagem pela CIPE Após várias consultas, foram identificados os diagnósticos de enfermagem mais frequentes segundo a CIPE versão 1: Dor leve, dor moderada, dor severa em locais diversos, cólica nível alto ou baixo, cefaleia nível alto ou baixo, Padrão alimentar prejudicado, amamentação prejudicada, padrão de eliminação urinária prejudicado, edema, sono prejudicado, ansiedade, autocuidado prejudicado, suporte familiar prejudicado, risco para infecção de ferida cirúrgica. Em seguida foi elaborado um plano de cuidado às puérperas para atendimento na consulta pós-natal. Diagnóstico de Enfermagem Intervenções de Enfermagem para a consulta de pós-natal. Dor ( ) Local:____________ Intensidade: ( )Leve ( ) Moderada ( ) Severa ( ) Registrar faces da dor; ( ) Registrar características e intensidade da dor; ( ) Outros. Cólica ( ) Nível: Alto ( ) Baixo ( ) ( ) Orientar sobre involução uterina; ( ) Registrar características dos lóquios; ( ) Outros. Cefaleia ( ) Nível: Alto ( ) Baixo ( ) ( ) Orientar repouso em decúbito dorsal; ( ) Estimular ingesta hídrica; ( ) Outros. Padrão alimentar prejudicado ( ) Nível: ( ) Aumentado ( ) Diminuído ( ) Registrar aceitação da dieta; ( ) Instruir quanto à dieta correta; ( ) Outros. Amamentação Prejudicada ( ) Nível: ( ) Aumentado ( ) Diminuído ( ) Registrar características e as anormalidades mas_____________________________________; ( ) Orientar amamentação , pega correta, massagem... ( ) Solicitar orientação do BHL (Banco de Leite Humano); ( ) Outros. das ma- Fonte: Pesquisa Direta 62 Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.59-64, Jul-Ago-Set. 2012. Nomenclatura de diagnóstico e intervenções de enfermagem pela CIPE em consulta ambulatorial às puérperas ( ) Descrever características da diurese; ( ) Registrar distúrbios de eliminação urinária: Disúria( ) Bexigoma( ) Incontinência ( ) Oligúria( ) ( ) Estimular quanto à ingesta hídrica; ( ) Outros. Padrão de eliminação urinária prejudicado ( ) Nível: ( ) Aumentado ( ) Diminuído ( )Registrar frequência e características da eliminação intestinal; ( ) Estimular quanto à ingesta hídrica; ( ) Outros. Padrão de eliminação intestinal prejudicado ( ) Nível: ( ) Aumentado ( ) Diminuído ( ) Descrever as características do edema; ( ) Manter MMII ( Membros Inferiores) elevados; ( ) Outros. Edema ( ) Local:_________ Nível: ( ) Aumentado ( ) Diminuído Sono prejudicado ( ) Nível: ( ) Aumentado ( ) Diminuído ( ) Orientar quanto ao melhor horário do sono e a importância do ambiente adequada; ( ) Outros. Ansiedade ( ) Nível: Alto ( ) Baixo ( ) ( ) Escutar quais as angústias e medos; ( ) Orientar e tirar as dúvidas; ( ) Encaminhar à psicologia s/n; ( ) Outros. Autocuidado Prejudicado ( ) ( ) Orientar quanto à higiene íntima; ( ) Orientar quanto à troca de absorvente a cada 4h; ( ) Orientar a importância do asseio após ir ao banheiro; ( ) Outros. Suporte familiar Prejudicado ( ) ( ) Reforçar / Estimular a importância do apoio familiar a puérpera; ( ) Estimular a participação do pai no cuidado ao RN ( Recém-Nascido): ( ) Outros. Risco para infecção de ferida cirúrgica ( ) ( ) Registrar características da F.O (Ferida Operatória). ( ) Registrar características da episorrafia; ( ) Outros Fonte: Pesquisa Direta Tabela 1 – Principais diagnósticos e intervenções de enfermagem às puérperas na consulta de pós-natal, segundo a CIPE versão 1. O esforço despendido na elaboração de sistemas de classificação dos termos da linguagem profissional pode contribuir para promover a autonomia dos enfermeiros no julgamento sobre as necessidades humanas da clientela, para facilitar o uso de conhecimentos específicos e para a realização de estudos sobre a qualidade do cuidado de enfermagem. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Acredita-se que a inclusão desta nomenclatura na consulta de pós-natal de baixo risco, melhorará ao serviço acesso aos dados, gerando Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.59-64, Jul-Ago-Set. 2012. informações e conhecimento para melhoria na qualidade da assistência, do ensino e da pesquisa. A utilização deste diagnóstico de intervenções de enfermagem na consulta pós-natal tornou o atendimento mais completo, ágil e dinâmico. Reconhece-se que os diagnósticos e as intervenções de enfermagem podem ser passíveis de inclusão, revisão, modificação ou exclusão, pelo fato de um sistema de classificação ser considerado um processo em contínuo desenvolvimento. Diante disto, esta proposta pode oferecer subsídios tanto para a otimização do atendimento às puérperas bem como para a geração de conhecimento dentro da assistência em enfermagem. 63 Ximenes, V. L., Nery, I. S. REFERÊNCIAS BARROS, S. M.; MARIM, H. F.; ABRÃO, A.C. Enfermagem Obstétrica e Ginecológica: Guia para a Prática Assistencial. São Paulo: Roca, 2002. BRANDEN, P. S. Enfermagem Materno – Infantil. 2. ed. Rio de Janeiro: Reichmann e Affonso Editores, 2000. BRASIL. Parto, Aborto e Puerpério: Assistência Humanizada à Mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. ______ Pré-Natal e Puerpério: Atenção Qualificada e Humanizada. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução nº 272, de 27 de agosto de 2002. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE - nas Instituições de Saúde Brasileiras. Disponível em: http://www.diariodasleis.com.br/ busca/exibelink. php?n umlink=1-39-34-2002-08-27-272. Acesso em :13 mar. 2011. ______ Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem- CIPE, versão 1. São Paulo: Algol, 2007. CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM. Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem- CIPE, versão Beta 2. São Paulo: Algol, 2003. 2009. NEEL, E. K. Avaliação de Saúde e Exame Físico. In: POTTER P. Fundamentos de Enfermagem. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. p.610 - 704. NÓBREGA, M. M. L. Sistemas de Classificação da Prática de Enfermagem: um Trabalho Coletivo. João Pessoa: Idéias, 2000. (Série Didática: Enfermagem no SUS.). NÓBREGA, M. M. L. et al. Mapeamento de termos atribuídos aos fenômenos de enfermagem nos registros dos componentes da equipe de enfermagem. Revista Eletrônica de Enfermagem, v.5, n. 2, p.33-44, 2003. Disponível em http:/www.fen.ufg.br/revista. Acesso em: 27 out. 2011. NÓBREGA, M. M. L.; GUIÉRREZ, M.G.R. Sistemas de classificação de enfermagem: Avanços e Perspectivas. João Pessoa: Associação Brasileira de Enfermagem/Idéias, 2000. OLIVEIRA, M. J.; OLIVEIRA, S. F. Puerpério Fisiológico. In:___________. Ginecologia e Obstetrícia (TEGO). 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. p.589-592. REZENDE, J.; MONTENEGRO, C.A.B. Obstetrícia Fundamental. 10. edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2006. CUBAS, M.; et al. Mapeamento dos termos do Eixo Ação entre diferentes classificações de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.64, n.2, p. 355-360, mar./abr 2011. RICCI, S.S. Enfermagem Materno-Neonatal e Saúde da Mulher. 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REVISÃO / REVIEW PAPER / REVISIÓN Infecção hospitalar em unidade de terapia intensiva neonatal: uma revisão da literatura Hospital infection in neonatal intensive care unit: a literature review Hospital de la infección en la unidad de cuidados intensivos neonatal: una revisión de la literatura Juliana Oliveira de Sousa Enfermeira. Especialista em Terapia Intensiva. Teresina - PI ,Brasil .Email: [email protected] Thaís Regina Carvalho Linhares Enfermeira, Pós-graduação em Saúde Mental e em Urgência e Emergência pela Faculdade de Saúde Ciencias Humanas – UNINOVAFAPI, Teresina – PI, Brasil. Email:[email protected] Daniele Martins de Sousa Especialista em Urgência e Emergência, UNINOVAFAPI, Enfermeira plantonista do Hospital Mariano Castelo Branco - HMCB, Enfermeira da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do HMCB. Teresina - PI ,Brasil .Email: danielemartinss@ hotmail.com Erida de Oliveira Soares Especialista em Saúde da Familia e em Urgencia e Emergência, docente da Faculdade de Saúde Ciências Humanas - UNINOVAFAPI, Enfermeira da FMS Hospital Maternidade Buenos Aires e Hospital Mariano Castelo Branco. Teresina - PI ,Brasil .Email: [email protected] RESUMO O artigo teve como objetivo realizar uma revisão da literatura sobre Infecção Hospitalar em Unidades de Terapias Intensivas Neonatais (UTIN). Foi realizada uma revisão de literatura na base de dados do SCIELO, utilizando-se como palavras- chave: Infecção Hospitalar, UTI Neonatal, Neonatologia. Nesses termos foram selecionados, de forma sistemática, um total de dez artigos pertinentes ao tema abordado. Através da literatura consultada, verificou-se que, para a prevenção da infecção hospitalar nas UTIN, alguns cuidados essenciais devem ser tomados quanto ao ambiente, ao pessoal, à paramentação, equipamentos e ao recém-nascido. Sendo assim, observou-se que a existência de rotinas para prevenção de infecções hospitalares e de pessoal em número suficiente para cumpri-las é relevante na profilaxia e no controle de infecção hospitalar nessas unidades neonatais. A infecção hospitalar possui dimensões complexas do cuidado à saúde e está em constante transformação. Descritores: Infecção hospitalar. UTI neonatal. Neonatologia. ABSTRACT The article aims to review the literature on Nosocomial Infection in Neonatal Intensive Care Units Units (NICU), the pursuit of material was in the SciELO database. We used the keywords: Infection, NICU, Neonatology. In these terms were selected systematically, a total of ten articles relevant to the topic discussed. Through literature, we found that for the prevention of nosocomial infections in the NICU, some care must be taken as essential to the environment, the staff, the attire, equipment and the newborn. Thus, we observed that the existence of routines for infection prevention and hospital staff in sufficient numbers to meet them is relevant in prevention and control of nosocomial infection in these neonatal units. Hospital infection has complex dimensions of health care and is constantly changing. Descriptors: Infection. NICU. Neonatology. RESUMEN El artículo tiene como objetivo revisar la literatura sobre la infección nosocomial en unidades de cuidados intensivos neonatales unidades (UCIN), la búsqueda del material estaba en la base de datos SciELO. Se utilizaron las palabras clave: Infección, UCI neonatología. En estos términos se seleccionaron sistemáticamente, un total de diez artículos relacionados con el tema tratado. A través de la literatura, encontramos que para la prevención de las infecciones nosocomiales en la UCI neonatal, algunos se debe tener cuidado es esencial para el medio ambiente, el personal, el equipo de vestimenta, y el recién nacido. Así, observamos que la existencia de rutinas para la prevención de infecciones y el personal del hospital en número suficiente para satisfacer ellos es relevante en la prevención y control de la infección nosocomial en las unidades neonatales. La infección hospitalaria tiene dimensiones complejas de la atención de la salud y está cambiando constantemente. Descriptores: Infección. UCI Neonatal. Neonatología. Submissão: 25.01.2012 Aprovação: 11.05.2012 Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.65-68, Jul-Ago-Set. 2012. 65 1 INTRODUÇÃO O nascimento de um recém-nascido prematuramente repercute diretamente em seu desenvolvimento. Destaca-se que a dinâmica natural do desenvolvimento é interrompida, tornando-o vulnerável e, muitas vezes, levando-o a ser tratado em uma unidade de terapia intensiva. A morbidade e a mortalidade no período da neonatologia atingem principalmente os recém-nascidos prematuros e/ou de baixo peso. Os primeiros berçários para atender a prematuros surgiram em fins do século XIX. No início do século XX, passaram a atender os demais recém-nascidos. A finalidade desses berçários era manter a termorregulação dos bebês, alimentá-los através de técnicas cuidadosas e protegê-los de infecções através do isolamento. No decorrer do século XX, os berçários passaram a ser Unidades de Internação Neonatal e Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) (KAMADA; ROCHA; BARBEIRA, 2003). A atenção neonatal cresceu muito no Brasil nos últimos vinte anos, tanto no setor privado quanto no público, com um excesso de leitos no primeiro e escassez no segundo. Este crescimento, porém, foi feito sem um adequado planejamento estratégico de ambos os setores, não existindo igualdade na distribuição dos leitos de UTI neonatal entre as várias regiões do país, os estados e no interior dos estados (RIBEIRO; REGO, 2008). Em regiões mais desenvolvidas em termos socioeconômicos no nosso país, como as regiões Sudeste e Sul, ocorre uma maior concentração dos leitos de UTI neonatal, com limitado acesso aos setores da população menos favorecidas. No estado do Rio de Janeiro, o número de leitos está dentro dos limites recomendáveis, no entanto, com grande concentração nas regiões centrais, onde se situa a capital, em detrimento do interior. Em São Paulo, existe uma alta concentração de leitos nas regiões centrais da cidade e uma baixa concentração nas regiões periféricas, com excesso de leitos no setor privado e escassez no setor público. Por outro lado, não existe um sistema de transporte efetivo para crianças criticamente doentes e mulheres com gravidez de alto risco que permita uma concentração de recursos e experiência em unidades com mais leitos, conforme tendência internacional, favorecendo a criação de pequenas unidades em áreas com pouca densidade populacional. Além disso, existem muitas diferenças na qualidade dos serviços oferecidos, variando de unidades extremamente sofisticadas para outras sem uma estrutura mínima básica (RIBEIRO; REGO, 2008). Pacientes internados em hospitais estão sujeitos a uma ampla variedade de microorganismos patogênicos, principalmente em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde são utilizados antimicrobianos potentes e de largo espectro, e os procedimentos invasivos são de rotina (CARVALHO Revista Brasileira de Enfermagem, 2011). O Ministério da Saúde (MS), na Portaria nº 2.616 de 12/05/1998,define Infecção Hospitalar (IH) como a infecção adquirida após a admissão do paciente na unidade hospitalar e que se manifesta durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares (BRASIL, 1998). A década de 80 foi muito importante para o desenvolvimento do controle das IH no Brasil. Começou a ocorrer uma conscientização por parte dos profissionais de saúde a respeito do tema CCIH (Comissões de Controle de Infecção Hospitalar) com instituições em vários estados do país. Em junho de 1883, o MS publicou a Portaria 196, primeiro documento normativo oficial. Em 1992 publicou a Portaria 930 que, entre outros avanços, defendia a busca ativa de casos. Em 1997 aprova a Lei 9431, tornando obrigatória a presença da CCIH e do Programa de controle de IH independente do porte e da estrutura hospitalar. A implantação e execução destes programas deveriam reduzir a incidência e a gravidade das IH ao máximo possível (PEREIRA Revista Brasileira de Enfermagem, 2005). 66 A evolução da IH está relacionada com o desenvolvimento social e o modo próprio de compreensão do processo saúde-doença, também com a geração de modelos tecno-assistenciais para sua assistência. Nos tempos atuais, a IH é potencialmente determinada pela evolução tecnológica dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos invasivos, demandados pelo modelo da assistência. Acrescente-se a isto, os medicamentos imunossupressivos, principalmente os antibióticos, a maior expectativa de vida e o aumento de demanda por assistência a pacientes imunodeprimidos e com doenças crônicos-degenerativas, que aumentam o risco das Infecções Hospitalares resistentes (GUINTA; LACERDA, 2006). A problemática das IH, portanto, deve ampliar-se à perspectiva de sua determinação social, ou seja, suas práticas de prevenção e controle não dependem apenas de ações focais, no âmbito restrito de um Programa de Controle de IH (PCIH). Dependem também e, fundamentalmente, de ações ampliadas e relacionadas às formas com que as políticas de saúde são introduzidas e distribuídas, à qualidade da assistência em geral, à reformulação ou inovação de modelos tecno-assistenciais e à elaboração de estratégias de avaliação (LACERDA, 2001). O problema de Infecção Hospitalar (IH) no Brasil cresce a cada dia, considerando que o custo do tratamento dos clientes com IH é três vezes maior que o custo dos que não possuem infecção. Mesmo com a legislação vigente no país, os índices de IH permanecem altos, 15,5%, o que corresponde a 1,18 episódios de infecção por cliente internado com IH nos hospitais brasileiros. Também temos mais um agravante, o fato das instituições de saúde pública possuírem a maior taxa de prevalência de IH no país, 18,4% (MOURA Revista Brasileira de Enfermagem, 2007). As taxas gerais de infecção hospitalar em unidades neonatais de países desenvolvidos variam de 8,4 a 26%. No Brasil, Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) de nível terciário possuem taxas de infecção entre 18,9 a 57,7%, havendo referência de causas possíveis das elevadas taxas de infecção: condições de trabalho, estrutura física da UTIN e número de profissionais de enfermagem por leito. Nenhum desses estudos, entretanto, analisou o local de nascimento dos RN assistidos (PINHEIRO Revista Brasileira de Enfermagem, 2009). Para se identificar a taxa de prevalência de IH depende-se da utilização de técnicas de Vigilância Epidemiológica, dos critérios de diagnóstico e dos fatores de risco intrínsecos e extrínsecos presentes numa determinada unidade de saúde em um dado período de tempo. As taxas de incidência de infecção hospitalar para pacientes internados em UTI variam, conforme o tipo de unidade e a população atendida, em razão da gravidade da doença básica, da restrição de pacientes no leito, do uso frequente de sedação e das alterações no nível de consciência e dos múltiplos procedimentos invasivos das vias respiratórias, onde o principal fator de risco é o uso de ventilação mecânica juntamente com o tempo prolongado de utilização, somando também como fatores de risco: contaminação dos equipamentos e das soluções utilizadas na terapia ventilatória; condições favoráveis de aspiração, entre outros (COUTO, 2003). O autor acima citado ainda comenta que os pacientes admitidos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estão sujeitos a riscos de 5 a 10 vezes maior de adquirir infecção que aqueles de outras unidades de internação do hospital, além de mais vulneráveis intrinsecamente à infecção, e são frequentemente expostos aos fatores de risco, tais como: procedimentos invasivos, cirurgias complexas, drogas imunossupressoras, antimicrobianos e as interações com a equipe de saúde e os fômites. As unidades de terapia intensiva são importantes para prover suporte de vida para falências orgânicas graves e a monitorização intenRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.65-68, Jul-Ago-Set. 2012. siva que permita a identificação precoce e o tratamento apropriado das intercorrências clínicas graves. Constituem níveis de atendimento à saúde de alta complexidade, atuando de forma decisiva quando há instabilidade de órgãos e sistemas funcionais com risco de morte (MARTINS, 2006). Diante da vulnerabilidade dos pacientes internados nas UTIs principalmente dos neonatos nas UTINs que é considerada área crítica, onde há um maior número de pacientes graves e submetidos a diversos procedimentos invasivos, portanto com um maior número de infecção, é que se entende a relevância deste estudo para toda a área da saúde inclusive da enfermagem, e tem como objetivo realizar uma revisão da literatura sobre Infecção Hospitalar em Unidades de Terapias Intensivas Neonatais. 2 METODOLOGIA O estudo trata-se de uma revisão da literatura referente à infecção hospitalar em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. O método escolhido permitiu a identificação e análise de dados escritos em livros, artigos de revistas, dentre outros. Sua finalidade é, sobretudo, colocar o pesquisador em contato com o que já foi produzido a respeito do seu tema de pesquisa. Nesta proposta metodológica o investigador vai se deparar com dois tipos de dados: aqueles que são encontrados em fontes de referência (dados populacionais, econômicos, históricos e etc.) e aqueles dados especializados em cada área do saber, fundamentais para o desenvolvimento da pesquisa. O conjunto de materiais escritos e gravados, mecânica ou eletronicamente, que contêm informações elaboradas e publicadas por outros autores e a utilização total ou parcial de quaisquer dessas fontes é o que se caracteriza uma pesquisa como bibliográfica (GIL, 2008). A busca do material foi na base de dados do Scientific Electronic Library Online (SciELO), utilizando como limitações os textos completos no idioma português e os tipos de assuntos mais relacionados com a pesquisa. Foram utilizadas as palavras-chave: Infecção Hospitalar, UTI Neonatal, Neonatologia, conforme apresentação do vocabulário contido nos Descritores em Ciências da Saúde (DECS). Nesses termos foram selecionados, de forma sistemática e criteriosa, um total inicial de 12 artigos pertinentes ao tema abordado cujos critérios de inclusão foram a presença das palavras-chave selecionadas e a relevância do assunto para o estudo. Numa avaliação inicial por meio dos resumos verificou-se que seis artigos abordavam o controle de infecção hospitalar, quatro abordavam a prevalência de infecções em UTIN, seis destacavam a relação entre a infecção hospitalar e a neonatologia e os outros cinco estudos refletiam sobre os riscos de procedimentos invasivos em UTIN. Com a realização da análise destes artigos, na íntegra, em um momento posterior foram excluídos dois artigos por possuírem uma significativa inconsistência metodológica além de não traduzir de forma clara alguma contribuição para este estudo. Assim, para esta revisão trabalhou-se com 10 artigos. Para a extração de dados dos artigos utilizou-se um instrumento o qual contempla os itens: identificação do artigo, características metodológicas do estudo, local do estudo e resultados encontrados. A análise dos dados foi realizada de forma descritiva. Os estudos foram reunidos por similaridade semântica o que permitiu avaliar as evidências, bem como identificar a necessidade de investigações futuras acerca da temática. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste estudo após confrontarmos os resultados encontrados com a revisão da literatura, observou-se pontos relevantes dentro dos vários conRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.65-68, Jul-Ago-Set. 2012. textos analisados e que são de grande importância para esta discussão. Por meio da literatura consultada, verificamos que para a prevenção da infecção hospitalar nas UTIN, alguns cuidados devem ser tomados quanto ao ambiente, ao pessoal, a paramentação, equipamentos e ao recém-nascido. Com o parto hospitalar, a Unidade de Internação Neonatal é o local onde os recém-nascidos são recebidos e têm o primeiro contato com a flora microbiana hospitalar, sendo ali colonizados. Assim geralmente, após 48 horas do nascimento, os tecidos são invadidos por microrganismos de origem predominantemente materna. Depois se instalarão microrganismos originários da equipe de saúde, de outras crianças e de visitantes, podendo desenvolver infecções exógenas ou por invasão adquirida (KAMADA; ROCHA, 1997). Apesar do avanço tecnológico e o aparecimento dos antibióticos, nas últimas décadas, as infecções constituem uma das causas mais importantes nos altos índices de morbi-mortalidade neonatal (KAMADA; ROCHA, 1997; LOPES Revista Brasileira de Enfermagem,2008). Os aspectos sócioeconômicos e culturais contribuem para esta na maioria dos hospitais brasileiros, além da carência qualitativa e quantitativa de recursos materiais e humanos e a precária saúde do povo (PIZZATO; POIAN, 1988). A dificuldade na limpeza do instrumental utilizado pelos profissionais de saúde serve como veículo, e geralmente é agravada, porque quase sempre se lida com pessoal deficiente em número e comumente em qualidade; acarretando em sobrecarga para a equipe de trabalho. Assim, observa-se a quebra da técnica, não se realizando a lavagem das mãos nem a limpeza adequada do material; não sendo possível, muitas vezes, afastar os portadores de processos infecciosos, porque não há substitutos para o trabalho (KAMADA; ROCHA, 1997). As maiores taxas de infecção hospitalar são vistas geralmente em pacientes nos extremos da idade e nos serviços de oncologia, cirurgia e terapia intensiva. Assim, os dados de incidência e prevalência de infecção hospitalar obtidos em diferentes estudos, mesmo em crianças, refletem tais características populacionais e institucionais (TURRINI; SANTO, 2002). No nosso país, os dados sobre infecção hospitalar são pouco divulgados. Além do que, esses dados não são consolidados por muitos hospitais, o que dificulta o conhecimento da dimensão do problema no Brasil. Como os pacientes que falecem após 48 horas de internação frequentemente apresentam infecção hospitalar associada, sendo as causas de morte descritas na declaração de óbito uma importante fonte de dados para o dimensionamento do problema (TURRINI, 1996; BARBOSA, 2004). A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as estatísticas de mortalidade sejam apresentadas segundo a denominada “causa básica de morte”, definida como: (a) doença ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos patológicos que conduziram diretamente à morte, ou (b) as circunstâncias do acidente, ou violência que produziram a lesão fatal. A causa básica de morte é mostrada nas chamadas estatísticas primárias, que descrevem a mortalidade de populações. O controle de doenças que provocavam mortes precoces determinou o aumento da sobrevida de populações. Para descrever melhor o padrão da mortalidade nessas populações, houve necessidade de levar em consideração, além da causa básica, todas as demais mencionadas na declaração de óbito. Deste modo, as afecções geradas como complicações da causa básica, chamadas causas consequenciais, e outras presentes no momento da morte, chamadas causas contribuintes, juntas, definem as causas múltiplas de morte. 67 4 CONCLUSÃO O estudo mostrou que vários são os motivos causadores de uma Infecção Hospitalar em uma Unidade de Terapia Intensiva inclusive a Unidade Neonatal. O controle de infecção hospitalar ao longo dos anos foi evoluindo e se evidenciando como um grande fenômeno que não está limitado apenas ao meio hospitalar, mas, também, a todos os estabelecimentos da área de saúde, nos quais se desenvolvem ações consideradas de risco e associadas ao aparecimento das infecções. As UTIs neonatais são estruturas assistenciais que visam à atenção aos recém-nascidos extremamente doentes, cuja condição clínica constitui uma ameaça imediata à vida, necessitando de intervenções com tecnologias e aparelhagem sofisticadas e caras, como nos casos de prema- turidade e enfermidades congênitas. Os artigos analisados mostram a importância destas pesquisas científicas para os profissionais da área da saúde e de todo setor acadêmico. Observou-se que a existência de rotinas para prevenção de infecções hospitalares e de pessoal em número suficiente para cumpri-las é relevante na profilaxia e no controle de infecção hospitalar nas UTIs neonatais. A IH possui dimensões complexas do cuidado à saúde e está em constante transformação. Sendo assim, a IH é um evento histórico e social, não apenas biológico, precisando de investimentos científicos, tecnológicos e humanos para a incorporação de medidas de prevenção e controle, sem perder de vista a qualidade do cuidado prestado pelos profissionais da saúde, principalmente da equipe de enfermagem. REFERÊNCIAS BARBOSA, A. P. Neonatal and pediatric intensive care in Brazil: the ideal, the real, and the possible. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 80, n. 6, p. 437-438, nov./dez. 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Expede na forma de anexos diretriz e normas para a prevenção e controle das infecções hospitalares: Portaria Nº 2.616, de 12 de maio de 1998. Diário Oficial da União, Brasília: Ministério da Saúde, 1998. CARVALHO, M. M. et al. Infecções hospitalares nas Unidades de Terapia Intensiva em um hospital público. Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina, v. 4, n. 4, p. 42-48, out./ dez. 2011. COUTO, R. C. Infecção Hospitalar - Epidemiologia, controle e tratamento. 3. ed. Rio de Janeiro (RJ): Médica e Científica, 2003. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed.São Paulo: Atlas, 2008. GUINTA, A. P. N.; LACERDA, R. A. Inspeção dos Programas de Controle de Infecção Hospitalar dos serviços de saúde pela Vigilância Sanitária: diagnóstico de situação. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 40, n. 1, p. 64-70, mar. 2006. KAMADA, I.; ROCHA, S. M. M.; BARBEIRA, C. B. S. Internações em unidade de terapia intensiva neonatal no Brasil - 1998-2001. Revista Latino-Americana de Enfermagem , Ribeirão Preto, v. 11, n. 4, p. 436-443, jul./ago. 2003. LOPES, G. K.; ROSSETO, E. G.; BELEI, R. A.; CAPOBIANGO, J. D.; MATSUO, T. Estudo epidemiológico das infecções neonatais no Hospital Universitário de Londrina, Estado do Paraná. Acta Scientiarium. Health Sciences, Maringá, v. 30, n. 1, p. 55-63, 2008. MARTINS, P. Epidemiologia das infecções em centro de terapia intensiva de adulto. Belo Horizonte, 2006. 121 p. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2006. MOURA, M. E. B. et al. Infecção hospitalar: estudo de prevalência em um hospital público de ensino. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 60, n. 4, p. 416-421, jul./ago. 2007. PEREIRA, M. S. et al. A infecção hospitalar e suas implicações para o cuidar da enfermagem. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 14, n. 2, p. 250-257, abr./jun. 2005. PINHEIRO, M. S. B. et al. Infecção hospitalar em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: há influência do local de nascimento? Rev. paul. pediatr, São Paulo, v. 27, n. 1, p.6-14, 2009. PIZZATO, M. G.; POIAN, V. R. L. Enfermagem neonatológica. 2. ed. Porto Alegre: Luzzatto, 1988. RIBEIRO, C. D. M.; REGO, S. Bioética clínica: contribuições para a tomada de decisões em unidades de terapia intensiva neonatais. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 13, p. 2239-2246, dez. 2008. Suplemento. KAMADA, I.; ROCHA, S. M. M. Assistência de enfermagem em unidade de internação neonatal: medidas para prevenção de infecções hospitalares. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão preto, v. 15, n. 1, p. 37-48, jan. 1997. TURRINI, R. N. T.; SANTO, S. H. Infecção hospitalar e causas múltiplas de morte. Revista Paulista de Pediatria, Porto Alegre, v. 78, n. 6, p.485-490, nov./dez. 2002. LACERDA, R. A. Indicadores de avaliação de qualidade e de diagnóstico de práticas de controle de infecção hospitalar em serviços de saúde do Estado de São Paulo. São Paulo, 2001. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2001. TURRINI, R. N. T. Infecção hospitalar e mortalidade em hospital pediátrico. São Paulo, 1996. p. 99. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1996. 68 Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.65-68, Jul-Ago-Set. 2012. REVISTA INTERDISCIPLINAR - NORMAS PARA PUBLICAÇÃO CATEGORIAS DE ARTIGOS A Revista Interdisciplinar publica artigos originais, revisões, relatos de casos, resenhas e página do estudante, nas áreas da saúde, ciências humanas e tecnológicas. Artigos originais: são contribuições destinadas a divulgar resultados de pesquisa original inédita. Digitados (Times New Roman 12) e impressos em folhas de papel A4 (210 X 297 mm), com espaço duplo, margem superior e esquerda de 3,0 cm e inferior e direita de 2,0 cm, perfazendo um total de no mínimo 15 páginas e no máximo 20 páginas para os artigos originais (incluindo em preto e branco as ilustrações, gráficos, tabelas, fotografias etc). As tabelas e figuras devem ser limitadas a 5 no conjunto. Figuras serão aceitas, desde que não repitam dados contidos em tabelas. Recomenda-se que o número de referências bibliográficas seja de, no máximo 20. A estrutura é a convencional, contendo introdução, metodologia, resultados e discussão e conclusões ou considerações finais. Revisões: avaliação crítica sistematizada da literatura ou reflexão sobre determinado assunto, devendo conter conclusões. Os procedimentos adotados e a delimitação do tema devem estar incluídos. Sua extensão limita-se a 15 páginas. Relatos de casos: estudos avaliativos, originais ou notas prévias de pesquisa contendo dados inéditos e relevantes. A apresentação deve acompanhar as mesmas normas exigidas para artigos originais, limitando-se a 5 páginas. Resenhas: resenha crítica de obra, publicada nos últimos dois anos, limitando-se a 2 páginas. Página do Estudante: espaço destinado à divulgação de estudos desenvolvidos por alunos de graduação, com explicitação do orientador em nota de rodapé. Sua apresentação deve acompanhar as mesmas normas exigidas para artigos originais, com extensão limitada a 5 páginas. Todos os manuscritos deverão vir acompanhados de ofício identificando o nome dos autores, titulação, local de trabalho, cargo atual, endereço completo, incluindo o eletrônico e indicação de um dos autores como responsável pela correspondência. O aceite para publicação está condicionado à transferência dos direitos autorais e exclusividade de publicação (ver anexo). Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.68-71, Jul-Ago-Set. 2012. Os trabalhos serão avaliados pelo Conselho Editorial e pela Comissão de Publicação. Os trabalhos recusados não serão devolvidos e os autores receberão parecer sobre os motivos da recusa. Todos os conceitos, idéias e pressupostos contidos nas matérias publicadas por este periódico são da inteira responsabilidade de seus autores. Nas pesquisas que envolvem seres humanos, os autores deverão deixar claro se o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), bem como o processo de obtenção do consentimento livre e esclarecido dos participantes de acordo com a Resolução nº 196 do Conselho Nacional de Saúde de 10 de outubro de 1996. FORMA E PREPARO DO MANUSCRITO A Revista Interdisciplinar recomenda que os trabalhos sigam as orientações das Normas da ABNT para elaborar lista de referências e indicálas junto às citações. Os manuscritos deverão ser encaminhados em três cópias impressas e uma cópia em CD com arquivo elaborado no Editor de Textos MS Word. Página de identificação: título e subtítulo do artigo com máximo de 15 palavras (conciso, porém informativo) nos três idiomas (português, inglês e espanhol); nome do(s) autor(es), máximo 06 (seis) indicando em nota de rodapé o(s) título(s) universitário(s), cargo(s) ocupado(s), nome da Instituição aos quais o trabalho deve ser atribuído, Cidade, Estado e endereço completo incluindo o eletrônico do pesquisador proponente. Resumos e Descritores: o resumo em português, inglês e espanhol, deverá conter de 100 a 200 palavras em espaço simples, com objetivo da pesquisa, metodologia, principais resultados e as conclusões. Deverão ser destacados os novos e mais importantes aspectos do estudo. Abaixo do resumo, incluir 3 a 5 descritores alusivos à temática. Apresentar seqüencialmente os três resumos na primeira página incluindo títulos e descritores nos respectivos idiomas. Ilustrações: as tabelas devem ser numeradas consecutivamente com algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Os quadros são identificados como tabelas, seguindo uma única numeração 69 em todo o texto. O mesmo deve ser seguido para as figuras (fotografias, desenhos, gráficos, etc). Devem ser numeradas consecutivamente com algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Notas de Rodapé: deverão ser indicadas em ordem alfabética, iniciadas a cada página e restritas a no máximo 03 notas de rodapé por artigo. Depoimentos: seguir as mesmas regras das citações, porém em itálico. O código que representa cada depoente deve ser apresentado entre parênteses e sem grifo. Citações no texto: Nas citações, as chamadas pelo sobrenome do autor, pela instituição responsável ou título incluído na sentença devem ser em caixa-alta baixa, e quando estiverem entre parênteses caixa-alta. Ex.: Exemplos: Conforme Frazer (2006), a música sempre foi o ponto central na vida de Madame Antoine tica: alguns desafios. São Paulo: Loyola, 2001. p.17-34. b. Único autor para o livro todo – Substitui-se o nome do autor por um travessão de seis toques após o “In.”: PESSINI, L. Fatores que impulsionam o debate sobre a distanásia In: _____.Distanásia: até quando prolongar a vida? São Paulo: Loyola, 2001. p.67-93. Congressos, simpósios, jornadas, etc. CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 5., 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:ABRASCO, 1999. Trabalhos apresentados em congressos, simpósios, jornadas, etc. SOUZA, G. T. Valor proteíco da laranja. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO. 3., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: Associação Brasileira de Nutrição. 2000. p.237-55. Dissertações, Teses e Trabalhos acadêmicos “No caso de Madame Antoine, o gosto pela música foi, desde a infância, central em sua vida.” (FRASER, 2006, p.37) BUENO, M.S.S. O salto na escuridão: pressupostos e desdobramentos das políticas atuais para o ensino médio. 1998 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília. As citações diretas, no texto, de até três linhas, devem estar contidas entre aspas duplas. As aspas simples são utilizadas para indicar citação no interior da citação. Ex: Publicações periódicas consideradas no todo (relativo à coleção) “Ele se conservava a estibordo do passadismo, tão longe quanto possível” (CONRAD, 1988, p.77) CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz, 1965- . Semestral Artigo de publicações periódicas As citações diretas, no texto, com mais de três linhas, devem ser destacadas com recuo de 4 cm da margem esquerda, espaço simples, com letra menor que a do texto utilizado e sem as aspas. No caso de documentos datilografados, deve-se observar apenas o recuo. Ex: LIMA, J. Saúde pública: debates. Revista Saúde. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989. Partes de revista, boletim, etc. A sete pessoas, Daniel Seleagio e sua mulher Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel e Paulo Reynaud, encheram a boca de cada um com pólvora, a qual, inflamada, fez com que suas cabeças voassem em pedaços (FOX, 2002, p.125) LISTAGEM DAS REFERÊNCIAS - EXEMPLOS Livros como um todo SILVA, A. F. M. Genética humana. 7.ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2005. 384p. Capítulo de livro a. 70 Autor do capítulo diferente do responsável pelo livro no todo. ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangência e dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioé- Inclui volume, fascículo, números especiais e suplementos, entre outros, sem título próprio. Ex: VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p. Artigo de Jornal ALVES, Armando. Minha Teresina não troco jamais. Meio Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Caderno 10, p. 16. Legislações - Constituição BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995 Leis e decretos BRASIL., Decreto n.89.271, de 4 de janeiro de 1984. Dispõe sobre documentos e procedimentos para despacho de Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.68-71, Jul-Ago-Set. 2012. aeronave em serviço internacional. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência. São Paulo, v.48,p.3-4, jan./mar. 1984. Documentos em Meio Eletrônico Artigos de periódicos (revistas, jornais, boletim) SOUZA. A. F. Saúde em primeiro lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. jun.2000. Disponível em: www.sus.inf.br/ frame-artig.html. Acesso em: 31 jul.2000. XIMENES, Moacir. O que é uma biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponível em: http:// www.biblioteca.htm. Acesso em: 19 mar. 2008. TERMO DE RESPONSABILIDADE Cada autor deve ler e assinar os documentos (1) Declaração de Responsabilidade e (2) Transferência de Direitos Autorais. Primeiro autor: _______________________________________________________________________________________ Título do manuscrito: __________________________________________________________________________________ Todas as pessoas relacionadas como autores devem assinar declaração de responsabilidade nos termos abaixo: • Certifico que participei suficientemente do trabalho para tornar pública minha responsabilidade pelo conteúdo; • Certifico que o artigo representa um trabalho original e que não foi publicado ou está sendo considerado para publicação em outra revista, que seja no formato impresso ou no eletrônico; Assinatura do(s) autor(es) Data: ___________________________________________________________________________ TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS AUTORAIS Declaro que em caso de aceitação do artigo, concordo que os direitos autorais a ele referentes se tornarão propriedade exclusiva da Revista Interdisciplinar. Assinatura do(s) autor(es) Data: ___________________________________________________________________________ ENVIO DE MANUSCRITOS Os manuscritos devem ser endereçados para a Revista Interdisciplinar, em 3 vias impressas, juntamente com o CD ROM gravado para o seguinte endereço: Revista Interdisciplinar Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai Teresina – Piauí - Brasil CEP: 64057-100 Telefone: + 55 (86) 2106-0726 Fax: + 55 (86) 2106-0740 E-mail: [email protected] Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.68-71, Jul-Ago-Set. 2012. 71 INTERDISCIPLINARY MAGAZINE - NORMS FOR PUBLICATION ARTICLE CATEGORIES The Interdisciplinary Magazine publishes original articles, reviews, case studies, and also a student’s page, all this in the areas of health, human sciences and technology. Original articles: contributions destined to reveal results of new research. They are typewritten (using New Roman Times, #12) and printed on sheets of A4 sized (210 X 297 mm) paper, double spaced, with an upper left margin of 3.0 cm., and a lower right one of 2.0 cm. The original articles are at least 15 pages long, and at most 20 pages (including black and white illustrations, graphics, charts, photographs etc.) The charts and figures should be limited to five per group. Figures will be accepted, as long as they do not repeat data contained in the tables. It is recommended that the number of bibliographic references be twenty at most. The structure is conventional and is made up of an introduction, methodology, results, discussion and final conclusions. Reviews: systemized critical evaluations of scientific literature or opinions about certain subjects, with conclusions. The procedures adopted and the delimitation of the theme should be included. Its length is limited to fifteen pages. Original case studies: evaluated studies, or brief notes on research containing new and relevant subjects, they should follow the same norms as the original articles and are limited to five pages. The Student Page: dedicated to publishing articles developed by undergraduate students. These articles will have footnotes written by supervising professors. Their presentations follow the same norms as those demanded by the original articles, limited to five pages. All manuscripts will be turned in with an information sheet which will have the names of the authors, their academic backgrounds, employers, current positions, complete addresses and e-mails. One of the authors will take responsibility for any needed correspondence. Once the article is accepted for publication, it is with the condition that the copyright belongs exclusively to the magazine, (see attachment). The papers will be evaluated by the Editorial Council, and the Publishing Commission. The articles that are rejected will not be returned. The authors will receive a written explanation for the refusal. 72 All concepts, ideas, and prejudices contained in the publications are the sole responsibility of its authors. In research involving persons, the authors should clearly state whether or not their project was approved by the Research Ethics Committee (CEP) It is also necessary to show clearly that the participants involved give their total consent, in accordance with resolution number 196 of the National Health Council of October 10, 1996. THE FORM AND PREPARATION OF THE MANUSCRIPT The Interdisciplinary Magazine recommends that the papers follow the orientations of the norms of the ABNT to make a list of references and indicate them together with the quotes. THE MANUSCRIPTS Three copies of the manuscript should be printed, and one put on CD with an archive developed on the MS WORD TEXT EDITOR. The Identification Page: title and subtitle of the article with a maximum of fifteen words, concise, though informative, in three languages (Portuguese, English and Spanish);with the name(s) of the author(s), six maximum, their university status, position(s), the name of the institution the work should be attributed to, city, state, complete address, including the e-mail of the researcher responsible for the group. The Abstracts and Key words: the abstract, written in the three languages mentioned above, should contain one hundred to two hundred words, be single spaced, stating the objective of the research, methodology, along with the main results and conclusions. The newest and most important aspects of the study should be emphasized. Underneath the abstract should be three to five keywords related to the theme. The three abstracts will be presented in sequence on the first page, including titles and keywords in their respective languages. The Illustrations: Charts should be consecutively numbered using algorisms, in the order which they are mentioned in the text, charts use only one set of numerations for the whole text. The same should be done for any images (Photographs, designs, graphics, etc) they are to follow the same rules as mentioned for charts. The Footnotes: should be mentioned in alphabetical order, appe Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.72-74, Jul-Ago-Set. 2012. aring at the beginning of the page, and be restricted to three footnotes per article. São Paulo: Loyola, 2001.p.67-93. Congresses, symposiums, etc. Testimonies: follow the same rules as quotes, but are in italics. The code which each testimony represents should be in parenthesis, and unmarked. Quotes in the text: Examples In the quotes where the last name of the author, or the responsible institution is mentioned, the name should begin with a capital letter, the rest small., but when in parenthesis should be completely in Capital letters.. According to Frazer (2006), music was always a main part of Madame Antoine’s life. “In the case of Madame Antoine, her love of music was, since childhood, a main part of her life” (FRASER, 2006, p.37) CONGRESSO BRASILEIRO DE EPIDEMIOLOGIA, 5, 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ABRASCO, 1999. Work presented in congresses, symposiums, etc SOUZA, G. T. Valor proteíco da laranja. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO. 3., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: Associação Brasileira de Nutrição. 2000. p.237-55. Dissertations, Theses and Academic papers. BUENO, M.S.S. O salto na escuridão: pressupostos e desdobramentos das políticas atuais para o ensino médio. 1998 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília. 5 Periodical Publications considered as one. Direct quotes of up to three lines in the text, should be between double quotation marks. Singular quotation marks are to be used for quotes within quotes. Ex: “He maintained himself to the starboard of living in the past, as far away as possible.” (CONRAD, 1988, p.77) Direct quotes from the text with more than three lines, should have a left margin of 4 cm, be single spaced, with a smaller sized letter than the text, and without quotation marks, in the case of typed documents, the margin is all that must be done. Ex: CADERNOS DE SAÚDE PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz, 1965- . Semestral Publication of a periodical article LIMA, J. Saúde pública: debates. Revista Saúde. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989. Parts of a magazine, bulletin, etc. Include volume, number, and special editions, without a specific title,.: The seven people, Daniel Seleagio and his woman Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel and Paulo Reynaud, filled their mouths with gunpowder, which when lit, blew their heads apart. (FOX, 2002, p.125) REFERENCE LISTS - EXAMPLES VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p. Articles from Journals ALVES, Armando. Minha Teresina não troco jamais. Meio Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Caderno 10, p. 16. Entire Books Legislations – Constitution SILVA, A. F. M. Genética humana. 7. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2005. 384p. The Chapter of a Book a. The author of the chapter not being the author of the book ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangência e dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioética: alguns desafios. São Paulo: Loyola, 2001. P.17-34. b. The book having only one author – substitute the name of the author with an underline of six spaces after the word IN: PESSINI, L. Fatores que impulsionam o debate sobre a distanásia In: _____.Distanásia: até quando prolongar a vida? Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.72-74, Jul-Ago-Set. 2012. BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995 Laws and Decrees BRASIL, Decreto n.89.271, de 4 de janeiro de 1984. Dispõe sobre documentos e procedimentos para despacho de aeronave em serviço internacional. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência. São Paulo, v.48,p.3-4, Jan./mar. 1984. Documents in the Electronic Medium. Articles in periodicals (magazines, journals) 73 SOUZA. A. F. Saúde em primeiro lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. jun.2000. Disponível em: HYPERLINK “http:// www.sus.inf.br/frame-artig.html” www.sus.inf.br/frameartig.html. Acesso em: 31 jul.2000. XIMENES, Moacir. O que é uma biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponivel em http www.biblioteca.htm. Accesso em 19. mar. 2008. TERMS OF RELEASE Each author should read and sign the documents (1) Declaration of Responsibility and) Transference of Copyright First author: _________________________________________________________________________________________ Title of the manuscript: _________________________________________________________________________________ All the people involved in the project with the authors should sign and swear to the release form below. • I certify that I participated sufficiently enough in this research to sign a term of release making the content of my work public. • I certify that the article is an original paper and was not, nor is being considered to be published in any form, printed or electronic Signature of the author(s) Date: ___________________________________________________________________________ TRANSFER OF COPYRIGHT: I declare, in the case of my article being accepted, to agree to the copyright being signed over exclusively to the magazine, Revista Interdisciplinary. Signature of the author (s) Date: SHIPPING OF MANUSCRIPTS Three printed copies of the manuscripts should be sent to Revista Interdisciplinary, together with a copy on CD to the following address: Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai Teresina – Piauí - Brasil CEP: 64057-100 Telefone: + 55 (86) 2106-0726 Fax: + 55 (86) 2106-0740 E-mail: [email protected] 74 Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.72-74, Jul-Ago-Set. 2012. REVISTA INTERDISCIPLINAR - NORMAS PARA PUBLICACIÓN CATEGORIAS DE ARTICULOS La Revista Interdisciplinar publica articulos originales, revisiones, relatos de casos, reseñas y página del estudiante, en las áreas de la salud, ciencias humanas y tecnológicas. Articulos originales: son contribuciones destinadas a divulgar resultados de investigación original inédita. Digitados (Times New Roman 12) e impresos en hojas de papel A4 (210 X 297 mm), con espacio duplo, margen superior y izquierda de 3,0cm e inferior y derecha de 2,0 cm, haciendo un total mínimo de 15 páginas y máximo de 20 páginas para los articulos originales (incluyendo en negro y blanco las ilustraciones, gráficos, tablas, fotografias etc). Las tablas y figuras deben ser limitadas a 5 en el conjunto. Figuras serán aceptas, desde que no repitan datos contidos en tablas. Se recomenda que el número de referencias bibliográficas sea el máximo 20. La estructura es la convencional, conteniedo introdución, metodología, resultados y discusión y conclusiones o consideraciones finales. Revisiones: evaluación crítica sistematizada de la literatura o reflexión sobre determinado asunto, debendo contener conclusiones. Los procedimientos adoptados y la delimitación del tema deben estar inclusos. Su extensión se limita a 15 páginas. Relatos de casos: estudios evaluativos, originales o notas prévias de pesquisa conteniedo datos inéditos y relevantes. La presentación debe acompañar las mismas normas exigidas para articulos originales, limitandose a 5 páginas. Reseñas: reseña crítica de la obra, publicada en los últimos dos años, limitandose a 2 páginas. Página del Estudiante: espacio destinado a la divulgación de estudios desarrollados por alumnos de la graduación, con explicitación del orientador en nota de rodapie. Su presentación debe acompañar las mismas normas exigidas para articulos originales, con extensión limitada a 5 páginas. Todos los manuscritos deverán venir acompañados de ofício identificando el nombre de los autores, titulación, lugar de trabajo, cargo atual, dirección completa, incluyendo el eletrónico e indicación de uno de los autores como responsable por la correspondencia. Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.75-77, Jul-Ago-Set. 2012. La aceptación para publicación está condicionado a la transferencia de los derechos autorales y exclusividad de la publicación (ver anexo). Los trabajos serán evaluados por el Consejo Editorial y por la Comisión de Publicación. Los trabajos recusados no serán devueltos y los autores receberán parecer sobre los motivos de la recusa. Todos los conceptos, ideas y presupuestos contidos en las materias publicadas por este periódico son de intera responsabilidad de sus autores. En las pesquisas que envolucran seres humanos, los autores deberán dejar claro se el proyecto fue aprovado por el Comité de Ética en Pesquisa (CEP), así como el proceso de obtención del consentimiento libre y aclarado de los participantes de acuerdo con la Resolución nº 196 del Consejo Nacional de Salud de 10 de octubre de 1996. FORMA Y PREPARO DEL MANUSCRITO La Revista Interdisciplinar recomenda que los trabajos sigan las orientaciones de las Normas de la ABNT para elaborar lista de referencias e indicarlas junto a las citaciones. Los manuscritos deverán ser encamiñados en tres copias impresas y una copia en CD con arquivo elaborado en el Editor de Textos MS Word. Página de identificación: título y subtítulo del articulo con máximo de 15 palabras (conciso, pero informativo) en tres idiomas (portugués, inglés y español); nombre de lo(s) autor(es), máximo 06 (seis) indicando en nota de rodapié lo(s) título(s) universitario(s), cargo(s) ocupado(s), nombre de la Institución a los cuales el trabajo debe ser atribuído, Ciudad, Estado y dirección completos incluyendo el eletrónico del pesquisador proponiente. Resumenes y Descriptores: el resumen en portugués, inglés y español, deberá contener de 100 a 200 palabras en espacio simples, con objetivo de la pesquisa, metodología, principales resultados y las conclusiones. Deverán ser destacados los nuevos y más importantes aspectos del estudio. Abajo del resumen, incluir 3 a 5 descriptores alusivos a la temática. Presentar secuencialmente los tres resumenes en la primera página incluyendo títulos y descriptores en los respectivos idiomas. Ilustraciones: las tablas deben ser numeradas consecutivamente con algarismos arábicos, en el orden en que fueron citadas en el texto. Los cuadros son identificados como tablas, siguiendo una única numeración 75 en todo el texto. El mismo debe ser seguido para las figuras (fotografias, dibujos, gráficos, etc). Deben ser numeradas consecutivamente con algarismos arábicos, en el orden en que fueron citadas en el texto. Notas de Rodapie: deverán ser indicadas en ordem alfabética, iniciadas a cada página y restrictas al máximo de 03 notas de rodapie por artículo. Testimonios: seguir las mismas reglas de las citaciones, pero en itálico. El código que representa cada depoente debe ser presentado entre parentesis y sin grifo. Citaciones en el texto: En las citaciones, las llamadas por el sobrenombre del autor, por la institución responsable o título incluso en la sentencia deven ser en caja-alta baja, y cuando estea entre parentesis cajaalta. Ex.: Ejemplos: Conforme Frazer (2006), la música siempre fue el punto central en la vida de Madame Antoine “En el caso de Madame Antoine, el gusto por la música fue, desde la infancia, central en su vida.” (FRASER, 2006, p.37) tica: algunos desafios. São Paulo: Loyola, 2001. p.17-34. b. Único autor para todo el libro – Se sustituye el nombre del autor por una raya de seis toques después del “In.”: PESSINI, L. Fatores que impulsionan el debate sobre la distanásia In: _____.Distanásia: ¿hasta cuando prolongar la vida? São Paulo: Loyola, 2001. p.67-93. Congresos, simposios, jornadas, etc. CONGRESO BRASILIERO DE EPIDEMIOLOGÍA, 5., 1999, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:ABRASCO, 1999. Trabajos presentados en congresos, simposios, jornadas, etc. SOUZA, G. T. Valor proteíco de la naranja. In: CONGRESSO BRASILIERO DE NUTRICIÓN. 3., 2000, São Paulo. Anais...São Paulo: Asociación Brasiliera de Nutrición. 2000. p.237-55. Disertaciones, Tesis y Trabajos académicos BUENO, M.S.S. El salto en la oscuridad: presupuestos y desdobramientos de las políticas atuales para la enseñanza media. 1998 f. Tesis (Doctorado en Educación) – Facultad de Filosofia y Ciencias, Universidad Estatal Paulista, Marília. Las citaciones directas, en el texto, de hasta tres líneas, deben estar contenidas entre aspas duplas. Las aspas simples son utilizadas para indicar citación en el interior de la citación. Ex: Publicaciones periódicas consideradas en el todo (relativo a la colección) “Él se conserbaba a estibordo del pasadismo, tan lejos cuanto posíble” (CONRAD, 1988, p.77) CUADERNOS DE SALUD PÚBLICA. Rio de janeiro: Fiocruz, 1965-. Semestral Las citaciones directas, en el texto, con más de tres línas, deben ser destacadas con recuo de 4 cm de la margen izquierda, espacio simples, con letra menor que la del texto utilizado y sin las aspas. En el caso de documentos datilografados, se debe observar sólo el recuo. Ex: Las siete personas, Daniel Seleagio y su mujer Giovanni Durant, Lodwich Durant, Bartolomeu Durant, Daniel Revel y Paulo Reynaud, rellenaron la boca de cada un con pólvora, la cual, inflamada, hizo con que sus cabezas volasen en pedazos (FOX, 2002, p.125). Listagen de las Referências - Ejemplos Articulos de publicaciones periódicas LIMA, J. Salud pública: debates. Revista Salud. Rio de Janeiro, v.18, n.2, p.298-301, nov.1989. Partes de la revista, boletín, etc. Incluye volumen, fascículo, números especiales y suplementos, entre otros, sin título próprio. Ex: VEJA. São Paulo: Abril, n.2051, 12 mar. 2008. 98p. Artículo de Periodico Libros como todo SILVA, A. F. M. Genética humana. 7.ed. Rio de Janeiro: Libros Técnicos y Científicos, 2005. 384p. ALVES, Armando. Mi Teresina no cambio jamás. Meio Norte, Teresina , 16 ago. 2006. Cuaderno 10, p. 16. Legislaciones - Constitución Capítulo de libro BRASIL. Código civil. 46. ed. São Paulo: Saraiva, 1995 a. 76 Autor del capítulo diferente del responsable por todo el libro. ANJOS, M. F. dos. Bioética: abrangencia y dinamismo. In: BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de; PESSINI; Leo. Bioé- Leyes y decretos BRASIL. Decreto n.89.271, de 4 de enero de 1984. Dispõe soRevista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.75-77, Jul-Ago-Set. 2012. bre documentos y procedimientos para despacho de aeronave en servicio internacional. Lex: Coletanea de Legislación y Jurisprudencia. São Paulo, v.48,p.3-4, ener./mar. 1984. Documentos en Meio Eletrónico Artículos de periódicos (revistas, periodicos, boletín) SOUZA. A. F. Salud en primero lugar. Saúde em Foco, Campus, V.4 n.33. Jun.2000. Disponible en: www.sus.inf.br/frameartig.html. Aceso en: 31 jul.2000. XIMENES, Moacir. Qué es una biblioteca pública. Diário do Povo do Piauí, Teresina, 11 mar. 2008. Disponible en: http://www.biblioteca.htm. Aceso en: 19 mar. 2008. Termo de Responsabilidad Cada autor debe leer y asinar los documentos (1) Declaración de Responsabilidad y (2) Transferencia de Derechos Autorales. Primer autor: ________________________________________________________________________________________ Título del manuscrito: __________________________________________________________________________________ Todas las personas relacionadas como autores deben asinar declaración de responsabilidad en los termos abajo: • Certifico que participé suficientemente del trabajo para tornar pública mi responsabilidad por el contenido; • Certifico que el artículo representa un trabajo original y que no fue publicado o está siendo considerado para publicación en otra revista, que sea en el formato impreso o en el eletrónico; Asinatura de lo(s) autor(es) Fecha: _________________________________________________________________________ Transferencia de Derechos Autorales Declaro que en caso de aceptación del artículo, concordo que los derechos autorales a él referentes se tornaron propiedad exclusiva de la Revista Interdisciplinar. Asinatura do(s) autor(es) Fecha: __________________________________________________________________________ Envio de manuscritos Los manuscritos deben ser direccionados para la Revista Interdisciplinar, en 3 vias impresas, juntamente con el CD ROM gravado para la siguiente dirección: Revista Interdisciplinar Rua Vitorino Orthiges Fernandez, 6123 Bairro Uruguai Teresina – Piauí - Brasil CEP: 64057-100 Telefone: + 55 (86) 2106-0726 Fax: + 55 (86) 2106-0740 E-mail: [email protected] Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.75-77, Jul-Ago-Set. 2012. 77 REVISTA INTERDISCIPLINAR FORMULÁRIO DE ASSINATURA Caro leitor: Para ser assinante da Revista Interdisciplinar, destaque esta folha, preencha-a e envie por correio ou fax, anexando cópia do depósito bancário. NOME: _____________________________________________________________________________________________ ENDEREÇO: _________________________________________________________________________________________ BAIRRO: ____________________________________________________________________________________________ CEP: _______________ CIDADE: ____________________________________________________________ UF:__________ PROFISSÃO: _________________________________________________________________________________________ FONE: ______________________________________________FAX:____________________________________________ E-MAIL: ____________________________________________________________________________________________ TIPO DE ASSINATURA DESEJADA Tipo de Assinatura (anual) Valor Profissional R$ 100,00 Estudante R$ 50,00 Institucional R$ 200,00 NÚMERO AVULSO ________________________________________________________________R$ 35,00 Número avulso desejado – Volume ____________________________________ Número _____________________________ INSTRUÇÕES DE PAGAMENTO O valor referente à assinatura ou número avulso deverá ser depositado em favor de: Faculdade UNINOVAFAPI Banco do Brasil S/A Conta Corrente: 8000-4 Agência: 3178-X Teresina – Piauí ENDEREÇO PARA ENVIO DO COMPROVANTE Endereço/Mail adress//Dirección: Rua Vitorino Orthiges Fernandes, 6123 • Bairro Uruguai • 64057-100 • Teresina - Piauí - Brasil Web site: www.UNINOVAFAPI.com.br • E-mail: [email protected] FONE: 86 2106.0726 • FAX: 86 2106.0740 78 Revista Interdisciplinar UNINOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.78, Jul-Ago-Set. 2012. 80 Revista Interdisciplinar NOVAFAPI, Teresina. v.5, n.3, p.x-y, Jul-Ago-Set. 2012.