Comu ni ca ção& So cie dade REGISTROS 201 202 • Comunicação e Sociedade 39 Bledcom 2002 avalia o conceito de relações públicas Foi realizado, de 4 a 7 de julho de 2002, o IX Simpósio Internacional de Pesquisa e Relações Públicas, em conjunto com o Congresso Anual da Euprera - Associação Européia de Educação e Pesquisa em Relações Públicas, na cidade de Bled, na Eslovênia. O tema central do encontro foi “O status do conhecimento de relações públicas na Europa e ao redor do mundo”, discutido no primeiro dia do simpósio, por cinco pesquisadores, de quatro continentes: Ronél Rensburg, chefe do departamento de Marketing e de Administração da Comunicação da Universidade de Pretoria, África do Sul; K. Sriramesh, professor-associado da Escola de Comunicação e Informação, da Universidade Tecnológica de Nanyang, Singapura; Maria Aparecida Ferrari, diretora da Faculdade de Jornalismo e Relações Públicas da Universidade Metodista de São Paulo, Brasil; James E. Grunig e Larissa A. Grunig, responsáveis pelo programa de Relações Públicas do departamento de Comunicação da Universidade de Maryland, Estados Unidos. O painel foi coordenado pelos organizadores do simpósio, Dejan Vercic, da Eslovênia, e Betteke Van Ruler, representando a Holanda. Os expositores apresentaram a visão de cada um dos continentes a respeito do desenvolvimento das relações públicas e analisaram os dados apresentados no Manifesto de Bled, resultado de um estudo sobre as relações públicas na Europa. Este documento resultou de um estudo coordenado por Dejan Vercic e Betteke van Ruler, que teve como objetivo investigar se existe um conceito autêntico europeu de relações públicas ou se o conceito em uso é puramente norteamericano. Na investigação foi utilizado o método Delphi, que se baseia em grupo de entrevistas interativas e anônimas, através da internet. Para tanto formou-se um grupo de respondentes, composto por acadêmicos e profissionais, por meio de uma amostra intencional, contatados para responder as questões apresentadas e explicar, de maneira descritiva e normativa, suas posições e opiniões. No caso do Manifesto de Bled, foram realizadas três etapas de entrevistas. Na primeira, os participantes responderam a um questionário mediante o qual se buscava coletar dados e opiniões. Esse material foi coletado e organizado pelos coordenadores do projeto, tendo o resultado 203 sido apresentado por mais duas vezes aos mesmos respondentes, para que completassem dados ou sugerissem alterações ou complementações. O processo de coleta de informações, em três rodadas, durou catorze meses, envolvendo 37 participantes de 25 países. Os principais resultados obtidos foram: 1. Com relação à nomenclatura “relações públicas” utilizada pelos países europeus, a área, enquanto ciência, é mais conhecida como “Comunicação” e, enquanto prática, como “relações públicas”. Observou-se que nas línguas germânicas e eslavas relações públicas significa “relações com o público”, tento “público” um significado diferente daquele adotado nos Estados Unidos. No caso da Alemanha, por exemplo, Öffentlichkeitsarbeit, usado para a área de forma abrangente, significa “trabalho público”. 2. No debate sobre a construção de um conceito de relações públicas européias, duas definições obtiveram a mesma concordância: relacionamento e comunicação. Em seguida apareceram os conceitos de público, compreensão mútua e administração. Os pesquisadores concluíram que é importante iniciar uma discussão sobre o que significa relacionamento e comunicação, antes de escolher um dos dois para definir relações públicas. 3. Sobre os parâmetros da área de Relações Públicas, os pesquisadores descobriram que não há muita clareza sobre os limites com as outras áreas afins, o que faz com que muitas vezes as relações públicas acabam sendo reduzidas à dimensão técnica. A conclusão é que a prática, assim como a educação formal, está demasiadamente focada na função profissional, sem se dar muita atenção a Relações Públicas como uma área com um corpo de conhecimento próprio. 4. Como área de pesquisa específica, observou-se que na Europa existe uma pequena oferta de cursos de Relações Públicas. Assim, uma vez que a área não é vista como uma ciência, a pesquisa não é praticada com regularidade, o que leva à inexistência de pressupostos teóricos e, subseqüentemente, de teorias próprias. 5. Com relação a definição da área, o estudo demonstrou, ainda, que os respondentes definem relações públicas de acordo com os conceitos norte-americanos. Porém, os resultados das três rodadas de perguntas levaram os pesquisadores a refletir sobre relações públicas como um fenômeno com certas características distintas. Eles concluíram que a atividade é um processo estratégico de ver uma organização sob uma visão externa. 204 • Comunicação e Sociedade 39 6. O estudo concluiu que existem quatro “características européias de relações públicas”: gerencial, reflexiva, operacional e educacional, que serão analisadas e avaliadas posteriormente em outros estudos. Ficou claro que, na atualidade, tanto pesquisadores como educadores europeus, não formam uma massa crítica, o que tem acarretado dificuldades na adoção de enfoques teóricos. Quanto mais a atividade for percebida no seu nível tático, maiores serão as dificuldades para alcançar seu status como área de conhecimento. É óbvio que as relações públicas não estão desenvolvidas na Europa, tanto na área da pesquisa como na da educação num alto nível. Os pesquisadores europeus acreditam que tal desconhecimento está relacionado com a falta de identidade da área. E é com base nestas conclusões que pretendem avançar seus estudos nos próximos anos. Maria Aparecida Ferrari Diretora da Faculdade de Jornalismo e Relações Públicas e coordenadora do Curso de Relações Públicas da Umesp. 205 VII Regiocom destaca a mídia local SÉRGIO MATTOS A valorização da mídia regional frente ao fenômeno da globalização foi o ponto de partida para os estudos realizados no VII Regiocom - Colóquio Internacional de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, promovido pela Cátedra Unesco-Umesp de Comunicação, em parceria com a Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista – Unesp, em Bauru (SP), de 01 a 12 de julho de 2002. Participaram pesquisadores, docentes e profissionais, além de alunos da Unesp, mestrandos e doutorandos do curso de pós-graduação da Universidade Metodista de São Paulo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, da Universidade Sagrado Coração (Bauru), da USP, entre outras. O tema central, “ Mídia local”, foi desenvolvido em quatro módulos, compostos por cursos e conferências, além de oficinas e palestras. Sérgio Mattos, diretor do Campus I da Unibahia, coordenador dos cursos de Jornalismo e Relações Públicas da mesma instituição e editor do jornal A Tarde, de Salvador, trabalhou o tema “Brasil: capital e interior - demandas municipalistas na mídia impressa”. O curso foi realizado de 01 a 05 de julho, no período da manhã, e abordou questões como a produção, distribuição e sobrevivência da mídia regional brasileira frente ao processo de globalização. O professor, que também é compositor, dinamizou as aulas apresentando músicas de sua autoria. Para ele, “a globalização sem o regional não é nada”, salientando que “o fortalecimento regional abre as portas para globalização”. No mesmo período, durante a tarde, Cicília M. Krohling Peruzzo, docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Umesp, ministrou o curso “Mídia local e fortalecimento da cidadania: utopias latino-americanas”. Foram apresentados e discutidos os conceitos de identidade regional, globalização, mundialização, mídia local e cidadania. O principal foco do curso esteve posto na comunicação para a formação da cidadania. Para a professora, “a sociedade não pode ser apenas destinatária, mas deve ser também emissora dos conteúdos dos meios de comunicação”. Os participantes realizavam leituras em grupos e discutiam o conteúdo. Na segunda semana do evento, de 08 a 12 de julho, pela manhã, o pesquisador belga Jan Servaes, diretor do centro de pesquisa 206 • Comunicação e Sociedade 39 Communication for Social Change e presidente do European Consortium for Communications Research, pautou suas reflexões sobre a dialética da globalização, ou seja, apontando a globalização e a localização dos meios como fenômenos simultâneos. O fio condutor do curso foi a interpretação do mundo globalizado. O professor apresentou as diferentes faces da globalização frente às visões “globalistas, tradicionalistas e transformalistas” . De acordo com seus estudos há uma separação entre globalistas otimistas e globalistas pessimistas. Os primeiros dão boas-vindas à autonomia individual e enfatizam os benefícios das novas tecnologias, a comunicação global e as maiores possibilidades de contatos culturais; paradoxalmente, os pessimistas dão ênfase à dominação dos grandes interesses econômicos e políticos e denunciam todas as conseqüências desiguais da globalização. Ambos os grupos partilham a idéia de que a globalização constitui primordialmente um fenômeno econômico. Já “os tradicionalistas vêem na globalização um mito. Para eles, os abismos entre Norte e Sul vão se ampliando. Tudo que estamos vivendo é uma continuidade e uma progressão da mudança evolucionista”. Já os transformalistas argumentam que o mundo está passando por mudanças como sempre tem sido, mas também acreditam que alguns dos fenômenos formam um conglomerado que em sua totalidade representa algo que pode ser considerado como novo”. Segundo o pesquisador, “globalização e localização formam um só processo, sendo dois lados de uma mesma moeda”. No dia 08/07, à tarde, Sebastião Squirra, da Universidade Metodista de São Paulo, realizou uma palestra sobre tevê comunitária, baseada em um paper da década de 1980 e atualizado há pouco, que tem como título: “O acesso público: as televisões por cabo nos EUA”. Para ele, no Brasil não há tevês comunitárias no sentido literal do termo. “Quando se fala em comunitário, remete-se o pensamento conceitual a algo comum, do povo, da sociedade. Isso se contradiz no Brasil, já que a tevê comunitária é elitista. Por quê? Porque são disponibilizadas nos canais por cabo. Isso custa caro, não é democrático nem, realmente, de acesso público”. No período de 09 a 12, durante a tarde, tiveram lugar as exposições de trabalhados relacionados à temática discutida no evento. No total, foram apresentadas 41 comunicações, que muito contribuíram para enriquecer o colóquio com a troca de informações e experiências. Carla Pollake da Silva Jornalista, mestre em Comunicação Social pela Umesp. Eliana Martins Marcolino Jornalista, mestre e doutoranda em Comunicação Social pela Umesp. 207 IAMCR debate o diálogo entre culturas Já estão disponíveis para consulta online os papers apresentados durante a 23ª Conferência e Assembléia Geral da IAMCR - International Association for Media and Communication Research, realizada em Barcelona (Espanha) entre os dias 21 e 26 de julho de 2002. São cerca de quinhentos textos, expostos em catorze sessões e onze grupos de trabalho, que podem ser encontrados no site <www.barcelona2002.org>. A principal organização internacional de pesquisadores em comunicação adotou como tema central de seu evento bienal a “Comunicação intercultural”, partindo da idéia de que o diálogo entre culturas representa um instrumento fundamental para a construção de uma nova ordem mundial mais justa e pacífica. O tema começou a ser debatido já na sessão plenária inaugural, que contou com a participação do ex-diretor-geral da Unesco, Federico Mayor Zaragoza (Espanha), da professora Rossana Reguillo (México), do sociólogo Anthony Giddens (Inglaterra) e da escritora Taslima Nasreen (Bangladesh). Houve também sessões especiais para a discussão de tópicos como tecnologias da informação, mídia alternativa, as mulheres na pesquisa comunicacional, o “11 de setembro” na história da comunicação entre os povos, aids e comunicação, jovens pesquisadores da comunicação e, finalmente, “Gaudí, arte e comunicação intercultural”. No encerramento do encontro, tomou posse o novo presidente, Frank Morgan, da Austrália, que substitui o espanhol Manuel Parés i Maicas (1998-2002). A cidade catalã acolheu em torno de 800 pesquisadores provenientes de 70 países, um recorde na história da IAMCR. Em termos continentais, a maior representação, como era de se supor, acabou ficando com a Europa (451), seguida pela América do Norte (136), Ásia (101), América Latina (66) e África (29). Já os países com maior número de participantes foram Espanha (155), Estados Unidos (118), Grã-Bretanha (69), Bélgica (33), Suécia (29), Alemanha (24), Israel (24), Canadá (18), Austrália (17), Japão (17), México (16), Holanda (16), Dinamarca (15), Noruega (13), Índia (13) e Brasil (13). Entre os representantes brasileiros encontravam-se a presidente da ALAIC - Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación, a brasileira Margarida M. Krohling Kunsch, que discutiu 208 • Comunicação e Sociedade 39 o tema da diversidade lingüística e cultural em mesa-redonda sobre o futuro da pesquisa em comunicação e mídia; a então diretora científica da Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, Maria Immacolata Vassallo de Lopes; e o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), Antonio Hohlfeldt, atual vice-governador do Rio Grande do Sul. Do Grupo de São Bernardo Campo, apresentaram trabalhos os doutorandos da Umesp Edgard Rebouças, professor da Faesa (Vitória, ES), e Fernando Kuhn, bolsista da Fapesp, de Campinas (SP). Durante o encontro, que teve a organização do Instituto de Comunicação da Universitat Autònoma de Barcelona, a PUC/RS foi confirmada como sede da próxima conferência e assembléia geral da IAMCR, em julho de 2004. Será a segunda vez que o evento será realizado no Brasil. Em 1992, ele teve como sede a cidade paulista de Guarujá, tendo sido anfitriãs a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA-USP, na gestão do diretor José Marques de Melo, e a Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, na presidência de Margarida M. Krohling Kunsch. Enquanto isso, a Universidade de Shih Hsin, de Taipei (Taiwan) prepara-se para receber a conferência bienal intermediária de 2003, prevista para o período entre 13 e 16 de julho, cujo tema será “Sociedade da informação e glocalização: qual o próximo passo?” Fernando Kuhn Jornalista, mestre em Multimeios pela Unicamp, doutorando em Comunicação Social pela Umesp. 209 V Comsaúde discute a saúde pública na agenda midiática ISAAC EPSTEIN Realizou-se de 14 a 16 de agosto de 2002 a V Comsaúde Conferência Brasileira de Comunicação e Saúde, evento promovido anualmente pela Cátedra Unesco-Umesp de Comunicação para o Desenvolvimento Regional, sempre em parceria com uma instituição de ensino superior, que desta vez foi a Uiniversidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo do Campo (SP). O tema central foi “Saúde pública na agenda midiática”, desenvolvido ao longo de mesas-redondas na parte da manhã e exposições em grupos de trabalhos à tarde. No primeiro dia, as reflexões tiveram o foco no sub-tema “Saúde mental: o tratamento da loucura na agenda midiática”, debatido pela psicóloga Laura Belluzzo, pela jornalista e pesquisadora em Comunicação Eliana Martins Marcolino e pelo médico sanitarista Homero Nepomuceno Duarte, com participação dos ouvintes nos debates. No dia 15, o sub-tema discutido foi “Saúde alimentar: como o jornalismo, a propaganda e a ficção seriada resgatam as questões nutricionais”, com palestras da nutricionista Daniela Maria Alves Chaud do professor Joaquim Sucena Lannes e do jornalista Celso Azevedo de Carvalho. “Infecções hospitalares: comunicação ou incomunicação dos profissionais de saúde com os pacientes e seus familiares foi o sub-tema de outra mesa, abordado pelos profissionais da saúde Antônio Cyrino e Antônio Tadeu Fernandes e pela médica sanitarista Nédia Maria Hallage. Nas reuniões das duas tardes do evento, pesquisadores, docentes, estudantes de pós-graduação e profissionais expuseram um total de 32 trabalhos, representados por pesquisas realizadas ou em andamento, que muito conbtribuíram para o enriquecimento dos partipantes, numa salutar troca de experiências. A consolidação da Rede Comsaúde - Rede Brasileira de Comunicação e Saúde constituiu-se num ponto de destaque do evento. Isaac Epstein, coordenador regional do Projeto Consalud, que abrange a América Latina e o Caribe, defende há mais tempo a necessidade de uma integração 210 • Comunicação e Sociedade 39 maior entre cientistas saúde e comunicadores, em benefício da promoção da saúde. O objetivo da rede será exatamente contribuir para a difusão do conhecimento já existente, além de estimular pesquisas científicas envolvendo ambas as áreas. Para José Marques de Melo, coordenador nacional das conferências Comsaúde, “trata-se de estabelecer uma plataforma de ações e compromissos dos profissionais das áreas de Comunicação e Saúde”. Assim, já no dia 13 de agosto, após a solenidade de abertura da V Comsaúde, uma equipe de professores e pesquisadores reuniu-se para estudar e encaminhar uma série de propostas. Definiu-se, entre outras iniciativas, a criação de um jornal on-line, o Jornal Brasileiro de Comunicação e Saúde, cuja edição se confiou a Arquimedes Pessoni e Lana Cristina Nascimento Santos, professores da Uni-FiamFaam, de São Paulo, e doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo. Durante o evento, candidataram-se para sediar a próxima conferência diversas instituições de ensino superior do País. Como temas foram sugeridos: Mídia, mediação e medicação; Ética na comunicação; Saúde e estética; Direitos do paciente; Rádio e saúde pública; e Violência e saúde pública. Um comitê formado para dar encaminhamento às propostas definiu-se, em princípio, pelo tema “Mídia, mediação e medicação”, a ser desenvolvido mediante os sub-temas “A mídia tem remédio? - análise de notícias e anúncios de medicamentos na imprensa, no rádio, na televisão e na internet”; “Da bula à burla: processos de difusão dos produtos farmacêuticos”; “Medicação: informação ou persuasão - estratégias comunicacionais de médicos, enfermeiros e terapeutas”. A realização da VI Comsaúde está prevista para outubro de 2003, na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Eliana Martins Marcolino Bacharel em Jornalismo pela Faesa, mestre e doutoranda em Comunicação Social pela Umesp. 211 Intercom comemora 25 anos em grande estilo A Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação foi constituída nos moldes das sociedades científicas agrupadas em torno da SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. A idéia da sua criação aflorou durante o congresso anual dessa entidade, em julho de 1977, no campus da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mas sua fundação só viria a ocorrer no final daquele ano. José Marques de Melo relembra como, nesses 25 anos de luta pela comunicação democrática no País, a Intercom participou ativamente da campanha das diretas-já, da anistia política, da luta contra a censura, da defesa dos cursos de comunicação mantidos pelas universidades, do movimento das rádios e tevês comunitárias e da campanha para criar e implantar o Conselho Nacional de Comunicação. Contudo, seu maior feito, segundo Marques de Melo, foi o de haver criado uma consciência nacional em torno da pesquisa crítica dos fenômenos sociais da comunicação. A história da Intercom já foi resgatada por algumas obras, entre as quais A Universidade fora de si: a Intercom e a organização dos estudos de comunicação no Brasil (São Paulo, Intercom, 1992), de José Salvador Faro; Vinte anos de ciências da comunicação no Brasil (Santos, Unisanta, 1999), organizada por Maria Immacolata Vassallo de Lopes; e Intercom, 25 anos (São Paulo, Intercom, 2002), organizada .por Cicilia M. Krohling Peruzzo e Sonia Virginia Moreira. Em 2002, a Intercom celebrou seus 25 anos de existência, promovendo três eventos expressivos ao longo do segundo semestre. O primeiro foi o XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, em Salvador (BA). Os outros dois foram uma solenidade comemorativa na Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, em São Paulo, e um simpósio acadêmico na Universidade de São Paulo, duas tradicionais instituições universitárias paulistas às quais a entidade está ligada historicamente. Intercom 2002 O XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom 2002 foi realizado de 1 a 5 de setembro, na cidade de Salvador (BA), organizado pela Uneb – Universidade do Estado da 212 • Comunicação e Sociedade 39 Bahia. O evento teve cerca de 5 mil participantes, provenientes de todas as regiões do Brasil, como também de alguns países da América Latina, dos Estados Unidos, do Canadá, da Europa e da África. Maior congresso já realizado pela entidade, com um público que superou o dos congressos de 2001 (Campo Grande, MS) e de 1999 (Rio de Janeiro, RJ), ele representa hoje uma verdadeira “SBPC da Comunicação”, epíteto com que, já em 1989, por ocasião do XII Congresso, em Florianópolis (SC), o denominou Margarida M. Krohling Kunsch, então presidente da entidade. Desenvolvido em torno do tema “Comunicação para a cidadania”, o Intercom 2002 foi marcado por uma grande diversidade de eventos simultâneos. No total, foram apresentados 976 trabalhos, assim distribuídos: Intercom 2002 - XXV Ciclo de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – 15; II Encontro dos Núcleos de Pesquisa – 523; I Colóquio Brasil-Canadá – 43; I Ensicom – Seminário sobre Ensino de Graduação nos Cursos de Comunicação – 6; XII Endocom – Encontro da Rede Nacional de Centros de Informação e Bibliotecas da Área de Comunicação Social – 18; IX Póscom – Seminário sobre a Pesquisa em Comunicação nos Programas de Pós-Graduação – 4; IX Expocom – Exposição Universitária da Pesquisa Experimental em Comunicação – 209; III Simpósio de Pesquisa Avançada em Comunicação – 4; II Seminário do Trabalho Experimental – 4; XI Iniciacom – Jornada de Iniciação Científica em Comunicação – 22; VII Inovcom – Seminário de Inovações Científicas em Comunicação Social – 25; Conferências, painéis, oficinas e temas livres – 103. Durante o evento foi entregue o V Prêmio Luiz Beltrão de Ciências da Comunicação, cujos vencedores, na versão 2002, foram: Antonio Fernando Costella – Maturidade acadêmica; José Benedito Pinho – Liderança emergente; ECA-USP – Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – Instituição paradigmática; Projeto Telejornal UERJ Online – Grupo inovador. A edição anterior (n. 38) da revista Comunicação & Sociedade trouxe um amplo perfil dessas personalidades e entidades. Ocorreu, ainda, a criação da Folkcom - Rede Brasileira de Pesquisadores de Folkcomunicação, para a qual foi eleita presidente Cristina Schmidt. Além disso, também se destacou o lançamento de livros, coletâneas e revistas dos associados, que atingiram uma marca recorde de 75 títulos. O Intercom 2002 teve repercussão nacional e na Bahia. Houve boa cobertura por parte da imprensa, da televisão e do rádio locais, Vários jornais-laboratórios de cursos de Comunicação também publicaram matérias.. O feedback recebido demonstra uma grande aceitação 213 do congresso, entre outros motivos, pelo fato de contribuir com a democratização da pesquisa tanto de jovens estudantes quanto dos pesquisadores seniores, na revisão de conceitos, na apresentação e discussão de novas teorias e metodologias, e por possibilitar a discussão de uma diversidade de temas emergentes, além de propiciar a reciclagem de conhecimentos, o avanço qualitativo da pesquisa e a melhoria das condições de ensino no País. A publicação, em cd-rom e em livro, dos melhores trabalhos apresentados contribuiu para uma maior democratização do conhecimento nas universidades brasileiras e do exterior. Na ocasião, foi empossada a nova diretoria para o período 20022005, constituída por: Sonia Virginia Moreira (UERJ), presidente; Ada de Freitas M. Decnker (Universidade Anhembi-Morumbi), vicepresidente; Fernando Almeida (Unimep), tesoureiro; Liana Gottlieb (Cásper Líbero), diretora administrativa; Anibal Bragança (UFF), diretor científico; Paulo Rogério Tarsitano (Umesp), diretor cultural; Joele Rouchou (Fundação Casa de Rui Barbosa – Rio de Janeiro), diretora editorial; Sueli Ferreira (USP), diretora de documentação; Celso Falaschi (Puccamp), diretor de projetos; Maria Imacolata Vassallo de Lopes (USP), diretora de relações internacionais. Para o Conselho Fiscal foram eleitos: Doris Hausen (PUC/RS), Marcio Guerra (Universidade Federal de Juiz de Fora, MG), Edgar Rebouças (Faesa), Sérgio Mattos (Unibahia) e Jose Salvador Faro (Umesp). A solenidade na Cásper Líbero A origem da Intercom, há 25 anos, está vinculada de perto à Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. José Marques de Melo, demitido da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, por influência da ditadura militar que governava o País, foi acolhido pela Cásper Líbero para integrar seu quadro de docentes. Ali, com o apoio decisivo do diretor da escola, Erasmo de Freitas Nuzzi, e de um grupo de jornalistas, publicitários e relações públicas, entre os quais Carlos Eduardo Lins da Silva, Carlos Alberto Di Franco, Francisco Morel, José Salvador Faro e Francisco Gaudêncio Torquato do Rego, se levaria a efeito, em 12 de dezembro de 1977, a reunião de fundação da entidade. Para rememorar esse fato histórico, realizou-se na noite de 11 de dezembro de 2002, véspera do vigésimo-quinto aniversário da Intercom, uma solenidade na Cásper Líbero. Erasmo de Freitas Nuzzi, também agora, como há 25 anos, diretor da escola, inaugurou uma 214 • Comunicação e Sociedade 39 placa comemorativa, afixada na mesma sala de aula em que o grupo de fundadores da Intercom se reunira em 1977 para organizar uma associação destinada a congregar os estudiosos das Ciências da Comunicação, uma área então emergente. Ainda como parte das comemorações de seus 25 anos, a Intercom lançou, durante a cerimônia na Cásper Líbero, a Revcom - Coleção Eletrônica de Revistas de Ciências da Comunicação, iniciativa da Portcom - Rede Brasileira de Ciências da Comunicação nos Países de Língua Portuguesa, dirigida por Sueli Mara Ferreira (ECA-USP). O acesso a esse banco de dados pode ser feito através do sítio digital www.portcom.intercom.org.br/revcom. O simpósio na USP A primeira diretoria da Intercom começou a atuar num sobrado da rua Augusta, em São Paulo, sede paulista da ABI - Associação Brasileira de Imprensa, que, diante da conjuntura política nacional então vigente, lhe deu guarida. Ali aconteceriam os colóquios acadêmicos pioneiros sobre as alternativas comunicacionais brasileiras. Posteriormente, a Intercom também passaria a contar com o apoio do então Instituto Metodista de Ensino Superior, a atual Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo do Campo (SP), onde José Marques de Melo se tornara professor e o primeiro coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social dessa instituição, organizado em 1979. Na década de 1980, com a concessão de anistia política aos que haviam sido cassados pela Revolução de 1964, José Marques de Melo retorna à Universidade de São Paulo, passando a Intercom a ser abrigada pela Escola de Comunicações e Artes, onde se sedia até hoje. Ali, no salão de reuniões do Conselho Universitário, se daria, no dia 12 de dezembro de 2002, a solenidade comemorativa oficial de fundação da entidade, da qual participaram mais de oitocentos pesquisadores das Ciências da Comunicação de todo o País. Na mesa de abertura, presidida pelo reitor Adolfo José Melfi, fizeram-se presentes o diretor da ECA-USP, Waldenyr Caldas; o presidente de honra da Intercom, José Marques de Melo; a presidente da Intercom, Sonia Virgínia Moreira; o presidente da Felafacs - Federação Latino-Americana de Faculdades de Comunicação Social, Erasmo de Freitas Nuzzi; a presidente da ALAIC - Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación, Margarida M. Krohling Kunsch; a presidente da Compós - Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em 215 Comunicação, Vera França; e a secretária regional da SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Soraya Smali. Encerrando a cerimônia de abertura, o reitor Melfi ponderou que “os 25 anos da Intercom, sua trajetória, sua história ao longo desse tempo, a credenciam a apresentar propostas alternativas para que as políticas públicas de comunicação se aproximem cada vez mais da sociedade e por ela seja não só absorvida, mas também bm recebida”. Salientou que “esta é uma das funções de instituições como a Intercom e suas congêneres: fornecer subsídios ao Estado e à sociedade pra que juntos possam realmente fortalecer e consolidar as instituições democráticas em nosso País”.E concluiu: “A construção da cidadania se faz, entre outras coisas, através da elaboração de políticas públicas bem intencionada (...), onde o espaço para o debate público transcenda os muros do Estado e chegue necessariamente à sociedade”. Teve início então o simpósio acadêmico sobre o tema “Políticas públicas de comunicação para o Brasil democrático”, coordenado por José Marques de Melo. Participaram da mesa, como palestrantes, o cientista Carlos Vogt, presidente da Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo; a socióloga Fátima Pacheco Jordão, consultora do Grupo O Estado de S. Paulo; o colunista Eugenio Buccii, crítico de mídia em várias publicações periódicas; o repórter Ethevaldo Siqueira, especialista em telecomunicações do jornal O Estado de S. Paulo; o publisher Caio Túlio Costa, cuja trajetória profissional está vinculado ao Grupo Folha de S. Paulo, onde consolidou o portal UOL - Universo On Line: o jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, diretor-adjunto do jornal Valor Econômico; e a pesquisadora Anamaria Fadul, professora-titular aposentada, da ECA-USP, hoje atuando na Faculdade de Comunicação Multimídia da Universidade Metodista de São Paulo. Abrindo o simpósio, Marques de Melo classificou como opaca a atitude do Estado brasileiro em matéria de comunicação, durante os séculos XIX e XX, ocorrendo mudança retórica somente na Constituição de 1988, quando a sociedade civil motivou os legisladores a escrever um capítulo da carta magna dedicado a essa questão crucial do mundo contemporâneo. Lamentou, contudo, que, apesar desse comportamento inovador no plano constitucional, as iniciativas estatais pouco tenham mudado, nos últimos catorze anos, com exceção da diretriz de preservar e proteger a liberdade de expressão e pensamento. Em face disso, convocou os expositores a apresentar suas teses para consolidar o Brasil democrático, propondo estratégias comunicacionais. Ele ressaltou a importância da Intercom nesse contexto, ao representar a formação de uma comunidade acadêmica no âmbito das Ciências da 216 • Comunicação e Sociedade 39 Comunicação, hoje multifacetada e dinâmica. “A sociedade também influi decisivamente no arejamento dos debates sobre temas ligados à nossa área, introduzindo a temática da democratização da comunicação pública, por exemplo”, finalizou. A primeira intervenção foi feita por Anamaria Fadul, que historiou as lutas desenvolvidas pela Intercom para equacionar as políticas públicas de comunicação no último quartel do século XX.. Entre outros pontos, ela enfocou um acontecimento para o qual a Intercom influiu decisamente: o fortalecimento da Nomic - Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação e a defesa da reserva de mercado para as indústrias nacionais no setor da informática. Seu balanço foi o de que a entidade agiu corretamente, defendendo em tese a validade dos princípios erigidos pelo Relatório MacBride, porém manifestando sua reticência em relação à sua aplicação no Brasil, naquela conjuntura marcada pelo regime militar. Os jornalistas Carlos Eduardo Lins da Silva, Caio Túlio Costa e Etehevaldo Siqueira defenderam a tese de que, quanto menor, melhor a presença do Estado no campo comunicacional. Argumentaram que se trata de um setor dinâmico, complexo e polifacético, onde a empresa privada vem atuando com eficácia histórica, sendo desejável a ação estatal apenas para regular o princípio da liberdade de expressão e do pluralismo de conteúdos, criando condições sócio-econômicas para ampliar o acesso de vastos contingentes da nossa populações ao usufruto dos bens simbólicos difundidos pela mídia. A necessidade de uma presença mais forte e conseqüente do Estado na esfera midiática foi defendida por Carlos Vogt e por Eugenio Bucci. O primeiro ponderou que o campo comunicacional está imerso num panorama ecológico e ético-social muito complexo, pautado pela economia global, sendo indispensável a preservação de conteúdos culturais autóctones, bem como a defesa da tecnologia nacional, que constituem funções precípuas do Estado. Mencionou que as agências nacionais de fomento científico devem estimular os pesquisadores da área comunicacional a produzir conhecimento aplicável, produzindo não apenas artigos e ensaios, mas gerando patentes que contabilizem dividendos para o nosso balanço de pagamentos. O segundo defendeu a importância de uma regulamentação dos conteúdos disseminados pelos meios massivos, fortalecendo seu papel educativo, embora reconheça repudie qualquer medida de natureza censora, cabendo aos usuários decidir o que melhor satisfaça suas demandas culturais. A intervenção final coube a Fátima Pacheco Jordão, que propôs um novo olhar sobre esse território, onde pesa não apenas a força do Estado 217 ou das empresas, mas também da sociedade civil. Ela demonstrou, a partir de estudos recentes, que novos atores estão assumindo a vanguarda das políticas públicas na área social, seja pela omissão estatal, seja pela miopia das empresas privadas. Sua proposta é no sentido de combinar políticas públicas e políticas privadas, articuladas em função do interesse coletivo. Ela avocou as experiências bem-sucedidas de auto-regulamentação, como no caso da propaganda, neutralizando a intervenção, nem sempre eficiente, do poder público no âmbito midiático. Durante o almoço de confraternização, os sócios presentes prestigiaram a cerimônia, conduzida pela presidente Sonia Virginia Moreira, de entrega dos diplomas de honra ao mérito a todos aqueles que prestaram relevantes serviços à Intercom em seus primeiros 25 anos. Homenagem especial foi prestada ao fundador da entidade, José Marques de Melo, que recebeu uma placa de prata com os dizeres: “Em nome dos associados, a diretoria da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação sente-se honrada em conferir ao Professor José Marques de Melo esta homenagem, como registro da sua iniciativa singular ao fundar a entidade em dezembro de 1977 e da sua incansável colaboração desde então”. Waldemar Luiz Kunsch Editor-adjunto de Comunicação & Sociedade e editor-associado de PCLA – Pensamento Comunicacional Latino-Americano. Maria Cristina Gobbi Editora do JBCC – Jornal Brasileiro de Ciências da Comunicação e de PCLA – Pensamento Comunicacional Latino-Americano. 218 • Comunicação e Sociedade 39 As mulheres dão o tom no VI Celacom Nos dias 1 e 2 de outubro de 2002, a cidade de Adamantina (SP) foi palco do VI Colóquio Internacional sobre a Escola Latino-Americana de Comunicação (Celacom), cujo tema central foi “A participação da mulher nos estudos comunicacional latino-americanos”. Durante dois dias pesquisadores e autoridades do Brasil e do Exterior se revezavam nas discussões, nos grupos de trabalho e também no evento Mídia em Debate 2002, que elegeu a mídia, a mulher e a saúde como pautas prioritárias. Promovidos pela Cátedra Unesco-Umesp de Comunicação e realizados pelas Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI), os encontros levaram mais uma vez para a cidade de Adamantina as discussões sobre um assunto que há muito vem sendo capa de diversos veículos de comunicação: a importância da mulher no cenário nacional. Na abertura do evento o diretor da FAI, Gilson Parisotto, salientou a importância do que ele denominou de “namoro intelectual” entre as instituições promotoras do encontro. Em nome da Cátedra Unesco-Umesp, José Marques de Melo destacou que a parceria e a realização do colóquio são formas de potencializar conhecimentos comunicacionais daquela importante região do Estado de São Paulo. Margarida Kunsch, presidente da ALAIC - Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación, caracterizou a iniciativa como sendo de vanguarda para os estudos de comunicação na América Latina. Sonia Virginia Moreira, na sua primeira participação oficial como presidente da Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, lembrou a importância da troca de experiências entre as instituições e o crescimento do interior de São Paulo como pólo produtor de conhecimento. O primeiro simpósio do Celacom abordou a mulher na agenda temática da pesquisa comunicacional. Coordenada por Maria Cristina Gobbi (Cátedra Unesco-Umesp), a mesa teve como convidadas Margarida Kunsch (ALAIC/USP), Patrícia Maldonado (presidente da AMIC - Asociación Mexicana de Investigadores de la Comunicación e do IPN – Instituto Politécnico Nacional do México), e Elizabeth Gonçalves (Umesp/Faenac). Os comentários foram de Sueli Fadul (Unimar) e a redação de Alciara Alice de Almeida Aguiar (FAI). Na exposição de Margarida Kunsch foi apresentado um levantamento quantitativo da produção intelectual da ECA-USP desde a 219 década de 1960, mostrando que as mulheres participaram ativamente das pesquisas em Comunicação, mas que, embora responsáveis por mais dissertações e teses, a produção de livros e artigos mostrou superioridade masculina no período. Elizabeth Gonçalves e Maria Cristina Gobbi mostraram um estudo do Gr upo Comunicacional de São Bernardo do Campo, com levantamento de 326 dissertações de mestrado e quinze teses de doutorado produzidas de 1981 a 2001. Nesse trabalho, as professoras da Umesp informaram que as mulheres foram responsáveis por 52% das dissertações e 40% das teses defendidas até o ano passado. A mexicana Patrícia Maldonado destacou a presença da mulher como eixo temático da pesquisa comunicacional e salientou que a educação é um dos meios mais úteis para conseguir a igualdade entre os sexos. O grupo de trabalho do primeiro dia do Celacom, coordenado por Elizabeth Gonçalves, teve como tema “A mulher na agenda temática da pesquisa comunicacional” e contou com a apresentação de oito trabalhos: Vera Giangrande: uma história de encantamento; Por que eles não vendem? O mercado consumidor feminino; Mulher, mídia e erotismo no contexto do capitalismo tardio; A mulher e as histórias em quadrinhos: sua produção e retratação no Ocidente e no Oriente; A TV da Mulher para a mulher; Mudanças de paradigmas no estereótipo da mulher na propaganda; Estudo de algumas representações femininas na publicidade brasileira; Câncer de mama: a eficácia da comunicação “invasiva”; A mulher brinda à saúde na mídia nacional; e A mulher no mercado publicitário de Presidente Prudente (SP). No trabalho sobre Vera Giangrande, as autoras destacaram o papel desta profissional no mercado de relações públicas do Brasil e sua passagem pela Cátedra Unesco de Comunicação. “Por que eles não vendem?” mostrou o novo perfil da família brasileira, a força das compras por impulso no público feminino e apresentou uma pesquisa feita em três supermercados de São José dos Campos (SP) na área de merchandising. No estudo seguinte foi ressaltado o corpo feminino como mercadoria e a ligação entre o fetiche e o consumo, numa visão sociológica. A apresentação de Sonia Luyten ofereceu uma retrospectiva das personalidades femininas nas histórias em quadrinhos, tanto as construídas por homens como as feitas por mulheres, no Oriente e no Ocidente. No trabalho sobre a TV da Mulher, o autor mostrou como o novo canal abordou a participação feminina e a adequação dos horários e conteúdos para este público exigente. Quanto aos estereótipos da mulher na propaganda – outro trabalho apresentado no GT –, as autoras divulgaram um estudo dos anúncios das revistas Isto é e Veja 220 • Comunicação e Sociedade 39 tendo a mulher como tema. Novas maneiras de abordar o autoexame de mama, de uma forma mais criativa, foram o foco do trabalho do publicitário José Elias da Silva, que abordou com bom humor as novas maneiras de comunicar saúde. Também saúde foi o tema central da apresentação seguinte, “A mulher brinda à saúde na mídia nacional”, que desenhou um quadro atual da mulher na sociedade e uma análise quantitativa das matérias de capa das revistas Veja e Veja São Paulo. A última apresentação do GT abordou o perfil de quatro mulheres que atuam no mercado publicitário de Presidente Prudente (SP). No evento da noite, Mídia em Debate, a enfermeira Maria Inês Rosseli Puccia (Faculdade de Saúde Pública – USP) e o médico infectologista Humberto Barjud Onias (Secretaria de Saúde de Santo André – SP) apresentaram um quadro atualizado da saúde da mulher, com ênfase na aids e no câncer de mama e de colo de útero. O debate contou com o auditório repleto de estudantes da FAI, principalmente com alunos dos cursos de Comunicação e Saúde. Os comentários foram feitos por Arquimedes Pessoni (UniFiam), que apresentou um documentário sobre o merchandising social da saúde em novelas da Globo. O desfecho do evento teve a presença da professora da FAI Renata Alcaide comentando as apresentações. No segundo dia do Celacom, o simpósio “Protagonismo da mulher como criadora, produtora e divulgadora de conhecimento comunicacionais” teve como palestrantes José Marques de Melo (Unesco-Umesp), Gisely Hime (UniFiam), Betania Maciel (UFRPE), com comentários de Sonia Virginia Moreira (Intercom) e relatoria de Carla Komatsu Machado (FAI). Marques de Melo destacou o papel da mulher na Intercom, fazendo um balanço da atuação das presidentes da entidade nos 25 anos de existência da entidade. Gisely Hime apresentou um histórico da mulher na imprensa, sobretudo na década de 1930, fruto do estudo de doutorado defendido na ECA-USP. Betania Maciel também fez um recorte de sua tese abordando o papel da mulher na produção científica, lançando um questionamento para a platéia: “Como pode existir uma mulher cientista de meio período?” A pergunta representa uma indagação feita durante todo o Celacom, onde as mulheres apontaram os diversos papéis que devem exercer em casa, na família, no trabalho, além de se dedicar à produção do conhecimento. O grupo de trabalho da tarde, coordenado por Maria Cristina Gobbi, teve os seguintes trabalhos apresentados: Reflexos do pensamento comunicacional latino-americano na literatura brasileira: Clarice Lispector e a recepção de mensagens radiofônicas e publicitárias em A 221 hora da estrela; Deusas de papel: a trajetória feminina nas histórias em quadrinho do Ocidente; Mulheres autoras de folhetos da literatura de cordel; Mulher, violência e mídia: um enfoque local; Neusa Meirelles Costa: a trajetória de uma fundadora do Grupo Comunicacional de São Bernardo do Campo; Jerusa Pires Ferreira: uma mulher sem medo de transgredir; Mulher, comunicação e sociedade: Um estudo sobre a participação feminina na revista do Grupo Comunicacional de São Bernardo do Campo. O trabalho sobre a releitura de Clarice Lispector apresenta a personagem Macabéa, classificada pelo autor como a Macunaíma de saias. Já “Deusas de papel” mostra num formato lúdico as personalidades femininas de 83 personagens das histórias em quadrinhos, fruto de pesquisa acadêmica da autora. Antes da apresentação da mulher no cordel, Joseph Luyten fez importantes esclarecimentos sobre o surgimento do machismo na História e sua predominância em locais de produção agrária. No trabalho do cordel, Luyten mostrou as faces da personagem feminina naquele segmento: bendita, propriedade ou maldita. A advogada Carolina Galdino da Silva apresentou dois papers na seqüência, abordando a violência e a saúde da mulher na mídia adamantinense e questionou como o jornal pode servir de ferramenta na mudança da realidade local. Dois perfis feitos para o curso de pós-graduação da Umesp foram apresentados no encontro: um sobre Neusa Meirelles Costa, mostrando sua atuação na educação à distância; e outro sobre Jerusa Pires Ferreira, considerada pela autora como uma transgressora no campo comunicacional. Alunas orientadas por Elizabeth Moraes Gonçalves (Umesp) apresentaram pesquisa quantitativa e qualitativa sobre a atuação das mulheres na revista Comunicação & Sociedade, do Grupo de São Bernardo do Campo, encerrando as discussões da tarde. O espaço profissional da mulher na indústria midiática foi o tema do painel que encerrou o encontro de Adamantina. A discussão teve como coordenadora Graça Caldas (Umesp) e como expositoras Gisely Hime (UniFiam) e Sonia Virginia Moreira (UERJ/Intercom). Os comentários ficaram para Maria Inês Almeida Godinho (FAI). Graça Caldas iniciou a apresentação mostrando o perfil do papel da mulher na sociedade e o aumento do número de mulheres nas redações. Sonia Virginia Moreira questionou o porquê da queda da presença feminina no segmento do rádio, a invasão das coleguinhas na editoria de Economia e apontou a mulher abordada pela Revista Brasileira de Comunicação e pela Revista Imprensa. Segundo a presidente da Intercom, na década de 1990 as 222 • Comunicação e Sociedade 39 mulheres precisavam provar que eram competentes e atualmente revelam seus desafios presentes no cotidiano da profissão. Gisely Hime mostrou a atuação de algumas mulheres na mídia e o uso de pseudônimos masculinos pelas jornalistas. Nem mesmo tinha sido encerrado o VI Celacom, a temática do próximo já havia sido definida. De 26 a 28 de maio de 2003, na Umesp, o tema central do VII Celacom será “Pensamento crítico: impacto e efeitos na comunicação latino-americana”. Segundo o presidente da comissão organizadora, Marques de Melo, o temário presente no evento contemplará alguns tópicos como: O pensamento crítico na pesquisa comunicacional da América Latina: da pesquisa-denúncia à pesquisa-ação; O pensamento crítico na construção de alternativas midiáticas latinoamericanas: conquistas e fracassos; e Grupo Comunicacional de São Bernardo do Campo: do pensamento crítico ao pragmatismo utópico. Arquimedes Pessoni Doutorando em Comunicação Social pela Umesp, professor da UniFiam-Faam e assessor de comunicação da Fundação do ABC. 223 VII Ibercom analisa as perspectivas das profissões da comunicação De 16 a 18 de novembro de 2002, realizou-se na cidade de Maia, na região do Grande Porto, em Portugal, o VII Encontro IberoAmericano da Comunicação, promovido pela Assibercom - Associação Ibero-Americana de Comunicação, com o apoio da ALAIC - Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación e da Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. O evento, que teve como sede o Instituto Superior da Maia, foi coordenado pelo jornalista e professor Luis Humberto Marcos. O evento, organizado pelo Instituto Superior da Maia, sob a coordenação local do professor Luis Humberto Marcos, desenvolveu-se em torno do tema “Presente e futuro das profissões da Comunicação”, tendo como objetivo refletir sobre o perfil das profissões da comunicação no espaço ibero-americano e seu impacto social e potencial de inovação, no quadro das exigências do século XXI. Ele se desenrolou na forma de sessões plenárias, em que foram debatidos temas como Ética, deontologia e liberdades informativas”, “Os contextos culturais e políticos da comunicação”, “Indústrias culturais”, “Multimídia e novas Redes”, “Formação e investigação para a sociedade da informação” e “O presente e futuro da comunicação organizacional”. Além disso, tiveram lugar reuniões temáticas dos grupos criados para estudos em torno do tema central, como Jornalismo e mídia, Publicidade, Comunicação organizacional, Multimídia e novas redes, Indústria cultural, Comunicação e educação e Profissões emergentes. Num balanço que fez do VII Ibercom, Luis Humberto informou que ele teve a participação de mais de duzentas pessoas, representadas por estudiosos e profissionais da comunicação residentes em Portugal e na Espanha, bem como por delegações procedentes da América Latina, especialmente do Brasil, da Argentina, da Venezuela, do México, da Colômbia e de Porto Rico. Foram apresentadas 120 comunicações nas sessões acadêmicas ou profissionais. Ao longo dos três dias, as profissões da Comunicação passaram por uma avaliação crítica, concluindo-se que, além das 224 • Comunicação e Sociedade 39 funções tradicionais nas áreas do jornalismo, da publicidade e de relações públicas, emergem novas funções nas indústrias audiovisuais (produtores de ficção, entretenimento, teleducação), nas indústrias digitais (produtores de conteúdo científico, educacional ou diversional) e nos departamentos de comunicação organizacional das grandes e médias empresas. Analisou-se também o crescimento de oportunidades de trabalho para futuros profissionais da Comunicação nos organismos não-governamentais e na própria estrutura de serviços públicos. Na ocasião, a Assibercom, que tem como presidente José Marques de Melo (Brasil), realizou sua Assembléia Geral, presidida por Manuel Parés i Maicas (Espanha) e secretariada por Pedro Jorge Braumann (Portugal). O secretário-geral da entidade, Luis Humberto Marcos, apresentou o relatório das atividades do ano 2001 e o plano de ações para o período 2002-2003. E foram eleitos Manuel Neto da Silva (Portugal) como tesoureiro e Margarita Ledo Andión (Espanha) como vogal suplente da diretoria. A assembléia aprovou proposta da ALAIC - Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación, feita por intermédio de sua presidente, Margarida M. Krohling Kunsch (Brasil), e do diretor Eliseo Colón (Porto Rico), no sentido de que o VIII Ibercom, a acontecer em 2004, seja realizado conjuntamente com o congresso bienal da ALAIC, agendado para a cidade de La Plata, na Argentina. Margarida defendeu a sugestão com base na experiência vivenciada no Chile no ano 2000, com a realização simultânea do V Congresso da ALAIC e do VI Ibercom, quando se comprovou que a união periódica das duas associações representava fator de incremento da cooperação ibero-americana. Margarida M. Krohling Kunsch Presidente da ALAIC - Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación. 225 Metodista comemora 30 anos de comunicação Há trinta anos, a Metodista recebia a aprovação dos cursos de Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda, que, pouco tempo depois, seriam considerados uma referência nacional e, hoje, figuram entre os mais importantes do País. Em 23 de novembro de 2002, com o intuito de lembrar o aniversário, os três cursos realizaram um encontro de ex-alunos, professores, dirigentes e funcionários que fizeram e fazem parte da construção dessa história. Mais de trezentas pessoas puderam relembrar sua passagem pelo campus da Metodista, graças a uma exposição de capas de jornais, revistas e fotografias com momentos que pontuaram a construção da área de Comunicação na instituição. Na ocasião, a Faculdade de Jornalismo e Relações Públicas lançou também dois livros, ambos produzidos pela Editora da Umesp: Relações públicas na Umesp: 30 anos de história, de autoria de João Evangelista Teixeira, professor do Curso de Relações Públicas; e Jornalismo da Metodista: trinta aos em muitas vozes, organizado pelo Herom Vargas, professor do Curso de Jornalismo. A Faculdade de Publicidade, Propaganda e Turismo anunciou a criação de uma revista em 2003. Os três cursos surgiram num momento importante, confundindose a sua história, de certa forma, com a história do Brasil da época. O próprio andamento das aulas era um reflexo do que acontecia fora do campus. Em plena vigência da ditadura militar, a consciência crítica de Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda não esmoreceu. Pacote de abril de 1977, AI-5, assassinato do jornalista Vladimir Herzog, movimento pelas Diretas-já, eleição de Tancredo Neves, posse de José Sarney – são exemplos de fatos que se tornavam o próprio conteúdo das matérias ministradas por professores sintonizados com a situação social, política e econômica do País, numa união entre teoria e prática. Além de formar profissionais conscientes, esses cursos trouxeram para dentro do campus a importância de se discutir que tipo de país estava se desenhando para as próximas gerações. O evento de 23 de novembro representou um flashback desses momentos da história vivida por ex-alunos, professores, funcionários e dirigentes dos cursos de comunicação. A vice-reitora acadêmica da Umesp, Rinalva Cassiano Silva, representando a reitoria no evento, destacou a importância de se “recuperar a memória dos cursos e promover o reencontro de ex-alunos, professores e diretores”. O reitor 226 • Comunicação e Sociedade 39 Davi Ferreira Barros, por sua vez, em entrevista concedida ao Jornal dos 30 anos, afirmou que o prestígio dos cursos foi alcançado em conseqüência de um processo, de uma combinação entre teoria e prática. No prefácio do livro Jornalismo da Metodista: trinta anos em muitas vozes, ele salienta que a universidade vem há três décadas formando “cidadãos e profissionais aptos a atuar com ética, competência e consciência crítica sobre as demandas sociais e profissionais, adequando-se à complexidade e velocidade do mundo contemporâneo”. Os livros dos cursos de Jornalismo e de Relações Públicas trazem uma retrospectiva de como, em 1971, o pastor metodista Reinaldo Brose recebeu a incumbência de organizar a Faculdade de Comunicação Social do Instituto Metodista de Ensino Superior. Segundo Herom Vargas, na obra por ele organizada, foi Brose quem coordenou o grupo que fez os estudos preliminares e todo o trabalho de levantamento curricular, de infra-estrutura e do corpo docente (p. 41). Nesse contexto, teve também papel de destaque o primeiro diretor do Instituto Metodista, Benedito de Paula Bittencourt, que, junto com Brose, articulou a compra dos equipamentos para os estúdios de rádio e televisão, inaugurados na gestão de Dorival Beulke, diretor da Faculdade de Comunicação de 1973 a 1976. “Tive o privilégio de inaugurar os estúdios e, hoje, estou feliz por ver o progresso dos cursos”, disse Beulke. João Evangelista Teixeira pergunta no livro que escreveu: “Mas por que a opção por uma Faculdade de Comunicação Social com os cursos de Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda?” A resposta, diz, está nos itens 5 e 7 da ata da sessão de trabalho realizada em 24 de abril de 1971, que define os objetivos para elaborar planos concretos e detalhados para sua fundação no ano de 1972 e traça as linhas mestras para seu desenvolvimento futuro (p. 45). Assim, no dia 30 de agosto de 1972 o Conselho Federal de Educação aprovava o funcionamento da Faculdade de Comunicação Social, com as habilitações em Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda, autorizado pelo parecer 835/72 e pelo decreto nº 71.040. Os cursos de Rádio e TV e Turismo seriam criados bem depois. Na década de 1980, a Faculdade tomaria novos rumos. Em 1985, ela adotou um novo currículo, atendendo à exigência de um currículo mínimo para os cursos de Comunicação Social, elaborado pelo MEC, em 1984, para tentar equilibrar a relação entre as disciplinas teóricas e práticas. O responsável por essa mudança foi Miguel de Abreu Rocha, que dirigiu a escola durante 12 anos (1984-1996), numa época muito difícil do ponto de vista da economia. “Tínhamos problemas de infraestrutura em razão do fato de a tecnologia ser muito cara, mas a 227 Metodista sempre se preocupou em aprimorar e aperfeiçoar seus laboratórios e material de ensino”. Na década de 1990, um marco seria o processo de avaliação pelos quais os cursos passaram em 1999, sob a gestão de José Marques de Melo como diretor (1996-1999) da antiga Faculdade de Comunicação Social, que então recebeu o nome de Faculdade de Ciências da Comunicação e da Cultura. A avaliação proporcionou profundas mudanças, que culminariam na reforma curricular e estrutural dos cinco cursos que compunham a Faculdade – Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade/Propaganda, Turismo e Rádio/TV. A comemoração dos trinta anos dos três primeiros cursos também estimulou a reflexão em relação às perspectivas da área de Comunicação Social da Umesp, que hoje se compõe de três unidades. A antiga Faculdade de Comunicação Social foi desmembrada em 2001, criando-se a Faculdade de Jornalismo e Relações Públicas, a Faculdade de Publicidade, Propaganda e Turismo e a Faculdade de Comunicação Multimídia. A coordenadora do curso de Relações Públicas, Maria Aparecida Ferrari, que também é diretora da Faculdade de Jornalismo e Relações Públicas, afirmou que, embora o curso tenha sido classificado como um dos melhores do País, se continua buscando o aperfeiçoamento de seu projeto pedagógico-acadêmico, já reformulado ao longo de 2000 e 2001. Ela salienta que a formação humanística e a qualificação profissional representam o binômio das relações públicas contemporâneas na Umesp. Um reforma curricular, como resultado de uma ampla discussão com o corpo docente e discente, é o que espera o curso de Jornalismo em 2003. Marli dos Santos, coordenadora do curso até o início de 2003, explicou que uma das idéias é flexibilizar a grade de disciplinas, oferecendo matérias optativas para os alunos. No caso de Publicidade e Propaganda, o coordenador, Paulo Rogério Tarsitano, que também é diretor da Faculdade de Publicidade, Propaganda e Turismo, disse que o curso está em compasso com a tecnologia e o projeto pedagógico. Segundo ele, “o objetivo é avançar e depurar a qualidade”. O curso, que tem um nome de destaque no mercado, recebeu em 2002 o prêmio Drac Novell 2001, na cidade de Barcelona (Espanha), com um projeto de conclusão dos alunos do oitavo semestre, realizado no ano de 2000. Margarete Vieira Jornalista, mestre em Comunicação Social pela Umesp, professora do Curso de Jornalismo da Umesp. Vanessa Pirolo e Vanessa Ramalho Alunas do Curso de Jornalismo da Umesp. 228 • Comunicação e Sociedade 39