FITAS FERREIRA
O Sr. Luís Paulo Fitas Ferreira, de 71 anos de idade, é natural de Portalegre.
Trabalhou na fábrica de cortiça de nome Robinson, uma das mais emblemáticas
unidades industriais daquela cidade.
Como, pelas circunstâncias da vida, as suas filhas vieram viver para Peniche, ele e a
esposa entenderam acompanhá-las e, por isso, há 13 anos, mudaram a sua
residência para esta cidade de que gostam bastante.
A par da sua actividade de operário corticeiro, o Sr. Fitas Ferreira foi bombeiro
voluntário durante 33 anos, uma actividade para onde entrou com 17 anos e de que
fala com muito orgulho. Recorda a propósito, que o maior incêndio contra o qual lutou
foi o da própria fábrica Robinson que durou quinze dias, incêndio esse que só foi
possível extinguir com a participação de muitas corporações e do exército. Pelo modo
corajoso e abnegado como sempre exerceu esta actividade, é possuidor de vários
diplomas e medalhas de mérito.
Uma vez a viver em Peniche, procurou, de imediato, ligar-se à corporação dos B.V.P
onde presta vários serviços de apoio. Em Portalegre, foi também dador benévolo de
sangue, tendo continuado a sê-lo em Peniche até à idade em que tal contributo, para
salvar vidas, era permitido.
Com base nas qualidades demonstradas como bombeiro, o seu nome figura no
Quadro de Honra que existe no quartel dos Bombeiros Voluntários de Peniche.
Hoje ocupa grande parte do seu tempo disponível em trabalhos de artesanato em
cortiça, muito evocativos do seu querido Alentejo.
Dispôs-se a expor em público estes trabalhos por sugestão de quem escreveu esta
breve nota biográfica.
Vale a pena apreciá-los.
ANTÓNIO ESTORNINHO
NOTA AUTO-BIOGRÁFICA
Naturalidade – Nasci em Portalegre a 14 de Outubro de 1919
Percurso escolar – Concluí a instrução primária (4ª classe com a classificação de
“Aprovado com distinção”).
Frequentei em Portalegre o Liceu Mouzinho da Silveira onde concluí o então 2º ciclo
(6º ano).
Em todos os anos que frequentei aquele estabelecimento de ensino, o meu nome
figurou sempre no Quadro de Honra.
Percurso musical – Aos 10/11 anos estreei-me na famosa Filarmónica Euterpe de
Portalegre, no instrumento flautim.
Com o decorrer do tempo mudei para o saxofone contralto. Mais tarde transitei para a
Banda da Legião Portuguesa.
A par desta actividade, fui dirigente e executante do grupo musical Troupe Jazz
Eléctrica e director musical do conjunto típico Enrascadófona, ambos em Portalegre.
Em relação à Eléctrica, a maior parte do seu reportório era constituída por produções
minhas. Também, para a Enrascadófona, fiz várias composições adequadas ao seu
estilo de actuação.
Com a Troupe Jazz Eléctrica, além das actuações em várias agremiações recreativas,
promovi um concerto no liceu de Portalegre um espectáculo no teatro daquela cidade
com a Troupe e um coral.
Ainda foi com a Eléctrica que foram inauguradas as Festas da Primavera, ao som de
uma marcha que, para o efeito, eu compus. Isto em 1938.
Já em Lisboa, eu e três irmãos meus, formámos o “Quarteto Amaya” que fez várias
exibições na Rádio Renascença, no Rádio Peninsular e em diversas agremiações
recreativas. Inclusivamente, entrámos numa revista num dos teatros da capital.
Jornalismo – Durante alguns anos fui revisor e colaborador do jornal “Voz
Portalegrense” onde escrevi alguns artigos de fundo e alguma poesia. Também no
mesmo semanário dirigi uma secção de charadismo e outra de “Lições de Música”
para os jovens.
Profissão – Sou aposentado dos CTT e PT onde atingi a categoria de “Assistente”
não tendo ido mais além por razões alheias à minha capacidade. Ali fui alvo de alguns
elogios.
Percurso em artes plásticas – Logo desde criança tive uma grande atracção pelo
desenho e era com frequência que pedia aos meus pais para ir comprar uma folha de
papel cavalinho para fazer mais um desenho.
No liceu, obtive sempre boas classificações, quer no desenho geométrico quer no
decorativo a aguarela e os meus trabalhos foram sempre seleccionados para as
diversas exposições anuais.
Só mais tarde tentei a pintura a óleo. Sem frequentar qualquer curso, fui procurando
dar o meu melhor no sentido de transpor para a tela, com o maior rigor possível, aquilo
pretendia reproduzir. Passou assim a ser o meu “hobby” sem qualquer intenção de
expor ou vender. Nesta ordem de ideias, apenas tenho feito trabalhos para o meu lar,
para os familiares e, excepcionalmente, para alguns colegas de profissão. Também,
excepcionalmente, alguns dos meus quadros figuraram nas exposições organizadas
pelo Centro de Desporto, Cultura e Recreio dos CTT tendo sido premiados com um 2º
prémio, um 3º prémio e uma menção honrosa.
Mantenho, pois, o propósito não expor nem vender e só por várias insistências farei
uma mostra de alguns dos meus quadros. Não se trata de teimosia mas, tão somente,
porque não me considero um pintor, mas antes um curioso e amante da pintura. Por
outro lado, também pretendo evitar que se continue a considerar-me um egoísta por
não querer fazer exposições.
António Maria Roque Estorninho
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Notas biográficas dos autores